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Esplenectomias: indicações, complicações e alternativas

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Academic year: 2021

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1 INTRODUÇÃO

O baço, maior órgão linfóide do organismo, está localizado no hipocôndrio esquerdo, sob a proteção da arcada costal. Varia de volume conforme a idade, o estado nutricional, o imunológico e diante do aumento da pressão portal, sendo que no adulto pesa aproximadamente 150g1.

As funções básicas do baço são fundamentalmente hematológicas e imunológicas2,3.

Do ponto de vista hematológico, podemos ressaltar que o órgão age como um filtro; através da remoção com destruição das hemáceas senescentes ou defeituosas da circulação graças a organização única de seu parênquima e vasculatura. Age ainda na regulação do fluxo sangüíneo para o fígado, armazenamento de células sangüíneas e “reciclagem” do ferro endógeno4,5.

Tão importante quanto, é sua função imunológica. O baço está claramente envolvido na resposta imune tanto que, um retardo no aparecimento e títulos máximos mais baixos de anticorpos são observados após esplenectomia6. Sua função fagocitária representa 25% do total de fagocitose do organismo. A ausência esplênica provoca uma incapacidade na remoção de bactérias e células revestidas por anticorpos da circulação4.

Porém, durante séculos, o baço foi considerado não essencial à vida e nenhuma importante função era atribuída ao órgão, a não ser a crença de sua forte influência na psique e nas emoções. Galeno(130-200AC) descreveu o baço como sendo um órgão cheio de mistérios e Aristóteles, em época semelhante, observou pacientes com asplenia congênita que tinham vidas aparentemente normais4,5,7.

A esplenectomia foi inicialmente descrita como indicação terapêutica para Esferocitose Hereditária por Sutherland e Burghard em 1910 e para Purpura Trombocitopênica Idiopática por Kaznelson em 1916, desde então, tem sido reconhecida como tratamento efetivo para estas doenças hematológicas8. A indicação da realização deste procedimento mudou energicamente com o passar dos tempos. Nos anos 50, esplenectomias por hiperesplenismo eram as indicações mais comuns, já nos anos 70, o estadiamento da doença de Hodgkin predominou, sendo que atualmente, a indicação mais frequente é o trauma7,9.

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A ausência do baço tem efeitos a longo prazo mínimos no perfil hematológico; a esplenectomia leva a alterações na estrutura morfológica das hemácias e na concentração de plaquetas e leucócitos6. Entretanto, a conseqüência mais grave da esplenectomia é a suscetibilidade aumentada a infecções bacterianas, sobretudo aquelas causadas por microorganismos encapsulados como Streptococos pneumonie, Haemophilus influeza tipo

B e microorganismos entéricos gram-negativos4,10.

O assunto ganhou atenção da comunidade científica após a descrição dos primeiros casos de sepse pós esplenectomia, a partir de 1929 por O’Donnel4,10,11. Mas, somente 20 anos após, através de estudos de King e Schumacker, que se teve evidências clínicas de que a esplenectomia poderia implicar em um risco aumentado por infecções e até morte por sepse, sendo as crianças mais susceptíveis5,9,10.

Atualmente, diante do conhecimento das reais funções do baço, principalmente a imunológica, uma conduta menos agressiva que objetiva a preservação do tecido esplênico, vem sendo adotada. Em pacientes esplenectomizados, uma combinação de imunização, quimioprofilaxia e conscientização destes pacientes é imperativa11.

Este trabalho tem o propósito de analisar as esplenectomias realizadas no Hospital Regional de São José (HRSJ), focalizando as circunstâncias da indicação cirúrgica.

Obs: Este trabalho faz parte de uma pesquisa sobre as cirurgias de esplenectomias realizadas nos hospitais da grande florianópolis.

Os trabalhos abrangendo o Hospital Universitário, Hospital Infantil e Hospital Celso Ramos já foram finalizados

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2 OBJETIVOS

• Avaliar as esplenectomias realizadas no Hospital Regional de São José (HRSJ), no período compreendido entre janeiro de 1988 e abril de 2001.

