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Tentativas de suicídio – Laço Social e Subjetividade
Denise Saleme Maciel Gondim
1As pesquisas em relação ao tema Suicídio indicam a natureza complexa e multifatorial nos comportamentos daqueles que decidem pela morte ou pelas suas tentativas de auto destruição. Segundo Botega, N. & Rapeli, C. (2002, p. 365), o comportamento suicida é "todo ato pelo qual um indivíduo causa lesão a si mesmo, qualquer que seja o grau de intenção letal e de conhecimento do verdadeiro motivo desse ato... a partir de pensamentos de autodestruição, passando por ameaças, gestos, tentativas de suicídio e, finalmente suicídio".
Ao longo da história da humanidade o suicídio sempre esteve presente, adquirindo significados e valores diversos dependendo da civilização e do momento histórico. Na Grécia antiga o estado não aceitava o suicídio, este sendo visto como uma transgressão ao espírito comunitário da época. Por isso era negado aos suicidas o sepultamento em locais sagrados e estimulado o escárnio sobre o cadáver. Entendia-se que o suicídio era uma combinação da agressão à comunidade e meio ambiente, à necessidade de vingança e castigo. Já em Roma, apesar de o suicídio ser também reprovado, em determinadas situações era considerado um ato nobre, principalmente se fosse em defesa da pátria. Neste período percebe-se que eram os questionamentos de ordem política e econômica que deslegitimavam o suicídio (VENEU, M., 1994).
A partir do advento da religião monoteísta, as vinculações ao repúdio do ato suicida passaram a ter conotação religiosa, associando a vida a um dom divino e não mais a um patrimônio da humanidade. A Idade Média trouxe maior vigor às punições ao cadáver do suicida como também à sua família, com o estabelecimento dos tribunais eclesiásticos, encarregados de julgar as motivações do ato. Nesta fase considerava-se isento de punição somente os casos de "melancolia" ou "loucura agressiva", porém esta consideração raramente ocorria (IDEM).
A partir do Renascimento e do Iluminismo – movimentos de apelo à razão, à tolerância e à liberdade – a repressão ao suicídio diminuiu, já que as censuras religiosas
1 Psicanalista; Mestre em Ciências da Saúde ENSP/Fiocruz; Membro analista do Corpo Freudiano Escola