CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
ENSAIO
SOBRE
MARX
E
As
CONSEQÚÊNCIAS
SOCIAIS
Do AVANÇO
TECNOLÓGICO
Monografia
submetida aoDepartamento
de CiênciasEconômicas
para obtenção de cargahorária
na
disciplinaCNM
5420
-Monografia
Autor:
Eduardo
Freiberger ZandavaliOrientador: Prof. Dr. Nildo
Domingos
OuriquesÁrea
de Pesquisa:Economia
PolíticaPalavras-chave: 1. Valor 2. Trabalho
3. Capital 4. Tecnologia
Florianópolis, agosto de 2000.
›
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
A
Banca
Examinadora
resolveu atribuir a nota ... ... ..ao alunoEduardo
FreibergerZandavali
na
disciplinaCNM
5420
-Monografia,
pela apresentação destetrabalho.
Banca
Examinadora: < . Xvywfio
v,
1\_f
Prof. Dr. Nildo
Domingos
Ou
quesr Idaleto Malvezzi
Aued
Presidente
M
Me
_ <
D
Mia
Prof. Dr. Pedro Antônio Vieira E
AGRADECIMENTOS
À
minha
família pelo apoio queme
foidado
eque
permitiram a realizaçãode
meus
estudos.À
todos osmeus
professores,em
especial aomeu
orientador Prof. Dr. NildoDomingos
Ouriques,
que
tanto contribuiram paraminha
formaçao acadêmica.Aos meus
amigos
pelosmomentos
de alegria e companheirismo.CAPÍTULO
1 ~1.INTRODUÇAO
... .. 1.1 Objetivos ... .. 1.1.1 Objetivo Geral ... .. 1.1.2 Objetivo Específico ... .. 1.2Metodologia
... ..1.3
Marco
Teórico Preliminar ... _.CAPÍTULO
22.
MERCADORIA
E
DINHEIRO
... ..2.1
O
caráter fetichistada
mercadoria
e seu segredo 2.2O
processode
troca ... ..2.3
O
dinheiroou
a
circulaçãode
valores ... ..2.3.1
Medida
de
valores ... ..2.3.2
Meio
de
circulação ... ..2.3.3
Dinheiro
... ..CAPÍTULO
33.
O
CAPITAL
... ..3.1
A
transformação
do
dinheiroem
capital ... ..3.2
A
produção da
mais-valia ... ..3.2.1 Mais-valia absoluta e relativa ... ..
3.3
Da
reprodução
simplesà ampliada
... ... ..3.4
A
leida queda
tendencia]da
taxade
lucro ... ..~
3.5
Os
limitesda produçao
capitalista ... ..CAPÍTULO
4
~
5.
A
RELAÇAO
CAPITAL
E
TRABALHO
... ..5.1
Trabalho
produtivo e improdutivo.Produtividade
do
capital....CAPÍTULO
óó.
CONSEQÚÊNCIAS
SOCIAIS
DO
AVANÇO
TECNOLÓGICO
CAPÍTULO
77.
TRABALHO
E
PROPRIEDADE
... ..CAPÍTULO
8s.
OBJETO
E
MÉTODO
DA
ECONOMIA
POLÍTICA
... ..8.1
Objeto
da Economia
Política ... ..`... ..
8.2
O
Método
da
Economia
Política ... ..CAPÍTULO
99.
CONSIDERAÇOES
FINAIS
... ..CAPÍTULO
10RESUMO
Marx,
partindo de suaconcepção
materialistada
história,vê
nas relações econômicas,ou
ainda, nas relações sociais de produção, a anatomiada
sociedadehumana.
Estas relações sociais 9 por sua vez,
correspondem
ao grau de desenvolvimento das forçasprodutivas materiais
da
sociedade.As
relações sociais de produçãodeterminam não
só aestrutura
da
sociedade,formam
também
a base sob a qual ergue-se sua superestruturapolítica e jurídica e as formas sociais determinadas de consciência correspondentes.
Estas relações sociais,
porém,
ao chegar aum
determinado estágiodo
desenvolvimento das forças produtivas, de incentivo ao desenvolvimento
da
mesma,
tornam-se"
em uma
barreira.Sobrevém
entãqperíodos de revolução socialque
acabam
portransforrnar as relações sociais, colocando-as sob
uma
base diferenteda
anterior, a qual corresponde aonovo
grau de desenvolvimento das forças produtivas.Assim
éque no
capítulo introdutóriobuscamos
mostrarnão
só a importânciado
trabalho para aformação do
serhumano
enquanto indivíduobem
como
o serhumano
enquanto ser social,
que
como
talproduz
e reproduz as condições para sua própria existência e, ao se transformarem as condições sob as quaisproduzem
eintercambiam
osprodutos, transformam-se
também
as relações sociais de produção.,~Segue-se,no
Capítulo2, determinando o duplo aspecto das mercadorias
(como
valoresde
uso ede
troca) e a transformação deuma
mercadoria específicaem
equivalente geral, isto é,em
dinheiro.No
Capítulo 3 procura-se mostrar
como
o capital refere-se à circulação ampliada e os limites àessa expansão.
No
Capítulo 4 analisamos o papeldo
crédito e as crises.No
Capítulo 5procura-se determinar a relação capital e trabalho.
No
Capítulo 6procuramos
analisar osefeitos
da
diminuição progressivado
trabalho vivo,com
a utilizaçãoda
maquinaria, para aprodução
capitalista, efeitos estesque decorrem da
propriedade privada dosmeios
deprodução
que enfrenta ao trabalhadorcomo
propriedade alheia (Capítulo 7).No
Capítulo 8procura-se mostrar o
método
utilizado porMarx
para analiseda
estruturaeconômica da
1.
INTRODUÇÃO
“Conseqüências Sociais
do
Avanço
Tecnológico”, este é originalmente o títulode
um
pequeno
livro deMarx
quecontém
uma
passagem
doschamados
Grundrissel. Eletrata principalmente
do
surgimento deum
sistema automático de máquinas, que semove
como
um
autômato, isto é,como
uma
força motrizque põe
a si própriaem
movimento.
Mas
não
se trata de analisar o desenvolvimento tecnológicoem
si, esim
de se extrair asconseqüenciais sociais e
econômicas da
introdução desse sistema.-O processo crescente de
automação
daprodução
leva a diminuição progressivado
trabalho
humano
diretoempregado no
processo produtivo, atéo
pontoem
que de produtordireto o
homem
passa a simples controladordo
processo. produtivo. Isto é, essedesenvolvimento da produtividade
do
trabalho alcançatamanha
magnitude que torna ohomem
liberto da necessidade de por sua força de trabalhono
processo direto de produção.O
homem
consuma, assim, seudomínio
da natureza e de suas leis. Para chegar a esse estádiodo
desenvolvimento das forças produtivas foi precisoum
longo processo histórico,no
qual ohomem
não só aprendeu a produzir osmais
variados produtoscomo
aprendeu aproduzir
em
sociedade.Desde
ascomunidades
primitivas até a formaçãodo mercado
mundial
ohomem
teve de aprender a se relacionarcom
outroshomens,
estabelecendo entresi
um
intercâmbio de produtos.. Durante toda sua história, portanto, ahumanidade
vem
desenvolvendo as forças produtivas materiais e relações sociais para produção e o intercâmbio de produtos.
