• Nenhum resultado encontrado

Revitalização do Castelo de Mourão - adega e museu como articuladores entre o património e o vinho

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Revitalização do Castelo de Mourão - adega e museu como articuladores entre o património e o vinho"

Copied!
299
0
0

Texto

(1)

REVITALIZAÇÃO DO CASTELO DE MOURÃO – ADEGA E MUSEU COMO

ARTICULADORES ENTRE O PATRIMÓNIO E O VINHO

Pedro Miguel Alexandre Garcia (Licenciado)

Projecto Final de Mestrado para a obtenção de grau de Mestre em Arquitectura

Orientação Científica:

Professora Doutora Arquitecta Ana Marta das Neves Santos Feliciano Professor Doutor Arquitecto António Miguel das Neves Santos Silva Leite

Júri:

Presidente: Professor Doutor Arquitecto Carlos Jorge Henriques Ferreira Arguente: Professor Doutor Arquitecto José Manuel dos Santos Afonso

Documento Provisório

Lisboa, FA ULisboa, 21 de Março de 2019

(2)

(3)

(4)

(5)

REVITALIZAÇÃO DO CASTELO DE MOURÃO – ADEGA E MUSEU COMO

ARTICULADORES ENTRE O PATRIMÓNIO E O VINHO

Pedro Miguel Alexandre Garcia (Licenciado)

Projecto Final de Mestrado para a obtenção de grau de Mestre em Arquitectura

Orientação Científica:

Professora Doutora Arquitecta Ana Marta das Neves Santos Feliciano Professor Doutor Arquitecto António Miguel das Neves Santos Silva Leite

Júri:

Presidente: Professor Doutor Arquitecto Carlos Jorge Henriques Ferreira Arguente: Professor Doutor Arquitecto José Manuel dos Santos Afonso

Documento Provisório

Lisboa, FA ULisboa, 21 de Março de 2019

(6)

(7)
(8)
(9)

(10)

O presente documento não segue as regras do Acordo Ortográfico de 1990.

(11)

RESUMO

Nos dias que correm, o vinho adquiriu um estatuto de bebida prestigiada, à qual se associa uma cultura própria, assente em técnicas e tradições milenares, sendo que as novas adegas que têm vindo a ser cons-truídas por todo o mundo desempenham um impor-tante papel na mediatização deste produto.

Em A ‘Mediatização do Vinho’, pretende-se aliar o universo vitivinícola à esfera do património arquitectó-nico, muito dele esquecido e à mercê do tempo, sem uma função que o sustente. No presente estudo pro-cura-se articular a temática do Vinho com a Fortaleza de Mourão, localizada na Vila e Concelho de Mourão, Alentejo, de forma a revitalizar a Vila e o seu Castelo. Percorrendo a história do património e do vinho, desde as suas remotas origens, até à contemporaneidade, unindo estes conceitos e percebendo como se podem, à luz deste estudo, completar mutuamente, estabele-ce-se desta forma um suporte teórico que fornece a base necessária à elaboração de um projecto arquitec-tónico que devolva ao património em questão um uso que o revitalize.

Propõe-se assim um projecto de arquitectura de um conjunto cultural constituído por Adega e Museu, ana-lisando de que forma uma arquitectura pode mediati-zar determinado produto e (ou) região, através da viti-cultura e da musealização, de forma a vincular o Pa-trimónio e o Vinho, contribuindo para que este não seja esquecido e reduzido a ruína.1

Palavras-Chave

Mourão | Vinho | Património | Mediatização | Arquitec-tura

(12)
(13)

ABSTRACT

On these days, wine has acquired a prestigious drink statuos, which is associated with its own culture, based on millennial techniques and traditions, where the new architectural wineries that have been built throughout the world play an important role in the mediation of this product.

In The Mediatiion of Wine, the aim is to combine the wine with the architectural heritage, much forgotten and at the mercy of time, without a function that can sustain it. In the present study, we intend to articulate the Wine theme with the fortress of Mourão, located in the village and county of Mourão, in Alentejo, in order to revitalize the village and its Castle. Going through the history of wine and architectural heritage, from its remote origins to contemporaneity, uniting these con-cepts and realizing how, at the light of this study, they can complement one another, a theoretical basis is established which provides the necessary support for the design of an architectural project which gives back to the patrimony a use that revitalizes it.

Therefore, it is proposed an architectural project of a cultural equipment, constituted by a Winery and a Mu-seum, analyzing how an Architecture object can medi-ate and advertise a given product and (or) region, through viticulture and musealisation, to link Wine with Heritage, in order that this arquitectural patrimo-ny may not be forgotten and reduced to ruin.

2

Keywords2

(14)
(15)

AGRADECIMENTOS

A todos os colegas e professores, que de alguma forma, contribuíram para o meu percurso como estu-dante desta instituição, e igualmente àqueles da IUAV. Aos meus orientadores, os Professores António Leite e Ana Marta Feliciano, pela transmissão de conheci-mento, constante e incansável arrimo; ainda assim, um agradecimento especial ao Professor Leite, que me acompanhou no 3º e 5º anos, pela forma audaz, pragmática, e insolente (no bom sentido) com que en-cara esta disciplina, e sobretudo por ter mudado a forma como olho para a Arquitectura.

À Câmara Municipal de Mourão pela simpatia com que me receberam; ao Sr. Cecílio Mendonça, pela ge-nuína amabilidade e prontidão em ajudar-me, e espe-cialmente ao Sr. Arquitecto Ruy Reynaud pela disponi-bilidade e apoio incondicional desde o primeiro mo-mento - sem o seu préstimo este trabalho seria fran-camente mais árduo; ao povo de Mourão pela genero-sidade e pelo auxílio desinteressado que me presta-ram naquela tarde. Ao Miguel Roma, pelo interesse no projecto e diligência com que me facultou pertinentes informações sobre a vinificação.

Ao Virgílio, ao Paulo Branco, e à empresa INTG – De-sign de Comunicação, pelas simpatia com que me tra-taram e pela assistência inestimável que me concede-ram nas maquetas.

À minha tia Sandra, pela ajuda preciosa e impagável que me deu ao longo deste trabalho e durante todo o curso.

(16)

A todos aqueles que posso e tenho o prazer de cha-mar de amigos, entre eles: A Séfora, Cristiana, Joana, Fabrício, André, Rafa e Ana de Andrade, pela amizade e por todas as vivências que partilhámos; ao Tiago pe-la longa amizade desde a infância, e pelo suporte que sempre me deu; ao Chaves, Dias, Leo, Castro, e à Nanda, pelo fulcro que foram quando mais precisei, e por me terem mostrado o outro lado da vida. À Elis, por todo o amor, carinho e dedicação.

À Aida e aos pais, por tudo.

A toda a minha família pelo grande sustentáculo que foram e que são, de realçar as ajudas imprescindíveis do meu tio Zé, Luís Carvalho, e tio Rui; e em especial, aos meus avós, à Patrícia, Diogo, Fadista, e ao meu irmão João, pelo amparo nas horas mais difíceis.

Aos meus pais, pelo que prescindiram e prescindem das suas vidas em prol deste objectivo, da nossa for-mação e do nosso bem-estar, por me terem transmiti-do os valores da honestidade e transmiti-do trabalho, um since-ro obrigado.

(17)

103

1.3. Estrutura e Organização ... 13

2. PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO ... 15

2.1 Evolução da noção de património ao longo do tempo ... 15

2.2. Património Arquitectónico na Contemporaneidade, a sua Mediatização e consequente Valorização ... 23

3. O VINHO ... 29

3.1. Breve História do Vinho ... 29

3.2. O Processo da Vinificação ... 33

3.3.1. Forma Tradicional ... 33

3.3.2. Forma Actual ... 35

3.3. O Vinho na Contemporaneidade ... 41

3.4. As ‘Novas Adegas’ ... 45

3.5. A Ressignificação do Vinho ... 49

4. VALORIZAÇÃO ARQUITECTÓNICA DO PATRIMÓNIO ATRAVÉS DO VINHO ... 51

4.1. A Valorização integrada de um Produto Cultural e Económico - uma Marca e (ou) uma Região através de uma Intervenção Arquitectónica ... 51

