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LIÇÃO 12-2 TRIMESTRE DE 2021 O DEUS ONISCIENTE, ONIPRESENTE E ONIPOTENTE

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1 LIÇÃO 12 - 2° TRIMESTRE DE 2021

O DEUS ONISCIENTE, ONIPRESENTE E ONIPOTENTE TEXTO ÁUREO: SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. Sl 139.1

INTRODUÇÃO

Quando estudamos sobre os atributos incomunicáveis de Deus, os primeiros listados são a onipresença, onisciência e onipotência. Esses atributos divinos magníficos, incomparáveis e que estão muito acima da capacidade de qualquer ser humano, descreve muito bem o Deus que nós servimos. O termo “onipresença”

não aparece na Bíblia; vem do latim omni, que significa “tudo”, e praesentia, o mesmo que “presença”. Assim como seus congêneres, onisciência e onipotência. A palavra “onisciência” vem do latim omniscientia - omni,

“tudo”; e scientia, “conhecimento”, “ciência”. Por Onipotência, do latim omni, “todo, completo”, mais potens,

“poderoso”. entendemos que significa “ter todo poder, ser todo-poderoso”. Designa a pessoa que acha que é capaz de realizar a contento qualquer atividade, mesmo que esta dependa de fatores alheios a ela.

É um pouco a respeito deste assunto que nos dedicaremos neste estudo, uma vez que a Palavra de Deus desenvolve os fatos relativos a existência de Deus apresentando seus atributos. Quando diz que a Palavra não deixa dúvidas quanto à existência de Deus, sabemos que este assunto é muito bem desenvolvido nos compêndios de Apologética. Embora a existência de Deus não possa ser demonstrada tão somente pela razão, para que as pessoas creiam, não se pode dizer com isso que cremos sem nenhuma fonte de informação. A Escritura é a nossa autoridade quanto esse assunto. Deus se revelou de várias maneiras e a Sua revelação máxima é através de Jesus Cristo. Cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus revelada aos homens. Além disso a natureza revela o seu Criador. Diante desse “conhecimento de Deus” podemos afirmar que a natureza não é somente testemunha, mas também uma prova irrefutável da existência do Criador. Ela é suficiente para mostrar com clareza a existência dAquele que do nada cria todas as coisas, o seu poder e a sua sabedoria.

Sl 19.1-4 - Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol.

Deus colocou a eternidade dentro do homem. O homem é a imagem e semelhança de Deus, mesmo em forma caída, corrompida, não deixou de ser a imagem e semelhança do Seu Criador, essa imagem está deformada, mas não aniquilada. A esse ser criado à sua imagem e conforme sua semelhança Deus se revela:

quem Ele é, o que Ele faz e o que requer que os homens façam, assim como fez com Noé, Abraão, Moisés (Gn 6.13-21; 12.1; 15.13,-21; Êx 3.7-22). Assim também, revelou a Israel às leis e promessas quanto a obediência e desobediência a Aliança ( Êx 20-23; Dt 4.13; Sl 78.5; Sl 147). Aos profetas revelou seus propósitos (Am 3.7). Jesus, Deus encarnado, também demonstrou a vontade do Pai (Jo 15.15b), sendo Ele próprio o ponto alto da revelação, não deixando dúvidas quanto à existência do Criador.

Assim como a Palavra não deixa dúvida quanto à existência de Deus ela também exalta sua onipresença, onisciência e onipotência de muitos modos, ainda que não utilize, exatamente, estes termos.

Cada um deles serão desenvolvidos em um tópico, para melhor compreensão.

1. O DEUS ONISCIENTE

“Trata-se da designação de uma das qualidades da natureza da Deus – seu conhecimento ilimitado”.

Onisciência é o nome que se dá ao atributo divino que descreve o conhecimento perfeito e absoluto que Deus possui de todas as coisas, de todos os eventos e de todas circunstâncias por toda a eternidade, passada e futura.

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2 Diz respeito ao conhecimento, inteligência e sabedoria em graus perfeito e infinito, Is 40.28. Esse conhecimento é simultâneo, e não sucessivo. A onisciência de Deus excede todo o entendimento humano; é um desafio à nossa compreensão, mas é também uma realidade revelada1.

Is 40.28 - Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.

Jó 37.16 - Tens tu notícia do equilíbrio das grossas nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito nos conhecimentos?

Hb 4.13 - E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.

1Jo 3.20 - Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas.

Onisciência, presciência e soberania de Deus são assuntos afins e complementares, todavia, muito debatido na atualidade e usados como combustível em várias controvérsias envolvendo o debate a respeito do livre arbítrio humano. Se o termo onisciência não ocorre no texto bíblico a palavra presciência, que é o fato de Deus conhecer os acontecimentos futuros antes que eles aconteçam, pode ser identificado no Novo Testamento em diferentes passagens e contextos. A grande questão é como pode Deus ser soberano e ter conhecimento de todas as coisas, sabendo de antemão as coisas que irão acontecer, conciliar tudo isto com o livre arbítrio humano?

Neste emaranhado ainda temos o entendimento equivocado de alguns conceitos e doutrinas bíblicas.

Presciência e predestinação são coisas diferentes, pois enquanto presciência é o conhecimento divino da escolha que faremos, a predestinação refere-se ao propósito soberano de Deus em relação a suas criaturas.

Soares explica que por mais de vinte séculos, temos tido a predestinação e o livre-arbítrio [que é outra discussão nevrálgica] colocados em mútua oposição, em extremos forçados que nunca chegam a um acordo2. Prossegue explicando que Deus, na sua presciência, não interfere na liberdade humana, ou seja, no livre- arbítrio, que é a possibilidade que todo ser humano tem de decisão, e de fazer escolhas em função da própria vontade. “A predestinação “olha” para o aspecto futuro de nossa salvação (Rm 9.29; Ef 1.5,11). Segundo as Escrituras, ela e o nosso predestino. A salvação não e um decreto divino, pois isso seria um fatalismo cego e improprio atribuído a Deus”3.

Deus sabe de antemão todos os acontecimentos futuros, sem interferir diretamente na decisão de cada pessoa. Além de saber tudo sobre os seres humanos, somente Ele conhece o coração deles.

1Rs 8.39 - Ouve tu então nos céus, assento da tua habitação, e perdoa, e age, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, e segundo vires o seu coração, porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens.

1Cr 28.9 - E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai, e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntária; porque esquadrinha o Senhor todos os corações, e entende todas as imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-á para sempre.

Jr 1,5 - Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.

Estudamos na aula passada sobre a soberania de Deus e vimos que tanto ela quanto a responsabilidade humana atuam em comum, como agentes livres, como duas verdades bíblicas que não se excluem, mas que

1 SOARES, Esequias. Teologia, a Doutrina de Deus. In: ANTONIO, Gilberto. Ed. Teologia sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 70.

2 Idem, p. 89.

3 Idem, p. 367.

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3 caminham juntas, ainda que isto continue muito misterioso, sem que consigamos entender plenamente como acontece.

