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Utilização de Software de controlo de conformidade - Caso de Estudo de Obra de Reabilitação Complexa

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(1)

U

TILIZAÇÃO DE

S

OFTWARE DE

CONTROLO DE CONFORMIDADE

Caso de Estudo de Obra de Reabilitação

Complexa

J

OÃO

M

ÁRIO

C

ARDOSO

M

ONTEIRO DE

O

LIVEIRA

M

ARINHO

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL —ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS

________________________________________

Orientador: Professor Doutor Rui Manuel Gonçalves Calejo Rodrigues

(2)

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Tel. +351-22-508 1901 Fax +351-22-508 1446  miec@fe.up.pt

Editado por

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Rua Dr. Roberto Frias 4200-465 PORTO Portugal Tel. +351-22-508 1400 Fax +351-22-508 1440  feup@fe.up.pt  http://www.fe.up.pt

Reproduções parciais deste documento serão autorizadas na condição que seja mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -

2016/2017 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2017.

As opiniões e informações incluídas neste documento representam unicamente o ponto de vista do respetivo Autor, não podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relação a erros ou omissões que possam existir.

Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo Autor.

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i

Versão para discussão

AGRADECIMENTOS

À empresa SOPSEC na pessoa do Eng. Miguel Lopes e da Eng.ª Catarina Noverça, pela total disponibilidade demostrada e pelos conhecimentos transmitidos durante a minha estadia em obra. Ao Professor Doutor Rui Calejo pela orientação prestada, pelo apoio motivacional e por todos os ensinamentos transmitidos durante este trabalho.

Ao Eng. Rui Bessa, criador do software SICCO testado em obra, pelo apoio e acompanhamento prestados.

Aos meus amigos Luís, Pedro e Marco por todo o companheirismo nesta maratona que agora termina.

À Patrícia, que me fez repensar o verdadeiro sentido de motivação, ambição e sacrifício, o meu obrigado pela paciência e principalmente pelo carinho diário.

À minha irmã, por ter sido a minha grande companheira em todos os momentos.

Aos meus pais, por nunca deixarem de acreditar que este momento poderia ser possível, mesmo nas alturas mais difíceis, o meu mais sincero obrigado.

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iii

Versão para discussão

RESUMO

O software SICCO - Sistema Integrado de Controlo de Conformidade em Obra, surge com o objetivo de colmatar lacunas e agilizar o processo de controlo de conformidade em obra. Software que se apresenta como ferramenta de auxílio á equipa responsável pelo controlo da qualidade/conformidade de obras, no âmbito do armazenamento de dados, transparência do fluxo de informação e medidor de performance de técnicas e intervenientes. A padronização de processos no setor da construção, mais concretamente no controlo de qualidade, não é muitas vezes possível dado o seu caracter gradual. As tarefas vão sendo realizadas com o intuito da qualidade/usabilidade do produto final, retratando cada obra como um protótipo, devido ao teor diferenciado de cada uma.

Partindo desta problemática o autor da aplicação web desenvolveu esforços no sentido de criar, em parceria com programadores, um software que promova a competência no controlo da qualidade.

O objetivo desta dissertação é precisamente proceder a uma análise critica ao software com vista a compreender o propósito pelo qual foi criada, se cumpre os seus objetivos, do ponto de vista teórico, prático, de destreza e de agilidade de utilização.

Pretende-se uma análise detalhada ao programa e uma análise comparativa com o modelo atualmente definido. Por fim, tendo em conta o universo onde se insere, procura-se descortinar linhas de oportunidade nas quais o software possa obter desenvolvimentos futuros.

Foram criados templates de Fichas de Controlo de conformidade, um plano de trabalhos, um plano de conformidade e diversas rotinas de inspeção, para posteriormente serem usadas durante a estadia em obra.

Objetivam-se resultados significativos no que respeita a informação gerada via software, bem como de avaliação do mesmo.

PALAVRAS CHAVE: controlo de conformidade, software, metodologia, melhoria continua, atualização de processos.

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v

Versão para discussão

A

BSTRACT

SICCO is a software tool developed to facilitate and speed up the process of compliance control. SICCO supports the team responsible for the quality/compliance control of construction sites, in the context of data storage, information flow transparency, and performance measurement of techniques and personnel. The standardisation of processes in the construction sector, more specifically in quality control, is often not possible due to its gradual nature. Tasks are carried out with an aim to maximise quality/usability of the final product, approaching each project as a prototype, as a result of the different characteristics of each development. Taking from this problem, the creator of SICCO has strived to develop a software tool that promotes competency in quality control.

The purpose of this dissertation is precisely to undertake a critical analysis of SICCO in order to understand the foundation by which it was created and if it fulfils its objectives, from the theoretical and practical point of view and from a usability perspective. The work will consider a detailed analysis of the software tool and a comparative study with the currently defined model. Lastly, taking into account the universe where SICCO is inserted, it is also an objective to highlight opportunities for improvement in future developments of the tool.

Templates for Compliance Control sheets, a work plan, a compliance plan, and various inspection routines were created for use in the period spent during the project at the construction site. Significant results were obtained with regards to the information generated by the software, as well as in its evaluation.

(8)
(9)

vii

Versão para discussão

AGRADECIMENTOS ... I RESUMO ... III ABSTRACT ... V

1.

INTRODUÇÃO

... 1 1.1. Enquadramento ... 1 1.2. Problemática ... 2 1.3. Objetivos ... 3 1.4. Âmbito ... 3 1.5. Metodologia ... 4 1.6. Estruturação ... 4

2.

SÍNTESE DO CONHECIMENTO

... 7 2.1. Enquadramento concetual ... 7 2.1.1. Qualidade ... 7

2.1.2. Total Quality Management ... 9

2.1.2.1. Enquadramento histórico/cultural ... 9

2.1.2.2. Gestão por processos (TQM) ... 10

2.1.2.3. Normas ISO ... 12 2.1.3. Information Management ... 12 2.1.4. Análise SWOT ... 13 2.2. ESTADO DE ARTE ... 14 2.3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 16

3.

CASO DE ESTUDO

... 19

3.1. Apresentação das empresas ... 19

3.1.1. Empresa responsável pelo controlo de conformidade ... 19

3.1.2. Empresa construtora ... 19

3.2. Apresentação do caso de estudo ... 20

3.2.1. Características do edifício ... 20

3.2.2. Intervenientes em obra ... 22

3.2.3. Intervenção a realizar ... 22

3.2.3.1. Soluções de reabilitação estrutural e de fachadas... 22

(10)

viii

3.2.3.3. Condicionantes da intervenção ... 25

3.3. Modelo de controlo de qualidade praticado ... 25

3.3.1. Reuniões de obra ... 25

3.3.2. Fluxos de informação ... 27

3.3.3. Gestão documental ... 30

3.3.4. Rotinas de inspeção ... 30

3.3.4.1. Mapa de equipas produtivas/Plano de trabalhos ... 31

3.3.4.2. Meios de controlo em obra/FCC... 33

3.3.4.3. Plano de conformidade ... 33

3.3.5. Tratamento e registo de não conformidades ... 34

4. APRESENTAÇÃO DO SOFTWARE E MODELO DE

CONTROLO DE CONFORMIDADE ADOTADO

... 37

4.1. Apresentação do software ... 37

4.1.1. INTRODUÇÃO AO PROGRAMA ... 37

4.1.2. ORGANIZAÇÃO ESTÉTICA E FUNCIONAL DO SOFTWARE ... 37

4.1.2.1. Configurações do programa ... 38

4.1.2.2. Fichas de controlo de conformidade ... 39

4.1.3. PAINEL DE OBRA ... 41

4.1.3.1. Configurações de obra ... 41

4.1.3.2. Plano de trabalhos ... 42

4.1.3.3. Banco de fichas de obra ... 43

4.1.3.4. Plano de conformidade ... 43 4.1.3.5. Rotinas de inspeção ... 44 4.1.3.6. Não conformidades ... 46 4.1.3.7. Pendências ... 48 4.1.3.8. Biblioteca de obra ... 49 4.1.3.9. Resultados ... 50

