• Nenhum resultado encontrado

Devocional 14. 1) LEITURA INICIAL: Gênesis ) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO. 4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Devocional 14. 1) LEITURA INICIAL: Gênesis ) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO. 4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8."

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

Devocional 14

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

(2)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

(3)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

(4)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

(5)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

(6)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

(7)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

(8)

1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO

4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21

Ardente expectativa

Não é preciso ser cristão para reconhecer

que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,

injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia

após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.

Mas porque as coisas estão assim?

Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso

problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o

sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais

especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre

mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em

alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão

distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.

As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais

precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual

todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu

relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e

lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito

sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a

cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.

Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo

Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos

debaixo da maldição da queda, o potencial

da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca

poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão

de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de

corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há

nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.

Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais

especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de

enxergar a redenção como uma fuga do

mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que

Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de

pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o

resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o

mundo à sua volta, a obra de Jesus, o

segundo Adão, restaura o universo. Nas

palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da

queda; ela compreende toda a criação”.2

Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como

alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será

completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:

É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em

seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o

incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus

concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de

obediência à sua vontade, mas, ao

mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3

Deus continua movendo a sua criação em

direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá

com a revelação dos filhos de Deus e

resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo

caído, aguardamos pelo dia em que a obra

de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o

sofrimento que hoje experimentamos.

Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de

completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a

responder a essa realidade ajustando os nossos corações:

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós

também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)

Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na

maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos

governantes? No avanço da pesquisa

científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas

essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,

experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os

instrumentos pelos quais Deus trabalha

nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as

plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não

deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,

como escreveu John Murray: “se a criação se

mantém em expectativa persistente, os

crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4

5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela

restauração de todas as coisas, e que Ele

mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.

6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)

1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical

Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.

2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.

4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.

Referências

Documentos relacionados

Assim como observado nos ensaios de permeabilidade a água, os resultados permitem concluir que nos traços dosados com maior teor de aditivo incorporador de ar, o aumento

Apesar dessa ruptura brusca, o Surrealismo nunca se propôs como um fim, mas, justamente, como um ponto de partida para o homem, para o humano no mundo e diante dele, para o

PAME Programa Avançado de Marketing para Executivos MIR Programa de Marketing e Inovação na Distribuição e Retalho PGG Programa Geral de Gestão Projecto Dislogo b-learning

Possíveis danos para a saúde: Longo prazo - efeitos sistémicos. Valor:

Grossa (UEPG), coordenadora do Grupo de Pesquisa Jornalismo Cultural e Folkcomunicação, membro da Rede de Estudos e Pesquisa em Folkcomunicação (Rede Folkcom).. sitioplástica), o

No entanto, nenhuma dessas enzimas limitou a produção de escarola, já que nas doses de K em que o diâmetro de cabeça, a área foliar e a produção de massa seca e fresca

Miguel Suarez Bosa dedica um capítulo inteiro à análise da relação entre o porto e a cidade de Casablanca, demonstrando seu profundo domínio também da análise territorial ao

Novas espécies aromáticas nativas da mata atlântica com potencial para fabricação de óleos essenciais e produtos medicinais, princípios ati- vos extraídos de plantas e algas