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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO

RAPHAEL RICARDO PINHEIRO RAMOS

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES AMBIENTAIS

FORTALEZA

(2)

RAPHAEL RICARDO PINHEIRO RAMOS

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES AMBIENTAIS

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

Área de concentração: Direito Ambiental

Orientador: Professor Dr. Samuel Miranda Arruda

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Setorial da Faculdade de Direito

R175r Ramos, Raphael Ricardo Pinheiro.

Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais / Raphael Ricardo Pinheiro Ramos. – 2014.

53 f. : enc. ; 30 cm.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Direito, Curso de Direito, Fortaleza, 2014.

Área de Concentração: Direito Ambiental. Orientação: Prof. Dr. Samuel Miranda Arruda.

1. Responsabilidade penal - Brasil. 2. Crime contra o meio ambiente - Brasil. 3. Direito ambiental - Brasil. I. Arruda, Samuel Miranda (orient.). II. Universidade Federal do Ceará – Graduação em Direito. III. Título.

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RAPHAEL RICARDO PINHEIRO RAMOS

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES AMBIENTAIS

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Área de concentração: Direito Ambiental.

Aprovada em __/__/__

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Professor Dr. Samuel Miranda Arruda (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________________________ Professor Dr. Regnoberto Marques de Melo Júnior.

Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________________________ Mestrando Francisco Tarcísio Rocha Gomes Júnior

(5)

Dedico este trabalho a Deus, que é meu Pai e Criador. Sem Ele eu nada seria.

À minha família por sempre ter me apoiado nas minhas vitórias e principalmente nas minhas derrotas. Especialmente ao meu irmão, que também é estudante desta faculdade.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por ter me dado a vida, por ter me inclinado para a prática do Bem e por ter me dado a capacidade de perseverar no estudo do Direito. Também a Maria Santíssima por interceder por mim e advogar sempre em meu favor.

Aos meus pais por terem me dado educação e a formação moral que eu tenho. Seus ensinamentos serviram e sempre servirão para dar base a minha vida e dos meus futuros filhos. Em especial para a minha mãe que mora longe fisicamente de mim, mas está sempre perto em seus pensamentos e orações.

Ao restante da minha família, principalmente o meu irmão e companheiro de faculdade, Manoel Roberto, por sempre partilhar um pouco do seu dia comigo e me incentivar a ser sempre alguém melhor, buscando minhas metas e um futuro próspero.

Aos meus amigos e a esta Faculdade de Direito, que me preparou como acadêmico, auxiliando a minha formação intelectual por palestras, aulas, trabalhos e pela formação prática oferecida pelo Núcleo de Prática Jurídica.

À minha namorada, Karla Cruz Montenegro, esta pessoa incrível que sempre teve esperança nas minhas propostas e nas minhas vitórias e espero que continue a ter nessa próxima etapa de nossas vidas, com muita Fé na Providência.

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“O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus.”

(8)

RESUMO

O presente estudo possui a finalidade de compreender o instituto da responsabilidade penal da pessoa jurídica no Direito Ambiental. A necessidade de se responsabilizar os danos está se tornando cada vez mais forte no ordenamento jurídico brasileiro, principalmente no direito ambiental, no entanto, é necessário o estabelecimento de limites para a utilização dos dispositivos de ressarcimento. Este trabalho apresenta considerações sobre a visão antropocêntrica do meio ambiente na Constituição Federal e o significado de desenvolvimento sustentável, buscando sempre sopesar a proteção ambiental com a necessidade de se utilizar o meio ambiente como matéria-prima. Posteriormente, será feita uma análise do instituto da responsabilidade jurídica e a sua incidência nos ramos do direito civil, administrativo e penal. Por último, será analisada a responsabilidade administrativa, civil e, principalmente, penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais. Este trabalho trata sobre as diferentes correntes doutrinárias para a aplicação da responsabilidade e as decisões mais pertinentes dos tribunais superiores sobre o assunto.

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ABSTRACT

This currenty essay possesses the purpose of comprehending the isntitute which regards the criminal responsability from the legal entity in the ambiental law. The necessity to hold them responsible for the damages is becoming with each passing day stronger in our brazilian jurisdicional ordenance, mainly on ambiental law, although, it is very necessary that we stablish limits to the use of these compensation devices. This essay presents considerations over the anthropocentrical views of the enviroment using our federal

constitution and the significance of sustainable development, seeking always to weight the enviroment protection with the necessity of utilizing the enviroment itself as a raw material. Subsequently, there will be made analises of this institute of jurisdiction responsability and its incidences in the other branches of the law, being them civil, administrative or criminal. Finally, it will also analise the administrative, civil and, mostly, criminal responsability from the legal entity with the criminal crimes. This essay treats the current legal differences writings to apply de responsability and the most relevant decisions from the higher courts over this matter.

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUCAO...11

2 DIREITO AMBIENTAL...13

2.1 Direito Ambiental: considerações gerais e constitucionais...13

2.2 Desenvolvimento sustentável...18

2.3 Crimes ambientais e o obstáculo para a atividade produtiva...21

3 RESPONSABILIDADE …...24

3.1 Responsabilidade civil e administrativa...25

3.2 Responsabilidade penal...29

3.3 Responsabilidade da pessoa jurídica...31

4 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL...35

4.1 Responsabilidade ambiental: considerações gerais...36

4.2 Responsabilidade civil e administrativa ambiental...39

4.3 Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais...43

4.4 Análise jurisprudencial da responsabilidade penal dos crimes ambientais nos tribunais superiores...47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...50

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1 Introdução

O ordenamento jurídico brasileiro possui em diversas espécies normativas meios de proteção ao meio ambiente. Hierarquicamente, a Constituição Federal da República do Brasil é a Lei Maior e norma mais importante no que se refere ao meio ambiente.

O artigo 225 da Constituição de 1988 é o principal dispositivo constitucional que trata de forma mais detalhada de como deve ser tratado o meio ambiente como um todo, embora existam outros dispositivos na Constituição, esse é o mais importante, visto que é um capítulo isolado que trata do meio ambiente.

O crescimento econômico, a preservação do meio ambiente e a equidade social são temas pertinentes no que se refere a atividade agropecuária ou industrial se utilizando do meio ambiente brasileiro.

É inegável que o meio ambiente deva ser sempre preservado, visto que possui uma capacidade regenerativa bastante lenta comparado com o tempo que uma cidade ou até mesmo uma civilização leva para alcançar um grande tamanho em um espaço físico. A preservação do meio ambiente é fundamental para que a população humana, especialmente a localizada na região impactada, tenha meios de sobreviver, devido a pesca ou a alguma forma de aproveitamento ambiental, assim como possa desfrutar desse patrimônio ambiental.