4.2. METODOLOGIA DE CONTROLO DE CONFORMIDADE ADOTADA VIA SOFTWARE ... 52

4.2.1. INPUTS PARA PREPARAÇÃO DO CONTROLO DE CONFORMIDADE (CRIAÇÃO DE FCC E TAREFAS A EXECUTAR) ... 53

4.2.2. ROTINAS DE INSPEÇÃO ... 54

4.2.2.1. Plano de conformidade a adotar ... 55

4.2.2.2. Controlo de conformidade via FCC ... 55

4.2.2.3. Registo e tratamento de não conformidades ... 57

(11)

ix

Versão para discussão

5. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E ANÁLISE AO

SOFTWARE

... 59

5.1. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ... 59

5.1.1. RESULTADOS DECORRENTES DE FCC ... 59

5.1.1.1. FCC abertas e FCC fechadas ... 59

5.1.1.2. Falhas frequentes ... 60

5.1.1.3. Indicadores chave de performance Gerais (KPI’s)... 61

5.1.1.4. Resultados filtrados por entidade executante ... 62

5.1.2. RESULTADOS DECORRENTES DE NÃO CONFORMIDADES ... 63

5.2. ANÁLISE AO SOFTWARE ... 65

5.2.1. BUGS DO SOFTWARE ... 65

5.2.2. COMPARAÇÃO DO CONTROLO VIA SOFTWARE VS CONTROLO PRATICADO PELA EMPRESA RESPONSÁVEL PARA O EFEITO ... 66

5.2.2.1. Rotinas de inspeção ... 67

5.2.2.2. Reuniões de obra ... 74

5.2.2.3. Apresentação e análise de resultados decorrentes do controlo em obra ... 77

5.2.2.4. Registo e tratamento de não conformidades ... 80

5.2.2.5. Avaliação geral ... 84 5.2.3. ANÁLISE SWOT ... 85 5.2.3.1. Forças ... 85 5.2.3.2. Fraquezas ... 86 5.2.3.3. Oportunidades ... 86 5.2.3.4. Ameaças ... 87 5.2.3.5. Matriz SWOT ... 88

6. CONCLUSÕES

... 91 6.1. CUMPRIMENTO DE OBJETIVOS ... 91 6.2. PRINCIPAIS CONCLUSÕES ... 92 6.3. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ... 93

BIBLIOGRAFIA

……….…. 95

(12)
(13)

xi

Versão para discussão

Í F

Fig. 1 - Evolução do Conceito Qualidade [1] ... 8

Fig. 2 - Ciclo PDCA ... 11

Fig. 3 - Ciclo de Melhoria Continua ... 11

Fig. 4 - Nº de artigos por temática ... 14

Fig. 5 - Nº de autores por temática ... 15

Fig. 6 - Nº de artigos por autor ... 15

Fig. 7 - Nº de artigos por ordem cronológica ... 16

Fig. 8 - Fachada principal do edifício ... 21

Fig. 9 - Alçado da fachada ... 21

Fig. 10 - Planta piso 1 ... 24

Fig. 11 - Processos associados a reuniões de obra ... 26

Fig. 12 - Fluxo de informação entre fiscalização e restantes intervenientes [19] ... 27

Fig. 13 - Fluxo de informação por chamada ... 28

Fig. 14 - Fluxo de informação interpessoal ... 28

Fig. 15 - Fluxo de informação via e-mail ... 29

Fig. 16 - Registo e compilação de informação referente a mão-de-obra por tarefa executada ... 31

Fig. 17 - Registo e compilação de informação referente ao plano de trabalhos ... 32

Fig. 18 - Processos associados ao controlo económico ... 32

Fig. 19 - Controlo de conformidade em obra (metodologia atual) ... 33

Fig. 20 - Compilação do registo fotográfico ... 34

Fig. 21 - Processo atual de tratamento de não conformidades ... 35

Fig. 22 - Menu inicial do software ... 38

Fig. 23 - Pré-configuração de FCC ... 39

Fig. 24 - Criação de FCC ... 39

Fig. 25 - Exemplo de FCC ... 40

Fig. 26 - Estrutura do banco geral de fichas ... 40

Fig. 27 - Menu de obra ... 41

Fig. 28 - Plano de trabalhos ... 42

Fig. 29 - Banco de fichas de obra ... 43

Fig. 30 - Plano de conformidade ... 44

Fig. 31- Fichas anexadas á rotina selecionada ... 44

Fig. 32 - Rotinas de inspeção ... 45

Fig. 33 - FCC em fase de preenchimento ... 45

Fig. 34 - Submenu “não conformidades” ... 46

Fig. 35 - Criação de não conformidades soltas ... 47

Fig. 36 - Avaliação das medidas adotadas ... 47

Fig. 37- Fecho de não conformidade ... 48

Fig. 38 - Submenu “pendências” ... 49

Fig. 39-Submenu “biblioteca geral de obra” ... 50

Fig. 40-Resultados ... 51

Fig. 41-Falhas frequentes e KPI’s gerais ... 51

Fig. 42 - Modelo de controlo de conformidade via software ... 52

Fig. 43 - Secções integrantes do template criado ... 53

Fig. 44 - Plano de conformidade em obra ... 55

Fig. 45 - Processo de controlo de conformidade via FCC ... 56

Fig. 46 - Fluxo de registo fotográfico ... 56

(14)

xii

Fig. 48 - Registo de equipas produtivas ... 58

Fig. 49 - Plano de trabalhos específico... 58

Fig. 50 - Processo de deteção de falhas frequentes ... 60

Fig. 51 - Processo de obtenção de KPI’s ... 62

Fig. 52 - Percentagem de não conformidades por motivo ... 65

Fig. 53 - Média final da avaliação dos dois modelos ... 84

(15)

xiii

Versão para discussão

Í T

Tabela 1 - Abordagem teórica segundo Autor ... 9

Tabela 2 - Performance por entidades executantes ... 62

Tabela 3 - Resultado das não conformidades ... 64

Tabela 4 - Gralhas do software ... 65

Tabela 5 - Escalas associadas a parâmetros ... 67

Tabela 6 - Exequibilidade de processos através dos dois métodos ... 68

Tabela 7 - Análise do processo 1 referente às rotinas de inspeção ... 68

Tabela 8 - Processo 1 “MEP” (ambos os modelos) ... 69

Tabela 9 - Análise ao processo 2 referente às rotinas de inspeção ... 69

Tabela 10 - Processo 2 “Plano de Trabalhos” (ambos os modelos)... 70

Tabela 11 - Análise ao processo 3 referente ás rotinas de inspeção ... 70

Tabela 12 - Processo 3 “FCC” (ambos os modelos) ... 71

Tabela 13 - Análise ao processo 4 referente às rotinas de inspeção ... 71

Tabela 14 - Processo 4 “Registo fotográfico” (ambos os modelos) ... 72

Tabela 15 - Análise ao processo 5 referente às rotinas de inspeção ... 72

Tabela 16 - Processo 5 “Plano de Conformidade” (ambos os modelos) ... 73

Tabela 17 - Avaliação final dos processos associados às rotinas de inspeção ... 73

Tabela 18 - Processos 1, 2 e 3 (ambos os modelos)... 74

Tabela 19 - Exequibilidade de processos através dos dois métodos ... 75

Tabela 20 - Análise do processo 1 referente às reuniões de obra ... 75

Tabela 21 - Análise do processo 2 referente às reuniões de obra ... 75

Tabela 22 - Análise do processo 3 referente ás reuniões de obra ... 76

Tabela 23 - Avaliação final dos processos associados às reuniões de obra ... 76

Tabela 24 - Exequibilidade de processos através dos dois métodos ... 77

Tabela 25 - Avaliação do ponto Falhas frequentes ... 78

Tabela 26 - Processo 1 “Falhas frequentes” (ambos os modelos) ... 78

Tabela 27 - Avaliação do ponto “Performances gerais e de intervenientes” ... 79

Tabela 28 - Processo 2 “Performances” (ambos os modelos) ... 79

Tabela 29 - Avaliação final dos processos associados à análise de resultados ... 80