• Identificar as circunstâncias da indicação cirúrgica e comparar os dados com a literatura.

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3 MÉTODO

3.1 – DELINEAMENTO

Trata-se de um estudo observacional, descritivo, transversal, baseado na revisão de prontuários.

3.2 – CASUÍSTICA

Utilizou-se como casuística no estudo 153 prontuários de pacientes internados no Hospital Regional de São José, no período compreendido entre janeiro de 1988 a abril de 2001,que foram submetidos à esplenectomia.

• Critérios de exclusão

Foram excluídos 34 prontuários, os quais não foram encontrados ou não continham os dados necessários ao preenchimento do protocolo (Apêndice).

• Critérios de inclusão

Foram elegíveis para o estudo os prontuários de 119 pacientes submetidos a esplenectomia no Hospital Homero de Miranda Gomes (Regional de São José - HRSJ) na grande Florianópolis, no período em questão, que continham os dados necessários ao preenchimento do protocolo (Apêndice).

3.3 – COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados no Serviço de Arquivos Médicos (SAME) do HRSJ. Inicialmente realizou-se uma triagem de todas as esplenectomias realizadas no Hospital através do livro de registro cirúrgico, obtendo-se a relação de prontuários de pacientes submetidos à esplenectomias. Foi elaborado um protocolo e as seguintes informações foram colhidas:

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.

• Dados de identificação do paciente: nome, sexo, idade, endereço, número do prontuário, naturalidade, procedência e profissão.

• Dados a respeito da internação: motivo da internação, sendo este o diagnóstico pré-cirurgico.

• Data da realização da cirurgia, bem como o tipo de procedimento efetuado, a presença ou não de baço acessório e a necessidade de colecistectomia e/ou transfusão sangüínea. • Realização ou não de profilaxia ativa e a data da mesma.

• Ocorrência ou não de óbito e a data do mesmo. 3.4 – ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos foram analisados com o auxílio dos softwares Microsoft Word e Excel, versão 7.0.

As variáveis categóricas foram expressas em número absoluto e percentual. 3.5 – ASPECTOS ÉTICOS

O protocolo foi aprovado em 25/06/2001 pelo Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Registro no CEP – 062/2001

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4 RESULTADOS

No período compreendido entre janeiro de 1988 e novembro de 2001, 119 pacientes foram submetidos a esplenectomia no serviço de Cirurgia Geral do Hospital Regional de São José (HMG).

Tabela 1 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia por

indicação traumática e não traumática , em número (n) e percentual (%).

n % Causa Traumática Não Traumática 69 57,98 50 42,02 Total 119 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

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Tabela 2 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia, por

indicação traumática e não traumática, segundo o sexo, em número (n) e

percentual (%).

Traumáticas Não Traumáticas

Sexo n % n % Masculino Feminino 60 09 86,96 13,04 24 26 48 52 Total 69 100 50 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

14 à 20 21 à 25 26 à 30 31 à 35 36 à 40 41 à 45 46 à 50 51 à 55 56 à 60 61 à 65 66 à 70 71 à 75 76 à 81 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Traumáticas Não Traumáticas

Figura 1 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia, em número, relacionado a faixa etária, em anos.

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos (SAME), HRSJ, São José, SC, 1988-2001.

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58,00% 18,50% 18,50% 5,00% TRAUMA ONCO-HEMATOLÓGICAS GASTRO-ENTEROLÓGICAS OUTROS

Figura 2 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia segundo a indicação cirúrgica, em percentual (%).

Fonte: Serviço de arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, SC, 1988-2001].