4.1.1. O Marketing do Vinho ... 53

4.1.2. A Valorização de uma Região através do Vinho ... 57

4.1.3. Arquitectura como instrumento de Comunicação – A sua Mediatização ... 61

4.2. A introdução de Novos Usos na relação de Arquitecturas Pré-existentes e as Novas Arquitecturas ... 65

4.2.1 Novos usos para um Património antigo ... 69

4.3. A Mediatização Arquitectónica do Vinho como processo de Valorização do Património – Uma Síntese ... 73

5. PROJECTOS DE REFERÊNCIA ... 75

5.1. Museo Nacional de Arte Romana – Rafael Moneo ... 77

5.2. Museu do Quai Branly - Jean Nouvel ... 83

5.3. Musealização da área arqueológica da Praça Nova do Castelo de São Jorge – João Luís Carrilho da Graça ... 89

5.4. Adega Mayor – Álvaro Siza ... 95

5.5. Adega da Herdade do Freixo – Frederico Valsassina 5.6. Estacionamento da Frente Ribeirinha de Lagos – Estúdio A400 ... 109

5.7. Síntese ... 117

6. LUGAR DE PROJECTO – MOURÃO ... 119

6.1.1. Contexto Histórico-cultural ... 119

6.1.2. Lugar Físico ... 123

6.1.3. Conjuntura Socioeconómica ... 127

6.2. O Castelo e Fortaleza de Mourão ... 131

6.3. O Vinho no Alentejo e Mourão ... 139

7. PROPOSTA ARQUITECTÓNICA ... 143

7.1. Escala Territorial ... 145

7.2. Escala Arquitectónica ... 147

7.1.1. A Forma ... 147

7.1.1. No Castelo - O Pólo Cultural ... 149

7.1.1. Na Fortaleza - A Adega ... 153

7.3. Materialidade e Tectónica ... 157

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 161

BIBLIOGRAFIA ... 167

(18)
(19)

ÍNDICE DE FIGURAS

CAPA

Fig. 1. A ‘Mediatização do Vinho’, maqueta elaborada pelo autor, 2018

INTRODUÇÃO

Fig. 2. Pot, verre de vin et livre, Pablo Picasso, óleo sobre tela,1908. Disponível em: https://www.pablo-ruiz-picasso.net/work-3278.php

Fig. 3. Vinícola Antinori, Archea Associati, 2012. Dis-ponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-116920/vinicola-antinori-slash-archea-associati

Fig. 4. Castelo de Mourão, Fotografia do autor, 2017 Fig. 5. Chaminé mourisca em Mourão, fotografia do autor, 2017

Fig. 6. Torre de Menagem do Castelo de Mourão, foto-grafia do autor, 2017

Fig. 7. Esquema elaborado pelo autor com base nas aulas de Lab. de Proj VI, 2018

Fig. 8. Cenas da vida medieval Allegoria del Buon

Go-verno, Ambrogio Lorenzetti, 1337-40, Palazzo

Pubbli-co, Siena, afresco. Disponível

em:http://www.amiciperlacitta.it/il-cittadino-perfetto/

Fig. 9. Panorama geral de Mourão no horizonte, ba-nhado pelo Alqueva, José Godinho, 2013. Disponível em: http://osrikinhus.blogspot.com/2013/06/igreja-matriz-de-nossa-senhora-das.html

(20)

PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO

Fig. 10. Teatro di Marcello, Giovanni Piranesi,

1749-1750, gravura,. Disponível em:

https://www.metmuseum.org/art/collection/search/36 3908

Fig. 11. Vista do teatro di Marcello em Roma, Ernst Meyer, 1849, óleo sobre papel. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ernst_Meyer_-_Parti_af_Teatro_Marcello_i_Rom.jpg

Fig. 12. A Tomada da Bastilha, Jean-Pierre Hoüel,

aguarela,1789. Disponível em:

http://www.museudeimagens.com.br/queda-da-bastilha/

Fig. 13. Capitel da arcada inferior do Palácio Ducal, Veneza, John Ruskin, The Seven Lamps of Architecture.

Disponível em: http://tehne.com/library/ruskin-j- seven-lamps-architecture-illustrations-drawn-author-sixth-edition-sunnyside-orpington-kent-1889

Fig. 14. Íñigo García Odiaga, 2013, Fotografia. Dispo-nível em: https://veredes.es/blog/gl/parar-el-tiempo-inigo-garcia-odiaga/

Fig. 15. Diego Sanna, 2017, Desenho técnico.

Disponí-vel em:

http://www.artwave.it/architettura/buildings/artwave-classics-il-colosseo/

Fig. 16. Diego Sanna, 2017, Desenho técnico.

Disponí-vel em:

http://www.artwave.it/architettura/buildings/artwave-classics-il-colosseo/

Fig. 17. Agência de Turismo Italiana Oficial, 2018, Fo-tografia. Disponível em:

(21)

https://www.italy-museum.com/br/roma/coliseu-palatino-forum-romano-ingresso-combinado

Fig. 18. Autor desconhecido, [s.d.], Graffiti.. Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fado#/media/File:Arte_A malia.jpg

Fig. 19. DailyOverview, 2018, Fotografia. Disponível em:https://www.instagram.com/p/BiSEeIYgl6W/?taken-by=dailyoverview

Fig. 20. Ditlev Blunck, Pintores e Literados

Dinamar-queses numa taberna Romana. 1837, Óleo sobre tela. Disponível em: https://quotidianodibari.it/grand-tour-a-mezzogiorno-con-prudenza/

Fig. 21. Piazza del Campo, vista da Torre del Mangia, Fotografia do autor, 2015

Fig. 22. Cartaz alusivo aos patrimónios industrial e técnico, Jornadas Europeias do Património, DGPC,

2015. Disponível em:

http://arquivos.dglab.gov.pt/2016/05/16/2o- seminario-de-preservacao-comum-de-patrimonio-digital/

Fig. 23. 2º Seminário de Preservação Comum de Patri-mónio Digital, DGPC, 2016. Disponível em: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/news/iniciati vas/jornadas-europeias-do-patrimonio-2015/

Fig. 24. Bernardo Bellotto, The Piazza della Signoria in

Florence, 1742, Óleo sobre tela. Disponível em: https://ca.wikipedia.org/wiki/Fitxer:Bernardo_Bellotto_

(22)

Fig. 25. Sarah Lee, Fotografia 2016. Disponível em: https://www.theguardian.com/artanddesign/ng- interactive/2016/jul/14/david-gilmour-live-at-pompeii-a-photo-essay

O VINHO

Fig. 26. Vitis Vinifera, Pomona Italiana, Giorgio

Galle-sio, 1817. Disponível em:

https://www.rawpixel.com/image/321601/black- aleatico-grape-vitis-vinifera-pomona-italiana-1817-1839-giorgio-gallesio-1772-1839-original

Fig. 27. Baco, Caravaggio, c. 1595, Óleo sobre tela.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Baco_(Caravaggio)#/med

ia/File:Caravaggio_-_Bacco_adolescente_-_Google_Art_Project.jpg

Fig. 28. Li Livres dou Santé, finais do séc. XIII, Iluminura da

inicial “v”. Disponível em:

https://tendimag.com/2014/11/18/in-vino-veritas/05- iluminura-monge-a-provar-o-vinho-aldobrandino-of-siena-li-livres-dou-sante-british-library-sec-xiii/

Fig. 29. Athena serve vinho a Heracles de um jarro, Cilice Ático de figuras vermelhas, Dorius, c. 490 - 470

a.C. Disponível

em:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Athena_ Herakles_Staatliche_Antikensammlungen_2648.jpg

Fig. 30. Tiago Gonçalves, 2011, Ilustração. Disponível em: http://www.academicwino.com/2014/07/history-of-wine-containers.html/

Fig. 31. Carolyn G. Koehler, sem data, Fotografia.

Dis-ponível em:

https://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&sour ce=images&cd=&ved=2ahUKEwjImLmIxO_dAhVwgM4B HX_eDO4Qjhx6BAgBEAI&url=http%3A%2F%2Fwww.cm-

(23)

viana-

caste-lo.pt%2Fdownload%2F4411%2F08dc395b1f2f2ad271b 9fb661d52fcc9&psig=AOvVaw1AfyeVVj1LYpqu2v8300 ma&ust=1538832262717959

Fig. 32 Autor desconhecido, 2017, Fotografia. Dispo-nível em:

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/arqueologos- encontram-prensa-de-vinho-do-imperio-bizantino-descoberta-por-acidente_10974.html

Fig. 33. Adega Cooperativa do Redondo, sem data, Fotografia. Disponível em:

http://acr.com.pt/galeria-de-fotos/

Fig. 34. Artur Pastor, Sem data, Fotografia. Disponível em:

http://arturpastor.tumblr.com/post/102633312434/d ouro-vindima-décadas-de-5060

Fig. 35. Cubas de fermentação em inox, Herdade do Freixo, Redondo, 2017, Fotografia do autor

Fig. 36. A History of Wine: Great Vintage Wines from the Homeric Age to the Present Day, 1961,H. Warner

Allen, Fotografia. Disponível em:

http://www.academicwino.com/2014/07/history-of-wine-containers.html/

Fig. 37. Adega Antinori/ Archea Associati, Pietro

Savo-relli, 2013, Fotografia. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/01-116920/vinicola-

antinori-slash-archea- associati/518d4bf8b3fc4b3c60000003-antinori-winery-archea-associati-photo

Fig. 38. Vale do Napa, Herzog & De Meuron, Dominus Winery 1996-1998, Margherita Spiluttini, 2014,

Foto-grafia. Disponível em:

https://www.area- arch.it/en/wineries-from-parts-of-buildings-to-portions-of-the-landscape/

Fig. 39. Marqués de Riscal Vineyard Hotel, Elciego, Es-panha, Frank Gehry, Marriott.com, [s.d.], Fotografia.

