teBÉn, 33 : 4GJ-489. 198Ó
ANTOLOG IA D E EXP E R I � N C IAS EM S E RV i ÇO E DOC � N C IA
EM E N F E RMAG EM NA AM É R I CA LAT I NA
( 1 .0 pate)
R ES E N HA
E D U CAC ló N M É D I CA
Y
SALU D,
Vol . 1 3,
n .o 4,
1 979
Everardo
Duarte Nunes ·ReBEn/10
NUNES, E.D. - Antologia de experiências em serviço e docência em enfermagem na América Latina (La parte) . Rv. Bas. Enf. ; DF, 33 ; 483-489, 1980.
Os artigos apresentados neste nú mero da Revista Educación Médica y Salud constituem a primeira parte da ntologia de eperiências em serviço e docência, elaborada por um grupo de trabalho que se reuniu na sede da QTga nização Pan-Americana de Saúde, em Washington, em j ulho de 1979. Trata se de uma publicação de fundamental importância, pois coloca ao alcance dos profissionais -de saúde o conhecimento de como se vem desenvolvendo a prá tica da- enfermagem, quer sej a dentro de um Plano de Saúde (Honduras) , como no contexto institucional -da -se guridade social ( Costa Rica) , quer sej a em relação ao ensino. Sob este ponto destacam-se os "artigos -que tratam no papel- da tecnOlogia educacional ( CLA TS, io" de " Jnaiéro ) ; de . ui modelo especial de ensino-aprendizagem
(Co-lômbia) ; o ensino da enfermagem na Bolívia e no Peru; complementado por dois comentários, um sobre a formação de pessoal de enfermagem nos países do Pacto Andino e outro sobre as pers pectivas da enfermagem nos países de língua inglesa do Caribe. Esses artigos são precedidos por dois trabalhos de caráter mais geral e que tratam, res pectivamente, da evolução da enferma gem na América Latina e da atenção primária, sendo que o artigo que en cerra esta coletânea trata do futuro da enfermagem na mérica Latina. Tra taremos, inicialmente, desses dois arti gos de caráter mais geral .
No primeiro, Verderese elabora uma das análises mais completas da enfer magem nos países latino-americanos 1.
A autora, que, j untamente com Garcia 2, já havia realizado uma ampla pesquisa
• S.ociólogo ; Professor.-Assistente-Doutor a DiEciplina de Ciências Sociais Apilcadas . Medicina' da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMPf.
'
/
NES, E.D. - Antologia de expenencias em serviço e docência em enfermagem na mérica Latina (1.& parte) . Rev. Brs. Enf. ; DF, 33 : 483-489, 1980.
sobre a decisão de estudar enfermagem, oferece neste trabalho uma análise his tórico-estrutural da enfermagem . Dessa forma, explica que as mudanças ocorri das na prática da enfermagem estão articuladas à estrutura sócio-econômi ca, emora reonheça "um certo grau de autonomia na determinação de cer tas características da enfermagem que são resultado de uma dinâmica inter na". A fim de apreender a totalidade social à qual se articula a enfermagem, a autora se utiliza da seguinte periodi zação da história econômica : períOdO de
1900-1930 ; 1930-1960; 1960
até o pre s�nte,Para cada período estabelece uma síntese da estrutura econômica em suas principais características e as práticas dominantes de saúde e enfermagem cor respondentes. Enfatiza a cobertura des
sas práticas e, para a enfermagem, 03
recursos humanos quanto ao tipo e for mação. Verifica-se, assim, a amplitude
de que se-reveste o trabalho que con
sidero ímpar na análise da enfermagem como profissão. EspeCificamente no que se refere à enfermagem, assinala que,
em sua evolução, no primeiro 'período,
apresenta-se como cumprindo mais uma função social do que propriamente mé dica. Ainda que a primeira escola de etfermagem tenha apàrecido no final
dO"século XIX (Argentina, em
1890 ) ,
nas tres décadas seguintes poucas es éolas foram criadas. Esta preparação
fo'rnál irá coin-cidir com o aparecimen
to" dos hospitais privados e dos pro
g:amas de saúde pública, estes sob os
auspíCiOS técnico e finalCeiro da Fun
dação R05!kefeller. Os ó:gãos e funda ções internacionais e inter:americanos
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ríOdo de'i930�1960,
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,profundas modificações econômicasna América Latina. De um "modelo de desenvolvimeno para fora", caracterís
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período ánterior, passa-s