A equidade social é extremamente importante no que tange ao Direito Ambiental, principalmente porque ela é um instituto importantíssimo para que se possa dar uma destinação correta do meio ambiente, e que, caso ele seja utilizado, exista uma função social, como bem determina a Constituição Federal, para que ocorra um melhor aproveitamento da população brasileira sem distinções.

O parágrafo 3º do artigo 225 da Constituição Federal é objeto deste trabalho, pois apresenta as responsabilizações civis, administrativas e penais aos causadores de impactos ambientais. O questionamento atual da responsabilidade de caráter penal que incide sobre a pessoa jurídica é de extrema importância neste trabalho, o qual busca debater sobre a necessidade ou não de penalizar as pessoas jurídicas em virtude de crimes ambientais.

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ambiente, e dá outras providências. Esta lei é a norma infraconstitucional mais importante no que se refere à responsabilidade penal e administrativa dos causadores de condutas lesivas ao meio ambiente.

No que se refere à jurisprudência, a responsabilidade penal em relação às pessoas jurídicas é objeto de divergência neste campo e na doutrina, existindo algumas correntes e diversas jurisprudências relevantes com argumentos diferentes.

O capítulo primeiro está voltado especialmente para o entendimento do Direito Ambiental no ordenamento jurídico brasileiro, o conceito de desenvolvimento sustentável em virtude da visão antropológica da Constituição Federal.

No capítulo seguinte, tenta esclarecer o instituto da responsabilidade, nas distintas esferas e na possibilidade de se responsabilizar a pessoa jurídica por danos civis, administrativos e penais.

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2 DIREITO AMBIENTAL

O direito ambiental é um ramo do direito público essencial para a preservação do meio ambiente e é indiscutível que a Constituição Federal de 1988 deu muito mais importância ao direito ambiental do que as Constituições passadas.

Este ramo do direito possui como finalidade a proteção dos diversos bens naturais do território brasileiro. Na visão de Albergaria,

“o Direito Ambiental é considerado como ramo do direito que visa a proteção não somente dos bens vistos de uma forma unitária, como se fosse microbens isolados, tais como rios, ar, fauna, flora (ambiente natural), paisagem, urbanismo, edificações (culturais), etc, mas como um macrobem, incorpóreo, que englobaria todos os microbens em conjunto bem como as suas relações e interações. “1

O direito ao meio ambiente é um direito de terceira geração, pois no entendimento do Supremo Tribunal Federal

“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade”2

No ponto de diversos doutrinadores, o direito ambiental tem natureza profundamente preventiva, devendo abranger também os riscos e não somente os danos, pois o prejuízo ambiental é, comumente de difícil identificação, de larga dimensão e de difícil reparação.

2.1 Direito Ambiental: considerações gerais e constitucionais

1 ALBERGARIA, Bruno. Direito Ambiental e a Responsabilidade Civil das Empresas. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Fórum. 2009. p. 47

(14)

A Lei Maior, em seu artigo 170 enumera os princípios e fundamentos da ordem econômica e, dentre eles, alguns de importância essencial para o meio ambiente.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional; II - propriedade privada;

III - função social da propriedade; IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.3

Ou seja, percebe-se, pela interpretação deste artigo constitucional que o modo capitalista de produção é a intenção final da norma e o corolário da livre iniciativa deve ser sempre levado em consideração ao se tratar de direito ambiental, visto que a valorização da livre iniciativa é fundamento da Constituição de 1988.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania; II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

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representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.4

Embora exista tal fundamento, o ordenamento jurídico sempre buscou aplicar o conceito da função social da propriedade, que é princípio basilar do direito ambiental e deve ser respeitado em todas as situações em que ocorra um litígio ambiental no meio ambiente do Estado brasileiro.

Ou seja, no direito ambiental, de acordo com a nossa Constituição, sempre há de perceber que ele aborda uma visão antropocêntrica, priorizando sempre a humanidade como um todo em vez de visar a proteção da natureza como um fim em si. Não se protege a natureza por outro motivo senão a necessidade humana de utilizá-la para melhorar a vida de toda a população.

O homem apresenta-se como centro da tutela relativa ao direito ambiental, garantindo este ramo do direito a saudável qualidade de vida. A visão antropocêntrica brasileira adotada é diferente da visão eco cêntrica que entende que a natureza pertence a todos os seres vivos, e não apenas ao homem, exigindo uma conduta de extrema cautela em relação à proteção dos recursos naturais.

Segundo Édis Milaré a visão antropocêntrica é “a concepção genérica, sem síntese, faz do homem o centro do Universo, ou seja, a referência máxima e absoluta de valores”5

Além desses dispositivos, o que mais interessa ao direito ambiental e objeto central deste trabalho é o artigo 225 da Constituição, que trata do meio ambiente brasileiro:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

4 Ibidem

(16)

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.6

Este artigo é o mais importante e a fonte mais segura de interpretação da Constituição Federal no que se refere ao direito ambiental e aos princípios deste ramo do direito público.

O artigo 225 é objeto de diversas interpretações e, especialmente ao que se refere este trabalho, será debatido o posicionamento jurisprudencial dos tribunais e da boa doutrina no que se refere a responsabilização penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais praticados no Brasil.

Embora existam disposições constitucionais e diversa legislação ambiental, não são as únicas fontes do direito para se solucionar os diversos litígios ambientais. As fontes do direito são todas as circunstâncias e instituições que exercem influência sobre o entendimento dos valores tutelados por um sistema jurídico.

Entre as fontes do direito estão a lei, os costumes, a jurisprudência, a doutrina, os tratados e princípios jurídicos.

Este ramo do direito, assim como tantos outros, é regido por diversos princípios que buscam tornar mais eficaz as pretensões ambientais no direito brasileiro e

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que, na visão de Roque Antonio Carraza:

”o princípio jurídico é um enunciado lógico implícito ou explícito que, por conta de sua grande generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes da Ciência Jurídica e por isso mesmo vincula de modo inexorável o entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele se conectam. ”7

Na opinião de Joaquim José Gomes Canotilho8, os princípios desempenham

um papel mediato, ao servirem como critério de interpretação e de integração do sistema jurídico, e um papel imediato ao serem aplicados diretamente a uma relação jurídica. Para o autor as três funções principais dos princípios são impedir o surgimento de regras que lhes sejam contrárias, compatibilizar a interpretação das regras e dirimir diretamente o caso concreto frente a ausência de outras regras.

