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Academic year: 2021

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TÍTULO: A PESCA ESPORTIVA NA PLATAFORMA DE MONGAGUÁ - SP

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO

CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

ÁREA:

SUBÁREA: ECOLOGIA

SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): UÉLCIO JACKSON MAGALHÃES ALVES JUNIOR

AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): MILENA RAMIRES, WALTER BARRELLA

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RESUMO

A pesca esportiva é a atividade praticada por lazer. Pode trazer benefícios sociais, econômicos e ecológicos. Comparada às outras modalidades de pesca, ela causa impactos benignos, porém existem poucos dados acerca da atividade, dificultando mensurar os benefícios e impactos decorrentes da atividade. Através da Etnoecologia, disciplina que estuda o conhecimento das populações humanas sobre o ambiente, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a pesca esportiva na plataforma de Mongaguá – SP. Os dados foram obtidos através de entrevistas com pescadores esportivos que frequentavam a área estudada. Os pescadores entrevistados possuíam idade média de 51 anos, eram predominantemente do sexo masculino, se deslocam de diversos municípios para prática da atividade, principalmente de São Paulo – SP. A maioria dos pescadores ficam hospedados em casas próprias no litoral e pescam na companhia de seus familiares. Quanto à dinâmica de pesca, utilizam predominantemente vara e molinete como técnica e camarões frescos como isca. A etnoespécie mais capturada é o bagre e a etnoespécie mais visada é peixe espada.

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INTRODUÇÃO

A pesca esportiva pode ser definida como pesca por lazer sem finalidade comercial. É uma arte milenar, tendo a sua história tão antiga quanto à civilização humana. Conforme registros históricos a pesca por lazer é praticada há mais de 3.200 anos atrás, por nobres egípcios. Além de proporcionar lazer a atividade também gera benefícios econômicos, sociais e ambientais (PITCHER, 1999).

Dentre os benefícios econômicos, estima-se que nos Estados Unidos a pesca esportiva movimenta cerca de 116 bilhões de dólares. A atividade gera um dos grandes segmentos turísticos o turismo de pesca, promovendo a oferta de equipamentos, produtos e serviços (BRASIL, 2008).

Como benefícios sociais a atividade contribui para a prática de exercício, relaxamento mental, entendimento do ambiente explorado, além da obtenção de alimentos ricos em proteínas (PITCHER, 1999).

O conhecimento dos pescadores esportivos pode trazer benefícios ecológicos, contribuindo para o aumento do conhecimento científico em relação à variabilidade e complexidade dos ecossistemas explorados, auxiliando no entendimento de fatores como sazonalidade, influência lunar, relações presa predador e outros fatores diversos (PITCHER, 1999).

Além dos benefícios citados, a pesca esportiva pode também causar impactos ao ambiente explorado. Segundo Kearney (1999), a atividade causa impactos benignos comparados à pesca comercial. Na pesca comercial existe uma taxa elevada de sobrepesca nas populações de peixes, além de abater outras espécies marinhas, enquanto que na pesca esportiva a captura é direcionada para espécie alvo. Entretanto, apesar da captura ser menor na pesca esportiva, existe um esforço maior direcionado a uma única espécie, o que pode ser prejudicial ao organismo alvo, principalmente se não obedecidas às normas de captura quanto a tamanho mínimo e época de maturação (COOKE et al., 2004, 2006; FREIRE, 2010).

A falta de informação sobre a pesca esportiva dificulta mensurar os aspectos econômicos, sociais e biológicos desta atividade. No Brasil, Freire (2005) demonstrou um panorama histórico da pesca esportiva, caracterizou o perfil dos pescadores esportivos do nordeste e estimou que a captura no nordeste brasileiro, estava em torno de 1.147 toneladas em 2001, o que representava apenas 0,8% da captura da pesca comercial. No nordeste brasileiro existem muitos clubes de pesca. Os pescadores esportivos que estão associados a estes clubes podem conter

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informações importantes como espécies capturadas, número de exemplares obtidos, peso e tamanho de espécies, por exemplo.