Tabela 30 - Processo 1, 2 e 3 (ambos os modelos) ... 81

Tabela 31 - Exequibilidade de processos através dos dois métodos ... 81

Tabela 32 - Avaliação do processo “registo de não conformidades” ... 82

(16)

xiv

Tabela 34 - Avaliação do processo “implicações e atribuição de responsabilidades” ... 83 Tabela 35 - Avaliação final dos processos associados ao registo e tratamento de não conformidades ... 83 Tabela 36 - Avaliação geral dos processos gerais associados ao controlo de conformidade ... 84 Tabela 37 - Matriz SWOT preenchida ... 88

(17)

xv

Versão para discussão

Símbolos e Abreviaturas

SICCO - Sistema Integrado de Controlo de Conformidade em Obra TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação

SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats TQM - Total Quality Management

ISO -International Organization for Standardization PDCA - Plan, Do, Check, Act

ProNIC - Protocolo para a Normalização da Informação Técnica na Construção KPI - Key Performance Indicator

AVAC - Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado OBS - Oriented Strand Board

D.O. - Dono de Obra

FCC - Fichas de Controlo de Conformidade

(18)
(19)

1

1

INTRODUÇÃO

1.1. ENQUADRAMENTO

A necessidade da existência de um elo de ligação entre os diferentes intervenientes de obra, bem como uma entidade que prese pela sua conformidade e qualidade, atribui à fiscalização um papel fundamental para a construção atual, um sector cada vez mais voltado para uma otimização de processos e métodos, no âmbito do controlo de qualidade, onde se depara com falhas frequentes e onde a reticencia no que toca á mudança de metodologia continua a ser bem notória.

Nos dias que correm, a fiscalização em Portugal segue, ainda, diretrizes fundamentadas em meios e processos antigos e desatualizados. O facto de a fiscalização funcionar não apenas como elemento mediador, mas também como supervisor de conformidade, impõe necessidades de modernização que acompanhem a evolução tecnológica, de metodologias, equipamentos e até mesmo da qualificação da mão-de-obra (aspeto este muito longe de ser o ideal). Muito do controlo de conformidade realizado em Portugal assenta numa política de policiamento (controlo a jusante) e na utilização de equipamentos e técnicas rudimentares, em detrimento de métodos de controlo na fonte e de revisão de projeto (controlo a montante) apoiados por meios modernos, informatizados, voltados para um futuro que se pretende mais otimizado e transparente no que confere á construção.

É interessante perceber que cada obra pode ser considerada um protótipo, com o seu traço particular, a combinação de metodologia e técnica adequada para o fim pretendido e, por consequência, sendo a fiscalização (controlo de qualidade incluído) parte atuante na obra, também pode e deve ser adaptável às características da mesma, com todas as suas nuances e imprevistos, visto não existirem duas obras iguais, os intervenientes diferem, tanto nos postos de chefia como nos de trabalho em campo, existe uma imensidão de materiais, os locais em que se situam não são os mesmos e, dada a infinidade de propósitos para cada obra, é natural atribuir-lhe um carácter modelar.

A evolução tecnológica dos últimos anos deixa antever a grande necessidade de modernização que o ramo da construção carece. Em parte, pelos seus intervenientes e pela conotação primitiva que este sector transporta (ligação esta que na sociedade Portuguesa é impossível dissociar) não se verifica um esforço de implantação de técnicas e meios informatizados, quando se trata de controlo de qualidade, e que noutros sectores do comércio e serviços está já enraizado e com resultados comprovados. Um dos entraves prende-se com a necessidade de custos na sistematização destes conceitos, mas que, com o

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2

devido esforço e tempo de implantação, se prevê serem de enorme mais-valia para o ramo, como se comprova pela experiencia noutros domínios da prestação de serviços, embora sendo as realidades muito diferentes.

É do consentimento geral, no seio do universo da construção, que a implementação de software em obras de complexidade e grau de dificuldade elevado, é de difícil experienciação. Tendo as ferramentas informáticas um caráter padronizado e sequencial, a sua aplicação em obras complexas, como são o exemplo de obras de reabilitação, obras nas quais os recursos em termos de área de estaleiro são limitados, obras com prazos restritos ou ainda obras nas quais existem constantes atualizações de projeto, é um desafio para os softwares e também para os seus utilizadores.

1.2. PROBLEMÁTICA

O setor da construção não deve estar alheio às necessidades de evolução impostas pelo mercado, cada vez mais competitivo, que determinam novas técnicas de atuação, gestão e controlo. Mantendo o foco no controlo de qualidade, com o desenvolvimento dos meios tecnológicos, percebe-se que, no domínio da construção, estas potencialidades não estão a ser exploradas tanto quanto a competitividade e os tempos modernos assim obrigam. A reserva quanto à implementação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na esfera da engenharia civil, mais concretamente no controlo de qualidade, espelha-se na forma antiquada como o controlo da conformidade é realizado em Portugal. Se é verdade que, na maioria dos sectores, já são utilizados meios informatizados de forma a garantir qualidade do produto final, um fluxo de informação otimizado que responda às necessidades, redução de custos e aumento de receitas, também não é menos verdade que, no contexto da construção, esta ferramenta continua a ser muito subvalorizada.

Aparece, portanto, uma janela de oportunidade para a criação de algo que não sendo novo, quando o termo de comparação são outros países mais desenvolvidos no plano de controlo de qualidade ou outros setores prestadores de serviços, mas que para a realidade atual do país e da Europa se afigura como algo com muito potencial. Um software voltado para os sistemas de controlo de qualidade/conformidade que encerre não apenas o armazenamento detalhado e criterioso da informação, com difusão racional pelos diferentes intervenientes de obra, mas também que funcione como ferramenta empresarial de gestão, elevando as empresas a um patamar de profissionalismo e qualidade que se reveja em receitas, competência reconhecida e valor de mercado.

A criação da aplicação informática SICCO, integrada na Tese de Mestrado do agora Eng. Rui Bessa, apresentou-se como potencial solucionador da lacuna existente no sector, relativo à vertente da fiscalização, nas suas funções de controlador de conformidade, difusor de informação e intermediação. Tratando-se de um projeto ainda em estado embrionário, não estando inserido no mercado e ao qual ainda não se pode dar a definição de protótipo, ostenta potencialidades que se afiguram de extrema importância, e sobre as quais, recairá muito do trabalho realizado no controlo de conformidade, qualidade e desempenho num futuro próximo.

Vislumbrando todas estas faculdades relativas ao software mencionado, é importante perceber a sua estruturação física, o seu conteúdo informativo, o seu manuseamento e o real benefício que pode trazer, ou não, para o controlo da conformidade em obras complexas, como é o caso de algumas obras de reabilitação.

(21)

3 1.3. OBJETIVOS

A execução de uma tese de mestrado passa, não apenas pelo estudo teórico dos conceitos intrínsecos à temática, mas também pelo desenvolvimento e aprofundamento dos mesmos. Não se tratará apenas de retratar algo já existente, mas sim de contribuir com o desenvolvimento de pensamentos, metodologias e ferramentas, fundamentados não só na realidade da construção dos dias de hoje, mas com uma perspetiva de aperfeiçoamento futuro, com um propósito e objetivos alcançáveis, que possam modernizar e aperfeiçoar um sector que se encontra estagnado.

Numa primeira fase, interessa perceber quais os conceitos, metodologias e ferramentas utilizadas no controlo da qualidade de obras, tanto em Portugal como noutros países, e estabelecer entre eles uma comparação entre o estado de desenvolvimento e cultura de modernização do sector.

