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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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Relatório Final - Estágio profissionalizante

Mestrado Integrado em Medicina

Sexto Ano

Gonçalo Andion Boullosa Perry da Câmara

Nr: 2014192

Orientador: Prof. Dr. João Neves

Regente: Professor Doutor Rui Maio

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Tabela de Conteúdos

1 | Introdução

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2 | Objetivos

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3 | Síntese das Actividades Curriculares

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3.1 Medicina Interna (2 de Setembro de 2019 a 1 de Novembro de 2019)

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3.2 Cirurgia Geral (4 de Novembro de 2019 e terminado a 12 de Janeiro de 2020)

3

3.3 Pediatria (20 de Janeiro de 2020 a 14 de Fevereiro de 2020)

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3.4 Ginecologia e Obstetrícia (17 de Fevereiro de 2020 a 18 de Março de 2020)

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3.5 Saúde Mental (24 de Março de 2020 a 17 de Abril de 2020)

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3.6 Medicina Geral e Familiar (20 de Abril de 2020 a 15 de Maio de 2020)

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4 | Elementos Valorativos

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5 | Reflexão Crítica

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6 | Anexos

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​Introdução

O último dos seis anos do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Nova Medical School (NMS) é reservado a um estágio profissionalizante de 32 semanas realizado exclusivamente em ambiente hospitalar e em USF, sendo composto por estágios parcelares de natureza predominantemente participativa em Medicina Interna, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Mental e Medicina Geral e Familiar. Este estágio tem como principal objectivo providenciar uma experiência prática, global e mentorada que complete a formação de médicos de excelência ambicionada pelo MIM tanto a nível técnico (competências clínicas) como a nível humano (competências humanas).

No presente relatório começo por apresentar uma descrição dos objectivos a que me propus ao iniciar o estágio profissionalizante, a nível clínico, humano, e investigacional. De seguida, apresento uma breve descrição de cada estágio parcelar. ​Incluo actividades extracurriculares que realizei ao longo dos seis        anos de curso e que considero fundamentais, para a minha formação clínica e humana​. Concluo com        uma reflexão pessoal que inclui uma análise crítica aos objetivos propostos.

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​Objetivos

Como mencionado, o estágio profissionalizante tem como principal objectivo completar, de forma prática, a formação clínica e humana de um futuro médico. Antes de iniciar o estágio e com base no artigo europeu “​The Tuning Project”, defini um conjunto de competências que ambicionava desenvolver durante o

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mesmo:

▪ Competências Clínicas​: 1) conduzir consultas supervisionadas com os doentes de forma autónoma; 2) avaliar situações clínicas e executar diagnósticos diferenciais com planificação de tratamento; 3) prescrever medicamentos; 4) executar procedimentos práticos, como punções venosas, punções arteriais, eletrocardiograma e suturas; 5) sintetizar e comunicar de forma clara o diagnóstico clínico, tanto a doentes como a outros profissionais de saúde; 6) aplicar os princípios ético-legais na prática clínica; 7) construir conhecimento médico baseado na evidência; 8) promover a saúde populacional; ▪ Competências Humanas​: 1) comunicar de forma empática, com doentes e colegas; 2) ser humilde e

pedir ajuda; 3) ter pensamento crítico; 4) ser autónomo na resolução de problemas e liderar iniciativas de melhoria; 5) ser capaz de transmitir conhecimento e ensinar; 6) Adquirir contexto do mundo real e analisar impactos das condições psicossociais dos doentes;

Competências Investigacionais​: 1) desenhar experiências científicas; 2) conduzir procedimentos laboratoriais práticos; 3) analisar e disseminar os resultados obtidos.

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​Síntese das Actividades Curriculares

3.1 Medicina Interna

(2 de Setembro de 2019 a 1 de Novembro de 2019)

O estágio de Medicina Interna realizou-se no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental- Hospital Egas Moniz durante 9 semanas, sob a tutoria da Dra. Rita Reis. A minha actividade esteve focada sobretudo na enfermaria, no qual fui responsável por 17 doentes, e englobava a maioria das funções de um interno de formação geral. Fui incluído na equipa médica e foi-me dada alguma independência. As minhas responsabilidades incluíam os normais procedimentos inerentes a um doente internado: realizar o diário clínico, proceder ao pedido de exames, realização e interpretação dos MCDTs dos doentes atribuídos, realizar actos médicos semi-invasivos (gasimetrias, punção venosa, ECG), apresentar os doentes na visita clínica e realizar notas de alta. Participei em diversos contextos inerentes à medicina interna, como o serviço de urgência, o apoio a doentes de outras especialidades (neurocirurgia, psiquiatria, gastroenterologia) e sessões formativas. No final do estágio realizei uma apresentação oral em conjunto com outros colegas a propósito de um caso clínico (ver anexo).