Os princípios são essenciais a todos os ramos do Direito. Logo, no direito ambiental possuem também extrema importância para se resolver os litígios entre regras no direito brasileiro como bem afirma Romeu Thomé dessa forma sobre os princípios ambientais: “O direito ambiental, ciência dotada de autonomia científica, apesar de apresentar caráter interdisciplinar, obedece a princípios específicos de proteção ambiental, pois, de outra forma, dificilmente se obteria proteção eficaz pretendida sobre o meio ambiente. ”9

Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin10 ponderam que os princípios

do Direito Ambiental, da mesma forma que os demais princípios do Direito Constitucional e do Direito Administrativo, e do Direito Público de uma maneira geral, são valores que fundamentam o Estado e incidem sobre a organização política da sociedade.

Outros doutrinadores defendem que se necessita uma participação maior do Poder Público por meio dos princípios ambientais, nesse sentido Rui Piva:

“o Direito Ambiental possui os princípios a saber: participação do Poder Público e da coletividade, obrigatoriedade da intervenção estatal, prevenção e precaução, informação e notificação ambiental, educação ambiental, responsabilidade das

7 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito Constitucional tributário. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p.31.

8 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra. 1999, p. 182 9 SILVA, Romeu Faria Thomé da. Manual de Direito Ambiental. 3. ed. Salvador. Editora Juspodivm. 2013, p. 57

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pessoas física e jurídica.” 11

Importantíssimo ressaltar que os princípios jurídicos do direito ambiental diversas vezes são interpretados de forma restritiva para garantir que ocorra uma utilização correta do meio ambiente, sempre prevalecendo a visão antropocêntrica, ou seja, sempre o meio ambiente utilizado em favor da humanidade.

O meio ambiente deve ser sempre preservado na medida do possível, no entanto, como Dom Bertrand de Orlenas e Bragança propõe uma discussão mais acentuada sobre a necessidade de uma legislação no nosso ordenamento jurídico ainda mais restritiva a utilização do meio ambiente e disserta dessa forma:

“a atuação dos ambientalistas sectários está conduzindo a um engessamento jurídico do território nacional, lesivo ao bom andamento dos empreendimentos agropecuários, com consequências funestas para a economia e para o bem estar

da nação em futuro próximo.”12

Por meio dos argumentos apresentados, pode-se notar que visivelmente o ordenamento jurídico possui diversas medidas para conter a atividade que utiliza o meio ambiente como matéria-prima e este tipo de restrição pode chegar a ser danosa a economia, possibilitando um índice baixo de aproveitamento da qualidade de recursos ambientais do Brasil.

2.2 Desenvolvimento sustentável

Um dos principais termos no que se refere a direito ambiental e preservação do meio ambiente. Este conceito é responsável por, antes de qualquer outra interpretação, sopesar a necessidade de se utilizar o meio ambiente e o seu retorno ao estado anterior ao da ação antropológica. Diversos movimento e convenções como a declaração do Rio nos começos dos anos 90 se posicionava no sentido de que o desenvolvimento sustentável visava a proteção do meio ambiente para a sua utilização por gerações futuras.

11 PIVA, Rui. Bem ambiental. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 51.

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O ordenamento jurídico brasileiro dispõe de diversas leis que tratam sobre o direito ambiental. Dentre essas leis está a lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, tal norma é responsável por dispor sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, informando sobre a finalidade desta lei e os mecanismos a serem adotados.

A legislação vigente dispõe de forma infraconstitucional das formas de preservação ambiental por meio dos objetivos e as condições para o desenvolvimento socioeconômico.

A Lei 6938/81, lei que trata sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 2o dispõe dessa forma:

Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:13

Percebe-se, desta forma, que a legislação ordinária e outros documentos também servem de fonte para o entendimento do princípio do desenvolvimento sustentável, o qual é de extrema importância para este trabalho.

Romeu Thomé também disserta sobre um dos princípios mais importantes do direito ambiental, que é o princípio do desenvolvimento sustentável e afirma que:

“Os mais importantes documentos produzidos sobre meio ambiente têm enfatizado a necessidade de mais crescimento econômico, mas com formas, conteúdos e usos sociais completamente modificados, com uma orientação no sentido das necessidades das pessoas, da distribuição equitativa de renda e de técnicas de produção adequadas à preservação dos recursos.”14

Pode-se depreender desta excelente apresentação conceitual que o desenvolvimento sustentável no nosso ordenamento jurídico possui foco no crescimento da produção econômica do Brasil, visando uma melhoria na produção para que ocorra uma melhor distribuição equitativa de renda.

Nesse sentido antropocêntrico, Celso Antônio Pacheco Fiorillo declara dessa

13 BRASIL. Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981

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forma: “o direito ambiental possui uma necessária visão antropocêntrica, porquanto o único animal racional é o homem, cabendo a este a preservação das espécies, incluindo a sua própria”15

Não obstante diversos doutrinadores se posicionarem no sentido de afirmar que o meio ambiente é um direito de terceira geração e conceituar na visão de os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade, que englobam o direito a um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, ao progresso, a paz, a autodeterminação dos povos e a outros direitos difusos.

Nesse sentido, escreve-se sobre o desafio da construção de sociedades sustentáveis em meio a um mundo globalizado com diversas mudanças tecnológicas. Na visão de Capra:

“O principal desafio deste século – para os cientistas sociais, os cientistas da natureza e todas as pessoas – será a construção de comunidades ecologicamente sustentáveis, organizadas de tal modo que suas tecnologias e instituições sociais – suas estruturas materiais e sociais – não prejudiquem a capacidade intrínseca da natureza de sustentar a vida” 16

No entanto, divergindo do posicionamento do supracitado doutrinador, o desafio deste século será a utilização com um melhor aproveitamento do meio ambiente para atender as demandas da sociedade e do crescimento populacional que está em ritmo acelerado em várias regiões do Brasil.

Segundo José Afonso da Silva, o desenvolvimento sustentável possui como função teleológica o crescimento da produção de bens e a correta distribuição destes entre a população como um todo, como pode ser observado do seu texto:

“Requer, como seu requisito indispensável, um crescimento econômico que envolva equitativa redistribuição dos resultados do processo produtivo e a erradicação da pobreza, de forma a reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atendimento da maioria da população, ”17

15 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 7. ed. Saraiva: São Paulo, 2006. p. 16.

16 CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas: Ciência para uma vida sustentável. CIPOLLA, Marcelo Brandão, tradução. São Paulo: Cultrex, 2005 p 17

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Deve-se sempre levar em consideração que, para que ocorra o desenvolvimento sustentável em sua forma mais perfeita e correta, não podem ocorrer danos permanentes ao meio ambiente, possibilitando o aproveitamento e a sua justa e necessária utilização por todas as gerações futuras.

