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Banco de Dados Baseado em Marcadores Genéticos

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Academic year: 2021

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Banco de Dados Baseado em Marcadores Genéticos

Tarcísio Ferreira Cavalcante¹ Paulo Roberto Queiroz²

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Biólogo. Aluno de Pós-Graduação em Biociências Forenses, pela universidade Católica de Goiás/IFAR. E-mail: tarcisiobio@yahoo.com.br

2 Biólogo. Doutor em Biologia Animal pela Universidade de Brasília. Professor do IFAR/PUC-GO. Endereço:

IFAR – Instituto de Estudos Farmacêuticos. SHCGN 716 Bl B Lj 05 Brasília – DF CEP: 70770-732. E-mail: pqsilva@uol.com.br

RESUMO

O DNA tem sido o responsável por uma verdadeira revolução nas técnicas de identificação humana nas últimas décadas, a partir do estudo e da identificação de polimorfismos entre determinados marcadores moleculares que existem entre os indivíduos. Estes marcadores moleculares têm grande potencial de discriminação possibilitando o seu uso em investigações criminais. O objetivo desta revisão bibliográfica foi descrever o funcionamento e as bases metodológicas envolvidas no estabelecimento de um banco de dados baseado em marcadores genéticos. Para tal, informações a respeito do assunto específico e assuntos ligados ao tema foram colhidas de diversas fontes bibliográficas, tanto da área jurídica quanto científica em bases de dados. Os marcadores moleculares foram definidos pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) a partir da seleção de 13

loci que são encontrados no genoma humano para fins investigativos. Estes marcadores não fornecem

informações a respeito das características físicas, servindo apenas para identificação humana. Deste modo, uma busca neste banco de dados pode direcionar as investigações policiais em busca dos indivíduos que apresentam perfil genético similar ao produzido com base nos vestígios de uma cena de crime.

Palavras-chave: Microsatélites. Investigações criminais. DNA. Perfil genético.

ABSTRACT

DNA has been responsible for a revolution in human identification techniques in recent decades, from the study and identification of polymorphisms between certain markers that exist between individuals. These molecular markers have great potential for discrimination enabling its use in criminal investigations. The purpose of this literature review was to describe the operation and methodological bases involved in the establishment of a database based on genetic markers. For this purpose, information about the specific subject and matters related to the subject have been collected from various literature sources, both legal department as scientific databases. Molecular markers have been defined by the Federal Bureau of Investigation (FBI) from the selection of 13 loci that are found in the human genome for investigative purposes. These markers provide no information about the physical characteristics, serving only to human identification. Thus, a search this database can direct police investigations in search of individuals with similar genetic profile to that produced on the basis of evidence of a crime scene.

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1 INTRODUÇÃO

A possibilidade de individualização humana por características particulares possibilita a identificação de indivíduos em situações em que isto se faz necessário como, por exemplo, na investigação de autoria de delitos criminais e identificação civil. Devido a essa necessidade, torna-se cada vez mais importante o desenvolvimento e aplicação de técnicas que permitam a individualização humana. Dentre essas técnicas, os marcadores moleculares baseados em DNA fornecem uma nova estratégia de aplicação nas atividades forenses.

O DNA é formado por uma dupla fita em hélice, constituída por bases nitrogenadas organizadas em cadeias polinucleotídicas. Aproximadamente 99,9% da sequência de bases nitrogenadas do DNA de todos os humanos apresentam elevada identidade, porém, existem regiões polimórficas cuja sequência de bases varia entre os indivíduos (GRIFFITHS et al., 2009). A análise dessas regiões permite a elaboração de perfis genéticos com o potencial de traduzir informações contidas no DNA na forma de algarismos alfanuméricos (LIMA, 2008). O perfil genético de cada indivíduo, elaborado com base em regiões polimórficas do DNA é considerado único com exceção dos gêmeos monozigóticos cujas diferenças de DNA se submetem à epigenética (SILVA; PASSOS, 2006).

Para a elaboração do perfil genético do indivíduo é necessária a obtenção de DNA de células a partir de amostras de mucosa bucal, colhidas com o uso de um swab, de maneira rápida, pouco invasiva e de baixo custo, ou a partir de um pequeno furo na ponta de um dos dedos, isto quando se tem o indivíduo à disposição para a coleta. Porém, quando se pretende elaborar perfis genéticos de indivíduos desconhecidos, as amostras disponíveis se encontram em diferentes tipos de vestígios e superfícies, sendo os mais comuns: sangue, sêmen, saliva, fios e bulbo capilar, pedaços de unha, resquícios de pele, urina, fezes e tecido epitelial sob as unhas (LIMA, 2008; KOSHINO, 2010; MONTEIRO, 2010).