1.1. Deus sabe de todas as coisas

O fato de saber de todas as coisas nos lembra que por sua onisciência Deus ouve e entende nossas orações, mesmo aquelas feitas sem palavras. É fato notório que uma das grandes orações da Bíblia, a oração de Ana, mãe de Samuel, esposa de Elcana, cujo desfecho é tão glorioso, não teve palavras compreensíveis, apenas o sussurro de uma alma abatida que se derramava diante do Senhor. O nascimento de Samuel por intervenção sobrenatural, em resposta a oração de uma mulher estéril, é de grande impacto no curso da nação de Israel.

Os capítulos um e dois nos falam de reverência, diligência, fé, sofrimento, humilhação, da poligamia com seus efeitos deletérios, espera, súplica, milagre e cumprimento de promessa. Mostra Deus transformando uma situação de tristeza em júbilo, de esterilidade em produtividade abundante, de interferência divina definitiva e eficaz. A esterilidade, seja ela física, emocional, espiritual ou se manifeste em alguma outra dimensão da vida, precisa ser tratada e curada, ainda que com meios sobrenaturais. Ninguém pode acomodar- se a uma existência estéril. O filho da promessa pode não ser “literalmente” uma criança, mas o nascimento de algo novo com potencial para mudar o curso de uma vida vazia. Nesse sentido os homens também podem ser tão estéreis quanto as mulheres. Mas Deus que sabe de todas as coisas está disposto a mudar o destino daquele que se volta para Ele e clama pela sua misericórdia.

A ciência divina está para além e acima de toda ciência humana. Deus conhece até mesmo as intenções por trás de cada ação.

Rm 8.26,27 - E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.

Ninguém engana a Deus. Ele tudo vê e tudo sabe, como afirma o comentário para o professor: até mesmo os segredos mais escondidos de nossos corações. Sabe de todas os nossos pensamentos e até das palavras que iremos pronunciar

Sl 94.11a - O Senhor conhece os pensamentos do homem.

Sl 139.4 [NVI] - Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, SENHOR.

Pv 15.3 - Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.

Ec 5.1,2 - GUARDA o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras.

1Co 3.20 - E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.

Isto nos leva a pensar no quanto é incoerente temermos aos homens e não temermos a Deus. Quando se pratica atos reprováveis esconde-se dos seres humanos, com medo da disciplina, do confronto, do enfrentamento das consequências dos seus atos, mas prossegue na vida de pecado como se Deus não estivesse vendo. Não seria isto muitas vezes pior? Não há nada na nossa existência que escape ao conhecimento do todo poderoso.

Hb 4.13 - E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.

Sl 139.2 - Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.

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4 Este Salmo 139 inclusive tem algumas particularidades que se encaixam em todos os tópicos desta lição. Ele é organizado em quatro partes que destacam de forma central certos atributos de Deus.

• Na primeira parte o salmista fala sobre a onisciência de Deus (Salmo 139.1-6).

• Na segunda parte o salmista fala sobre a onipresença de Deus (Salmo 139.7-12).

• Na terceira parte o salmista fala sobre a onipotência de Deus (Salmo 139.13-18).

• Na quarta parte o salmista fala sobre a santidade de Deus e destaca o resultado prático e experiencial que esse atributo moral de Deus ocasiona em sua vida.

Como vimos, onisciência, onipresença e onipotência são atributos incomunicáveis, significando que somente Deus os possui. Já a santidade é um atributo comunicável. Deus compartilha dessa santidade conosco e por isto Ele exige que sejamos santos. Ele diz: “Sede santos, porque Eu sou Santo” (Lv 19.2). Segundo escreveu Conegero:

O Salmo 139 traz uma mensagem aterrorizante para o pecador ao revelar a soberania de Deus sobre todas as coisas. Mas ao mesmo tempo ele também traz uma mensagem extremamente confortante ao revelar que o Deus soberano governa todas as coisas de acordo com sua infinita sabedoria, santidade e justiça. Ao mesmo tempo em que o Salmo 139 fala de um Deus soberano e transcendente, ele também fala de um Deus intimamente pessoal e imanente4.

Na exposição de sua compreensão Conegero explica que o Salmista, no caso Davi, começa sua oração dizendo que o Senhor é Aquele que o sonda e o conhece. Sondar nesse texto transmite a ideia de “cavar”,

“penetrar” ou “alcançar o mais profundo”. Ao dizer: Senhor, tu me sondas e me conheces; o salmista declara que Deus sabe mais sobre sua vida do que ele próprio. Ele reconhece que o conhecimento de Deus vai ao mais profundo de seu ser, onde nem mesmo ele é capaz de ir.

A partir do verso 2, o salmista fala sobre como Deus conhece cada momento do seu cotidiano. Mas o salmista vai ainda mais além. Ele declara que Deus percebe de longe os seus pensamentos. Na antiguidade os povos tinham um entendimento territorial de suas divindades. Cada cidade possuía o seu deus; eles pensavam que dentro dos limites daquele território tal divindade reinava, conhecia e protegia seus fiéis. Mas no Salmo 139 o salmista rompe e desconsidera esse conceito pobre e falido. O Salmo 139 apresenta um Deus que não está preso a limites territoriais. Esse Deus não conhece apenas aquilo que está dentro das fronteiras de um determinado reino. O salmista fala de um Deus que de longe percebe cada pensamento do homem. O pai não conhece o pensamento do filho; o filho não conhece o pensamento do pai. O marido não conhece o pensamento da esposa, e nem a esposa o pensamento do marido, por mais que se amem. Mas Deus conhece os nossos pensamentos5.

Acredita-se que em torno de dez mil pensamentos são formulados diariamente em nossa mente. Muitos desses pensamentos ocorrem num grau que nem mesmo nós percebemos conscientemente. Isso significa que Deus conhece os pensamentos que nem mesmo nós conhecemos. Por isto o salmista diz que Deus também conhece cada uma de nossas palavras, antes de elas chegarem à nossa língua6.

1.2. Deus possui todo o conhecimento

O primeiro item destacou o conhecimento de Deus sobre todas as coisas, com enfoque no ser humano e no quanto Deus o conhece, muito mais do que ele mesmo. Neste item veremos o seu conhecimento estendido

4 CONEGERO, Daniel. Estudo Bíblico do Salmo 139. Disponível em: https://estiloadoracao.com/salmo-139-estudo/. Acesso em 14/06/2021.

5 Idem.

6 Idem.

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5 para tudo o que existe. Afirma o comentarista: “ Nada lhe pega de surpresa. Ele conhece o antes e o depois, pois Ele é o Alfa e o ômega, o princípio e o fim [Ap 1.8}. [...] Ele conhece cada detalhe de sua criação [Jr 10.12]”.

Ap 1.8 - Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo- Poderoso.

Jr 10.12 - Ele fez a terra com o seu poder; ele estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e com a sua inteligência estendeu os céus.

