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I SEMINÁRIO DE AVALIAÇÃO E INOVAÇÃO

TECNOLÓGICA DA REGIÃO DO CARIRI

“SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA ÚNICO

DE SAÚDE”

CRATO/CE

26 DE SETEMBRO Á 06 DE NOVEMBRO DE 2011

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CRATO-CE, 26 de Setembro a 06 de Novembro de 2011 ISBN:978-85-65425-01-08 2

26 de Setembro a 05 de Novembro de 2011

CRATO-CE

PROMOÇÃO:

VIII Semestre de Enfermagem da Universidade Regional do

Cariri-TURMA 2008.1

REALIZAÇÃO:

Universidade Regional do Cariri- URCA

Crato-CE

LOCAL DE REALIZAÇÃO:

Salão de Atos da URCA

APOIO:

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FICHA CATALOGRÁFICA – SEMAITSC (CRATO-CE)

Seminário de Avaliação e Inovação Tecnológica em Saúde da Região do Cariri (1. : 2011 : Crato, CE)

Sustentabilidade do Sistema Único de Saúde: anais

do I SEMAITSC [recurso eletrônico], Crato, CE, 26 de Setembro a 06 de Novembro de 2011/

Universidade Regional do Cariri [editora]. Aliniana da Silva Santos [Organizadora]. Maria Corina Amaral Viana [organizadora]. Berenice Temoteo da Silva

[organizadora]. Cristina Kelly Rodrigues [ilustradora]. CRATO, CE Universidade Regional do Cariri: Campus Pimenta, 2011. INTERNET

1.Tecnologias em Saúde. 2. Pesquisa em Saúde. 3. Seminários. I. Universidade Regional do Cariri. II. Título. III. Título: Anais do I SEMAITSC.

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SUMÁRIO

Apresentação... 06

1 Trabalhos completos aprovados na categoria oral concorrendo a premiação... 13

1.1 Tecnologias leves e suas implicações no processo de trabalho da enfermagem... 13

1.2 Ações desenvolvidas por enfermeiros na prevenção das infecções sexualmente transmissíveis em adolescentes... 21

1.3 Uma investigação acerca da relação dialética entre gestantes e profissionais da saúde na consulta de pré-natal... 35

1.4 Enfermagem em emergência: uma revisão integrativa da literatura no Brasil... 46

2 Resumos expandidos aprovados na categoria oral... 54

2.1 A assistência de enfermagem aliando as inovações tecnológicas para o controle da dor neonatal: uma revisão de literatura... 54

2.2 Implicações tecnológicas no cuidado ao recém-nascido prematuro em unidade de terapia intensiva... 58

2.3 A mulher como protagonista do parto: uma abordagem bibliográfica sobre tecnologias leves no pré-natal... 63

2.4 Mulheres infectadas pelo hiv: mudanças ocorridas no cotidiano após o diagnóstico... 67

2.5 Adaptação à terceira idade por idosos pertencentes a um abrigo em Juazeiro do Norte-CE... 71

2.6 Aplicação de oficina sobre alcoolismo para adolescentes: um relato de experiência... 74

2.7 Avaliação de tecnologias leves na atenção básica... 77

2.8 Aplicabilidade da tecnologia leve para a promoção do aleitamento materno: relato de experiência... 81

2.9 Tecnologia leve sobre tabagismo: percepção de estudantes de uma escola pública... 84

2.10 Percepção de agentes comunitários de saúde sobre alimentação de transição infantil... 88

2.11 Relação entre tecnologias leves e duras no âmbito da saúde mental... 92

2.12 Tecnologias na prevenção ao uso de drogas: um relato de experiência do projeto de extensão adolescer com saúde... 95

2.13 O papel da família nas tecnologias do cuidar em saúde mental... 98

2.14 O desejo de ter filhos em pessoas que (con) vivem com o HIV: a saúde reprodutiva como esfera de cuidado de enfermagem... 101

2.15 Oficina de sexualidade para adolescentes: relato de experiência... 104

2.16 Correio sentimental: uma tecnologia leve utilizada para reflexão e aprendizado do adolescente... 107

2.17 Territorialização como ferramenta de gestão da UBS... 110

3 Resumos expandidos aprovados na categoria Pôster... 114

3.1 Violência infantil: diagnóstico, manejo e desafio profissional... 114 3.2 Implantação do SISREG: Um relato de experiência no município de

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Barbalha – CE... 117 3.3 Análise da vulnerabilidade e das percepções na adolescência quanto ao

Hiv/Aids... 120 3.4 Caracterização das mulheres que utilizam a tecnologia dura, exame

papanicolau, nas unidades de saúde de Picos-PI... 124 3.5 Aspectos epidemiológicos dos portadores de hanseníase no município de

Barbalha – CE, 2005 - 2010... 128 3.6 Dimensionamento de enfermagem da uti adulto de um hospital referência

na região do cariri... 131 3.7 Assistência domiciliar como recurso facilitador da inserção na unidade

familiar: um estudo de caso... 135 3.8 Avaliação da utilização de uma tecnologia dura por usuárias da estratégia

saúde da família... 138 3.9 Clube do imperador: reflexão do saber, saber-fazer e saber-ser no processo ensino-aprendizagem mediado por tecnologia... 143 3.10 Morte do filho idealizado: uma identidade perdida... 147 3.11 O acolhimento sob a ótica do usuário idoso em uma estratégia saúde da

família em Juazeiro do Norte, Ceará... 150 3.12 Qualidade da assistência no pré-natal: uma investigação a partir das

concepções das gestantes... 154 3.13 Aplicação do acolhimento na consulta de enfermagem: uma revisão da

literatura... 158 3.14 Vínculo afetivo entre pai e recém-nascido na Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal como tecnologia leve de cuidado... 161 3.15 Educação em saúde com crianças e adolescentes em uso de uma

tecnologia leve... 165 3.16 Inaptidão clinica à doação de sangue no hemonúcleo de juazeiro do