Nesse
processo,podemos
observaruma
clara correlação entre o grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais e aforma
em
que se estabelece asrelações sociais de produção,
ou
seja, aforma
em
que
aparece o trabalhona
sociedade: trabalho familiar, comunal, escravo, servil, assalariado, etc.Em
suma,/ estas relaçõessociais de produção estão elas
mesmas
em
correspondênciacom
o grau de desenvolvimento das forças produtivas materiaisda
sociedade; porém, ao se alcançarum
graumais
alto de desenvolvimento das forças produtivas, as relações sociais deprodução
que
antes lhe correspondiam e, portanto, lhe serviam de base de sustentação, jánão mais
1
Os Grundrisse constituem-se
em
uma série de apontamentos deixados por Marx na forma de manuscritos eque serviram
em
grande parte para a redação d'O
Capital, mas que não se destinavam originariamente àpublicação.
Mesmo
assim, contémum
rico material que muitas vezes não são encontrados com o mesmo graude desenvolvimento
em
nenhuma outra de suas obras. Os Grundrisse não possuem ainda versãoem
português, por isso utilizamos a versão
em
espanhol (veja-seMARX,
1985, vol. I e II).A
passagem dosGrundrisse que compõem o livro “Conseqüências Sociais do Avanço Tecnológico” (ver
MARX,
1980)alhe
correspondem
e de incentivoque
eram
ao desenvolvimento das forças produtivas tornam-se agoraem
uma
trava àmesma,
razão pela qual são abolidas,dando
lugar auma
nova forma
de relação social.Ao
se desenvolver a maquinaria desenvolveu-setambém
oque
se/
convencionou chamar
dedesemprego
tecnológico. _Qu.al__sera, então, a razão paraque
um
desenvolvimento das forças produtivas
da
sociedade que é omesmo
que
o
desenvolvimento da riqueza da
mesma
redundem
aomesmo
tempo
em
aumento do
a
desemprego
e, é claro, da pobreza dosmembros
da
sociedade.O
que se pretende , nessetrabalho, é examinar de que
forma
oavanço
tecnológico influi nas relações sociais de produção capitalistas,ou
seja, detemlinar as conseqüências sociaisdo avanço
tecnológicona
sociedadeem
que
vivemos.1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo
Geral
_
Compreender
o papel das relaçoeseconômicas
na históriada humanidade
e,assim, o papel dessas relações
em
nosso tempo.Em
última análise, trata-se decompreender
o presente
como
história.1.1.2 Objetivo Específico
Estabelecer a relação social de
produção que
estabelece a base sobreque
sedesenvolve a nossa sociedade, relaciona-la
com
o estágio de desenvolvimento das forças produtivas sociais e se analisar as conseqüências sociais desse avanço tecnológico.1.2
Metodologia
'É
de
Marx
e Engels essaconcepção
da história dahumanidade
como
um
desenvolvimento das forças produtivas sociais e das relações sociais de produçãoque
lhesão correspondentes e que
formam,
portanto, a estruturada sociedade. Para secompreender
essa concepção materialistada
história e, posteriormente, paraque
se possaaceitar
ou não
as conclusões derivadas dessa concepção sóhá
um
caminho
possível: o estudoda
obra destes autores.O
autor a que é dedicado a maior partedo
estudo éMarx,
Engels, assim, aparece aqui
muito mais
como
complemento
dos pontos levantados porMarx. Por
último, cabe ressaltar desde já que não se pretende aqui fazer qualquer julgamento quanto aoque
possa serbom
ou
ruim, justoou
injusto; pretende-se apenasfazer notar o
que
é. -'
-
1.3
Marco
Teórico PreliminarÉ
quando
0 serhumano,
de seu estado primitivocomo
caçador e coletor, passaa exercer a agricultura
como
um
meio
de vidaque
se inicia a produçãocomo
forma
determinada e diferenciada
da
simples apropriação.Dá-se
iníciotambém
àdominação do
homem
sobre a natureza. Desenvolve-se ascomunidades
ecom
ela a divisão socialdo
trabalho.O
trabalhohumano
representa para ohomem
omeio
pelo qual realiza seumetabolismo
com
a natureza ecom
a comunidade. Enquanto. ser social ohomem
criaum
sistema
(com
a divisãodo
trabalho)em
que
uma
parcela' da sociedade se encarregada
obtenção
do
alimento, outrada
confecção de vestuário, outra de abrigo, etc.A
sociedadeergue-se assim
como
uma
superestruturaacima
da natureza,dominando
e sendodominado
em
maiorou
menor
grau por suas leis, criando simultaneamente “leis” sociaisque
estabelecem,
em
certa medida, limites decomportamento
e de atuação para cada serhumano
em
relação à sociedade e a própria naturezamesma.
A
superioridadedo
serhumano
frente aos demais bios fundamenta-seno
uso da técnica,ou
ainda,no
desenvolvimento de sua habilidade
não
só de obter alimentos diretamente,bem
como
na
utilização de instrumentosque
tomam
muito mais eficaz e produtivo este ato.O
passo seguinte refere-se àpassagem do
nomadismo
para o sedentarismo, para o cultivoda
terra e o desenvolvimento da agricultura.Com
a agricultura segue a possibilidade de se renovar constantemente a produção, possibilitandoum
controle maior sobre a natureza, surgindo assim anoção
de produção, de criação de produtos, já que esta transformação de elementosse faz de
forma
coordenada, planejada e constantemente repetida.Formam-se
então, entre«
os
homens
relações sociais de produção.A
técnica refere-se, portanto, desde o princípio auma
capacidade de domínio. Pode-se dizer assim que às relações sociais deprodução
em
correspondência
com
o estágio das forças produtivasformam,
então, a estruturada
sociedade. Assim,
quando
determinadas relações sociaispassam
a entravaro
desenvolvimento das forças produtivas, as contradições essenciais
que
seformam
na
basedestas relações se
fazem
sentir, e o surgimento deuma
nova
organização social setoma
inevitável.O
trabalhohumano
é fonte de tudo oque
é produzido pelohomem.
Assim,
todo 0 produto aparece
como
frutodo
trabalhohumano.
Embora
esteja presenteem
todasas formas de organização social o trabalho, é claro,
vem
sofrendo modificaçõesno
cursoda
história, modificações estas que
dizem
respeito principalmenteem
relação à suaprodutividade, à sua divisão
na
sociedade (ou seja, à divisãodo
trabalhona
sociedade),bem
como
em
relação à distribuição dos produtosdo
trabalhona
sociedade. Estas modificações estão condicionadas pelas relações sociais de produção e pelo grau de desenvolvimento das forças produtivas.-D
O~epresenta
a condição da troca de substâncias entreo
homem
e anatureza. Representa
o
elementocomum
de todos os estádiosda produção
social.É
o elo de ligaçãona
relação entre ohomem
e a natureza e oshomens
entre si.O
trabalho é a fontede toda a riqueza.
