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XIII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE

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XIII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE

ÁGUAS URBANAS E A LEPTOSPIROSE EM ARACAJU/SE:

CONTRIBUIÇÕES PARA O OLHAR INTEGRADO ENTRE GESTÃO

HÍDRICA E SAÚDE COLETIVA

Márcia E. S. Carvalho 1; Francisco de Assis Mendonça 2

RESUMO

Este artigo tem como objetivo identificar a ocorrência espacial e temporal da leptospirose e analisar a relação desta com as águas urbanas associadas os eventos climáticos extremos de precipitação em Aracaju/SE entre os anos de 2010 a 2015. Para tal, utilizou-se uma metodologia de caráter descritivo e quantitativo, a partir da pesquisa bibliográfica/documental, alicerçada nos campos do conhecimento da climatologia e da epidemiologia. Foi identificado que 81% dos casos de leptospirose ocorreram na quadra chuvosa de todos os anos em estudo. O maior número de casos foi registrado em 2010, ano no qual ocorreu o maior número de eventos extremos de precipitação. Do total geral, 23,5% vieram a óbito, valor considerado elevado para um país em desenvolvimento. Dos 106 casos registrados no recorte temporal em estudo, 81,7% são do sexo masculino, adultos, economicamente ativos, com ensino fundamental incompleto. 87% dos casos foram notificados em bairros periféricos da cidade, nas zonas norte e oeste, nos quais predominam a menor renda família de Aracaju, sendo os bairros Santa Maria, Santos Dumont e Lamarão os que apresentaram o maior número de casos de leptospirose. Em termos de incidência, o bairro Lamarão apresentou o maior índice, seguido pelo bairro Jardim Centenário.

ABSTRACT

This article aims to identify the spatial and temporal occurrence of leptospirosis and analyze its relationship with the urban water associated extreme weather precipitation events in Aracaju / SE between the years 2010-2015. To this end, we used a descriptive methodology and quantitative from the bibliographic / documentary research, based in the fields of climatology and epidemiology knowledge. It was identified that 81% of leptospirosis cases occurred in the rainy season every year under study. The largest number of cases was recorded in 2010, in which was the highest number of extreme precipitation events. Of the overall total, 23.5% came to death, considered high for a developing country. Of the 106 cases recorded in the time frame under study, 81.7% are men, adult, economically active, with incomplete primary education. 87% of cases were reported in outlying districts of the city, in the northern and western areas in which predominate the lower income family of Aracaju, and the neighborhoods Santa Maria, Santos Dumont and Lamarão those who had the highest number of cases of leptospirosis. In terms of incidence, Lamarão district had the highest rate, followed by the Jardim Centenário neighborhood.

1 Departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe. Pós-doutoranda pelo LABOCLIMA/UFPR. Pesquisadora do GEOPLAN/UFS. Av. Marechal Rondon, s/n. Jardim Rosa Elze, São Cristóvão/SE. Fone: 79/99978-9635. E-mail: marciacarvalho@ufs.br ; marciacarvalho_ufs@yahoo.com.br

2 Departamento de Geografia e Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Paraná. Coordenador do LABOCLIMA/UFPR. Av. Francisco H. dos Santos, Centro Politécnico, s/n, Edifício João José Bigarella. E-mail: chico@ufpr.br

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Palavras-Chave: Ambiente Urbano – Leptospirose – Eventos Extremos de Precipitação

INTRODUÇÃO

Considerando o processo de urbanização acelerado vivenciado nas últimas décadas, os recursos hídricos que compõem a paisagem geográfica de muitas cidades (e que outrora foram fonte de sua gênese) cada vez mais têm sido pressionados e degradados.

As águas urbanas na maioria das cidades brasileiras são fruto das pressões antrópicas derivadas da histórica relação de usufruto insustentável associado à ausência de efetivo planejamento ambiental e mais especificamente o urbano.

De acordo com Tucci (2008), a falta de tratamento de esgoto, a ausência de rede de drenagem eficiente, o aumento das inundações, a impermeabilização do solo, a ocupação dos leitos dos rios, são fontes potenciais de risco para a população, principalmente associados à saúde coletiva.