(24)

Disponível

em: https://www.marriott.com/hotels/travel/biolc- hotel-marques-de-riscal-a-luxury-collection-hotel-elciego/

Fig. 40. Quinta Do Vallado Winery - Menos é Mais Ar-quitectos, Nelson Garrido, 2011, Fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com/205005/quinta-do-vallado-winery-francisco-vieira-de-campos

Fig. 41. Sochicwines, [s.d.], Publicidade. Disponível em: https://tastefood.wordpress.com/tag/vinhos-bebidas-so-chic/

Fig. 42. BoaCamaBoaMesa, Expresso, 2015, Fotografia.

Disponível em:

https://boacamaboamesa.expresso.sapo.pt/vinhos/20 15-06-24-by-the-wine-o-bar-com-3267-garrafas-no-teto

A VALORIZAÇÃO ARQUITECTÓNICA DO

PATRIMÓNIO ATRAVÉS DO VINHO

Fig. 43. Tiago Cabaço blog 2013, Tiago Cabaço Wines,

2013, Publicidade. Disponível em:

https://garrafeira5estrelas.com/vinho-do-alentejo/958-tiago-cabaco-blog-2013.html

Fig. 44. Carlos Lucas Vinhos, Lda. Rótulo, publicidade pela agência de comunicação M&A Creative, 2017,

Pu-blicidade. Disponível em:

https://www.marketingvinhos.com/2017/12/automati co-o-vinho-que-se-faz-sozinho.html

Fig. 45. Montagem de Rita Monteiro, Vida Rural, 2016,

Montagem. Disponível em:

https://www.vidarural.pt/insights/marketing-de-vinhos-por-onde-comecar/

Fig. 46. Fig. 46. França e as suas regiões vinícolas.

(25)

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cartes_des_ vins_de_france-PT.png

Fig. 47. CRVA, [s.d.], Fotografia. Disponível em:

http://www.vinhosdoalentejo.pt/pt/rota-dos-vinhos/sobre-a-rota-dos-vinhos/

Fig. 48. Esquema elaborado pelo autor, adaptado de;

Critical success factors for wine tourism regions: a demand analysis. Tourism Management, Volume 27,

Issue 1, Donald Getz, , Graham Brown, 2006.

Disponí-vel em:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S02 61517704001761

Fig. 49. Comercial da marca Mercedes-Benz com a Pra-ça do Comércio em plano de fundo. With the E-Class

from Lisbon to Stuttgart – Mercedes-Benz, 2016,

Vídeo. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=AoKzI_pCLN4

Fig. 50. Jornal Núvol, Autor desconhecido, [s.d.],

Foto-grafia. Disponível em:

https://www.britannica.com/topic/dolmen/images-videos/media/168304/5253

Fig. 51. Dolmen at Pentre Evan, Dyfed, País de Gales, Cadw: Welsh Historic Monuments, [s.d.], Fotografia.

Disponível em:

https://www.nuvol.com/noticies/iconofilia-vs-iconofobia-o-com-representar-la-divinitat/

Fig. 52. Ermenegildo Zegna fragrances UOMO

adverti-sing, 2013, Vídeo. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=rd-3xQcZDQ4

Fig. 53. Reportagem AdegaMãe na SIC Notícias, 2014,

Vídeo. Disponível em:

(26)

Fig. 54. The Meaning of Meaning: A Study of the Influ-ence of Language upon Thought and of the SciInflu-ence of Symbolism, C. K. Ogden, I. A. Richards, 1923,

Ilus-tração. Disponível em:

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b 0/Ogden_semiotic_triangle.png

Fig. 55. Observador, [s.d.], Fotografia. Disponível em: https://bordalo.observador.pt/q80/https://s3.observa

dor.pt/wp-

con-tent/uploads/2015/07/amoreiras_vistaexterior_1200x 300_acf_cropped.jpg

Fig. 56. Museu Internacional de Escultura Contempo-rânea & reabilitação do Museu Municipal Abade Pedro-sa, por Álvaro Siza + Eduardo Souto Moura. João

Mor-gado, 2016, Fotografia. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/788825/miec-plus-mmap-alvaro-siza-plus-eduardo-souto-de-moura

Fig. 57. Caixa Forum, Madrid, Herzog & de Meuron, Autor desconhecido, [s.d.]. Fotografia. Disponível em: http://grovepicax.pw/caixa-forum-herzog-amp-de-meuron-Madrid-The-CaixaForum-arts.html

Fig. 58. Complexo industrial pré-existente, intervenci-onado pelos arquitectos Herzog & de Meuron, [s.d.],

Fotografia. Disponível em:

https://arcspace.com/feature/caixa-forum/

Fig. 59. Cãmara Municipal de Pombal, 2016,

Fotogra-fia. Disponível em:

https://www.cm- pombal.pt/2016/10/06/1o-aniversario-da-cedencia-do- castelo-de-pombal-ao-municipio-assinalado-com-oferta-aos-visitantes/

Fig. 60. Chiesa di San Lorenzo, Veneza, 2015, Fotogra-fia do autor.

Fig. 61. Museu Castelvecchio em Verona, Itália.

(27)

http://suaehyun.blogspot.com/2016/01/castelvecchio -carlo-scarpa.html

Fig. 62. Restauro e Reabilitação do Teatro Romano em Sagunto, Espanha, pelo arquitecto Giorgio Grassi,

1985, Desenho. Disponível em:

https://appuntidivista.wordpress.com/2009/02/23/te atro-di-sagunto-di-giorgio-grassi/

FIg. 63. Esboço da implantação e estudo dos eixos, da pirâmide do Louvre, em Paris – o moderno e o antigo coexistem no mesmo lugar. Ieoh Ming Pei, 1983,

De-senho. Disponível em:

https://blogs.loc.gov/loc/files/2017/04/Louvre-sketch-1_B.jpg

Fig. 64. Louvre Abu Dhabi, Ateliers Jean Nouvel, 2017. Laurian Ghinitoui, 2017, Fotografia. Disponível em: https://afasiaarchzine.com/2017/11/jean-nouvel-20/jean-nouvel-louvre-museum-abu-dhabi-19/

PROJECTOS DE REFERÊNCIA

Fig. 65. Rafael Moneo, 1980-1985, Axonometria. Ra-fael Moneo, 1980-1985, Axonometria. Disponível em: https://cfileonline.org/architecture-rafael-moneo- flashbacks-to-brick-virtuosity-in-merida-and- madrid/17-drawings-for-roman-musuem-by-rafael-moneo/

Fig. 66. Fachada do museu, Tomás Fano, 2009,

Foto-grafia. Disponível em:

https://es.wikipedia.org/wiki/Museo_Nacional_de_Arte _Romano#/media/File:MNAR_(Mérida)_Exterior_01.jpg

Fig. 67. Plantas, cortes e alçados, Rafael Moneo,

1980-1985, Desenhos técnicos. Disponível em:

http://img.docstoccdn.com/thumb/orig/134430401.p ng

(28)

Fig. 68. Fernando Carrasco, 2016, Fotografia.

Disponí-vel em:

https://www.archdaily.com.br/br/794377/classicos- da-arquitetura-museu-nacional-de-arte-romana-rafael-moneo

Fig. 69. James Gordon, 2016, Fotografia. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/794377/classicos- da-arquitetura-museu-nacional-de-arte-romana-rafael-moneo

Fig. 70. Turismo de Mérida, 2018, Fotografia. Disponí-vel em: https://www.expedia.com.br/Museu-Nacional- De-Arte-Romana-Merida-Old-Town.d6121350.Guia-de-Viagem

Fig. 71. Rafael Moneo, 1980-1985, Axonometria.

