UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
DHE - DEPARTAMENTO HUMANIDADES E EDUCAÇÃO
JOCELIA DUTRA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA DEPENDENTES QUÍMICOS EM PROCESSO DE DESINTOXICAÇÃO: DADOS DA UNIDADE DE SAÚDE MENTAL
DO MUNICÍPIO DE CRISSIUMAL/RS Santa Rosa (RS), 2015
JOCELIA DUTRA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA DEPENDENTES QUÍMICOS EM PROCESSO DE DESINTOXICAÇÃO: DADOS DA UNIDADE DE SAÚDE MENTAL
DO MUNICÍPIO DE CRISSIUMAL/RS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharel em Educação Física, do Departamento de Humanidades e Educação (DHE), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física.
Orientadora: Profa. Me. Moane Marchesan Krug
Santa Rosa (RS), 2015
JOCELIA DUTRA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA DEPENDENTES QUÍMICOS EM PROCESSO DE DESINTOXICAÇÃO: DADOS DA UNIDADE DE SAÚDE MENTAL
DO MUNICÍPIO DE CRISSIUMAL/RS
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Bacharel em Educação Física apresentado para a obtenção do título de
Bacharel em Educação Física COMISSÃO EXAMINADORA: _________________________________________ Profa. Me. Moane Marchesan Krug (Orientadora)
Unijuí
_________________________________________ Prof. Dr. Leomar Tesche
Unijuí
AGRADECIMENTOS
A Deus, minha fonte inspiradora que durante esta jornada deu-me saúde para superar as dificuldades, iluminando meu caminho como um ser soberano e essencial em minha vida, autor do meu destino meu guia maior, que nas horas mais difíceis ao dobrar meus joelhos em oração mostrou-me o melhor caminho para que eu chegasse ao final desta conquista.
Agradeço a minha família, destacando aqui minha mãe (in memória) pelos ensinamentos que me trouxe quando ainda criança até o início da minha adolescência, fazendo com que estes ensinamentos repercutissem nas minhas escolhas futuras, ao meu pai que mesmo com seu jeito simples, transmitiu muito carinho me inspirando força de vontade para enfrentar as dificuldades. Aos meus amados irmãos, Emerson e Cleberson, incentivadores dos meus sonhos.
Agradeço ao meu marido Alexandre, que chegou em minha vida em um momento muito especial, porem no momento essencial quando mais precisei de forças para não desistir, incentivando-me em todas os meus sonhos, sendo compreensivo em minhas limitações, dando-me os melhores conselhos em momentos difíceis em que o desânimo e a angustia tentavam me vencer, obrigada meu amor.
A Universidade Unijuí, seu corpo docente, direção administração que oportunizaram um futuro profissional que hoje vislumbro pela janela de meus sonhos. Aos professores, pelos ensinamentos proporcionados ao longo destes anos. A minha orientadora, Moane Marchesan Krug pelo suporte durante o desenvolvimento deste trabalho, sua ajuda foi fundamental tirando minhas dúvidas sempre que precisei, pelos ensinamentos e incentivos.
A direção e demais funcionários do Hospital de Caridade de Crissiumal pelo espaço e oportunidade para a realização desta pesquisa de campo, importantíssima para a conclusão de meu trabalho. Agradecimento especial a Géssica Queiroz minha amiga querida, que por inúmeras vezes ajudou-me, não medindo esforços em me auxiliar com minhas dúvidas. Agradeço por este momento tão especial de minha vida e a todos que direta ou indiretamente fizeram parte de minha formação. Somente Deus sabe o quanto lutei para chegar até aqui e é a ele em especial que ofereço está minha conquista. Para finalizar cito um versículo que marca este momento.
“Tudo tem o seu tempo determinado para acontecer, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, tempo de morrer, tempo de plantar, e tempo de colher o que se plantou” (Eclesiastes ver.3: cap.1 e 2).
RESUMO
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA DEPENDENTES QUÍMICOS EM PROCESSO DE DESINTOXICAÇÃO: DADOS DA UNIDADE DE SAÚDE MENTAL
DO MUNICÍPIO DE CRISSIUMAL/RS
Autora: Jocélia Dutra Pereira
Orientadora: Prof.ª M. Sc. Moane Marchesan Krug
O projeto trata-se de uma pesquisa qualitativa, um estudo de caso sobre as atividades físicas para dependentes químicos de álcool e outras drogas em processo de desintoxicação na unidade de saúde mental do município de Crissiumal/RS. O programa oferece um serviço multidisciplinar, com profissionais de várias áreas da saúde, inclusive o profissional de educação física. Os sujeitos do estudo foram quatro indivíduos dependentes químicos de álcool e outras drogas, na faixa etária entre 20 a 45 anos de idade. Foram realizadas e observadas aulas de Atividades Física e após aplicada uma entrevista semiestruturada com os usuários do programa. A metodologia utilizada para as entrevistas foram duas perguntas norteadoras, que são, o que você acha das práticas de Atividades Físicas durante o período de sua internação, e relate como você se sente após as Atividades Físicas realizadas. Após os dados coletados para a pesquisa foram feitas as análises e interpretações dos resultados obtidos. Os resultados do estudo apontaram que Atividade Física contribui significativamente no tratamento para desintoxicação de álcool e outras drogas, melhorando em vários aspectos de vida dos dependentes químicos. Com isso, conclui-se que a atividade física contribui para uma recuperação saudável e a possível cura da dependência.
ABSTRACT
IMPORTANCE OF PHYSICAL ACTIVITY FOR DEPENDENT CHEMICAL PROCESS IN DETOX: DATA OF MENTAL HEALTH UNIT CRISSIUMAL COUNTY / RS
Author: Jocélia Dutra Pereira
Advisor: Prof.ª M. Sc. Moane Marchesan Krug
This project it is a qualitative research, a case study on physical activity for addicts of alcohol and other drugs in detoxification process in the mental health unit in the municipality of Crissiumal / RS. The program offers a multidisciplinary service with professionals from different areas of health, including physical education professional. The study subjects were four chemical individuals dependent on alcohol and other drugs, aged between 20-45 years old. They were held and observed classes of Physical Activities and after applying a semi-structured interviews with users of the program. The methodology used for the interviews were two guiding questions , which are , what do you think of Physical Activities practices during the period of his hospitalization , and report how you feel after the Physical Activities performed. Results of the study showed that physical activity contributes significantly in the treatment for detoxification of alcohol and other drugs, improving various aspects of life of drug addicts. Therefore, it is concluded that physical activity contributes to a healthy recovery and possible cure dependency.
