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V o _24.

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MUSEO UNIVERSAL.

185

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w>Q)mmã

Em vergel formoso e extenso Dona Ignez se divertia,

E das flores circümstantes Algumas flores colhia:

Em suas trancas pousavão; E, orgulhosas de enfeita-las, As bellas filhas do valle

Revestião novas galas.

Eis que da c'rôa elevada D'hum rochedo sobranceiro Negro corsel cavalgando Desce gentil cavalheiro;

Chega a Ignez, e desmontado Diz destarte: — « Guapa dama,

« Porque assim demores matas ? « Porque deslembras quem te ama?

« Quem és tu que, descortez, « E, sobre modo , arrojado,

« Ousas dizer taes palavras « Sem respeito a meu estado ?

« Ah! Ignez, por compaixão, « Não augmentes minha dôr:

« Eu sou (e tremo ao dizê-lo) « O Cavalheiro de Amor.

«O Cavalheiro de Amor?! « Essas, que usas, negras cores a Certo que bem não condizem « Com quem sahe haver amores. »

E nisto, menos irada, A donosa alta donzeUa

Hum sorriso aos labios dava, E sorrindo era mais bella.

« Hei sido mui desgraçado; « Porém se tu minha fores, « Eu serei então ditoso, t E trocarei minhas cores.

a Se queres que tua seja, ¦ E tu de meu coração,

« A meu pai corre a pedir-me, « Que, d'outra maneira, não.

« A teu pai pedir-te vou; o Que se he elle castellão, « Eu sou nobre e cavalheiro, « E empunho tambem falcão. »

— « Senhor castellão, q'reis dar-me « Vossa filha por esposa ?

Ter-lhe-hei hum rico estado, « Dar-lhe*hei casa magestosa;

« Que eu tenho vastos castellos , « Torres que me dão menagem, « Grandes terras, senhorios,

Que me prestão vassallagem.

© Cauttll)m*o ítí limox.

— o Não quero vossos castellos, « Nem as torres de menagem ; « Que eu tambem terras possuo, « Que me prestão vassallagem.

« Só vos darei minha filha Se trouxeres prisioneiros « Trinta Mouros de Granada , o Dos mais valentes guerreiros. »

E o Cavalheiro de Amor Seu negro corsel montou ; E p'ra terras de Granada Diieilo aos Mouros picou.

E comsigo disse Ignez:

a Que desgraçada que sou I » Pouco tempo era passado,

E o cavalheiro voltou , E trinta Mouros captivos Ao castellão presentou.

« Não vos darei minha filha o Sem que me vades buscar a O Mouro pendão de Alhama « Para em meu castellõ alçar. »

E o Cavalheiro de Amor Seu negro corsel montou; E para a porta de Alhama Direito aos Mouros picou.

E comsigo disse Ignez :

« Que desgraçada que sou '. »

Pouco tempo era passado, E o cavalheiro voltou,

E o Mouro pendão de Alhama Ao castellão presentou.

a Só vos darei minha filha « Quando vos vades lançar « Do cimo daquella serra , i Que além se vê alvejar. »

E o Cavalheiro de Amor Seu negro corsel montou, E da morte deslembrado Direito á serra picou.

E comsigo disse Ignez:

i Que desgraçada que sou! » Pouco tempo era passado,

E o cavalheiro voltou : D'alta serra se lançara , E foi Deos quem o salvou.

« Heis de haver a minha filha, « O* tão valente guerreiro l

« Porque o Senhor vos protege, a E sois leal cavalheiro.

xx Vem, Ignez, vem , minha filha , « Que o Cavalheiro de Amor

• Por teu esposo haverás, « Pois que he forte lidador 1 **

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MUSEO UNIVERSAL.

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V- . '

MISCELLANEA.

A LINGUAGEM DAS FLORES.

No Oriente fazem os homens pouco caso das flores da rhetorica; mas, em desforra, as mulheres são muito versadas na rhetorica das flores. Hum rama-ihete he hum discurso com o seu competente exordio e todas as mais partes: cada flor he hum período delle. As alternativas mais delicadas dos sentimentos, as idéas mais subtis da metaphysica do coração, são exprimidas nas flores.

A fôrma das flores, o seu perfume, a sua côr, tal he a trindade grammatical desta língua de amores. A combinação indefinida destes tres elementos cons-titue huma syntaxe que as mulheres, por assim dizer, não aprendem, porque he natural nellas. Mas aos homens he mais difficil attingir ás figuras atrevidas

desta rhetorica perfumada.

Eugênio Gallois tinha ido para o Egypto guiado pela sua propensão de artista. Depois de ter estudado a pintura e a escultura em França, na Hespanha e na Itália, e não ter encontrado na arte catholica mais que hum cadáver que em vão procurava electrisar, foi procurar ao Oriente huma inspiração nova. Tinha dito comsigo:—O Oriente moral nunca foi pintado nem esculpido; banido com a arte pelo profeta, ha de ter adquirido na natureza huma belleza admirável; ha de apresentar expressões de physionomia que o pincel europeu nunca copiou, assim como as suas paixões e posições sociaes são desconhecidas aos homens do Occidente. Tudo deve estar resumido na cabeça de Mahomet. Oh! quem dera poder resusci-ta-lo! pinta-lo nas differentes circumstancias da sua vida como fizerão a Jesus! Mahomet se suicidou pittò-rescamente receando da idolatria! Que gloria mostrar ao mundo este typo sublime! Irei ao Egypto, á Syria. estudar a physionomia dos habitantes, principalmente a dos Árabes, e hei de achar nellas a face gloriosa do esposo de Aicha. Maria, mãi do Redemptor, he na Europa o typo de mulher; hei de crer Fatma, a filha do revelador, o typo da mulher oriental.