Dis-ponível em:

https://amallective.com/portfolio/national-museum-of-roman-art-rafael-moneo/

Fig. 72. Pormenor exterior, Rafael Moneo, [s.d.],

Foto-grafia. Disponível em:

https://amallective.com/portfolio/national-museum-of-roman-art-rafael-moneo/

Fig. 73. Antonio Ortiz, 2017, Fotografia. Disponível em:

http://www.expansion.com/fueradeserie/arquitectura/ 2017/08/22/599ab912e5fdea3e638b4589.html

Fig. 74. Hôtel Saint Germain des Prés, [s.d.], Fotogra-fia. Disponível em: http://www.signature- saintgermain.com/en/terrace-of-quai-branly-museum-an-incredible-view/

Fig. 75. Planta do piso térreo, piso tipo do museu, co-bertura, Jean Nouvel ateliers, 1999-2006, Desenhos técnicos. Disponível em:

(29)

http://www.signature- saintgermain.com/en/terrace-of-quai-branly-museum-an-incredible-view/

Fig. 76. Interior do Museu Quay Branly, Angelica

Baro-na, 2007, Fotografia. Disponível em:

https://www.lemoniteur.fr/article/un-lac-de-lumiere-pour-le-quai-branly.1920809

Fig. 77. Museu Quay Branly à noite, Defawe Philippe,

2007, Fotografia. Disponível em:

https://www.lemoniteur.fr/article/un-lac-de-lumiere-pour-le-quai-branly.1920809

Fig. 78. Jean Nouvel ateliers, 1999-2006, Alçado.

Dis-ponível em:

http://www.constructalia.com/portugues_br/galeria_d e_projetos/franca/museu_do_quai_branly#.W7kpNy9O ofE

Fig. 79. Pormenor do revestimento envidraçado com painel fotográfico justaposto, relativo a uma floresta, Trespa, [s.d.], Fotografia. Disponível em:

https://www.trespa.com/pt-pt/project-pt-pt/museo-quai-branly

Fig. 80. Jean Nouvel ateliers, 1999-2006, Corte.

Dis-ponível em:

http://www.constructalia.com/portugues_br/galeria_d e_projetos/franca/museu_do_quai_branly#.W7kpNy9O ofE

Fig. 81. Fachada ajardinada por Patrick Blank Arkpad,

[s.d.], Fotografia. Disponível em:

https://br.pinterest.com/pin/717620521847446139/? lp=true

Fig. 82. Sérgio Guerra, 2012, Fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01- 20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca-

(30)

Fig. 83. Planta, Carrilho da Graça, 2008-2010,

Dese-nho técnico. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/01- 20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca-

nova-do-castelo-de-s-jorge-carrilho-da-graca-arquitectos

Fig. 84. Corte, Carrilho da Graça, 2008-2010,

Dese-nho técnico. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/01- 20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca-

nova-do-castelo-de-s-jorge-carrilho-da-graca-arquitectos

Fig. 85. Axonometria, Carrilho da Graça, 2008-2010,

Desenho técnico. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/01- 20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca-

nova-do-castelo-de-s-jorge-carrilho-da-graca-arquitectos

Fig. 86. Vista geral da área arqueológica, Fernando Guerra, Sérgio Guerra, 2012, Fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01- 20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca-

nova-do-castelo-de-s-jorge-carrilho-da-graca-arquitectos

Fig. 87. Recriação de pátio árabe, Fernando Guerra, Sérgio Guerra, 2012, Fotografia. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/01- 20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca-

nova-do-castelo-de-s-jorge-carrilho-da-graca-arquitectos

Fig. 88. Fernando Guerra, Sérgio Guerra, 2012,

Foto-grafia. Disponível em:

(31)

20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca- nova-do-castelo-de-s-jorge-carrilho-da-graca-arquitectos

Fig. 89. Fernando Guerra, Sérgio Guerra, 2012,

Foto-grafia. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/01- 20123/musealizacao-da-area-arqueologica-da-praca-

nova-do-castelo-de-s-jorge-carrilho-da-graca-arquitectos

Fig. 90. Fernando Guerra, 2007, Fotografia. Disponível em:

http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/2007/05 /alvaro-siza-adega-mayor.html

Fig. 91. Fernando Guerra, 2007, Fotografia. Disponível em:

http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/2007/05 /alvaro-siza-adega-mayor.html

Fig. 92. Esquissos preliminares, Álvaro Siza,

2003-2006, Desenho. Disponível em:

http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/2007/05 /alvaro-siza-adega-mayor.html

Fig. 93. Fernando Guerra, 2007, Fotografia. Disponível

em:

https://fernando-guerra-fg-sg.divisare.pro/projects/93262-adega-mayor-winery

Fig. 94. Fernando Guerra, 2007, Fotografia. Disponível

em:

https://fernando-guerra-fg-sg.divisare.pro/projects/93262-adega-mayor-winery

Fig. 95. Fotografia do pelo autor, 2018, Fotografia. Fig. 96. Álvaro Siza, 2003-2006, Desenhos técnicos.

Disponível em: https://www.area-arch.it/en/adega-mayor-winery/

Fig. 97. Álvaro Siza, 2003-2006, Desenhos técnicos.

Disponível em: https://www.area-arch.it/en/adega-mayor-winery/

(32)

Fig. 98. Álvaro Siza, 2003-2006, Desenhos técnicos.

Disponível em: https://www.area-arch.it/en/adega-mayor-winery/

Fig. 99. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 100. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 101. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 102. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 103. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 104. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 105. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 106. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 107. Fotografia do autor, 2018, Fotografia.

Fig. 108. Frederico Valsassina Arquitectos, 2012-1016,

Desenhos técnicos. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/881409/adega-herdade-do-freixo-frederico-valsassina-arquitectos

Fig. 109. Frederico Valsassina Arquitectos, 2012-1016,

Desenhos técnicos. Disponível em:

https://www.archdaily.com.br/br/881409/adega-herdade-do-freixo-frederico-valsassina-arquitectos

Fig. 110. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 111. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 112. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 113. Fotografia do autor, 2018, Fotografia.

Fig. 114. Estacionamento da frente ribeirinha de La-gos. Sul Informação, 2013, Fotografia. Disponível em:

(33)

Fig. 115. Lagos – projecto em evidência, Montagem elaborada pelo autor, 2018

Fig. 116. Perímetro amuralhado em evidência – a in-tervenção arquitectónica encontra-se adossada à mura-lha. Montagem elaborada pelo autor, 2018

Fig. 117. Esterotomia e estratigrafia da muralha renas-centista de Lagos, Fotografia do autor 2018

Fig. 118. Planta do séc. XVII, Lagos, com as diversas estruturas militares, destancando-se a cerca renascen-tista. Leonardo Ferrari, 1650, Arquivo Militar de

Esto-colmo. Disponível em:

https://historiasdeportugalemarrocos.com/2015/09/2 4/a-muralha-de-lagos/

Fig. 119. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 120. Fotografia do autor, 2018, Fotografia. Fig. 121. Fotografia do autor, 2018, Fotografia.

LUGAR DE PROJECTO – MOURÃO

Fig. 122. Brasões de Armas da Vila de Mourão, retira-do da obra de Alcântara Chantre Guerreiro, Mourão

nos séculos XIII a XVII, 1964. Ilustrações.

Fig. 123. Fotografia do autor, 2017, Fotografia.

Fig. 124. Ilustração do Castelo de Mourão, retidada do livro Fronteira de Portugal Fortificada Pellos Reys

Des-te Reyno. Tiradas estas Fortalezas no Tempo del Rey Dom Manoel / copiadas por Brás Bereira, [S.l.],1642.

Fig. 125. Cronologia do Castelo e da Vila de Mourão, ao longo dos séculos. Montagem elaborada pelo autor, 2018

(34)

Fig. 127. Fotografia do autor, 2017, Fotografia. Fig. 128. Paisagem típica alentejana, Branco Cardoso, 2016, óleo sobre tela. Disponível em:

http://brancocardoso.blogspot.com/2011/09/alentejo -pintura-oleo.html

Fig. 129. Fotografia do autor, 2017, Fotografia. Fig. 130. Oliveira milenar no Alentejo, Natércia Pedro-so, 2014, Fotografia. Disponível em:

http://istonaoestaaqui.blogspot.com/2014/02/oliveira -no-alentejo-com-2450-anos-de.html

Fig. 131. Mourão, habitação típica, Luís Jordão, 2007,

Fotografia. Disponível em:

http://ww3.aeje.pt/avcultur/avcultur/LuisJordao/Alent ejopicBR01.htm

Fig. 132. Rua e chaminés mouriscas, Luís Jordão,

1980, Fotografia. Disponível em:

http://ww3.aeje.pt/avcultur/avcultur/LuisJordao/Alent ejopicBR01.htm

Fig. 133. Áreas e habitantes a diferentes a diferentes escalas – Mourão – local de intervenção. Esquema ela-borado pelo autor, 2018.