Tabela 3 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia traumática,

segundo a indicação cirúrgica, em número (n) e percentual (%).

n % Causas

Acidente Automobilístico Quedas

Ferimento por arma Atropelamento Espancamento 43 62,31 13 18,84 07 10,14 04 5,79 02 2,89 Total 69 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

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Tabela 4 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia não

traumática segundo a indicação cirúrgica, em número (n) e percentual (%).

n % Indicação Onco- PTI hematológicas Esferocitose Anemia Hemolítica Metástase Esplênica

Neoplasia Primária de Baço

Linfoma Não-Hodgkin Mielofibrose

Gastro- Neoplasia Gástrica Enterológicas Hipertensão Portal Abscesso Neoplasia de Pâncreas Cisto esplênico Pseudocisto Outras Iatrogenia Esplenomegaliasa esclarecer 12 24 02 04 02 04 02 04 02 04 01 02 01 02 07 14 07 14 04 08 02 04 01 02 01 02 03 06 03 06 Total 50 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

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Tabela 5- Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia segundo a

presença de baço acessório, em número(n) e percentual(%).

n % Baço Acessório Presente Ausente 09 7,56 110 92,44 Total 119 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

Tabela 6 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia traumática

e não traumática, em número(n), relacionada a necessidade de transfusão

sangüinea.

Traumáticas Não Traumáticas

Transfusão n % n % Sim Não 21 48 30,43 69,57 20 30 40 60 Total 69 100 50 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

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Tabela 7 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia não

traumática segundo a realização de imunoprofilaxia antipneumocócica.

n % Imunoprofilaxia Sim Não 04 08 46 92 Total 50 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Incidência de Imunoprofilaxia

Figura 3 – Incidência da imunização ativa antipneumocócica, em percentual (%), relacionada ao número de esplenectomias anuais.

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos (SAME), HRSJ, São José, SC, 1988 a 2001.

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0 2 4 6 8 10 12 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Traumáticas Não Traumáticas

Figura 4 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia por indicação traumática e não traumática, em número, relacionada ao ano de sua realização.

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos (SAME), HRSJ, São José, SC 1988-2001.

Tabela 8 – Distribuição dos pacientes submetidos a esplenectomia traumática

segundo o tipo de procedimento cirúrgico.

n % Procedimento Cirúrgico Esplenectomia Total Rafias Esplenectomia Parcial 58 84,06 08 11,59 03 4,35 Total 69 100

Fonte: Serviço de Arquivos médicos (SAME), HRSJ, São José, 1988-2001.

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DISCUSSÃO

O baço tem sido cirurgicamente removido por causas traumáticas, e como método diagnóstico, terapêutico em função de distúrbios benignos e malignos. A taxa de morbidade durante e após a esplenectomia é relativamente baixa, entretanto, sepse pós

esplenectomia é, a longo prazo, uma complicação severa dessa cirurgia12. Durante a última década, a preservação do baço tem se tornado um princípio cauteloso e

aceito no manejo do trauma. Os motivos da preservação esplênica, possivelmente, influenciaram também, o manejo cirúrgico das indicações não traumáticas de esplenectomia9.

Neste estudo, observou-se um discreto predomínio da ocorrência de esplenectomias traumáticas (57,98%) do que não traumáticas (42,02%) (tabela 1 e figura 2). Entretanto, Rose e col em sua pesquisa com 896 pacientes, obtiveram um discreto predomínio de esplenectomias não traumáticas (59%), assim como Polo e col estudando 354 pacientes observaram uma relação de 68% de esplenectomias não traumáticas9,13. Estes resultados demonstram as particularidades de cada lugar e cada serviço. Sendo o HRSJ um centro de referência para trauma era de se esperar uma diferença muito mais significante.

Verificou-se, em relação às indicações de cirurgia, um predomínio do sexo masculino(89,96%) somente quanto às causas traumáticas. Houve uma diferença não expressiva entre os sexos, relacionada a esplenectomia não traumática (tabela 2). A relação comparativa entre os sexos foi de 6,66 homens para cada mulher nas causas traumáticas e de praticamente uma mulher para cada homem nas causas não traumáticas.

Em relação a faixa etária (variando de 14 a 81 anos), a média de idade dos pacientes esplenectomizados por trauma foi significativamente menor, sendo de 29 anos; contrastando com uma média de 48 anos dos pacientes esplenectomizados devido a causas não traumáticas (figura 1). Esse dado pode ser explicado pelos padrões de comportamento variados e consequentemente exposição a riscos distintos, sendo que na literatura pertinente também foram verificados casos semelhantes13.