O controlo de conformidade anda a par com o controlo da qualidade, controlo esse efetuado tanto sobre os materiais e técnicas construtivas, como custos e prazos a respeitar. A proposta de um software que auxilie na execução das tarefas de fiscalização está intimamente ligada com a perspetiva de redução de custos, de prazos e otimização de processos que facilitem o fluxo de informação, armazenamento e observação da eficácia dos diferentes intervenientes.

Os objetivos da Tese de Mestrado, na perspetiva do autor, prendem-se com o estudo das formas de atuação vigentes, identificação de lacunas e proposta de inserção de software informático na vertente da fiscalização de obras, não com a finalidade de propor o que quer que seja na vertente da programação, mas sim inseri-lo na realidade de obra, identificar e expor as suas mais-valias e ter sentido critico para propor correções a nível de conteúdo e eficácia segundo o ponto de vista do utilizador. Testar o software SICCO em obras complexas, de forma a, identificar erros, lacunas e proporem-se desenvolvimentos. Para se proceder a esta avaliação/teste é necessário desenvolver uma metodologia específica que argumente os resultados obtidos

1.4. ÂMBITO

A importância do controlo de qualidade na construção é cada vez mais latente. A sociedade assim o obriga, bem como o mercado, cada vez mais competitivo, que imputa ao responsável pela qualidade e conformidade, uma missão não só de supervisor, como de gestor de meios e recursos. No sector da construção, a necessidade de modernização, desde qualificações até ferramentas e metodologias é prioritário, estando a área do controlo de qualidade na frente de todas estas necessidades, visto tratar-se de uma responsabilidade que influencia, direta ou indiretamente, todos os subtratar-sectores da engenharia civil.

A inclusão de sistemas informatizados na gestão de qualidade é um passo fundamental a dar para a otimização dum setor muito ligado ao passado e raramente voltado para tudo o que seja novidade, mesmo que esta apresente resultados comprovados, tanto noutros sectores como no próprio sector, mas noutros países.

A proposta apresentada pelo criador da aplicação informática não é mais do que transformar para um estado físico, através das ferramentas já disponíveis, as necessidades visíveis aos olhos de todos, apesar da desconfiança que vigora em muitos dos intervenientes do sector.

(22)

4

1.5. METODOLOGIA

Para que o trabalho proposto siga linhas de atuação bem vincadas e sem dispersão de tempo, é desenvolvida uma metodologia de trabalho que estabeleça uma ligação o mais linear possível entre a problemática e o objetivo final.

Inicialmente, efetua-se um trabalho exaustivo, no sentido de obter a maior informação possível sobre o meio em que se insere a temática desta tese de mestrado, ao nível de teses e artigos científicos da especialidade, referentes ao âmbito de controlo do controlo da conformidade na construção, análise

SWOT, custo inerentes ao controlo de qualidade, custos associados a retrabalho, tecnologias da

informação, processos de controlo de qualidade e análise de software na ótica da Engenharia Civil, para deste modo, fazer um enquadramento do tipo de atuação atual, a sua importância, as principais lacunas e o que se prevê que possa vir a evoluir.

Numa segunda etapa, é necessário analisar o caso de estudo, desde a obra em questão, a prazos e valores envolvidos, tipo de fiscalização efetuada, tecnologias construtivas adotadas e ferramentas disponíveis. Com todas estas informações e recorrendo a mapas de tarefas e quantidades, memórias descritivas e peças desenhadas, torna-se relevante fazer todo um trabalho de gabinete, transportando a informação para o software que o autor se propôs a analisar em termos de real valor e eficácia para a obra. A criação de fichas de controlo de conformidade correspondestes a tarefas que decorrerão no timing previsto de controlo em obra é fundamental, estando estas intimamente ligadas à forma como se quer efetuar o controlo de conformidade e ao nível de relevância que se pretende atribuir a cada tarefa.

O próximo passo destina-se à presença em obra e ao controlo da conformidade propriamente dita. Utilizando como ferramenta a aplicação informática, são preenchidas as fichas de controlo de conformidade para as diferentes tarefas a decorrer, dissociando a fiscalização efetuada pela empresa responsável nessa obra da que está a ser realizada com recurso ao programa. Conjuntamente com todo o restante trabalho, é da maior importância analisar os fluxos de informação, perceber como são praticados e eventuais falhas.

Após a recolha de toda a informação em obra, correspondente a fichas de controlo de conformidade, fluxos de informação e controlo efetuada pela empresa responsável pela conformidade, procede-se a uma análise dos dados recolhidos, e, consequentemente, a um diagnostico do software, as mais-valias, as omissões de informação, a sua estrutura no que ao utilizador diz respeito e a viabilidade da sua inclusão no mercado de trabalho, focando essencialmente no sector fiscalizador. Basicamente, o pretendido será fazer uma análise comparativa e individual do programa o mais detalhada possível para facilitar a obtenção de conclusões bem fundamentadas.

Por último, um resumo das conclusões tiradas apos a utilização e análise da aplicação informática, com propostas para o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido até então, fundamentado em toda a análise anteriormente realizada.

1.6. ESTRUTURAÇÃO

É fundamental seguir uma linha de ideias, que se pretende ser bem orientada, no sentido de uma conclusão final, para minimizar percalços e evitar o mais possível a dispersão do que realmente interessa na ótica do consultor/leitor.

(23)

5 A divisão por capítulos (seis capítulos) prende-se com a necessidade de organização do trabalho de investigação científica, no universo do controlo de conformidade e do controlo de qualidade, de modo a facilitar a leitura e a sua consulta.

O primeiro capítulo, 1 - Introdução, assenta no enquadramento do conceito da tese de mestrado, na forma como se desenvolve e na evolução que deve existir nesta área da engenharia civil. Passa, também, pela elaboração de uma síntese da problemática no âmbito do controlo da conformidade e o tipo de ferramentas a explorar no presente e no futuro. Pretende, ainda, assessorar o leitor dos objetivos primordiais da tese, a organização da mesma e a esfera laboral e de pensamento em que se insere. No segundo capítulo, 2 -Síntese do Conhecimento, o seu conteúdo debruça-se sobre os conceitos básicos que servem de fundamento à elaboração da tese de mestrado, alicerçado em teses de mestrado já realizadas, artigos científicos que se enquadrem na problemática e estudos científicos de casos que possam auxiliar, da melhor forma, o presente trabalho.

Depois de um enquadramento geral da temática e de fundamentação teórica, o terceiro capítulo, 3 - Caso de Estudo, terá como propósito a apresentação do âmbito físico em que a tese estará inserida, tipologia da obra correspondente, local e datas de início e de previsão de fim, empresa responsável pelo controlo de conformidade, bem como Dono de obra e restantes intervenientes. Pretende, também, apresentar a metodologia seguida pela equipa de controlo de qualidade, no que respeita a fluxos de informação, reuniões de obra, rotinas de inspeção e tratamento de não conformidades.

No capítulo seguinte, 4 - Apresentação do Software e Modelo de Controlo de Conformidade Adotado, o conteúdo debruça-se sobre o funcionamento do programa, os dados a ser introduzidos, os que se pretende obter e metodologia seguida para proceder ao controlo de conformidade por via da ferramenta informática.

O capítulo cinco, 5 - Apresentação dos resultados e Análise ao Software, centra-se na discussão dos resultados obtidos com a experimentação do software no caso de estudo anteriormente apresentado. Expondo as vantagens e inconvenientes que esta ferramenta e metodologia de fiscalização comportam, analisando a sua eficácia e o verdadeiro relevo que esta evolução de meios pode importar para o âmbito da fiscalização de obras, em particular, e para o sector da construção de uma forma mais abrangente. Finaliza-se com uma análise SWOT à ferramenta, iniciando a temática dos desenvolvimentos futuros. Por último o capítulo seis, 6 - Conclusão, onde se apresenta o real valor da utilização de meios informáticos, mais especificamente o software em análise, na ótica do controlo de qualidade, avaliação de eficácia na construção e controlo de conformidade. Uma conclusão sobre as necessidades que o programa ainda exige e alguns pareceres quanto à colmatação de falhas de conteúdo, habituais num projeto ainda numa fase primitiva, não esquecendo propostas de enriquecimento do software.