Com estas idéas, Eugênio Gallois estava no Kairo occupado em desenhar tudo o que feria a sua imagi-nação, tanto homens como monumentos. Perto da porta de Bab-el-Nasr tinha começado o desenho de huma magestosa mesquita. Todos os dias ia para a praça em que estava o edifício, acompanhado com o seu Sais, que lhe levava as pranchetas, a caixa, os lápis e as tintas, com o intento de acabar huma obra que exigia muito tempo por causa da variedade da< architectura e dos ornatos. Estava hum dia occu-pado neste trabalho, absorto com as linhas e as som-bras do desenho da mesquita, quando de huma casa lateral veio hum menino correndo para elle, trazendo hum ramalhete de flores. Eugênio levantou a cabeça, e achou este menino tão bonito, que ia já largando a prancheta para lhe pegar e amima-lo; mas elle, lar-gando o ramo, fugio tão rapidamente que parecia humCupido. Eugênio ficou muito tempo com os olhos fitos na porta daquella casa; mas tendo visto o sen Sais que sabia da mesquita, para onde tinha ido fazer oração

fez-lhe signal para que seapproximasse, e disse-lhe: O que significa este ramalhete que me trouxe o mais formoso menino que nunca vi?

Julgas que isso he hum ramalhete? saberás que he huma carta, me respondeu elle.

E quem he que me escreveu deste modo com flores ?

Provavelmente alguma mulher; porque as mu-lheres são muito hábeis neste gênero de escripta.

Depois, olhando com muita attencão para o

rama-lhete, accrescentou o Sais: —Mestre, cousas mui... agradáveis te dizem aqui. u

Eugênio ardia em» desejos de ler o ramalhete amaldiçoava as universidades da Europa por não terem pensado, no meio do seu apparato escolastico em estabelecer hum curso de rhetorica das flores -1 Ensinãô-nos, dizia elle, as línguas mortas ou mori-bundas, e desprezão a linguagem eterna da natureza! Ah! se podesse ao menos conhecer o mysterioso ai-phabeto desta lingua maravilhosa! Se podesse ao menos achar hum interprete que me traduzisse este ramo!

A sua ignorância e a sua anxiedade forão com-prehendidas pelo seu Sais , que lhe disse:

Mestre, pelo que vejo, sabes ler melhor a escripta de penna que a escripta das flores. Eu não sei nem huma, nem outra; mas conheço huma velha, a mais sabia que nesta matéria ha no Kairo, que te dirá tudo quanto está escripto neste ramalhete.

Vamos procura-la, disse repentinamente Eugênio. E tratou logo de arrecadar todos os instrumentos dê pintura.

Forão logo á] casa da velha traductora da lingua das flores. Eugênio levava o ramalhete escondido no peito, como hum amante esconde a carta de huma

amada.

Confio na vossa discrição, disse elle á velha apresentando o ramo.

Que receas tu? respondeu esta; as cartas não são assignadas, porque não pôde haver assignatura na linguagem das flores.

Então não poderei saber quem me escreveu? Sabe-lo-has pelo que te escrevem, mas os nomes humanos pertencem á voz humana. E de que te ser-viria esse nome? Far-te-hia conhecer melhor huma pessoa que nunca viste?

E não poderei responder?

Responderás da mesma maneira que te escre-verão, sem assignares o teu nome. As flores são dis-cretas, não nomeão ninguém.

Este preâmbulo explicativo não fez mais que irritar a curiosidade e impaciência de Eugênio. A velha logo o conheceu, e lançando os olhos para as flores que linha já na mão:

Aqui está, meu filho, hum simples bilhete; mas pela elegância do estylo he fácil de conhecer que aquella que o escreveu he versada nesta linguagem sublime.

Lede, lede, exclamou Eugênio fora de si.

Então a velha, tomando certo arde solemnidade, pronunciou o que se segue:

« Vens todos os dias escrever a mesquita e suas « pedras bordadas. Com prazer te sigo attento ao teu « trabalho. Tenho inveja da cúpula e levantados tor-« reões, porque olhas para elles sem cessar quando « os estás copiando. Fallão-te sem duvida, pois que « os attendes com tanto cuidado; mas o que elles « te poderáõ dizer não se pôde comparar com o que « eu te diria. Apenas te vi, logo conheci que serias « a vida da minha vida. A tua imagem está escripta c no meu coração com cores mais vivas que aquellas « com que escreves a mesquita no teu papel. Hum « momento bastou para fieares nelle impresso para « sempre, em quanto ha muitos dias contemplas a « mesquita. Não te podendo fallar com os lábios, « escrevo-te com flores. Oxalá que estas brilhantes « cores e estes perfumes te facão conhecer aquella* « que te ama. »

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MUSEO UNIVERSAL.

W

Na mesma lingua?

Sem duvida: eu dicto, escrevei.

—Espera, que eu vou mandar buscar papel e penna. E disse hutna palavra ao ouvido da sua negra Se-lima, que sahio e voltou logo trazendo hum braçado de flores de todas as qualidades. Então Eugênio pen-sou alguns momentos para coordenar as suas idéas, e á medida que pronunciava as palavras seguintes, a velha escolhia e ajuntava as flores para formar hum ramalhete que serviria de resposta.

