• Nenhum resultado encontrado

SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR SUPERIOR VENA CAVA SYNDROME

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR SUPERIOR VENA CAVA SYNDROME"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

SUPERIOR VENA CAVA SYNDROME

Rodrigo Petersen Saadi¹, Pedro Castilhos de Freitas Crivelaro¹, Rodrigo Furian El Ammar¹, Paulo Nunes²

1 Acadêmico de Medicina da Associação Turma Médica 2018 da

Escola de Medicina da PUCRS 2

Médico

oncologista do Serviço de

oncologia do Hospital São Lucas da PUCRS

RESUMO

Introdução: A síndrome da veia cava superior (SVCS) é uma

condi-ção potencialmente grave, principalmente em pacientes acometidas por neoplasias malignas (2 a 4% dos pacientes com neoplasias pulmonares malignas desenvolverão SVCS em algum momento da doença). A obstru-ção normalmente é gradual, permitindo formaobstru-ção de circulaobstru-ção venosa colateral como fluxo alternativo do sangue ao encontro do átrio direito.

Métodos: Revisão narrativa da literatura, a fim de elucidar os aspectos

mais importantes sobre a síndrome da veia cava superior.

Resultados: O diagnóstico é feito basicamente por sinais e sintomas da

obstrução venosa central, tanto clínicos quanto radiológicos, sendo a dispneia o sintoma mais comum. A tomografia computadorizada é o exame de ima-gem geralmente utilizado para o diagnóstico. O tratamento é voltado para a causa base e alívio dos sintomas. O alívio sintomático pode ser conseguido

(2)

tanto por terapia clínica quanto intervencionista. O tratamento definitivo é realizado pela terapia oncológica.

Conclusão: Em paciente com SVCS por compressão extrínseca por

câncer de pulmão não pequenas células, que é a causa mais comum, a SVCS é um forte preditor de mal prognóstico, com sobrevida mediana de cinco meses. Esse artigo visa fazer uma revisão sobre os aspectos clínicos e de diagnóstico e tratamento da SVCS.

Palavras-chave: veia, cava, câncer.

ABSTRACT

Introduction: Superior vena cava syndrome (SVCS) is a potentially

serious condition, especially in patients with malignancy, (2 to 4% of pa-tients with malignant lung tumors will develop SVCS at some point in the disease). The obstruction is usually gradual, allowing formation of collateral venous circulation as an alternative blood flow to the right atrium.

Methods: Narrative review of the literature in order to elucidate the

most important aspects about superior vena cava syndrome.

Results: The diagnosis is basically made by signs and symptoms of central

venous obstruction, both clinical and radiological, with dyspnea being the most common symptom. Computed tomography is the imaging test usually used for diagnosis. The treatment is geared towards the underlying cause and symptoms relief. Symptomatic relief can be achieved by both clinical and interventional therapy. Definitive treatment is provided by oncologic therapy.

Conclusion: In a patient with SVCS by extrinsic compression from

non-small cell lung cancer, which is the most common cause, SVCS is a strong predictor of poor prognosis, with a median survival of five mon-ths. This article aims to review the clinical presentation, diagnosis and treatment of SVCS.

(3)

INTRODUÇÃO

A síndrome da veia cava superior (SVCS) é ocasionada por qualquer condição que leve à obstrução do fluxo sanguíneo na veia cava superior (VCS). A obstrução pode ser decorrente de invasão ou compressão ex-terna da VCS por um processo patológico subjacente, que pode envolver o pulmão direito, linfonodos, outras estruturas mediastinais ou trombose da própria VCS. Em alguns casos, a trombose pode coexistir com a com-pressão externa da veia(1). As neoplasias maligna hoje são a causa mais comum de SVCS, sendo responsável por mais de 60-85% dos casos(2). Das causas malignas, os principais representantes são o carcinoma pulmonar não pequenas células (cerca de 50% dos casos), carcinoma pulmonar pequenas células (cerca de 25%), linfoma (10%) e lesões metastáticas (10%)(3-9). Todavia, recentemente, em decorrência do aumento do uso de dispositivos endovasculares, como cateteres e marca-passos, a SVCS por trombose tem aumentado consideravelmente(10).