Fig. 134. Artur Pastor, 1940 [?], Fotografia. Disponível em:

http://ww3.aeje.pt/avcultur/avcultur/LuisJordao/Alent ejopicBR01.htm

Fig. 135. Artur Pastor, 1940 - 1950, Fotografia.

Dispo-nível em:

http://ww3.aeje.pt/avcultur/avcultur/LuisJordao/Alent ejopicBR01.htm

Fig. 136. Fotografia do autor, 2017, Fotografia. Fig. 137. Fotografia do autor, 2017, Fotografia. Fig. 138. Fotografia do autor, 2017, Fotografia.

(35)

Fig. 139. Estratigrafia do Castelo e Forte de Mourão, esquema elaborado pelo autor, 2018

Fig. 140. Ilustração retirada da obra de Luís Serrão Pi-mentel: Methodo Lusitanico de Desenhar as

Fortifica-coens das Praças Regulares & Irregulares, 1980, (pag.

185)

Fig. 141. Talha Alentejana, Hawk Wakawaka,

Fotogra-fia, 2014. Disponível em:

https://wakawakawinereviews.com/2014/09/25/wine making-in-talhas-the-pottery-and-winemaking-of-alentejo-portugal/

(36)
(37)

1.

INTRODUÇÃO

“Deus não fez senão a água, mas o

ho-mem fez o vinho!”

Vitor Hugo, Les contemplations:

Autre-fois, 1830-1843, 1856

Falar do vinho é falar de história, é falar de cultura, de pessoas e acontecimentos, do mundo antigo e do mundo moderno – o vinho é transversal a etnias, cre-dos, territórios, e está intimamente ligado ao surgi-mento dos povos, à sua sedentarização, e com isso o estabelecimento das primeiras civilizações nos locais que foram outrora o berço da humanidade; é portanto, expor uma crónica que se inicia nos milénios mais longínquos, até ao presente.

Desde há milénios que o vinho é produzido pelos povos. Evidências arqueológicas apontam que em me-ados do ano 8000 a.C., em algumas partes dos territó-rios que hoje fazem parte da Geórgia, Irão, China e Turquia, já se produzia esta bebida.3

Ao longo dos séculos, o vinho ganhou valor simbóli-co em diversas culturas e religiões, sendo que na ac-tualidade é amplamente produzido e consumido em várias partes do mundo. Apesar de não haver provas concretas, pensa-se que a domesticação da vinha

te-

3 J. Duarte Amaral. O Grande Livro do Vinho, p.27 a 29.

Fig. 2. Pot, verre de vin et livre, Pablo Picasso, óleo sobre tela,1908.

(38)

nha sido introduzida em Portugal pelos Tartessos, há cerca de 2000 anos a.C., que a cultivaram no vale do Tejo e no Sado. A planta em si, essa já existiria na Pe-nínsula Ibérica desde o Terciário.

Outros povos como os Fenícios, os Gregos e os Cel-tas, que passaram pela Península, continuaram a cultu-ra vínica, até que os romanos, assim que detivecultu-ram o controlo do território lusitano, introduziram novos avanços e técnicas. Após a decadência do Império e com o início da expansão do Cristianismo, o vinho torna-se num produto essencial para a realização da eucaristia, forjando assim a sua simbologia e estabele-cendo-se como bebida culturalmente aceite e aprecia-da até aos dias de hoje.

À luz deste estudo, o foco incide sobre a região do Alentejo, onde a produção de vinho sofreu vicissitudes ao longo dos séculos, sendo que hoje a viticultura alentejana significa qualidade reconhecida internacio-nalmente e sucesso crescente. Posto isto, actualmente, é possível constatar que cada vez mais existe uma ‘mediatização’ do vinho, sendo que hoje, no âmbito do enoturismo, procuram-se experiências diferenciadas, onde a adega já não é apenas onde acontece a produ-ção e (ou) armazenamento, mas um local onde o visi-tante pode conhecer a cultura da região e daquela produção em particular.

As novas adegas que têm surgido pela Europa e pelo o mundo espelham esta nova realidade: equipamentos com uma forte componente arquitectónica onde sur-gem adegas por vezes complementadas por unidades hoteleiras, com projecto de arquitectura de autor, com a finalidade de se mediatizar estas construções e

(39)

con-Fig. 3. A mediatização arquitectónica do vinho - Vinícola Antinori, Archea Associati, 2012

Fig. 4. O património em questão – Castelo de Mourão, Fotografia do autor, 2017

sequentemente o vinho em si, valorizando-o em ter-mos de imagem de mercado.

À temática do vinho, pretende-se aliar outro univer-so: o do património arquitectónico em Portugal. A im-portância do património, seja ele material ou intangí-vel, é hoje reconhecida após séculos de consolidação deste conceito, sendo que a sua manutenção é promo-vida e incentivada pelas mais variadas entidades. No entanto, e apesar do investimento que se tem feito nestas construções, existe património arquitectónico ao abandono por todo o país, muitas vezes esquecido e arruinado, quer pela acção do tempo ou actos de vandalismo, quer por descuido e despreocupação com este legado. Este estudo e consequente projecto final de mestrado debruçam-se sobre esta problemática e sobre estas temáticas.

(40)

Fig. 5. Chaminé mourisca em Mourão, fotografia do autor, 2017

(41)

1.1.

Enquadramento e Objectivos

O presente estudo surge na esteira de um exercício realizado no âmbito da disciplina de Laboratório de Projecto VI, no qual deveria ser seleccionado uma de-terminada obra arquitectónica, nomeadamente uma casa senhorial, (torre, castelo, paço, solar, etc) como elemento proto-urbano, gerador de novas urbanida-des, sendo um ponto de partida para a criação de uma nova arquitectura contemporânea e consequentemente que esta seja matriz de uma nova urbe, com o intuito de valorizar o elemento arquitectónico inicial, que em-bora pertença a uma outra era, é ainda capaz de gerar novas dinâmicas no espaço urbano. Importa então ter uma visão genérica do que é a casa do senhor e o po-der senhorial, cujas lógicas se foram alterando ao lon-go do séculos. Segundo António Santos Leite,

“(...) Efectivamente, devemos procurar entender o crescimento dos assenta-mentos territoriais a partir destes nú-cleos estruturadores, pois num primei-ro tempo medieval todas as principais actividades económicas acercavam-se da protecção proporcionada pelo redu-to fortificado e simbólico de um se-nhor, fosse esse formalizado por uma torre, por um castelo, por uma vila for-tificada por uma cidade. (...)”4

A ideia da casa do senhor e o poder senhorial en-quadram-se num sistema mais amplo e complexo: o

4

Ana Marta Feliciano, António Santos Leite, A Casa Senhorial como

(42)

Fig. 6. Torre de Menagem do Castelo de Mou-rão, fotografia do autor, 2017

Feudalismo. Este sistema de organização social e polí-tica imperou na maior parte da Europa durante a Idade Média (séc. V a séc. XV), e caracterizava-se nos seus principais traços por uma hierarquia rígida dos direitos sobre as terras, uma hierarquização e segmentação do poder público, a divisão da população em três cama-das sociais com obrigações claramente definicama-das (cle-ro, nobreza e povo), em que se geravam fortes depen-dências interpessoais entre si. A sociedade feudal fun-cionava baseada numa lógica rural, em que a defesa militar dos feudos determinava e simbolizava o poder em tempos instáveis, e em que a posse da terra era o único bem profícuo.5

Era, portanto, decorrente de uma estabelecida ordem de relações e deveres interpessoais, que era possível aos burgos daquela época manter a simbiose: os arte-sãos e trabalhadores da terra providenciavam os bens materiais e alimentícios; o clero tinha como função a difusão da fé e o ensino à população; à nobreza feudal cabia a defesa militar do povoado; e por fim, ao Se-nhor daquela terra, cabia-lhe defender o seu domínio, aplicar-lhe a justiça e a governação.