As lesões esplênicas ocorrem por trauma direto no quadrante superior esquerdo do abdome ou quando as costelas inferiores esquerdas são pressionadas contra a superfície do baço2. Nesse estudo, os acidentes automobilísticos constituíram a causa predominante de

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esplenectomia por indicação traumática (62,31%), enquanto as quedas (18,84%), os ferimentos por arma (10,14%), os atropelamentos (5,79%) e os espancamentos (2,89%), constituíram causas secundárias (tabela 3). Também na literatura, acidente automobilístico foi a principal causa relacionada com trauma abdominal e lesão do baço3, 14. Ferimentos por arma e espancamentos representam a consequência da violência, pobreza, abuso de substâncias e desigualdade social15.

Purpúra Trombocitopênica Idiopática (PTI) é o mais comum distúrbio hematológico resultando em esplenectomia8. Em pacientes com PTI, o baço é o sítio primário da síntese de uma imunoglobulina da classe IgG que atua como anticorpo plaquetário; ela é sintetizada pelas células esplênicas em cultura de tecidos e induz a transformação linfocitária in vitro na presença de plaquetas autólogas. Além disso, o seqüestro e destruição das plaquetas sensibilizadas, foi demonstrado in vitro, através de fagocitose pelos leucócitos esplênicos6. Observou-se, que PTI foi a causa mais comum das indicações de esplenectomia por causas não traumáticas (24%) (tabela 4).

Como particularidade nessa pesquisa, tivemos dentre os pacientes com PTI que realizaram a cirurgia, 02 gestantes e 02 pacientes soropositivos para o vírus da imunodeficiência humana (HIV). PTI associado com gestação freqüentemente envolve um risco considerável para ambos mãe e filho, e geralmente agrava no terceiro trimestre da gestação. O parto é especialmente difícil em gestantes com PTI severa resistente a prednisona e à altas doses de imunoglobulina, considerado de alto risco, nesses casos, o parto cesáreo, para prevenir hemorragia intracraniana devido a PTI neonatal/fetal, e ao mesmo tempo esplenectomia, como estratégia terapêutica para PTI, deva ser considerado16. Purpúra Trombocitopênica Idiopática representa uma complicação hematológica freqüente em pacientes infectados pelo HIV. A patofisiologia, destes casos, inclue uma acelerada destruição periférica de plaquetas e uma diminuição na sua produção pelos megacariócitos infectados. A esplenectomia é tão efetiva em PTI associada ao HIV quanto na PTI não relacionada ao vírus, além de não alterar a progressão da doença em pacientes já diagnosticados com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), nem influenciar a taxa de progressão de HIV positivo para SIDA doença17, 18.

As Anemias Hemolíticas constituem causas importantes de destruição celular de instalação aguda ou crônica. A hemólise aumenta a bilirrubina indireta com surgimento de colelitíase2, 8, 19. Esferocitose Hereditária e Anemia Hemolítica Auto Imune representaram

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juntas, neste trabalho, 8% das indicações não traumáticas de esplenectomia (tabela 4). A avaliação pré-operatória desses pacientes deve incluir a investigação de doença no trato biliar e quando a colelitíase está presente, colecistectomia profilática deve ser realizada no mesmo ato cirúrgico19. Dos quatro pacientes avaliados nesta pesquisa, dois deles necessitaram de colecistectomia concomitante a esplenectomia. Pacientes com hemólise crônica, que estão livres de colelitíase no momento da sua esplenectomia, não apresentam um risco aumentado de desenvolver cálculos, não estando indicada, portanto a colecistectomia19.