MÉTODOS

Revisão narrativa da literatura a fim de elucidar os aspectos mais importantes sobre a síndrome da veia cava superior

RESULTADOS

1 – Apresentação clínica e diagnóstico

O diagnóstico clínico da VCS é feito com base em sinais e sintomas da obstrução venosa central e suas consequências (2,6,11-14). Com o fluxo através da VCS obstruído, é formada uma circulação venosa colateral, estabelecendo um caminho alternativo para o retorno venoso para o átrio direito. As veias colaterais dilatam com passar do tempo, e, como resultado, a pressão venosa central, que é muito aumentada no início do quadro, diminui ao longo do tempo.

(4)

Dispneia é o sintoma mais comum (11,15,16). Além disso, pacientes frequentemente queixam-se de edema facial, o qual pode piorar ao dei-tar-se. Tosse, dor torácica, cianose, disfagia e edema de membro superior podem ser outros sintomas encontrados. O edema cerebral pode levar a dor de cabeça, confusão mental e até coma. Ao exame físico, os achados mais comuns são edema facial e distensão das veias do pescoço. 60% dos pacientes com diagnóstico de SVCS associada a neoplasia maligna não tinha diagnóstico prévio de câncer.

Grau Categoria Incidência/

percentual Definição

0 Assintomático 10 Obstrução de veia cava

radiográfica sem sintomas

1 Leve 25

Edema de cabeça e

pescoço, distensão vascular, cianose, pletora

2 Moderada 50

Edema de cabeça e pescoço com limitação funcional (disfagia leve, tosse, distúrbios visuais, prejuízo do movimento ocular

3 Grave 10

Edema cerebral leve a moderado (dor de cabeça, tontura) edema laríngeo leve a moderado ou diminuição da reserva cardíaca

(5)

4 Ameaçadora da vida 5 Edema cerebral significativo (confusão, obnubilação), ou edema laríngeo significativo (estridor) ou comprometimento hemodinâmico significativo (síncope, hipotensão, insuficiência renal) 5 Fatal <1 Morte

2 – Exames complementares

• Raio X: Achados mais comumente encontrados são alargamento de mediastino e derrame pleural, respectivamente.

• Ecografia: pode ver sinais indiretos de oclusão da VCS, mas tem acurácia inferior à tomografia computadorizada.

• Tomografia computadorizada de tórax com contraste: É o exa-me mais útil para o diagnóstico. Pode definir o nível e extensão da obstrução, identificar caminhos de colaterais e permite a identificação da causa da obstrução(17-19). Caso o paciente não tolere o uso de contraste, pode ser utilizada ressonância magnética. O PET CT pode auxiliar no diagnóstico do tumor primário e no planejamento da radioterapia para os pacientes que a necessitam(20).

• Cavografia: É melhor que a tomografia para identificar o local e extensão da obstrução, mas não identifica a etiologia. Geralmente utilizada quando se planeja uma intervenção local como a colo-cação de um stent (17,21,22).

Além dos exames de imagem, é necessário diagnóstico histopato-lógico da lesão mediastinal ou tumor primário, uma vez que este é

(6)

pré--requisito para escolher a terapia apropriada para pacientes com SVCS associada a neoplasia maligna (12).

3 – Tratamento

O objetivo do tratamento é aliviar sintomas e tratar a causa de base. A expectativa de vida mediana de pacientes com SVCS associado ao câncer de pulmão de não-pequenas células (causa mais comum) é de aproxima-damente 5 meses(23). O manejo inicial deve ser guiado pela severidade dos sintomas e tipo histológico da neoplasia.

Tratamento inicial com quimioterapia (QTx) é indicado para pacientes com neoplasias mais quimiossensíveis, como linfoma, câncer de pulmão pequenas células e tumores de células germinativas, os quais geralmente tem resposta mais rápida à quimioterapia sistêmica do que pacientes com carcinoma pulmonar não-pequenas células.