LISTAS DE SIGLAS
UNIJUÍ – Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. AF - Atividade Física
Afs - Atividades Físicas. DQ - Dependente Químico SUS - Sistema Único de Saúde
CAPS - Centro de Atenção Psicosocial HCC - Hospital de Caridade de Crissiumal USM - Unidade de Saúde Mental
OMS - Organização Mundial da Saúde ASM - Atividade Sensório-motora
NASF- Núcleo de Apoio á Saúde da familia PTS - Plano Terâpeutico Singular
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE 1 ...46 APÊNDICE 2 ...47
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...10
1.2 Tema ...11
1.3 Problema a ser abordado...11
1.4 Objetivos...11
1.4.1 Objetivo geral...11
1.4.2 Objetivos específicos...11
1.5. Justificativa...11
2.REFERENCIAL TEÓRICO...12
2.1 Principais substâncias químicas e suas consequências...12
2.2 Prática de Atividade Física no processo de desintoxicação...20
2.3 Atividade Física Recomendadas no Tratamento com Dependentes Quimicos...23
2.4 Instituições voltadas ao tratamento da Dependencia Química do município de Crissiumal...25
2.4.1 O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)...25
2.4.2 A Unidade de Saúde Mental (USM) do Hospital de Caridade de Crissiumal...26 3. METODOLOGIA...27 3.1 Tipo de Estudo...27 3.2 Sujeitos do Estudo...28 3.3 Coleta de Dados...28 3.4 Instrumentos...29
3.5 Programa de Atividade Física...30
3.6 Aspectos éticos da Pesquisa...30
3.7 Análises e Interpretações dos Resultados...30
3.8 Resultados da pesquisa...32
4 ANÁLISE E DISSCUSSÃO DOS RESULTADOS...32
4.1 Característica dos sujeitos entrevistados...32
4.2 Os principais benefícios das Atividades Físicas para Dependentes Químicos no Processo de desintoxicação...33
4.3 Papel do profissional de Educação Física no Desenvolvimento do
Programa...35
4.4 A percepção dos Dependentes Químicos após as práticas de Atividades Físicas...36
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...42
REFERÊNCIAS...43
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem por finalidade principal analisar as Atividades Físicas (AFs), como uma alternativa de mudança de vida para indivíduos em processo de desintoxicação e reabilitação de álcool e outras drogas, com o objetivo de contribuir no programa de reabilitação para Dependentes Químicos (DQ). Como base para a pesquisa foram elencados estudos neste mesmo sentido e em seguida buscou-se entidades do município que ofereciam programas neste sentido, ou seja, programas para recuperação de saúde mental. Para tanto a “Unidade de Saúde Mental”, do município Crissiumal/RS, localizada no hospital de caridade do mesmo, foi utilizada como base para a pesquisa de campo.
O processo desta pesquisa também visa identificar os principais benefícios que a Atividade Física (AF) pode proporcionar aos indivíduos, e quais atividades mais adequadas para este público em especial. Como também entender o envolvimento do profissional de Educação Física inserido na equipe multidisciplinar, que tem como proposta um programa de reabilitação, visualizando quais contribuições desse programa para os indivíduos lá inseridos e como as práticas de AF podem contribuir na recuperação do DQ.
No âmbito geral as contribuições desta pesquisa estão relacionadas ao entendimento sobre a importância das AFs no processo de desintoxicação química. Sendo assim estas práticas têm como proposta, atividades prazerosas e ao mesmo tempo benéficas para a saúde destes indivíduos, com o objetivo de reinseri-los novamente em uma sociedade.
Embora não exista um método, ou seja, uma “forma milagrosa” de cura da dependência, os hábitos saudáveis em conjunto com a mudança dos próprios indivíduos poderão contribuir para a recuperação dos mesmos, lembrando, que cada usuário apresenta suas particularidades e sua individualidade biológica, que devem ser apreciadas por toda equipe que estará envolvida neste processo.
Para efeito da referida investigação, busca-se entender qual a importância da prática de AF para DQ inseridos no processo de desintoxicação, de acordo com a percepção dos sujeitos, apontando assim os principais efeitos e benefícios, num contexto geral, entre o antes e o depois das práticas corporais, contribuindo para a melhora destes sujeitos que padecem com a doença mental, mais especificamente da dependência de álcool e outras drogas.
1.2 TEMA
Atividade Física para Dependentes Químicos.
1.3 PROBLEMA A SER ABORDADO
Qual a importância do programa da Atividade Física para indivíduos Dependentes Químicos, em processo de desintoxicação na Unidade de Saúde Mental do município de Crissiumal/RS?
1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Objetivo geral
Analisar a importância da prática de Atividade Física no processo de tratamento de Dependentes Químicos inseridos no programa de desintoxicação e reabilitação de álcool e outras drogas, na Unidade de Saúde Mental do município de Crissiumal/RS.
1.4.2 Objetivos específicos
- Relatar os principais benefícios das Atividades Físicas para Dependentes Químicos que estão em processo de desintoxicação.
- Identificar as características dos Dependentes Químicos sujeitos do estudo. - Destacar o papel do profissional de Educação Física no desenvolvimento do programa.
- Identificar a percepção dos Dependentes Químicos sobre os benefícios das Atividades Físicas do programa.
1.5 JUSTIFICATIVA
Atualmente percebemos que a AF, está sendo reconhecida como forma de prevenção de problemas de saúde, quando se trata de prevenir problemas da saúde, para tanto os profissionais de Educação Física devem apoderar-se deste reconhecimento. Temos conhecimento que o atuar deste profissional vem ganhando espaço em varias áreas da saúde um bom exemplo disso são os Núcleos de Apoio à
Saúde da Família (NASF) em que o profissional de Educação Física está presente nas equipes multidisciplinares, como uma das atuações mais essenciais para promover saúde.
Diante deste contexto evidencia-se o objeto de trabalho do profissional de Educação Física que é de proporcionar hábitos saudáveis aos sujeitos, hábitos estes que podem auxiliar na prevenção de doenças, também como uma forma de manter pessoas ativas e saudáveis. A AF é indicada para problemas psicológicos, sedentarismo, prevenção de doenças cardiovasculares, problemas com álcool e outras drogas, entre outros vários problemas que a inatividade pode causar. Portanto os benefícios que as práticas saudáveis proporcionam aos que assim desejem obter melhores condições de vida são os mais diversos.
Nesse sentido o presente estudo busca fazer uma investigação sobre a AF para DQ. Como também o atuar do profissional de Educação Física inserido nesse contexto, para identificar na percepção destes indivíduos, os principais benefícios que as AF proporcionam no processo de desintoxicação como também as atividades mais adequadas para este público.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Principais substâncias químicas e suas consequências
Quando o assunto é “saúde” os debates são os mais diversos, os
questionamentos são preocupantes perante as muitas epidemias e doenças que atingem a saúde em geral, sendo física ou mental das pessoas, podemos aqui destacar algumas principais causas da atualidade, que vão desde alimentação inadequada, inatividade, descontroles no uso de álcool e outras drogas, estresse, depressão, entre outras. Os principais descontroles parecem ser os acima apontados, no entanto são diversos outros problemas que afetam a saúde da população. No trabalho aqui exposto vamos destacar a dependência de álcool e outras drogas, como um destes problemas de saúde.
O uso abusivo de substâncias químicas como álcool e outras drogas, tornou-se um grave problema de saúde pública. O uso crônico destas substâncias pode causar dependência, problemas graves à saúde do indivíduo e em todas as dimensões da sua vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2001) reconhece a dependência
química como doença tratável, debilitando o físico, espiritual e emocional, onde o indivíduo perde o controle de sua vida tornando-se assim dependente de alguma substância psicoativa. Problema este que afeta pessoas das mais variadas classes sociais e de diferentes idades.
A DQ é uma doença mental, pois trata-se de um descontrole psicológico, em que o sujeito perde o controle do uso, tornando-se totalmente vulnerável a dependência. Quase todas as dependências partem de um descontrole emocional, e a pessoa busca nas substâncias psicoativas, a “solução” para seus problemas. Geralmente à dependência provoca mudanças negativas no cotidiano de vida dos indivíduos, identificados a partir dos problemas emocionais, familiares, profissionais, na qual o uso de entorpecentes é visto como “algum escape” para seus problemas, e começa a deteriorar, aprofundando-se cada vez mais, entrando em crises comportamentais necessitando de auxilio especializado e tratamento adequado, para recuperação e reinserção social (ROEDER, 2003).
O álcool, embora não considerado uma droga ilegal, é uma droga tão ou mais prejudicial quanto qualquer outra e tem efeitos devastadores na vida das pessoas que se tornam dependentes. Embora o alcoolista, demore reconhecer que esta viciada, chegando muitas vezes aos extremos da desestruturação de vida. O álcool por ser uma droga considerada “licita” é livremente consumida em praticamente todas as comemorações familiares, de festas em geral, e até mesmo em rituais religiosos.