“Lo
es, en efecto a lapar que
la naturaleza,provedora de
losmateriales que él convierte en riqueza.
Pero
el trabajo esmuchíssimo
mas
que isso, es la condición básicay fundamental de
toda la vida
humana.
Y
los es en talgrado
que, hasta cierto punto,debemos
decir que el trabajohá
creado al próprio hombre.” 2O
trabalho ao desenvolver-se permite a cada indivíduo observar as vantagensde se realizar atividades conjuntas;
com
o que tinhaque
contribuir forçosamente a agruparainda
mais
osmembros
da
sociedade.Em
resumo, oshomens
em
formação chegaram
aum
ponto
em
que tiveram necessidade de dizer algo uns aos outros.A
necessidade criou oórgão.
E
assim, a linguagem. Neste desenvolvimento surge ohomem
acabado e,com
ele, asociedade.
Vimos
anteriormente quecom
o trabalhona
agricultura forma-semais
claramente-o sentido
da
produção, ao contrário da simples apropriação de quevivem
a maioria das espécies animais.O
trabalhocomeça
com
a elaboração de instrumentosempregados
depois
na
confecção de roupas,no
trabalhocom
os metais,no
desenvolvimentoda
navegação.
Ao
ladodo
comércio e dos ofícios apareceram, finalmente, as_
artes e as
ciências; das tribos saíram as nações e o Estado.
Se desenvolveram
o direito e a política, ecom
eles oreflexo
fantástico das coisashumanas
na
mente do
homem:
a religião.“Los
hombres
seacostumbraron
a explicúš sus actospor
sus pensamientos, en lugar de buscar ésta šxplicación en sus necesidades (reflejadas, naturalmente, en la cdbeza del hombre,que
así cobra conciencia de ellas).Así
fue como,com
el transcursodel tiempo, surgió essa concepción idealista del
mbndo
que ha
dominado
el cerebro de loshombres”
(ENGELS,
op. cit.)\.Os
animaisdem
utilizar a natureza e modificá-la pelomero
fato de sua presença nela.®~×
o contrário,modifica
a naturez_a.e a obriga assim_a servir-lhe_,5a¬,domina.
E
esta é,em
última instância, a diferença ess_e.n.cig1,lque
existe entre ohomem
e osíƒie
demais
animais, diferença que,uma
vez mais,vem
a ser `O
trabalhoefeito
do
trabalho.representa
um
ato,d_e_v_ontadedo
homem
sobr_e_a.natur.ez.a¬-Porém, estes atos de vontadedo
homem
sobre anatureza, estedomínio não
, ,__;,,,__.____é ab_so1.uto_ ,ou
seja, a naturezamesma
reage sobre estes atos, o que implica cada vez maisna
necessidade de se conhecer suas leis e deaplicá-las adequadamente. . -
Mas,
se há sido preciso milhares de anos paraque o
homem
aprendesseem
certo grau a prever as remotas conseqüências naturais de seus atos dirigidos à produção, muito
mais
lhe custou aprender a calcular as remotas conseqüências sociais dessesmesmos
atos.
A
primitiva propriedadecomunal da
terra correspondia,por
um
lado, aum
estadode
desenvolvimento dos
homens
em
que
o horizonte destesquedava
limitado, pelo geral, àscoisas
mais
imediatas, e pressupunha, por outro lado, certo;excedente de terras livres,que
oferecia certa
margem
para neutralizar os possíveis resultados adversos destaeconomia
primitiva.
Ao
esgotar-se o excedente de terras livres,começou
a decadênciada
propriedade comunal.Todas
as formas mais elevadas de produção quevieram
depoisconduziram
àdivisão
da
populaçãoem
classes diferentes e, portanto,ao
antagonismo entre as classesdominantes e as classes oprimidas.
Em
conseqüência, os interessesda
classe dominante seconverteram
no
elemento propulsor da produção.Donde
este acha sua expressãomais
acabada é
no
modo
de produção capitalista.Os
capitalistas individuais,que
dominam
aprodução
e a troca, sópodem
ocupar-se da utilidade mais imediata de seus atos.Mais
2
ENGELS,
F. El papel del trabajo en la transformación del mono en hombre. (Este texto foi retirado da internet, o endereço é: www.ucm.es/info/bas/es/marx-eng/oes/mrxoe308.htm).
ainda, inclusive esta
mesma
utilidade-
porquanto se tratada
utilidadeda
mercadoria produzidaou
trocada-
passa por completo asegundo
plano, aparecendocomo
único incentivo o lucro obtidona venda
(ENGELS,
op. cit.).Com
a evolução da técnica evolui ohomem
e a sociedade da qual faz parte,da
mesma
maneira quecom
a evoluçãodo
homem
desenvolve-se a técnica, as forças produtivas. Assim, detenninadas relações sociais pressupõeum
detenninado estádio de desenvolvimento das forças produtivas, estas por sua vez,pressupõem
determinados avançosda
sociedade e de suas relações.Ambos
se condicionam e seengendram
reciprocamente.
O
fato de existir apenasuma
parcela da sociedade encarregadada
produção direta de alimentos já demonstra
que
esta dispõe deum
tempo
livre para desenvolver as forças produtivas e, assim, criarmais
tempo
livre.A
própria evolução da sociedadehumana
acima do
níveldo
selvagismo animalcomeçou
no
diaem
que o trabalho dafamflia
crioumais
produtos dos queeram
necessários para seu sustento,no
dia, isto é,em
queuma
partedo
trabalhopode
aplicar-senão
jána
produção de
meros
meios de vida, esim
na
demeios
de produção.O
fundamento
de todo progresso social, político e intelectual foi e segue sendo a existência deum
excedentedo
produto
do
trabalhoem
relação aos custos de sustentaçãodo
trabalho, e aformação
eo
incremento de
um
fundo social de produção e reserva procedente daqueles excedentes.(ENGELS,
op. cit.).Em
todas as épocasda
históriada humanidade,
o trabalho, o despreendimentode energia física e mental, constituiu-se
no
meio
criador dos produtos de que ela se utilizouara seu sustento e desenvolvimento3.
O
trabalhohumano
é portanto o elo de ligaçãoP
_ › __ _, _. ___ ._entre _ o
homem
e a natureza, entre _ _ ohomem
M,
e os ob'etoS ç__________.J §;Ã.!.Ç_1£lJ_QS_dos_quais__se_aprgpria econsome,
*___
____ dos quais tira o seu sustento _____________,__. e seu d__€_S_€_ny_ol.v.i.111entc_›,;-atrayé_s__dele.que_se_cria_os_ __..mais variados produtosçcç.0_m_o_s mais variados usos.