O perfil genético elaborado com base nos vestígios encontrados no local de crime precisa ser confrontado com o perfil genético de um suspeito para que tenha valor investigativo e quanto maior o número de perfis genéticos elaborados e armazenados, maior a facilidade de identificação de autores de delitos criminais (WALLACE, 2006; BOND, 2007).

Avanços na área da informática e tecnologia têm permitido o uso de ferramentas computacionais pela polícia a fim de aperfeiçoar a elucidação de crimes. Cada vez mais são gerados dados e, por isso, existe a necessidade de armazenamento dessas informações genéticas. Diante desta situação, a bioinformática tem permitido a manipulação confiável e

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rápida de grande quantidade de dados, viabilizando e ampliando o potencial das pesquisas (FORMIGHIERI, 2012). Neste contexto, foi criado um programa americano denominado

Combined DNA Index System (Sistema Combinado de Índices de ADN) – CODIS -, que

armazena e compara eletronicamente perfis de DNA e tem sido utilizado como ferramenta padrão nos armazenamentos de dados genéticos em países que adotaram ou pretendem adotar um banco de dados genéticos (SZCZERBICKI; LEITE; CARVALHO, 2012).

Existem quatro tipos de bancos de material genético, a saber: de pesquisa, de diagnóstico, de potencial e de dados. Este último consiste em um conjunto de informações genéticas alocadas em uma base de dados que permite a identificação de indivíduos desconhecidos a partir da comparação de perfis genéticos indeterminados em relação a perfis já conhecidos (MONIZ, 2002). Em escala mundial, tem se desenvolvido a idéia da criação de bancos de dados de DNA como referência para identificação de indivíduos de forma rápida e eficaz (HARTL; CLARK, 2010; BARCODE OF LIFE, 2012).

Os EUA foram o primeiro país a planejar, em nível nacional, o uso de um banco de dados de perfis genéticos, em 1994, por meio do CODIS (ALMEIDA NETO, 2012). Neste país, assim como no Reino Unido, desde a implantação e uso desta ferramenta juntamente com avanços tecnológicos e investimentos por parte do governo tem se associado quedas nos índices de criminalidade, principalmente, de crimes sexuais e homicídios (DNA INITIATIVE, 2012).

O Brasil aponta para a instalação e utilização de um banco de dados genético nacional, visto que assinou um acordo com o FBI, adquirindo o software CODIS, que já vem sendo utilizado em mais de 30 países, inclusive em alguns estados brasileiros (SZCZERBICKI; LEITE; CARVALHO, 2012).

Em 28 de maio de 2012 foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei nº 12.654, precedida pelas aprovações do Projeto de Lei do Senado nº 93/2011 pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal e do Projeto de lei 2458/11 pela Câmara dos Deputados (BRASIL, 2012; LACERDA, 2012). Esta lei altera as leis nº 12.037/2009, que dispõe sobre a identificação criminal, para que esta possa prever a coleta de material biológico como forma de identificação criminal e nº 7.210/1984, lei de execução penal, para que esta possa prever o uso do perfil genético como forma de identificação criminal (BRASIL, 2012).

O objetivo desta revisão bibliográfica foi descrever o funcionamento e as bases metodológicas envolvidas no estabelecimento de um banco de dados baseado em marcadores genéticos.

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JUSTIFICATIVA

Existe um interesse progressivo da justiça na tentativa de reduzir os índices de criminalidade, uma vez que, os criminosos elaboram estratégias e utilizam tecnologias sofisticadas para cometer crimes, desde furtos até crimes sexuais. As técnicas de polícia devem superar as estratégias dos criminosos quanto a estes aspectos. Deve-se investir em estratégias e tecnologias de ponta a fim de superar os índices crescentes de criminalidade.

Neste sentido, a biologia molecular tem fornecido um grande suporte nas técnicas forenses devido ao potencial investigativo fornecido pelas análises de DNA. O estabelecimento pelos cientistas de listas de marcadores moleculares comuns na população humana e o fato destes produzirem combinações praticamente únicas para cada indivíduo, tem permitido o desenvolvimento e utilização de técnicas de identificação humana e reconhecimento de paternidade criminal de maneira cada vez mais eficiente e rápida, tornando-se praticamente indispensáveis nas investigações forenses.

A necessidade de armazenamento de informações individuais baseadas em marcadores moleculares gera grande quantidade de dados que precisam estar disponíveis para uma possível consulta. Portanto, o uso de banco de dados genéticos merece análise a fim de se conhecer o seu funcionamento, objetivo, eficiência, bem como os aspectos sociais e jurídicos relacionados à sua implantação no país, assim como, ocorreu nas principais nações desenvolvidas tecnologicamente.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização deste artigo foi baseada no levantamento bibliográfico a respeito de bancos de dados genéticos. Para tal, informações a respeito do assunto específico e ligadas ao tema foram colhidas de diversas fontes bibliográficas, tanto da área jurídica quanto científica em bases de dados como, Scielo, Pubmed, Bireme e o portal de periódicos da CAPES.