Parece ser normal consumir álcool e sentir-se desinibido e eufórico.
O uso do álcool na cultura dos tempos modernos tende a estar associado ao prazer, à virilidade e ao sucesso. A primeira experiência com esta substância costuma ocorrer na adolescência e seu consumo tende a aumentar entre os 18 e 25 anos. A procura pelo tratamento ocorre, geralmente, a partir dos 30 anos (ROEDER, 2003, p. 241).
O consumo de drogas ilícitas aumentou consideravelmente nos últimos anos, principalmente considerando o uso da cocaína, principal matéria-prima para a confecção do crack dois fatores importantes levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a concluir que houve esse crescimento no consumo de drogas: “o aumento em três vezes da quantidade de cocaína apreendida pela polícia entre 2004 e 2010 e a preocupação do governo brasileiro com a problemática da
dependência de drogas”1
. Cada droga apresenta efeito diferentes no organismo de seus usuários.
As drogas psicolépticas ou depressoras podem ser chamadas de sedativas, pois deprimem o sistema nervoso central e ativam o circuito da recompensa, esse grupo é composto pelo álcool, pelos hipnóticos, pelos ansiolíticos, pelos analgésicos, pelos narcóticos e pelos solventes; Já drogas psicoanalépticas ou estimulantes tem efeito contrário ao das drogas depressoras pois estas aumentam a atividade do sistema nervoso central; fazem parte desse grupo a cocaína, o crack, as anfetaminas, a nicotina e o ecstasy; e por último o grupo das drogas psicodislépticas ou perturbadoras naturais que abrange, a maconha, os cogumelos, mescalina; e as perturbadoras sintéticas que são compostas pelo LSD e anticolinérgicos (CEBRID, 2006 apud FERREIRA, 2012, p.02).
Define-se como “drogas”, aquelas substâncias que produzem mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional das pessoas. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as características emocionais e físicas da pessoa que as usa, da droga escolhida, da quantidade, frequência, expectativas e circunstâncias em que é consumida (MIALICK; FRACASSO; SAHD, 2006).
De acordo com a Organização Mundial da saúde (2001), o termo “droga” conceitua-se como substância que age nos mecanismos de gratificação do cérebro, provocando efeitos estimulantes, euforizantes ou tranquilizantes. Também caracterizado pelo uso descontrolado de uma ou mais substâncias psicoativas com repercussões negativas em uma ou mais áreas da vida do indivíduo.
Para contextualizar de como as drogas agem no organismo de um sujeito, a seguir serão elencadas as substâncias psicoativas mais conhecidas, ou seja, as mais comercializadas e usadas, de como estas drogas agem e os efeitos no organismo de seus usuários e de como o uso crônico pode prejudicar em vários aspectos na vida daquelas pessoas que se tornam viciadas, causando muitas vezes além do vicio outros problemas ainda maiores para a sua saúde. As principais
1
Calcula-se que cerca de 230 milhões de pessoas - 5% da população mundial - tenha usado uma droga ilícita pelo menos uma vez durante o ano de 2010. A estimativa é que uma em cada 200 pessoas seja considerada dependente química (em torno de 27 milhões). O documento releva ainda que a cocaína e outras drogas, como heroína, matam 200 mil pessoas por ano em todo o mundo (MARANHÃO, 2012).
drogas de acordo com “Ação Policial alerta: seja CRACK na vida e não na morte” (2015) são:
- Álcool: é a droga mais conhecida e aceita socialmente, seus efeitos no organismo são estimulantes, desinibição, euforia, falsa segurança, dependendo do organismo a agressividade é bastante comum, pois o usuário sente-se mais corajoso. Quando consumido em grande quantidade pode provocar acidez no estômago, vômito, diarreia, baixa da temperatura corporal, sede, dor de cabeça, desidratação, falta de coordenação, lentidão nos reflexos, vertigens, dupla visão e perca de equilíbrio. Quando produzido de forma crônica pode provocar efeitos a longo prazo em diferentes órgãos vitais.
- Tabaco: é uma substância estimulante. Pode ser encontrada em forma de charuto, cigarro etc. podendo ser fumado ou mastigado. Tem uma ação estimulante, o consumo pode provocar hipotonia muscular, diminuição dos reflexos, aumento do ritmo cardíaco, da frequência respiratória e da tensão arterial, irritação das vias respiratórias etc. Em fumantes crônicos podem surgir úlceras digestivas, faringite e laringite, afonia e alteração no olfato, pigmentação na língua e nos dentes, disfunção das papilas gustativas, problemas cardíacos, má circulação e câncer do pulmão, de estômago e da cavidade oral.
- Maconha: A Cannabis, a mais popular das drogas ilegais, pode ser conhecida como diferentes nomes na rua como “baseado”, “erva” entre outros. Seus efeitos são, ansiedade, ataques de pânico, aos quais podem se acrescentar sintomas de depressão. Em termos físicos pode ter como consequência o aumento da pressão arterial sistólica quando se está deitado e diminuição quando se está de pé. Doses elevadas podem provocar ansiedade, alucinações, ilusões e sensações de paranoia, resultando em sintomas de uma psicose tóxica. O consumo crônico pode alterar na personalidade, que podem ser apatia, deterioração dos hábitos pessoais, isolamento, passividade e tendência para a distração. O uso excessivo pode colocar o indivíduo em risco de desenvolver bronquite e asma.
- Cocaína: esta substância possui propriedade estimulantes e é comercializada na forma de um pó branco cristalino, inodoro, de sabor amargo e insolúvel na água, assumindo os nomes de rua de “coca”, “branquinha” etc. A cocaína tem uma ação intensa, mas breve em trono de 30 minutos, sendo que seus efeitos são semelhantes aos das anfetaminas. Pode provocar aceleração do ritmo cardíaco, aumento da tensão arterial, da temperatura corporal e do suor, tremores ou
convulsões. Os consumidores de cocaína podem sofrer, a longo prazo, de irritabilidade, crises de ansiedade e pânico, apatia sexual ou impotência, transtornos alimentares (bulimia e anorexia nervosa), diminuição da memória, da capacidade ou da concentração. Os problemas crônicos que esta droga pode causar overdoses, ataques cardíacos ou paradas respiratórias.
- Crack, Merla e Oxi: conhecidas também como “pedras” estas três drogas estimulantes quimicamente iguais. Ambas são derivadas da coca, no entanto seu processo de preparação são diferentes. Os efeitos destas drogas são idênticos aos da cocaína, contudo como atingem o cérebro em poucos segundos, são mais rápidos e intensos. Apresentam uma duração de cerca de 5 a 10 minutos. O indivíduo pode começar sentindo euforia, sensações de bem-estar intensa e excitação sexual. Contudo os efeitos positivos poderão ser rapidamente substituídos por ardor nos olhos, secura na boca, palpitações, contrações musculares, dilatação das pupilas, dor de cabeça, depressão forte, irritabilidade, angústia, insônia e diminuição do apetite. Os riscos do consumo crônicos podem causar emagrecimento, hipertensão, arritmias cardíacas, indiferença sexual ou acessos crônicos de tosse. Em termos psicológicos, pode provocar a desestruturação da identidade da pessoa. A pessoa tende a ficar agressiva, problemas de autocritica e moral, dificuldades em estabelecer relações afetivas, comportamento excessivamente anti-social, podendo facilmente ir para o mundo da marginalidade e prostituição. Passam por períodos em que parecem desligar-se do mundo.