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(25)

7

2

SÍNTESE DO

CONHECIMENTO

2.1. ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL 2.1.1. QUALIDADE

Ao longo de décadas o conceito de qualidade tem sofrido inúmeras atualizações, evoluindo de forma natural dado os múltiplos autores que se debruçaram sobre esta temática. Todo o serviço ou produto que cumpre a função desejada e vai de encontro ou supera as espectativas do utente, numa visão geral da temática, é considerado com qualidade.

O conceito de qualidade começou a tomar forma a partir do inicio do século passado, focando-se inicialmente na inspeção, onde o interesse principal se centrava na verificação. Adotava como visão do conceito a problemática a resolver, alicerçado na uniformidade do produto através de instrumentos de medição, com os profissionais da qualidade a desempenharem um papel de inspetor, classificador e avaliador, orientando o seu desempenho para a inspeção da qualidade.

Décadas depois, o conceito foi revisto e atualizado, convergindo para o controlo estatístico da qualidade, onde o interesse básico não era mais do que o controlo. Apresentava uma visão da qualidade bastante similar à do seu antecedente, mantendo o seu foco na problemática a resolver, garantindo a uniformidade do produto e recorrendo a menos inspeções, sendo para isso utilizadas ferramentas e técnicas estatísticas. Muda-se ligeiramente a função dos profissionais, agora com maior preocupação no solucionamento dos problemas, variando o enfoque para o controlo da qualidade.

Poucas décadas volvidas e nova atualização de ideias, no que à qualidade diz respeito. A garantia da qualidade passa a ser a característica fundamental desta nova fase na evolução do conceito, voltando o seu interesse para a coordenação e destacando-se os seus profissionais na área do planeamento e medição da qualidade orientada para a construção da qualidade, suportada numa problemática com necessidade de resolução, problemática essa enfrentada de uma forma pró-ativa, facto que não acontecia anteriormente. Nesta fase, começa a existir uma enorme envolvência de todos os intervenientes da cadeia de fabricação/produção, desde o projeto até à colocação no mercado, contribuído de forma eficaz para a garantia da qualidade.

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8

A maior de todos as evoluções é presenciada nos finais dos anos 70, inicio dos anos 80, com a entrada em cena da Gestão da Qualidade Total (TQM, Total Quality Management). Surge como uma oportunidade de diferenciação da forte concorrência do mercado moderno, focando-se nas necessidades do cliente e desempenhando um papel fundamental na manobra estratégica da empresa. Os seus profissionais debruçam-se, essencialmente, no planeamento estratégico fundamentado no estabelecimento de objetivos, de forma a gerir da melhor maneira a qualidade, mantendo a competitividade com as restantes entidades do meio empresarial.

Fig. 1 - Evolução do Conceito Qualidade [1]

A definição de qualidade tem também sofrido alterações com o passar dos tempos, sendo a mais recente apresentada pela ISO 9000:2008 (International Organization for Standardization) que a descreve do seguinte modo, “O grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz os requisitos” [2], de uma forma bastante resumida e até diminuta do real alcance que esta temática impõe, a qualidade centra-se no atendimento absoluto às necessidades do cliente.

A gestão da qualidade associada à gestão da informação, apresenta-se como principal propósito do

software a testar. A base da gestão da qualidade está no desenvolvimento do conceito qualidade. Na

vertente atual do programa, direcionada especialmente para a fiscalização de obras, a gestão da qualidade/controlo da conformidade inerentes ao ato de fiscalizar são ponto central, mas não único, com vista à finalidade atribuída á aplicação informática.

O conceito de qualidade está amplamente ligado ao trabalho realizado. Sendo o controlo da conformidade parte integrante do controlo da qualidade, e por sua vez o controlo da qualidade uma metodologia proveniente do conceito de qualidade, apresenta-se do maior interesse adquirir conhecimento sobre esta temática.

(27)

9

2.1.2. TOTAL QUALITY MANAGEMENT 2.1.2.1. Enquadramento histórico/cultural

Gestão da qualidade total ou, como é mais conhecido internacionalmente, Total Quality

Management (TQM), não é mais do que uma metodologia de gestão, que impõe como premissa a

satisfação do cliente e a melhoria contínua. O sucesso da organização passa pela satisfação das espectativas do cliente, integrando a produção e os processos que alicerçam os procedimentos de qualidade.

Diferentes abordagens teóricas foram sendo formalizadas ao longo do tempo com principal relevo para cinco autores, Armand Feigenbaum, William Edwards Deming, Joseph Moses Juran, Philip Crosby e Kaoru Ishikawa. Todos apresentaram visões diferentes da metodologia TQM, mas, ainda assim, com muitos pontos em comum.

Tabela1 - Abordagem teórica segundo Autor

Autor Abordagem teórica

Armand Feigenbaum

O foco no cliente é o epicentro da metodologia. A qualidade do produto deve ser uma preocupação mais a jusante da sua produção, partindo dos desejos do cliente, passando assim a qualidade a ser uma virtude da empresa como um todo [3].

William Edwards Deming

Considerado por muitos o mestre da qualidade, alicerçou o seu trabalho na redução de custos e aumento da qualidade, sendo ainda responsável pela difusão ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action), ciclo esse que serve de base a muita da metodologia da Gestão da Qualidade Total [3].

Joseph Moses Juran

Essencialmente focado na organização dos custos da qualidade, o autor propõe como diretrizes para obtenção de melhores resultados o planeamento, controlo e aperfeiçoamento da qualidade [3].

Philip Crosby

Na ótica do autor, a qualidade definia-se como sendo a conformidade com as especificações, sofrendo as devidas mudanças, tendo em conta o cliente específico. Um zelador da prevenção, como influenciador da qualidade e acérrimo defensor dos conceitos por si amplamente divulgados, “defeito zero” e “fazer bem á primeira vez” [3].

Kaoru Ishikawa

A sua abordagem é baseada em dois autores anteriormente mencionados, Deming e Juran. Para Ishikawa apenas com o envolvimento na qualidade total de todos os intervenientes, a mesma poderia ser alcançada [3].

(28)

10

A gestão da qualidade centra-se nos seguintes dez princípios:  Satisfação Total do Cliente

 Desenvolvimento dos Recursos Humanos;  Constância de Propósitos;  Gerência Participativa;  Aperfeiçoamento Contínuo;  Garantia da Qualidade;  Delegação;  Evitar Erros;  Gerência de Processos;  Disseminação de Informações.

Os princípios da gestão da qualidade total não são mais do que diretrizes a seguir, no sentido da obtenção de conformidade, tendo em conta o desejo, na ótica do cliente, procurando sempre, por parte das organizações, ultrapassar as espectativas impostas pelo mercado e pelo usuário, e contribuir para uma melhoria contínua de processos e do produto final.

2.1.2.2.

Gestão por processos (TQM)

O ciclo PDCA não é mais do que um método de gestão das organizações, demostrando que o planeamento não é um bem adquirido e absoluto, mas sim um processo suscetível de mudanças e atualizações, transformando todo o procedimento num ciclo contínuo. Amplamente divulgado por Derming, mas formalizado por outro autor, Walter A. Shewhart, décadas antes, o ciclo PDCA assenta em 4 fases: Planeamento (Plan), Execução (Do), Verificação (check), Atuação (Act) [3]. Cada etapa contribui para uma melhoria contínua do sistema, a sua padronização e a melhoria da gestão através do controlo otimizador dos processos.