2 IDENTIFICAÇÃO HUMANA

A identificação humana tem aplicações nas áreas civil e criminal. A civil pode ser comprovada por carteiras de identidade, trabalho ou profissional, passaporte, carteira de identificação funcional, entre outros documentos. De acordo com a Lei 12.037/09: Tais

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documentos devem estar em bom estado de conservação, não constar informações conflitantes ou indícios de falsificação, caso isto ocorra, a identificação criminal poderá ser exigida (BRASIL, 2012).

A identificação criminal se relaciona a aspectos envolvidos com crimes e investigações, e é usada quando a identificação civil não é possível ou inconclusiva (GARRIDO, 2012). Baseia-se, principalmente, em impressões papilares, perfis de marcadores genéticos e fotos. Pode também ser baseada, segundo Espíndola (2006), em impressão auricular, tamanho do pé, identificação visual, marcas e tatuagens, tipagem sanguínea, íris, impressões labiais, arcada dentária, desenho do palato e desenho dos seios da face. No entanto, ao se exigir além da rapidez, a eficiência, as identificações de vestígios de cenas de crime se baseiam com maior ênfase na datiloscopia e em comparações de DNA (GARRIDO, 2012). Em se tratando de identificação de vítimas de desastres ou desaparecidas, a análise de arcos dentais pode ser usada (TORNAVOI; SILVA, 2010).

A identificação humana forense segue vários parâmetros: a unicidade, na qual a característica utilizada para individualização deve ser única para cada indivíduo em detrimento dos demais; a imutabilidade, na qual as características permanecem sem mudanças significativas com o passar do tempo; a perenidade, que é a resistência da característica à ação do tempo (FRANÇA, 2004; TORNAVOI; SILVA, 2010). Além disso, os meios utilizados para o arquivamento das características não devem ser de difícil elaboração, o custeio deve ser exeqüível e, com o intuito de permitir uma busca rápida e eficiente dos dados armazenados é importante a classificabilidade de tais dados, ou seja, classificá-los em seu arquivamento seguindo critérios preestabelecidos (FRANÇA, 2004; TORNAVOI; SILVA, 2010).

3 O USO DO DNA NAS CIÊNCIAS FORENSES

O DNA é uma molécula de grande estabilidade química suportando condições em que outras moléculas, tais como, as proteínas não suportariam e, com os vários avanços nas áreas de tecnologia, pequenas quantidades de células, contendo moléculas de DNA nucleares ou mitocondriais são suficientes para se elaborar perfis genéticos (BONACCORSO, 2005).

O DNA que compõe os cromossomos humanos corresponde a uma seqüência de aproximadamente três bilhões de bases nitrogenadas (GRIFFITHS et al., 2009). A propriedade do genoma humano em possuir longas cadeias polinucleotídicas resulta em possibilidades de surgirem variações, mutações, que podem não afetar a função do DNA ou das proteínas codificadas por essas sequências. Mas essas mutações permitem a distinção

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entre amostras provenientes de indivíduos diferentes. Assim, pequenas diferenças nas seqüências do DNA humano podem ser detectadas e usadas para discriminar indivíduos (PENA, 2005). Esta observação resultou nos primeiros exames forenses baseados em DNA pela primeira vez por volta dos anos 80.

A resolução de casos criminais depende, em grande parte, em se conseguir fazer a associação dos vestígios materiais encontrados no local de crime com o suspeito e a vítima (SILVA; PASSOS, 2006). Neste sentido, a identificação humana por DNA é uma ferramenta poderosa para casos de paternidade, investigação criminal pela tipagem de evidências biológicas coletadas em cenas de crime como estupro, homicídio, rapto, troca ou abandono de crianças e, também, na identificação de restos mortais em desastres ou campos de batalha. Contudo, devem-se utilizar os conhecimentos científicos, tecnológicos e métodos de análise, para que essa associação seja feita de maneira correta (SILVA; PASSOS, 2006).

4 PERFIL GENÉTICO

O material genético humano pode revelar informações a respeito de características físicas ou apenas identificar particularidades, identificando indivíduos em relação ao restante da população. O acesso a essas informações depende do local do genoma em que as informações são colhidas (GRIFFITHS et al., 2009).

A maior parte da sequência de DNA do genoma humano, ou seja, mais de 95%, não codifica informações genéticas e, por isso, essa região ficou conhecida como junk DNA (DNA lixo), no entanto, nos dias atuais atribui-se a esta região funções importantes como, por exemplo, atuação no controle da expressa gênica (LIMA, 2008).