Metástases esplênicas são raras. Os tumores primários, que mais freqüentemente seguem-se de metástase para o baço, são mama, pulmão, pâncreas e melanoma. Metástase esplênica de melanoma representou 4% das indicações não traumáticas de esplenectomia no presente estudo. Outra situação bastante incomum nesta pesquisa, foi a indicação de esplenectomia devido a mielofibrose (4%). A cirurgia não é efetuada rotineiramente, mas está indicada para esplenomegalias volumosas que causam episódios dolorosos recorrentes, trombocitopenia severa ou uma necessidade freqüente de transfusões sangüíneas20. Pacientes esplenectomizados por mielofibrose tem sido associado a um risco aumentado de complicações pós operatórias21.

Devido à proximidade anatômica entre baço e pâncreas, freqüentemente processos inflamatórios ou neoplásicos acometendo este órgão provocam complicações esplênicas. Abscesso pancreático, um processo supurativo que ocorre em 2-3 semanas na evolução da pancreatite aguda pode estar associado a esplenomegalia secundária a trombose da veia esplênica22. Já os abscessos esplênicos representam infecção metastática podendo ser de origem pancreática, por contigüidade ou de origem hematogênica, freqüentemente exigindo esplenectomia23. Nesse estudo tivemos quatro casos de abscessos, sendo dois secundários a pancreatite e dois devido a complicações pós-gastroplastia (tabela 4). Pseudocistos, coleções liquidas encapsuladas com elevado conteúdo enzimático, também são complicações de pancreatite aguda ou crônica (tabela 4). O envolvimento do parênquima esplênico é incomum, mas tem o potencial de causar hemorragia importante, sendo a esplenectomia efetiva nesses casos embora, a taxa de complicação seja alta22, 24.

Em relação às neoplasias do trato gastrointestinal, os carcinomas gástricos envolvendo a parede proximal do estômago e os carcinomas pancreáticos (especialmente os de disseminação T3) freqüentemente acometem os linfonodos hilares esplênicos e contíguos à

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artéria esplênica25. Procede-se, então, a esplenectomia para se facilitar a dissecção destes linfonodos ou para ressecção da invasão direta do tumor sobre o baço. As neoplasias do trato gastrointestinal (estômago e pâncreas) corresponderam a 18% das indicações das esplenectomias não traumáticas.(tabela 4)

Esplenomegalia e hiperesplenismo são comuns na hipertensão porta devido à cirrose hepática. Nestes casos a esplenectomia melhora o perfil hematológico pelo aumento da contagem plaquetária e pela regressão parcial da anemia e leucopenia26. A esplenectomia devido a hipertensão portal correspondeu a 14% das indicações não traumáticas nesta pesquisa(tabela 4). Rose e col também encontraram dados semelhantes quanto a incidência de esplenectomia por hipertensão porta e por iatrogenia num estudo com 896 pacientes9. Em relação à lesão iatrogênica do baço (6%), alguns autores relatam que 40% de todas as esplenectomias são realizadas por causa de lesão do baço durante procedimentos como: hemicolectomia esquerda, cirurgia anti-refluxo, nefrectomia esquerda e cirurgia vascular sobre a aorta abdominal e seus ramos. Tração excessiva e trauma direto são os principais mecanismos da lesão iatrogênica do baço, e quando ela ocorre, está associada a um aumento nas taxas de morbidade e mortalidade pós cirurgica27, 28.

Baço acessório é uma entidade comum, caracterizado por nódulos de tecido esplênico, únicos ou múltiplos, geralmente situados no hilo esplênico, na cauda do pâncreas ou no grande omento e ocasionalmente, na pelve2,29. Raramente causam sintomas e sua importância está no fato de que, após a remoção do baço por desordens hematológicas, eles hipertrofiam e causam recorrência da enfermidade. A presença de baços acessórios em 7,56% (tabela 5) de nossos pacientes, similar ao que tem sido documentado historicamente, reforça a importância de sua exploração abdominal durante a esplenectomia para evitar função esplênica residual21. O fato de sete dos nove pacientes em que foi encontrado baço acessório terem sido esplenectomizados em função de distúrbios hematológicos, reforça a idéia de que a menos que eles sejam especificamente procurados, podem facilmente passar desapercebidos aos olhos do cirurgião30.