 Planeamento (Plan): prende-se com a necessidade de estabelecer objetivos e processos, de forma a atestar a meta pretendida e delinear um plano com fundamento nas informações recolhidas de todos os apetrechos referentes á qualidade. Poderia estar dividida em quatro subfases: identificação, observação, análise e plano de ação;

 Execução (Do): por muitos considerado a fase mais importante de todo o ciclo, consiste em pôr em prática o plano delineado na fase anterior bem como o registo de todos os resultados;  Verificação (Check): análise dos resultados obtidos na fase antecedente bem como a conclusão

em relação ao planeamento definido e à sua execução. Pode ser efetuada a par com a fase de execução ou realizada posteriormente;

 Atuação (Act): avaliação do rendimento. Se a meta foi alcançada padroniza-se a solução, caso não o seja, inicia-se novo ciclo com um plano de atuação distinto. Pode também ser dissecada em duas subfases: padronização e conclusão;

(29)

11

Utilizando este modelo de gestão apresentado pelo ciclo PDCA, onde a melhoria contínua se vislumbra como ponto fulcral, associado à gestão da qualidade, direcionando o foco para os desejos e necessidades do cliente, surge o modelo de processos baseados no sistema de gestão da qualidade. A combinação entre a gestão da qualidade e a melhoria contínua encaminha-nos para o seguinte esquema:

Fig. 3 - Ciclo de Melhoria Continua

A inclusão do ciclo PDCA num sistema de Gestão da Qualidade transporta-nos para um sistema de qualidade baseado em processos.

Os conceitos de TQM associados a um Sistema de Qualidade Baseado em Processos, são de enorme relevância para a presente dissertação, uma vez que, o software a testar em ambiente laboral, destina-se a uma sistematização de processos através de uma extensa base de dados, futuramente otimizada com

Plan

Do Check

Act

(30)

12

base no ProNIC (Protocolo para a Normalização da Informação Técnica na Construção), a partir da qual se pretende uma melhoria contínua recorrendo às potencialidades da aplicação Web. O contexto dessa melhoria assenta em Indicadores Chave de Performance, mais vulgarmente conhecidos por KPI’s (sigla do inglês Key Performance Indicator), os quais definem o rendimento de processos e intervenientes, analisando toda a metodologia por de trás do processo de fiscalização. Dado que o programa, no cenário atual, se destina preferencialmente à fiscalização de obras, a capacidade de interligação veloz da informação entre os intervenientes da obra e organização da mesma, bem como análises de performances gerais de processos e pessoas, apresentam-se como pontos favoráveis do software que denota por parte do seu criador a preocupação de seguir diretrizes adotadas na filosofia TQM.

2.1.2.3. Normas ISO

Justifica-se uma breve introdução sobre esta temática que, apesar de não ser tão contígua ao real tema da presente tese de mestrado, após pesquisa bibliográfica, se demostrou intimamente ligada com o conceito de Gestão da qualidade total, na ótica da implementação de ambos.

International Organization for standardization, com a correspondente sigla ISO (do grego igual) [4],

trata-se de uma entidade de padronização e normalização criada, não só na ótica da construção, mas abrangente a uma vasta área de serviços e comércio. Tem como objetivo a aprovação das mais variadas normas internacionais na tentativa de padronização no que diz respeito à conformidade e qualidade. Segue uma filosofia direcionada para o aperfeiçoamento dos pormenores referentes aos processos que se revelem deficientes, não abrangendo a análise a resultados que se encontrem em consonância com o pretendido. As semelhanças com a gestão da qualidade total realmente existem, diferenciando-se na análise dos resultados e na melhoria de processos. Na filosofia ISO apenas se aplicam sobre as falhas e na gestão da qualidade total é abrangente ao processo de forma global, por forma a, permitir uma melhoria do que potencialmente já se apresente como satisfatório [5].

2.1.3. INFORMATION MANAGEMENT

No presente trabalho, a gestão de informação (em inglês Information Management) é de enorme importância para a compreensão da filosofia atual do mundo empresarial, cada vez mais dependente desta ferramenta organizativa e de gestão, e sobre a qual assentam muitas das potencialidades do

software a ser testado. Uma boa gestão da informação proporciona aos seus intervenientes uma melhor

resposta às necessidades empresariais, com a maior brevidade possível, otimizando todo o processo decisório, encurtando o caminho entre quem produz a informação e o elemento deliberante.

Por definição, Gestão da informação é o “processo de busca, identificação, classificação,

processamento, armazenamento e disseminação de informações” [6].

Não obstante à atual forma de conservação, processamento e dispersão, através de meios digitais, a Gestão de Informação era já aplicada muito antes da era Informática, utilizando metodologias e meios mais arcaicos, através de técnicas de arquivamento, recurso a bases de dados de arquivos elaborados manualmente e com uma disseminação de informação muito mais demorada e frequentemente com grande número de perdas. Na atualidade, é impensável que o mundo empresarial/organizacional funcione sem recurso à informação e sua distribuição pelos vários intervenientes e decisores, visto tratar-se de um elemento impulsionador de todos os fenómenos que ocorrem no tratar-seio da organização. Existe

(31)

13 uma total dependência entre os intervenientes, unidades e setores de uma empresa, e a informação produzida por cada um deles, daí que, a disseminação e interligação, no que toca à informação, sejam de extrema importância para um aumento qualitativo no funcionamento, assente em políticas organizativas e geridas de forma a aumentar a competitividade no meio associativo.

Assente na política de que uma boa gestão de informação potencia a maximização de recursos e diminuição de encargos, melhorando qualitativamente a entidade no que toca ao seu funcionamento e produto final, não se compreende como existem ainda organizações que não

criaram bases para

potenciar ao máximo as informações que lhe são próprias e as que podem obter.

Padronizando a informação através de um sistema, o fluxo do conhecimento acontece de forma mais assertiva e confiável, visto que quanto melhor for a informação, melhor serão as decisões. A integridade, estabilidade e segurança da informação ficam asseguradas no caso de o sistema funcionar de maneira fiável e a produtividade sai fortalecida e melhorada.

Fazendo um paralelismo com o software a ser testado, a gestão de informação é um ponto-chave aquando da criação do programa. Interligação entre os vários intervenientes de obra, com um fluxo informativo otimizado, colmatando muitas das lacunas existentes na fiscalização de obras e na construção em geral, foi sem sombra de dúvida uma das maiores preocupações aquando da sua realização, se bem que com algumas arestas a limar.

2.1.4. ANÁLISE SWOT

Trata-se de um dos conceitos sobre o qual se alicerça o trabalho a desenvolver na presente tese. Revistas as potencialidades que o software comporta, é, portanto, necessário analisa-lo não só do posto de vista conceptual e de funcionalidade, mas também numa perspetiva futura das suas competências tendo em vista o que pode e deve ser melhorado.

A sigla SWOT deriva das palavras em inglês Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats, em português Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças, proporcionando uma análise interna, no que às Forças e Fraquezas diz respeito, e uma análise externa, quando se tem em conta as Oportunidades e Ameaças. Vendo de outro prisma, pode ser explorada tendo em conta os elementos favoráveis, tratando as Forças e Oportunidades, e por contraponto, os desfavoráveis, referindo-se as Fraquezas e Ameaças. Tratando a temática ponto por ponto (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), consegue-se perceber de forma mais explícita o que é que esta ferramenta de potenciamento e planeamento estratégico quer realmente transmitir, qual o seu enfoque e, consequentemente, a sua utilidade.

 Forças: numa instituição ou projeto, todos os elementos que para ele trazem benefício, são vistos como forças, que estão sobre a sua alçada e que potenciam o melhor resultado final.

 Fraquezas: em consonância com o ponto anterior, trata também de elementos internos que estão sobre a influência do decisor, mas que complementam de forma negativa as forças do projeto ou corporação, incidindo sobre os elementos não vantajosos para o fim desejado.

 Oportunidades: trata uma realidade externa ao projeto que o afete de forma positiva, desde alterações sociais, politicas ou até mesmo económicas, contribuindo para o desenvolvimento ou potencialização da organização ou atividade.

 Ameaças: novamente trata de situações externas ao que se encontra em análise, com capacidade para fragilizar a organização, devendo ser tratadas como um desafio imposto ao projeto, acautelando medidas de minimização de estragos.