- Ecstasy: conhecida por aumentar a produção e diminuição da reabsorção da serotonina no cérebro. Quando usada a longo prazo provoca cansaço, esgotamento, sonolência, deterioração da personalidade, depressão, ansiedade, ataques de pânico, má disposição, letargia, psicose, dificuldade de concentração, irritação ou insônia.
- Cogumelos: conhecidos por seus efeitos alucinógenos parecem estar associados às condições psicológicas e emocionais do consumidor.
- Inalantes: são substâncias introduzidas através da aspiração pelo nariz ou boca. Estas substâncias são facilmente absorvidas pelo organismo. São consideradas drogas alucinógenas e depressoras. A depressão respiratória, arritmias cardíacas, asfixia, aspiração do vômito poderão provocar a morte.
- Anfetaminas: são substâncias de origem sintética e com efeitos estimulantes provocando hiperatividade aumentando a atenção e a concentração (daí o seu uso
por estudantes). Poderá notar-se letargia, fadiga, apatia, sonolência, insônia ou hipersônia, depressão, dores musculares. A irritabilidade, alterações do sono e ideias suicidas, podem persistir durante meses.
- Morfina: substância em forma de pó, liquido, barra ou comprimido, podendo ser consumida via oral ou injetada, seus efeitos podem provocar alivio de dor e da ansiedade, aumentado a euforia, e sensação de bem-estar, seus efeitos contrários são sonolência, depressão, impotência, overdose, náuseas, vômitos, amenorreia ou morte.
- Heroína: é comercializada em forma de pó costuma ser misturada com outras drogas como cocaína. Seus efeitos duram entre 4 a 6 horas, inicialmente o usuário sente náuseas e vômitos que são depois substituídas por sensações de bem-estar, excitação, euforia e prazer. Por efeitos negativos traz como consequências como perda de peso, afecções gastrointestinais ou patologias ginecológicas (amenorreia, problemas de ovulação). Com a progressão do quadro de abstinência surgem náuseas, vômitos, diarreia, ejaculação espontânea, dores fortes e febre.
- Benzodiazepinas: são substâncias psicofármacos com efeitos depressores. Produzidos quimicamente e podem assumir a forma de comprimidos. Seus efeitos provocam um estado de relaxamento muscular, sonolência, alivio de tensão e ansiedade, cansaço. Doses elevadas podem provocar náuseas, aturdimento, confusão, diminuição da coordenação psicomotora, sono, sedação, perdas de memória, lentidão do pensamento ou instabilidade emocional, pode ser usada com tratamento médico porem se usada excessivamente pode causar convulsões, despersonalização, diminuição do limiar de percepção dos estímulos sensoriais, psicose etc.
Como podemos perceber cada droga causa efeitos diferentes no organismo dos indivíduos usuários, trazendo sensações momentâneas de prazer, porém seus efeitos a longo prazo trazem danos muitas vezes irreversíveis para seus dependentes. Parafraseando Roeeder (2003), embora a grande maioria só admita sua dependência num estado já bem avançado da doença, o abuso no consumo dessas substâncias provoca diversas alterações no metabolismo humano, comprometendo significativamente a qualidade de vida desses indivíduos, como por exemplo: redução do desempenho no trabalho, intoxicação durante o trabalho, faltas injustificadas, redução no rendimento de estudos, crises nervosas e violentas,
práticas de pequenos delitos, depressões, enfim, são diversos os problemas causados pela dependência de algum tipo de entorpecente.
A dependência causa grandes problemas para o usuário e para as pessoas do seu convívio, representam vários problemas para o indivíduo bem como nas relações sociais deste, que na maioria das vezes encontra-se “insatisfeito com sua vida, mas também para a sociedade em geral, pois esta doença exerce um impacto subestimado sobre os custos econômicos sociais, além, de intervir e desestruturar a vida de todos que estão a sua volta”. Também podemos considerar que as substâncias psicoativas são aquelas capazes de provocar modificações no estado psicológico e comportamental do usuário (ROEDER, 2003, p.236).
O uso abusivo das substâncias psicoativas representa um dilema social e de saúde pública de tamanha dimensão que ameaça desestruturar a sociedade, pois cada dependente representa um alto preço no cuidado com a saúde, reabilitação e serviços sociais, sem mencionar a perda do potencial humano. Por isso, tem sido uma crescente preocupação na sociedade moderna, apresentando-se como um fenômeno sociocultural de importantes implicações em diversas esferas da vida de indivíduos e coletividades (MARANHÃO,2012).
A DQ debilita a parte física, espiritual e emocional do indivíduo, afetando significativamente as suas relações sociais e com a própria família que está em contato com o usuário diariamente, sendo que terão de conviver e aprender a lidar com o indivíduo na sua reabilitação, uma vez que sem a ajuda, principalmente da família, esta recuperação pode ser ainda mais dolorosa. Roeder (2003, p.236) comenta que:
O prazer inicial proporcionado pelo uso de álcool ou de outras drogas acaba transformando-se em dor emocional. Existe a perda de controle, pois a quantidade de bebida ou droga aumenta gradativamente até que o indivíduo não consiga mais controlar seu uso (tolerância). Surgem transtornos nas áreas física, emocional, social, intelectual, profissional e escolar do indivíduo. Aparecem sentimentos como culpa, vergonha, arrependimento e, com o passar do tempo, o prazer é cada vez menor e o sofrimento é cada vez maior.
Embora não exista um protocolo médico universal para o tratamento da DQ, uma vez que cada usuário apresenta as suas peculiaridades a serem apreciadas e valoradas por um profissional da área médica, a dependência possui tratamento, embora duradouro e muitas vezes doloroso para o usuário, exigindo-se um conjunto de mudanças terapêuticas que possibilite uma maior qualidade de vida e aderência ao processo de recuperação, evitando-se, com isso, recaídas que ocorrem com frequência neste processo.
A recuperação é árdua e muitas vezes longa, parafraseando Flavio Pechansky, expresso no informativo “Ação Policial alerta: seja CRACK na vida e não na morte” (2015), o tratamento de um dependente químico passa por quatro etapas principais, sendo que a primeira, é o período de internação que costuma ser turbulenta, e de constantes abstinências, precisando de intervenções de tranquilizantes, e muito apoio psicológico. O risco de recaída é grande, e por isso o comprometimento do paciente é fundamental. Na segunda etapa com duração (de seis a oito meses) o dependente por vezes torna-se depressivo e ansioso. A capacidade de tolerar frustrações é pequena. Além dos medicamentos, o suporte de grupos de apoio e familiar é essencial. Na terceira etapa, o paciente já está melhor estruturado, já trabalha e retoma relações afetivas, volta a adquirir confiança da família, e já mostra mais motivação para seguir com o tratamento. Na quarta etapa, a restruturação aparenta efeitos positivos, pois o próprio dependente segue em tratamento, conseguindo visualizar melhoras, frequenta reuniões de apoio, e tem o cuidado para não repetir velhas condutas. Lembrando que, uma vez dependente o tratamento deve ser continuo.
Uma das mudanças de fundamental importância é a inserção de novos hábitos saudáveis, tais como alimentação saudável, repouso e a inserção de (AFs) regulares no cotidiano do indivíduo que se encontra em processo de tratamento. Tendo em vista que a recuperação da DQ exige não só a abstinência, mas também um esforço psicológico do indivíduo, todas relacionadas ao modo de pensar, agir e no próprio estilo de vida do mesmo as práticas de AF favorecem mudanças biológicas, afetivas, psicológicas, cognitivas e comportamentais na vida do indivíduo, contribuindo significativamente no processo de recuperação.
