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Resumo: Dentro da esfera internacional, segundo dados do último relatório de 2017 da FAO, o Brasil se encontra na 5ª posição entre os maiores produtores de ovos e a criação de galinhas poedeiras em gaiolas de baterias é o mais utilizado. Este trabalho tem como objetivo explanar sobre as principais dificuldades, os benefícios e o bem-estar animal no sistema cage-free. Cage free traduzido do inglês significa

“livre de gaiola”, este sistema preconiza o bem estar animal por proporcionar às aves a oportunidade de expressar seus comportamentos naturais. No entanto, este sistema possui grandes implicações para implantação devido aos paradigmas da criação em gaiolas, disposição do consumidor final em reconhecer o valor agregado ao produto e as dificuldades em garantir a sanidade dos ovos. Contudo, o sistema cage-free se mostrou como uma atividade que demanda um investimento inicial, porém, lucrativa e que atende as cinco liberdades proporcionando o bem estar animal.

Palavras-chave: gaiolas, galinhas, ovos.

Abstract: Within the international sphere, according to data from the latest 2017 FAO report, Brazil is in the 5th position among the largest egg producers and the creation of laying hens in battery cages is the most used. This work aims to explain about the main difficulties, benefits and animal welfare in the cage-free system. Cage free translated from English means “free from cage”, this system defend animal welfare by providing birds with the opportunity to express their natural behaviors.

However, this system has great implications for implantation due to the cage rearing paradigms, the final consumer willingness to recognize the added value of the product and the difficulties in guaranteeing the health of the eggs. However, the cage-free system proved to be an activity that requires an initial investment, however, profitable and that meets the five freedoms providing animal welfare.

Keywords: cages, chickens, eggs.

Introdução:

Dados do ultimo relatório anual publicado em 2019 pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mostraram que houve um aumento de 54% na produção de ovos de 2010 para 2018, os números saltaram de 28.851 bilhões para 44.487 bilhões. De acordo com estatísticas da Embrapa em 2018, os estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais foram os maiores produtores respondendo por 29,67%, 9,60% e 9,10% respectivamente. Dentro da esfera internacional, segundo dados do último relatório de 2017 da FAO, o Brasil se encontra na 5ª posição entre os maiores produtores de ovos, com uma parcela de 3,13% do total mundial; se mantendo atrás da China (42%), Estados Unidos (7,28%), Índia (5,58%) e México (3,19%).

Atualmente, o sistema convencional da criação de galinhas poedeiras em gaiolas de baterias é o mais utilizado, isso porque desde 1970 o melhoramento genético vem atuando para transformar a produção de ovos em uma criação

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intensiva e de escala industrial (ROCHA et al., 2008). Em contra partida, outros sistemas vêm sendo testados a fim de aumentar o bem estar animal, sistemas que possibilitam as aves expressarem seus comportamentos naturais como bater asas, tomar banho de areia e botar em ninhos. Com este cenário, foram criados mecanismos de criações em boxes, gaiolas enriquecidas, galpões com acesso a pastagem (free-range) e sem acesso a pastagem (cage-free) (SACCOMANI, 2015).

A alta produtividade aliada ao menor custo é o resultado de várias técnicas de nutrição, biosseguridade, ambiente e manejo, somadas a genética das aves, permitindo que as mesmas expressem o seu potencial máximo (QUEIROZ, 2016).

Objetivo

A presente pesquisa tem como objetivo explanar sobre as principais dificuldades, os benefícios e o bem estar animal dentro de um sistema em elevado crescimento no Brasil, o sistema Cage-free.

Metodologia

O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura sobre as implicações do sistema “cage-free” na cadeia produtiva de ovos do Brasil. Para elaborá-lo serão revisados periódicos nas bases de dados on-line do Portal Capes, Google Acadêmico e Scielo; além de livros e revistas pertinentes ao tema. Será dada ênfase às publicações conferidas no período de 2014 a 2020, pesquisas mais antigas com importância significativa também poderão ser levadas em consideração.

Os termos-chave utilizados no processo de busca serão: sistema “cage-free”, aves de postura e bem-estar animal.