Rm 11.34-36 - Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas;

glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Quando meditamos em quem é o Deus da Bíblia temos revelações surpreendentes com as que já temos compartilhado em momentos anteriores. A Bíblia nos fala dEle de muitas e diferentes formas, a natureza por Ele criada testemunha dEle e Jesus Cristo veio a esse mundo para que tivéssemos uma visão ampliada dos Seus grandes propósitos de amor. O livro de Jó faz uma apologia fenomenal da majestade de Deus. Ali lemos que Ele fundou a terra, pôs as suas medidas, cerrou o mar com portas, traçou um caminho para os relâmpagos dos trovões, gerou as gotas de orvalho e a geada do céu, produziu as constelações e chama as estrelas pelo seu nome, conforme afirma Jó 38.Também, igualmente impactante é o Livro do profeta Isaías, o príncipe dos profetas, que descreveu de modos inusitados conforme se lê em Is 40.12-17: Ele é aquele que mede as águas na concha da sua mãos, mede o céu a palmos, pesa o pó da terra e dos montes em balanças de precisão, as nações da terra são consideradas por ele como a gota de um balde. E podemos continuar buscando nas Escrituras o que o próprio Deus deixou registrado para alimentar nossa fé nEle e entender um pouco a respeito do seu conhecimento e sabedoria supremos.

Se Ele é quem diz ser e sustenta todas as coisas com a força do seu poder também pode cuidar de nós em meio a todo esse turbilhão de adversidades que nos acometeu. Nós podemos adorá-lo e confiar nEle porque Ele cuida de nós. Sendo poderoso, excelso, majestoso, contudo, não está distante de cada um, se inclina para ver o que se passa no mundo dos homens e do monturo levanta o necessitado, Sl 113.6,7.

O conhecimento que Deus tem de todas as coisas escapa ao nosso próprio conhecimento dEle. Tanto conhece como também revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz, Dn 2.22. Segundo escreveu Horton:

O conhecimento que Deus possui dá-lhe o discernimento de tudo quanto existe e que poderá vir a existir.

Tendo em vista o fato de que Deus existe por si mesmo, seus conhecimentos estão além de nossa simples imaginação; são ilimitados (SI 147.5). Ele aplica com sabedoria o seu conhecimento. Todas as obras das suas mãos são feitas pela sua grande sabedoria (SI 104.24), e assim Ele pode tirar ou colocar reis, mudar os tempos e estações, conforme lhe parecer bem (Dn 2.21).Deus deseja que participemos de sua sabedoria e de seu conhecimento a fim de podermos conhecer os seus planos a nosso respeito, para podermos viver no centro de sua vontade (Cl 2.2,3)7.

Assim como a criação do ser humano, todas as coisas que foram trazidas à existência vieram com propósitos bem determinados. Primeiramente, foi para através de tudo o que existe pudéssemos conhecê-lo e usufruir dEle. Em nossas batalhas cotidianas esse conhecimento acerca do de Deus que tudo conhece será decisivo. Deus possui todo conhecimento e nós apenas tateamos na busca dele. Porém algo maravilhoso acontece quando vamos tomando consciência deste entendimento divino de todas as coisas e de sua sabedoria suprema. O conhecimento humano acerca do Deus, ainda que débil, começa no intelecto e reverbera em todas

7 HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. Rio de janeiro: CPAD, 1996, p. 134.

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6 as áreas da nossa vida, atingirá os relacionamentos, possibilitará grandes conquistas e conduzirá, os que forem sábios, em vitória, na destruição de fortalezas inimigas.

2 Co 10.5: Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.

Cl 3.10 - E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.

É fato que amar a Deus está ligado ao conhecimento de Deus e esse conhecimento é fornecido pelo conhecimento da Palavra, mas vale ressaltar que nem sempre o conhecimento está ligado ao amor a Deus, tanto que Satanás conhece, mas não O ama e os ímpios desprezam o conhecimento de Deus (Rm 1.28).

Tg 1.18 - Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.

Rm 1.28 - E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;

Não podemos entender, com propriedade e profundidade o conhecimento que Deus tem acerca de tudo e de todos, todavia, estamos certos disto e a vida no Espírito vai produz no ser humano uma fração deste conhecimento. Além de filiação divina e novidade de vida ele passará a distinguir as naturezas (1Co 3.1);

garantir domínio sobre a carne (Rm 8.2,5; 1Jo 3.9); aumentará em amor e conhecimento de Deus (1 Jo 4.7);

será capacitado para a prática da justiça (1Jo 2.29), com sabedoria e inteligência espiritual (Cl 1.9). É também nesse sentido que a fé repousa sobre o conhecimento. O alvo supremo de toda a instrução da Palavra de Deus não é o conhecimento bíblico em si mesmo, mas uma transformação moral interior da pessoa, que se expressa no amor, na pureza de coração, numa consciência pura e numa fé sem hipocrisia.

Ez 44.23 - E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro.

Um Deus tão grande, majestoso, soberano, poderoso, que possui todo conhecimento deixou para nós sua Palavra revelada para que o buscássemos, “se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós”, At 17.27.

1.3. Nada passa despercebido aos olhos de Deus

Nada há que se esconda diante da sua onisciência.

Mt 10.29,20 - Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.

Sl 101.6 - Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.

1Pe 3.12 - Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal.

“As pessoas se enganam, mentem, cometem injustiças e fazem maldades pensando que ficarão impunes, mas se esquecem que existe um Deus que tudo vê e tudo cobrará, nada passará oculto aos Seus olhos”. Até aquelas coisa que estão sendo aceitas na atualidade, com o aval do estado e aprovação da sociedade não ficará sem uma resposta da parte de Deus.

A decadência extremada está por todo lado. A imoralidade, principalmente na área da sexualidade tomou conta e está se alastrando como uma praga, até mesmo nas igrejas. As pessoas estão como que anestesiadas, assistindo atônitas o desenrolar de situações abomináveis, altamente prejudiciais ao corpo de Cristo, a Igreja na terra, como também ao destino da criatura humana, que está seriamente ameaçado, e simplesmente, ficam embasbacados, sem saber o que fazer, como agir, com um profunda dor no coração, vendo o mundo caminhar de mal a pior, a caminho do inferno.

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7 O Salmo 139, que já citamos anteriormente, nos lembra que os olhos de Deus enxergam o que está fora do nosso alcance e conhecimento. Portanto, poderemos estar certos de nada escapa aos Seus olhos.

Sl 139.15,16 - Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.

Mc 4.22 - Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto.

Toda trajetória humana nesta terra está em memória diante de Deus que tem livros de registros que serão abertos naquele dia. Algumas pessoas têm seus pecados manifestos aqui mesmo, nesta terra, para que não entre em juízo, e, no caso de se arrependerem e deixarem suas práticas abomináveis possam ser recebidos novamente na comunhão da trindade, sendo assim enxertados no corpo de Cristo, que é a igreja. Outros, todavia, por seu coração endurecido e impenitente encontrar-se-á com Deus naquele dia, onde não haverá mais a possibilidade de restauração.

1Tm 5.24,25 - Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; e em alguns manifestam-se depois. Assim mesmo também as boas obras são manifestas, e as que são de outra maneira não podem ocultar- se.

Ap 20.12 - E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu- se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.

Nada passa despercebido diante de Deus, nem nossos atos aprovados, nem tampouco a iniquidade, que persiste, cauterizando as consciências e mantendo os seres humanos aprisionados ao pecado, em um nível muito abaixo do que foram criados para ser e existir. Entender a Onisciência de Deus nós dá um vislumbre também do que nos aguarda no porvir.

2. O DEUS ONIPRESENTE

Sl 139.7-10 - Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?

8 Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Quando confrontado com o seu pecado, acusado pela sua consciência, tendo conhecimento da santidade de um Deus onisciente que tudo sabe, que tudo viu, a primeira reação da pessoa é tentar escapar.