3.2 Cirurgia Geral

(4 de Novembro de 2019 e terminado a 12 de Janeiro de 2020)

O estágio de Cirurgia Geral realizou-se no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital da Luz durante 8 semanas, sob a tutoria do Dr. José António Pereira. Na primeira semana assistimos a um conjunto de aulas teórico- práticas sobre procedimentos em Cirurgia Geral no Hospital Beatriz Ângelo e participamos no curso TEAM (ver anexo) sobre a abordagem ao doente traumatizado - abordagem que mais tarde pude colocar em prática num acidente rodoviário que presenciei. Nas restantes semanas acompanhei e participei nas cirurgias gerais do Dr. José António Pereira no Hospital da Luz, e apoiei cirurgias hepato-biliares uma vez por semana no Hospital Beatriz Ângelo. No total observei 32 cirurgias, das quais 9 participei com segundo ajudante, destacando-se as cirurgias laparoscópicas em que era responsável por suturar e encerrar as portas laparoscópicas. Em contexto cirúrgico fui também responsável por actividades como posicionamento do doente, colocação de acessos venosos periféricos e centrais, técnicas e procedimentos anestésicos, preparação dos fármacos, técnicas de algaliação, desinfecção e colocação de campo esterilizado no doente. Tive também a oportunidade de contactar com patologias cirúrgicas em contexto de urgência, consulta externa e nas reuniões multidisciplinares de oncologia gastrointestinal. Este foi o primeiro estágio em Cirurgia Geral num hospital privado, o que me permitiu assistir às técnicas cirúrgicas mais avançadas (p.e. cirurgia robótica e laparoscopia 3D) e participar em inúmeras sessões formativas (p.e. técnicas de sutura, CVC em manequim humano). No final do estágio apresentamos um caso cirúrgico sobre um Quisto do Mesentério, no qual nos foi feito um convite à publicação.

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3.3 Pediatria

(20 de Janeiro de 2020 a 14 de Fevereiro de 2020)

O estágio de Pediatria realizou-se no Hospital São Francisco Xavier durante 4 semanas, sob a tutoria do Dr. Edmundo Santos. A minha actividade ocorria maioritariamente no berçário, onde realizava o primeiro exame objectivo ao recém-nascido e verificava todas as componentes essenciais no acompanhamento neonatal (p.e. verificar vigilâncias da gravidez, anomalias no trabalho de parto, alterações congénitas). No entanto, estive também em contexto de urgência onde tive a oportunidade de realizar diversos exames objetivos específicos da idade pediátrica (p.e. otoscópios, oftalmoscópios, medição do percentil) e de realizar a primeira observação e escrever no diário de urgência. Nas urgências de neonatologia, em particular, pude observar as patologias mais associadas à prematuridade (p.e. sepsis, icterícia neonatal, broncodisplasias). Por fim, estive no internamento pediátrico onde realizei diários, exame objectivo, notas de alta. Neste estágio tentei participar em consultas das diversas sub-especialidades da pediatria (Imunoalergologia, Desenvolvimento, Endocrinologia e Nutricional, Prematuridade, Pneumologia, Nefrologia, Transmissão Vertical e Neurologia) o que me deu uma enorme exposição às várias doenças pediátricas. Terminei o estágio com uma apresentação de um caso clínico otológico do serviço (ver anexo).

3.4 Ginecologia e Obstetrícia

(17 de Fevereiro de 2020 a 18 de Março de 2020)