Os 13 loci utilizados como padrão mundial na elaboração de perfis genéticos alfanuméricos para alocação em banco de dados com base no CODIS americano se localizam no DNA “lixo”, deste modo, não revelam informações físicas (DNA INITIATIVE, 2012). Esses perfis genéticos são elaborados a partir de marcadores moleculares, sendo os microssatélites os mais utilizados para identificação humana. Esses marcadores são altamente variáveis na população, pois são regiões polimórficas do DNA, ou seja, variam de um indivíduo para outro na população. Esta variação se dá por diferença no número de pequenas seqüências repetitivas, que é uma característica dos microssatélites (PENA, 2005).

Pode-se elaborar um perfil genético baseado em microssatélites a partir da coleta de uma amostra de sangue coletada em uma cena de crime. Na análise desse marcador pode-se observar que determinada região de microssatélite em que se encontra a herança paterna seja

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de 12 repetições (de nucleotídeos) e na materna seja de 15 repetições. Pode-se dizer, então, que o perfil genético desta amostra nesse locus de microssatélite seja 12,15 (LIMA, 2008).

Analisando-se vários outros marcadores genéticos da mesma amostra, poderia se obter um perfil genético, por exemplo: 12,15; 7,9; 13,15; 16,16; 12,18. Estes números nada dizem a respeito das características físicas da pessoa (LIMA, 2008). Vale ressaltar que este perfil precisa ser comparado com outro perfil de referência para que se tenha uma conclusão a respeito da autoria do vestígio (WALLACE, 2006).

Os perfis de DNA montados a partir de marcadores moleculares são a base dos bancos de dados genéticos forenses criminais cujo intuito é o de armazenamento apenas de dados alfanuméricos, porém, há uma preocupação a respeito da custódia das amostras biológicas, pois estas podem ser utilizadas inadequadamente com o intuito de busca de informações a respeito de características somáticas com reflexos nas áreas da saúde, com potencial de uso discriminatório (WALLACE, 2006).

5 TÉCNICAS FORENSES DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA PELO DNA

A primeira técnica de DNA empregada na identificação de regiões polimórficas presentes na população humana foi o Restriction Fragment Lenght Polymorphism (RFLP), em que fragmentos polimórficos de restrição eram comparados entre indivíduos, permitindo a distinção entre estes em virtude dos perfis de restrição (ARRUDA, 2010). Assim, um perfil de restrição para o DNA de uma pessoa em particular pode ser gerado, pois o DNA de cada pessoa contém pequenas diferenças e, uma mudança em um desses sítios de restrição, resultaria em um perfil diferente do fragmento de restrição (GÓES, 2005).

Porém, a técnica de RFLP por ser uma técnica laboriosa e demorada, foi praticamente abandonada e substituída pela técnica baseada na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR -

Polymerase Chain Reaction). Ainda, a técnica de RFLP apresenta como evento impeditivo, o

fato de requer grandes quantidades (microgramas) de DNA não degradado. Então, por ser mais rápida e capaz de produzir grande quantidade de fragmentos de DNA a partir de pequenas quantidades (nanogramas) de amostras, a técnica de PCR é o padrão adotado, atualmente, em investigações forenses utilizando DNA (FUNABASHI et al., 2009; ARRUDA, 2010; MUNIZ; QUEIROZ, 2010). A técnica de PCR oferece um elevado grau de discriminação entre indivíduos, inclusive com elevado grau de proximidade em termos de parentesco (LUFTIG; RICHEY, 2001; HARTL; CLARK, 2010).

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A técnica de RFLP é empregada para revelar marcadores específicos que ficam dispostos ao longo do genoma humano. Estes marcadores apresentam segmentos de DNA que contêm seqüências de nucleotídeos repetidas em série. Essas repetições são os Variable

Number of Tandem Repeat (VNTR). Ainda, além dos VNTR (Número Variável de

Sequências in tandem), pode-se empregar a técnica de PCR para revelar os marcadores Short

Tandem Repeats (STR – Repetições Curtas in tandem) e Mini Short Tandem Repeats (Mini

STR). A diferença entre os VNTR e os STR diz respeito ao tamanho das sequências repetitivas, sendo que os VNTR são sequências repetitivas maiores (BEZERRA, 2004).

Além dos minissatélites (VNTR), microssatélites (STR) e mini-microssatélites (Mini STR), existe o polimorfismo que se baseia na substituição de nucleotídeos únicos (SNPs –

Single Nucleotide Polymorphism) e os polimorfismos de inserção ou deleção de um ou mais

nucleotídeos (polimorfismos de inserção-deleção; indels) (HARTL; CLARK, 2010). Ambos os polimorfismos apresentam a grande vantagem de serem estudados em produtos de amplificação muito curtos (menores que 69 pares de bases) e, assim, apresentarem vantagens em relação aos microssatélites com relação ao grau de degradação, uma vez que, no estudo de DNA extremamente degradado (como é o caso de cadáveres em estado muito avançado de decomposição ou carbonizados) o SNP se mostra uma estratégia viável (FUNABASHI et al., 2009; MUNIZ; QUEIROZ, 2010).