Isto é algo percebido desde a queda, Gn 3. Mas nós sabemos - mesmo que por vezes nos fazemos de tolos - que ninguém pode fugir da presença de Deus, os Seus olhos estão sobre nós o tempo todo e tudo o que se passa, enxergando, inclusive, dentro de cada um. Ainda há o terrível expediente da pessoa recorrer às trevas para tentar se esconder de Deus, porém, “o lado oculto da força”, o mundo sóbrio da perdição, não está fora do domínio de Deus.

Imensidade é um conceito que nos ajuda a entender melhor a onipresença de Deus. Todavia, Myer Pearlman explica que Deus é onipresente, isto é, o espaço material não o limita em ponto algum, conforme podemos conferir em Gn 28.15,16; Dt 4.29; Js 2.11; Sl 139.7-10; Pv 15.3,11; Is 66.1; Jr 23.23,24; Am 9.204,6;

At 7.48,49; Ef 1.23. E explica também que há uma diferença básica entre imensidade e onipresença. Que imensidade é a presença de Deus em relação ao espaço, enquanto onipresença é sua presença considerada em relação às criaturas. Para suas criaturas ele está presente nas seguintes maneiras:

1) Em glória, para as hostes adoradoras do céu, Is 6.1-3 2) Eficazmente, na ordem natural, Na 1.3

3) Providencialmente, nos assuntos relacionados com os homens, Sl 68.7,8 4) Atentamente, àqueles que o buscam, Mt 18.19,20; At 17.27

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8 5) Judicialmente, às consciências dos ímpios, Gn 3.8; Sl 68.1,2. O homem não deve iludir-se com o pensamento de que existe um cantinho no universo onde possa escapar à lei do seu Criador.

6) Corporalmente em seu Filho, aquele que é o Emanuel, “Deus conosco”, Cl 2.9 7) Misticamente na igreja, Ef 2.12-22

8) Oficialmente, com seus obreiros, Mt 28.19,20.

Embora Deus esteja em todo lugar, ele não habita em todo lugar. Somente ao entrar em relação pessoal com um grupo ou com um indivíduo pode-se dizer que Ele habita com eles8.

2.1. Deus é espírito e não há barreira que O conter

Jo 4.24 - Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

Jo 1.18 - Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.

1Tm 6.16 - Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.

Ex 33.20 - E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.

Êx 20.4 - Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

Ninguém jamais viu a Deus, por isso todo ídolo é uma afronta ao Supremo Ser. Deus é espírito com personalidade; ele pensa, sente e fala; portanto, pode ter comunhão direta com suas criaturas feitas à sua imagem. Não pode ser visto por olhos humanos, nem representado, mas pode ser sentido e compreendido espiritualmente.

1Co 2.14,15 - Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.

Myer Pearlman escreveu que sendo espírito, Deus não está sujeito as limitações às quais estão sujeitos os seres humanos dotados de corpo físico. Ele não possui partes corporais nem está sujeito às paixões; ainda que biblicamente encontremos passagens que O representem, figurativamente, como tendo aparência física e sentimentos próprios aos seres humanos, para nos permitir entender a mensagem que Ele quer transmitir. Sua pessoa não se compõe de nenhum elemento material e não está sujeito às condições de existência natural.

Portanto, não pode ser visto com os olhos naturais nem apreendido pelos sentidos naturais. Isto não implica que Deus tenha uma existência sombria e irreal, muito longe disto. Jesus se referiu à “forma” de Deus quando disse que as pessoas não conheciam sua aparência nem ouviram sua voz, mas que Ele era enviado do Pai e Paulo também escreveu aos Filipenses, que Jesus Cristo era da “forma de Deus”.

Jo 5.37 - E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer.

Fp 2.5,6 - De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.

Myer Pearlman continua nos explicando que Deus é uma pessoa real, mas de natureza tão infinita que não se pode apreendê-lo plenamente pelo conhecimento humano, nem tampouco satisfatoriamente descrevê- lo em linguagem humana. Em Êx 24.9,10 lemos que Moisés, e certos anciãos, "viram a Deus".

Ex 24.9-11 - E subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. E viram o Deus de Israel, e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade. Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus, e comeram e beberam.

8 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. 6ª Edição. São Paulo: Editora Vida, 1977, p. 47.

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9 Nisto não há contradição; João quer dizer que nenhum homem jamais viu a Deus como Ele é. Mas sabemos que o espírito divino pode manifestar-se em forma corpórea. Em Mt 3.16 lemos a respeito do batismo de Jesus e ali está dito que o Espírito de Deus descendo como pomba veio sobre ele. Portanto, Deus pode manifestar-se duma maneira perceptível ao homem. Mas Deus também é insondável e inescrutável, como podemos ler no livro de Jó em 11.7 - Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso?9

Is 40.28 - Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.

Muito proveitosa a afirmativa do comentarista que nos lembra que “A presença de Deus está no lugar ou situação que houver necessidade. Deus não precisa se dividir nem se multiplicar”. O certo é que não há como fugir da sua presença.

Jr 23.23,24 - Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu os céus e a terra?

diz o Senhor.

Em todo e em qualquer lugar ali Ele está. Por isto é reconhecido como Yahweh Shammah - Yavé está ali. A presença de Yahweh Shammah representa não só aniquilação da maldade das Nações perversas, mas o abrigo permanente daqueles que servem o Senhor por inteiro. Quando um desviado, ou alguém que esteja vivendo em uma situação de pecado, se arrepender, Deus promete reconstruir o que o pecado destruiu e a sua vida será novamente marcada pelo nome divino Yahweh Shammah, o Deus presente, porque o Ser divino fará novamente morada nesta pessoa que se volta para ele, quebrantado de espírito e disposto a viver uma nova vida, sob outros decretos.

2.2. Ninguém pode se esconder de Deus

Deus não tem limites no tempo e no espaço. Mas, não se faz presente em todos os lugares com o mesmo propósito. O exemplo mais exemplar da tentativa vã e patética de esconder-se de Deus encontramos em Adão e Eva. Quando pecaram, a comunhão que tinham com o Senhor foi interrompida e sentindo a solidão e o abandono próprios de quem peca, tentaram esconder-se.

Gn 3.8-10 - E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.

No caso de Adão e Evan o reconhecimento da nudez física e da vergonha que sentiram são sinais de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez, ao seu próprio modo, é um quadro que representa a pessoa que procura cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado, Gn 3.21. Inclusive esta ideia de estar coberto por Deus, com as vestimentas preparadas por Ele, as únicas que tiram a vergonha da nudez, se encontram na Bíblia de Gênesis a Apocalipse em diferentes passagens e contextos.

Ap 3.8 - Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.

Quando envergonhado, vulnerável, com medo de ficar exposto, à vista do público ou à vista de alguém, o instinto primário da pessoa culpada é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas, hoje em dia ,procuram esconder-se nos lugares mais diversos, mas principalmente naqueles que produzirão prazeres ou irão sufoca-las nas atividades cotidianas.

9 Idem, p. 45.

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10 Mas Deus está presente e está vendo, seja no público ou no privado, no dia ou na noite, todas as nossas vagueações estão diante dEle. Há um padrão divino para nossa vida na terra, quem o observa agrada ao Senhor a alegria dEle será a sua força, Ne 8.10, para quem o despreza e comete torpezas e permanece no erro haverá um juízo divino e horrenda coisa é cair nas mãos de um Deus vivo, Hb 10.31.