A participação efetiva do usuário em grupos de apoio é de fundamental importância, também contribuindo significativamente na evolução terapêutica. As AFs regulares em grupo podem reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, promover socialização e aumentar a percepção de bem-estar. Como também ajudar nas condições crônicas melhorando sua condição física, mobilidade e reduzir o grau de dependência, como destaca (NAHAS,2010).
2.2 Prática de Atividade Física no processo de desintoxicação
Antes mesmo de abordarmos a importância das AFs vale destacar a diferença entre “Atividade Física e Exercício Físico”2
.
Adentrando no tema central do presente projeto qual seja a importância das AFs, pode-se observar que para uma melhora significativa exige-se um trabalho de uma equipe multidisciplinar, que pode ser formada por profissionais de diversas áreas como: Médicos, Psicólogos, Enfermeiros, Assistente Social, Fisioterapeuta, Profissional de Educação Física, entre outros. O trabalho em equipe destes profissionais faz com que um conjunto de fatores benéficos acarretem importantes mudanças e o início de um processo longo, mas importante para a recuperação de indivíduos acometido pela dependência de álcool e outras drogas.
A intenção do trabalho do Profissional de Educação Física não é de cura neste processo, mas sim, apresenta-los a um cenário de alternativas positivas, acreditando que as práticas de AF elevam a autoestima o que por consequência uma vida com mais qualidade, restabelecendo o corpo e a mente. As atividades corporais devem proporcionar distração, melhoras na saúde física e mental, fazer com que o praticante tenha a compreensão da prática em que está inserido. No momento em que o usuário tiver esta percepção, as chances de mudanças serão maiores em relação aos que praticam somente pela prática (ROEDER, 2003).
Visualizando as possíveis mudanças identificadas acima, certamente o desejo de manter práticas saudáveis será maior e, por consequência, haverá uma maior adesão ao tratamento proposto, na medida em que os indivíduos se envolvem nas atividades, ao mesmo tempo em que entenderão sua importância, acreditando em uma eventual e possível mudança na sua vida. Nesse sentido, as possíveis mudanças identificadas por estes indivíduos acabam por ajudá-los nas demais áreas de suas vidas. Vale ressaltar que:
2 Define-se atividade física como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética, portanto voluntária, que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso. (segundo, Caspersen e colegas num trabalho publicado em 1985). Este comportamento inclui as atividades ocupacionais, como as realizadas diariamente, vestir-se, banhar-se, comer, deslocar-se (transporte), e as atividades de lazer, incluindo exercícios físicos, esportes, dança, artes marciais etc. Assim, atividade física e exercícios físicos, embora relacionados, não devem ser entendidas como sinônimos, definindo-se exercício como uma das formas de atividade física planejada, estruturada, repetitiva, que objetiva o desenvolvimento ou manutenção da aptidão física, de habilidades motoras ou a reabilitação orgânico-funcional. Os exercícios físicos incluem, geralmente, atividades de níveis moderados ou intensos, tanto de natureza dinâmica como estática (NAHAS, 2010, p. 46).
Uma recuperação saudável requer um balanço razoável nas diferentes áreas da vida: saúde física, psicológica, social e espiritual. Todas alvo do processo terapêutico. Com relação ao fator biológico deve-se levar em conta a melhora do estado clínico de saúde; o senso de responsabilidade pelo bem-estar físico e a promoção de atividades ligadas à preservação da saúde física. Nos aspectos afetivo/psicológico deve-se objetivar a consciência e sensibilidade às conseqüências negativas da volta ao uso da droga; maior capacidade de tolerância à frustração; maior controle da irritabilidade; e maior capacidade de lidar com a ansiedade, a depressão e sentimentos de vergonha e culpa. Na área comportamental é fundamental a mudança de hábitos; a promoção de atividades de lazer alternativas; e a retomada dos relacionamentos com familiares, amigos e colegas de trabalho (ROEDER, 2003, p. 251).
A inserção das AFs faz com que os indivíduos, conscientizados, insiram no seu dia-dia momentos de lazer que são de fundamental relevância na reabilitação e na sua qualidade de vida. Essa melhora na qualidade de vida está ligada com a sensação de prazer proporcionada pelas atividades. Conforme Pimentel (apud ANTUNES, 2012, p. 30) os usuários relatam que a AF, causam sensação de euforia, “liberação de endorfinas”, proporcionando bem-estar e saciedade. Em um estudo semelhante, uma entrevista realizada com 14 mulheres dependentes químicas em processo de tratamento, foram desenvolvidas aulas com diversas práticas corporais duas vezes na semana. E os principais relatos deste trabalho demonstraram uma melhora na relação entre as participantes, como também na qualidade do sono, estresse e na autoimagem”.
A AF pode agir diretamente no sistema nervoso destes indivíduos que se encontram em um estado de estresse bem elevado, pois a falta dos entorpecentes, provocam sentimentos como revolta e insatisfação, até porque não sabem lidar com a falta que tais drogas fazem em seu organismo,
[...] ajuda na regulação das substâncias relacionadas ao sistema nervoso, melhorando o fluxo de sangue para o cérebro, ajuda na capacidade de lidar com problemas e com o estresse. Auxiliando também na manutenção da abstinência de drogas e na recuperação da autoestima. Há redução da ansiedade, ajudando no tratamento da depressão (MIALICK; FRACASSO; SAHD, 2006, p. 06).
Considerando as dificuldades do tratamento e principalmente da necessidade de reinserção do usuário ao convívio social, mantendo-o distante das recaídas, faz-se necessário que o Profissional de Educação Física elabore atividades saudáveis e ao mesmo tempo lúdicas, distrativas, que possam proporcionar melhoras na saúde em seus vários aspectos, contribuindo com a recuperação. Estas atividades
permitem que os mesmos se envolvam com o tratamento através destas práticas, esquecendo o estresse do cotidiano e dos problemas que a própria dependência traz (ANTUNES, 2012).
As práticas regulares de AF influenciam diretamente no metabolismo do ser humano. Atuando no sistema cardiorrespiratório, musculoesquelético, nervoso, endócrino, aumentando os níveis de substâncias responsáveis por alterar o humor do ser humano, as chamadas endorfinas3. Assim, as prática da atividades físicas regulares podem ser vista, também, como um “analgésico natural” para a recuperação destes individuos, que sofrem com a irritabilidade e demais problemas da dependencia, Ferreira (2012, p.05), aponta que:
A Atividade Física pode auxiliar de forma contundente no tratamento para a dependência química, pois sem as subtâncias psicoativas no organismo, o dependente precisa suprir a falta desta, e nada melhor do que a prática da AF que é uma ação que gera sesação de prazer, bem estar físico e mental, possibilitando ainda ao individuo reiniciar um ciclo de amizades saudáveis, tendo sempre em mente a manutenção de sua sobriedade. O sucesso desta mudança poderá ser observado no decorrer do tempo à medida que a pessoa estruturar um novo estilo de vida, integrando a mudança em nível de missão e valores.
Aqueles individuos que desempenham atividades saudáveis regulares durante e após o tratamento possuem maior sucesso no processo de reabilitação, evitando-se as preocupantes e perigosas recaídas. Considerando que ao inserir práticas corporais e novos hábitos os indívidos expressam sentimentos, valores, crenças, tudo isso acaba por influenciar ainda mais o modo de agir e perceber as relações sociais. Na maioria das vezes as práticas das AF demonstram ser eficientes na melhora de doenças, em especial no assunto em questão, mas devem ser ensinadas ou apresentadas de forma específica para cada problema de saúde apresentado.