e
para o dei
m"desenvolvimento para dentro", tentan do superar a crise econômica dos anos
30,
em busca de um desenvolvimento autônomo, via processo de desenvolvi mento industrial. s transformações ocorridas no setor saúde e sua ênfase na atenção médica individual, na in dústria' hospitalar, e a emergência das instituições de seguridade social mar cam esta etapa. Este períOdO pode ser caracterizado como aquele que marca "o reco.hecimento da importância dos serviços de enfermagem tecnicamente competentes para a prestação de ser viços de saúde, tanto na área hospi talar como em medicina preventiva" . Embora centrada nos hospitais, lembra a autora que não ocorreu, como era de se esperar, uma consolidação da posi ção da enfermeira entre as profissões de saúde e isto parece estar relacio nado tanto à posição da mulher na so ciedade como à apropriação dos conhe cimentos pela classe médica. Esse será o período de incremento na criação de escolas de enfermagem, assim como da introdução de algumas inovações : in corporação do ensino da saúde pública e das doenças transmissíveis ; aumento do tempo de escolaridade. Não se pode deixar de mencionar que a prática hos pitalar será dominante e que, a partir de 1950, a auiliar de enfermagem pas sa a ter importância como parte da equipe. O períOdo de 1960 até o pre sente é marcado por várias crises na economià 'dos países latino-americanos, particularmente em 1967, 1973, 1979, evidenciando que o "crescimento Indus trial obtido não produziu as modifi cações esperadas na estrutura globai, crlàndo uma situação de desequilíbrio entre um alto nível de demandas e uma escassa oferta de oportunidades'; . Aprin-NUNES, E.D. - Antologia de experiências em serviço e docência em enfermgem na América Latna (L" parte) . Rev. Bas. Enf. ; DF, 33 : 483-489, 1980.
cipalmente às populações rurais. A am pliação de cobertura e do cuidado pri mário à saúde serão obj eto de inúme ras discussões que se oficializam em
1977 na 30.a Assembléia da OMS e assu
me caráter prioritário em 1978 na De claração de Alma Ata. Os proj etos pe dagógicos subseqüentes irão enfatizar a formação de pessoal e a integração do cente-assistencial, assim como serviço social rural, educação informal, etc. A enfermagem continuará centrada nos
hospitais, mas a tendência é a mudan
ça de enfoque administrativo para o clínico e aparecem as especializações em materno-infantil, médico-cirúrgica e psiquiátrica. Dentro das novas pers pectivas de ampliação de cobertura, criticas à prática da enfermagem e ao sistema de formação serão feitas. Como
salienta
a
autora, responsabiliza-se osistema formador pelo número escasso de profissionais, como também por sua filiação quase que exclusiva aos hospi tais. Relacionar o fato como "conse qüência da estrutura econômica e do meio de prOdução dominante nos paí
ses" seria de consideração recente. s
tentativas mais atuais no capo da en fermagem apontam o enfoque da saú de da comunidade como principal orien tador na formação de enfermeiras e auxiliares e do papel que competiria à enfermeira como "coordenadora das ações de saúde ao nível primário de atenção do sistema institucional, assu mindo um compromisso com a aten ção primária de saúde" .
O artigo de Bedoya 3 é, até certo ponto, complementar ao de Verderese, pois, ao submeter a atenção primária a uma análise critica, assinala que a mesma somente poderá atingir seus propósitos na medida em que considere o contexto em que atuará dentro de uma perspectiva que leve em conside rição os aspectos estruturais e histó ricos dessa realidade , Aponta ainda a necessidade da participação da comu nidade nesse processo, poi
s
, casocoi-trário, a atenção primária será um instrumento que manipula a "manifes tação aparente da doença", mas não "a essência da mesma". Considerando a atenção primária como uma estra tégia oferecida a toda a população, Suas ações "têm que ser conseqüentes com a característica causal que gera a doen
ça e executada por intermédio de
p
essoal qualificado, integrado e com tec nologia disponível e apropriada a cada área mórbida atendida".