O estágio de Ginecologia e Obstetrícia realizou-se no Hospital de Vila Franca de Xira durante 4 semanas, sob a tutoria da Dra. Célia Pedroso e a Dra. Ana Margarida Sousa. Durante o estágio participei ativamente na maioria das valências da Ginecologia e Obstetrícia, tendo a oportunidade de experimentar as diversas sub-especialidades, permitindo-me obter uma perspectiva abrangente da especialidade. Adicionalmente, gostaria de frisar o papel activo que tive nas decisões e actos médicos, possibilitado pelas tutoras, e nas actividade realizadas no Bloco Operatório, no Bloco de Partos, nas Histeroscopias, nas Ecografias Ginecológicas e Obstétricas, nas consultas de Ginecologia (planeamento familiar, pavimento pélvico, patologia do colo), nas consultas de obstetrícia, na enfermaria e no serviço de urgência. Dado ser um hospital público-privado, pude assistir a dinâmicas como os pais acompanharem as suas mulheres em todas as etapas da gravidez ou a prestação de cuidados extra-hospitalares promotores de excelência (p.e. formulários de satisfação do doente, avaliações mensais de performance hospitalar e formações de renovação à acreditação da JCI) que acredito terem um efeito positivo no resultado clínico. No final do estágio organizamos um Journal Club para a apresentação de um artigo de revisão (ver anexo), mas não nos foi possível apresentar devido ao COVID-19.

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3.5 Saúde Mental

(24 de Março de 2020 a 17 de Abril de 2020)

O estágio de Saúde Mental realizou-se remotamente, devido ao COVID-19, durante 4 semanas, sob a tutoria do Professor Doutor Miguel Talina. Durante o estágio tive a oportunidade de realizar duas histórias clínicas, utilizando o exame objectivo mental, através de duas gravações que o professor realizou a dois doentes do seu serviço. Realizei pela primeira vez a colheita e o exame objectivo psiquiátrico em doentes com patologia psiquiátrica grave (Esquizofrenia e Depressão Major), aprofundando em simultâneo os critérios das doenças mentais de acordo com DSM-V. Gostaria de frisar que este foi um importante complemento à formação de saúde mental recebida no quinto ano. Por outro lado, este estágio readaptou-se à nova situação da PNA, levando-nos a realizar vinhetas clínicas e perguntas ao estilo da PNA. Não só permitiu rever os conceitos psiquiátricos desenvolvidos na UC de Psiquiatria, como nos colocou no papel de examinador, permitindo uma melhor compreensão da correcta abordagem às perguntas “single best answer”. Por fim, o Professor Doutor Miguel Talina realizou um workshop via Zoom sobre ​Emergências Psiquiátricas​.

3.6 Medicina Geral e Familiar

(20 de Abril de 2020 a 15 de Maio de 2020)

O estágio de Medicina Geral e Familiar realizou-se remotamente (e não na USF de Beja como inicialmente previsto), devido ao COVID-19, durante 4 semanas. Apesar da impossibilidade de experienciar presencialmente muitas das actividade da rotina de um médico de MGF que permitiriam o desenvolvimento de algumas das competências acima mencionadas (p.e. dar consultas sozinho, fazer visitas ao domicílio, contactar com as doenças de maior prevalência na população, testar e melhorar as técnicas de discurso médico-doente, avaliar as diferenças de saúde em contexto territorial mais periférico), os responsáveis pelo estágio adaptaram da melhor forma a formação em MGF para modelo remoto. Durante o estágio pude analisar um caso clínico com patologia prevalente nos cuidados de saúde, investigar sobre um meio complementar de diagnóstico, descrever e sistematizar 5 tipos de consultas diferentes (e.g. entrevista motivacional, dar más notícias, lidar com um doente exigente) e assistir a cursos online da OMS sobre antibioterapia e infeções respiratórias virais. No final do estágio apresentei no mini-congresso de MGF uma abordagem prática ao doente com fadiga (ver anexo). Gostaria de realçar a enorme qualidade dos responsáveis da UC de MGF que se adaptaram a esta nova realidade, permitindo que, ainda faltando a componente prática, muitos dos objectivos do estágio fossem cumpridos.

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​Elementos Valorativos

No decorrer de todo o MIM, e como complemento à formação de excelência que recebia, considerei importante expandir as minhas competências clínicas, humanas e investigacionais através de actividades extracurriculares que me valorizassem como aluno de medicina, futuro médico e cuidador de saúde.

Competências Clínicas​:

▪ No quarto ano do MIM realizei um estágio de 2 semanas no ​Chelsea Westminster Hospital em Gastroenterologia em ​Londres, UK​. Com a supervisão do Dr. Marcus Harbord, pude experienciar um Hospital da rede ​NHS​, participar no Bloco Operatório, visitar as urgências e participar em ​Ward-rounds​. Neste estágio tive a oportunidade de participar nas técnicas endoscópicas e de recolher informação clínica em contexto de urgência.