« He verdade que olho com muita attenção para a « mesquita, e que parece lhe tiro o retrato, como se «fosse a huma amante adorada. Todavia os seus « torreões e a sua cúpula não me dizem cousas tão « ternas e tão eloqüentes como as flores que me mandastes. Ah! com que êxtase de amor vos hou-vera contemplado se tivesse a ventura de vos vér! Com que prazer copiaria a vossa imagem! Vim de propósito ao Oriente buscar o retrato deMahomet e de sua filha. Vejo muitos homens, e procuro nas physionomias destes as inspirações que hão de aju-dar-me a alcançar o meu fim. Mas tenho visto pou-cas mulheres, e ainda não pude alcançar o typo que « procuro. Talvez sejais vós aquella cuja belleza me

« ha de inspirar o typo de Fatma... »

Já te disse que não podia escrever nomes pro-prios com flores, interrompeu a velha que não tinha deixado de ajuntar flores.

Escrevei como poderdes, replicou Eugênio; fazei huma periphrase. Deixai-me acabar.

« Permitti que vos veja. Sou como o cego que pro-« cura fazer huma idéa da luz. Ah! por Deos, dei-« xai-me contemplar o sol da minha? vida! »

Eugênio tirou o ramalhcte das mãos da velha, a mistura das flores lhe pareceu muito variada e bem combinada, o que lhe deu huma idéa elevada do seu estylo, e lhe pareceu de bom agouro. Voltou logo para a praça da mesquita: alguns minutos depois chegou o formoso mensageiro, mas não trazia rama-lhete. Entregou-lhe o seu, e queria beija-lo, mas o menino fugio-lhe dos braços, e, como hum relam-pago, desappareceu do lado delle.

No dia seguinte trouxe novo ramalhete a Eugênio, que respondeu do mesmo modo. Todos os dias havia igual correspondência. Estas cartas entravão nas quês-toes mais intimas da metaphysica sentimental,* e dellas se poderia ter feito hum romance em dous volumes, que teria grande voga nos gabinetes das nossas senho-ras da moda.

Os ramalhetes erão já tão grandes que o menino quasi que não podia com elles, e a mysteriosa cor-respondente guardava-os com todo o cuidado para os Jer sem cessar, mesmo quando já estavão quasiseccos. 1 Ora aconteceu que hum dia Hassan-Eífendi, o dono ua casa d'onde vinha o menino, tendo entrado no quarto de sua mulher Fatma (o que raras vezes lhe acontecia depois que tinha casado com outra que pre-cria), licou muito admirado por encontrar a casa cheia ue nores e ramalhetes de huma dimensão extraordi-uai ia.

n^Quf quer.dizer isL0? exclamou elle. O teu quarto rtnvM m Jardim- És vendedeira de flores? Sem uuviüa que forão devastados todos os jardins doKairo Para obter essas flores !

nATiSÓ,r^abandonada, procuro huma distracção, res-Pondeu Fatma abaixando os olhos.

nassan-Eífendi não era homem que se contentasse umi palavras vãas, e ainda que já não amasse, a idéa um,unia ^fidelidade náo deixou de o atormentar, ^morou-se da linguagem das flores e da habilidade mirna mulhcr nesta arte- FatI"a leu nos olhos de seu nao ° Pensamento que ooccupava, elembrou-se de

lançar-se aos ramalhetes e desmancha-los todos para que ninguém podesse entender o que querião dizer aquelles ramos variados; mas conhecendo logo que isto era o mesmo que confessar a sua culpa, mudou de idéa. Pouco versado nesta litteratura das flores, o marido mandou chamar huma leitora; era a velha que escrevia as cartas de Eugênio. Fatma teve tempo de preparar hum ramo com duas palavras para avisar a velha que dissesse que esta correspondência era innocente por ser dirigida a huma das amigas que

Fatma tinha no liarem; mas Hassan-Eífendi, apesar de não ter dado por este aviso, sempre por cautela receou connivencia, e mandou chamar a outra mu-lher. Fatma apenas vio isto, e julgando-se perdida, deitou-se com rapidez aos ramalhetes e desman-chou-os todos. Hassan-Eífendi, furioso, sahio excla-mando:

Estás perdida!

Eugênio ignorava tudo. Desejava failar á mulher mysteriosa que lanloo amava, mas nunca o pôde con-seguir, quando hum dia, e foi justamente naquelle que se seguio á scena de que acabamos de failar, o lindo mensageiro lhe appareceu mui triste, com o rosto de quem tinha chorado muito, e lhe entregou outro ramalhete. Pelas flores melancólicas e tristo-nhas que o compunhão, vio logo Eugênio que alguma má noticia vinha annunciar-lhe. Eis* aqui o que con-tinha:

« Adeos, meu querido amigo, vou morrer. A' meia « noite, quando a lua illuminar a cidade e o campo, « serei lançada viva ao Nilo, na ponta meridional da « ilha de Roondah. Não nos devíamos ver neste mun-« do. Peço perdão a todas as flores que arranquei dos « seus troncos; mas ellas derão-me momentos de « ventura. Ver-nos-hemos no outro mundo, e lá con-« tinuaremos a nossa correspondência.... Adeos, Já te « vou esperar. »

Eugênio exclamou logo: Hei de salva-la! E correu ao bairro franco a peitar alguns barqueiros maltezes, com os quaes se foi para a ponte da ilha, munido com huma rede e tudo quanto fosse necessário para salvar a sua amada,

A' meia noite sentirão cahir na água, que naquelle sitk) era profunda e rápida, hum corpo pesado; levan-tárão logo a rede, e colhendo-a com todo o cuidado para dentro do batei, virão hum sacco cosido, que abrirão logo. Fatma estava dentro delle e tinha perdi-do os seus srntiperdi-dos.