Entre as novas experiências de n tegração da enfermagem, Abarca e co
laboradores 4 analisam o caso de Hon
duras, a partir da instituição do Plano Nacional de Saúde, cuj as discussões da tam de 1973. Como eixo integrador dos programas, foi estabelecido um progra ma sanitário do país. Esta regionaliza
ção comporta seis níveis : r - desen
volvido através dos agentes da comu
nidade ; lI- centro de saúde rural com
a presença do auxiliar de enfermagem ;
lIr - centro de saúde com a partici
pação do médico ; rv - centro hospi
talar de emergência ; V - hospital re
gional ; e I - hospitais nacionais. Em
todo esse sistema, a presença do pessoal de enfermagem foi de fundamental im portância e os autores especificam, nos diversos níveis, as tarefas que compe tem ao pessoal de enfermagem, assim como tem-se processado a sua forma ção. Destacam os autores que o conta to com a comunidade e sua participa ção constituem elementos fundamen tais para a realização desse proj eto.
Outra modalidade de inserção d,a enfermagem a nível institucional é re7 lata do por Sandoval e Gonzalez 5 e se refere à experiência desenvolvida e. Costa Rica j unto à Caj a Costarricens� de Seguro Social. Ao traçarem a evo lução da Seguridade Social, mostram que a universalidade do Seuro Social e a extensão de cobertura dos serviços de saúde ocorrida em 1973 levaram '
reformulações sobre a carreira' da en fermeira, tendo' em
v
istaa demanda'
NUNES, E.D. . - ntologia de experiências em serviço e docência em enfermagem na Âmérica Latna. ( } .& parte). Rev. Bras. Enf. ; DF, 33 : 483-489, 1980.
que foi criada. Isto n ão significou for mar uma enfermeira para a "seguri dade social", mas capacitá-la a uma nova forma de atenção à saúde. Pro gressivamente, o Seguro Social tornou se o principal empregador tanto de en fermeiras como de auxiliares de enfer magem. Sobre a prática de enfermagem, os autores procedem a uma detalhada descrição quanto à educação, atenção direta, administração e investigação . Sintetizando, alguns dados referentes ao ano de 1979 evidenciam o papel que vem sendo atribuído à enfermagem, especialmente na atenção direta ao individuo são e enfermo, familia e co munidade, onde se encontram cerca de 77,0 % das enfermeiras, sendo 65,0 % de enfermeiras gerais e 12,0 % de especia listas.
Oliden e Millan 6 revisam a forma ção de enfermeiras na Bolívia, comen tando a defasagem que existiu, até 1954, entre os programas existentes e as ne cessidades requeridas pelo país. Ao lado deste aspecto, a admissão até aqu ela época exigia somente o curso primário ; passa-se a exigir o bacharelato. Nessa refroma j á se incluem conhecimentos em saúde pública, que foram ampliados na reforma de 1962, estendendo-se o curso para 4 anos ; cria-se, nessa mes ma época, o primeiro curso de auxilia res de enfermagem, com duração de 9 meses. A última revisão para os cursos
de auxiliares data de 1975, com um pro
grama cuj a duração é de seis meses . A formalização da enfermagem dar-se-á em 1972, com a criação do Consej o Na cional de Educación Superior e, em
1975, criam-se os cursos complementa res de licenciatura. Os Seminários Na cionais em 1977, 78, 79, serão impo; tantes na revisão dos planos de estudo e estruturação de ensino. Percebe-se pelo relato que, tanto para a formação das enfermeiras como de auxlllares, tem ocorrido uma ampla mobilização desses profissionais, a fim de que os programas de ensino sej am reajustados,
visando a uma formação voltada para a saúde coletiva.
O principal destaque, em termos docentes, ocorrido no Peru, relatado por
Alayo 7, refere-se à integração da saúde
comunitária no Programa Acadêmico de nfermagem da Universidad Nacio
nal Mayor de San Marcos.-Tendo sido
um trabalho que contou com a colabo ração, tanto de enfermeiras experimen tadas como de professores universitá rios de outras disciplinas, redundou na substituição de um currículo que esta beleceu um eqilíbrio entre a docência intra-hospitalar e a comunitária. A ên fase na prevenção primária, do traba lho com famílias e grupos comunitários e desenvolvimento de um espírito crí tico no educando são as marcas dessa experiência. O processo ensino-apren dizagem desenvolve-se através de qua tro níveis que apresentam continuidade e complexidade crescente, visando a capacitar o estudante para a enferma gem geral, tanto hospitalar como co munitária, com ênfase em atividades práticas. O ensino da saúde comuni tária passou por "muitas etapas em seus oito anos de Vigência" mas, se gundo a autora, "tem sido amplamente difundido dentro e fora do âmbito uni versitário do país".