▪ No final do quinto ano do MIM realizei um estágio Internacional no ​Hospital Nemours/ Alfred I. Dupont for Children durante 2 semanas em ​Delaware, EUA, no âmbito do concurso da Bolsa da ANDO2

. O estágio observacional, sob a supervisão do Dr. William Mackenzie, visava aprender e divulgar os cuidados especializados e avançados nas áreas das displasias ósseas. Pude estar presente nas Clínicas de Displasia Óssea, nas reuniões multidisciplinares do serviço, no Bloco Operatório, assim como visitar um dos únicos​Gait Lab que se encontra em serviço hospitalar. Este estágio foi crucial para perceber a3 importância da troca de experiências clínicas internacionais e permitiu-me explorar diferentes diagnósticos diferenciais.

▪ No sexto ano do MIM trabalhei com a ​AEFCM ​em parceria com o ​Grupo Mello para fazer o registo e as notificações no SINAVE dos doentes COVID-19 na região de Lisboa, assim como a publicação de um artigo na revista “Gazeta Médica” com os resultados. Esta experiência tornou real o valor da promoção da saúde populacional e da aplicação de princípios e metodologias científicas na prática médica.

Competências Humanas:

▪ No terceiro ano do MIM realizei um estágio voluntário médico em​Gabú, ​na Guiné-Bissau​. De manhã frequentava as diversas valências do ​Hospital Regional de Gabú e à noite lecionava aulas de Português a mais de 30 alunos. Esta experiência permitiu-me valorizar a relação do médico-doente para efectuar um correcto diagnóstico, sobretudo num país onde os meios de diagnósticos são muito limitados.

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​Associação Nacional de Displasias Ósseas

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▪ Entre 2014 e 2016, tive a oportunidade de ser Coordenador dos Grupos de Bioética e Presidente do Núcleo de Estudantes Católico da NMS​. Estas experiências foram cruciais para treinar o pensamento crítico.

▪ Entre 2015 e 2017, tive a oportunidade de ser monitor das duas ​UCs de Anatomia e ​Nutrição e Metabolismo​, que me permitiu colaborar com a docência e com os alunos, treinando a capacidade de síntese e exposição de conceitos médicos complexos a alunos de medicina.

Competências Investigacionais:

▪ Ainda no âmbito da bolsa da ANDO, paralelamente ao estágio, elaborei um ​Artigo de Revisão em parceria com o Prof. Dr. José Rueff e a Dra. Inês Alves, sobre os ​mecanismos moleculares envolvidos na expressão da Acondroplasia​. Submetemos o trabalho para uma revista Internacional (​BMJ Genetics​ ) e recebemos o ​Peer Review​, e realizámos uma palestra na NMS a resumir as descobertas feitas através do artigo de revisão. Esta experiência mostrou-me o valor da investigação científica aliada à prática clínica.

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​Reflexão Crítica

Este ano foi, sem dúvida, o mais marcante de toda a formação médica recebida até hoje. Como mencionado, estabeleci um conjunto de objectivos ambiciosos para ser capaz de servir os doentes adequadamente no futuro. Considero que a maioria destes objectivos foram alcançados em diferentes estágios parcelares, mesmo num contexto de COVID-19, e nas actividades extra curriculares em que participei. Nesta reflexão identifico qual o estágio parcelar que mais contribuiu para atingir cada um dos objectivos a que me propus, assim como os objectivos que ficaram por atingir.

No estágio de Cirurgia Geral, tive a oportunidade de ​executar e praticar procedimentos práticos autonomamente​. Enquanto segundo ajudante, pude demonstrar as aptidões práticas em procedimentos como lavagem cirúrgica das mãos, suturar, colheita de punção venosa ou algaliar, em que conseguia transpor para uma situação clínica os conhecimentos teóricos. Durante a cirurgia ou imediatamente a seguir revia com o meu tutor as indicações cirúrgicas, procedimentos e riscos de complicações da intervenção em causa, experiência que fortaleceu a minha capacidade de ​sintetizar e comunicar de forma clara e eficaz o diagnóstico médico com outros profissionais de saúde. No final do estágio preparei, com a ajuda do meu tutor, um caso clínico que apresentei ao coordenador do estágio e aos restantes alunos, e que me mostrou de forma concreta o valor de mentores.