O senhor não era o proprietário do feudo, no sentido que hoje se atribui ao termo, em vez disso, recebia esse título de um outro poder maior, que poderia ser o rei, (senhor de vilas, castelos, do feudo real), o que o vinculava obrigatoriamente àquele território, não se podendo dele dissociar.6

Interpretado assim o enquadramento histórico da ca-sa senhorial, e à luz do exercício proposto, a Torre de

5 José Cabido - Reflexões sobre o interior doméstico as mentalidades

e os espaços, p. 70 a 75.

(43)

Fig. 7. Sedes de poder – à esquerda, o terri-tório português, cujo poder se concentra nas principais cidades (centralizado); à di-reita, a lógica feudal: o poder distribuído pelo reino (descentralizado), formalizando as residências dos senhores feudais. Es-quema elaborado pelo autor com base nas aulas de Lab. de Proj VI, 2018

Menagem inserida do complexo arquitectónico do Cas-telo e Forte de Mourão, foram os objectos selecciona-dos; situada na vila raiana portuguesa de Mourão, na região do Alentejo Central, esta construção está intrin-secamente ligada à expansão e estabelecimento da vila e do seu povoado no território desde tempos re-motos, assim como foi palco de importantes aconte-cimentos que ajudaram a escrever a História de Portu-gal. Apesar de tudo isto, é hoje um património esque-cido e que caminha para a degradação.

A Torre de Menagem afigura-se assim como a Casa do Senhor de Mourão, sua residência feudal; em tem-pos mediévicos, o castelo é visto como núcleo defensi-vo, político e económico, simbolizando o poder de um senhor,7 ao qual o povo prestava vassalagem, lavrava

as suas terras e lhe entregava o seu produto, em troca do refúgio que a fortificação proporcionava. Como afirma Ana Marta Feliciano,

“(...) Esta expressão cultural parcialmen-te difusa parcialmen-tende a cristalizar-se, para-digmaticamente, na ideia simbolicamen-te hegemónica da imposição do cassimbolicamen-telo sobre um território; ou melhor, na ideia matricial da estruturação do território a partir de sucessivas esferas hierárquicas e complementares de diferentes sedes de poderes senhoriais, simultaneamente sede de poder e residência senhorial, que se tendem a organizar na sua auto-suficiência centrípeta a partir de si mesmo, (...)” 8

7 Umberto Eco, Idade Média - Castelos, Mercadores E Poetas, p. 803. 8

Ana Marta Feliciano, António Santos Leite, A Casa Senhorial como

(44)

Fig.8. Cenas da vida medieval - Allegoria del Buon Governo, Am-brogio Lorenzetti, 1337-40, Palazzo Pubblico, Siena, afresco.

Como explica a autora, o conjunto de castelos e ca-sas senhoriais, funcionava, nos tempos e na lógica feudal, como sistema organizador do território, consti-tuído por diversos focos de poder, dispersos pela su-perfície, e que agrupavam as populações em núcleos de um sistema maior, que seria o reino.

(45)

Posto isto, e no âmbito desta temática, surge assim a oportunidade de levar a cabo uma intervenção que po-tencialize e valorize este conjunto arquitectónico, revi-talizando o Castelo e a Fortaleza, e consequentemente a vila em si.

O objectivo será (através de temáticas inerentes ao lugar cultural de Mourão, tais como a viticultura, os eventuais vestígios arqueológicos que existirão no Castelo e redondezas, e a respectiva musealização dos mesmos), criar um pólo cultural agregador destes te-mas, juntamente com uma adega de arquitectura mar-cante, que permita ao Castelo e Fortaleza adquirirem uma nova função, adaptada à contemporaneidade.

De forma geral, com o presente estudo e projecto arquitectónico, pretende-se atingir os seguintes objec-tivos:

- Conhecer a história geral do conceito de património arquitectónico, as suas ambiguidades e evolução no tempo;

- Conhecer a história do vinho e da vinha, na suas ver-tentes histórica, cultural e técnica;

- Articular o conceito de Património Arquitectónico com o Vinho, percebendo de que forma juntos podem potenciar determinada imagem, região e (ou) obra ar-quitectónica, através da mediatização de determinada obra de arquitectura;

- Analisar o Lugar físico e cultural de Mourão, conhecer a sua história;

(46)

- Estudar o Castelo e a Fortaleza de Mourão, os seus diferentes tempos, sedimentos, e acontecimentos his-tóricos que ali ocorreram;

- Garantir através de uma nova arquitectura, um novo e actual uso para o conjunto arquitectónico;

- Garantir a consolidação, valorização e musealização de eventuais solos e artefactos arqueológicos presen-tes no interior muralhado do Castelo;

- Respeitar a memória do Castelo e da Fortaleza, sem que com isso a proposta arquitectónica perca o seu carácter próprio;

- Reabilitar os acessos ao Castelo, assim como as con-dições de acessibilidade às muralhas, atribuindo tam-bém novas funções a várias construções devolutas presentes no interior muralhado do Castelo;

- Tratamento do espaço urbano, paisagística e arqui-tectonicamente, quer no interior muralhado, quer na Fortaleza, e também no seu contacto com o tecido ur-bano da vila;

- Por fim, restabelecer e fortificar a ligação entre Vila e Castelo através da junção de todos os pontos anterio-res.

(47)

1.2.

Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho, os métodos usados foram os da recolha de informação útil que fornecesse o conhecimento devidamente fundamenta-do e necessário à elaboração deste estufundamenta-do, com a fina-lidade de aprofundar a sabedoria nas demais temáti-cas a serem abordadas no trabalho.

Para tal, haverá um processo de recolha de elemen-tos bibliográficos, documenelemen-tos e (ou) imagens, que possam ter relevância para o estudo. Serão também importantes as visitas ao local de Mourão, de modo a ter uma perspectiva real do panorama em que se está a desenvolver o trabalho. A comunicação directa com o povo da vila, assim como as demais entidades que trabalham de perto com este património revelar-se-á também útil, de modo a reunir a maior quantidade de informação possível.

De seguida, far-se-á uma selecção de projectos de re-ferência, nacionais e internacionais, que de algum mo-do ilustrem as opções e os caminhos que serão toma-dos, percebendo como foram elaboratoma-dos, compreen-dendo os conceitos e ideias por detrás dos mesmos, tentando transpor esses dados para a proposta arqui-tectónica a realizar.

Com base na informação teórica conseguida, articu-lar-se-á a parte escrita à parte projectual. O projecto em si será desenvolvido com base nas ferramentas que desde sempre se têm vindo a revelar mais úteis e eficazes à arquitectura: serão desenvolvidos desenhos, esboços e esquiços de eventuais ideias e volumetrias,

(48)

assim como se fará uso de maquetes conceptuais e de estudo, até que seja atingida uma ideia sólida para a proposta de arquitectura.

De seguida, serão redigidas as conclusões finais de todo o trabalho, culminando então na realização da proposta arquitectónica concreta como resultado de todo o estudo efectuado.

(49)

1.3.

Estrutura e Organização

O trabalho em questão divide-se em duas partes: uma componente escrita com base científica, e uma componente prática de projecto de arquitectura.

A componente escrita do trabalho visa sustentar a parte prática do mesmo, atestando-o das bases neces-sárias à sua realização.

A componente científica corresponde sobretudo aos capítulos “Património Arquitectónico” onde se explora este conceito, e a sua evolução ao longo dos séculos, as suas ambiguidades e principais protagonistas. Con-tinuando o raciocínio teórico, parte-se para o capítulo “O Vinho” onde se estuda de forma geral a história da viticultura, as suas técnicas, etc.

Já noutra temática, no capítulo “Valorização Arquitec-tónica do Património através do Vinho”, procura-se re-lacionar os anteriores dois conceitos: Vinho e Patrimó-nio, de modo a percerber-se como juntos podem po-tenciar e valorizar determinado objecto arquitectónico patrimonial, articulando conceitos como reabilitação do património, a mediatização do mesmo, etc.

Sintetizando os capítulos anteriores, serão seleccio-nados diversos projectos de referência, onde se verifi-ca a apliverifi-cação das ideias expostas anteriormente, com a finalidade de que estes exemplos possam contribuir para o projecto prático que se realizará posteriormen-te.

No capítulo seguinte, destinado ao estudo da região onde se irá desenvolver o trabalho prático, far-se-á

(50)

14

uma análise do lugar nas suas múltiplas vertentes: his-tórica; cultural; física; social e económica; procurando conhecer a antiga e a actual conjuntura do sítio. Estu-dar-se-ão aprofundadamente os elementos principais com que se irá operar, nomeadamente o castelo e a fortaleza, e a história da vinha na região.

A componente prática pretende ilustrar todo o estu-do desenvolviestu-do através estu-do já referiestu-do projecto de ar-quitectura.