A esplenectomia é um procedimento relativamente seguro, entretanto, no período pós-operatório imediato (< 30 dias) pode ocorrer sangramento, abscesso subfrênico, atelectasia

pulmonar, broncopneumonia, derrame pleural à esquerda e óbito12. Pacientes

particularmente com alto risco de complicações incluem aqueles com elevada perda de sangue, esplenomegalias volumosas e mielofibrose21. Quanto à necessidade de transfusão

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de sangue, 30,43% e 40% dos pacientes que realizaram esplenectomia por causa traumática e não traumática respectivamente, foram transfundidos (tabela 6); valores que não coincidem com a suscetibilidade aumentada que uma laceração esplênica traumática tem de causar hemorragia de vulto e continuada3. Dos sete óbitos que ocorreram nesta pesquisa, seis deles ocorreram em menos de 30 dias após o procedimento cirúrgico.

Sepse fulminante e potencialmente fatal é a maior complicação a longo prazo da esplenectomia. Os sintomas iniciais são geralmente inespecíficos incluindo febre, dor de cabeça, mialgias, vômitos e diarréia podendo progredir rapidamente para bacteremia maciça e choque séptico. Pode vir acompanhado com um quadro de pneumonia e/ou meningite em 50% dos casos, sendo que a principal etiologia é o pneumococo. A maioria (50 a 70%) dos episódios infecciosos ocorrem dentro dos primeiros dois anos após a esplenectomia, entretanto o risco persiste aumentado pelo resto da vida31. Por estas razões é que atualmente preconizam-se ações preventivas como imunoprofilaxia, quimioprofilaxia e conscientização dos pacientes asplênicos e hiposplenicos. Em cirurgias eletivas propõe-se o esquema vacinal (antipneumocócico)14 dias antes do procedimento cirúrgico, já em cirurgias de urgência, faz-se no período pós-operatório, assim que for possível. Deve-se realizar uma dose de reforço a cada 5 a 10 anos32. Dentre as esplenectomias de nossa casuística foi documentado a imunoprofilaxia em apenas 8% dos casos, todos no período pré-operatório e por causas não traumáticas (tabela7). Como pode-se observar na figura 3, embora a prevalência de imunoprofilaxia tenha sido baixa, ela representa uma conduta que não era realizada até 1996 quando então começou a ser aplicada de forma relativamente mais freqüente.

O reconhecimento desse risco aumentado de infecção em pacientes sem baço levou à elaboração de novas técnicas cirúrgicas para preservação de polpa esplênica suficiente para manter a atividade imunológica. Muitas lesões esplênicas traumáticas tratadas com esplenectomia total até duas décadas atrás, atualmente são submetidas a técnicas conservadoras, como a esplenorrafia, aplicação de agentes hemostáticos e esplenectomia parcial33. Em nossa casuística 11,59% e 4,35% das lesões traumáticas sobre o baço foram tratadas com esplenorrafia e esplenectomia parcial, respectivamente (tabela 8). Embora seja tecnicamente mais difícil que a esplenectomia total, a esplenorrafia e a esplenectomia parcial podem ser realizadas com índices comparáveis de necessidade de transfusão sangüínea, reoperação e morbidade3.

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Mais recentemente, o conceito da conduta conservadora adquiriu popularidade médica33. Como o sangramento decorrente de traumatismo esplênico parece ser mais auto-limitado nas crianças, a sua segurança e eficácia em pacientes pediátricos têm sido confirmada em vários estudo34,35,36,37. O tratamento conservador de tecido esplênico exige um paciente em condições hemodinâmicas estáveis e sem lesões intra-abdominais concomitantes, além disso o período de internação e as necessidades transfusionais são geralmente maiores em comparação com a esplenectomia total3. Portanto, as diferenças anatômicas e fisiológicas entre adultos e crianças, bem como a incidência aumentada de comorbidades entre os pacientes adultos pode proibir o uso do manejo clínico do trauma esplênico nestas faixas etárias, sem distinção36.