O estágio de Medicina Interna foi extremamente importante para desenvolver tanto competências clínicas como humanas.​Apliquei os princípios ético-legais quando tinha a cargo doentes em fase terminal de vida

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em que tinha de decidir se procedíamos com uma investigação etiológica de doença ou se optavamos por tratamentos de conforto e alívio de dor. Especificamente, tive também a oportunidade de aplicar princípios legais em contexto de urgência geral, em que realizei a certificação de morte cerebral a um doente falecido. Estes delicados episódios clínicos foram os mais dolorosos durante todo o estágio profissionalizante. Dada a delicadeza dos estados clínicos referidos, certificava-me que dedicava o tempo necessário para explicar ao doente e familiares a situação clínica, dando por um lado informações realista sobre o estado clínico assim como a segurança de que faríamos tudo ao nosso alcance para a sobrevivência e minimização do sofrimento do familiar. Lembro-me especificamente de um episódio em que, juntamente com a minha tutora, transmitimos aos familiares a morte cerebral de um doente. Apesar do nosso insucesso, o enorme reconhecimento manifestado pelos familiares a toda a equipa médica foi surpreendente. Sinto que experiências como estas foram fulcrais para me mostrar o valor da humanidade e desenvolver uma​comunicação mais clara e empática com os doentes​. No entanto, esta é uma vertente que devo continuar a desenvolver. Também em Medicina Interna adquiri um melhor ​contexto do mundo real e analisei os impactos das condições psicossociais dos doentes​. Dada a diversidade de doentes que assistia no serviço, certificava-me que tinham entendido qual o meu papel e de que forma as iria ajudar. No momento da alta, apurava se teriam todas as condições sociais de suporte, nomeadamente acesso à medicação, um acompanhante nos primeiros dias de alta, entre outros factores. Finalmente, também em Medicina Interna, foi muito gratificante poder ​ensinar alunos do quarto ano a recolher histórias clínicas, executar exames objetivos, escrever diários e colher gasimetrias e foi uma experiência crucial para desenvolver as minha capacidade de comunicação e de ensinar.

Apesar de serem competências desenvolvidas em vários estágios parcelares, como Medicina Interna e Cirurgia Geral, foi em MGF que mais fortaleci as capacidades de ​apurar o diagnóstico, distinguir os diversos diagnósticos diferenciais e propor um plano de tratamento num caso clínico proposto pelos docentes. Para estudar o caso clínico e fazer uma ​avaliação crítica do mesmo, usávamos as plataformas de maior evidência científica (DynaMed, Uptodate), utilizando as mesmas para ​construir conhecimento médico baseado na evidência​.

No estágio de Pediatria tive oportunidade de ​promover a saúde populacional quando verificavamos o estado vacinal das crianças ou nas consultas de nutrição quando abordavamos crianças com excesso de peso e reforçavamos a importância de hábitos alimentares saudáveis.

O estágio de Ginecologia e Obstetrícia mostrou-me o valor de pedir ajuda. O desconforto por parte das doentes pela minha presença era comum em consultas e tratamentos, muitas vezes motivado pelo facto de ser homem. Esse desconforto levava a que também eu ficasse mais ansioso na execução do exame objectivo ginecológico. Desta forma, senti a necessidade de ​pedir ajuda à minha tutora na realização do

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exame, dando-me indicações de como proceder com confiança, segurança e garantindo o conforto da doente.

O estágio de Saúde Mental foi particularmente importante para praticar a ​função de médico prescritor​, recomendando o tratamento farmacológico individualizado e seguro para duas patologias psiquiátricas graves. Dado o contexto COVID-19, esta recomendação foi feita com recurso a duas entrevistas gravadas.

O contexto COVID-19 veio alterar o normal funcionamento curricular, o que limitou parte da experiência formativa. Em particular, o estágio em MGF, onde acredito que teria possibilidade de atingir muitos dos objectivos que ficaram por atingir.

Apesar de ter observado consultas nos vários estágios parcelares, não tive a oportunidade de ​conduzir autonomamente uma consulta​. Esta experiência será complementada no futuro, durante o ano comum. Adicionalmente, e apesar de ter tido experiências de autonomia (por exemplo em Pediatria ao realizar exames objetivos neonatais ou a realizar uma otoscopia em contexto de urgência), não encontrei muito espaço para​resolver problemas de forma totalmente autónoma​, o que era já esperado por mim. Acredito que terei ainda maior autonomia no ano comum, o que me permitirá desenvolver uma maior capacidade de resposta autónoma.

