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18) A marca é composta por uma figura em forma cilíndrica,

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Cópia da sentença do Tribunal de Comércio de Lisboa proferida no processo de registo das marcas nacionais n.os 335 001, 335 002, 335 003, 335 004, 335 005, 335 006, 335 007, 335 008, 335 009 e 335 010. I - Relatório. - Unilever, N. V., sociedade de direito holandês com sede em 455, Weena, NL 3013 Al Rotterdam, Holanda, veio, ao abrigo do disposto nos artigos 38.° e seguintes do Código da Propriedade Industrial (CPI), inter-

por recurso dos despachos do Sr. Vogal do Instituto Na- cional da Propriedade Industrial (INPI) que concederam o re- gisto das marcas nacionais n.°S 335 001, 335 002. 335 003, 335 004, 335 005, 3350 06, 335 007, 335 008. 335 009 e 335 010 à sociedade norte-americana Colgate-Palmolive Company. Alega que as referidas marcas se destinam a assinalar dentifricos e representam uma porção de pasta dentifrica colorida, pelo que, sendo as marcas constituídas apenas pela indicação do produto a que se destinam, não deve- riam ter sido concedidas, por força do disposto no arti- go 166.° do CPI.

Juntou documentos de fl. 11 a fl. 71 e procuração fo- rense a fls. 72-74.

Cumprido o disposto no artigo 40.° do CPI, o Sr. Direc- tor de Marcas respondeu que entende deverem os despa- chos recorridos ser revogados por as marcas não cumpri- rem a função distintiva e indicadora da proveniência dos produtos que se destinam a assinalar.

Notificada a parte contrária, nos tennos do disposto no artigo 41.°, n.° 3, do CPI, respondeu arguindo a excepção da falta de interesse em agir e pugnando pela improcedên- cia do recurso, alegando que as suas marcas são varian- tes de outras já registadas desde 1994 e de registos comu- nitários de que é titular, que a própria recorrente obteve o registo da marca internacional n.° 723 381, que mais não é do que a representação de uma porção de pasta dentifrica, e que as marcas, dada a sua componente tridimensional e cromática, têm eficácia distintiva.

O Tribunal é o competente em razão da nacionalidade, da matéria e da hierarquia.

O processo é o próprio e não enferma de nulidades que o invalidem de todo.

As partes estão dotadas de personalidade e capacidade judiciárias e têm legitimidade ad causam.

A recorrida veio arguir a excepção inominada da falta de interesse em agir.

A falta de interesse em agir, como pressuposto proces- sual que é, é uma excepção dilatória inominada que leva à absolvição da instância e é de conhecimento oficioso (ar- tigos 493.°, n.°S 1 e 2, 494.°, n.° 1, e 495.° do Código de Processo Civil).

O interesse em agir pode ser definido como a necessi- dade de instaurar ou fazer prosseguir a acção, isto é, há interesse em agir quando o autor necessite da intervenção dos tribunais para fazer valer o seu direito.

Nas palavras de A. Varela, «[r]elativamente ao autor, tem-se entendido que a necessidade de recorrer às vias judiciais, como substractum do interesse processual, não tem de ser uma necessidade absoluta, a única ou a última via aberta para a realização da pretensão formulada. Mas também não bastará para o efeito a necessidade de satis- fazer um mero capricho (de vindicta sobre o réu) ou o puro interesse subjectivo (moral, cientifico ou académico) de obter um pronunciamento judicial. O interesse processual constitui um requisito a meio termo entre os dois tipos de situações. Exige-se, por força dele, uma necessidade justi- ficada, razoável, fundada, de lançar mão do processo ou de fazer prosseguir a acção - mas não mais do que isso.» (In Manual de Processo Civil, 2.ª ed., revista e actualiza- da, C. Editora, pp. 180-181.)

A recorrida alega a falta de interesse em agir da recor- rente por a recorrida ser titular de outras marcas que re- presentam uma porção de pasta dentifrica colorida e por a recorrente não ter impugnado tais registos, pelo que con-

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clui não ter interesse justificado em impugnar os recursos em causa nesta acção.