Os marcadores moleculares mais utilizados para a montagem de um banco de dados genético, na atualidade, são os STR. Os STR são detectados por PCR, pois esta técnica é sensível em amplificar moléculas de 150 a 400 pares de bases. Utiliza-se a técnica de PCR devido, principalmente, a sua alta sensibilidade de detecção, seu alto poder discriminativo de alelos e ao contínuo desenvolvimento de marcadores multiplex de STR autossômicos que são capazes de identificar vários loci em uma única reação de PCR (PENA, 2005; FUNABASHI et al., 2009). Porém, análises forenses com moléculas degradadas ou com menos de 150 pares de bases tornam-se pouco eficientes para o uso dos STR (FUNABASHI et al., 2009).

Por isso, surge a necessidade de desenvolvimento de novas técnicas para este fim. Pelo fato de existirem, em média, cerca de 1000 mitocôndrias por célula enquanto há apenas duas cópias de cada cromossomo no núcleo e pela sua forma circular que confere resistência superior à degradação em relação ao DNA nuclear, a detecção de marcadores moleculares no DNA mitocondrial é útil nas investigações com vestígios degradados (JOBIM et al., 2012).

Em um caso de desastre em massa em que se deseja discriminar um indivíduo, a identificação de marcadores presentes nas moléculas de DNA seria viável, visto que mutações genéticas nessa molécula geram polimorfismos originando vários haplótipos. Esses

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polimorfismos servem como marcadores de linhagens biológicas, uma vez que, determinados marcadores permitem o seu uso para mapear as populações e suas migrações ao longo da história a ponto de se estabelecer perfis genéticos específicos de algumas regiões do planeta, permitindo comparações e diferenciações entre os vários haplótipos (PENA, 2000).

Por outro lado o DNA mitocondrial apresenta limitações, não configurando como bom marcador de individualidade. Isso ocorre, pois os marcadores mitocondriais são herdados em blocos de genes denominados haplótipos e esses blocos de genes são passados de geração em geração, apenas pelas mães e não sofrem recombinação gênica (PENA, 2000). Dessa forma, não se discrimina um indivíduo em particular dentro de uma história familiar.

Para marcadores de individualidade em moléculas de pequeno comprimento, o uso do mini-STR e o SNP tem se mostrado como alternativas viáveis (PENA, 2005; MUNIZ; QUEIROZ, 2010; JOBIM et al., 2012). Os Mini-STRs são baseados em sequências de até 260 pares de bases e os SNPs são sensíveis para amplicons com menos de 69 pares de base (FUNABASHI et al., 2009 MUNIZ; QUEIROZ, 2010).

Os SNPs apresentam potencial de uso futuro, principalmente em casos de desastres em massa e amostras em alto nível de degradação. O genoma humano possui aproximadamente 10 milhões de SNPs ou um a cada 300 pares de bases, sendo que aproximadamente 85% das variações do genoma humano são baseadas nesses marcadores moleculares (GRIFFITHS et al., 2009; FUNABASHI et al., 2009; HARTL; CLARK, 2010).

Para montagem de banco de dados genéticos pode-se utilizar, além dos 13 loci utilizados como padrão pelo FBI, um conjunto de SNPs presentes em regiões não-codantes para se elaborar um índice de identificação à parte. Desta maneira, a identificação de indivíduos se tornará mais eficiente, pois, com o avanço nas tecnologias de identificação humana, os criminosos têm criado alternativas para modificar as características inerentes do cadáver, dificultando o trabalho dos investigadores.

Com o uso de um índice de identificação baseado em marcadores SNPs, sensível a fragmentos originados de DNA degradado, a identificação de vestígios e associação a indivíduos desaparecidos ou, até mesmo, suspeitos de crimes se tornarão mais eficientes. O índice baseado em SNPs deve complementar os índices já existentes, visto que a associação de índices e técnicas distintas diminuirá a probabilidade de erros na identificação, já que as técnicas atuais baseadas em STRs são insuficientes para moléculas fragmentadas e em tamanho muito pequeno. Cabe ressaltar que mesmo a técnica do STR tem apresentado certas limitações dentro do contexto da identificação (FUNABASHI et al., 2009). Portanto, aprimoramentos das técnicas de identificação por DNA se fazem necessárias.