Por último, não tive muitas oportunidades de desenvolver ​competências investigacionais​, que considero também uma dimensão muito importante para futuros médicos e para a evolução dos cuidados médicos, aliando a prática à investigação. Para complementar a minha formação com estas competências, recorri a actividades extracurriculares antes mencionadas (​paper com a ANDO e publicação de resultados COVID-19).

Este estágio profissionalizante foi a experiência que até hoje mais me marcou no meu percurso. Foi um ano desafiante, marcado por uma pandemia sem precedentes. Durante o estágio, atingi grande parte dos meus objectivos mas também percebi que é início de um caminho longo de aprendizagem clínica e humana, e confirmei a vontade de servir a comunidade como Médico.

Cabe-me concluir o relatório agradecendo à NMS por me acolher durante 6 anos da minha vida, vendo me crescer, expandir e contribuir. Apesar de não ser o final que esperava, senti como nunca a unidade da comunidade médica do qual não poderia estar mais orgulhoso e agradecido de fazer parte em breve. Resta-me agradecer a Ele, à incrível família e aos amigos que tanto apostaram em mim e que tanto me amam. Espero poder estar à altura das vossas preocupações e dos vosso desafios.

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​Anexos

6.1 Tabela Sumária dos Estágios com balanço final

Estágio Local Coordenador Tutor Pontos Positivos Sugestões de Melhoria

Medicina Interna Hospital Egas Moniz Prof. Dr. Fernando Nolasco Dra. Rita Reis ▪ Elevada Autonomia ▪ Demonstração de competências teórico-práticas ▪ Excelente integração na equipa

▪ Apostar mais na formação da prescrição

Cirurgia Geral

Hospital da Luz

Prof. Dr. Rui Maio Dr. José António Pereira

▪ Estágio bastante prático; ▪ Curso TEAM ▪ Workshops de suturas e anestesia ▪ Assistência a cirurgia inovadoras ▪ Discrepância de qualidade nas opcionais cirúrgicas ▪ Reforçar os docentes nas

apresentações do HBA

Pediatria Hospital São

Francisco Xavier Prof. Dr. Luís Varandas Dr. Edmundo Santos ▪ Acesso às subespecialidades pediátricas ▪ Independência no SU ▪ Variabilidade dos casos

assistidos

▪ Rácio de 4 alunos por 1 tutor

Ginecologia e Obstetricia

Hospital Vila Franca

de Xira

Prof. Dra. Teresinha Simões Dra. Célia Pedroso Dra. Ana Margarida Sousa

▪ Forte componente prática ▪ Elevada autonomia ▪ Forte aprendizagem ▪ 2 tutores por aluno

▪ Pedidos para me ausentar das consultas (pelas utentes)

Saúde Mental Contexto

COVID-19

Prof. Dr. Miguel Talina

Contexto COVID-19

▪ Adaptação rápida e útil em contexto covid-19 ▪ Reforço para o estudo da

PNA

▪ Utilidade do trabalho produzido

▪ Não ter estágio presencial

Medicina Geral e Familiar

Contexto COVID-19

Prof. Dra Isabel Santos

Contexto COVID-19

▪ Adaptação rápida e útil em contexto covid-19 ▪ Cursos onlines apropriados ▪ Vizualização de vídeos de consulta ▪ Estudo de Medicina Baseada na Evidência

▪ Não ter estágio presencial ▪ Falta de assistência de um

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6.2 Apresentação de Trabalhos durante o estágio profissionalizante

Estágio Temática e Oradores

Medicina Interna Hemorragia Digestiva

Gonçalo Perry da Câmara Sofia Abreu João Madeira Cirurgia Geral

“What an incidente(aloma)?” Quisto do Mesentério - caso clínico

Gonçalo Perry da Câmara Inês Ferreira Ana Rita Martins

Ana Canastra

Pediatria Otomastoidite: apresentação de um caso clínico

Ginecologia e Obstetrícia Artigo de Revisão: Redução do Risco Relativo do Carcinoma Tubárico oculto após salpingo-ooforectomia

Gonçalo Perry da Câmara Ricardo Fortes

Saúde Mental Contexto COVID-19

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​Bibliografia

Cumming A, Ross M. ​The Tuning Project for Medicine--learning outcomes for undergraduate medical

education in Europe​. ​Med Teach​. 2007;29(7):636-641. doi:10.1080/01421590701721721.

Vitorino R.M, Jolie C, McKimm J., ​O licenciado médico em Portugal – Core Graduates Learning Outcomes

Referências

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