Desta forma, para que se efetive o processo de gestão hídrica compartilhada e participativa, além dos pilares básicos da análise socioambiental e do planejamento político-estratégico que embasam os estudos acerca dos usos econômicos, sociais e ambientais dos recursos hídricos, o componente saúde ambiental deve ser agregado e, em especial, a saúde coletiva.

A relação entre recursos hídricos, alterações climáticas e saúde é notória desde a antiguidade, podendo causar impactos de forma direta ou indireta. Várias doenças têm sua origem e mecanismos de proliferação neste tripé, principalmente as relacionadas com a transmissão via vetores (febre amarela, malária, dengue, etc.), hospedeiros intermediários (esquistossomose) ou de veiculação/transmissão hídrica (amebíase, cólera, micoses, leptospirose, etc.), cuja morbidade é considerada alta no Brasil, acometendo em muitos casos, a população mais vulnerável do ponto de vista socioeconômico (CONFALONIERI, 2003; MENDONÇA, 2005; BARCELLOS, 2009).

Dentre estes, destaca-se a leptospirose, enfermidade causada por uma bactéria espiroqueta patogênica do gênero Leptospira, uma zoonose de elevada abrangência no mundo, presente na urina de roedores e transmitida aos humanos, principalmente nas enchentes.Dentre os sintomas, destaca-se a febre alta e dores, podendo evoluir para a icterícia, problemas urinários, tosdestaca-se e sangramentos, causando letalidade em até 40% dos casos mais graves.

De acordo com dados do Ministério da Saúde (SINAN/SVS), foram notificados, entre os anos de 2010 a 2015, 25.139 casos de leptospirose no país. Para a Região Nordeste, no mesmo período, foram registrados 3.527 casos, o que representa 14% do total de casos nacionais. Em Sergipe, para o mesmo período, foram registrados 268 casos, representando 7,6% do total de casos de sua região,

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Diante deste cenário, esta pesquisa tem como objetivo identificar a ocorrência espacial e temporal da leptospirose e analisar a relação desta com os eventos climáticos extremos de precipitação em Aracaju/SE entre os anos de 2010 a 2015, cujos impactos no meio urbano podem estar associados com a proliferação da referida doença.

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

No intuito de identificar se existem relações entre a ocorrência temporal e espacial da leptospirose e os eventos climáticos extremos de precipitação, utilizou-se uma metodologia de caráter descritivo e quantitativo, a partir da pesquisa bibliográfica/documental, estando alicerçada em dois campos do conhecimento: a climatologia e a epidemiologia.

Para análise climatológica, foi avaliada a variação da precipitação diária para o recorte temporal de estudo, 2010 a 2015, a partir de dados da Estação Meteorológica Automática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (www.inmet.gov.br) - Estação 83096 (10,9º de latitude sul e 37,0º de longitude oeste), localizada na área urbana do município de Aracaju, visando identificar os dias nos quais ocorreram os episódios acima de 50mm em 24hs, tendo estes sido denominados de eventos extremos, pois a partir deste total pluviométrico são registrados pela Defesa Civil e pela Empresa Municipal de Obras e Urbanização de Aracaju (EMURB) vários casos de alagamentos e deslizamentos de encostas e outros danos materiais na cidade de Aracaju.

Para análise epidemiológica, foram utilizados os dados do banco de notificação da leptospirose da Coordenação de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju/SE (SMS), mediante aprovação da pesquisa em tela pelo Centro de Educação Permanente em Saúde (CEPS/SMS). A série temporal escolhida ocorreu em função da disponibilidade de dados. Para o cálculo da taxa de incidência foi utilizada a seguinte fórmula, onde n equivale ao tamanho da amostra da população. Foi considerado n = 5, para expressar o resultado por 100.000 habitantes:

CI = número de casos novos x 10n / população por bairro.

Para geração do banco de dados e posterior construção de tabelas e gráficos foi utilizado o Excel/Windows/07. Para elaboração dos mapas foi utilizada base de dados da SRH (2014) e da PMA (2010) e o ArcGis 10.1 como software.

O processamento estatístico foi descritivo e probabilístico, usando-se o Coeficiente de Correlação de Pearson, cujos dados de precipitação foram considerados como a variável independente e os de leptospirose como variáveis dependentes. Para análise dos resultados foi considera classificação de Dancey e Reidy (2006): 0 a 0.30 - fraca correlação; 0.40 a 0.6 (positivo ou negativo) - correlação moderada; 0.70 a 1 (positiva ou negativa) - forte correlação.