Em Mongaguá, cidade do litoral sul de São Paulo, a pesca esportiva é uma grande atividade de lazer, praticada há décadas por turistas e moradores, principalmente na Plataforma de Pesca Amadora de Mongaguá, criada em 1979. O objetivo da construção da plataforma era descentralizar o comércio, que na época era muito desenvolvido no centro da cidade em comparação aos outros bairros. Com a construção da plataforma, os turistas foram atraídos para o bairro de Agenor de Campos, onde está localizada. A Plataforma de pesca de Mongaguá é uma das maiores estruturas de concreto armado da América Latina, sendo a grande atração turística. (MOREIRA, 2011).

Existe uma grande necessidade de se obter dados precisos e detalhados sobre a pesca esportiva na região. Assim seria possível implantar uma gestão adaptativa, utilizando informações recolhidas de pescadores esportivos, unindo aos dados científicos (PITCHER, 1999).

Para elaboração de quaisquer produtos ou empreendimentos para o turismo de pesca é essencial conhecer as características do pescador esportivo, desta forma é possível criar mecanismos para um planejamento estratégico voltado às necessidades de quem pratica a atividade (BRASIL, 2008). Conhecer o perfil do pescador esportivo é importante também para auxiliar a preservar o ambiente explorado. Pescadores esportivos conscientizados podem representar uma das maiores forças para a conservação da biodiversidade aquática (KEARNEY, 1999).

OBJETIVO GERAL

Este estudo tem como objetivo, caracterizar a pesca esportiva na plataforma de pesca de Mongaguá - SP.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar o perfil socioeconômico dos pescadores esportivos que frequentam a Plataforma de Pesca Amadora de Mongaguá.

- Verificar quais são as etnoespécies mais procuradas pelos pescadores esportivos e quais são as mais capturadas.

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METODOLOGIA

Como área de estudo foi demarcada a região da plataforma de pesca, na praia de Agenor de Campos, da cidade de Mongaguá – SP.

A plataforma de pesca de Mongaguá, localizada na latitude de 24º13’ sul, longitude de 46º 69’ leste, é uma das maiores estruturas de concreto sobre o mar da América Latina. Em formato de “T”, possui 400 m para dentro do mar e dois braços laterais com 86 m cada (MOREIRA, 2011), atraindo moradores e turistas interessados na prática da pesca esportiva (figura 1).

Figura 1: Praia de Agenor de Campos - Plataforma de pesca de Mongaguá. Fonte: Google Earth.

O presente trabalho faz parte do projeto “A Pesca Esportiva na Baixada Santista, SP”, coordenado pelos professores Walter Barrella e Milena Ramires e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, em 30 de outubro de 2012 (CAAE: 07528712.8.0000.5513).

Seguindo a metodologia proposta no referido projeto, os dados foram coletados através de entrevistas realizadas com o auxilio de questionários semi-estruturados. Nestes, constam tanto questões abertas como fechadas, permitindo a coleta de informações de diversas naturezas.

DESENVOLVIMENTO

Os pescadores foram selecionados aleatoriamente, sempre informados sobre objetivo da entrevista. As perguntas visavam conhecer o perfil dos pescadores esportivos em relação à idade, gênero, escolaridade, profissão, cidade de origem e se o entrevistado tinha propriedade na cidade de Mongaguá.

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Além de informações sobre o perfil, o questionário também tinha perguntas para adquirir informações sobre a prática da pesca esportiva, com questões sobre a frequência de pesca, quanto tempo o entrevistado pratica a pesca, qual o tempo médio de cada pescaria, quantidade média de peixes capturados por pescaria, se pescam sozinhos ou acompanhados, onde ficam hospedados e se possui alguma licença para a prática da pesca amadora.

Os entrevistados também foram perguntados sobre quais espécies são mais procuradas, nome e quantidade de peixes capturados na ocasião da entrevista. Forneceram também informações sobre equipamentos, técnicas e iscas utilizadas.

RESULTADOS

1. Perfil dos pescadores

Foram entrevistados 81 pescadores no total. Destes 91% eram do sexo masculino e 9% do sexo feminino. Os pescadores apresentam idade média de 51 (±15) anos. A maioria dos pescadores residem no município de São Paulo - SP (46,9%), conforme demonstrado na tabela 1.