Ora, os factos alegados pela recorrida não conduzem à falta de interesse em agir enquanto pressuposto proces- sual. O facto de a recorrida ser ou não titular de outras marcas e de a recorrente ter ou não impugnado os respec- tivos registos é indiferente para esta sede. A recorrente pode ter considerado que as outras marcas tinham eficácia distintiva e estas não: pode vir a requerer a sua anulação, etc. O facto de a recorrida ser titular de outras marcas não faz que a recorrente não possa considerar que as marcas ora em apreço não deviam ter sido concedidas e, conse- quentemente, peça a revogação dos despachos pelos quais foram concedidas.

A partir do momento em que o desiderato pretendido pela recorrente só por via judicial pode ser conseguido, é manifesto o seu interesse em agir.

Face ao exposto, julgo improcedente a excepção da fal- ta de interesse em agir.

A recorrente no articulado inicial justifica a razão de ser do pedido de apreciação conjunto de vários despachos do INPI. A recorrida não contesta tal possibilidade.

Não tendo as partes levantado a questão da cumulação ilegal de pedidos, mas uma vez que ambas afloram a ques- tão, sempre se dirá que se entende ser a mesma admissí- vel.

De harmonia com o disposto no artigo 470.°, n.° 1, do Código do Processo Civil (CPC), «pode o autor deduzir cumulativamente contra o mesmo réu, num só processo, vários pedidos que sejam compatíveis, se não se verifica- rem as circunstâncias que impedem a coligação».

Uma vez que no presente caso não se verifica nenhum dos obstáculos à coligação enunciados no artigo 31.° do CPC, entende o Tribunal que a cumulação é possível. Mais entende o Tribunal não só que a cumulação é pos- sível como é desejável, já que possibilita a apreciação num único processo de decisões que estão obviamente interligadas e que dependem da apreciação dos mesmos factos.

No sentido de não haver qualquer impedimento a tal cumulação se pronunciaram os acórdãos da Relação de Lisboa de 20 de Março de 1997 e do Supremo Tribunal de Justiça, de 10 de Dezembro de 1997, in Boletim da Pro- priedade Industrial, n.° 1/1999, e de 13 de Abril de 2000, in Boletim da Propriedade Industrial, n.° 5/2001, para cuja fundamentação aqui se remete.

A cumulação de pedidos é, pois, admissível.

Inexistem quaisquer outras excepções ou questões pré- vias de que cumpra conhecer.

A questão que se coloca neste recurso é a de se saber se as marcas da recorrida têm eficácia distintiva ou se, pelo contrário, se limitam a representar o produto que preten- dem assinalar.

II - Fundamentação fáctico-jurídica e conclusiva. - Face à prova documental produzida (nos autos principais e nos processos apensos), encontra-se assente a seguinte factualidade:

1) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 001, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

2) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

3) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em três cores, sendo a superior vermelho-clara com pontos vermelho-escuros, a central branca e a inferior verde-clara com pontos verde-escuros;

4) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- pctências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 002, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

5) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

6) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em três cores, sendo a superior vermelho-clara com pontos vermelho-escuros, a central branca e a inferior azul-clara com pontos azul-escuros;

7) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 003, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

8) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

9) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior e a inferior vermelho-claras com pontos vermelho- -escuros e a central branca;

10) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 004, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

11) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentifricos»;

12) A marca é composta por uma figura em forma ci- lindrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior bran- ca com pontos vermelhos e a inferior vermelha: 13) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 005, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

14) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

15) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior vermelho-clara com pontos vermelhos e a inferior branca;

16) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 006, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

17) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

18) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior e

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inferior azul-clara com pontos azul-escuros e a central branca.

19) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 007, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

20) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

21) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior e inferior verde-clara com pontos verde-escuros e a central branca;

22) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 008, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

23) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentifricos»;

24) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior azul- -clara com pontos azul-escuros e a inferior branca; 25) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 009, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

26) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

27) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior bran- ca com pontos azuis e a inferior azul;

28) Por despacho de 5 de Dezembro de 2000, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de com- petências, concedeu à Colgate-Palmolive Company o registo da marca nacional n.° 335 010, figurati- va, pedido em 1 de Fevereiro de 1999;

29) Tal marca destina-se a assinalar produtos da clas- se 3.ª: «dentífricos»;

30) A marca é composta por uma figura em forma ci- líndrica, afunilada em curva na extremidade direi- ta, dividida em duas cores, sendo a superior verde-clara com pontos verde-escuros e a inferior branca;