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Os dados foram analisados de forma integrada buscando compreender as relações entre as variáveis, associada com a literatura pertinente à temática, associando os casos de leptospirose aos eventos climáticos extremos e às condições socioambientais do espaço urbano de Aracaju.

RESULTADOS:

Aracaju ocupa uma posição litorânea e abrange uma área de 181,8 Km2, estando inserida no

Território de Planejamento da Grande Aracaju (Figura 01).

Figura 01 – Aracaju / SE – Localização geográfica.

O clima local de Aracaju é resultante das interações de atuação dos sistemas meteorológicos: Alísios de SE, Zona de Convergência Intertropical - ZCIT, Sistema Equatorial Amazônico – SEA e Frente Polar Atlântica – FPA, que se relacionam com outros fatores locais, como a posição geográfica litorânea, em latitude tropical. As temperaturas giram em torno dos 26 °C e a precipitação média anual é de, aproximadamente, 1.600 mm.

O período chuvoso de Aracaju concentra-se entre março e agosto, com destaque da concentração da precipitação no mês de maio. A climatologia de 1961 a 1990 aponta o mês de maio como preferencial para ocorrência de chuvas extremas em 24h (INMET, 2016).

Com relação aos eventos extremos, considerando as precipitações acima de 50mm ocorridas em 24hs em virtude dos impactos causados no meio urbano, o maior valor foi de 171,6 mm, ocorrido em maio de 1964. Entre 1986 a 2015 foram registrados 62 eventos acima de 50 mm em 24hs, sendo que no período em estudo (2010-2015) ocorrem 12 eventos, com maior frequência em 2010, concentrando 33% dos episódios (Figura 02). Em 2011, ocorreu o segundo maior evento extremo

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registrado em Aracaju desde 1964 (157mm em 24hs) e em 2013 ocorreu o 4º maior episódio (147mm em 24hs).

Com relação aos impactos destes eventos climáticos extremos no meio urbano, são recorrentes os alagamentos e deslizamentos. No computo geral, foram identificados 52 pontos de alagamentos, distribuídos por 32 bairros (82% do total de bairros da capital) (EMURB, 2013). Deste total, 41% localizaram-se na periferia urbana da cidade, concentradas na zona norte da capital (Porto Dantas, Lamarão, Soledade, Santos Dumont, Japãozinho) e na periferia sociológica da zona sul (Santa Maria), que apresentam as menores rendas médias por responsável pelos domicílios que reflete nas condições de moradia, educação e saúde.

Figura 02 – Totais pluviométricos acima de 50 mm/dia (2010-2015) Aracaju/SE/BR Fonte: INMET - Estação: ARACAJU - SE (OMM: 83096). Org: Márcia Carvalho

De acordo com o relatório técnico para a gestão integrada das águas urbanas de Aracaju (SEMARH/SRH, 2010), os principais problemas relacionados às inundações urbanas na capital sergipana se devem: aumento das áreas impermeáveis em várias bacias de drenagem urbana com aumento de vazão sobre macrodrenagem que não tem capacidade para receber este aumento; contaminação das águas pluviais com esgoto devido a falta da rede coletora separadora; contaminação com material sólido e obstrução da drenagem juntamente com a contaminação da água pluvial; ocupação urbana desordenada sem a implantação do sistema de macrodrenagem.

O maior número de casos de leptospirose para o período em estudo foi registrado em 2010, ano no qual ocorreu o maior número de eventos extremos de precipitação, e o maior número de óbitos em 2011. Do total geral, 25 pessoas contaminas (23,5%) vieram a óbito em função da leptospirose, valor considerado elevado para um país em desenvolvimento (Figuras 03). Considerando o banco de dados analisado, 95,4% dos casos apresentaram como área provável da infecção a zona urbana, ratificando

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 10.04.2010 12.04.2010 04.05.2010 10.06.2010 25.05.2011 19.10.2011 19.02.2012 25.04.2013 04.11.2013 19.12.2013 17.07.2014 24.05.2015

Totais pluviométricos (em mm) em 24hs Aracaju/SE/BR (2010-2015)

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que a população residente em aglomerados urbanos desordenados e de baixa renda, em diferentes capitais brasileiras, são acometidas por impactos, os que as tornam vulneráveis aos eventos extremos.