(32)

14

A análise SWOT exibe-se como etapa fundamental na programação e planeamento estratégico de qualquer entidade, projeto ou atividade que se pretende ser de excelência. Ainda assim, dado o seu caráter subjetivo, por vezes leva a uma análise deficiente dos pontos fulcrais das temáticas, com a omissão tópicos ou desorganização dos quatro pontos centrais da metodologia. [7]

ESTADO DE ARTE

Após alguma pesquisa, tendo em conta o tempo disponível, com recurso a artigos científicos sobre as temáticas mais influentes para o presente trabalho, procedeu-se a uma análise descritiva de todos os dados adquiridos.

Tendo em conta o real valor de cada temática para o propósito da presente dissertação, a pesquisa incidiu preferencialmente sobre os assuntos que se projeta serem relevantes para o desenvolvimento da mesma. Partindo da premissa anterior, com naturalidade se percebe que a gestão da informação e as Tecnologias da Informação surgem como um tópico de pesquisa muito interessante, visto se estar a tratar da implantação de um software informático no ramo da construção, mais particularmente na fiscalização de obras. Estando a fiscalização de obras intimamente ligada ao controlo de qualidade, parece óbvio que este conceito associado com o de TQM (Gestão da qualidade total) sejam da maior importância para compreender a necessidade e estruturação da aplicação informática a testar. Questões como o desenvolvimento da definição Qualidade e a sua evolução temporal não parecem ser assuntos sobre os quais a pesquisa mais deva recair, visto que, estas temáticas foram já amplamente debatidas e aprofundadas em outras teses de mestrado na área da fiscalização e do controle de qualidade, não se devendo, ainda assim, deixar de fazer uma pequena menção sobre o assunto, uma vez que são a base das bases de todo o controle de qualidade.

Do ponto de vista do autor, é também importante aprofundar alguns assuntos relacionados com o controlo de qualidade. A questão dos custos da qualidade e do retrabalho apresentam-se nos dias de hoje como área fundamental em qualquer obra de construção, tudo o que possa reduzir tempo, aumentar qualidade e diminuir encargos é uma preocupação.

Posto isto, e colocando como pano de fundo o conceito de controlo de conformidade/qualidade, sobre o qual incide toda a análise de funcionamento e resultados, organizou-se um gráfico circular (a que corresponde a Fig.4) para compreender a real parcela que cada uma destas temáticas representa para a pesquisa bibliográfica apresentada.

9 7 5 4 3 3 2 2 1 Tecnologias da Informação TQM Gestão da Informação ISO 9000 Análise Swot Custo da qualidade Controle de qualidade Retrabalho Qualidade Fig. 4 - Nº de artigos por temática

(33)

15 Toda a pesquisa recai sobre artigos e estudos presentes em revistas científicas da especialidade, publicações essas na sua grande maioria estrangeiras. Como é possível concluir a partir da análise ao gráfico anterior, as Tecnologias da Informação a par da Gestão da Qualidade total e da Gestão da Informação, com 9, 7 e 5 artigos científicos respetivamente, são temáticas mais abrangentes que, a par da Analise SWOT, Controle de Qualidade, Custo da qualidade e retrabalho servem de suporte para a compreensão do real valor do software a testar, e que, por consequência, estão intimamente ligadas à temática do presente trabalho. Artigos que se debruçam sobre as Normas ISO 9000 e a Qualidade na sua essência e conceito foram já muito esmiuçados, daí que o relevo dado a estas temáticas não seja da mesma dimensão que as restantes.

Fazendo pender o foco para a quantidade de autores que se debruçaram sobre os diferentes assuntos regularmente mencionados neste capítulo, é possível fazer uma analogia entre o número de autores e os temas fruto de exploração (como se pode ver na Fig. 5), tendo em conta, obviamente, apenas as referências selecionadas.

Da análise às referências escolhidas, ressalta à vista que alguns dos nomes são reincidentes no que toca a publicações, daí que, o interesse, meramente estatístico, do número de artigos por autor se torne uma simples curiosidade a contemplar de forma gráfica.

3 2 2 2 2 1 Hongyi Sun Low Sui Pheng Peter E. D. Love Zahir Irani

Rosli Mohamada Zin Restantes 26 11 11 9 9 8 8 7 3 0 5 10 15 20 25 30 Nº d e a u to re s

Fig. 5 - Nº de autores por temática

(34)

16

De forma a compreender o universo temporal sobre o qual se debruça a publicação dos estudos e artigos científicos eleitos para análise bibliográfica, organiza-se um gráfico de barras que expõe o alcance cronológico da pesquisa realizada, tendo como principal enfoque as publicações datadas do novo milénio, visto que muitas das anteriores servem de referência para as mais recentes, existindo, portanto, um atualizar de ideias e mentalidades, tendo em conta conjunturas económicas e sociais diferentes. De seguida, na Fig. 7, apresenta-se o gráfico de barras que agrega o número de artigos por ordem cronológica.

Fig. 7 - Nº de artigos por ordem cronológica

O fundamento de toda esta análise está em perceber quais as temáticas mais interessantes e que merecem maior atenção por parte do autor, expor o intervalo cronológico mais favorável para estudo/pesquisa e evidenciar a diversidade quantitativa e cultural dos diferentes autores.

2.3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Todos os artigos observados e analisados possuem informação preciosa para a obtenção de uma base teórica para o presente estudo, mas dos 26 artigos/estudos selecionados, após triagem, surgem 8 que se revelam de maior importância, tendo em conta os conceitos e conhecimentos que comportam em si. Em 2012 surge uma publicação no The TQM Journal, de um artigo da autoria de H. James Harrington, Frank Voehl, Hal Wiggin, sobre a aplicação da Gestão da Qualidade Total inserida no contexto da construção civil, intitulado "Applying TQM to the construction industry", onde os autores se debruçam sobre os problemas da qualidade e produtividade enfrentados pelo ramo da construção nos dias que correm. Através da catalogação dessas anomalias, os autores concluem que existe uma enorme falha na abordagem por parte das empresas, no que toca às metodologias da qualidade e a sua pesquisa, subscrevendo a ideia de que as profissões contíguas à construção sofrem de uma conotação negativa, vistas mesmo como indesejáveis. Outro dos grandes problemas da qualidade/produtividade na construção prende-se com a dificuldade de fazer a ponte entre o Controlo de Qualidade e as técnicas de

0 1 2 3 4 1 9 8 9 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 n º d e a rti g o s Ano

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17 Gestão da Qualidade Total, existindo enormes reticências quanto ao tempo de implementação que esta metodologia pode acarretar [8].

Mesmo sendo um tema já bastante debatido, a qualidade na construção continua a ser um assunto na ordem do dia, prova disso é o estudo de caso realizado em 2016 pelos autores Luai Jraisat , Lana Jreisat e Christine Hattar , de seu título "Quality in construction management: an exploratory study". Publicado pelo International Journal of Quality & Reliability Management, trata da problemática referente à deficitária implementação de medidas de qualidade que tem como consequência um gasto desnecessário em recursos e materiais, imputando à empresa os custos que lhe estão associados. Apesar de se tratar de um estudo que tem por base um país em desenvolvimento, dada a sua recente publicação e a forma precária como as medidas de Qualidade no domínio da construção em Portugal se tem desenrolado, apresenta-se com algum interesse para a perceção das patologias e perspetivas de solucionamento [9]. Um ponto-chave para análise de eficácia do programa a ser testado, passa pela utilização da ferramenta de gestão estratégica (no presente caso de otimização), a qual se designa Análise Swot. Em 2010, os autores Marilyn M. Helms, Judy Nixon realizaram um estudo, publicado pelo Journal of Strategy and

Management, que se centrava na avaliação desta metodologia estratégica, na forma de aplicação e

possíveis atualizações. Com o título "Exploring SWOT analysis – where are we now? A review of

academic research from the last decade", o estudo demostra, não só as potencialidades desta

metodologia, mas também as deficiências que lhe estão implícitas, tendo em vista a sua aparente facilidade de aplicação. Faz referência também à necessidade de evolução da organização desta ferramenta para potenciar, mais ainda, os objetivos a que se predispõe [10].