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6 PRINCIPAIS AMOSTRAS BIOLÓGICAS DE INTERESSE FORENSE

É mais comum encontrar em cena de crime vestígios, tais como, sangue, sêmen, cabelo e saliva; no entanto, material biológico coletado do suspeito de um crime para elaboração de perfil genético não precisa ser o mesmo tipo de material que foi encontrado em cena de crime. Amostras de mucosa oral ou uma gota de sangue do dedo são suficientes para se estabelecer a relação entre os vestígios. No caso de sangue, a coleta de 5 ml é suficiente para a análise. Pode-se coletar sangue de recém-nascidos por punção do calcanhar, porém, a coleta de sangue ou de amostra de mucosa oral de qualquer indivíduo deve ser realizada por profissional habilitado (BEZERRA, 2004).

Devido à necessidade crescente de coleta de informações biológicas e emprego dos marcadores moleculares baseados em DNA nas ciências forenses com o objetivo de esclarecer informações em uma investigação criminal, cientistas trabalham em prol de melhorias nos sistemas de detecção e obtenção de amostras de DNA em cenas de crimes com o intuito de facilitar a coleta e alocação de informações genéticas (LIU, 2010).

Pesquisas mostram que um simples toque em uma superfície pode ser o suficiente para peritos identificarem amostras de DNA (conhecido como DNA touch - DNAt) que podem, apesar de maneira ainda remota, servir como prova útil, especialmente nos casos de crimes violentos, nos quais há uma estreita interação física entre dois indivíduos (QUINONES; DANIEL, 2011).

Além de vestígios biológicos humanos, vestígios de animais podem ser usados na ligação de indivíduos a cenas de investigação. A estreita relação entre as pessoas e seus animais de estimação, especialmente gatos e cães pode fornecer evidências valiosas durante investigações forenses. Pêlos destes animais são comumente encontrados em roupas, casas e carros de pessoas com quem convivem e podem auxiliar perícias criminais, devido à possibilidade de extração e análise de DNA mitocondrial destas amostras biológicas (BEKAERT et al., 2011).

7.1 BANCO DE DADOS GENÉTICOS: APLICAÇÕES

O CODIS é um software que armazena e compara, eletronicamente, perfis de DNA elaborados com base em marcadores moleculares a partir de vestígios biológicos. Este

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adotado no Brasil, o perfil de DNA gerado por vestígios encontrados em uma cena de crime em São Paulo poderá ser confrontado com perfis genéticos de crimes que ocorreram em Brasília, por exemplo, a fim de verificar se o autor se deslocou dentro do país ou, até mesmo, para outra nação, pois este programa tem sido adotado por diversos países, inclusive o Brasil. A expansão e padronização no uso do mesmo software permitem que um crime ocorrido em um país seja comparado com um crime ocorrido em outro, mesmo sendo distante, bastando apenas que ambos tenham um banco de dados genético baseado no mesmo software (CODIS) e utilizem os mesmos critérios na montagem dos perfis genéticos como têm ocorrido, por exemplo, nos Estados Unidos e Inglaterra (DNA INITIATIVE, 2012).

O CODIS armazena dois índices em seus dados, com base na análise de DNAmt e STR (microssatélites). O primeiro armazena o índice de pessoas não identificadas a partir de vestígios recuperados em cenas de crime. O segundo armazena um índice de referência que contém perfis de DNA de indivíduos que cometeram determinados tipos de infrações ou de indivíduos desaparecidos que são comparados periodicamente com o índice de pessoas não identificadas. O critério utilizado para determinar qual tipo de infração deve ter amostra biológica coletada e elaboração de perfil de DNA tem gerado discussões legislativas (DNA INITIATIVE, 2012).

Assim, crimes ocorridos em locais ou em tempos diferentes podem ser ligados a um mesmo autor, mesmo este sendo desconhecido. E crimes sem suspeitos podem, a partir de uma varredura no banco de dados, apontarem perfis genéticos idênticos ou ligados aos perfis elaborados a partir dos vestígios da cena de crime (DNA INITIATIVE, 2012).

Os 13 loci utilizados nos EUA pelo CODIS são CSF1PO, FGA, TH01, TPOX, VWA, D3S1358, D5S818, D7S820, D8S1179, D13S317, D16S539, D18S51, D21S11 (CSTL, 2012).

Países como o EUA, que foi o pioneiro na utilização dessa tecnologia com a elaboração do CODIS e o Reino Unido, que mantém o primeiro e maior banco de dados genéticos nacional do mundo, investem vultosas quantias na implementação de bancos de dados genéticos como ferramenta de uso para identificação humana (ALMEIDA NETO, 2010; PARLIAMENTARY OFFICE OF SCIENCE AND TECHNOLOGY, 2012). Essa estratégia tem gerado bons resultados em relação às elucidações de crimes.

Já o Canadá iniciou a utilização desta ferramenta em junho de 2000 e em maio de 2006, havia nesse país, cerca de 100.000 registros de condenados e mais de 28.000 registros de perfis de DNA a partir de vestígios de cenas de crime em sua base genética de dados (MUNROE, 2012).