2.3 Atividades Físicas Recomendadas no Tratamento com Dependentes Químicos
O trabalho realizado pelo Profissional de Educação Física deve atender as peculiaridades e particularidades do indivíduo, pois o organismo encontra-se
3
As endorfinas são os hormonios que liberam energia. Quando estas são liberadas de uma forma saudável, através dos exercicios, isso cria uma sensação natural que pode não só reduzir a dor causada por deixar a droga, mas também aumenta o humor no funcionamento do cérebro (BARBANTI, 2012, p.4).
debilitado em razão dos efeitos das drogas. Assim, é necessário que o profissional tenha contato direto com o médico responsável do programa, a fim de conhecer as condições de saúde do indivíduo, elaborando um adequado programa físico, que atenda as especificações médicas. As atividades recomendadas para este público devem ser:
[...] atividades aeróbicas de intensidade moderada, de baixo impacto, atividades de resistência muscular localizada com emprego de peso, caminhadas, atividades recreativas em grupo e jogos psicomotores são recomendados. As atividades de alongamento podem fazer parte de todas as atividades propostas. Estas são fundamentais para mobilizar a articulação considerada em toda sua amplitude, permitem a utilização de todo o arco articular e alongam a musculatura edemaciada por água e catabólitos de contração ou enrijecida pelo repouso. Permitem uma melhor realização das habilidades, prevenindo contra a laceração das fibras musculares e dos tecidos conjuntivos debilitados pela inatividade (e/ou pelo uso de substância psicoativa) e, consequentemente, contra a hipertonia e a dor muscular. Agem, também, contra o surgimento de tensão muscular na região lombar, nos ombros e pescoços. Da mesma forma, atividades de relaxamento são de suma importância na administração e no combate ao estresse, aliviando os sintomas do processo de abstinência. Os exercícios respiratórios empregados nas diversas técnicas de relaxamento são indicados no processo de recuperação dos tabagistas (ROEDER, 2003, p. 254).
O Profissional de Educação Física poderá se valer de uma série de práticas que devem ser realizadas de forma gradual, permitindo uma adaptação do organismo a nova forma de viver. Conforme a evolução do indivíduo no desempenho das atvidades propostas, o profissional poderá aumentar a intensidade, estabelecendo novas metas a serem alcançadas e gerando desafios aos praticantes. No entanto,rapidamente a AF faz com que o organismo se adapte aos novos estímulos e por consequência às respostas serão positivas. As pessoas neste processo de tratamento apresentam limitações, então os niveis de intensidade e duração devem ser monitorados a todo tempo.
Importante destacar as recomendações na prescrisão de Atividade Sensório-motora (ASM) no tratamento da dependência de substâncias psicoativas deve conter, basicamente, um período de aquecimento e de relaxamento, uma atividade aeróbica e de condicionamento muscular. Nas atividades psicomotoras recomenda-se atividades, de equilíbrio, de coordenação motora e de orientação espacial, principalmente aos dependentes de álcool (ROEDER,2003).
Ainda conforme as recomendações na prescrição das ASMs, quanto a intensidade, frequência e duração destas atividades, as recomendações são,
exercicios para aumentar a ressistência cardiovascular devem atingir niveis entre (70 a 80 % do VO2 máx.) Estes níveis são indicados para manter possíveis mudanças significativas de recuperação, dentro do recomendável. A frequêcia das atividades podem ser de 3 a 5 dias na semana, com duração que vão de 15 a 60 minutos. A duração das sessões diárias dependerá da intensidade prescrita (ROEDER,2003, p.255).
Pesquisas realizadas neste mesmo aspecto destacam as pricipais atividades realizadas em comunidades terapêuticas ou nos centros especializados para o público em questão são: alongamentos, caminhadas, jogos, yoga, entre outras (FRACASSO; MIALICK; SADH, 2006). O alongamento é essencial na vida de qualquer ser humano, devendo ser diário, pois relaxam a mente e regulam o corpo, diminuindo tensões musculares, deixando o corpo mais relaxado, previnindo lesões, melhorando a coordenação, aumentando a flexibilidade e ajudam no desenvolvimento da consciência corporal (ANDERSON, 2013).
Em todos os programas e pesquisas elaborados com este público, pode-se observar que as atividades aeróbicas demonstraram serem as mais praticadas, e são as mais recomendadas tendo apresentado resultados bem satisfatórios. No entanto isso não quer dizer que atividades de força não sejam importantes, quando executadas de maneira planejada, estruturada e repetitiva apresenta outro aspecto bastante importante a ser considerado na recuperação do DQ, que é a melhora do condicionamento físico, obtendo o aumento ou a manutenção da saúde e a aptidão física; desenvolvendo a força e a resistência muscular localizada bem como, flexibilidade, elasticidade e alongamento. Melhoram ainda, o humor geral e autoconhecimento; sitomas do estresse, depressão e ansiedade;a auto-imagem, auto-estima e confiança; a fadiga ou perda de energia (BARBATI, 2012).
Na medida em que as resposta funcionais do usuário se apresentem, recomenda-se, da mesma forma um trabalho gradual. Uma observação importante é que o profissional de Educação Física deverá explorar a história de vida do usuário, conhecer suas habilidades, quais AFs já praticou, se praticou, e quais apresentam um maior prazer, oferecer atividades prazerosas que vão ao encontro as particularidades de cada indivíduo. Pois a felicidade e prazer do usuário perante estas práticas serão fundamentais para a aderência ao tratamento e supostamente as respostas positivas(ROEDER,2003).
2.4 Instituições voltadas ao tratamento da Dependência Química do município de Crissiumal
As instituiçõs voltadas a este público, no município de Crissiumal, são: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidade de Saúde Mental (USM) do Hospital de Caridade de Crissiumal, sendo que ambas atendem individuos com transtornos mentais e problemas com a dependência química, porém cada instituição de uma forma diferente. A USM trabalha com a desintoxicação do organismo e o CAPS no tratamento pós desintoxicação, ou seja, em período maior, dependendo de cada caso.
2.4.1 O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
Trata-se de um programa do Sistema Único de Saúde (SUS) que trabalha com o desenvolvimento de autonomia e cidadania, o qual acolhe os usuários com transtornos mentais e dependência química, buscando atendimento multidisciplinar na perpectiva de estimular a integração social, mostrando novos caminhos. Assim o CAPS não se refere a proposta de cura dos usuários, mas sim de contribuir para uma melhora destes individuos.
Os CAPS são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoia-los em suas iniciativas de busca de autonomia, oferencendo–lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu território, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS contituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiatra (BRASIL, 2004, p.09).
Os referidos centros de atenção básica psicossocial dão um suporte aos doentes mentais e familiares dos municípios, que aderem ao programa, sendo muito relevantes para a reincerção destes individuos na sociedade. No município de Crissiumal o CAPS está em funcionamento desde 2013, e é formado por uma equipe multidisciplinar formada por médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, fisioterapeuta e demais funcionários.
No CAPS as práticas de AFs são organizadas por um fisioterapeuta, os indivíduos que partipam do programa passam por uma avaliação da equipe
multidisplinar, denominado como Plano Terapêutico Singular (PTS). Os DQ são divididos em grupos, e praticam as atividades que ocorrem uma vez na semana com duração de uma hora.
As práticas proporcionadas para o grupo de dependentes são as seguintes: alongamentos, trabalho de equilíbrio, postura, respiração, caminhadas, dinâmicas, brincadeiras distrativas, entre outras. As práticas têm demonstrado uma relevante evolução, pois, com o passar dos dias, a autoestima destes individuos, fica bem visível, já se relacionam melhor com o grupo e interagem entre si. Percebe-se também, uma maior persistência na realização das atividades propostas durante o tratamento. O período em que permanecem neste tratamento é indeterminado, sendo que tudo dependerá da evolução do indivíduo, aderência, patologia e recuperação, que serão avaliados individualmente pela equipe.