Eugênio não se cansava de a contemplar: tinha en-contrado aquelle typo de mulher que procurava. O ar lhe restituio os sentidos, respirou, abrio os olhos, e, quando vio Eugênio, exclamou:

És tu? estou já nesse mundo em que te devia de encontrar

Arrebatado pelo seu enthusiasmo, o artista respon-deu:

Sim, estais salva; ás flores deve a vida a mais engenhosa e a mais bella das mulheres !...

A's flores e a ti, querido amigo! exclamou ella: e essa vida he tua.... Feliz se poder fazer a tua ven-tura!

Apesar da affeição que Fatma tinha ao seu paiz, ape-sar da amizade que dedicava a seu filho, prometteu acompanhar o artista ao fim do mundo; mas elle le-vou-a para o centro, isto he, para Paris, onde está ho-je ensinando ás francezas a linguagem das flores.

Dizem que, para a seguinte exposição dos productos das bellas-artes, hão de apparecer os retratos de Ma-homet e de Fatma. Auguste Collin.

A palavra da primeira charada publicada no numero

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MUSEO UNIVERSAL.

VIAGENS.

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MUSEO UNIVERSAL.

J. õ-«7 MOSCOW. - ¦ ¦ ¦

Aspecto geral. —O

Kremlin.-igrejas. — Os conventos. —** O

-A torre de Ivan. — As mosteiro de Troítzkoié.

Z- O clero, Subúrbios de Moscow. — Passeios. —

Bos-^úe de Sakolniki. % Os cocheiros russianos.

.'.- (primeiro artigo.)

' *

Procurar os vestígios de 1812 he o primeiro pensa-mento do viajante que visita Moscow; lugares cober-tos de ruínas denegridas se oíferecem com effeito aos olhos de longe em longe, como para eternisar a lem-branca de hum sacrifício immenso feito á pátria! Se tristes idéas occupão o espirito, o magnífico panora-ma que se descobre he bem digno de alegra-lo; tre-zentas igrejas de cúpulas brilhantes, quarenta con-ventos, huma multidão de edifícios sumptuosos, de vastos e bellos jardins, eis o aspecto que fere a vista logo de principio. Moscow, reedificada sobre seus an-tigos alicerces, não se pôde dizer que seja tão regular como S. Petersburgo; o solo em que está edificada, montuoso em certos lugares, plano em alguns outros, faz que sejâo menos promptas as communicações; mas, vista em seu todo, deve-se confessar que a perspectiva he deliciosa. No interior da cidade já não ha casas de madeira; as que ainda existem estão nas extremidades da cidade; quasi todos os edifícios reu-nem a elegância á força; os exteriores são mantidos com o maior desvelo. Os zimborios dourados e pra-teados, os telhados pintados de cores vivas, a quan-tidade de torres que se arremessão para os ares, o grande numero de columnas que decorão a faxada dos palácios, tudo isto contém huma belleza real. Quando o céo está puro, a natureza em actividade; quando a folhagem das arvores circumda e faz sobre-sahir isoladamente as numerosas moradas da opulen-cia, fácil he julgar-se hum homem conduzido á algu-nia dessas cidades creadas pelos sonhos de huma imaginação oriental, e o estrangeiro que chegou com prevenções desfavoráveis não pôde dar credito a seus próprios olhos.

Para qualquer lado que se volvão os olhos, encon-irão-se sempre objectos que evocão milhares de re-cordações: ali o Kremlin, morada sagrada dos anti-gos czares e seu ultimo asylo, cujos muros suecessi-vãmente ameaçados pelas frechas do Tartaroedo Mon-gol, pelas lanças do Polaco e pelas minas dos enge-nheiros francezes, permanecerão de pé no meio das ruínas; aqui o cadafalso de pedra ensangüentado niais de huma vez pelo creador da civilisação russa , cuja mão, armada de hum machado, não tremeu exe-cutando nessa praça as sentenças dictadas por sua vingança contra os strelitz revoltados; não longe d'ahi a igreja chamada Vassili-Blagennoi, creação extrava-gante de huma imaginação desregrada, monumento ue huma época de barbaridade; em vossa frente em-um as cincoenta galerias abertas do bazar, todas com o nome das differentes espécies de mercadorias que contem, e que embellezão as elegantes arcarias que mes servem de faxada: que variado quadro offerece «os olhos a multidão reunida debaixo destas galerias! *e-se o turbante circassiano ao lado do ehapéo man-aaao de Paris, o fraque europeu a par do comprido ?cstido asiático, o bonnet moscovita, o grosseiro so-uretudo, a sandália de pelle junto do brilhante uni-jornie tuantes; em torno deste immenso mercado parão ae do ehapéo militar com seus pennachos fluo

carruagem

puxada a quatro, o ligeiro droschki, o modesto banco pregado sobre quatro rodas, e as

car-retas primitivas formadas de duas varas compridas, cujas pontas vão a rastos por terra, e que servem para carregar os productos do campo. Os olhos não se canção com a diversidade de corpos, de veslidos, de physionomias; a curiosidade he sem cessar excitada nesta cidade, que parece pertencer á todas as nações e reunir todos os extremos.

A irregularidade das construcções de Moscow dá-lhe hum aspecto estranho que se não acha em outra parte; hum zimborio indio perto de huma torre go-thica, hum edifício grego ao lado de huma cúpula oriental, apresenlão hum aggregado confuso que não excita admiração, e que, entretanto, não deixa de cer attractivos. Esta confusão he menor hoje sem duvida do que antes do terrível incêndio de 1812, porque as casas particulares que tinhão desapparecido nas cham-mas forão reconstruídas segundo hum systema de architectura quasi regular; mas ella exisle sempre nos edifícios públicos e nas igrejas, ás quaes se con-servou, na reparação, a primeira physionomia.