Figura 03 – Casos registrados e óbitos por leptospirose em Aracaju/SE/BR Fonte: SMS de Aracaju/SE (2016). Org: Márcia Carvalho

No recorte temporal em estudo, a análise da data dos primeiros sintomas foi utilizada como base para avaliar a correlação da doença com a precipitação. A partir desta análise, foi identificado que 81% dos casos de leptospirose ocorreram na quadra chuvosa,em todos os anos em estudo, que ocorrede abril a agosto, adentrando setembro, estando este último mês ainda com os reflexos da ocorrência das chuvas no ambiente (Figura 04).

Figura 04 – Casos registrados por mês de leptospirose em Aracaju/SE/BR

Fonte: SMS de Aracaju/SE (2016). INMET - Estação: ARACAJU - SE (OMM: 83096). Org: Márcia Carvalho

Com relação ao ambiente de infecção, 35,9% das pessoas contaminadas indicaram o ambiente de trabalho como provável foco de contaminação e 31,1%, o ambiente domiciliar.

Os anos de 2010 e 2011 foram os mais chuvosos e concentraram 51% dos casos (Figura 05). Entre 2012 e 2015 ocorreram os menores totais pluviométricos da série analisada, bem como dos últimos 30 anos, valendo ainda destacar que 2012 e 2015 foram considerados anos de El Niño forte.

0 10 20 30 40

Total Óbitos Total Óbitos Total Óbitos Total Óbitos Total Óbitos Total Óbitos

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Casos confirmados e óbitos por leptospirose em Aracaju (2010-2015)

0 5 10 15

JAN FEV MAR ABRIL MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Casos de leptospirose por mês em Aracaju/SE/BR (2010/2015)

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Figura 05 – Total de casos de leptospirose em Aracaju/SE/BR (2010-2015)

Fonte: SMS de Aracaju/SE (2016). INMET - Estação: ARACAJU - SE (OMM: 83096). Org: Márcia Carvalho

Na série temporal em estudo, a correlação mais direta com o aumento do número de casos e os eventos extremos de precipitação ocorreram em 2010 e 2011, tanto em função da sequencia de dias chuvosos, quanto pelo total precipitado em 24hs. Em 2010, por exemplo, 49% dos casos foram registrados após setes dias de chuvas intensas no mês de abril, que totalizou 293,4mm, que correspondeu a 78,5% do total mensal. Neste período ocorreram dois eventos extremos: 10/04/10 - 82mm e 12/04/10 - 76,4mm (Figura 06). Outros 41% dos casos, embora não associados a eventos extremos, foram confirmados ainda na quadra chuvosa, em julho e agosto de 2010 (Figura 07).

Figura 06 – Casos de leptospirose entre abril/junho/2010 em Aracaju/SE/BR

Fonte: SMS de Aracaju/SE (2016). INMET - Estação: ARACAJU - SE (OMM: 83096). Org: Márcia Carvalho

Seguindo o padrão do ano anterior, 36% dos casos de 2011 foram registrados após o evento extremo de 25 de maio, o qual precipitou 157mm em 24hs (Figura 08). Entre 2012 e 2015 embora com registros de eventos climáticos extremos de precipitação, o número de casos foi reduzido o que pode estar associado com a redução dos totais pluviométricos mensais. Entretanto foi mantido o padrão de ocorrência dos casos na quadra chuvosa.

Mesmo considerando o tempo entre a ocorrência das chuvas e o contato do indivíduo com a água contaminada, que pode variar entre um a trinta dias para a doença se manifestar, ao aplicar o

0 5 10 15 20 25 30 35 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total de casos Precipitação Pluviométrica 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 0 20 40 60 80 100 Cas o s con firm ad o s PP (m m )

Precipitação pluviométrica e casos de leptospirose em Aracaju/SE/BR

(período chuvoso/2010)

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coeficiente de correlação de Pearson, foi identificada correlação alta, 0,779, entre os casos notificados de leptospirose e a ocorrência de chuva por mês na série temporal analisada e correlação também alta por total de casos por ano (0,870).