Is 29.15 - Ai dos que querem esconder profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece?

Pv 28.13 - O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.

Quando a relação do ser humano com Deus se rompeu, como consequência primária do pecado, o homem teve medo e se escondeu. A tendência humana sempre é esconder. Ficar com vergonha de Deus, não querer se humilhar e reconhecer o erro tem também outro nome: orgulho e isto é algo, igualmente, preocupante porque o fim do orgulho é a perdição. Em uma pregação sobre o assunto, o Pastor Hernandes Dias explicou os degraus da queda, os sintomas da queda e os mecanismos de fuga produzidos pela queda. Os parágrafos seguintes é um transcrição de um pequeno trecho desta pregação que recomendo.

Sobre os degraus da queda ele explicou que ao abrir o coração para hospedar ingratidão, insatisfação e megalomania eles, Adão e Eva, desceram o último degrau da queda. No momento que satanás falou: - Vocês serão iguais a Deus; de repente Eva e Adão começaram a perceber que estavam oprimidos naqueles jardim, que eles tinham direitos, que eles mereciam mais, que eles podiam mais. Toda vez que o diabo lança no seu coração esta ideia de que você merece mais, que você está sendo privado de prazeres que Deus está lhe cerceando, como se Deus jogasse contra você e não a seu favor, você está em grande perigo, em grande ameaça, porque colocou os pés neste terreno escorregadio, então, nesta situação Adão e Evan tomam do fruto, comem e a queda acontece.

Sobre os sintomas da queda três coisas são avaliadas:

1. Com a queda instalou-se o drama da culpa. v.7. Ao abrir os olhos eles perceberam que na verdade não se tornaram iguais a Deus, mas sim, que estavam vulneráveis. Aquilo que até então não era um problema para eles: a nudez, agora é. Este é o drama da culpa. A culpa é um carrasco, A culpa assola, açoita suas vítimas, impiedosamente, dia e noite. Você não tem condições de desligar este botão porque Deus colocou a consciência dentro de você, um tribunal moral, uma luz vermelha que quando você erra e peca ela acende. Você pode até ir resistindo a isto e de repente esta seta que fere a sua consciência rombuda e você fica com a consciência ela fica cauterizada e isto e pior ainda. Não tem pecado sem culpa. A sobremesa amarga do pecado e a culpa vai castigar e não dar trégua até que se encontre o perdão que está em cristo Jesus.

2. O peso esmagador da vergonha. Diz o texto no versículo 10 - E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. Agora o homem - que tinha sido criado perfeito até que o pecado entrou na sua história - já está tentando driblar sua própria consciência, mentindo para Deus. Ele vivera nu com sua mulher no jardim e não se envergonhava. Agora estão com vergonha, vergonha de Deus e vergonha um do outro. Eles estão completamente expostos, vulneráveis. E quando o homem está vulnerável, quando não está coberto ele fica envergonhado em extremo. Expor a intimidade a partir deste momento gera vergonha.

3. O medo e a fuga de Deus. v. 8-10. Esconderam-se. A presença de Deus antes era o prazer deles, mas agora, no pecado, a presença de Deus os constrange, os intimida. E isso que o pecado faz, ele torna o ser humano tolo, louco. Porque eles sabiam da verdade da onisciência e da onipresença de Deus e eles tentam esconder de Deus atrás de uma arvore. Eles tinham consciência de que Deus estava em toda parte e conhecia tudo e a todos, exaustivamente. E é isto que o pecado faz, ele torna o homem tolo, incapaz de raciocinar e enxergar sua própria tolice de achar que Deus não está vendo.

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11 Quando pensamos na onipresença de Deus isto salta aos nossos olhos. Deus está vendo o que se passa no quarto de dormir, nas relações familiares, no trato com as pessoas mais íntimas, no uso do computador, smartfone ou similares. No uso do corpo e da sexualidade. Deus está contemplando os relacionamentos de amizade ou amorosos. Deus está vendo a gestão dos negócios, as relações empregatícias e também na igreja, no cotidiano da vida com Deus na comunidade de fé, no desenvolvimentos dos ministérios e no estabelecimento de vínculos afetivos ou não, e tudo o mais que esteja envolvidas nas ações humanas, para o bem ou para o mal. Deus está vendo. Não há nada que escape ao seu olhar. E ainda hoje, assim como foi no jardim do Éden, as pessoas em sua tolice, tendo sido cegadas pelo deus deste século, tentam infantilmente, se esconderem de Deus.

2Co 4.4 - Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.

2.3. Deus está presente em todos os lugares

Assim como não adianta se esconder também não adianta fugir. Deus está em todos os lugares. O comentário para o professor traz uma lista dos benefícios especiais obtidos pela presença de Deus, de autoria de Tony Evans:

a) Orientação: Gn 28 – a fuga de Jacó b) Vitória na tentação: 1Co 10.13 c) Provisão nas necessidades: Hb 13.5 d) Libertação da ansiedade: 2Rs 6.8-17

Ao longo das Escrituras vamos sendo instruídos a respeito desses benefícios da presença divina. Há casos em que Deus se manifestou figurativamente, com o fim de nos ensinar o modo como devemos estar na presença de um Deus santo, cuja presença enche o céu e a terra. No santuário erigido por Moises no deserto havia o lugar chamado de Santo dos Santos ou Lugar Santíssimo, onde ninguém poderia entrar. É reconhecido como o lugar da presença de Deus. O sumo sacerdote podia entrar ali somente um dia no ano para representar o povo perante Deus, e mesmo assim, somente se levasse consigo sangue de sacrifício expiador (Ex 30.10; Lv 16.12; Hb 9.6-8).

O caminho para todo o povo de Deus entrar livremente na sua presença ainda não tinha sido aberto (Hb 9.8). A única maneira de haver pleno acesso a Deus seria rasgar o véu e estabelecer nova lei no Tabernáculo. Foi isso que Jesus Cristo fez, ao derramar seu sangue na cruz. Seu corpo representava esse véu que, na ocasião da sua morte foi rasgado (Mt 27.51; Cl 1.20-22; Hb 10.20). Agora, todo salvo pode entrar no santuário, pelo sangue de Jesus (Hb 9.1-14; Hb 10.19,20).

Assim como Moisés derramou o sangue da vítima à base do altar (Lv 4.30), Jesus derramou a sua alma no Calvário, Is 53.12. De posse de tal herança cumpre-nos aprender, igualmente, como cuidar da casa de Deus e também como andar diante de Deus em sua casa. A casa de Deus é onde Deus está, e na presença de Deus, independentemente de onde seja, precisamos estar em santa reverência e santo temor. Além de Deus se fazer presente em todos os lugares, através do sangue do cordeiro sem pecado derramado para remissão de todo aquele que crê, nós podemos assumir o nosso lugar na presença de Deus.

1Tm 3.15 - Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.

O pecado retira a pessoa da presença de Deus. Fora da presença de Deus a pessoa prossegue enganando e sendo enganada. Está com seus olhos obscurecidos para enxergar sua real situação e acha que tem como dar um “jeitinho”, agindo ao seu próprio modo. Mas qualquer que seja a escolha e o destino Deus já está lá, tudo vê e tudo sabe.