Fallaremos agora do Kremlin , dessa fortaleza antiga, em que parece existir a historia da velha Moscovia. Julga-se que o Kremlin traz seu nome da palavra tarlara kreml, que significa pedra; com-munica com a cidade por cinco portas praticadas na9 altas muralhas ameadas que as cereão; huma dellas, a Porta Santa, he notável por hum antigo uso, cuja origem não está bem averiguada; a sentinella obriga todas as pessoas que passão por ella a se descobri-rem, e expôr-se hia a huma bayonetada resistindo. He tão severa esta ordem, que se algum Turco passasse por esta abobada , seria obrigado a ter o turbante na mão; por isso os Mahometanos que habitão Moscow tem grande cuidado de evitar esta passagem. Hum soldado russo, estando de sentinella, não tem atten-ções; raciocina então ainda menos do que em outras occasióes. No Kremlin está situado o palácio dos an-tigos czares, onde nasceu Pedro I, onde se passarão tantos acontecimentos memoráveis, e no qual morou Napoleão por espaço de hum mez; ve-se a janelia que servio de sabida a Demetrio para escapar a seus as-sassinos; elle saltou de huma altura considerável, quebrou huma coxa, foi apanhado e assassinado. Em outro tempo costumavão os soberanos dalYussiapô-rem-se nessa janelia, e ahi ouvião as supplicas de seus subditos; vê-se ainda no pateo a pedra em que erão depositadas as petições.

No Kremlin estão ainda o palácio do patriarcha, o senado, o arsenal, a cathedral da Assumpção, a igreja da Annunciação e a de S. Miguel, na qual existem os túmulos dos primeiros czares. Sem duvida, examina-dos isoladamente, estes edifícios não apresentão nem a magestade grandiosa dos monumentos gothicos, nem a elegância da architectura dos antigos, mas o todo agrada por sua singularidade. As torrinhas e os globos, brilhantes pelo ouro de que são ornados, que corôão acumieira do palácio e o telhado das igrejas, a mistura de desenhos e de cores, o grande numero de terrados, de balcões e de balaustradas, todos os esty-lose todos ossystemas confundidos, chamão a attenção para esla reunião de monumentos, ora grossa c pesa-da, ora ligeira o brilhante, mas sempre original. O thesouro do Kremlin contém mil objectos preciosos; lançando os olhos para cada hum desses objectos, que pertencerão aos dilTerentes monarchas da Rússia des-de Wladimir Monomaco até Calharina II, percorre-se toda a historia deste império, assiste-se aos grandes acontecimentos dc que elle foi lheatro; e as coroas de

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190 MUSEO UNIVERSAL.

Kazan, de Astrakan, da Sibéria, da Geórgia e da Polo-nia, ahi estão para lembrar suas numerosas conquis-tas. A sala das armaduras contém huma innumeravel quantidade de armas arrumadas em ordem por datas e nações; no meio de alguns trophéos vê-se a simples padiola na qual era levado Carlos XII na batalha de Pultavva. A escada de pedra que conduzia ao thesouro he celebre pelos assassinatos que ahi commettêrão os strelitz durante a revolta excitada pela irmãa de Pe-d rol. Foi ahi também que o joven Ivan Nariskin foi arrancado das mãos do patriarcha pelos furiosos, aos quaes não intimidou a imagem da Virgem: tendo elles pedido em vão, por espaço de dous dias, a morte deste menino, ameaçarão incendiar o palácio se a victima lhes não fosse entregue: logo que se apoderarão delle, cortárão-llie o corpo em pedaços e pozerão nas pontas da balaustrada sua cabeça, mãos epés.

A torre de Ivan Velikoi, muito venerada em Moscow, foi destinada a perpetuar a lembrança de huma horro-rosa fome que se sentio na Rússia no anno de 1600, no reinado do czar Boris Godounof; distribuio-se pãoe dinheiro aos pobres, com a condição que ajudarião os pedreiros em diversas obras que o czar mandou fazer. A cruz de ouro que havia no cimo da torre foi tirada na invasão de 1812, e foi abandonada na retirada jun-lamente com as bagagens: a que hoje a substituio he de madeira coberta de cobre dourado. Contão-se trin-ta e dous sinos nestrin-ta torre, no numero dos quaes está o da famosa Atalaia deNowgorod, cujo som lugubre tantas vezes chamou os cidadãos á carnagem. Perto da torre de Ivan admira-se o maior sino que íbi jamais fundido.

O numero sagrado dos Russianos he quarenta. An-tes do incêndio de 1812, havia, segundo elles dizem,