Tratamento com radioterapia (RTx) é recomendado em pacientes com SVCS em decorrência de câncer de pulmão não-pequenas células e carcinomas metastático, uma vez que consegue obter bom controle local.

A SVCS por neoplasia é considerada uma emergência oncológica, ne-cessitando de diagnóstico e tratamento (seja QTx ou RTx) o mais rápido possível para aliviar a obstrução. Cabe salientar que a prioridade deve ser inicialmente dada ao diagnóstico, uma vez que a radioterapia antes da bi-ópsia pode obscurecer a análise histológica. Exceções são os pacientes com estridor por obstrução de via aérea, edema laríngeo severo e edema cerebral. Essas situações constituem urgência necessitam tratamento imediato com RT ou colocação de stent para evitar falência respiratória e óbito.

4 – Medidas de suporte

• A cabeceira deve permanecer elevada para diminuir edema de cabeça e pescoço.

(7)

• Anticoagulante: Se houver presença de trombo. Caso esse esteja associado a cateter endovenoso, o mesmo deve ser retirado. • Glicocorticoides: Podem ser efetivos em pacientes com SVCS

por neoplasia maligna responsiva a esteroides, como linfoma ou timoma.

• Diuréticos: São comumente recomendados, embora o benefício não seja claro.

5 – Medidas intervencionistas

• Stent endovenoso: Restaura o retorno venoso e fornece alívio sintomático rápido e sustentado. É útil em pacientes com sintomas severos que requerem tratamento urgente, principalmente em câncer de pulmão não pequenas células, mesotelioma e pacientes com doença recorrente que tenha recebido previamente QTx ou RTx. Também são úteis em casos de trombose associada a cateter endovenoso(24,25). Contudo tem benefício temporário até a realização do tratamento da causa de base e devem ser pesados os riscos do procedimento.

• Terapia trombolítica: Utilizada quando há extensa trombose da VCS. • Bypass venoso cirúrgico: Apesar de efetivo, é reservado para sintomas severos e persistentes, quando stent já não é mais uma opção.

CONCLUSÃO

A Síndrome da Veia Cava Superior é uma complicação severa em pacientes com neoplasia (2 a 4% dos pacientes com neoplasia pulmonar irão desenvol-ver esta síndrome no curso da doença) e pode ser fatal. Portanto o pronto reconhecimento dos sintomas e a intervenção precoce podem alterar signi-ficativamente o curso da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.

(8)

REFERÊNCIAS

García Mónaco R, Bertoni H, Pallota G, et al. Use of self-expanding vascular endoprostheses in superior vena cava syndrome. Eur J Cardiothorac Surg 2003; 24:208.

Yellin A, Rosen A, Reichert N, Lieberman Y. Superior vena cava syndrome. The myth--the facts. Am Rev Respir Dis 1990; 141:1114.

Airan B, Sharma R, Iyer KS, et al. Malignant thymoma presenting as intracardiac tumor and superior vena caval obstruction. Ann Thorac Surg 1990; 50:989. Dib HR, Friedman B, Khouli HI, et al. Malignant thymoma. A complicated triad of SVC syndrome, cardiac tamponade, and DIC. Chest 1994; 105:941. Holbert BL, Libshitz HI. Superior vena caval syndrome in primary mediastinal germ cell tumors. Can Assoc Radiol J 1986; 37:182.

Chen JC, Bongard F, Klein SR. A contemporary perspective on superior vena cava syndrome. Am J Surg 1990; 160:207.

Parish JM, Marschke RF Jr, Dines DE, Lee RE. Etiologic considerations in su-perior vena cava syndrome. Mayo Clin Proc 1981; 56:407.

Rozmus G, Daubert JP, Huang DT, et al. Venous thrombosis and stenosis after implantation of pacemakers and defibrillators. J Interv Card Electrophysiol 2005; 13:9.

Otten TR, Stein PD, Patel KC, et al. Thromboembolic disease involving the superior vena cava and brachiocephalic veins. Chest 2003; 123:809.

