1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
Devocional 14
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
1) LEITURA INICIAL: Gênesis 3.1-24 2) MÚSICA: HNC 26: Grandioso És Tu 3) ORAÇÃO
4) LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.18-21
Ardente expectativa
Não é preciso ser cristão para reconhecer
que há algo de errado com o mundo em que vivemos. Basta olhar para a violência,
injustiça, morte e guerra nos rodeiam dia
após dia. E se alguém tinha alguma dúvida, a pandemia veio para deixar ainda mais claro: “algo de errado não está certo”, como diz o conhecido meme.
Mas porque as coisas estão assim?
Diferentes visões de mundo propõem suas respostas quanto à fonte do nosso
problema, e a sua respectiva solução. Para alguns, o grande mal está na desigualdade econômica, e a resposta para aliviar o
sofrimento humano seriam estruturas econômicas mais justas. Para outros, o problema do mundo é a ignorância - e a resposta estaria na educação, ou mais
especificamente, na ciência. Outros, ainda, apontam para o conflito entre os gêneros - o domínio injusto de homens sobre
mulheres precisa ser desfeito com base no empoderamento feminino. De fato, em
alguma medida, esses são temas dignos da nossa atenção. Mas cada um desses males é apenas um fruto, e não a raiz, do problema da humanidade, e colocar um deles acima de todos os demais produz uma visão
distorcida da realidade, de nós mesmos e do próprio Deus.
As Escrituras nos ensinam que a raiz do mal que há no mundo se chama pecado. Mais
precisamente, o pecado cometido por Adão ao comer o fruto proibido - pecado do qual
todos nós, de alguma maneira, participamos. A queda de Adão trouxe uma ruptura no seu relacionamento com Deus, no seu
relacionamento com Eva e também no seu relacionamento com o restante da criação de Deus: “maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). O jardim que Adão deveria cultivar e guardar agora é palco de suor e
lágrimas. Ainda assim, em meio aos cardos e abrolhos, a misericórdia de Deus se mostra no fato de que, mesmo com muito
sofrimento, Adão ainda obteria sustento da terra. Não apenas isso, mas Deus prometeu que um dia viria aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (v. 15), desfazendo o mal gerado pela queda.
Esse é o pano de fundo para o ensino de Paulo na carta aos Romanos: a criação de Deus está sujeita à vaidade. Segundo
Thomas Schreiner, essa expressão "significa que a criação não cumpriu o propósito para o qual foi feita”.1 Enquanto vivermos
debaixo da maldição da queda, o potencial
da criação - que ainda carrega verdade e beleza - será sempre limitado, e nunca
poderemos desfrutar plenamente dos seus frutos. A linguagem é semelhante ao refrão
de Eclesiastes: tudo é vaidade, é como correr atrás do vento. Como em um cativeiro de
corrupção, aquilo que era bom e sem defeito se tornou manchado pelo mal, corrompido e totalmente preso a essa condição. Não há
nada dentro da própria natureza que seja capaz de desfazer a maldição - a porta da prisão só pode ser aberta por fora.
Mas a boa notícia é que esse estado de coisas não é definitivo: há uma ardente expectativa por uma mudança - mais
especificamente, pela redenção da criação. Muitos de nós temos a tendência de
enxergar a redenção como uma fuga do
mundo material em direção a uma realidade espiritual, enfatizando aquilo que Deus faz dentro de nós, mas não tanto aquilo que
Deus faz à nossa volta. Mas o fato é que a Bíblia não fala apenas da redenção de
pessoas, mas também da redenção de toda a criação! Por meio da cruz de Cristo, Deus opera a reconciliação de todas as coisas no céu e na terra (Colossenses 1.20), e o
resultado será um novo céu e uma nova terra (Isaías 65.17; Apocalipse 21.1). Assim como o pecado de Adão corrompeu o
mundo à sua volta, a obra de Jesus, o
segundo Adão, restaura o universo. Nas
palavras de Albert Wolters, “a abrangência da redenção é tão grande quanto a da
queda; ela compreende toda a criação”.2
Baseado nessa esperança, Paulo descreve a criacão de maneira personificada, como
alguém que geme com expectativa para que chegue o dia em que essa obra será
completa. João Calvino descreve essa realidade de maneira muito bela:
É da esperança que nos vem a velocidade do sol, da lua e de todas as estrelas em
seu imutável curso; a contínua obediência da terra em produzir seus frutos; o
incansável movimento do ar; e a força impetuosa das águas a fluírem. Deus
concedeu a cada um a sua própria tarefa, e não só deu uma ordem precisa de
obediência à sua vontade, mas, ao
mesmo tempo, implantou interiormente a esperança de renovação.3
Deus continua movendo a sua criação em
direção ao cumprimento do seu propósito. E a igreja, como povo de Deus, tem um papel especial nessa jornada: a restauração virá
com a revelação dos filhos de Deus e
resultará na liberdade da glória dos filhos de Deus. Enquanto vivemos neste mundo
caído, aguardamos pelo dia em que a obra
de Deus em nós, que somos seus filhos, será plenamente manifestada, e desfrutaremos da glória que é muito maior que o
sofrimento que hoje experimentamos.
Podemos ter plena certeza de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Filipenses 1.6). Enquanto essa obra está em andamento, a Palavra nos chama a
responder a essa realidade ajustando os nossos corações:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3.2-4)
Em outras palavras, a nossa expectativa para o futuro faz toda a diferença na
maneira como vivemos no presente. O que tem cativado o seu coração? Onde está a sua segurança? Nas decisões dos
governantes? No avanço da pesquisa
científica? Na situação econômica do país? No emprego que está por um fio? Todas
essas coisas são relevantes, mas se nosso coração estiver focado nas coisas do alto,
experimentaremos a paz, sabendo que Deus está comprometido com o propósito de nos conduzir à glória e restaurar a sua criação - e não há doença ou crise que possa impedi-lo. Pelo contrário, doença e crise são os
instrumentos pelos quais Deus trabalha
nessa direção, como um escultor que fere a pedra bruta para dar a ela forma e beleza. Se os mares, as pedras, os animais e as
plantas estão cumprindo seu papel nessa ardente expectativa pela restauração, nós, que somos filhos de Deus, temos ainda mais motivos para entrar na dança. Não
deveríamos andar ansiosos como aqueles que não conhecem a Deus não têm uma promessa de glória futura. Pelo contrário,
como escreveu John Murray: “se a criação se
mantém em expectativa persistente, os
crentes devem agir de modo semelhante - ultrapassemos a própria criação.”4
5) ORAÇÃO: Oremos agradecendo a Deus pela sua boa criação, pedindo pela
restauração de todas as coisas, e que Ele
mantenha acesa em nós a expectativa pela volta de Cristo.
6) CÂNTICO FINAL: Novos Céus (Oficina G3)
1. SCHREINER, Thomas. Romans. Baker Exegetical
Commentary on the New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2018.
2. WOLTERS, Albert. A criação restaurada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
3. CALVINO, João. Romanos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
4. MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.