É questionado por diversos doutrinadores e formadores de opinião se esse extremismo ambiental seria realmente necessário e coerente com as demandas da população mundial. Dom Bertrand de Orleans e Bragança declara que:

”o movimento ambientalista nacional e internacional, de orientação neocomunista, engendrou meios para engessar o agronegócio e as obras necessárias ao desenvolvimento nacional. Foram inseridas na legislação ambiental inúmeras proibições, restrições, punições destinadas a imobilizar os propulsores do nosso progresso agropecuário.”18

Pode-se concluir, no que se refere ao instituto do desenvolvimento sustentável, que é de extrema importância para se fazer um limite a atividade danosa ao meio ambiente, que está sujeita a uma responsabilidade em virtude de suas ações.

No entanto, o desenvolvimento sustentável não é um instituto que visa transformar o meio ambiente em um bem intocável, impossibilitando a ação antropológica sobre esse bem de caráter difuso. Deve ser utilizado em benefício de todas as pessoas para que todos os recursos sejam bem aproveitados.

2.3 Crimes ambientais e o obstáculo para a atividade produtiva

Crime, juntamente ao conceito de contravenção penal são as formas de infração penal contidas no ordenamento jurídico brasileiro. É legalmente conceituado de acordo com a Lei de Introdução ao Código Penal brasileiro, o decreto-lei número 3.914/41, dessa forma:

Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena

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de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.19

Sob o aspecto formal, crime, segundo o magistério de Heleno Cláudio Fragoso é "toda ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça de pena"20

Sob o aspecto material, o conceito mais utilizado para o crime é aquele ensinado por E. Magalhães Noronha: "crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei penal"21

Crime ambiental é conceituado pela doutrina como toda e qualquer ação ou omissão legalmente tipificada que possa danificar o meio ambiente como um todo, essas condutas vão desde atos praticamente insignificantes até grandes desastres. Podem ocorrer contra a flora, fauna e de diversas outras formas.

No Direito Ambiental, existem os crimes ambientais, os quais são divididos no Capítulo V da Lei 9.605 de 1988, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, em suas seções de I a V, que são definidas em: Dos Crimes contra a Fauna, Dos Crimes contra a Flora, Da Poluição e outros Crimes Ambientais, Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural, Dos Crimes contra a Administração Ambiental.

Os crimes ambientais possuem a função teleológica de proteger o meio ambiente de condutas degradantes e excessivamente lesivas ao meio ambiente. É natural e compreensível que diversas atividades possuem a probabilidade de ocasionar algum tipo de dano ambiental em pequena ou em larga escala.

Outro aspecto importante no que se trata sobre delito ambiental é que ele possui a finalidade de proteger o meio ambiente da atuação antropológica, a qual é necessária para que os seres humanos possam explorar e obter uma melhoria de vida, graças aos recursos providos por este meio.

Outra condição que se dá para a propriedade no direito brasileiro é o exercício da sua função social, que está prevista de forma Constitucional no Artigo 5o, inciso XXIII. A doutrina, no que se refere ao direito ambiental, é defensora incansável do princípio da função social da propriedade. No entendimento de Figueiredo, o proprietário deve buscar a melhor forma de desenvolver a sua propriedade. No seu entendimento: “todo indivíduo tem o dever social de desempenhar determinada atividade, de

19 BRASIL . Decreto-Lei 3.914, de 9 de dezembro. 1941.

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desenvolver da melhor forma possível sua individualidade física, moral e intelectual, para com isso cumprir sua função social da melhor maneira”22

Dom Bertrand de Orleans e Bragança demonstra que a função social do direito de propriedade é bem mais simples de ser alcançada do que muito se exige na doutrina ambientalista. O dever do proprietário perante a população deve ser mais simples e determinado.

“Como todo direito individual, o direito de propriedade privada tem uma função social. Sua mera vigência exerce ação positiva no bem-estar da sociedade como um todo. Ou seja, ele contribui de forma possante para o bem comum, pelo simples fato de existir. Por tal motivo deve o Estado ter sumo cuidado quando, em presença de razões de bem comum, seja levado a intervir no direito de propriedade e no seu uso”23

O direito ambiental possui como princípio a defesa da função social da propriedade, a qual pode ser obtida por diversos meios, contanto que o proprietário proporcione uma finalidade de bem-estar da sociedade. Os casos de intervenção devem ser raros e somente ocorrer em situações extremamente drásticas em virtude da dificuldade que eles podem opor ao exercício da atividade produtiva, a qual poderá beneficiar incontáveis pessoas.

22FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin. A propriedade no Direito Ambiental. 3. ed. São Paulo: Editora

Revista dos Tribunais, 2008.

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3 RESPONSABILIDADE

No Direito Brasileiro, existem diversos tipos de responsabilidade. As responsabilidades variam dependendo da esfera ou matéria com a qual se relacionam. O direito civil, administrativo e penal possuem as suas devidas responsabilidades independentes entre si.

No entendimento de Venosa, a responsabilidade, no sentido lato, é o dever de indenizar algum dano que tenha ocorrido por alguém. Ou seja, qualquer atividade humana está sujeita a responsabilização.

“Em princípio, toda atividade que acarreta prejuízo gera responsabilidade ou dever de indenizar. Haverá, por vezes, excludentes, que impedem a indenização como veremos. O termo responsabilidade é utilizado em qualquer situação na qual alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar com as consequências de um ato, fato, ou negócio danoso. Sob essa noção, toda atividade humana, portanto, pode acarretar o dever de indenizar. Desse modo, o estudo da responsabilidade civil abrange todo o conjunto de princípios e normas que regem a obrigação de indenizar”24

O mesmo doutrinador também informa que os danos ou prejuízos são sempre causas de inquietação de sociedade. O dever de indenizar tem se tornado cada vez mais abrangentes com o intuito de poder ressarcir os danos em suas mais diversas facetas no nosso ordenamento.

“Um prejuízo ou dano não reparado é um fator de inquietação social. Os ordenamentos contemporâneos buscam alargar cada vez mais o dever de indenizar, alcançando novos horizontes, a fim de que cada vez menos restem danos irressarcidos. É claro que esse é um desiderato ideal que a complexidade da vida contemporânea coloca sempre em xeque. Os danos que devem ser reparados são aqueles de índole jurídica, embora possam ter conteúdo também de cunho moral, religioso, social, ético, etc, somente merecendo a reparação do dano

as transgressões dentro dos princípios obrigacionais.”25

24 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2012. p. 1.