Aspectos específicos pertinentes ao desenvolvmento de uma tecnologia edu cacional em enfermagem são apresen
tados por Rodriguez Neto e colabora dores 8. Partem de uma conceituação de tecnologia onde esta é vista como "um componente inseparável das forças pro dutoras" e da qual o homem e sua ati vidade são pontos fundamentais. Para os autores, "o desafio consiste em ela borar uma tecnologia educacional ade
La-NS, E.D. - Antologia de experiências em serviço e docência em enfermagem na América Latina (L" parte) . Rev. Bras. Enf. ; DF, 33 : 483-489, 1980.
tino-mericano de Tecnologia Educa cional em Enfermagem, com sede no Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional para a Saúde ( CLATES) , no Rio de Janeiro. Os autores passam em revista as atividades dos 9 Cen tros e dos 8 Subcentros latino-ame ricanos, criados a partir de 1975. En tre outras informações, no que se refe re a cursos e seminários, os Centros ofereceram, de 1976 a 1978, 27 cursos para um total de 495 participantes. Um aspecto que os autores enfatizam nessa apresentação é que o obj etivo do Programa consiste em "compatibilizar a formação da enfermeira às demandas e tendências da prestação de serviços
de saúde".
Montes de Jaimes e colaboradores 9 relatam a experiência que está sendo desenvolvida na Colômbia, na Univer sidade deI Valle (Calí) , de um Progra ma Complementá rio de Licenciatura en Enfermería a Distancia. Este "constitui um esforço para romper o estilo tradi cional do trabalho docente para pla nej ar, experimentar e avaliar novas meodologias no sistema de ensino, a fim de contribuir para a aprendizagem das enfermeiras que, por razões geo gráficas, econômicas, de trabalho ou de outra natureza, não podem assistir aos programas formais da Universidade" . O programa está orientado para o tra balho comunitário e atenção primária
à saúde e coloca-se como uma alter nativa em ensino-aprendizagem, e não como um substituto da educação for mal. Para testar a experiência de en sino à distância, o programa está sen do planej ado para dois grupos : o de controle (ou grupo tradicional) , e o
experimental, com a nova tecnologia .
A época do relato, a experiência havia
finalzado a parte de planej amento e
ia entrar ias novas fases de atividades. Além desses relatos de experiências, por vezes bastante 'circunstanciados, há dois com'entários que tratam da enfer magem nos pnises do Pacto Andino e
nos países de língua inglesa do Caribe. Assim, Manfredi 10 elabora um resumo sobre a educação em enfermagem nos países do Pacto Andino <Bolívia, Co lômbia, Equador, Peru e Venezuela) . O ponto básico neste comentário refere se à mudança que se vem operando em relação aos aj ustes, tanto na prática como na educação e que se voltaram para uma política de extensão de co bertura, através da atenção primária.
Seivwright 1 1 trata dos problemas que são enfrentados pelos países de lín gua inglesa do Caribe, tanto quanto às deficiências das instalações e serviços de saúde como também em relação aos recursos humanos, pela ocorrência de importante êxodo pessoal de saúde. A
proposta de ampliar a função da en fermeira torna-se assim fundamental . sta ampliação pode relacionar-se com um ou com os três níveis de atenção à saúde (primário, secundário e ter·· ciário ) . A autora ilustra este tipo de formação com a análise do programa que se desenvolve na Jamaica, que visa à ampliação da função em atenção pri mária e no aspecto clinico . Acentua a autora que esta formação não obj e tiva que a enfermeira substitua ou des loque outros profissionais, mas comple mente o trabalho, desde que adequada mente formada e treinada . Completa o comentáio com um resumo dos prin cipais componentes do programa, no qual, ao lado de temas gerais de Psico logia, Sociologia, Enfermagem omuni tária, entre outros, e de temas médicos
(parte teórica) há um internao de seis meses, sob a orientação e suervisão de preceptores clínicos .
Antes desses dois comentários, o último artigo da Revista, de autoria de Cerezzo, Jones e Gibbons 1 2 , procura traçar qual o futuro da enfermagem na mérica Latina. Para tal, as autoras reportam-se às propostas de 1961, quan do surgiu, nas Américas, o Plano De cenal de Saúde Pública da Aliança pa
ra o Progresso ; ao Plano Decenal de
ES, E.D. - Antologia de experiências em serviço e docência em enfermagem na América Latina (1.& parte). Rv. Bas. Enf.; DF, 33 : 483-489, 1980.