Tabela 1: Localidade dos pescadores esportivos que frequentam a Plataforma de Pesca Amadora de Mongaguá – SP

Localidade dos Informantes (%) São Paulo/SP 46,9 Mongaguá/SP 23,6 Praia Grande/SP 6,2 Itanhaém/SP 3,7 Guarujá/SP 2,5 Guarulhos/SP 2,5 Osasco/SP 2,5 Santo André/SP 2,5 Caeiras/SP 1,2 Cubatão/SP 1,2 Itapevi/SP 1,2 Marília/SP 1,2 Ribeirão Preto/SP 1,2 Rio Claro/SP 1,2

São Bernardo do Campo/SP 1,2 São Carlos/SP 1,2

Dentre os 62 pescadores que não residem no município, 23,7% possuem propriedade em Mongaguá, 28,8% possuem propriedade em municípios vizinhos e 47,5% não possuem propriedade no município ou em cidades vizinhas.

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Excluindo-se os moradores, 45,2% dos entrevistados se hospedam em casa própria em Mongaguá ou municípios vizinhos, conforme demonstrado em figura 2.

Figura 2: Tipo de hospedagem dos pescadores oriundos de outros municípios que frequentam a Plataforma de Pesca de Mongaguá – SP (n=53).

Nota:

(1) Casa própria em Mongaguá ou municípios vizinhos.

Quanto à escolaridade, 16% possuem o ensino fundamental, 21% o ensino médio e 12% possuem ensino superior. Dos entrevistados, 73% são economicamente ativos e 27% são aposentados.

2. Prática da pesca esportiva

Dos pescadores entrevistados 67,9% não possuem licença de pesca, 28,4% possuem a licença de pescador desportivo, 1,2% possuem licença de pescador profissional e 2,5% possuem licença de piloto de barco.

Os entrevistados praticam a pesca por lazer há 26,9 (±14,1) anos em média. A maioria (45,7%) pesca pelo menos uma vez por semana conforme figura 3.

O tempo médio por pescaria é de 8,6 horas, capturam em torno de 8 (±12) peixes por pescaria. A maioria dos pescadores acompanhados de familiares, conforme demonstrado em figura 4.

Os pescadores esportivos da plataforma de Mongaguá - SP utilizam apenas dois tipos de técnica para captura de peixes: vara com molinete e linhada. A técnica mais utilizada é a vara com o molinete. Alguns pescadores utilizam ambas as técnicas, conforme demonstrado em tabela 2.

0 10 20 30 40 50 casa própria¹ casa de familiares

vai e volta casa alugada colonia de férias outros En tre vi st a d o s n ã o re si d en te s em M o n g a g u á ( % ) Tipo de hospedagem

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As iscas mais utilizadas são: os camarões frescos, sardinha e lula conforme demonstrado em figura 4.

Figura 3: Frequência da prática de pesca esportiva dos entrevistados na plataforma de pesca de Mongaguá – SP (n=81).

Figura 4: Taxa de entrevistados que pescam sozinhos ou acompanhados na Plataforma de Pesca Amadora de Mongaguá – SP (n=81).

Tabela 2: Técnicas utilizadas pelos pescadores esportivos entrevistados na Plataforma de Pesca Amadora de Mongaguá-SP (n=81).

Técnicas utilizadas (%)

Vara com molinete 82,7

Linhada 2,5

Vara com molinete e linhada 14,8 0 10 20 30 40 50 En tre vi st a d o s ( % ) Frequencia de pesca 0 10 20 30 40 50 Amigos Amigos e familiares Familiares Sozinhos En tre vi st a d o s ( % ) Acompanhates na pesca

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Figura 4: Principais iscas utilizadas pelos pescadores esportivos de Mongaguá. Dados apresentados em porcentagens de citações (n=202).

3. Captura de Peixes

A etnoespécie que sofre maior captura é o Bagre, seguido do Pampo e do Roncador, conforme demonstrado em tabela 3. De acordo com os pescadores entrevistados as etnoespécies mais procuradas são: a Espada seguida do Bagre e Robalo conforme dados dispostos na tabela 4.