em Moscow quarenta vezes quarenta igrejas; por isso merecia ella o nome de cidade santa; sem duvida ha nisto exageração. Moscow, depois da sua reconstruo-ção, tem trezentas igrejas, exceptuando as do Krem-lin. Independente das igrejas e dos mosteiros, pelos quaes nunca passa o povo sem hzer numerosas revê-rendas, ha pelas ruas imagens que são também re-verenciadas com grande respeito. Continuamente se encontrão os mugiks com a cabeça descoberta, fazen-dohumilissimas reverências; he incalculável o nume-ro de signaes da cruz que se fazem diariamente em Moscow. Todos os emblemas sagrados são rodeados de pedrarias: não he possível fazer idéa de tal osten-tação sem ver. A fôrma singular das cúpulas colloca-das sobre as igrejas muito admira ao Europeu ; estas cúpulas dão ás igrejas christãas huma pbysionomia oriental, mas não são as copias exactas dos zimborios que adornão a cumiada de Santa Sophia em Constan-tinopla, e das antigas igrejas da Grécia e da Asia-Me-nor; archeologos ha que tem indagado com escrúpulo em que parte do mundo se poderião encontrar os modelos dessas cúpulas, e julgarão encontra-los nos túmulos dos reis persas. Seja como fôr, a vista não canoa ao aspecto estranho que elles apresenlão, e os da igreja dc Vassili-Blagennoi excedem todos.os outros por sua singularidade e variedade. Este tem-pio he de certo o edifício mais maravilhoso que haja podido creãr huma imaginação desregrada. Como todas as igrejas russianas, ella não he notável pela grandeza de suas proporções, e facilmente se conhe-ce o motivo: o rigor do clima não pôde pennittir essas vastas dimensões que distinguem as outras igrejas da cliristandade. Algumas ha que tem dous andares, como dissemos já, hum dos quaes pôde ser aquecido. Contão-se dezesete cúpulas sobre a igreja de Vassili-Blagennoi, todas difiérentes em sua fôrma, côr e proporções. Foi entretanto hum architecto ita-liano quem construio esla igreja em 1.554, em acção de graças da tomada de Kazan, no reinado e por

or-dem de Ivan, chamado o Terrível: quereria aca^ este artista, que tinha estado na Itália na enn.a7»a época da regeneração das artes, crear hum monumento em harmonia com a barbaria do principe que o encom mendára? Dá tentações de pensa-lo, e certo elle con seguio agradar ao feroz Ivan, se devemos dar creditn ao que conta a tradição. Diz-se que, encantado nor esta pretendida obra de primor, o czar mandou furar os olhos ao architecto para que lhe não fosse mais possível construir outro templo igual aoedificado. Se gunclo outros, Ivan, que tinha ordenado ao architecto" que levantasse o mais bello edifício que podesse in-ventar com seu talento, e que tinha convencionado o quanto lhe havia pagar, antes de o fazer informou-se se, recebendo elle o duplo da somma, não lhe seria possível fazer cousa melhor; e como a resposta fosse affirmativa, mandou-lhe cortar a cabeça, dizendo-lhe que o havia enganado, porque lhe promettêra cons-truir hurn monumento que sua arte não poderia ex-ceder.

Se,as igrejas são em grande numero em Moscow, os conventos e mosteiros que se elevão dentro de seus muros e nos subúrbios não lhes cedem nem em quan-tidade, nem em magnificência. Primeiramente men-cionaremos o mosteiro de Tchoudoff no Kremlin, no qual se conservão as cinzas de Santo Aleixo, seu fun-dador; foi para este mosteiro que o grande principe Vassili Vassilievitch desterçou o metropolita Isidoro, que tentara reunir as duas igrejas reconhecendo a autoridade do papa. Entre os túmulos vê-se o do phi-losopho Epifanio, chamado em seu epitaphio ornais sábio interprete dasescripturas, e ode Simião, ultimo Czar de Kazan. O convento de Vosnessénié foi edifica-do pela princeza Euedifica-doxia, que, quanedifica-do morreu, to-mouovéo; suas relíquias são conservadas em hum hellissimo relicario de prata. Este convento contém os túmulos de 35 gram-duquezas oü czarinas. O mos-teiro chamado Znamenskoi occupa o lugar em que es-teve situada a casa dos boyardos da família de Roma-noff; foiedificado cm 1613 por Mikael Féodorovilch, quando suhio ao trono. O mosteiro Petrolf contém 6 igrejas, das quaes a de S. Sérgio, assim como o cam-panario e as cellas, forão construídas em 1690 por or-dem de Pedro Grande; neste convento forão sepulta-dos seus tios da familia sepulta-dos Nariskins, assassinasepulta-dos pelos strelitz. O mosteiro de Stréténié foi fundado em acção de graças do livramento da Rússia, ameaçada de huma invasão por Tamerlão.

Publicamos duas vistas do mosteiro de Troitzkoié, o mais rico de todo o império, depois do de Petschersk em Kiew : esle mosteiro, dedicado á Santíssima Trin-dade, he de huma riqueza inaudita, e era ainda mais antes que a imperatriz Catharina houvesse ordenado, por hum ukase, que as terras do convento fossem reunidas ao fisco e que se consignassem sommaspara subsistência do clero regular. O mosteiro de Troitzkoié está situado no governo de Moscow, na estrada real que vai ter a Rostow; edificado em huma elevação que clomina outras colunas de menor altura, he visto a mais de 3 léguas de distancia. No começo do século XIV retirou-se S. Sérgio para os bosques que havião no lugar que he occupado hoje pelo convento, e edifi-cou ahi huma pequena ermida e huma igreja de ma-deira. Em breve a virtude e reputação de santidade de Sérgio atlrahio outros frades, que,* para se estabele-cerem junto delle, edificárão outras cellas. Por muito tempo não passarão de 12, mas depois augmentou-se este numero consideravelmente; lal foi a origem do convento o depois da villa de Troítza. Depois clamor-te do Santo, que clamor-teve lugar em 1393, houve huma in-vasão de Tartaros; queimarão elles não sóoconven-lo, mas destruirão e arrazarão todas as habitações dos arredores. Hum novo eremita, auxiliado com

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cios dos grandes do estado, reedificou o mosteiro com «lano mais vaslo e mais bello.