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O Brasil ainda não adotou um banco de dados genético nacional, porém, assim como os EUA, Reino Unido e diversos países da Europa, caminha para a implantação e uso desta tecnologia. Como justificativa para a adoção desta tecnologia, comparações entre taxas de criminalidade nos países adotantes de um banco de dados genéticos e o Brasil, que ainda não adotou, mostram diferenças significativas em relação à eficiência na resolução de crimes. As taxas de elucidação dos homicídios no Brasil estão entre as mais baixas do mundo. Pesquisas mostram que existe uma relação entre o avanço e o uso do DNA com diminuição na criminalidade como, por exemplo, na Inglaterra em que a taxa de elucidação de crimes chega a 90%, após adoção e uso da tecnologia do banco de dados genéticos (PEDUZZI, 2008). Dentre os crimes solucionados com o uso de banco de dados genéticos, destacam-se os crimes sexuais, visto que o agressor costuma repetir o crime. Também contra terroristas que utilizam nomes falsos, uma vez que, dados genéticos são praticamente impassíveis de adulteração, permitindo a ligação entre atividades terroristas e seus verdadeiros autores (MICHELIN, 2008; INTERNATIONAL BIOSCIENCES, 2012).

7.2 BANCO DE DADOS GENÉTICOS IMPLICAÇÕES

Ao implantar um banco de dados genético, um país se sujeita a várias implicações jurídicas devido ao fato de que para tal, é necessária a coleta de material biológico. Essa coleta esbarra em leis que protegem direitos individuais das pessoas (CORRÊA, 2009).

O Reino Unido tem tido dificuldades com representantes dos direitos humanos internacional, devido aos critérios utilizados para montagem de seu banco de DNA. Nesse país, tem se armazenado dados genéticos de pessoas presas por jogar bola, de quem não foi condenado por crime nenhum, por engano e até de indivíduos que não atingiram a maioridade (WALLACE, 2006; EUROPA, 2008).

Os EUA têm alterado sua legislação para permitir a coleta de material biológico de suspeitos de crimes, de indivíduos que cometem crimes mais simples e de imigrantes ilegais, já que legislações anteriores restringiam este tipo de coleta, permitindo somente o armazenamento de dados genéticos após condenação (LAYTON, 2012). Fatores negativos surgem com essas medidas governamentais. O aumento na inclusão de indivíduos nos bancos de dados genéticos requer aumento de pessoal e maiores investimentos na área. Surgem também questões éticas para serem analisadas a respeito do tempo em que os dados ficarão armazenados, se as amostras coletadas serão utilizadas apenas para coleta de informações que

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não trazem características físicas, se haverá discriminação com quem estiver incluído nos dados da polícia e como será feita a segurança dessas informações (WALLACE, 2006).

Alguns cientistas alertam para o fato de que amostras biológicas podem fornecer dados além do perfil genético; por isso, uma legislação rigorosa a respeito de quais dados serão armazenados deve ser estabelecida e a população alvo dessa legislação deve ser esclarecida quanto às implicações do uso dessa tecnologia. Além disso, deve haver um amplo debate de quais informações serão coletadas e disponibilizadas, ou não.

A adoção desse tipo de ferramenta no Brasil é necessária, porém, não será a solução de todos os problemas criminais. Deve ser utilizada, inclusive, de forma restrita e racional (ALMEIDA NETO, 2010).

É inevitável a implantação deste serviço no Brasil e, por isso, estudos a respeito se fazem necessários. A legislação tem que especificar quem será submetido ao banco de dados, visto que com experiência baseada em países que já passaram por esse processo, o melhor seria elaborar o perfil genético de toda a população, armazenando somente dados que não dizem respeito às características fenotípicas; além disso, o sistema de armazenamento deve basear-se em um sistema de algarismos alfanuméricos. Esses dados devem ser de uso exclusivo de pessoal especializado da polícia e muito bem protegidos para se evitar alterações. Cabe lembrar que tal ferramenta é apenas mais uma aliada às investigações não devendo carregar o peso de ser a única fonte de informações, uma vez que, o CODIS, mesmo sendo um software, pode gerar relatórios errados se os critérios de comparação não se equivalerem (DNA INITIATIVE, 2012).

7.3 BANCOS DE DADOS GENÉTICOS E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

A adoção de um banco de dados genéticos nacional implica, no mínimo, a análise de duas leis. A Lei 12.037/09 que dispõe a respeito da identificação criminal do civilmente identificado e a Lei 77.210/84 que dispõe a respeito da execução penal, ou seja, dispõe no que diz respeito à sentença ou decisão criminal a fim de proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. Essas duas leis foram atualizadas pela Lei 12.654, de 28 de maio deste ano, para prever a coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, entre outras providências (BRASIL, 2012).

