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Educomunicação na América Latina: Mário Kaplún e o Celacom 2005

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Educomunicação na

América Latina:

Mário Kaplún e

o Celacom 2005

MELO, José Marques de et al. (orgs.). Educomídia, alavanca da

cida-dania: o legado utópico de Mario Kaplún. São Bernardo do

Cam-po: Cátedra Unesco / Universidade Metodista de São Paulo, 2006. Quem participou do no IX Celacom (Colóquio Internaci-onal sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação), promo-vido pela Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvi-mento Regional e realizado entre 9 e 11 de maio de 2005 na Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo (SP), vai se deliciar ao relembrar as propostas, idéias e reflexões expostas e debatidas no evento. Quem não participou terá uma visão deta-lhada do que foi discutido e apresentado. Em cerca de 240 pá-ginas, o livro Educomídia, alavanca da cidadania: o legado utópico de

Mario Kaplún – organizado por José Marques de Melo, Maria

Aparecida Ferrari, Elydio dos Santos Neto e Maria Cristina Gobbi – reúne artigos em português e em espanhol de autores, palestrantes e participantes deste Celacom, todos eles abordando a comunicação na América Latina a partir da contribuição do trabalho inovador e criativo de Kaplún (1923-1998) na área da comunicação educativa e popular.

Guiada sempre pela ética e preocupação social de formar uma recepção mais crítica e consciente nas comunidades de di-ferentes países latino-americanos, marca registrada do pensamen-to de Mario Kaplún, a obra é divida em quatro partes. Antes, porém, há o prefácio escrito por Maria Aparecida Ferrari, no qual logo aparece a definição de educomídia: “um campo emer-gente de intervenção social e da prática profissional que pode ser

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vista como área de especialização na qual o comunicador e o educador se somam com o objetivo de serem produtores e agen-tes de um processo social, tendo como protagonista grupos populares, resultado de uma necessidade contemporânea que exige de ambos um papel educativo”. Em seguida, estão o pró-logo, assinado por Elydio dos Santos Neto, a apresentação, feita por Maria Cristina Gobbi, e a introdução, de José Marques de Melo, que trazem: biografia e perfil comentados de Kaplún; uma retrospectiva das edições anteriores do Celacom; e, unindo estes dois itens, importância de se repensar a função da educomídia nos cenários atuais da América Latina.

A primeira parte do livro, intitulada “O legado utópico e a práxis comunicacional de Mario Kaplún”, compreende os se-guintes textos: “Kaplún, intelectual orgânico: memória afetiva”, de Gabriel Kaplún (filho de Mario); “Kaplún, pesquisador: ul-trapassando a pesquisa denúncia”, de Jesús María Aguirre; “Kaplún, radioapaixonado: fortalecendo o pragmatismo utópi-co”, de Esmeralda Villegas Uribe; e “Kaplún, educomunicador: biografia de um visionário”, de Simone Bortoliero. Neles, é possível conhecer, observar, analisar e ponderar as diversas facetas e obras desse educador-comunicador argentino – mas que passou grande parte de sua vida no Uruguai e na Venezuela – que, por ter aprendido a comunicação no dia-a-dia, preconizou a práxis como forma de alçar a amplitude do co-nhecimento ou, nas palavras de seu filho Gabriel: “construyó su teoría desde la práctica y en la práctica”. E mais: indo além de pensadores pioneiros como Antonio Pasquali, Luis Ramiro Beltrán, Paulo Freire, Celestin Freinet, Juan Díaz Bordenave, en-tre outros, fez dos meios de comunicação, em especial o rádio, veículos para a formação cidadã. “Kaplún propõe o uso do rádio para a formação cidadã do indivíduo mediante o desenvolvimen-to de desenvolvimen-todas as faculdades inerentes ao ser humano, de forma a evidenciar as possibilidades para a construção da cidadania”.

Na segunda parte, “Leitura crítica da mídia: suporte educativo para formatar a participação cidadã nos destinos da sociedade”, encontram-se os artigos: “Utopias chilenas: o legado histórico do Caneca”, de Maria Elena Hermosilla; “A mídia como

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207 educadora coletiva: cidadania ou apatia?”, escrito por Raquel Paiva Araújo Soares; “Utopias brasileiras: o legado institucional da UCBC”, de Joana T. Puntel; e “A escola como espaço de re-flexão midiática forjando cidadãos críticos”, de Rossana Viana Gaia. Tais textos nos levam a refletir sobre a influencia dos tra-balhos e as teorias de Mario Kaplún, principalmente no que diz respeito à sua comunicação dialógica e à educação libertadora, em projetos do Chile e do Brasil, especificamente.

E não é porque o educador-comunicador latino-americano é do tempo do rádio e da tevê, que outras mídias, em especial as mais modernas como a internet ficam de fora de seu legado. Na terceira parte do livro – “Os movimentos de educação popular e a teleducação: do rádio à internet” – estão os artigos: “Internet, comunicação e sociedade: problemas, desafios e perspectivas”, de Francisco Gutiérrez Pérez; “Movimentos de educação popular nos tempos do rádio”, de Luiz Eduardo Wanderley; e “A teleducação nos tempos da internet”, de Maria Luiza Pereira Angelim. A abordagem que todos estes textos fazem das novas mídias pode ser bem resumida na fala de Gutierrez: “preciosos medios, preciosas tecnologías que constituyen para nosotros, los educadores, un destino, pero que adquieren sentido cuando se los ilumina desde una mirada pedagógica”.

Na quarta e última parte, destacam-se trabalhos, experiên-cias, projetos e ações de educomunicação realizados no Brasil. Tais relatos mostram que um modelo de comunicação que repre-sente os excluídos socialmente, que tanto pregou Kaplún, é possível. Intitulada “Práxis educativa: o diálogo criativo entre a produção e a recepção”, a seção abrange os textos: “Educom.rádio, na trilha de Mario Kaplún”, de Ismar de Oliveira Soares; “Formar lideranças, capacitando para a educomunicação e a cidadania”, de Helena Corazza; “Protagonismo no passado e desafios no futuro para o LCC/UCBC”, de Desirée Cipriano; “A dimensão da comunicação educativa no contexto do semi-árido: a experiência do Catavento Comunicação e Educação”, de Edgard Patrício; e “Cidadania e meios de comunicação: resulta-dos da pesquisa de recepção do Projeto Mídia, Espaço Público e Democracia”, de Verônica Aravena Cortez.

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Por fim, no “Apêndice”, o livro traz reproduções dos bole-tins informativos desenvolvidos durante o IX Celacom por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.

Camila Escudero

Jornalista, especialista em Jornalismo Internacional pela PUC-SP e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo. Bolsista da Capes. E-mail: camilaescudero@uol.com.br.

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