Savarese DM, Zavarin M, Smyczynski MS, et al. Superior vena cava syndrome secondary to an angiotropic large cell lymphoma. Cancer 2000; 89:2515. Armstrong BA, Perez CA, Simpson JR,Hederman MA. Role of irradiation in the management of superior vena cava syndrome. Int J Radiat Oncol Biol Phys 1987;13:531-9.

Schraufnagel DE, Hill R, Leech JA, Pare JA. Superior vena caval obstruction: is it a medical emergency? Am J Med 1981; 70:1169-74.

(9)

Rice TW, Rodriguez RM, Barnette R,Light RW. Prevalence and characteristics of pleural effusions in superior vena cava syndrome. Respirology 2006;11:299-305. Urruticoechea A, Mesia R, Dominguez J, et al. Treatment of malignant supe-rior vena cava syndrome by endovascular stent insertion: experience on 52 patients with lung cancer. Lung Cancer 2004;43:209-14.

Markman M. Diagnosis and management of superior vena cava syndrome. Cleve Clin J Med 1999; 66:59.

Bell DR, Woods RL, Levi JA. Superior vena caval obstruction: a 10-year expe-rience. Med J Aust 1986; 145:566.

Bechtold RE, Wolfman NT, Karstaedt N, Choplin RH. Superior vena caval obstruction: detection using CT. Radiology 1985; 157:485.

Kim HJ, Kim HS, Chung SH. CT diagnosis of superior vena cava syndrome: importance of collateral vessels. AJR Am J Roentgenol 1993; 161:539.

Eren S, Karaman A, Okur A. The superior vena cava syndrome caused by ma-lignant disease. Imaging with multi-detector row CT. Eur J Radiol 2006; 59:93 Khimji T, Zeiss J. MRI versus CT and US in the evaluation of a patient presenting with superior vena cava syndrome: case report. Clin Imaging 1992;16:26971. Engel IA, Auh YH, Rubenstein WA, et al. CT diagnosis of mediastinal and thoracic inlet venous obstruction. AJR Am J Roentgenol 1983; 141:521. Stanford W, Jolles H, Ell S, Chiu LC. Superior vena cava obstruction: a veno-graphic classification. AJR Am J Roentgenol 1987;148:259-62.

Martins SJ, Pereira JR. Clinical factors and prognosis in non-small cell lung cancer. Am J Clin Oncol 1999; 22:453.

Fine DG, Shepherd RF, Welch TJ.Thrombolytic therapy for superior vena cava syndrome. Lancet 1989;1:1200-1.

Kee ST, Kinoshita L, Razavi MK, Nyman UR, Semba CP, Dake MD. Superiorvena cava syndrome: treatment with catheter-directed thrombolysis and endo-vascular stent placement. Radiology 1998;206:187-93.

Referências

Documentos relacionados

Mas para você que tem provado a paz que excede a compreensão 

Os valores relativamente altos para o coeficiente de determinação R 2 (&gt; 0,9130) para todas as curvas de regressão apresentadas, do tipo potência, relacionando a vazão afluente

6.2 Os candidatos poderão interpor recurso contra o resultado provisório na sindicância de vida pregressa e investigação social nos dias 3 e 4 de dezembro de 2012,

Opcionalmente, você pode usar o utilitário Serial Configuration para especificar as configurações de rede (inclusive endereço IP, endereço de gateway, máscara de sub-rede, nome do

*Os dendogramas foram construídos por meio do cálculo do coeficiente de Jaccard, o qual calcula a distancia entre variáveis binárias, neste caso, a presença (1) ou

cultural, econômico e político em que cada sujeito que acessa os serviços prestados estão inseridos e a forma como a comunidade se organiza para lidar com esses

Sendo que 651,16 horas foram atividades de ensino, 263 foram relacionadas a encargos administrativos, 186 foram de atividades de pesquisa, 251 horas de orientação e 38,47 horas

As decisões sobre quais projetos de aplicações de tecnologia da informação (TI) devem ser implementados são, freqüentemente, determinantes do desempenho empresarial e são capazes