31) E m todos os processos de pedido de registo re- feridos de 1 a 30, a ora recorrente apresentou re- clamação alegando apenas a existência de imita- ção, face às suas marcas n.os 663 533 a 542, 663 544 a 546 e 663 573;

32) A sociedade Colgate-Palmolive Company é titular do registo das seguintes marcas nacionais:

a) 297 726, figurativa, pedida em 27 de Janeiro de 1994, protegida em Portugal desde 11 de Abril de 1995.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «produtos para a lavagem e cuidados da boca (não incluídos noutras classes); produtos higiénicos (não incluídos noutras classes); cosméticos, geles, denti- fricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica branca, afunilada em curva na ex- tremidade direita e com a base plana, com listas em forma de estrela de cor verde: b) 297 727, figurativa, pedida em 27 de Janeiro

de 1994, protegida em Portugal desde 11 de Abril de 1995.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «produtos para a lavagem e cuidados da boca (não incluídos noutras classes); produtos higiénicos (não incluídos noutras classes); cosméticos, geles, dentí- fricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica verde, afunilada em curva na ex- tremidade direita e com a base plana, com listas em forma de estrela de cor branca; c) 297 728, figurativa, pedida em 27 de Janeiro

de 1994, protegida em Portugal desde 11 de Abril de 1995.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «produtos para a lavagem e cuidados da boca (não incluídos noutras classes); produtos higiénicos (não incluídos noutras classes); cosméticos, geles, dentí- fricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica, afunilada em curva na extremida- de direita e com a base plana, dividida em três cores, sendo a superior verde, a cen- tral branca e a inferior azul;

d) 297 729, figurativa, pedida em 27 de Janeiro de 1994, protegida em Portugal desde 11 de Abril de 1995.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «produtos para a lavagem e cuidados da boca (não incluídos noutras classes); produtos higiénicos (não incluídos noutras classes); cosméticos, geles, denti- fricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica, afunilada em curva na extremida- de direita e com a base plana, dividida em duas cores, sendo a superior verde e a in- ferior branca;

e) 316 093, figurativa, pedida em 19 de Março de 1996, protegida em Portugal desde 6 de Novembro de 1996.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª "produtos para a lavagem e cuidados da boca (não incluídos noutras classes); produtos higiénicos (não incluídos noutras classes); cosméticos, geles, dentí- fricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica branca, afunilada em curva na ex- tremidade direita e com a base plana, com listas em forma de estrela em prateado; f) 326 768, figurativa, pedida em 23 de Outu-

bro de 1997, protegida em Portugal desde 12 de Maio de 1998.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «dentífricos e produtos

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para a lavagem da boca não incluídos nou- tras classes».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica de cor azul clara, afunilada em curva na extremidade direita e com a base plana, com listas em forma de estrela de cor azul escura;

33) E das seguintes marcas comunitárias:

a) 1028737 (3D), pedida em 28 de Dezembro de 1998 e concedida em 14 de Abril de 2000. Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «dentífricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica de cor azul, afunilada em curva na extremidade direita e com a base plana, com estrelas desenhadas de cor branca; b) 1028836 (3D), pedida em 28 de Dezembro de

1998 e concedida em 18 de Maio de 2001. Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «dentífricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica de cor cinzento-prateada, afunila- da em curva na extremidade direita e com a base plana, com pontos desenhados de cor azul;

c) 1028802 (3D), pedida em 28 de Dezembro de 1998 e concedida em 27 de Fevereiro de 2001. Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «dentifricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica de cor vermelho-escura, afunilada em curva na extremidade direita e com a base plana, com pontos desenhados de cor vermelho-escura;

d) 1028778 (3D), pedida em 28 de Dezembro de 1998 e concedida em 18 de Maio de 2001. Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª «dentífricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica, afunilada em curva na extremida- de direita e com a base plana, dividida em duas cores, sendo a superior cor-de-rosa- -escura e a inferior cor-de-rosa-clara com pontos vermelhos;

e) 1028703 (3D), pedida em 28 de Dezembro de 1998 e concedida em 18 de Abril de 2000.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «dentífricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica, afunilada em curva na extremida- de direita e com a base plana, dividida em duas cores, sendo a superior preta e a infe- rior cinzento-clara com estrelas pretas, não tendo as cores sido reivindicadas:

f) 1029065 1029065 (3D), pedida em 28 de De- zembro de 1998 e concedida em 27 de Fe- vereiro de 2001.