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12 Veja outro exemplo veterotestamentário: qualquer pessoa, que por algum motivo estivesse

“contaminado” precisava cumprir os ritos da lei quanto ao processo de descontaminação daqueles considerados cerimonialmente impuros, para depois serem aceitos na congregação. Por Deus ser santo e separado, os israelitas também precisam estar em um estado de santidade e separação, e a presença de Deus era uma “zona proibida” para qualquer pessoa que não estivesse em estado de santidade. Assim, de acordo com os capítulos mencionados, a pureza cerimonial deveria ser observada quanto: aos animais puros e animais impuros; a purificação da mulher que dá a luz; a lei do leproso; a pureza sexual. Um israelita poderia se tornar impuro de algumas maneiras:

▪ Por contato com fluidos reprodutivos

▪ Por possuir uma doença de pele

▪ Por tocar mofo ou fungo

▪ Por tocar o corpo de algo que estivesse morto

▪ Por comer certos tipos de animais (de onde vem as leis de alimentação Kosher, observada em nossos dias)

Tudo isso era associado com mortalidade, com a perda da vida. O que nos leva ao cerne do pensamento hebreu: uma pessoa se torna “impura” quando se contamina ao tocar a “morte”, e a morte é o oposto da santidade de Deus, porque a essência de Deus é a vida. Veja bem que estar impuro não é, necessariamente, pecaminoso ou errado, tocar esse tipo de coisa fazia parte do dia a dia das pessoas, e as vezes não havia como evitar. O “estar impuro” era um estado temporário, com duração de tempo limitado. O que era errado ou pecaminoso era entrar na presença de Deus carregando esses símbolos de morte, e impureza no próprio corpo.

Deus está presente em todos os lugares, mas há o lugar da Sua presença e no lugar da manifestação da Sua presença ali deve estar o verdadeiro adorador. Para o adorador, a comunhão com Deus é a certeza de poder estar na presença de Deus sem ser consumido. Esta comunhão é obtida mediante a redenção efetuada por Cristo. Ainda hoje é esse sangue que nos salva e nos introduz na presença de Deus e na comunhão da trindade. Alcançando essa comunhão passamos a usufruir dos privilégios que a presença do Senhor nos concede: amor, paz, segurança, equilíbrio, saúde e inteligência espiritual, e outros de mesma natureza. E jamais precisaremos tentar fugir, em vão.

3. O DEUS ONIPOTENTE

De todos os atributos divinos este, certamente, é o mais lembrado e o que é mais referido. Chamar a nossa memória o Deus que tudo pode é reconfortante e ajuda na nossa trajetória de fé. Onipotente diz respeito

“àquele que pode todas as coisas de forma completa e plena”.

Não são poucos os relatos daqueles que em sua busca frenética por conhecimento, através da ciência, encontraram Deus, não como um acidente de percurso, mas tão somente porque Deus é a razão última de todas as coisas e quanto mais se aprofunda no conhecimento, mais essa verdade vai transparecer, com muitas e inconfundíveis provas. Conforme escreveu Anthony Flew: “Minha jornada para a descoberta do divino tem sido, até aqui uma peregrinação da razão. Segui o argumento até onde ele me levou. E ele me levou a aceitar a existência de um Ser autoexistente, imutável, imaterial, onipotente e onisciente”. Se um filósofo ateu, dos mais influentes do mundo, chegou a essa conclusão pelo caminho da razão, podemos esperar pelo que Deus pode fazer por essa humanidade caída, mesmo quando tudo parece perdido. Só não fará por aquele que, deliberadamente, persistir no erro e em seu duro coração rejeitar a Palavra da verdade que pode fazê-lo sábio para a salvação, pela fé, que há em Cristo Jesus.

Pv 24.5 - O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento consolida a força.

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13 Is 59.1,2 - Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.

2Tm 3.15 - Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

Só conhecemos a Deus pelo estudo daquilo que Ele revelou. Apenas um Deus eterno, onisciente, onipresente e onipotente reúne as características necessárias para ser reconhecido como Deus acima de todos os deuses, que a tudo conhece, que a tudo formou, que a tudo sustenta com a força do seu poder. Então o nosso estudo não é tão somente sobre Deus e sim sobre Deus através de Sua revelação. Sendo assim, podemos afirmar que a Teologia Cristã não é composta de pensamentos produzidos pela mente humanas, e sim, estudos formulados a partir da revelação divina. Conhecer aquilo que Deus revelou de Si mesmo deve ser o objetivo principal dos estudantes das Escrituras.

Para nos identificarmos como cristãos precisamos crer absolutamente em um Deus absoluto. E em seu Filho, a quem Ele enviou para remissão dos nossos pecados e para proporcionar acesso, novamente, à sua presença, por adoção, e que pela graça desse Cristo nos tornamos, outra vez, agradáveis a Deus, Ef 1.5,6. Essa é a máxima da vida com Deus: saber que esse Deus Todo-Poderoso tudo pode e que nenhum dos seus propósitos pode ser impedido, Jó 4.2. Que esse Jesus, é o Cristo, o filho bendito de Deus, que tem todo poder e autoridade, no céu e na terra. E que seu Santo Espírito está em nós operando através de nós para a glória de Deus, nos fazendo conhecedores dos mistérios de Deus e nos ajudando a frutificar em toda boa obra.

3.1. Deus tem todo poder no céu e na terra

Gn 17.1 - Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.

“Deus tem liberdade e poder para fazer tudo que esteja em harmonia com sua natureza”.

Deus é eternamente perfeito, e no vocabulário humano não há como expressar de forma exata o Ser de Deus, mas podemos ter um conhecimento relativo ou parcial do Todo Poderoso porque assim Ele o quis. No pensamento Louis BERKHOF

É perfeitamente certo que este conhecimento de Deus só é possível porque Ele se colocou em certas relações com as Suas criaturas morais e se revelou a estas, e que mesmo este conhecimento é humanamente condicionado; mas, não obstante, é um conhecimento real e verdadeiro, e, no mínimo, é um conhecimento parcial da natureza absoluta de Deus. Existe diferença entre um conhecimento absoluto e um conhecimento relativo ou parcial de um Ser absoluto10.

Mesmo tendo um conhecimento parcial temos a noção clara de sua onipotência. Nas páginas das Escrituras, além dos exemplos deixados pelo comentarista, podemos ver o agir de Deus em favor do pobre, do oprimido, da alma angustiada e do pecador penitente. Suas intervenções nas circunstâncias mais adversas, bem como, as respostas e alívio para a dor existencial e para os questionamentos mais contundentes da criatura humana, manifestam a terna acolhida ao mesmo tempo surpreendente e eficaz, de um Deus majestoso, todo poderoso, que se importa com o ser humano por Ele criado, para louvor da sua glória.

Os personagens bíblicos descreveram a grandeza e a força de Deus e promoveram a ideia de que não há Deus como nosso Deus, Deus todo poderoso que criou todas as coisas e a tudo sustenta com a força do seu

10BERKHOF, Louis: Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2013.