Em consonância com as conclusões extraídas do artigo anterior, referentes à necessidade de atualização da metodologia de Análise Swot, Ravi Agarwal, Wolfgang Grassl e Joy Pahl, coautores do artigo "Meta‐

SWOT: introducing a new strategic planning tool", reproduzido pelo “Journal of Business Strategy”,

defendem a ideia de que devido à sua natureza subjetiva, não sistemática, não quantitativa e deficitária no que respeita à previsão, a Análise Swot é uma metodologia ainda imcompleta no contexto do planeamento estratégico. Posto isto, e na tentativa de colmatar estas anomalias, os autores propõe a introdução de um software denominado Meta-Swot, que se baseia numa abordagem do interior para o exterior, orientando os decisores para um processo sistemático de perguntas e respostas para, deste modo, gerar um mapa estratégico que aumente as capacidades de um planeamento eficaz [11].

Assim como o criador do programa objeto de análise neste trabalho, também os autores Andrew Miller, David Radcliffe e Erik Isokangas têm uma visão mais tecnológica sobre os métodos e ferramentas usadas na construção. Através do artigo intitulado "A perception‐influence model for the management

of technology implementation in construction", publicado pelo jornal internacional “Construction Innovation”, os autores pretendem analisar a perceção que os intervenientes têm sobre a temática da

introdução das tecnologias no setor da construção, demostrando que a reserva do setor em relação a esta temática, se prende com o receio dos elevados custos, falta de eficácia, dificuldade de usabilidade e demora de interiorização que estas possam transportar em si [12]. O artigo pretende, portanto, desmistificar toda estas potenciais dificuldades, utilizando as reações dos utilizadores, mapeando-as e servindo-se delas como base para uma metodologia de implantação de inovação.

Outro artigo que está intimamente ligado com o objetivo de introdução do software de controlo de conformidade em obras de construção intitula-se "Mobile application prototype for on‐site information

management in construction industry", desenvolvido por Mehdi Nourbakhsh, Rosli Mohamad Zin,

Javier Irizarry, Samaneh Zolfagharian e Masoud Gheisari. Nesta publicação, os autores centram-se na investigação dos requisitos de informação para aplicações moveis a empregar em projetos de construção,

(36)

18

em paralelo com provas de usabilidade destas mesmas aplicações no setor. De certo modo, também estes fazem uma Análise Swot ao aplicativo móvel testado [13].

A temática da gestão da qualidade está intrinsecamente relacionada com os sistemas de informação e aos benefícios que estes podem comportar para o núcleo da construção. Segundo os autores Peter E.D. Love e Zahir Irani, através do artigo publicado em 2003 intitulado “A project management quality cost

information system for the construction industry”, a não existência de sistemas integrados de informação

no controlo de qualidade na construção leva a um aumento nos “desperdícios, custos desnecessários,

maior dimensão de erros, mal entendidos e consequentemente retrabalho”[14]. Este facto leva a um

aumento de prazos e custos totais. Com a implementação de estratégias alicerçadas em sistemas de informação, estes poderiam ser reduzidos, visto os custos da qualidade, segundo o autor, se cifrarem entre “5-25%” [14] com uma fatia de 90% desses custos encaminhada para os erros detetados. Desta forma, o autor propõe dividir os custos em quatro fatias distintas, “prevenção - financiar atividades

destinadas a eliminar causas de defeitos, avaliação - deteção de erros ou defeitos, falhas internas - produtos defeituosos com a implicação de retrabalho e, ainda, falhas externas - custos associados à fase de garantia, como os custos de reparação, reclamações ou compensações” [14]. O autor propõe

um aumento de custos na prevenção que, por consequência, leva a uma diminuição de custos na inspeção e correção. Deste modo, o objetivo do artigo prende-se com a criação de um protótipo de gestão de projetos de qualidade e o seu teste em ambiente real.

Alicerçado na mesma temática, o artigo "Construction Small-Projects Rework Reduction for Capital

Facilities.", da autoria de Zhang, D., Haas, C., Goodrum, P., Caldas, enfatiza os custos decorrentes do

retrabalho, com valores entre os “0.5-19%” [15] do custo total da obra, a deverem as suas causas a desvios na qualidade, não conformidade e defeitos. O objetivo dos autores passa por criar processos de redução de retrabalho, olhando o retrabalho como uma melhoria produtiva em vez de um problema de qualidade. No artigo em questão, os autores esmiúçam ainda mais as causas do retrabalho, encontrando cinco pontos centrais: desempenho humano, instrução e comunicação, arquitetura e engenharia, planeamento e programação, e materiais e equipamentos. O estudo desenvolve-se em torno de uma “análise de processos, técnicas, recursos e projetos” [15], com o intuito de criar um “modelo para

implementação de um programa de redução de retrabalho” [15] onde conste uma base de dados de

retrabalho, com a sua magnitude e frequência, e uma análise quantitativa do retrabalho e as causas que lhe são inerentes. Com esse modelo, é possível “fornecer uma estrutura para avaliação consistente do

sistema de monitoramento regular para o controlo de retrabalho” [15].

Todos os artigos interpretados anteriormente revelam-se da maior importância no desenrolar da presente dissertação de mestrado, oferecendo um suporte teórico e cientifico aos conceitos em que se centraliza este estudo.

(37)

19

3

CASO DE ESTUDO

3.1. APRESENTAÇÃO DAS EMPRESAS

3.1.1. EMPRESA RESPONSÁVEL PELO CONTROLO DE CONFORMIDADE

Na tentativa de testar o software, o autor da presente tese de mestrado viu-se na necessidade de experienciar a aplicação informática em obra. Visto tratar-se, no seu estado atual, de um software vocacionado para a fiscalização de obras, nada mais conveniente do que estabelecer contactos com empresas que, dentro das suas áreas produtivas, contemplem a fiscalização/controlo de qualidade. Tendo em conta esta premissa a empresa SOPSEC, S.A. vislumbra-se como uma solução fiável, tendo em conta a vocação que possui para “responder às necessidades da sociedade contemporânea em que se enquadra

e ao profissionalismo que emprega em todos os seus projetos” [16].

A SOPSEC, S.A. é uma empresa fundada a 25 de março de 1988 por três Engenheiros Civis. Contempla diferentes áreas produtivas para além da Gestão e Fiscalização, são elas: Projetos de Engenharia, Projetos de Acústica, Ambiente e ainda Consultoria | Rev. de Projeto. Com um vasto portefólio que se espalha não só em termos geográficos, como é possível perceber pelos trabalhos realizados em vários países espalhados por diferentes continentes, mas também pela ampla abrangência das obras em que participa, listadas de seguida: Habitação | Escritórios, Edifícios Comerciais, Edifícios especiais, Obras de Engenharia Civil, Indústria e Combustíveis, Ambiente e Energia, Reabilitação | Requalificação [16].

3.1.2. EMPRESA CONSTRUTORA

A presente tese de mestrado enquadra-se no âmbito do controlo de conformidade sobre os processos e tarefas executados em obra pela empresa construtora. Faz-se assim uma pequena apresentação da empresa responsável pela empreitada, a esfera de ação da mesma e a sua organização.

A Garcia, Garcia S.A é uma empresa fundada no final do século XIX, com raízes familiares, vocacionada nos seus primórdios para a construção de edifícios industriais, mais precisamente em chaminés de fábricas da indústria têxtil. Com o evoluir dos tempos e as consequentes mudanças na gestão da empresa, sempre dentro do seio familiar, a empresa foi sofrendo as atualizações necessárias para se adaptar às necessidades vigentes. Na década de 60, a empresa sofre um upgrade e investe na área da construção de estruturas industriais integradas [17].

Referências

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