Tal marca destina-se a assinalar produ- tos da classe 3.ª: «dentifricos».

Caracteriza-se pela figura de uma forma cilíndrica, afunilada em curva na extremida- de direita e com a base plana, dividida em

duas cores, sendo a superior branca e a inferior azul-clara com pontos azul-escuros; 34) Por despacho de 15 de Fevereiro de 2000, publi- cado no Bolelim da Propriedade Indistrial, n.° 2/ 2001, de 31 d e Maio, o Sr. Vogal do CA do INPI, por delegação de competências, concedeu protec- ção ao registo da marca internacional n.° 728381, tridimensional, pedido em 13 de Janeiro de 2000; 35) Tal marca destina-se a assinalar produtos das

seguintes classes:

3.ª: «Produits de toilette; cosmétiques; dentifri- ces; prduits pour les soins de la bouche non à usage médical; préparations pour polir les dents»;

5.ª: «Tablettes et préparations pour rendre vi- sible la plaque dentaire»;

21.ª: «Brosses à dents, cure-dents; porte- -brosses à dents et porte-cure-dents non en métaux précieux, peignes et éponges; bros- ses (à l' exception des pinceaux); fil dentai- re»;

36) A marca é tridimensional, composta por uma fi- gura em forma de gota alongada, com a base con- vexa, inclinada para a direita e com o bico para a esquerda, com listas amarelas, com vários tons e doirado.

A marca é um sinal distintivo dos produtos ou servi- ços comercializados por um empresário ou empresa e pro- postos ao consumidor destinada a identificar a prove- niência de um produto ou serviço - artigo 167.° do CPI (Código a que se referem todas as normas infracitadas sem outra indicação) -, que pode ser nominativa (contendo apenas elementos verbais escritos), figurativa (inclui ele- mentos de natureza desenhistica) ou mista (inclui elemen- tos verbais escritos e também elementos de natureza de- senhistica).

Nos termos do disposto no artigo 165.°, n.° 1, «[a] mar- ca pode ser constituída por um sinal ou conjunto de si- nais susceptíveis de representação gráfica, nomeadamente [...] desenhos [...] a forma do produto ou da respectiva embalagem, que sejam adequados a distinguir os produtos ou serviços de uma empresa dos de outras empresas».

A composição das marcas é, em princípio, livre, embora haja restrições estabelecidas por lei e impostas pelos prin- cipios da eficácia distintiva, da verdade, da novidade, da independência e da licitude que regem a composição das marcas e que estão consagradas nos artigos 188.° e 189.° Para o presente caso, a que interessa, face à decisão recorrida, é a limitação, enunciada na alínea b) do n.° 1 do artigo 188.°, que dispõe ser de recusar o registo da marca quando esta for constituída exclusivamente por sinais ou indicações referidos no n.° 1 do artigo 166.°, referindo-se este a:

a) Sinais constituídos exclusivamente pela forma im- posta pela própria natureza do produto, pela for- ma do produto necessária à obtenção de um re- sultado técnico ou pela forma que confira um valor substancial ao produto;

b) Sinais constituidos exclusivamente por indicações que possam servir no comércio para designar a

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espécie, a qualidade, a quantidade, o destino, o valor ou outras características dos mesmos; c) Sinais ou indicações que se tenham tornado

usuais na linguagem corrente ou nos hábitos le- ais e constantes do comércio;

d) Cores, salvo se forem combinadas entre si ou com gráficos, dizeres ou outros elementos por forma peculiar e distintiva.

Esta limitação, consagrada no artigo 166.°, n.° 1, alí- neas c) e d), do CPI, está, aliás, expressamente consagrada quer no artigo 6.°-quinquies, alínea B), 2.°, da Convenção da União de Paris de 20 de Março de 1883, quer no arti- go 7.°, n.° 1, alíneas c) e d), do Regulamento da Marca Co- munitária (CE 40/94, de 20 Dezembro de 1993), consagran- do ainda a alínea e) deste artigo 7.° a limitação enunciada na alínea a) do n.° 1 do artigo 166.°

Das alegações da recorrente resulta que a mesma en- tende que as marcas em apreciação violam as alíneas b), c) e d) do n.° 1 do artigo 166.°: constituem indicação exclu- siva do produto a que se destinam, são usuais e as cores não lhe dão eficácia distintiva. É, pois, com este enqua- dramento que se tem de analisar as marcas recorridas.