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14 poder. Davi era um guerreiro que combatia com a força de Deus e no Sl 18.1 quando exclama: Eu te amo, ó Senhor, força minha (ARA). É a voz de um lutador reconhecendo o poder daquele que o sustentava e fortalecia. Através do poder de Deus ele foi libertado de todos os seus inimigos. O Deus majestoso e excelente é objeto do pensamento de Davi, do começo ao fim. Assim como de todos os que o conheceram profundamente e tiveram uma experiência particular com Ele.

Quando pensamos em um Deus assim, magnificente, poderoso, compassivo, misericordioso, justo e bom, fica fácil tomarmos posse e explicarmos com propriedade os efeitos produzidos através do ato inicial de Deus, que nos criou para louvor da sua glória. O motor por trás do funcionamento do universo é o mesmo que impulsiona nossas vidas: para o bem, para a verdade; para a prosperidade, para uma vida santa; para a comunhão; para a produção de frutos dignos. Para sermos os seres humanos que fomos criados para ser, que interpretam os desígnios eternos de Deus e assumem uma caminhada de fé ao lado e no poder do único que pode nos mover em direção a Si mesmo.

Jó 32.8 - Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo Poderoso o faz entendido.

E quando se serve a um Deus assim, que tem todo poder no céu e na terra, somos instruídos por Ele mesmo, a prestar-lhe o culto que lhe agrada. Apesar da crença em forças sobrenaturais que assumem o controle da mente e do corpo ser muito antiga podemos afirmar que ela também é muito atual. Todavia, somos instruídos a prestar a Deus um culto racional. Ainda que experimentando intervenções sobrenaturais em nosso cotidiano, At 2.4; ainda que nosso corpo seja considerado como habitação do todo poderoso, 2Co 6.16; ainda que oremos e cantemos sob influência espiritual, 1Co 14.15; ainda que tenhamos um contato mais emocional com Deus o que pode colocar o fiel em algum tipo de êxtase espiritual (o estado de alma absorta na contemplação de Deus e das coisas do mundo sobrenatural; um prazer vivíssimo, gozo íntimo, causado por uma grande admiração; enlevo; pasmo), Nm 24.4 (Na ECA – cai em êxtase e tem os olhos abertos). Ainda assim, o culto prestado com a razão, com o entendimento, com o uso da mente, com sabedoria e inteligência é o que, verdadeiramente, irá agradar a Deus e é descrito biblicamente como o culto que Deus recebe. Um Deus assim, Todo Poderoso, merece o máximo de nós na tentativa de agradá-lo.

3.2. Para Deus não há impossível

“Deus não tem restrição do que quer e do que precisa fazer”, Lc 1.37; Gn 18.14; Mt 19.26.

Para o fiel Deus é a fonte inesgotável de onde emana tudo o que ele necessita até mesmo aquilo que é incrível, impossível e invisível.

Na lição 10 de 06/12/2020, estudamos sobre o perigo da crise emocional no exercício do poder. O primeiro tópico esclareceu sobre a tentação por busca de poder e ali estudamos um pouco sobre a onipotência divina em contraste com as débeis tentativas do ser humano de exercer poder ilimitado, sendo tão limitado.

Esta reflexão nos leva a pensar no assunto deste item que avalia a questão da impossibilidade como algo que está fora de discussão, quando se trata do Deus Todo Poderoso.

Somente Deus é Onipotente. Deus domina soberanamente em glória, onipotência, onipresença e onisciência. Sua Onipotência significa Sua liberdade e poder para fazer tudo, pois para Deus nada é impossível. É claro, que isto não significa que Deus irá fazer algo contraditório a Sua Natureza, por exemplo, mentir. O termo onipotente significa “ter todo poder, ser todo-poderoso”. A Bíblia ensina que Deus é onipotente; um de seus nomes que revela esse atributo é El Shaddai (do hebraico). É preciso reconhecer esse princípio elementar que também é um fundamento cristão básico.

Sl 91.1 - Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.

Lc 1.37 - Porque para Deus nada é impossível.

Como sempre acontece, as discussões em torno desse conceito e as especulações sobre o significado último de Onipotência ganhou muito espaço e, principalmente, a partir da Idade Média, nomes como Anselmo

(15)

15 de Cantuária, Tomás de Aquino e Guilherme de Occam sobressaem e se firmam como especialistas na questão.

Ezequias Soares escreveu que:

No âmbito teológico [Onipotência], como atributo divino, indica poder ilimitado de Deus ad extra,

“externo”; ou seja: “a omnípotentia Dei está limitada somente pela essência ou natureza do próprio Deus e por nada externo a Deus”. Esse conceito responde a essas especulações ou objeções. O atributo em foco diz respeito ao poder irresistível de Deus, que age conforme a sua vontade, pelo qual Ele trouxe o Universo à existência; pela sua vontade e pelo poder de sua Palavra: “Porque falou, e tudo se fez;

mandou, e logo tudo apareceu” (SI 33.9); “O norte estende sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada”

(Jó 26.7). O poder de Deus está relacionado com o seu propósito, com a sua natureza e com a sua essência. Por meio desse ilimitado poder, pela sua Palavra, o Senhor criou o Universo e sustenta todas as coisas. As Escrituras ensinam “que Deus não pode mentir” (Tt 1.2). Deve isso ser interpretado com o limite de seu poder? Não, pois essa passagem enfatiza o imutável caráter de Deus, haja vista ser Ele

“a verdade”. Afirmar que Deus não pode impedir o fenômeno tsunami que abateu o sul da Ásia, em 26 de dezembro de 2004, é heresia. Ora, Ele não impediu porque não quis. O sofrimento humano é consequência do pecado, e o Senhor tem um propósito em tudo isso, o qual nós não conseguimos entender11.

Na meditação diária do dia 30 de novembro, pensando em como Deus se mantém no controle de todas as coisas, inclusive em tempos de calamidade, pudemos refletir um pouco nessa Onipotência divina chamando atenção para o fato de que O que Deus quer ele faz, Sl 135.6. Tal Onipotência revela sua soberania, Ele é o único soberano do universo. “A soberania que poderia parar a crise do coronavírus, ainda que não o faça, é a mesma soberania que sustenta a alma durante esse tempo”, escreveu John Piper. Deus governa sobre tudo e é totalmente sábio. Ele é soberano sobre o coronavírus e sobre quaisquer outras ameaças que venham se abater sobre o planeta. Ele pode tudo, ainda que não faça tudo de conformidade com o nosso entendimento de como deveriam ser as coisas. Nem um pardal cai a não ser pelo plano de Deus. Nenhum vírus se move a não ser pelo plano de Deus. E o que Jesus disse continua valendo para nós hoje: Lc 12.6,7 - Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E nenhum deles está esquecido diante de Deus. E até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.

Ou seja, ele está dizendo: vocês valem bem mais do que muitos pardais; até mesmo os cabelos da cabeça de vocês estão contados; NÃO TEMAM. Só o Senhor Deus tem o poder de criar, de preservar a coisa criada, de governar, de salvar, de julgar, de livrar e destruir totalmente. Essa é a grande verdade da qual não deveríamos abrir mão. Para Ele nada lhe é impossível, operando ele quem impedirá? Is 43.13.