Desenvolvimento

O que é e como funciona o cage-free

Cage free traduzido do inglês significa “livre de gaiola”, este sistema preconiza o bem estar animal por proporcionar às aves a oportunidade de expressar seus comportamentos naturais, como colocar seus ovos em ninhos, ciscar e empoleirar (BORGES & BONATO, 2018). O bem-estar animal deixou de ser uma exigência governamental e se tornou uma tendência de mercado, atendendo a

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demanda de consumidores cada vez mais atentos e exigentes em relação à origem dos alimentos. Os produtores que antes mantinham seu foco apenas na produção, agora vêm o conforto animal como uma forma de aumentar a produção e agregar valor ao produto. Essa tendência mundial levou grandes empresas de fast-food como McDonald’s, Burguer King, Subway, dentre várias outras a manifestarem seu interesse em utilizarem nas suas receitas apenas ovos provindos do sistema cage free (CALIMAN, 2019).

De acordo com a Humane Farm Animal Care (2018), a criação em sistema cage free exige o cumprimento de algumas normas impostas aos produtores principalmente na fase de recria. A alimentação deve ser balanceada de acordo com a idade e linhagem das poedeiras. Os poleiros são obrigatórios a partir da 4a semana de idade como forma de enriquecimento ambiental. A ventilação, temperatura e concentração de amônia precisam ser controladas para evitar que as galinhas percam energia na tentativa de alcançar a termorregulação. Um dos estímulos para produção de ovos é o tempo de luminosidade, sendo a luz artificial desligada de maneira gradual. Neste sistema as aves ficam livres para caminhar e expressar comportamentos naturais, portanto a densidade máxima deve ser determinada de acordo com a idade e o peso das aves. Na tabela a seguir citamos algumas das principais normas, juntamente com suas recomendações.

Normas Recomendações

Densidade em piso ripado (plataformas) 9,1 aves/m² Densidade em galpão de piso único 7,1 ave/m²

Ninhos individuais 1 para cada 5 galinhas Ninhos coletivos 0.8 m2 para cada 100 aves

Poleiros 15 cm/ave

Tempo de luz Mínimo de 8 horas contínuas de luz

Tempo de escuro Mínimo de 6 horas contínuas

Fonte: Elaborada a partir dos dados da HUMANE FARM ANIMAL CARE 2018.

De acordo com Miragliotta (2018) diretora Técnico-Científica da Associação Brasileira da Avicultura Alternativa (AVAL) a biosseguridade no sistema cage-free segue os mesmos padrões do sistema convencional. Tratamento da cama, limpeza, desinfecção, vazio sanitário, controle de pragas e roedores são algumas das

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principais medidas adotadas a fim de impedir a contaminação das aves e dos ovos por microrganismos patogênicos. As vacinações também podem ser feitas assim como nas granjas industriais, afinal, garantir a boa saúde das aves faz parte das cinco liberdades que compõem o padrão de bem-estar-animal.

Dificuldades de implantação do sistema

A mudança de um sistema para outro exige investimentos e principalmente a quebra de paradigmas, o produtor terá que entender que a cultura do país e do mundo junto ao consumidor sofre transformações de opiniões, preferências e valores. Produtores que se adaptaram com a criação em gaiolas com vários níveis no mesmo galpão e alto numero de aves por metro quadrado, quando migram para sistemas alternativos tendem a sentir uma queda no rendimento. Para alcançar o antigo patamar de produção o sistema cage-free requer mais espaço, cuidados, atenção e mão de obra. Essa modificação de sistema elevam os custos de produção que, consequentemente, será repassado ao consumidor (MIRAGLIOTTA, 2018;

VIERA FILHO, [201-]).

Outro entrave para mudança de sistema é o consumidor final, que nem sempre está disposto a pagar por um produto que carrega consigo um valor ético e conceitual. Apesar de muitos movimentos sociais serem contra as aves em gaiolas, boa parte da população não está decidida a comprar o ovo ou um produto produzido com ovos de um sistema que preza pelo bem-estar das galinhas. Este fato pode ser explicado pela falta de rastreabilidade que garanta a procedência daquele ovo, por possuir um diferencial que não pode ser visto a olho nu ou até mesmo pelo fator social e econômico do indivíduo (MIRAGLIOTTA, 2018).

Uma terceira implicação para implantação de um novo método de criação é a garantia da sanidade deste ovo. Embora a criação em gaiolas não atenda ao bem- estar animal, este sistema garante um bom asseio do ovo e das poedeiras, pois dispensa o uso da cama impedindo que aves e ovos tenham contato com o chão ou fezes.