Saúde para as Américas, 1971- 1980, com ênfase nos programas comunitários, ex tensão de cobertura, participação da população e cuidado primário. Citam ainda os principais documentos que tra tap. da enfermagem : do Comitê da OPS, 1968, estimulando a formação de pessoal em três níveis - superior, mé dio e básico ; da reunião de 1971, em Puerto Espana, Trinidad, que tratou do conceito de liderança em enfermagem, planej amento em saúde e enfermagem ;
e outros. seminários que trataram do
ensino da enfermagem, até os mais re centes sobre saúde da comunidade e enfermagem e o papel da enfermeira na atenção primária.
Este artigo é importante na medida em que as autoras fazem um retros pecto das principais proposições das po líticas de saúde em geral e dos aspectos particulares da enfermagem para a América Latina e levantam uma do
cumentação relevante sobre O assunto.
Não há um aprofundamento analítico desse "corpo doutrinário" e, portanto, a sua leitura deve ser feita juntamente
com o ·trabalho de Verderese, que foi
resumido no início e que fornece os ele mentos fundamentais para uma análise da ideologia no setor saúde e especial m)nte nas questões referentes à enfer"
m!gem .
ÇO.O
t�mbém a proposta dasautoras· foi· .situt.r o futuro :da. enfer
magem; vejamos' como este se apreSen
ta.' . Os principais aspectos aontados
podem ser assim resumidos : 1 - se:
dlsenvolvimento estaria intimamente' li
gado aos processos de' transformação econômica de cada país; 2 - os mo
delos para Interpretar a realidade' não
poderão prescindir da aordagem meto dológica e teórica da economia política,
das ciências soc.als, das. ciências da
educação e da psic,ologia .social; 3
-çoordenação da profissão com outras profissões; tanto da área da saúde co
mo de outras áreas; 4 - atenção à
saúde de forma' integral ; 5 - elabo
ração de planos de estudo congruentes
488
com a realidade e necessidades futuras do país e centrado na comunidade e nos serviços de saúde; 6 - ênfase na prevenção coletiva, tanto primária co
mo secundária ; 7 -integração de ciên
cia e exercício profissional e trabalho de equipe com uma visão terapêutica, epidemiológica e social.
Embora os resumos apresentados tenham procurado captar o que há de mais importante nessas experiências; faremos alguns comentários finais. Dis semos, no início, que a abordagem de Verderese era fundamental, pois ela mostra até que ponto o ensino e a prá tica da enfermagem vinculam-se ao contexto social, econômico e político .
E isto fica bastante claro na 'medidà
em que formos apresentando as expe riências que se vêm desenvolvendo em diversos países. De outro lado, essas ex periências evidenciam que, frente às novas situações, muitas mudanças se impuseram . Estas se fizeram sentir tanto no preparo de profissionais como na prestação de serviços, pois as for mas existentes mostraram-se restritivas e não adequadas aos crescentes proble mas - de saúde enfrentados pela popu
lação . É óbvio que a tentativa de ino
var e criar diferentes modalidades de
ensino .e serviço é _altamente positiva,
pois quem deve determinar a prática
e a formação de recursos .humanos é
a situação cQncreta, diferente e especí
fica a cada realidade-o Fica claro tam
bém -que nessa. busca de alternativas
foram incorporados componentes que, a
partir' de determinado momento, mais
ou menos em 1970, estão presentes em
qúase todos os programas de saúde . Referimo-nos, especialmente, a alguns
conceitos como "extensão 'de cobertu.
ra", "regionalização docente-assisten
ial", "cuidado" primário", "saúde da
comunIdade", "particIpação da 'comuni
dade", que são contInuamente citados como elementos cruciais para uma pres tação de serviços de caráter inovado',
NUNES, E.D. - Antologia de experiêncfas em serviço e docência em enfermagem
t�
América Latina (1.a parte) . Rv. Brs. Ef. ; DF, 33 : 483-489, 1980.ver, esse caráter inovador e mesmo a importância maior desses conceitos so mente se efetivaro na medida em que
se redefinam frente às situações e à
problemática de cada realidade - ca racteristicamente diversificada no pano rama latino-americano. Cs so contrál'lJ,
ficarão como simples retórica, ou, pior ainda, WT,O mistificação. N .:te últhno caso, realizando certamente alguns ob j etivos, mas não aqueles qUe seriam os mais importantes e que atingissem uma população que tem tido seus problemas
de saúde continuamente postergados .
BIBLIGRFIA
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meria en la América atina, págs. 315-340.
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