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3.1 Responsabilidade civil e administrativa

A responsabilidade civil e administrativa são meios de se ressarcir a lesão que decorreu de algum ato danoso a aquela parte. No que se refere a responsabilidade civil, a doutrina tem se posicionado no sentido de identificar a conduta que reflete tal obrigação de forma principal. Nos ensinamentos de Venosa, busca-se também, além de identificar a conduta danosa, reparar de forma integral o dano sofrido.

“No vasto campo da responsabilidade civil, o que interessa saber é identificar aquela conduta que reflete na obrigação de indenizar. Nesse âmbito, uma pessoa é responsável quando suscetível de ser sancionada independentemente de ter cometido pessoalmente um ato antijurídico. Nesse sentido, a responsabilidade pode ser direta, se diz respeito ao próprio causador do dano, ou indireta, quando se refere a terceiro, o qual, de uma forma ou de outra no ordenamento, está ligado ao ofensor. Se não puder ser identificado o agente que responde pelo dano, este ficará irressarcido; a vítima suportará o prejuízo. O ideal, porém, que se busca no ordenamento, é no sentido de que todos os danos sejam reparados. No século XXI descortina-se uma amplitude para os seguros que deverão, em futuro não distante, dar cobertura a todos os danos sociais, segunda a tendência que se pode divisar.”26

O código de direito civil brasileiro possui, em seu título IX, os artigos referentes à responsabilidade civil do direito pátrio. O conceito de responsabilidade é, na visão de Stoco, como uma resposta a algum ato, um dever que é imposta para que uma pessoa seja responsável pela conduta:

“A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana”27

26 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2012. p. 5.

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Por outro lado, o termo responsabilidade Civil, conforme a definição de De Plácido e Silva adquire um sentido de dever jurídico para que ocorra um ressarcimento devido por algum ato danoso:

“Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção”28

No direito atual, a tendência é de não deixar a vítima de atos ilícitos sem ressarcimento, de forma a restaurar seu equilíbrio moral e patrimonial. Ou seja, é uma forma de estabelecer o “status quo” anterior e fazer com que aquele ato não possua a capacidade de causar algum dano significativo a aquela pessoa que sofreu em virtude dele. Conforme o entendimento de Carlos Alberto Bittar:

“O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a necessidade de reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de indenizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da ação violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado” 29

O Código de Direito Civil separa bem os tipos de responsabilidade, proferindo uma acentuada distinção entre as esferas do direito civil e penal ao tratar no artigo 935 assim:

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.30

28 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico conciso. 1 ed. Rio de Janeiro. Forense, 2008. pág 642

(27)

Ou seja, uma responsabilidade é totalmente diferente da outra, podendo uma ser acatada para uma pessoa física ou jurídica e a outra ser considerada totalmente improcedente para estas pessoas. Não existe uma estrita vinculação entre as esferas de responsabilidade.

O Código de Direito Civil Brasileiro ainda como forma de separar as esferas de responsabilidade afirma que os que houverem gratuitamente participado dos produtos do crime são responsáveis pelos danos decorrentes desta conduta, mas de forma civil e não na esfera penal. Nesse sentido, o legislador se posicionou de forma favorável no artigo 932 logo abaixo:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.31

Importante também é salientar que o ordenamento jurídico brasileiro é a favor da responsabilidade civil objetiva, como se pode perceber claramente no artigo 927 caput e em seu parágrafo único do Código de Direito Civil do Brasil:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.32

Ou seja, pode ser absorvido dessa disposição infraconstitucional que o ordenamento jurídico brasileiro estabeleceu a possibilidade de se utilizar o instituto

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jurídico da responsabilidade objetiva, que é, de forma bastante resumida, uma forma de responsabilizar alguém por um fato que ele não concorreu com culpa, ou seja, dá para esta conduta um alcance maior de indenização para ressarcir o dano.

Na Visão de Stolco, o instituto da responsabilidade objetiva é uma forma de avançar no ordenamento jurídico brasileiro, possibilitando uma melhoria na reparação dos danos em virtude da desconsideração da culpa como elemento indispensável. Ele disserta desta forma “O próximo passo foi desconsiderar a culpa como elemento indispensável, nos casos expressos em lei, surgindo a responsabilidade objetiva, quando então não se indaga se o ato é culpável.” 33

Ainda sobre a responsabilidade objetiva, a doutrina apresenta algumas peculiaridades sobre esse instituto e a probabilidade de se resultar danos por meio de ao alguma atividade. No entendimento de Venosa é desta forma:

“Ao se analisar a teoria do risco, mais exatamente do chamado risco criado, nesta fase de responsabilidade civil de pós-modernidade, o que se leva em conta é a potencialidade de ocasionar danos; a atividade ou conduta do agente que resulta por si só na exposição a um perigo, noção introduzida pelo Código Civil italiano de 1942(art.2050). Leva-se em conta o perigo da atividade do causador do dano por sua natureza e pela natureza dos meios adotados. Nesse diapasão poderíamos exemplificar com uma empresa que se dedica a produzir e apresentar espetáculos com fogos de artifício. Ninguém duvida de que o trabalho com pólvora e com explosivos já representa um perigo em si mesmo, ainda que todas as medidas para evitar danos venham a ser adotadas.”34

A responsabilidade administrativa é um instituto existente no ordenamento jurídico brasileiro, capacitando as pessoas jurídicas de direito público de impor condutas aos seus administrados em todo o território nacional. Este tipo de responsabilidade é principalmente retratado pelo poder de polícia administrativo, o qual possui como objetivo a manutenção da ordem pública geral, impedindo preventivamente as infrações das leis no ordenamento.

O poder de polícia administrativo, na visão de José Afonso da Silva é o

33 STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7 ed.. São Paulo Editora Revista dos Tribunais, 2007. pág 157.

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exercício que a Administração Pública realiza sobre todas as atividades e bens que afetam ou possam afetar a coletividade.35

A responsabilidade administrativa possui respaldo na Constituição Federal em seu artigo 225, o qual prevê a possibilidade da tríplice responsabilização da pessoa física nos crimes ambientais.

De forma bastante sucinta, a responsabilidade é um instituto relativamente recente no direito e, no que se refere ao Brasil, possui também uma duração consideravelmente breve e ainda está a se compreender os verdadeiros alcances e finalidades desse dispositivo.

3.2 Responsabilidade penal

As responsabilidades no âmbito do Direito Penal são totalmente independentes das responsabilidades contidas em outras esferas, como a responsabilidade civil, oriunda do Direito Civil e a responsabilidade administrativa, objeto do Direito Administrativo.