Ao
se desprender trabalhona
criação deprodutos pretende-se que esse tenha
uma
utilidade,ou
seja, quevenha
a satisfazer' ' `
' pretende '
s_as_s1m,_ao._d_¢_Sp_£_Ql3_<1§.L__S§_u
necessidades
humanas
de qualquer especie, o produtortrabalho
_~
sobre oproduto
ef ,*~ ao materializar ~ sua energia vital nele, darflheç z . _ ___._f_..»..._ zum
_» valor _ _-¿=_,,.._ de uso, __-” _______._ou
ainda aumentar-lhe seu valor de uso, ...___ sua ___..-... utilidade. __...-z-z...-,...-.-«O
trabalhohumano
é, portanto, criador3
A
guerra, é claro, não pode ser entendida como ato de criação de produtos, como ato de produção, e sim de
apropriação, de denominação pela força, apropriando-se de toda a espécie de produtos (ouro, alimentos,
obras de arte, etc.). Para tanto é necessário que esse produtos tenham já sido criados, é necessário, portanto,
que haja produção. Isto não impede que a distribuição dos produtos seja determinada aprioristicamente à
de valores de uso.
Os
diferentes valores de uso produzidos pelo trabalhopodem
ser obtidosdiretamente pelo produtor,
ou
seja, através de seu trabalho diretono
produtomesmo,
ou
ainda indiretamente, através da troca, de
onde
o produtor troca parte (ou todo) seu produto por parte (ou todo) produto de outro produtor possuidor deum
valor de uso diferente.Assim,
em
vez de cadaum
produzir diretamente todos os produtos queconsome,
pode-seestipular tarefas para cada indivíduo (ou grupo de indivíduos),
com
o que, por exemplo,um
grupo ficaria encarregado da-produção
de alimentos, outro de vestuário, outros- de moradias, e assim por diante, criando assimuma
di visao ` " social `do
_tL2Ll1all1_(L .Além
da
divisão de tarefas, ter-se-á que dividir os produtos
do
trabalho entre osmembros
da
sociedade.
Nas
antigascomunidades
primitivas, essa divisao realizava-se de maneiramais
ou
menos
comunista. Assim, cada indivíduo era reconhecidocomo membro
da
comunidade
e todos os produtoscomo
pertencentes à comunidade.Ao
produzir seu produto 0 indivíduo não dizia: “isso émeu
ecom
isso posso obter outros produtos".A
produçao era vistacomo
funçao de toda acomunidade
etambém
seus produtos.A
comunidade
funcionava (e era vista)como
se fosseum
opganismo só.Ao
entrarem
contato~ fr
com
outrascomunidades
é quepassam
a realizar a troca dos excedentesda
produçao.Dai
e que secomeça
a determinar o valor de troca dos produtos. o'
Sob
omodo
...___ capitalista deçprodução, a produção é antes, de tud_cLpLoduç,ão_de___ ___ ..--‹--' ' '
/
mercadorias, produçao tendo
em
vista a troca dos produtos. Assim, a prod_uça9msó__po_deeser«entendida
como
produçao demí.
valores de troca.A
dificuldade resideem
se cqr_i__1p¿c__ender.
como
/ff*
que `--~ se »~---7 fonna, que se determina o valor dos produtosna
sociedade capitalista.O
Que
_ ~ _--› ¬_______¬;_› .z-z_ -z »-,--.vz fz 7 ~ *vv f W ' ~1"""""^^f
.._ _ A
e
em uma
sociedade produtora de mercadorias é omesmo
que
se tentarcompreender
aocélulado
corpo.Sob
a determinaçaodo
valor das mercadorias éque
se estrutura a sociedade_ _.___,__`
z >-*"*""' '""""""'* ' 'ã ‹- ¬
capitalista.-Assim dizia
Marx
no
prefácio à primeira edição deO
Capital:V/Ip
“_Porque o corpo desenvolvido ç{¿gta_is_.jgíÇil,de estudar_,doç__q_ue ,a_ célula
do
corpo.Além
disso,na
análise dasformas econômicas
não
podem
servir*nem
0 microscópionem
reagentes químicos.A
faculdade de abstrair deve substituir ambos.
.Para a
sociedadeburguesa, a
forma
celular..da_.economiaié_a.ƒorma..mer:cadozriazzdo-pfãdiltb
do
trabalho ou_aforma
do
v_aloJ:_da,meJ:cado41ia,.(.... )O
que
e'u,"ñe'sta`o'b1raÍmemproponho
a pesquisar e' omodo
deprodução
capitalista e as suas relações correspondentes de
produção
e circulação.()
Mesmo
quando
uma
sociedade descobriu a pistada
lei natural de seu desenvolvimento - e a finalidade última desta
obra é descobrir a lei
econômica do movimento
da
sociedademoderna
-, elanão
pode
saltarnem
suprimirpor
decreto as suasfases naturais de desenvolvimento.
Mas
elapode
abrevíar eminorar
as doresdo
parto”(MARX,
1996: 130-131).2.
MERCADORIA
E
DINHEIRO
Como
produto, todo valor de uso é trabalhohumano
materializadoem
um
objeto
com
finalidade de transforma-loem
um
fimadequado
à satisfação deuma
(ouvárias) necessidade(s) humana(s).
Como
mercadoria o produto,além do
valor de uso, adquire valor de troca. Assim, o produtodo
trabalhoque não
se destina à satisfação deuma
necessidade diretado
produtor, aoconsumo
deste,que
se destina então à troca por outros produtos transforma-seem
mercadoria.A
mercadoria carrega consigouma
dupla determinação:como
valor de uso ecomo
valor de troca.Das
diferentes qualidades de mercadoriassurgem
seus valores de uso distintos e determinados. Esse seu caráternão
depende
de se a apropriação de suas propriedades úteis custa aohomem
muitoou pouco
trabalho
(MARX,
Karl. 1996: 166).O
valor de troca por sua vez estabelece a proporçãoem
que
se trocam determinadas quantidades de mercadorias por outra.“O
valorde
troca aparece,de
início,como
a relação quantitativa, aproporção na
qual valoresde
usode
uma
espécie se trocam contra valores de uso de outra espécie,uma
relaçãoque
muda
constantemente
no
espaço.O
valor de troca parece, portanto, algo casual e puramente.relativo”
(MARX,
1996: 166).Que
se digaque
o dobro 'de quantidade deuma mesma
mercadoria possua o dobro de valor de troca pode-se aceitar perfeitamente.
Mas como
determinar as proporçõesem
que se irão trocar determinadas quantidades de mercadoriasdiferentes,
como
estabelecer essa relação,ou
seja,como
determinar seus valores de troca.Pois
bem, quando
se troca, continua e repetidamente amesma
quantidade deuma
mercadoria pela
mesma
quantidade de outra, pode-se dizerque
se estabeleçauma
relação de igualdade entre as duas, que, portanto,embora
sejam mercadorias deforma
e conteúdodiferentes, sejam mercadorias de diferentes valores
de
uso,possuem
omesmo
valor detroca.