Por fim, os anexos representam todo o percurso que se fez até à proposta final (esquiços, croquis, maque-tas de estudo, etc.), assim como as peças técnicas e maquetas finais que representam a proposta arquitec-tónica.

Fig.9 Panorama geral de Mourão no horizonte, banhado pelo Alque-va, José Godinho, 2013

(51)

2.

PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO

2.1

Evolução da Noção de Património ao

Longo do Tempo

“Património: s. m. (lat. patrimonium) Bens herdados do pai ou da mãe: um

ri-co património. Bens de família. Bens

ne-cessários para a ordenação e o sustento de um eclesiástico. Propriedade. Cabe-dal comum a uma classe de homens, a uma colectividade: a glória de Camões

faz parte do património português.”

Enciclopédia Lello Universal, José Lello, Edgar Lello, 1973

Como se verifica pela definição acima transcrita, a palavra património, no seu sentido etimológico, tem origem na expressão latina patrimonium, em que

mo-nium significa “bens recebidos” do pater, o pai. Sendo

assim, pode dizer-se que património é aquilo que pas-sa dos pais para os filhos, de uma geração para outra. Durante séculos a noção de património estava, como afirma Choay, “estritamente ligada ás estruturas fami-liares, económicas e jurídicas”1 de uma determinada

sociedade, e servia também para indicar os bens ecle-siásticos do clero.

(52)

Fig. 10. Teatro di Marcello, Giovanni Piranesi, 1749-1750, gravura

Fig. 11. A apropriação de ruínas romanas para outros usos senão os originais era práti-ca habitual na idade média. Na figura vê-se os arcos do teatro ocupados habitações e lojas no piso térreo. Vista do teatro di Marce-llo em Roma, Ernst Meyer, 1849, óleo sobre papel.

No Quattrocento, a noção de património estava ain-da longe de representar o legado e o agregado de bens patrimoniais relativos a um povo, cultura ou país; além de tudo, as obras arquitectónicas da antiguidade não eram vistas como bens a preservar, ao invés, elas eram convertidas noutros equipamentos com novos usos, e muitas vezes retiravam-se-lhes frisos ou frag-mentos a serem usados noutras construções – os edi-fícios eram vistos como entidades vivas, mutáveis e reutilizáveis; os escritos clássicos greco-romanos eram então o verdadeiro testemunho do passado.

No enquadramento do movimento Iluminista, o esta-tuto das antiguidades altera-se – surgem os antiquá-rios - coleccionadores de obras como pinturas, gravu-ras, desenhos ou escultugravu-ras, que as expunham em ga-lerias, sendo que no domínio da arquitectura este mo-vimento acometeu muito dos edifícios e obras da anti-guidade, “cujos despojos vêm enriquecer as colecções públicas e privadas”.2

Surgem assim os esboços do que viria a ser conside-rado o museu moderno – diversas colecções são agru-padas e expostas ao público, fundando-se instituições que perduram até aos dias de hoje, como por exemplo a Galleria degli Uffizi, em Florença, cuja vasta colecção de obras de arte, pertencente aos Medici, foi transferi-da para o poder estatal após a morte do Gran Duque Gian Gastone (1671-1737), acontecimento que marca o início da musealização da galeria, abrindo as portas ao público desde 1789, até à actualidade.3

2

Françoise Choay. A Alegoria do património, p.87.

(53)

Fig.12 A destruição da Bastilha, estrutura medieval que simbolizava o antigo regime, marca o inicio da Revolução Francesa. A Tomada da

Bastilha, Jean-Pierre Hoüel, aguarela,1789

Já no contexto da Revolução Francesa, observa-se a destruição e saque de um grande espólio de monu-mentos históricos – a nova mentalidade e ideais difun-didos eram incompatíveis com os marcos históricos dos séculos anteriores, principalmente os medievais, que simbolizavam a ordem feudal e as classes domi-nantes do clero e nobreza, antagónicas aos princípios iluministas da revolução. 4

4

Beatriz Kühl, A restauração de monumentos históricos na França

após a Revolução Francesa e durante o século XIX: um período cruci-al para o amadurecimento teórico, p. 112.

(54)

Fig.13 Capitel da arcada inferior do Palácio Ducal, Veneza, John Ruskin,

The Seven Lamps of Architecture,

1849.

Estabelece-se então um novo paradigma para o pa-trimónio arquitectónico: visto que o espírito revolucio-nário ameaçava com a destruição de importantes obras de arquitectura em França, foram criados orga-nismos para combater os vandalismos, inventariar e preservar este legado, a que foi atribuído valor nacio-nal. Nesta fase, as chamadas idades “intermédias” co-meçam a ser reconhecidas e valorizadas: “o corpus teórico ou virtual dos monumentos históricos compre-ende desde aí, para além dos vestígios greco-romanos em solo francês, as antiguidades nacionais (celtas, ‘in-termédias’ e góticas) e (...) as obras de arquitectura clássica e neoclássica”;5 nestas idades intermédias a

que se refere a autora estariam os principais alvos das políticas destruidoras: catedrais românicas e góticas, pertencentes ao período da idade-média são agora, à luz das novas políticas conservacionistas, considera-das monumentos históricos.

Começam então a esboçar-se as primeiras políticas de conservação e restauro do património monumental, assim como diferentes perspectivas de como actuar nos monumentos: a escola romântica, representada por Ruskin, defende que o restauro de monumentos históricos retira-lhes a autenticidade e o simbolismo – é mais correcto deixa-los serenamente no seu estado de ruína. John Ruskin foi intransigente na sua aborda-gem e nas opiniões acerca do restauro em arquitectu-ra: no seu ensaio The Seven Lamps of Architecture, refere que tal como é impossível trazer um defunto à vida, é também impossível restaurar algo que foi ar-quitectonicamente belo no passado; se determinada ruína ou edifício históricos são restaurados, então aí, um novo espírito é conferido à construção, e assim

(55)

Diferentes abordagens ao restauro arqui-tectónico – o mesmo património restau-rado por diferentes arquitectos, em dife-rentes épocas.

Fig. 14. Vista do anel exterior do Coliseu de Roma. Íñigo García Odiaga, 2013, Fotografia.

Fig. 15. Restauro no anel exterior do Coliseu de Roma, de forma a consolidar problems estáticos, pelo arquitecto Raf-faele Stern, em 1806. Diego Sanna, 2017, Desenho técnico.

sendo, não é um restauro mas sim a produção de um

novo edifício, de uma nova época, diferente da inicial.6

No entanto, na visão de Viollet-le-Duc, arquitecto francês e teórico do restauro do património histórico, o restauro devidamente fundamentado resgata esses mesmos edifícios, devolvendo-lhes a integridade e consolidando-os. Eugène Viollet-le-Duc avançaria já no séc. XIX com uma definição de restauro arquitectónico, referindo que restaurar um edifício não é preservá-lo, nem reconstruí-lo, nem tampouco repará-lo; ao invés, é restablecê-lo numa condição de integridade que po-derá nunca ter existido em qualquer determinado momento.7

6

Tradução livre do autor de “(...) it is impossible, as impossible as to raise the death, to restore anything that has ever been great or beautiful in architecture. (...) Another spirit may be given by another time, and it is then a new building; (...) John Ruskin, The Seven

Lamps of Architecture, Volume I, 1849, p. 179.

7

Tradução livre do autor de “(...) To restore a building is no to pre-serve it, to repair, or rebuild it, it is to reinstate in a condiotion of completeness which could nerver have existed at any given time. (...)Viollet-le-Duc, On Restauration, 1875, p.8.

(56)

Fig. 16 Fechamento do anel exterior do Coliseu, reconstruindo-se os arcos em estilo idêntico, pelo arquitecto Giuseppe Valadier, em 1823. Diego Sanna, 2017, Desenho técnico.

Fig. 17. O anel exterior do Coliseu, actualmente. Agência de Turis-mo Italiana Oficial, 2018, Fotografia.

(57)

Fig. 18. O Fado é um exemplo de patrimó-nio intangível, que foi considerado Patrimó-nio Cultural e Imaterial da Humani-de pela UNESCO, em 2011. Autor Humani- desconhe-cido, [s.d.], Graffiti.

Outro acontecimento, que altera profundamente o conceito de património, e muda também a face do mundo ocidental à época, é a Revolução Industrial - segundo Choay,

“o monumento histórico adquire por isso uma nova determinação temporal. A distância que dele nos separa é, a partir de então, desdobrada. Ele está acantonado no passado de um passa-do. Um passado que já não pertence à continuidade do futuro e que mais ne-nhum presente ou futuro virão aumen-tar. (...) A partir dos anos vinte do séc. XIX, o monumento histórico é inscrito no signo do insubstituível: os danos que sofre são irreparáveis e a sua per-da irremediável”16.