No entendimento de Venosa sobre essa ramificação do direito em suas respectivas responsabilidades pode possuir diversas naturezas como a responsabilidade civil e penal:

”A noção de responsabilidade, como gênero, implica sempre exame de conduta voluntária violadora de um dever jurídico. Sob tal premissa, a responsabilidade pode ser de várias naturezas, embora ontologicamente o conceito seja o mesmo. De início há um divisor de águas entre a responsabilidade penal e a civil. A ilicitude pode ser civil ou penal.”36

O ordenamento jurídico brasileiro deve compreender e respeitar as diferenças desses institutos de responsabilidade. O Direito Penal há muito tempo é

35 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 301. 36 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo. Editora Atlas S.A.

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considerado pelo brocardo latino como a “ultima ratio”, ou seja, deve ser utilizado como última razão, a última saída para se resolver algum litígio pendente. Todos os outros meios alternativos devem se tornar ineficazes para que o penal seja posto em prática.

Tirando o fato de que os ilícitos civis nem sempre estão relacionados coincidentemente com os ilícitos penais, puníveis de acordo com a lei penal. Nesse sentido, entende o doutrinador Salvo Venosa:

“Como visto, o círculo dos atos ilícitos como fatos e atos humanos é muito mais amplo: o ilícito civil nem sempre configurará uma conduta punível, descrita na lei penal. No entanto, a ideia de transgressão um dever jurídico está presente em ambas as responsabilidades. Cabe ao legislador quando é oportuno e conveniente tornar uma conduta criminalmente punível.”37

O mesmo doutrinador vem a acrescentar no que tange à finalidade de cada norma. O direito penal, que é ramo do direito público, é uma forma de salvaguardar os direitos da sociedade como um todo, de forma bem menos individual, o direito civil faz nas suas relações privadas em que se pode compreender bem melhor todos os alcances daquelas atividades particulares possam alcançar:

“As normas de direito penal são de direito público, interessam mais diretamente à sociedade do que exclusivamente ao indivíduo lesado, ao ofendido. No direito privado, o que se tem em mira é a reparação do dano em prol da vítima, no direito penal, como regra, busca-se a punição e a melhor adequação social em prol da sociedade. Quando incidem as duas ações, haverá duas persecuções, uma em favor da sociedade e outra em favor dos direitos da vítima.38

Percebe-se por este entendimento que, embora a responsabilidade civil e a responsabilidade penal possuam interseções conceituais e axiológicas, os objetos e as finalidades da responsabilização são totalmente diferentes uns dos outros. Os ramos do direito penal, civil e administrativo possuem as suas respectivas responsabilidades.

A responsabilidade civil no ordenamento jurídico, de forma bem simplista,

37 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2012. p. 20

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”pressupõe um equilíbrio entre dois patrimônios que deve ser restabelecido”39

O dano ambiental possui a sua responsabilidade administrativa e civil, visto que pode receber sanções dessas esferas e até mesmo penais no caso de alguma pessoa vir a cometer algum tipo de impacto por meio dos crimes ambientais. No entanto, a pessoa jurídica é impossibilitada de cometer crimes em virtude de diversos posicionamentos doutrinários, os quais serão melhor apresentados em capítulos posteriores e mais específicos.

O mais importante, no que se refere a responsabilidade penal, é que ela deve somente ser usada na última situação possível, ou seja, em caso de extrema necessidade. No caso do direito ambiental, a boa doutrina afirma que, como existem outros meios de se responsabilizar o dano ambiental de forma administrativa e civil, a esfera penal seria desnecessária.

3.3 Responsabilidade da pessoa jurídica

Antigamente, no Código de Direito Civil Brasileiro de 1916, a legislação deste código, assim como a doutrina da época, no que se refere ao direito de responsabilidade, somente aceitavam a responsabilização da pessoa jurídica em atos que envolvessem, de alguma forma, a atividade industrial, ou seja, qualquer outro tipo de atividade não estaria sujeita a responsabilização da pessoa jurídica por qualquer conduta que tivesse ocorrido. A evolução jurisprudencial passou a admitir paulatinamente a mudança desse entendimento, responsabilizando as pessoas jurídicas por outros danos além dos danos resultantes da atividade tipicamente industrial.

O Código Civil Brasileiro de 2002, por sua vez, não enuncia o conceito de pessoa jurídica, mas acompanha a conceituação de Clóvis Bevilácqua, que é definida nesse sentido:

“todos os agrupamentos de homens que, reunidos para um fim, cuja realização procuram, mostram ter vida própria, distinta da dos indivíduos que os compõem, e

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necessitando, para a segurança dessa vida, de uma proteção particular do direito.”40

Apesar da Lei 10.406/2002 não conceituar o significado de pessoa jurídica, seja ela de direito público ou de direito privado, a Lei informa quais são os tipos de pessoas jurídicas pertencentes ao ordenamento jurídico brasileiro nos artigos 41 e 44 desta lei:

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios;

IV - as autarquias;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações.

IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos.

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.41

No entendimento de Venosa, é defendido que a responsabilidade, por meio da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, consolidada em sua súmula 341, é alcançada pelos atos abusivos decorrentes da exploração industrial aos trabalhadores das respectivas empresas:

“Quanto à responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado, o art. 1.522 do Código de 1916, como vimos, estabelecia que as empresas que exercessem exploração industrial estariam equiparadas aos patrões, amos e comitentes. Na verdade, a evolução jurisprudencial levou a admitir, e não poderia ser de outra

40 Clóvis Bevilácqua, Teoria Geral do Direito Civil, 2. ed, Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1929, p. 158

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forma, que todas as pessoas jurídicas respondem pelos atos de seus empregados ou prepostos. Nos termos da Súmula 341 do Supremo Tribunal Federal, aplicou-se a presunção de culpa.”42

O mesmo doutrinador também postula que essa responsabilização da pessoa jurídica se projetou além da atividade lucrativa e agora alcança toda e qualquer pessoa jurídica, seja ela de atividade lucrativa industrial ou qualquer outra possa ser a sua atividade-fim:

“Não mais se aplica a posição doutrinária defendida no passado, segundo a qual apenas as pessoas jurídicas com finalidades lucrativas poderiam ser responsabilizadas. As necessidades sociais e os princípios de proteção à dignidade da pessoa não mais permitem esse entendimento”43

Percebe-se que se mudou o entendimento para ocorrer uma maior proteção social e um respeito coerente com o princípio da dignidade da pessoa humana. No entanto, para se respeitar tais institutos, somente foi considerada a responsabilidade civil e administrativa pelas pessoas jurídicas independente da sua atividade principal ou secundária. A responsabilidade penal, que é bem diferente delas, é tratada de forma diferencial.