A Lei 12.037/09 dispõe a respeito da identificação criminal. Segundo ela, no artigo 3º, o civilmente identificado será submetido à identificação criminal caso o documento de identificação civil apresente rasura ou indício de falsificação, caso o documento apresentado

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seja insuficiente para identificar definitivamente o indiciado, caso o indivíduo porte documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si. Caso conste nos registros policiais, divergências no uso do nome ou qualificação pelo cidadão que está sendo identificado. Caso o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. Ou ainda, inciso IV, do mesmo artigo, caso a identificação criminal for essencial

às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do MP ou da defesa

(BRASIL, 2009). É justamente este último, ou seja, o inciso IV, que é citado pela Lei 12.654 do ano corrente. Segundo a nova lei, a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético, respeitando o disposto no inciso IV da Lei 12037/09. Ou seja, caso seja de interesse essencial às investigações policiais, a coleta de material biológico está autorizada por lei, a partir de novembro do ano corrente, já que a lei 12.654/12 entrará em vigor após 180 dias de sua publicação no D.O.U em 29 de maio de 2012 (BRASIL, 2012).

Ainda com relação à lei 12.037/09, esta, no artigo 5º, cita alguns meios de identificação criminal legais: o datiloscópico e o fotográfico. A lei 12.654/12 prevê alterações também neste artigo. Segundo a nova Lei, em seu art. 2º, a Lei 12.037/09 será acrescida do artigo 5º - A, 7 – B e 9 – A. Segundo o artigo 5º-A, as informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso e as informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado (BRASIL, 2012).

O artigo 7º da lei 12.037/09 que dispõe a respeito da possibilidade de retirada dos autos policiais dos dados de identificação criminal é acrescido pela nova Lei de 2012, pelo artigo 7º - B, dispondo que a exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a prescrição do delito e ao artigo 9º acrescenta-se o artigo 9 – A, dispondo que a identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo (BRASIL, 2012).

A lei 7.210/84, lei de execução penal, sofreu uma pequena alteração. É interessante notar que esta lei traz no artigo 8º que o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução e no artigo 9º autoriza a investigação para obtenção de dados reveladores da

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personalidade do condenado ou internado, informações insuficientes para legalizar o uso da nova tecnologia de análise de perfil genético (BRASIL, 1984). Por isso, a lei 12.654/12 acrescenta ao artigo 9º da Lei 7.210/84, o artigo 9º- A, para prever a coleta de material genético por técnica adequada e indolor, que será armazenado em banco de dados genéticos sigiloso com acesso restrito a autoridade competente. Percebe-se que a legislação insiste, a ponto de tornar-se repetitiva, em deixar bem definido o caráter sigiloso dos dados genéticos. Este artigo (9º) cita quais crimes serão submetidos à coleta do material genético. Segundo a nova lei, os crimes praticados dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou nos casos dos crimes hediondos, a saber: homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, homicídio qualificado, latrocínio, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada, estupro, estupro de vulnerável, epidemia com resultado morte, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e genocídio (BRASIL, 2012). A Lei 12.654/12 autoriza a coleta de material genético de uma parte da população e não de toda a população, o que com certeza irá gerar discussões intermináveis no âmbito jurídico e da ética. É notório que o governo brasileiro deverá, a partir de agora, preocupar-se com a capacitação de um número cada vez maior de profissionais qualificados para a coleta e o armazenamento de material genético a fim de se diminuir a possibilidade de erros e de se preservar a credibilidade deste procedimento forense.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso da tecnologia em prol de benefícios para a sociedade deve ser considerado, visto que os crimes estão cada vez mais sofisticados. O Brasil caminha para a implantação e utilização de um banco de dados de perfis genéticos nacional. Por isso, deve observar as implicações jurídicas e bioéticas já debatidas nos países que já passaram por este processo de implementação tecnológica para não cometer erros que impeçam ou comprometam a implementação dessa estratégia.

Para se evitar as discussões intermináveis sobre quem deve ter o material biológico coletado, deve aprovar lei para que todos os indivíduos tenham material biológico coletado e o perfil genético determinado e armazenado, dentro de princípios jurídicos e bioéticos amplamente discutidos e definidos.

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Assim, todos estarão sujeitos à mesma regra. Deve haver conscientização das pessoas a respeito do potencial desta ferramenta tecnológica em virtude da aplicabilidade em indicar quem esteve presente na cena do crime e quem é o verdadeiro autor do delito.

Por fim, mais pesquisas devem ser realizadas a fim de ser aperfeiçoar constantemente as técnicas que envolvem a elaboração do perfil genético dos indivíduos de uma população, assim como, os métodos de armazenamento de dados em um sistema de busca e compartilhamento de informações entre instituições de segurança.

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