Todavia, não se deve attnbuir o poder e a nomeada deste convento senão a seu primitivo fundador, c eis a explicação: Em 1380, S. Sérgio decidio por seus con-selhos o gram duque Dmitri Ivanovitcb, não só a re-sistir aos Tartaros, mas ainda a ataca-los além do Don; deu-lhe dous guerreiros, epie erãoditão frades em seu convento, que conservarão o principe em suas boas disposições, recordando-lhe sem cessar a promessa que lhe fizera o Santo de huma victoria brilhante: es-tes dous frades combattêrão á frente de suas tropas, e fazendo prodígios tle valor, contribuirão para a ce-lebre victoria que mereceu a Dmitri o sobre-nome de Donskoi. A gratidão do soberano nãoteve limites; en-cheu de riquezas o convento e os religiosos, e seus successores rivalisárão em dar presentes. Trinta an-nos depois da morte do santo, fizevão hum relicario para seu corpo, e foi extrema a devoção que lhe tribu-tárão. Baptisou-se neste mosteiro em 1530 oczar Ivan; seus pais, depois da ceremonia, consagrarão oinfante a S. Sérgio, e o depositarão em seu túmulo; por isso Ivan em toda sua vida teve particular devoção com S. Sérgio; attribuindo á sua protecção o triumpho de suas armas, enriqueceu o convento depois da tomada de Astrakan, e accrescentou numerosos edifícios de pedra aos que já existião.

As grandes riquezas accumuladas neste convento o pozerão em estado de dar úteis soecorros á cidade de Moscow durante as guerras civis causadas pelos pseu-do Dniitris, sustentapseu-dos pelos Polacos, que chegarão a invadir muitas provincias russianas e a apoderar-se da capital. Para priva-la deste apoio, decidirão-se os Polacos a cercar o convento; depois de anno e meio de trabalhos e combates, forão forçados a levantar o cerco e evacuar o paiz. Em muitasoecasiões o mos-teiro de Troitzkoié oífereceu sommas consideráveis aos soberanos russos, cujos thesouros exhaustos não podião oceorrer ás necessidades do estado. Durante ointerregno que seguio-se á prisão do czar Vassili-Iva-novitch, o superior Dionisio mandou cincoenta ho-mens d'armas e outros soecorros a Moscow; hum fra-de fra-deste convento, Abrahão Polizine, percorria a cidade, e, com sua eloqüência e patriotismo, negocia-va a paz entre os senhores russos, que, desunidos como estavão, não podião obrar de concerto para ex-pelhr os Polacos; conseguio fazer que o celebre prin-cipe Pojarski marchasse sobre Moscow, e deve-se-lhe grande parte dos triumphos deste principe. Alguns tempos depois, teve este convento a gloria de salvar Pedro Grande e seu irmão, que ahi se forão refugiar para evitar osstrelitz: este imperador, assim como seus successores até oimperador Alexandre, enrique-cerão todos o magnífico mosteiro, e o engrandeenrique-cerão com edifícios novos.

O convento de Troitzkoié he cercado de espessas muralhas llanqueadas por oito altas torres gòthicas ; as quatro torres dos ângulos são rodeadas de bastiões; uoiacio de este se acha hum fosso revestido de obras "t alvenaria, sobre o qual ha duas pontes de adobe. tumlTJa ÇrinciPal da Trindade foi edificada sobre o iow1 &rejasão de prata massiça; além disso tem immen-°- e, S' Serg-o; quasi todas as estatuas desta ^nquezas outros ornamentos de ouro cobertos de pedras pre-em vasos sagrados, lustres, candelabros iupl V ?l0rre Srande» que be de huma bella architec*-ip-ii i princiPia(,a no reinado da imperatriz Anna, e canada no de Cathari ia 11. Por tudo ha no convento nni„e.lgr?Jas> Dantas capellas, vastos refeitórios, o ond -lmperial' ° (1° a^ebispo, hum seminário iiJIe Sao sllstenlados e mui bem instruídos mais cie no n iS alumnos- Vé-seahi a câmara do thesouro, qual sc conservão ainda os hábitos sacerdotaes

ri-camente bordados de pedras preciosas e de pérolas finas. Finalmente, o mosteiro de Troitzkoié, sem contradicção, hehum dos mais sumptuosos queexis-tem, e ao mesmo tempo hum dos mais notáveis, pelos grandes acontecimentos históricos que recorda, pelos homens celebres que forneceu, e pelos serviços im-porlantes que prestou á pátria.

Neste convento o estrangeiro recebe hospitalidade, hum pouco interessada, he verdade, mas sempre no-bre e grande; referiremos o seguinte facto, que póde dar huma idéa do espirito monacal nestes paizes lon-ginquos:

« Chegando á porta do santo retiro, escrevião em 1829 dous viajantes francezes, hum dos nossos cria-dos foi tocar a sineta de chamada. Esperámos muito tempo; finalmente appareceu hum frade que abrio huma janella, e não vendo senão nosso enviado, in-formou-se em tom grosseiro o que queria a taes horas.

Dá-se hospitalidade, meu padre? Quem és tu?

O humilde escravo de hum nobre senhor. Vai a elle que te de pousada.

Mas he para elle que reclamo hum asvlo; não vê-des sua carruagem? abri, que o tempo he máo.

—Já vou, disse o frade com brandura.