A boa doutrina defende o posicionamento de Savigny, grande jurista e historiador europeu, no sentido de que a pessoa jurídica não poderia se responsabilizar pelas condutas provocadas pelos seus funcionários pelo fato de que ela, de acordo com a teoria da ficção deste doutrinador supracitado, a pessoa jurídica não possuiria uma vontade de fato para que ela pudesse ser responsabilizada por tal conduta. A realidade da pessoa jurídica é totalmente adversa da realidade da pessoa física. E mesmo que os doutrinadores da teoria da realidade discordassem da teoria da ficção de Savigny, eles ainda concordavam que a pessoa jurídica não pudesse delinquir, resultando em uma aderência ao brocardo da “societas delinquere potest”,

O Direito romano não admitia a responsabilização penal da pessoa jurídica, cunhando a expressão suprarreferida, um dos alicerces do Direito Penal clássico.

42 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. 12A.ed. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2012. p. 109

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No final do século XVIII, foi imposta a Teoria da Ficção de Friedrich Karl von Savigny, no entendimento dele, a pessoa jurídica é uma criação artificial da lei e, como tal, não pode ser responsável por algum fato de caráter penal, que somente pode recair sobre os reais responsáveis pelo delito, os autores materiais de tal infração. Esse entendimento ainda é adotado nos dias de hoje pela boa doutrina.

Existem dois argumentos interessantíssimos para desconfigurar a responsabilização penal da pessoa jurídica: a falta de culpabilidade, em virtude da pessoa jurídica não possuir consciência, e a falta de capacidade de ação.

(35)

4 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

O ordenamento jurídico brasileiro é responsável por estabelecer para toda a população as sanções decorrentes de qualquer atividade que seja promovida por pessoas físicas ou jurídicas.

No entanto, apesar de existir uma definição mais clara das condutas realizadas por uma pessoa física, a pessoa jurídica possui uma certa dificuldade em verificar a intenção de sua conduta ou até mesmo a ordenação desta. Diante da ausência de consciência de um ente, não se pode identificar sobre qual comando aquela figura estava agindo.

No que se refere ao direito ambiental e a responsabilidade ambiental decorrente dos danos ocasionados ao meio ambiente, Costa Júnior se posiciona no sentido de responsabilizar fortemente a pessoa jurídica, mesmo não sabendo quem seja o seu real autor físico, em virtude da necessidade de se penalizar a empresa por algum agir criminoso.

“a sobrevivência do princípio societas delinquere non potest constantemente é colocado em crise perante as leis penais especiais, que não só evidenciam a carência da sanção penal, insuficiente para contrabalançar as vantagens que as empresas auferem com o agir criminoso, como ainda a insuficiência do preceito, do qual não se apercebe o aparato organizado que causa em realidade o prejuízo aos bens tutelados. Esse fenômeno, de que se vem tomando consciência, determina tentativas várias de libertar o direito penal societário do caráter personalista da responsabilidade penal, para que se dê diva a uma forma anômala de responsabilidade penal das empresas, de natureza direta ou indireta”44.

Respeitosíssimo ensinamento é feito pelo doutrinador, no entanto, há de se perceber que não é de fácil identificação a ação realizada pela pessoa jurídica. Questiona-se caso a penalidade sancionada possa afetar sócios e outros dependentes da empresa que nada contribuíram para aquela conduta danosa ao meio ambiente e, mesmo assim, serão penalizados.

Por fim, será analisado neste capítulo as diferentes teorias e esferas de responsabilização no que se refere ao direito ambiental, principalmente a responsabilização penal da pessoa jurídica.

(36)

4.1 Responsabilidade ambiental: considerações iniciais

Édis Milaré também possui esse posicionamento doutrinário no sentido de responsabilizar ao máximo a pessoa jurídica, principalmente as empresas privadas, pelo fato de que elas usufruiriam do meio ambiente de forma descontrolada, causando danos permanentes.

“A responsabilidade penal da pessoa jurídica, nos tempos hodiernos, especialmente no âmbito do direito privado, no qual estão presentes grandes conglomerados, empresas multinacionais, grupos econômicos, é uma necessidade para fazer frente à criminalidade tributária, econômica, financeira e ecológica.”45

Além disso, Milaré também critica a doutrina defensora do entendimento de que a Constituição Federal se posicionou no sentido de impossibilitar a responsabilização penal da pessoa jurídica no que se refere aos danos decorrentes da atividade empresarial ao meio ambiente.

“No direito brasileiro, aponta-se o princípio da responsabilidade penal pessoal, agasalhado constitucionalmente, como óbice para o reconhecimento da responsabilidade penal da pessoa jurídica, especialmente quanto ao aspecto da responsabilidade subjetiva que esse princípio implica.”46

Por outro lado, há de se perceber que a doutrina defensora da irresponsabilidade penal se baseia, em parte, na Constituição Federal de 1988 por causa da separação feita entre pessoa física e pessoa jurídica, sendo esta responsável de forma administrativa, aquela de forma penal e as duas responderiam pela responsabilidade civil de forma normal. A chamada tríplice responsabilização deve ser diferenciada entre a pessoa física e a jurídica.

Questiona-se a existência de uma barreira, um limite ao alcance desta responsabilidade. É indiscutível que uma pessoa jurídica, na maioria das vezes, uma empresa privada, tenha ocasionado algum dano ambiental, mesmo que não fosse a intenção daquela atividade produtiva.

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Nos ensinamentos de Dom Bertrand: “O que deve ser feito é suspender e reavaliar todo o emaranhado jurídico envolvendo a questão, pois ele compromete gravemente o futuro do Brasil”47

No entanto, há de se sopesar que uma responsabilidade penal seria uma medida desproporcional, pouco razoável e desnecessária. Uma sanção dessa característica penalizaria, de forma indireta, pessoas que não influenciaram de forma alguma naquela conduta danosa ao meio ambiente. A pena passaria do acusado e passaria a ser cominada a toda e qualquer pessoa que tenha algum direito sobre a empresa.

O Direito Ambiental tem sido objeto e meio para que diversos interesses, até mesmo interesses ocultos, prevalecessem sobre os outros direitos e garantias preservadas pelo direito brasileiro.

Além disso, no entender de diversos e renomados cientistas mundiais, o aquecimento global, que está com uma publicidade bastante alta ainda hoje e diversos outros impactos ambientais não possuem respaldo técnico e científico. Ou seja, muito do que se tem reproduzido na mídia e na legislação.