O artigo 166.°, n.° 1, alínea b), refere-se aos apelidados sinais descritivos. Nas palavras de Paul Mathély, o sinal descritivo é «aquele que indica ou evoca o objecto em causa na sua natureza, nas suas propriedades ou nas suas qualidades» (citado por Américo da Silva Carvalho, in Marca Comunitária - Os Motivos Absolutos e Relativos de Recusa, Coimbra Editora, p. 42). Tem-se aqui em vista evitar a criação de um monopólio violador das regras da livre concorrência e que se verificaria se se permitisse que uma só pessoa, singular ou colectiva, pudesse apropriar- -se com exclusividade de um tal sinal. Note-se, porém, que a proibição só existe se a marca for constituida exclusiva- mente pelo sinal descritivo. Já se for composta por outros elementos, o sinal é admissivel, embora o seu titular não fique com o seu uso exclusivo (artigo 166.°, n.° 2).

O artigo 166.°, n.° 1, alínea c), refere-se aos chamados sinais usuais. A razão de ser da existência desta limitação prende-se com o uso por parte do público consumidor do sinal, pretendendo-se evitar o monopólio de sinais «cuja livre disponibilidade é necessária para que os empresários actuem livremente no mercado» (Américo Silva Carvalho, op. cit., p. 61). Couto Gonçalves classifica os sinais usu- ais em três categorias: os indicadores dos produtos ou serviços; os descritivos de um género de produtos ou serviços; os esvaziados de conteúdo diferenciador e des- critivo pelo uso generalizado em relação a qualquer tipo de produto ou serviço e que, por isso, servem apenas para promover ou publicitar produtos ou serviços (in Função Distintiva da Marca, Almedina, 1999, p. 82).

O artigo 166.°, n.° 1, alínea d), centra-se nas cores. A propósito das cores como integrantes de uma marca, Cou- to Gonçalves refere que a cor pode surgir em quatro situa- ções diferentes: «[c]omo a cor de que se reveste o produ- to ou a embalagem, apresentada, isoladamente, como tal: como uma composição distintiva de cores do produto ou embalagem; como uma disposição de cores aplicada no produto ou embalagem; como a cor da marca, ou seja, como a cor em que esta é reproduzida. [...] Obviamente que a cor também pode fazer parte, acessoriamente, de uma mar- ca verbal, gráfica ou mista, conforme a quarta situação descrita atrás. Só que, neste caso, como dissemos, não se

trata de uma marca de cor mas da cor de uma marca. O que pode acontecer é o titular da marca reivindicar a cor em que se encontra reproduzida a marca. Nesta hipótese sem a cor passa a ser um elemento característico da mar- ca, mas não concorre, autonomamente, para a função dis- tintiva.» (Op. cit., p. 84.)

Com este enquadramento legal, teremos então de anali- sar as marcas recorridas. Não há dúvida que todas as marcas aqui em causa são imediatamente associadas ao produto que pretendem assinalar: dentifricos. Mas daqui não resulta que a marca é descritiva ou genérica. Nas pa- lavras de Couto Gonçalves, «[é] útil, sob o ponto de vista comercial, que a marca possa, por si mesma, sugerir ou deixar adivinhar o objecto assinalado.» (Op. cit., p. 81.) A questão passa, sempre, pela análise do caso concreto e pela necessária ponderação entre os interesses do empre- sário que pretende registar a marca e dos interesses do mercado em geral e da protecção do principio da igualda- de dos concorrentes, já que não se pode conceder injusti- ficadamente o monopólio a um só empresário. Tal sucede- ria, por exemplo, se se permitisse o registo de uma marca composta unicamente pela figura de um carro para assina- lar carros.

As marcas em apreço, tridimensionais, sendo indiscuti- velmente sinais que o consumidor associa ao produto que assinalam, não são meras reproduções do produto. A for- ma como aparecem desenhadas não pode ser considerada nem a forma do produto nem a forma como este é neces- sária e obrigatoriamente desenhado. No caso, a figura que constitui a marca tem um estilo próprio (forma cilíndrica, afunilada em curva na extremidade), sendo certo que os dentifricos podem ser desenhados de muitas outras formas: mais ovais, mais cilíndricas; com maior ou menor inclina- ção, em forma de gota, etc. Aliás, sintomático é o facto de quer recorrente quer recorrida serem titulares de outras marcas tridimensionais para assinalar dentífricos que tam- bém são compostas por desenhos que evocam o produto que se destinam a assinalar: dentífricos.

