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Rev. Bras. Enferm. vol.55 número5

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Academic year: 2018

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RESENHA

ALVAREZ, A. M. TENDO QUE CUIDAR: A VIVÊNCIA DO IDOSO E DA FAMíLIA CUIDADORA

NO PROCESSO DE CUIDAR E SER CUIDADO EM CONTEXTO DOMICILIAR.

FLORIANÓPOLlS: PEN/UFSC,

2001 .

Trata-se d e Tes e d e D o utora d o defe n d i d a n o Programa d e Pós-Graduação e m Filosofia de E nfermagem e Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina (U FSC). A autora é enfermeira docente da U FSC, estudiosa do cuidado de enfermagem geronto-geriátrico. O l i vro , apresenta o desenho de um modelo teórico explanatório para compreender o processo de cu idar e ser cuidado vivenciado pela fam í l i a cuidadora de pare nte idoso doente e frag i l izado, no âmbito de domicil ios pobres, de periferias u rbanas, adstrito a u m Centro de Saúde.

De modo atual e crítico, apresenta um panorama do processo de enve l hecimento populacional no sécu lo XX. Basei a-se em p u b l icações recentes d e estu d i osos da g e ronto-g eri atri a , b e m como e m d a d o s estatísticos e projeções do I B G E . Comenta publicações da O N U e O PAS acerca do envelhecimento populacional e pol íticas públ icas de saúde do idoso no B rasi l . Levanta duas q uestões que considera preocupantes, quais sejam: "O que se tem pensado para promover e proteger a vel h ice em nosso pa ís? E como será a velhice futura no q u e tange aos aspectos humanos, sociais e de saúde?"

A autora situa o l eitor n o estudo d e l i m ita ndo e contextualizando a pesquisa. Descreve aspectos da realidade observada e demonstra sensib i l idade pessoal e profissional ao expor sua angústia e frustração frente à realidade e frente à fa lta de solução para os casos estudados.

Ter que cuidar, d i mensão central do estudo, i m p l ica em ter que ser cuidado. Pressupõe a existência de uma rel ação e história de vida em conjunto da fam ília cuidadora com o idoso. O processo de cuidar e ser cuidado são descritos a partir do ponto de vista do idoso sendo cuidado no contexto domiciliar, vivenciando uma cond ição de dependência, reagindo ou não a essa cond i ção, ou ca m i n h a n d o para uma fase fi n a l . E , também, do ponto de vi sta d o fam i l i a r q u e s e v ê tendo que cuidar do parente idoso, assumindo e real izando os cuidados com todas as i m p l icações decorrentes desse ato , e tendo concomitantemente suas próprias necessidades e encargos. A autora detecta , e as fa m ílias fa l a m claramente em seus depoi mentos, o quanto o cuidado pode ser solitário, contínuo e duradouro , e castrador n a evo l ução d a dependência; o quanto requer habilidade, força física e controle das emoções. A ta refa de cuidar aparece com o uma i m posição para o fam i l iar cuidador e ta mbém para o idoso em situação d e dependência . O c u i d a d o é tido c o m o u m a obrigação moral

Jordelina Schier 1

Lúcia H i sako Takase Gonçalves2

com parti lhada no g rupo soci a l .

N a U nidade Básica de Saúde, o Programa d e Saúde da Família (PSF) e o P rograma de Agentes Comunitários de Saúde ( PACS), ainda e m fase d e implantação , conseg uem mapear e l evantar problemas, porém a resolutividade ainda deixa a desejar. Os programas, ainda voltados principalmente para o atendimento da m u l her e da criança, não d ispõem de atendi mento sistematizado para o i doso dependente , q u e possibilite u m a ava l i ação contínua e apoio à fa mília. Desse modo, as fam íl i a s e os idosos, após m uitas tentativas sem sucesso, acabam desacred itando do serviço e procu rando recursos nas portas d e e mergências dos hospitais, o que representa uma prova de força e enfrentamento para eles.

A a utora faz u m d iagnóstico dos serviços públicos de saúde. Mostra , também, o sentimento de i mpotência dos profissionais frente à falta de resol utividade desse sistema, res s a l ta n d o o p re c á r i o s u p ri m e n to d e p rog ra m a s de reab i litação geronto-geri átrico n esses serviços. Considera um problema de saúde pública a inoperância do atendimento à s a ú d e d a p o p u l ação i d o s a , s e n d o esta a causa d a desistência d a s ações e tentativas de recuperação por parte do idoso e fam íl i a .

A leitura d o l ivro , aparentemente complexa em fu n ç ã o d o s i t e n s e s u b i t e n s q u e s e d e s d o b ra m g radativa mente n o texto , vai se tornando interessante e i nstigante, na medida em q ue as situações vivenciadas pelos i dosos e suas fa m í l ias cuidadoras vão sendo citadas. A transcrição de depoi mentos de familiares e idosos, os quais são carregados de realismo e sentimentos, parecem "vozes vivas" dentro do texto; vozes que se pode ouvir e sentir com g rande i ntensidade. Tais citações podem despertar no leitor a i d e ntificação d a s u a própria rea l i d a d e no contexto profissional e/ou fam i l i a l .

Enfi m , o m o d e l o apresentado d iscute o fenômeno socia l emergente e representa uma contri buição para a compreen são da real idade vivenciada pelo idoso doente ou fra g i l izado e seu fa m i l i a r c u i d ad o r, a ponta n d o p a ra a n ecessidade da form u lação de pol íticas públ icas de saúde q u e atendam às especifi cidades d esta clientela. O livro q uestiona o futuro das pessoas que envelhecem em nosso país e q u a l a contri b u i ção que os profissionais da saúde da geronto-geriatria estão dando para a mudança do cenário atu a l . Ta lvez a resposta possa ser encontrada nas vozes das fam í l i a s e dos i d osos i m p ressas nesse l ivro .

1 Mestre em Enfermagem. Membro do GESPI/PEN/U FSC. Enfermeira do H U/UFSC.

2 Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da U FSC. Coordenadora do GESPII PENI U FSC.

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