No que se refere ao direito brasileiro, Dom Bertrand, inconformado com a dificuldade que a legislação ambiental impossibilita a utilização dos recursos ambientais, apresenta estas críticas:

“O emaranhado de preceitos legais que engessam o Brasil é apresentado por seus propulsores como se tais medidas fossem exigência do bem comum, tanto da humanidade em geral como do Brasil em particular”48

E o ilustre doutrinador continua a criticar esse engessamento legal em virtude da ausência de comprovação das “verdades verdes” e outros questionamentos da corrente ambientalistas que pareciam verdades incontestáveis e se tornaram argumentos infundados. Nesse sentido, Dom Bertrand analisa a incoerência entre a fundamentação legal e o possível dano a ser causado ao meio ambiente em virtude de alguma atividade danosa:

“No entanto, as justificações ecológicas e ambientais frequentemente aduzidas 47 BRAGANÇA, Dom Bertrand de Orleans e. Psicose Ambientalista. Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. 3.

ed. São Paulo, 2012. p. 149

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estão longe de gozar do apoio unânime dos cientistas e especialistas na matéria. Muito pelo contrário, academias científicas nacionais e internacionais da maior importância contradizem tais justificativas, fundamentando-se em informações e análises até agora não refutadas. Sendo excluídas do quadro pretensas razões ambientais, todo esse aparato legal perde sua sustentação lógica”49

É importante destacar que diversas “verdades incontestáveis” praticadas pelo lobby ambientalista se provaram totalmente infundadas e precipitadas. Por exemplo, o aquecimento global, tema recorrente em jornais, televisão e artigos científicos, passou a se tornar um tema cada vez mais distante dessa “certeza absoluta” de influência antropológica no aquecimento mundial.

Por causa da deficiência de resultados satisfatórios, não se deve levar em consideração de forma tão absoluta os princípios da prevenção e da precaução, ainda que diversos doutrinadores como a senhora Patricia Jiménez Parga y Maseda disserte desta forma:

“os princípios da prevenção e da precaução são caracterizados como dois dos mais importantes princípios em matéria de direito ambiental em virtude da tendência atual do direito internacional do meio ambiente, orientado mais no sentido da prevenção do que no da reparação.”50

Por sinal, segundo o cientista e meteorologista brasileiro Antônio Carlos Molion, o aquecimento global baseado nos modelos e nas simulações realizadas por diversos teóricos do aquecimento global não está sendo coerente com os resultados e registros mundiais. Por outro lado,

“Em resumo, a variabilidade natural do Clima não permite afirmar que o aquecimento de 0,5oC seja decorrente da intensificação - natural ou causada pelas atividades humanas - do efeito estufa ou mesmo que essa tendência de aquecimento persistirá nas próximas décadas, como querem os cenários produzidos pelo IPCC (1990). A aparente consistência entre os registros históricos

49 BRAGANÇA, Dom Bertrand de Orleans e. Psicose Ambientalista. Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. 3 ed. São Paulo, 2012. p 147

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e as previsões dos modelos não significa que ele já esteja ocorrendo. Na realidade, as características desses registros históricos conflitam com a hipótese desse efeito estufa intensificado.”51

Desta forma, percebe-se que existe muito “alarmismo” em relação aos tão incontestáveis e absolutos impactos ambientais. No caso em questão, o artigo trata especialmente do aquecimento global, no entanto, há de se perceber que muito do que se tinha como certo se mostrou incoerente com a realidade. Diversas ações não resultaram nos danos previstos.

4.2 Responsabilidade administrativa e civil ambiental

Tratando-se de dano ambiental, o ordenamento jurídico brasileiro apresenta expressamente a obrigação de se responsabilizar civilmente pelo dano ambiental. Parte da doutrina entende que essa responsabilidade é de caráter objetivo. Ou seja, somente é necessário que exista o dano ambiental, a ação praticada pela pessoa física ou jurídica a ser responsabilizada pelo dano e, obviamente, o nexo de causalidade, que é conceituado como o vínculo concreto entre a ação e o resultado danoso ao patrimônio, o qual em questão é o meio ambiente do Brasil.

Em auxílio a esta corrente de responsabilidade administrativa objetiva está o doutrinador de direito administrativo brasileiro Hely Lopes Meireles.

No entendimento de Romeu Thomé, as condições para a responsabilidade ambiental objetiva são estas:

“Desta forma, deve-se comprovar apenas que: a) houve efetivamente um dano ambiental e b) a relação de causa e efeito entre a conduta(fato) do agente e o dano(nexo causal), para que haja responsabilização civil. Consequentemente, é irrelevante a análise da vontade expressa de causar dano, ou da negligência,

51 MOLION, Luiz Carlos Baldicero. Aquecimento Global: uma análise crítica. Disponível em

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imprudência ou imperícia que acarretem dano ambiental.”52

De forma mais extremada, existe a teoria da responsabilidade objetiva, a qual atribui o dever de indenizar quando não existir nexo de causalidade, ou seja, mesmo que exista culpa exclusiva da vítima ou algum caso fortuito ou de força maior, ainda estará responsável pela indenização dos danos decorrentes dessa ação. Nesse sentido, Venosa afirma:

“A doutrina refere-se também à teoria do risco integral, modalidade extremada que justifica o dever de indenizar até mesmo quando não exite nexo causal. O dever de indenizar estará presente tão só perante o dano, ainda que com culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior.”53

Percebe-se que esta teoria possui um caráter ainda mais extremado e voltado para o ressarcimento do que a responsabilidade objetiva comum. No entanto, é importante destacar que, ao se utilizar a teoria do risco integral nos danos que lesionarem o meio ambiente, dificultará imensamente a defesa do suposto causador do dano. Não é proporcional e razoável que o dever de indenizar esteja se preocupando somente com o dano em si, é necessário que se leve em consideração as causas de exclusão de nexo causal para que não ocorram abusos e pessoas físicas ou jurídicas sejam tratadas de forma correta.

O ordenamento jurídico brasileiro, no que se refere a direito ambiental, apresenta alguns dispositivos que servem para responsabilizar, de forma administrativa, as lesões ao meio ambiente.

A lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 informa algumas das sanções puníveis pelos danos causados ao meio ambiente brasileiro. As punições administrativas decorrentes dos impactos ambientais estão dispostas no artigo 72 da referida lei desta forma:

52 SILVA, Romeu Faria Thomé da. Manual de Direito Ambiental. 3. ed. Salvador. Editora Juspodivm. 2013, p. 574

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