O
valor de troca deuma
mercadoria sópode
ser o elementocomum
que se fazpresente
em
todas elas e que,com
ele, se possa quantificá-lo, reduzi-lo amesma
medida
e,assim, determinar a sua substância e a sua grandeza.
Quando
digo que o valor de troca de açúcarem
relação ao café é de3kg
de açúcar por lkg de café. Estou dizendo que3kg
deaçúcar
=
1kg
de café.Assim
expresso nessa relação, fica claro que algoem comum
há
incong1uência4, e que esse algo
em
comum
não pode
ser simplesmente3kg
de açúcarou
lkg de café.
“Ambos
sao, portanto, iguaisa
uma
terceira,que
em
sinao
éuma
nem
outra.Cada
uma
das duas, enquanto valor de troca, deve,portanto, ser redutível a essa terceira
()
Esse algoem comum
não
pode
seruma
propriedade geométrica, física, químicaou
qualqueroutra propriedade natural
das
mercadorias (...)Como
valoresde
uso, as mercadorias são, antes de
mais
nada,de
diferentequalidade,
como
valores de troca sópodem
ser de quantidadediferente,
não
contendo, portanto,nenhum
átomo
de valorde
uso.Deixando
de lado então0
valor de uso dos corpos das mercadorias, resta a elasapenas
uma
propriedade, que é ade
serem
produtosdo
trabalho.”(MARX,
1996: 167).Mas
os próprios produtosdo
trabalho só se diferenciam porqueo
trabalho serealiza sobre diferentes objetos e porque o próprio trabalho
mesmo
assume
diferentes caráter úteis. Para secomparar
os diferentes produtos de diferentes trabalhos tem-se deabstrair o caráter útil
não
só dos produtosmas
também
dos trabalhos neles representados.“Ao
desaparecer 0 caráter útil dos produtosdo
trabalho, desaparece o caráter útil dostrabalhos neles representados, e
desaparecem também,
portanto, as diferentesformas
concretas desses trabalhos,
que deixam
de diferenciar-seum
do
outropara
reduzir-seem
sua totalidade a igual trabalho
humano, a
trabalhohumano
abstrato”(MARX,
1996:168).
Todo
o trabalhohumano
pode
ser resumido a dispêndio de energiahumana
física emental, assim todo ser
humano
possuidor de habilidade e capacidade física e mentalmédias é capaz de produzir a
mesma
quantidademédia
de produtosno
mesmo
tempo
detrabalhos e, assim,
embora
seus produtospossuam
valores de uso diferentes, seus valoresde troca
podem
sercomparados
e quantificados.O
valor de troca é, portanto, antes demais
nada, fruto de
uma
relação social.De
uma
relação social de produção e de troca dos produtosdo
trabalho. Para se quantificar o valor de troca,ou
ainda, para semedir
a grandeza de valor deum
produto, portanto, para se medir, a quantidade de trabalhorealizada
num
produto utiliza-secomo
medida
otempo
de duração, e otempo
de trabalhopossui, por sua vez, sua unidade desmedida nas determinadas frações
do
tempo
como
hora,dia, etc.
(MARX,
1996: 168). Assim, otempo
social médio,ou
o'tempo
socialmente4
Assim também como o processo de troca.
5 Supondo dados
necessário para produção de determinadas mercadorias é o que determina a grandeza de seu
valor.6 '
Nas
comunidades
primitivas a divisãodo
trabalho e a distribuição dos produtosera feita de maneira mais
ou
menos
comunista,ou
seja, de acordocom
a capacidade e anecessidade de cada
membro
da comunidade, ou
ainda, dacomunidade
como
um
todo.Esta formava, portanto,
um
organismo
social,um
sistema social.No
interiorda
comunidade não
se via o trabalho incorporadoem
cada produtocomo
um
valor de troca,éclaro
que
o trabalho se fazia presente, e quantificava-se--o,mas
procedia-se, assim, afim
de
melhor
distribuir osmembros
da comunidade
nas diferentes tarefascom
vistas nosprodutos
que
ela desejava consumir, nos valores de uso.É
no
contato entrecomunidades
diferentes,na
troca entre excedentesda
produção entre ascomunidades
que secomeça
aestabelecer a relação de troca entre os produtos
com
baseno tempo médio do
trabalho gastona
sua produção.Na
sociedade capitalista, ao contrário, a maior parte dos produtoresrealiza a produção
com
vistas ao valor de troca,com
vistas a trocar seu produtocom
outrosmembros
da
sociedade e obter deles osmeios
de que necessita para seuconsumo;
enao
para produção de produtos,
ou
seja de valores de uso para seuconsumo
direto, assim,na
troca dos produtos de seu trabalho pelo produto de outros indivíduos transformam seu produtoem
mercadoria.A
mercadoria carrega consigouma
dupla
determinação:como
valor de uso ecomo
valor de troca.Como
objeto útil ela possui valor de uso,como
resultado dedetemnnado quantum
de trabalhohumano
possui valor de troca.Os
objetos dispostos naturalmente,ou
seja,sem
ação diretaalguma do
homem
possuem
é claro, valor de uso,mas
só possuirãovalor de trocana
medida
em
que sua apropriação exige trabalhohumano
e a quantidade deste determinará, então, a grandeza de seu valor.Só
assim pode-seentender
como
coisasextremamente
úteiscomo
o ar, por exemplo,não
possuem
valor detroca algum, enquanto diamantes
que
são, de qualquer maneira muitomenos
indispensáveis que o ar,
possuam
um
alto valor de troca.A
raridadedo
diamante fazcom
que sua
produção
exija grande quantidade de trabalho, daí seu alto valor de troca.Ao
contrário, o ar que cadaum
respira se encontra a disposição de todos, na quantidadeque
cada
um
desejar, não há razão portanto, de ser dar algoem
troca por ele,sempre
equando
este se encontre a livre disposição de todosque
delefazem
uso.6 “É, portanto,
apenas o quantum de trabalho socialmente necessário ou o tempo de trabalho socialmente
“Como
criador de valores de uso,como
trabalho útil, é 0 trabalhopor
isso,uma
existênciado
homem,
independentede
todos as. 7 . . ,..
formas da
sociedade , eterna necessidade naturalde medzaçao do
metabolismo entre
homem
e natureza e, portanto,da
vidahumana
(...)Os
valores de uso, casaco, linho, etc., enfim, os corposdas
mercadorias, são ligações de dois elementos, matéria fornecida
pela natureza e trabalho. (...)