3.3. Privilégio de estar à sombra do Onipotente

É um alto privilégio “Estar debaixo da proteção de Deus em tempos de perigo espiritual e físico, ter o conforto de quem tem o poder para enfrentar e destruir todo e qualquer inimigo”.

Sl 91.1,2 - Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.

Na versão Bíblia Viva lemos: Quem vive protegido pelo Grande Deus, guardado pelo Deus Todo-Poderoso, pode dizer ao Senhor: Tu és a minha proteção, a minha fortaleza. Tu és o meu Deus, eu confio em Ti.

O salmo 91 tem sido lido e relido por todas as gerações de pessoas que conhecem a Deus, o amam e estão em busca de proteção e alívio para suas dores. Que sentem necessidade de segurança e querem se abrigar em momentos de calamidades. Diante de fatos complicadíssimos, como o que temos vivenciado com a pandemia do Coronavírus, a meditação nas Escrituras é realmente um bálsamo em tempos de grande aflição.

11 SOARES, Esequias. op. cit., p. 72.

(16)

16 Epidemias vão e epidemias vem, mas ao servo do Senhor compete abrigar-se à sombra do onipotente e confiar no livramento e no socorro que vem de Deus.

Apenas os que confiam plenamente podem afirmar: Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Sl 91.2. Sendo nós, pois, geração de Deus, não haveremos de desesperar e abrigar pensamento e sentimentos angustiantes, mas faremos nossa parte e confiaremos que é o Senhor que guarda nossas vidas. Sl 56.3 - Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. (NVI). Precisamos confiar em Deus, como e também fazer a parte que nos cabe.

Segue um trecho de uma pregação que preparei a respeito deste assunto.

Os dois primeiros versículos são como uma confissão de fé e apoiarão as grandes verdades espirituais que esse Salmo procura nos ensinar. Observe que logo de início três nomes de Deus são colocados em evidência. Trata-se de um salmo grandioso, majestoso, desde as primeira palavras.

▪ Altíssimo [El-Elyon];

▪ Onipotente [El-Shadday]

▪ Deus [Yaweh].

a) El Elyon - O Deus Altíssimo [Criador do céu e da terra]

A história de Abraão e Melquisedeque é a mais antiga ocorrência de ‘elyôn no Antigo Testamento.

Gn 14.18-22 - E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti. Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma:

Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra.

Melquisedeque, rei de Salém, é identificado como sacerdote do Deus Altíssimo, e Abrão, no v. 22 identifica ‘ēl ‘elyôn, como o “possuidor” de toda a terra12. Ler: Nm 24.16; Dt 32.8; 2Sm 22.14; Sl 18.13;

21.7; Sl 99.2. De acordo com a tradição semítica esta palavra exalta a majestade de Deus. Assim nos texto ugaríticos se usa para a supremacia da deidade e nos textos fenícios como epíteto do deus mais alto do panteon.

Nos livros poéticos o termo é usado para refletir a grandeza, força e poder de Deus, Sl 9.2; 18.2; 91.1 e 9.

b) El Shadday – Onipotente, o Todo Poderoso

O mais frequente e o mais enigmático [indecifrável e misterioso] dos epítetos [qualificativo] do Deus dos patriarcas é ‘ēl shadday. Em Ex 6.2 Deus é identificado, explicitamente, como El Shadday o Deus de Abraão, Isaque e Jacó e pode se notar, assim, correspondendo a uma corrente de tradição onde El Shadday está associado a Yaweh, o nome Javé que apareceu na era mosaica.

Ex 6.2,3 - Falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou o Senhor. E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido.

A sua análise morfológica há muito tempo está em discussão. Sua formação não pode ser separada de uma série de epítetos13 do semítico ocidental, conhecidos de fontes ugaríticas. Nas narrativas bíblicas El Shadday não se liga a um santuário como se vê em Gn 17.1.

Ex 6.3 - E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido.

12 Cf. HARRIS, R. Laird, ARCHER JR., Gleason L. e WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1120.

13 Palavra ou expressão que se associa a um nome ou pronome para qualificá-lo, honrosa ou injuriosa que se dá a alguém para qualificá-lo.

(17)

17 Só no livro de Jó esse nome aparece 31 vezes. Entre as teorias acerca do significa original do termo encontramos o termo Acádico Shadu – que significa montanha, seria o Deus da Montanha, então, o epíteto Shadday parece significar “o montanhês”, e o termo Shadad – com o significado de ser violento ou irresistível, neste sentido seria o Deus Todo Poderoso.

c) Yahweh – YHWH

Essa é uma designação especial do Deus de Israel. Já falamos em lições anteriores que este é o grande nome da teologia dos nomes do Antigo Testamento, usado na Bíblia 6823 vezes. Por isto não vamos repetir aqui mais uma vez o que já foi estudado em mais de uma lição, anteriormente. Apenas lembrando que se YHWH é uma forma causativa, como alguns exegetas crêem, pode significar:

▪ Aquele que é, faz ser e cria o mundo

▪ Aquele que fará ser o que ele fará ser

▪ Aquele que faz ser e se revela

▪ Aquele que vai mostrar ao seu povo quem ele é, se revelando ao seu povo através de suas ações

▪ E porque Ele era, é e será Ele é aquele que cumpre suas promessas

Em Ex 3.14 tem-se: E disse Deus a Moisés: eu sou o que sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: eu sou me enviou a vós.

Apenas para reafirmar algo que considero de grande importância, relembramos que ao dizer Eu sou o que sou, Deus está dizendo muito mais: Eu serei o que serei, eu me tornarei no que me tornarei. Todas as vezes que aparece o tetragrama YHWH, o Eterno está dizendo: Eu sou, no sentido que eu me tornarei o que você necessita. Eu me torno a solução dos seus problemas, de suas necessidades. Ele está dizendo para Moisés dizer aos israelitas

▪ Eu liberto da escravidão, faço o impossível para libertar meu povo da perdição quando ele clama por mim

▪ Eu abro caminho no meio do mar e derroto os inimigos

▪ Eu sustento sua caminhada através do deserto

▪ Eu lhe dou pão do céu e água da rocha

▪ Eu sou nuvem durante o dia e coluna de fogo durante a noite

▪ Eu guardo todos os teus caminhos para que não tropeces com seu pé em pedras

▪ Eu guerreio as suas guerras

▪ Eu lhes farei entrar na Terra Prometida

Podemos afirmar que a fórmula “Eu sou quem sou” não é só uma tentativa de explicar um nome ,está relacionada a seu contexto. Ela assume uma função própria em conexão com a ordem dada a Moisés para tirar Israel do Egito. Esta fórmula expressa a decisão de Deus de verdadeiramente garantir esta saída e de realiza- la na história através de todos os meios disponíveis.

Portanto, estes dois versículos iniciais do Salmo 91 estão dizendo: o Altíssimo que tem todo poder é o meu Deus, o Grande eu Sou, o Todo Poderoso. Ele também se tornará para mim que o que necessito, a solução dos meus problemas, e a resposta para todas as minhas necessidades. Por isso espero nEle, confio nEle, estou segura nEle e continuarei repetindo que quem habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.

CONCLUSÃO

Mesmo Deus sendo quem é: Onisciente, Onipresente e Onipotente, está em relação íntima, perfeita, santa, completa e suficiente com o ser humano por Ele criado.

Referências

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