A lesão traumática do baço continua sendo a indicação mais comum de esplenectomia, embora, como se observa na figura 4, a incidência de esplenectomias vem diminuindo significativamente ao longo dos últimos anos, provavelmente pelo reconhecimento das vantagens do tratamento conservador. Rose e col. obtiveram conclusões semelhantes em sua pesquisa 9.

Com a realização deste trabalho, espera-se ter sido claro quanto a real importância do baço à vida, pois mesmo, não sendo essencial ao organismo, sua ausência pode acarretar disfunções, principalmente no que diz respeito ao sistema imune. Deseja-se ainda, despertar a consciência da importância da manutenção deste órgão e, quando isto não for possível, que se indique a imunização e o acompanhamento clínico necessário.

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6 CONCLUSÕES

1. Trauma por acidente automobilístico no sexo masculino é a principal causa das esplenectomias.

2. Púrpura Trombocitopênica Idiopática é a causa mais freqüente das esplenectomias não traumáticas

3. A imunoprofilaxia é ainda pouco registrada no Hospital Regional de São José. 4. A prevalência das esplenectomias tem diminuido ao longo dos últimos anos.

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(23)

NORMAS ADOTADAS

Normatização para os trabalhos científicos de conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Resolução no 001/01 do colegiado do curso de graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, 4a edição. Florianópolis 2001.

(24)

A

PÊNDICE

PROTOCOLO DE ESTUDOS DAS ESPLENECTOMIAS

ESTUDO Nº: _____________ Nº PRONTUÁRIO: _________________ PESQUISADOR: ______________________________________ _____ / _____ / _____ IDENTIFICAÇÃO:

Nome: ___________________________________________________________________

Idade: __________ Sexo: ______ Raça/cor: ____________

Endereço:_______________________________________ Cidade: _____________

Naturalidade: _________________________ Escolaridade: _______________

Estado Civil: _________________________ Profissão: _________________

Telefone: ____________________________ OBS: _____________________

Condição atual: ___ vivo ___ morto - data: ____/____/______

ANAMNESE: Queixa principal: ___________________________________________________________ HDA: ____________________________________________________________________ HF: __________________________________________________________ Laboratório: Hemograma: hematimetria: ______________ Ht: ________ Hb: ________ Reticulócitos: ______________ Leucócitos: ________________ Plaquetas: _________________ Bilirrubina: BT: _________ BD: _________ BI: ________ TGO: _____________ TGP: _____________ F.Al.: ____________ γ GT: _________ Eletroforese de hemoglobina: _________________________________________________ Curva de fragilidade osmótica: ________________________________________________ Mielograma: ______________________________________________________________ Imagens: Rx simples de abdome: ______________________________________________ Colecistograma oral: ________________________________________________ USG: ____________________________________________________________

(25)

25

ATO CIRURGICO: Data: ____/____/_____

Tipo de esplenectomia: ___ parcial ___ total

Presença de baço acessório: ___ não ___ sim - _______________________

Necessidade de colecistectomia: ___ sim ___ não

Necessidade de transfusão: ___ não ___ sim Hemácias: ______________

Plaquetas: _______________ ANATOMO PATOLÓGICO: _______________________________________________ ______________________________________________________ data: ____/____/_____ PÓS ESPLENECTOMIA: Hemograma: hematimetria: ______________ Ht: ________ Hb: ________ Reticulócitos: ______________ Leucócitos: ________________ Plaquetas: _________________ Bilirrubina: BT: _________ BD: _________ BI: ________

Profilaxias: ___ Anti pneumococo ___ Anti Hib

Data da realização: ____/____/_____ PATOLOGIAS: 1.__________________________________________________________________________ ____________________________________________________ data: ____/____/_____ 2.__________________________________________________________________________ ____________________________________________________ data: ____/____/_____ 3.__________________________________________________________________________ ____________________________________________________ data: ____/____/_____ ÚLTIMO CONTATO: _____/ _____/ _____ TEMPO SEM CONSULTA: ________

Referências

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