Ao
produzir, ohomem
sópode
proceder
como
a própria natureza, isto é,apenas
mudando
asformas
das matérias”(MARX,
1996: 172).Em
cada sociedade particular verifica-seque
oshomens
gastam mais ou
menos
tempo na produção
de determinados valores de uso. Dentro de cada sociedade pode-se suporque
os produtos continuamente trocados o sãocom
baseno
valor de trocas destes.Daí
o valor de troca ser eminentemente fruto de relações sociais, relações sociais de produção e troca dos produtosdo
trabalhosNa
sociedade capitalista,em
que
os produtores se relacionam uns aos outros deforma autônoma
e independente,em
que
sócom
a troca de seus produtospodem
obter a parcela dos produtos postos para a troca por toda a sociedade,uma
sociedade, portanto,produtora de mercadorias, o valor de troca aparece
como
odominante
sobre o valor deuso.9 Para ilustrar este ponto
vamos
supor que dois indivíduosA
eF
possuam
omesmo
lote de terras, a
mesma
capacidade de trabalho,bem
como
osmesmos
instrumentos deprodução.
O
indivíduoA
só produz arroz e oF
feijão, e que a proporçãoem
que
elesgostariam de
consumir
estes produtos era de 1,5kg de feijão por lkg de arroz.Ao
final deum
ano de trabalho cadaum
produziu100kg
de cada produto.Como
eles iriam trocar oresultado de sua produção?
Sabemos
que o valor de troca é omesmo, porém
F
não
estarádisposto a dar
metade
de seu produto pelametade do
produto deA
já que, supondo-se, elesdesejem
consumir
cadaum
100kg
durante o ano,66kg
de feijão e34kg
de arroz. Faltará, portanto, feijão e sobrará arroz.No
ano seguinte porém, os dois, visandomaximizar
sua satisfação, produziramum
total de132kg
de feijão e68kg
de arroz, sendoque
F
produziu7 “A
riqueza das sociedades
em
que domina omodo
de produção capitalista aparece comouma
imensacoleção de mercadorias e a mercadoria individual como sua forma elementar” (MARX,1996: 165).
8 “Até agora nenhum químico
descobriu valor de troca
em
pérolas ou diamantes. Os descobridoreseconômicos dessa substância química, que se pretendem particularmente profundos na crítica, acham, porém, que 0 valor de uso das coisas é independente de suas propriedades enquanto coisas, que seu valor, ao
contrário, lhes é atribuído enquanto coisas.
O
que lhes-confirma isso é a estranha circunstância que o valor deuso das coisas se realiza para o
homem
sem troca, portanto, na relação direta entre coisa e homem, mas seuvalor, ao contrário, se realiza apenas na troca, isto é,
num
processo social”(MARX,
1996: 208).9 “O
valor de troca é o condottiere do valor de uso.” Debord, Guy.
A
Sociedade do Espetáculo,os
mesmos
100kg
de feijão,A
porém
produziu68kg
de arroz e o restante (32kg) de feijão.Assim
F,que
desejava dos l00kg,66kg
de feijão e34kg
de arroz, trocou os34kg
de feijãoa mais pelo arroz excedente de A. A, por sua vez,
que
produziu68kg
de arroz e32kg
defeijão, desejava então obter
na
troca os34kg
de feijão deF
dando
em
troca 34l<g de arroz,com
oque
cadaum
obteve a quantia que desejava,66kg
de feijão e34kg
de arroz.Pode
parecer
que
F
saiuem
desvantagem
por trocar por arroz amesma
quantidade de feijão, jáque
estetem
uma
utilidadebem
maior,um
valor de uso maior.Na
verdade trocou-seum
produto demesmo
valor por outro, pois não sepode
esquecerque
com
omesmo
trabalho,com
asmesmas
condições de produção, produz-se amesma
quantidade deum
e de outro(os
l0Okg
ao ano); as diferenças de valor de usodeterminam
afonna
em
que amassa
global de trabalho irá adquirir.
Ou
seja, dentroda massa
global de trabalhohumano
abstrato desprendido por
A
eF
ele detemrinará o quanto detempo
deve-se dedicar à produção deum
e de outro.Os
casosem
que se produza valoresde
usoacima
ou
abaixodo
desejado pela sociedade representam
um
excesso de oferta porum
lado, e falta damesma
por outro. Esse é o
mecanismo
regulador conhecidocomo
oferta e procura. Estesagem
como
forças contrárias, assim sendo,quando
oferta e procura coincidem,deixam
deatuarlo.
E
assimnunca
poderão explicarcomo
duas mercadorias de valores de usodiferentes
possuam
omesmo
valor de troca.Vamos
supor agora queuma
comunidade
constituída por dez indivíduos eque
estesproduzam
cadaum
uma
mercadoria diferente eque
troquem
os excedentes entre si.Do
que
é produzido por cadaum
10%
fica
paraconsumo
próprio, eo
restante é trocadoentre os demais,
ou
seja, os90%
vão, à proporção de10%
para cada, aosnove
restantes.Vimos
anteriormente quemesmo com
valores de uso diferentes as mercadoriaspodem
ser(e são)
medidas
pelotempo
de trabalho socialmente necessário gasto na sua produção.Assim
podemos
suporque
todos os produtostenham
omesmo
valor de uso para todos osmembros
da
comunidade.Vamos
supor agora queum
dosmembros
da sociedade,o
qual éresponsável pela produção de roupas, desenvolva
uma
nova
técnica para confecção dasvestimentas,
com
o queem
vez de 10 peçasem
um
ano ele produzirá o dobro,ou
seja,20
peças.
Assim,
omesmo
valor de troca agora valeria o dobro de valor de uso.A
comunidade
1° “Quando
procura e oferta coincidem, deixam de atuar, e justamente por isso a mercadoria é vendida por seu
valor de mercado. Quando duas forças atuam igualmente
em
sentidos opostos, elas se anulam, não atuamexteriormente, e fenômenos que ocorrem nessas condições têm de ser explicados por outras causas e não pela
intervenção dessas forças. Quando procura e oferta se anulam reciprocamente, deixam de explicar qualquer
coisa, não atuam sobre o valor de mercado e nos deixam no escuro quanto ao motivo de o valor de mercado
poderia escolher entre dobrar o
consumo
desse valor de usoou
este trabalhador teria a sua disposiçaomeio
ano para criar outros valores de uso.O
avanço
da técnica,ou
melhor, dasforças produtivas pennitem, assim
um
incremento nos valores de uso produzidos, euma
maior
divisão socialdo
trabalho.“\
Quanto
maisavançam
as forças produtivas deuma
sociedade, maispode
ela criarnovos
valores de uso, maispode
realizar trocascom
outras sociedades, mais elacresce e se desenvolve,
bem
como
mais sevêem
aumentada
as capacidades e necessidades dos indivíduos. Nesses processos de trocacomparam-se
várias quantidades de diferentesmercadorias, por exemplo,
x
de trigo=
y casaco=
j ferro, etc.Na
expressão simples devalor
x
trigo=
y ferro, o casaconão
está expressando seu valor, esim
está emprestando seu corpo para que o trigo expresse seu valor, o ferro funciona aquicomo
um
equivalente,dá
amedida
de valordo
trigo. Pois, se digo que x trigo=
x trigo,não
estou esclarecendonada
quanto ao valor
do
trigo. Para queuma
mercadoria possa expressar seu valordeve
se relacionarcom
outra mercadoria.A
mercadoria equivalente, para expressar seu valortem
de inverter os lados da equação, assim y ferro
=
x
trigo, eo
trigo funcionacomo
fonna
equivalente, empresta seu corpo para que o ferro possa expressar seu valor.”Quando
todas as mercadoriaspassam
a expressar seu valorna
mesma
forma
equivalente,ou
seja,na
mesma
mercadoria, deforma
equivalente esta se transformana
fonna
geral de valor,ou
ainda,na forma
equivalente geral. Ela é escolhida por todas asdemais
mercadorias para ser equivalente geral.“A
forma
valor geral relativado
mundo
das mercadoriasimprime
à mercadoria equivalente, excluída dele... o caráter de equivalente
geral.() Sua
forma
corpóreapassa
pelaencarnação
visível, pelacrisálida social geral de todo trabalho
humano
(...) Assim, otrabalho objetivado
no
valor das mercadoriasnão
se representaapenas
deum
modo
negativo,como
trabalhoem
que todas asformas
concretas e propriedades úteis dos trabalhos reais sãoabstraídos.