Assiste-se assim à consagração do monumento his-tórico. Uma vez alcançado este estatuto, na viragem do séc. XIX para o séc. XX, com a ajuda de Camillo Boi-to e Alois Riegl, a disciplina do restauro arquitectónico é consolidada e reconhecida como campo de conheci-mento autónomo.

A era industrial vem assim alterar profundamente a noção de património – com a alteração dos tecidos ur-banos e aparecimento de cidades industriais, começa-se a olhar para as cidades antigas como objectos a conservar – o património não são apenas os edifícios históricos e as peças de arte, mas também conjuntos urbanos, não só as igrejas mas também as suas imedi-ações, não apenas os quarteirões mas também o

con-

(58)

Fig. 19. Veneza e a Lagguna foram consideradas em 1987 como Pa-trimónio Mundial da UNESCO. DailyOverview, 2018, Fotografia

junto de eixos que desenha determinada cidade histó-rica. De facto o arquitecto e engenheiro Gustavo Gio-vannoni foi o primeiro a falar em “património urba-no”.17

Nos dias de hoje, património é já um conceito vasto que engloba não só os exemplos anteriormente referi-dos mas também bens imateriais como estilos musi-cais, práticas, eventos, modos-de-fazer, etc.

(59)

2.2.

Património Arquitectónico na

Contem-poraneidade, a sua Mediatização e

conse-quente Valorização

O património, ainda que não estivesse consagrado como tal, sempre atraiu visitantes – no Quatroccento, os monumentos antigos constituíam fonte de saber e eram valorizados na medida em que verificavam a lite-ratura histórica: “eles testemunham a realidade de um passado acabado, são arrancados à tarefa familiar e banalizante do presente para irradiar a glória dos sé-culos que os edificaram.”1

A viagem ritual a Roma, feita desde cedo por artistas e arquitectos, que procuravam ‘beber’ das ruínas da antiguidade, pode ser vista como uma forma primordi-al de turismo, como afirma Choay, “A exploração turís-tica dos monumentos (...) é imaginada a partir do mo-delo que a Itália, única na Europa, realizou desde tem-pos recuados em favor de um conjunto de trunfos ex-cepcionais, de que Roma com as suas antiguidades, não é senão o mais prestigioso.”2 O Grand Tour, assim

chamado, consistia então na viajem, muito frequente-mente a Itália, com um itinerário pré-definido (em que Roma era uma das cidades a serem visitadas), e era efectuada pelas classes altas e aristocráticas das soci-edades europeias, cuja prática inicia-se no Seicento; os ingleses, franceses e germânicos eram os principais viajantes: um diário de John Evelyn (1620-1706), escri-tor inglês que realizou o Grand Tour, relata a sua pas-sagem apressada por Luca, Livorno, Pisa, Florença e Siena, chegando de seguida a Roma, onde permanence

1

Françoise Choay. A Alegoria do património, p.46.

(60)

Fig. 20. Ditlev Blunck, Pintores e Literados Dinamarqueses numa

taberna Romana. 1837, Óleo sobre tela.

por alguns meses, de onde parte a carroça para Nápo-les, da qual retorna a Roma para depois seguir para Bolonha, Ferrara, Veneza e por fim Pádua. Pelo cami-nho, descreve o património artístico eloquentemente, enaltecendo a arquitectura e as mais variadas obras de arte, sensibilizando-se particularmente pelas paisa-gens de Nápoles e da Ligúria, regiões onde o autor se fascina com os perfumes dispersos no ar.3

3

Tradução livre do autor de: “(...)Il viaggio di Evelyn iniziò dai Paesi Bassi. (…) s’imbarcò per Genova.(…) passò per Lucca, Livorno, Pisa, Firenze e Siena; le città della Toscana venivano visitate dagli inglesi con una certa fretta, (…), erano impazienti di arrivare a Roma. (…) poi proseguì in carrozza fino a Napoli. (…)e, passando per Livorno, Bologna e Ferrara raggiunge Venezia (…) Il patrimonio artistico viene valutato, con spirito fortemente pragmatico e moderno (…) il paesa-ggio naturale, anzi, gli aspetti paesaggistici e sensitivi assumono spesso un posto di primo piano, soprattutto nelle pagine dedicate alla Riviera Ligure, a Genova e a Napoli, nelle quali Evelyn parla af-fascinato non solo delle bellezze naturali, ma anche dei profumi sparsi nell’aria (…), Daniela Giosuè, Viaggiatori Inglesi in Italia Nel

(61)

Fig. 21. Siena constituía paragem frequente nas viagens do Grand

Tour. Piazza del Campo, vista da Torre del Mangia, Fotografia do

autor, 2015

Estas viagens, que constituiam a mais importante etapa na educação desses jovens, estudantes, intelec-tuais, etc, pertencentes às classes nobres da época, em que são exaltadas tanto as riquezas artísticas, co-mo também o património natural dos sítios, assumem-se claramente como percursoras do turismo moderno, em cujos relatos se pode verificar que Itália constituí-se já como um grande destino de aprendizagem, toda-via eram toda-viajens somente reservadas à alta sociedade, enquanto que as restantes classes cultural e economi-camente desfavorecidas permaneciam no obscuran-tismo.

A partir do séc. XVIII, o século das luzes, as mentali-dades europeias começam a alterar-se: o racionalismo e o desejo de tornar a cultura acessível à população, conjugados com o movimento Iluminista que ocorre em França, começam a delinear o caminho do patri-mónio até aos nosso dias.

(62)

Fig. 22. Os novos Patrimónios? Cartaz alusivo aos patrimónios industrial e téc-nico, Jornadas Europeias do Património, DGPC, 2015

Fig. 23. Preservação do arquivo digital? 2º Seminário de Preservação Comum de Património Digital, DGPC, 2016

Sendo assim, o património arquitectónico está hoje mergulhado na chamada “indústria cultural, segundo Choay, “(...) o grande projecto da democratização do

saber, herdado do Iluminismo, (...) o turismo cultural

dito de massas, estão na origem da expansão talvez mais significativa, (...) do público dos monumentos históricos.”1 No entanto, a globalização vem alterar de

forma marcante a forma como se olha para a herança patrimonial.

Os meios de comunicação vêm facilitar e democrati-zar o transporte de pessoas e informação a uma velo-cidade nunca antes vista, a identidade colectiva de de-terminado grupo é bombardeada com estímulos cultu-rais resultantes do processo da mundialização, a iden-tidade cultural de cada nação, antes estabilizadora, servindo de bússola, está hoje embrenhada em con-tradições, como afirma Stuart Hall,

“(...) as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identi-dades e fragmentando o indivíduo moder-no, até aqui visto como um sujeito unifica-do. A assim chamada ‘crise de identidade’ é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das so-ciedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. (...)”2

1

Françoise Choay. A Alegoria do património, p.225.

(63)

Fig. 24. Florença, e outras cidades da região Toscana, faziam parte dos roteiros do Grand Tour. Bernardo Bellotto, The Piazza della

Sig-noria in Florence, 1742, Óleo sobre tela.

Vive-se então uma era ecléctica, em que se olha para o passado como referência e como âncora, face às in-certezas e dúvidas do presente, como sugere Choay: “(...) o património histórico parece hoje em dia repre-sentar o papel de um vasto espelho no qual nós, membros das sociedades humanas dos finais do sécu-lo XX, contemplaríamos a nossa própria imagem.”3

Referências

Documentos relacionados

Com relação à germinação das sementes armazenadas em câmara fria, aos três meses de armazenamento (Tabela 10), observou-se em sementes tratadas ou não com fungicidas e

Os candidatos reclassificados deverão cumprir os mesmos procedimentos estabelecidos nos subitens 5.1.1, 5.1.1.1, e 5.1.2 deste Edital, no período de 15 e 16 de junho de 2021,

Desta maneira, observando a figura 2A e 2C para os genótipos 6 e 8, nota-se que os valores de captura da energia luminosa (TRo/RC) são maiores que o de absorção (ABS/RC) e

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O pressuposto teórico à desconstrução da paisagem, no caso da cidade de Altinópolis, define que os exemplares para essa análise, quer sejam eles materiais e/ou imateriais,

Diante das consequências provocadas pelas intempé- ries climáticas sobre a oferta de cana-de-açúcar para a indústria, a tendência natural é que a produção seja inferior