Este sistema garante também uma maior facilidade de manejo e saúde das galinhas, evitando a coccidiose e verminoses (HESTER, 2005). Pesquisas de alternativas a criação de poedeiras sem gaiolas vêm sendo desenvolvidas no mundo

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todo, no entanto, todos esses sistemas alternativos apresentam desvantagens relevantes comparados às gaiolas. Isso porque os galpões de aves soltas apresentam altos níveis de poeira, fungos e bactéria. Esses microrganismos presentes no ar aumentam os índices de contaminação através dos poros presentes na casca do ovo, que por sua vez são postos no chão ou ninho (SACCOMANI, 2015).

Diante deste cenário, o obstáculo da sanidade é uma problemática complexa que exigirá um planejamento sanitário intransigente, pois produzir ovos no sistema cage-free que sejam livres de Salmonella, por exemplo, será um dos maiores desafios da indústria avícola (BORGES & BONATO, 2018).

Bem estar de galinhas e suas influencias na produção de ovos

A produção de ovos depende intimamente das alterações do ambiente, que por consequência influenciam na fisiologia das galinhas (COSTA et al., 2012). Desde o nascimento as aves necessitam de energia ou nutrientes para a manutenção dos processos vitais, quando essas necessidades são atendidas o restante da energia e nutrientes são destinados ao crescimento ou produção. Após as galinhas atingirem a idade produtiva, quase toda energia que ultrapassa a utilizada na mantença será destinada para produção do ovo, visto que não precisarão mais ganhar peso (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2016).

Aves que passam por qualquer tipo de situação desafiadora, por exemplo, estresse térmico, estresse imunológico, ameaça ou doenças; precisarão de energia e nutrientes para superar as adversidades. Os animais estressados, ameaçados ou desafiados ativam mecanismos internos a fim de enfrentar as demandas emergenciais e manter o equilíbrio. No entanto, os recursos gastos para se manterem estáveis serão mobilizados daquela parcela que seria utilizada para produção de ovos, como consequência haverá uma queda na postura e na qualidade dos ovos (GUAHYBA, 2005).

Boas instalações não garantem uma boa produção, muitos problemas de manejo relacionados com pessoas resultam de má administração ou falta de treinamento dos funcionários. Por isso, as pessoas que trabalham com animais devem entender os princípios do comportamento animal para o manejo correto

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(GRANDIN, 1994, 1998). Capacitar pessoas para o manejo com os animais é o fator de maior impacto positivo para garantir o bem-estar das aves. Quando se fornece aos colaboradores informações, recursos e procedimentos adequados para esse serviço há uma mudança de conduta, favorecendo os animais e atingindo níveis mais elevados na produção (LUDTKE et al., 2010).

Proporcionar uma condição favorável às aves não é apenas uma visão comercial e econômica, mas sim uma responsabilidade ética e moral, uma vez que elas são seres sencientes (capazes de experimentar sensações). Produtores atentos a essa questão, sentirão o forte impacto positivo na lucratividade, percebendo que bons tratamentos fortalecem o seu negócio (VIEIRA FILHO, [201-]).

Considerações finais

Os sistemas alternativos para avicultura de postura comercial já não é mais o futuro da produção avícola, é, portanto, uma realidade no Brasil e no mundo. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de ovos, por isso, os produtores precisam estar atentos às tendências comerciais, sociais e políticas para que não percam sua posição neste mercado que irá sobressair aqueles que ousarem e deixarem para traz seus paradigmas com relação à criação de galinhas livres de gaiolas. O sistema cage-free se mostrou como uma atividade que demanda um investimento inicial, porém, lucrativa e que atende as cinco liberdades proporcionando o bem estar animal.

Portanto, sugere-se que mais pesquisas sejam feitas a fim de auxiliar os produtores quanto a higiene do processo, sanidade dos ovos e saúde das galinhas dentro do sistema cage-free.

Referências

ABPA, Associação Brasileira de Proteína Animal. Relatório anual 2019. Disponível em: <http://abpa-br.org/mercados/>. Acesso em: 26 abr. 2020.

BORGES, L. & BONATO, M. O bem-estar de galinhas poedeiras traduzido no sistema cage-free. 2018. Disponível em:

<https://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/o-bem-estar-de-galinhas-

poedeiras-traduzido-no-sistema-cage-free/20180710-084605-g961>. Acesso em: 19 jul. 2020.

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CALIMAN, C. Cage free: Galinhas livres de gaiolas é tendência mundial. 2019.

Disponível em: <https://www.safraes.com.br/avicultura/cage-free-galinhas-livres- gaiolas-tendencia-mundial>. Acesso em: 26 jul. 2020.

COSTA, E.M.S.; Dourado, L.R.B.; Merval, R.R. Medidas para avaliar o conforto térmico em aves. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, v.6, 2018, 2012.

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