Sua
própria natureza positiva é expressamenteressaltada. Ele é
a
redução de todos os trabalhos reais à suacaracterística
comum
de trabalhohumano, ao
dispêndiode
forçade trabalho
do
homem.
U Poder-se-ia supor que este indivíduo
em
vez deum
ano, trabalhasse somente meio, e trocasse 0 produto demeio ano pelo produto de
um
ano inteiro dos demais, obtendo assimuma
vantagem. Isso pode, é claro, ocorrer, mas a partir do momentoem
que esta técnica, seu uso e aplicação, se generaliza, os indivíduostomam consciência do real tempo de trabalho necessário, e não aceitariam continuar trocando 0 produto de
um
ano inteiro por meio.12 “Se
uma mercadoria encontra-se sob a forma relativa de valor ou sob a forma oposta, a forma equivalente,
depende exclusivamente da posição que essa mercadoria ocupe na expressão de valor,
em
cada momento, ouA
forma
valor geral,que
representa os produtos de trabalhocomo
meras
gelatinasde
trabalhohumano
indiferenciado, mostrapor
meio
de sua própria estruturaque
e' a expressão socialdo
mundo
das mercadorias. Assim, ela evidencia
que
no
interior dessemundo
o caráter
humano
geraldo
trabalho constitui seu caráterespecificamente social”
(MARX,
1996: 194).A
forma
equivalente geral, a mercadoria que figuracomo
equivalente geral “é excluídada
forma
valor relativa unitária e, portanto, geraldo
mundo
das mercadorias...seu valor se expressa relativamente
na
série infinita de todos os outros corposde
mercadorias”
(MARX,
1996: 195).A
mercadoriaque
funcionacomo
equivalente geralnão
pode
expressar seu valorcomo
equivalente de simesma,
senão teríamos porexemplo
xtrigo
=
x trigo,uma
tautologia,em
que não
se expressanem
valornem
grandeza de valor(MARX,
1996: 195). Vê-secomo
o processo social de troca das mercadorias, dos produtosde trabalho
humano, no
seu desenvolvimento excluiuma
mercadoriada
forma
valorrelativa para se
tomar forma
equivalente geral,onde
todas as mercadoriasexpressam
seusvalores. Ela se torna o corpo para expressao de valor de todas as mercadorias, e para
expressar seu valor deve expressa-lo
na
série infinita de todos os outros corposde
mercadorias. Ela se toma, portanto, a
encamaçao do
trabalhohumano
contido nasmercadorias, e expressão e o elo de ligação de todo trabalho
humano
social geral.Na
medida
em
queuma
determinada mercadoria é excluída pelas demais mercadoriascomo
equivalente encontra-sena
forma
de equivalente geral.“E
sóa
partirdo
momento
em
que
essa exclusao se limitadefinitivamente a
um
gênero especifico de mercadorias,a
forma
valor relativa unitária
do
mundo
das mercadorias adquireconsistência objetiva e validade social geral.
Então, o gênero especifico de mercadoria, cuja
forma
naturala
forma
equivalente sefunde
socialmente, torna-semercadoria
dinheiro
ou
funcionacomo
dinheiro. Torna-se suafunção
especificamente social e, portanto, seu
monopólio
social,desempenhar
o papel de equivalente geral dentrodo
mundo
das
mercadorias.”
(MARX,
1996: 196).Em
diferentes épocas e formações sociais, diferentes mercadoriasdesempenharam
o papel de equivalente geral,como
porexemplo
o sal, o boi, o cobre, aprata, etc.
Mas
foi o ouroque
constituiu-secomo
o equivalente geral por excelência,através
do
hábito social fundiu-se aforma
equivalente geralcom
aforma
natural específica da mercadoria ouro.O
ourocomo
dinheiro,como
equivalente geral, o é depois desucessivas confrontações a outras mercadorias
como
mercadoria, “...tão logo conquistou omonopólio
dessa posiçãona
expressão de valordo
mundo
das mercadorias, torna-se mercadoria dinheiro”(MARX,
1996: 196).A
forma
equivalente geral, o dinheiro, vela o duplo caráterda
mercadoria, o seu valor de uso e de troca,bem como
a substânciado
valor, a grandezado
valor.Assim,
a expressão relativa simples de valor deuma
mercadoriana
mercadoria
que
funcionacomo
equivalente geral,como
mercadoria dinheiro, é aforma
preço.É
da forma
simples de expressãodo
valor, portanto, que se origina aforma
dinheiro.”
O
ouro, que éuma
mercadoria determinada, portanto, fruto de trabalhohumano,
é deslocado pelasdemais
mercadorias, atravésdo
hábito social, para a função de equivalente geral,como
meio
de expressãodo
valor de todas as outras mercadorias, para exercer a função de dinheiro.2.1
O
caráter fetichistada
mercadoria
e seu segredoUm
produtor isolado, que produz tudo oque
consome,não
vê (enão
pode
ver)seu produto
como
uma
mercadoria, não vê seu produtocomo
um
valor de troca,somente
como
um
valor de uso.Não
vê, portanto, seu produtocomo
um
meio
para adquirir outros produtos,não
vê seu produto possuidorda
capacidade de se relacionar, de se trocar poroutros produtos,
como
uma
capacidade própria e naturaldo
próprio objeto.O
produtorisolado vê, nos diversos valores de uso
que
produz, pura e simplesmente, formas demanifestação de seu trabalho, de sua capacidade e habilidade de desprender trabalho
humano
como
forma
de metabolismo entre ele, o produtor, e a natureza.Da
mesma
maneira o fazia as
comunidades
primitivasem
estado de isolamento, queviam
acomunidade
como
um
todo,como
um
organismo,onde
cada indivíduo,com
seu trabalho,desempenhava
uma
função; viam, assim o trabalho de todoscomo
a baseda comunidade,
bem
como
de seu sustento e desenvolvimento, o trabalho lhes representava a fontede
suasrelações sociais. 1
Tanto os produtos (para autoconsumo)
como
as mercadorias são objetos deuso;
possuem
valor de uso.Não
pode
serno
valor de uso, portanto, das mercadoriasonde
se esconde seu caráter enigmático. Tanto os produtoscomo
as mercadorias são'3 “A
encamaçõesm
de trabalhohumano.