Fechou a janella, fez-nos esperar ainda, sem duvida para ir pedir o consentimento do prior, e veio depois abrir-nos a porta com todas as demonstrações de respeito. Era muito tarde para ver a igreja; além disso, disserão-nos que o capitulo estava reunido, ha-via alguns dias, oecupado na recapitulação dos objec-tos sagrados, e que a ninguém era permittido visi-ta-la durante este tempo. Servirão-nos huma

cêa-abundante; hum sortimento de bons vinhos estava á nossa disposição; o frade, bem que estivessem pre-sentes os nossos criados, conservava-se de pé em frente da mesa, aguardando nossas ordens e nossos desejos. Era homem cVhuns trinta annos, alto, magro e pallido; a todas as perguntas que lhe erão dirigidas respondia fazendo profunda reverencia com as mãos baixas e postas» No outro dia trouxe-nos chá, e veio saber como tínhamos passado a noite; pedimos-lhe que nos dissesse em quanto importava a despeza.

Nada deveis, respondeu o padre; posto que po-bres, he dever nosso dar gratuitamente hospitalidade aos que a pedem; mas a igreja póde receber vossas offerendas; quanto maior he o sacrifício que se lhe faz, tanto mais he elle agradável ao céo.

Aqui tendes para a santa igreja, disse hum de nós mettendo duas moedas de ouro na humilde mão do frade: oxalá o céo me seja propicio!

Elle o será por certo, respondeu a hospitaleira personagem, se continuardes a respeita-lo como o fazeis aqui. »

Seria erro pensar que o povo russiano; escravo das crenças mais ridículas e de mil preconceitos, junta á sua devoção exagerada, que só tem por objecto as praticas exteriores da religião, o ódio a todos os ou-tros cultos. Não ha nação que leve mais longe ato-lerancia. O Russo reserva suas reverências* genuíle-xões e signaes da cruz para suas igrejas e para suas imagens; mas entra sem escrúpulo no templo consà* grado a crenças diversas das- suas, e nelles se porta com decência e respeito; o judeo, o mahomctano, o protestante ou o catholico, não lhe inspirão aversão alguma; não os reprova, nunca os persegue.

Releva dize-lo, e não tememos ser desmentido, o clero na Rússia não gosa de consideração alguma, e, á excepção de alguns bispos, não exerce influencia no povo; sua educação não o separa bastante das der-radeiras classes para que estas o circumdem com seus respeitos; em geral, os costumes desses povos são bem pouco próprios para honra-los. Os senhores rus*

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siahos, além disso, não dão o exemplo de veneração aos ministros do culto, e seu procedimento para com elies não he de natureza a distingui-los aos olhos das massas. Quando hum ecclesiastico de aldêa vai visitar o senhor do lugar, nunca he objecto das attenções que se devem ás pessoas revestidas desse caracter, nem mesmo he admittido ao salão: o senhor ordena a seus criados que lhe dem de jantar na copa; o

ecclesiastico come erílre os criados, e muitas Vezes sua intemperança, attrahindo os motejos dos escravos augmenta o desprezo provocado pelos desdens do se-nhor. Os padres pertencentes ao clero secular devem ser casados, e se a morte lhes rouba as mulheres não podem permanecer livres e viúvos. Os arcebispos* bispos, metropolitas, assim como os padres ligados á ordem monastica, devem guardar eterno celibato.

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Primeira vista do convento de Troitskoíé.

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Eis huma anecdota na qual figura hum bispo, que, ao mesmo tempo que der instrucção relativamente a hum costume do paiz, fará ver que a habilidade dos cavalheiros de industria de Moscow não cede á dos de Paris. Quando se casa o filho ou filha d'hum se-nhor, de ordinário he hum bispo que celebra a cere-monia nupcial na capella do castello, e he de uso en-tregar-lhe, no momento em que se retira, hum masso fechado, contendo huma grande somma em papel-moeda. Hum bispo havia officiado para huma dessas ceremonias em hum castello dos subúrbios de Mos-cow, e voltando para sua casa, contava em sua car-ruagem os testemunhos de gratidão que lhe tinhão sido oíTerecidos: não achando a generosidade do no-bre russiano em harmonia com sua fortuna, admira-va-se da modicidade da somma, quando sua equipa-gem he demorada por hum homem a cavallo, que vinha a galope, e trajava a libre da familia a quem o prelado vinha dc deixar. Este homem dirige-se ao bispo, c supplicando-lhe da parte do senhor que des-culpasse o erro commettido, pede-lhe que lhe entre-gue o masso que havia recebido; ao mesmo tempo apresenta-lhe outro fechado em trez partes c muito

maior que o primeiro. 0 bispo, sorrindo-se á esperança de mais rica recompensa, entrega o dinheiro ao men-sageiro, que se vai immediamente, levando os rublos e a benção do pontífice. Este abre á pressa o masso; que encontra? huma collecção de periódicos velhos. Os subúrbios de Moscow tem poucos altractivos; nSo se encontrão, como nos arredores de Paris, lugares de distracção onde os commerciantes e os burguezes possão ir descançar ao domingo das fadigas da sema-na; todavia, os bosques são menos severos e indicao melhor solo e mais agradável temperatura do que em São Petersburgo; não hateixos, chorões, nenhuma dessas arvores tristes, porém carvalhos, faias,heiu-Ias, cuja folhagem he engraçada. Se os camponezes tivessem mais ordem, gosto, ou antes se gozassem a^ alguma independência, os campos poderião ser muiw produclivos; mas só os grandes senhores cuuw suas propriedades; o servo, que nada possue, despit za a terra mais feriil.;Os passeios em Moscow sao mui-tiplicados; a maior parte são cm mosteiros ou eu» igrejas, e, como os de I.ongcliamp em paris,, WflWj que em sua origem tiverão por fim huma remaria u qualquer outro acto de piedade; oüerecem aos «ai**

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