Figura 07 – Casos de leptospirose entre junho/agosto/2010 em Aracaju/SE/BR

Fonte: SMS de Aracaju/SE (2016). INMET - Estação: ARACAJU - SE (OMM: 83096). Org: Márcia Carvalho

Figura 08 – Casos de leptospirose na quadra chuvosa de 2011 em Aracaju/SE/BR

Fonte: SMS de Aracaju/SE (2016). INMET - Estação: ARACAJU - SE (OMM: 83096). Org: Márcia Carvalho

Estes resultados corroboram com pesquisas desenvolvidas tanto no Nordeste do país (MAGALHÃES, et.al. 2009) quanto no Sul (BUFFON e MENDONÇA, 2014). Por outro lado, difere do obtido por Melo (2011) que a partir de dados anuais de registro dos casos de leptospirose e total pluviométrico de 2001 a 2007, afirmou que não havia, em seu estudo em Aracaju/SE/BR, correlação entre o padrão de ocorrência das chuvas e os casos notificados.

No tocante a espacialização do local de residência da pessoa infectada, 87% dos casos foram notificados em bairros periféricos da cidade, nas zonas norte e oeste, nos quais predominam a menor

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 10 20 30 40 50 60 03/ju n 10/ju n 14/ju n 18/ju n 21/ju n 24/ju n 27/ju n 03/ju l 06/ju l 10/ju l 14/ju l 17/ju l 20/ju l 23 27/ju l 31 30/ag o Cas o s con firm ad o s PP (m m )

Precipitação dos meses de junho/julho/2010 em Aracaju/SE e casos notificados de Leptospirose em Julho e Agosto/2010

Casos notificados Precipitação Pluviométrica

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 0 50 100 150 200

24/mar 28/mar 01/ab

r 5 9 12 16 21 25/ab r 28 01/mai 5 19 22 25 28/mai 06/ju n 9 12 15/ju n Cas o s con firm ad o s PP (m m )

Precipitação dos meses de março/abril/maio/junho/2011 e casos de Leptospirose/2011 em Aracaju/SE/BR

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apresentaram o maior número de casos de leptospirose. Em termos de incidência, o bairro Lamarão apresentou o maior índice, seguido pelo bairro Jardim Centenário. Os bairros Santa Maria e Santos Dumont ocuparam a 3ª e 4ª posição em termos de incidência, respectivamente (Figura 09). Dentre os infectatos, 81,7% são do sexo masculino, adultos, economicamente ativos, com o ensino fundamental incompleto.

Figura 09 – Bairros de Aracaju e Renda Média Familiar e Ocorrência e Incidência da Leptospirose em Aracaju/SE/BR (2010-2015). Fonte: PMA (2016), SEMARH/SRH (2010), SMS (2016)

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Em Aracaju a correlação entre os eventos climáticos extremos de precipitação e o aumento dos casos de leptospirose foi considerado alto, espacialmente distribuídos nos bairros periféricos da cidade e que apresentam a menor renda familiar de toda a capital associado com as mais baixas taxas de escolaridade, o que permite afirmar que a comunidade está exposta aos riscos climáticos potencializados pela condição de vulnerabilidade socioambiental. Vale destacar também que a rede de drenagem urbana da cidade é deficiente, com contaminação das águas pluviais com esgoto devido à falta da rede coletora separadora, fato que se agrava com ocupação urbana desordenada, habitações precárias, descarte inadequado de lixo e alagamentos ocorridos durante intenso período chuvoso.

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Do total geral no período em estudo, 23,5% das pessoas infectadas vieram a óbito, valor considerado elevado para um país em desenvolvimento, mas que ainda convive com as denominadas Doenças Negligenciadas da Pobreza, associada com as águas urbanas contaminadas, demonstrando a importância de que a saúde coletiva deve ser mais um item a ser incorporado na agenda da gestão hídrica urbana das cidades e a necessidade de efetivar um sistema de alerta para os riscos climáticos, bem como a ampliação dos serviços de educação em saúde. A união destes elementos urge como integrante da gestão hídrica efetiva em âmbito local.

BIBLIOGRAFIA

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