2.4.2 A Unidade de Saúde Mental (USM) do Hospital de Caridade de Crissiumal
Com sua sede no Hospital de Caridade de Crissiumal (HCC), tem como objetivo atender dependêntes químicos e pessoas com transtornos psíquicos. Com seu funcionamento desde 2009, abrange municípios de toda região noroeste como, Crissiumal, São Martinho, Sede Nova, Campo Novo, Humaitá, Ijuí, Panambi, Pejuçara, Augusto Pestana, Catuípe, Ajuricaba e demais localidades que correspondem a coordenadorias formanda por 17 municípios.
A internação psiquiatra ou desintoxicação se dá através do SUS, por encaminhamento da rede básica de saúde de cada município. As internações podem ser de forma compulsória, mediante ordem judicial por solicitação de familiares ou responsáveis, ou, ainda, pela decisão do próprio individuo.
A unidade oferece seis leitos sendo que, dois federais e quatro estaduais, em que indivíduos dependentes de subtâncias psicoativas permanecem na unidade durante 21 a 30 dias. Em se tratando de problemas psiquiátricos tais indivíduos permanecem em regra, por 15 dias, sendo que o período de internação dependerá da evolução do quadro psíquico.
As Afs realizadas neste espaço são desenvolvidas por um Profissional de Educação Física e oferecidas três vezes na semana, com a duração de uma hora cada sessão. São desenvolvidas as seguintes atividades: alongamentos, bricadeiras de interação, caminhadas, jogos de mesa, bricadeiras com bolas de futebol, voleibol,
brincadeiras lúdicas e de interação. Há a utilização de bolas suiça para exercícios localizados e de alongamento assim como para os relaxamentos, assim como de colchonetes para a realização de ginástica, entre outras atividades.
As atividades são de cunho distrativo, com objetivo de envolvê-los em momentos de relaxamento, proporcionando prazer, melhora do equilíbrio, melhora do humor e uma melhor adptação ao tratamento proposto. As práticas têm demonstrado aliviar o estresse físico e psicológico em que estes individuos se encontram. Com o passar dos dias da desintoxicação é possivel perceber uma melhor aceitação ao tratamento, reflexo do trabalho conjunto dos profissionais e das atividades físicas desenvolvidas.
Importante salientar que após a desintoxicação é necessário que o indivíduo prossiga com seu tratamento, que dependerá da necessidade de cada um, esse agora, poderá se dar em meio aberto (ambulatorial) com uso de medicamentos farmacológicos e com acompanhamento de equipes ou grupo de apoio. Outra forma de tratamento são internações maiores como em comunidades terapêuticas ou em centros de atendimentos para este público.
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
A presente pesquisa foi uma ação investigativa que buscou responder a uma pergunta, de caráter qualitativo e descritivo exploratório, a qual busca qualificar o tema da realidade em que se deseja adquirir novos conhecimentos (FLICK, 2009). Quando se trata de estudos descritivos, “as pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 1999, p.44). Estudo exploratório é aquele que “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (MINAYO, 2012, p.21).
3.2 Sujeitos do estudo
Os sujeitos do estudo foram dependentes de álcool e outras drogas, internados na “Unidade de Saúde Mental” do Hospital de Caridade de
Crissiumal/RS. Usando como critério de seleção, maiores de 18 anos e todos em condições de práticas para as AFs regulares, além de apresentarem condições psicológicas para as entrevistas.
Foram entrevistados 4 sujeitos do sexo masculino, sendo dois alcoolistas e dois dependentes de outro tipo de droga, nos meses de setembro e outubro do ano de 2015, no turno da manhã, nos dias da semana correspondentes as segundas, quartas e sextas-feiras. Estes pacientes ficaram internados por volta de 21 dias para a desintoxicação, dependendo de alguns casos permanecem em um maior período de tempo. Para participar da pesquisa estes DQ tinham que ter frequentado no mínimo oito aulas de AF com a duração média de uma hora cada aula.
3.3 Coleta de dados
Para a coleta dos dados, primeiramente foi agendada uma conversa com o diretor do hospital, onde foi explicado os objetivos da pesquisa, além da apresentação de um oficio com o pedido de autorização (Apêndice I). Salientando que o diretor do hospital é o responsável por todo andamento da instituição, sendo assim pela unidade de saúde mental também. Após a assinatura e a autorização, entrou-se em contato com a monitora da unidade para expor a intenção do projeto de pesquisa e agendar os horários para o início das abordagens necessárias para a pesquisa. Após foram contatados os pacientes internados explicando os procedimentos da pesquisa, que após concordarem em participar assinaram o termo de consentimento e livre esclarecimento (Apêndice II). Assim, foram combinadas as atividades propostas e posteriormente as entrevistas.
3.4 Instrumentos
Para a coleta dos dados foi utilizada uma entrevista semi-estruturada com duas perguntas abertas e fechadas. A entrevista é uma técnica privilegiada de comunicação sendo a estratégia mais usada no processo de trabalho de campo. Entrevista é uma conversa realizada por iniciativa do entrevistador com objetivo de construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa (MINAYO, 2012). Nessa pesquisa a entrevista semiestruturada, “combina perguntas fechadas e
abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada” (MINAYO, 2012, p. 64).
Para a realização desta entrevista, utilizou-se as seguintes questões norteadoras:
1. O que você acha das práticas de Atividades Físicas durante o período de sua internação?
2. Relate como você se sente após as Atividades Físicas realizadas?
As entrevistas foram gravadas em áudio com um aparelho de celular e, após, o conteúdo coletado, foi transcrito na íntegra e as informações analisadas. “A gravação permite contar com todo o material fornecido pelo informante” (TRIVIÑOS, 1987, p.148).
Outro instrumento utilizado foi a observação das aulas de educação física para os DQ. Os agentes da pesquisa foram observados e avaliados de uma forma simples, tendo a percepção das reações e sentimentos dos sujeitos no momento das atividades propostas. Esta percepção auxiliou para as análises dos dados obtidos. Gil (1999, p.111) ressalta que “na observação o pesquisador deve permanecer alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observando de maneira espontânea os fatos”.
A observação é essencial no trabalho de campo no desenvolvido da pesquisa qualitativa, pois pode ser considerado um método que permite uma melhor compreensão da realidade pesquisada. A observação é um processo pelo qual o pesquisador se coloque como observador de uma situação social, com finalidade de realizar uma investigação cientifica. (MINAYO, 2012, p. 70).
3.5 Programa de Atividade Física
O programa de AF, já existe desde o momento em que a unidade começou os seus atendimentos no município de Crissiumal/RS, entendendo assim que este programa é de suma importância para o tratamento da dependência química. O profissional que atua com as atividades é profissional de Educação Física. O objetivo do programa é envolver os usuários em atividades prazerosas, podendo servir como um instrumento colaborador podendo minimizar ou mesmo prevenir o uso de substâncias psicoativas.
As atividades durante o período da investigação formam distribuídas três vezes por semana, ocorrendo nas segundas, quartas e sextas-feiras, organizadas da seguinte forma:
- Segundas-feiras: Alongamento inicial, caminhada realizada na praça próxima do hospital e um alongamento final;
- Quartas-feiras: Alongamento inicial, ginástica aeróbica e localizada realizadas em colchonetes, utilizando bastões, alongadores, elásticos e bola suíça, atividades de relaxamento e alongamentos também utilizando a bola suíça. Estas atividades eram realizadas ao ar livre ou em uma sala específica para as atividades (dias de chuva); - Sextas-feiras: Alongamento inicial; jogos e brincadeiras com utilização de balões, e outras atividades com bola de voleibol e futebol. Estas atividades também foram realizadas ao ar livre em um espaço disponível para as mesmas.