Tabela 3: Lista das etnoespécies capturadas. Dados em porcentagem por captura (n=207). Etnoespécies capturadas (%) Bagre 59,4 Pampo 8,7 Roncador 8,7 Betara 8,7 Paru 3,4 Espada 2,9 Prejereba 1,4 Robalo 1,4 Baiacu 1,0 Maria Bonita 1,0 Pescada 1,0 Canguá 0,5 Parati barbada 0,5 Paulistinha 0,5 Peixe galo 0,5 Sargentinho 0,5 0 5 10 15 20 25 30 35 C it a çõ es ( % ) Iscas utilizadas

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Tabela 4: Ranking das etnoespécies mais procuradas. Dados dispostos em ranking por citação (n=145). Ranking etnoespécies mais procuradas (%) Espada 24,8 Bagre 15,2 Robalo 12,4 Corvina 9,7 Pescada 7,6 Betara 4,8 Roncador 4,1 Sassarí 4,1 Cação 2,8 Prejereba 2,8 Tainha 2,8 Baiacu 1,4 Bicuda 1,4 Pampo 1,4 Pescada branca 1,4 Outras 3,5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo demonstrou o perfil socioeconômico dos pescadores que frequentam a Plataforma de Pesca Amadora de Mongaguá-SP bem como a dinâmica de pesca local. Foi possível obter algumas informações pioneiras sobre a pesca esportiva na plataforma de Mongaguá, podendo servir de subsídio para futuros estudos e desenvolvimento da atividade na região.

FONTES CONSULTADAS

BRASIL. Ministério do Turismo. TURISMO DE PESCA: Orientações Básicas. Brasília, DF, 2008.

BASAGLIA, T.P.; VIEIRA, J.P.. A pesca amadora recreativa de caniço na praia do casino, RS: necessidade de informações ecológicas aliada à espécie alvo. Brazilian Journal of Aquatic Science and Tecnology. Itajaí, SC, v.9, n.1, p. 25-29, 2005 COOKE, S.J.; COWX IG. 2004. The role of recreational fishing in global fish crises. BioScience. 54(9): 857-859.

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COOKE, S.J.; COWX IG. 2006. Contrasting recreational and commercial fishing: Searching for common issues to promote unified conservation of fisheries resources and aquatic environments. Biological Conservation N128 (2006):93-108.

FREIRE, KMF. 2005. Recreational fisheries of northeastern Brazil: inferences from data provided by anglers. Fisheries assessment and management in data-limited situations. Proceedings of the 21st Wakefield Fisheries Symposium, October 22-25, 2003, Anchorage, Alaska, USA: 377-394.

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KEARNEY, B. Evaluating the Benefits of Recreational Fisheries: Managing Perceptions and/ or Reality. Fisheries Centre Research Reports. Vancouver, Canadá, 1999, vol.7, n.2, p. 9-14, jun. 1999.

MOREIRA, Renata de Oliveira. Avaliação dos Benefícios Gerados com a Recuperação da Plataforma de Pesca, Lazer e Turismo de Mongaguá-SP ao Desenvolvimento Turístico da Cidade. Universidade Estadual Paulista, 2010. PITCHER, Tony J. Evaluating the Benefits of Recreational Fisheries: Fishing for Fun, Food and Profit. Fisheries Centre Research Reports. Vancouver, Canadá, 1999, vol.7, n.2, p. 5-8, jun. 1999.

RANGEL, M.O.; ERZINI K. An assessment of catches and harvest of recreational shore angling in the North of Portugal. Fisheries Management and Ecology. Fisheries Management and Ecology, p.344-352, 2007.

SANT’ANNA, Daniel Vogt. A Pesca Amadora em Plataformas de Pesca do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011. VEIGA, P. at al. Quantifying recreational shore angling catch and harvest in southern Portugal (north-east Atlantic Ocean): implications for conservation and integrated fisheries management. Journal of Fish Biology, v.76, p.2216-2237, 2010.

Referências

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