O
segredo sópode
estar entãona
diferença específica entre produto e mercadoria.A
mercadoria é produzidacom
fim à troca, é produzidacomo
um
valor de troca.Na
troca por outros produtos é que se faz útil ao produtor, sua utilidadepara
o
produtor estáem
serum
valor de troca,em
meio
para se obter valores de uso.Na
troca de mercadorias entre produtores independentes,
um
e outro,vêem
do
outro lado darelação,
uma
mercadoria pela qual darão a suaem
troca. Assim,segundo Marx:
r“De
onde
provém, então, 0 caráter enigmático
do
produtodo
trabalho, tão logo eleassume a
forma
mercadoria?
Evidentemente, dessaforma
mesmo.
A
igualdade dos trabalhoshumanos
assume
aforma
material de igual objetividade de valor dos produtos detrabalho, a
medida do
dispêndio de forçade
trabalhodo
homem,
por meio da
sua duração,assume a
forma
de
grandezade
valor dos produtos de trabalho, finalmente, as relações entre osprodutores,
em
que aquelas características sociaisde
seustrabalhos são ativados,
assumem
aforma
de
uma
relação socialentre os produtos
do
trabalho.O
misteriosoda forma mercadoria
consiste, portanto,simplesmente
no
fato deque
ela reflete aoshomens
ascaracterísticas sociais
do
seu próprio trabalhocomo
características objetivas dos próprios produtosde
trabalho,como
propriedades naturais sociais dessas coisas e,
por
isso,também
reflete a relação social dos produtores
com
o trabalho totalcomo
uma
relação social existente fora deles, entre objetos.Por
meio
desse qiiiproquó os produtos
do
trabalho setornam
mercadorias,coisas físicas, metafísicas
ou
sociais. Assim,a
impressão luminosade
uma
coisa sobre o nervo óticonão
se apresentacomo
uma
excitação subjetiva
do
próprio nervo,mas
como
forma
objetiva deuma
coisa forado
olho.”Mas, no
atode
ver, a luz se projeta realmentea
partir deuma
coisa,o
objeto extemo,para
a outra, oolho.
É
uma
relação física entre coisas físicas. Porém, aforma
mercadoria e a relação de valor dos produtos
de
trabalho,no
qualele se representa,
não
temque
ver absolutamentenada
com
sua natureza física ecom
as relações materiaisque
daí se originam.Não
émais
nada
que determinada relação social entre os próprioshomens
que para
eles aquiassume
aforma
fantasmagórica deuma
relação entre coisas.Por
isso,para
encontraruma
analogia, temosde nos deslocar à região nebulosa
do
mundo
da
religião. Aqui, os produtosdo
cérebrohumano parecem
dotados de vida própria,figuras
autônomas que
mantêm
relações entre si ecom
os homens.Assim,
no
mundo
das mercadorias, acontececom
os produtosda
mão
humana.
Isso euchamo
de fetichismoque
adere aos produtos14
A
transubstanciação da energia humana, de seu corpo (do produtor) no corpo da mercadoria.
15
Aqui, uma crítica ao ponto de vista de que parte Hegel, segundo o qual espírito, o pensamento, a idéia é o
originário e o mundo real, só uma cópia da idéia. Serve também como
uma
crítica à Economia Políticaburguesa (Smith, Ricardo, etc.) como dizia Marx, que parte já dos conceitos que precisamente devem ser
de trabalho, tão logo são produzidos
como
mercadorias, e que,por
isso, é inseparável
da produção de
mercadorias.Esse caráter fetichista
do
mundo
das mercadorias provém,como
aanálise precedente já demonstrou,
do
caráter social peculiardo
trabalho
que produz
mercadorias”(MARX,
1996: 198-199).O
trabalho produtor de mercadorias éo
trabalho produtor de valores de troca,criador de valores de troca, deve estar subordinado à divisão
do
trabalho dentroda
sociedade,
ou
seja, cada indivíduo da sociedade, para sobrevivertem
de fazer parteda
cadeia de trocas dos produtos
do
trabalho de cada produtorda
sociedadelóO
dinheiro vela(em
vez de revelar) o caráter social dos trabalhos privados, ocaráter
da
interdependência entre os produtores, entre os produtos de seu trabalho.Em
vez de se ver o organismo socialcomo
um
todo,como
uma
sociedade de trocas, de permeabilidade, dos diversos trabalhos, de troca de energia vital entre seus indivíduos;17sendo esta
o fundamento
da estrutura social, de sua organização, das relações sociais entreos indivíduos. Vê-se apenas, portanto, o
movimento
das mercadorias.O
fetichismoconsiste
em
não se tomar consciência das verdadeiras relações sociais por trás dasmercadorias, estas se
movem
como
que independentesda
vontade dos indivíduos, pelascostas destes, o
movimento
das mercadorias afigura-se-lhes anterior e, portanto,como
natural e originário.” Atribuímos às coisas características humanas, e nos
deixamos
dominar
por elas.“Objetos de uso se
tomam
mercadoriasapenas
por
serem produtosde trabalhos privados, exercidos independentemente uns dos
outros.
O
complexo
desses trabalhos privadosforma
o trabalhosocial total.
Como
os produtores somente entramem
contato socialmediante a troca de seus produtos de trabalho, as características
especificamente sociais de seus trabalhos privados so'
aparecem
dentro dessa troca.
Em
outras palavras, os trabalhos privados sóatuam, de fato,
como membros
do
trabalho social totalpor
meio
das relações
que
a troca estabelece entre os produtosdo
trabalhoe,
por meio
dosmesmos,
entre os produtores.Por
isso, aos últimosaparecem
as relações sociais entre seus trabalhos privadoscomo
o
que
são, isto e',não
como
relações diretamente sociais entrepessoas
em
seus próprios trabalhos, senãocomo
relações16 “Mas,
para produzir uma mercadoria, não só tem de criar
um
antigo que satisfaça auma
necessidade socialqualquer, como também 0 trabalho nele incorporado deverá representar uma parte integrante da soma global
de trabalho invertido pela sociedade.
Tem
de estar subordinado à divisão de trabalho dentro da sociedade.Não é nada sem os demais setores do trabalho, e, por sua vez, é chamado a integra-los”
(MARX,
1974: 80).'7
E
entre estes e a natureza.
18