Com o passar dos dias, ou seja, até completar o período de tratamento, a intensidade das atividades era modificada. Todas as aulas tinham a duração de uma hora.
3.6 Aspectos éticos da pesquisa
Este estudo seguiu as normas da Resolução 446/12 do Conselho Nacional de Saúde. Os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
3.7 Análise dos dados
As análises iniciam-se desde o momento inicial de uma pesquisa, sendo que cada procedimento realizado durante uma pesquisa é fundamental para um bom pesquisador. Conforme Gil (2010), em um estudo de caso, as interpretações dos dados coletados dar-se-á mediante as informações adquiridas durante todo o processo. Ainda segundo o referido autor, após todas as observações e coletas realizadas, as análises e interpretações dos resultados do estudo devem ter um efeito positivo e satisfatório.
A pesquisa se constituiu em três fases importantes que foram: a revisão bibliográfica, a fase exploratória (de campo) e a análises dos dados. A fase exploratória é quando se delimita um tema a ser pesquisado e adquirimos um referencial teórico, a fase de campo é o processo onde se executa o projeto e a fase
de analisar as etapas que “respondo” os dados da pesquisa, ou seja, é a compreensão dos dados pesquisados e a confirmação ou não da hipótese que foi formulada, sendo, portanto, a resposta do problema investigado.
O pesquisador poderá apossar-se de diversos instrumento de pesquisa, “embora haja várias formas de intervenção e técnicas diferentes, para uma pesquisa de campo, dois são os instrumentos principais desse tipo de trabalho: a observação e a entrevista. Enquanto a primeira é feita sobre tudo àquilo que não é dito mas pode ser visto e captado por um observador atento e persistente, a segunda tem como matéria-prima a fala de alguns interlocutores” (MINAYO, 2012, p. 63).
O projeto em questão pretende qualificar as atividades saudáveis e de como elas podem contribuir no tratamento de álcool e outras drogas. Sendo que para a presente pesquisa, foram realizadas inicialmente uma revisão bibliográfica e um estudo de caso sobre o assunto em questão, seguida da participação dos sujeitos, de forma voluntária, em uma entrevista.
O universo da pesquisa foram os usuários do programa da Unidade de Saúde Mental do município de Crissiumal/RS no ano de 2015, internados no período da pesquisa. A amostragem a ser utilizada é a não probabilística intencional, “quando se deseja por exemplo, obter a opinião ou conhecer a situação de determinadas pessoas ou serviços, por sua especificidade e não representatividade do universo” (MARSIGLIA, 2007, p. 19).
Para melhor organizar as interpretações e análises dos dados, Minayo (2003) orienta os passos a serem seguidos para a construção do processo analítico:
1º Ordenação dos dados: releitura do material, organização dos dados obtidos no trabalho de campo e transcrição das gravações realizadas;
2º Classificação dos dados: leitura exaustiva e repetida do material coletado, estabelecendo-se interrogações para identificação do que surgiu de relevante, e construir as categorias especificas; e
3º Análise final: articulações entre os dados e o referencial teórico construído, buscando responder às questões da pesquisa, batizada pelo objetivo traçado.
3.8 Resultados da pesquisa
Os resultados deste estudo serão divulgados em uma banca avaliadora como um trabalho de conclusão de curso, como requisito parcial para formação acadêmica
em Educação Física pela UNIJUI, como também ficará arquivado na universidade para fins de divulgação científica. Ainda, haverá a disponibilidade de um relatório final, para o diretor do Hospital de Caridade de Crissiumal/RS, e também a pesquisadora se colocará a disposição para a apresentação dos dados e resultados da pesquisa.
4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Para a contextualização deste capítulo, buscou-se associar as informações coletadas do campo empírico, respondendo cada objetivo do estudo, e os principais objetivos que são: Os benefícios das atividades físicas no período de desintoxicação de dependentes químicos; as percepções dos dependentes químicos, em relação às atividades físicas durante este processo hospitalar, obtidas por meio das entrevistas; destacar o papel do profissional de Educação Física no desenvolvimento do programa. Neste sentido foram reunidas as principais informações para responder os objetivos deste estudo.
4.1 Característica dos sujeitos entrevistados
Para sigilo e anonimato dos sujeitos da pesquisa, os mesmos foram denominados de P1, P2, P3 e P4.
Paciente 1 (P1) - Paciente do sexo masculino, com idade de 42 anos,
solteiro, procedente de Chiapeta, escolaridade ensino fundamental incompleto, pedreiro, católico, três filhos, alcoolista. Permaneceu internado durante 21 dias, disse que consumia álcool moderadamente, mas depois que separou-se da mulher, começou a consumir com mais frequência o que também o deixou depressivo, procurou ajuda pois percebeu que não estava bem. O paciente foi bastante ativo em todas as atividades propostas pelo tratamento, inclusive nas aulas de AF, participando de todas as aulas. Era muito comunicativo, espontâneo e alegre.
Paciente 2 (P2) - Paciente do sexo masculino, com 25 anos de idade,
solteiro, um filho, montador de telhado, católico, tipo de dependência Maconha, procedente de Crissiumal, internado por 21 dias. Usuário de drogas desde os 17 anos, disse ter consumido outros tipos de drogas além de maconha, consumidor de álcool e é fumante. Seu processo de internação foi voluntário. Durante sua internação seu temperamento era instável, uns dias muito eufórico, outros chorava
muito, em outros estava um pouco agressivo. Participou das atividades propostas e das AF, sendo que por três vezes durante o programa se recusou a participar. Tinha dias que era bastante comunicativo outros dias era muito calado.
Paciente 3 (P3) - Paciente do sexo masculino, com 35 anos de idade,
solteiro, não possuía filhos, segundo grau completo, motorista, evangélico, procedente de Crissiumal. Seu processo de internação foi através dos familiares. Foi usuário de cocaína, maconha, ectasy e álcool, também é fumante (cigarro). Disse ser dependente a três anos. Durante sua internação, somente na primeira semana que não participou das atividades, pois estava bastante sonolento devido as medicações, nos demais dias era bastante participativo e comunicativo, era sempre muito engraçado e falava tudo que pensava, constantemente revelava coisas de sua vida e de sua dependência.
Paciente 4 (P4) - Paciente do sexo masculino, com 37 anos de idade,
solteiro, não possuía filhos, profissão calçadista, católico, ensino fundamental incompleto, procedente de Crissiumal, dependente de álcool desde muito tempo, internado por 21 dias. Seu processo de internação foi voluntário, foi bastante participativo em todas as atividades, bastante prestativo, comunicativo, por vezes um pouco orgulhoso em suas palavras, foi um paciente bastante ativo.
4.2. Os principais benefícios das Atividades Físicas para Dependentes Químicos no processo de desintoxicação
Os principais benefícios das práticas corporais em relação aos indivíduos dependentes de álcool e outras drogas em período de desintoxicação são relevantes, principalmente no processo em que se encontram pois elas agem de maneira expressiva em vários aspectos da vida dos mesmos, quanto aos emocionais destaca-se que,
[...] a Atividade Física ocupa a mente permitindo a passagem do tempo durante períodos difíceis; permitindo a substituição de maus hábitos por bons hábitos, e de fixações negativas por positivas; é uma forma de meditação, fornecendo benefícios de outras abordagens associadas a melhoria na saúde e na aptidão; dá uma sensação de controle sobre a própria vida e o meio ambiente (ROEDER, 2003, p. 251).
Com relação a outros efeitos positivos para a saúde podemos destacar também os aspectos fisiológicos, como exemplo temos.