Acresce que no caso foram reivindicadas cores, sendo certo que nenhuma das marcas tem uma só cor. Todas fazem jogo de combinação de cores, e. a maior parte tem ainda outros elementos desenhísticos (pontos coloridos), o que contribui para a mais fácil determinação da especifi- cidade de cada marca. Estamos naquela situação em que não se trata de uma marca de cor mas sim da cor de uma marca.

A conjugação da forma em si mesma e do jogo de co- res utilizado faz que as marcas não sejam efectivamente descritivas. «Uma marca pode ser distintiva se não for exclusivamente descritiva, isto é, se for composta por ele- mentos descritivos e não descritivos e a combinação ofe- recer um conjunto distintivo e, ainda, se não for directa- mente descritiva, isto é, se se limitar a sugerir ou evocar, por forma inabitual e invulgar, uma característica do pro- duto ou serviço, designando-se, nesta última hipótese, marca expressiva ou significativa. As marcas expressivas - que tanto podem sugerir o nome do produto ou servi- ço, como as respectivas características- são marcas per- feitamente válidas, embora o regime de protecção seja mais ténue, especialmente no tocante ao juízo de confundibili- dade.» (Op. cit., p. 80.)

No caso, as marcas da recorrida evocam o produto que se destinam a assinalar de uma forma original, de um modo que as torna diferente de outras já existentes, quer pela

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forma como são desenhadas quer pela combinação das cores e, em parte delas, pelos pontos coloridos. Significa isto que a concessão das marcas recorridas não constitui qualquer entrave às regras da livre concorrência, uma vez que a recorrida não fica com o monopólio da representa- ção dos dentifricos. O exclusivo da recorrida restringe-se à combinação das cores reivindicadas, ou seja, o que fica na titularidade exclusiva do recorrido é a combinação das cores de cada marca.

Significa isto que as marcas da recorrida não são gené- ricas nem usuais. São marcas que têm a capacidade de distinguir os produtos que pretendem assinalar, bem como a sua proveniência, ou seja, são marcas com eficácia dis- tintiva. Não há, pois, qualquer fundamento para a recusa do registo, designadamente o enunciado no artigo 188.°, n.° 1, alínea b), por referência ao artigo 166.°, n.° 1.

Por último, importa referir que não deixa de se estranhar que a ora recorrente seja ela própria titular de uma marca que será, nas suas palavras, a representação de uma por- ção de pasta dentifrica colorida - marca n.° 728 38 1 (mar- ca essa que foi concedida por despacho impugnado pela ora recorrida e mantido por sentença proferida no proces- so n.° 209/2001 deste juízo, como é do meu conhecimento dadas as funções que desempenho) e venha agora argu- mentar que a sua própria marca não tem eficácia distintiva sem sequer ter alegado no seu articulado o facto de ser titular da referida marca.

Face a todo o exposto, por não ocorrer no caso o fun- damento de recusa a que alude o artigo 188.°, n.° 1, alínea b), a concessão do registo das marcas recorridas afigura- -se correcta.

III - Decisão. - Tudo visto, negando-se provimento ao recurso, mantém-se o despacho do Sr. Vogal do CA do INPI que, em delegação de competências, concedeu o re- gisto às marcas internacionais, figurativas, n.os 335 001, 335 002, 335 003, 335 004, 335 005, 335 006, 335 007, 335 008, 335 009 e 335 010, concedendo-se assim protecção jurídica nacional às referidas marcas nos precisos termos deferidos pelo INPI.

Nos termos do artigo 6.°, n.° 1, alíneas a) e q), do Códi- go das Custas Judiciais, fixo ao recurso o valor tributário de 80 UC.

Custas pela recorrente, com taxa de justiça reduzida a metade [artigo 446.°, n.° 1. in fine, do Código de Processo Civil e 14°, alínea j), do Código das Custas Judiciais].

Registe e notifique.

Após trânsito em julgado da sentença e com cópia da mesma, devolva o processo apenso ao INPI (artigo 44.° do Código da Propriedade Industrial).

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