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APRESENTAÇÃO

Os anais do I Seminário de Avaliação e Inovação Tecnológica em Saúde da Região do Cariri: "Sustentabilidade do Sistema Único de Saúde" traz vários trabalhos científicos que foram avaliados por professores de departamento de enfermagem da Universidade Regional do Cariri que participaram do comitê de avaliação de trabalhos que foram desenvolvidos por alunos e profissionais da área da saúde. A submissão dos trabalhos científicos foi realizada sob a forma de resumo expandido e trabalhos completos. A comissão avaliadora foi composta pelos seguintes professores: Ms. Maria Corina Amaral Viana, Ms. Cleide Correia de Oliveira, Ms.Emiliana Bezerra Gomes, Ms. Kely Vanessa Leite Gomes da Silva, Esp. Cinthia Gondim Pereira Calou, Ms. Sarah Lima Pinto, Esp. Jaqueliny Rodrigues Soares, Ms. Joseph Dimas de Oliveira

Após a aprovação dos trabalhos, a banca de avaliação foi formada de acordo com as modalidades de apresentação abaixo:

Modalidade Oral

Ms. Glauberto da Silva Quirino

Ms. Kely Vanessa Leite Gomes da Silva Esp. Cinthia Gondim Pereira Calou Esp.Ana Paula Agostinho Alencar Ms.Francisco Elizaudo de Brito Junior Ms.Maria Augusta Vasconcelos Palácio Esp. Jaqueliny Rodrigues Soares

Ms. Joseph Dimas de Oliveira Ms.Glauberto da Silva Quirino

Modalidade Oral Concorrendo a Premiação Ms. Cleide Correia de Oliveira

Ms. Ítala Maria Pinheiro Bezerra Esp.Patrícia Gomes Benevides

Modalidade Pôster

Esp.Maria Nizete Tavares Alves

Ms. Kely Vanessa Leite Gomes da Silva Ms.Sandra Mara Pimentel Duavy Pereira

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Ms.Antonia Alizandra Gomes dos Santos

O evento foi dividido em três módulos, contemplando o I curso Multiprofissional de Tecnologias em Saúde que contou com temas diversificados e profissionais das mais diversas categorias da área da saúde, temas estes que foram relacionados ao Sistema Único de Saúde e a utilização de suas tecnologias, conforme apontados abaixo:

26 de Setembro de 2011

Abertura Oficial

Eglídia Carla Figueiredo Vidal-Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde; Eduardo Coura Assis – Ministério da Saúde; Demostênia Coelho Rodrigues - Diretora do Hospital Regional do Cariri; Newton Kepler de Oliveira – Supervisor do Núcleo de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará; Cleide Correia de Oliveira - Docente Efetiva da Universidade Regional do Cariri (URCA). Coordenadora do I Seminário de Avaliação e Inovação Tecnológica em Saúde da Região do Cariri; Emiliana Bezerra Gomes. - Docente Efetiva da Universidade Regional do Cariri (URCA). Coordenadora do I Seminário de Avaliação e Inovação Tecnológica em Saúde da Região do Cariri; Maria Corina Amaral Viana - Docente Efetiva da Universidade Regional do Cariri (URCA). Membro da Comissão de Avaliação de Tecnologias em Sáude da SESA. Coordenadora do I Seminário de Avaliação e Inovação Tecnológica em Saúde da Região do Cariri.

Conferência de Abertura

Tecnologias em Saúde e a Sustentabilidade do SUS Ms.Maria Corina Amaral Viana (Enfermeira)

27 de Setembro de 2011

Mesa Redonda

As diferentes tecnologias utilizadas nas diversas áreas de saúde Ms.Nívia Tavares Pessoa (Farmacêutica)

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Francisco Carleial Feijó de Sá (Médico). Indira Feitosa Siebra de Holanda (Psicóloga). Dennyura Oliveira Galvão (Nutricionista). Aurélio Dias Santos (Fisioterapeuta).

 Exposição

Tecnologias de Saúde e Enfermagem em Captação e Transplante de Órgãos. Ms.Maria Corina Amaral Viana (Enfermeira).

Painel

Política de Avaliação de Tecnologias em Saúde: A Experiência do Ceará. Dr. Newton Kepler de Oliveira (Analista de Sistemas)

Avaliação de Tecnologias no Nível Terciário: A Experiência do INCOR-SP Dra.Evelinda Marramon Trindade (Médica).

28 de Setembro de 2011

Exposições

Novas perspectivas tecnológicas utilizadas na Cardiologia Antônio Lucimilton de Souza Macêdo (Enfermeiro)

As tecnologias leves empregadas como ferramentas para o empoderamento na busca por saúde bucal

Flávio Furtado de Farias (odontólogo)

29 de Setembro de 2011

Avaliação de Trabalhos Científicos

Apresentação de trabalhos científicos na categoria Pôster

Exposições

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Barbara Félix de Oliveira (Enfermeira)

30 de Setembro de 2011

Avaliação de Trabalhos Científicos

Apresentação de Trabalhos Científicos na Categoria Oral Apresentação de trabalhos Científicos concorrendo à premiação

Exposições

Educação em Saúde Ambiental e o processo de escuta qualificada dos profissionais. Dra.Maria do Socorro Vieira Lopes (Enfermeira)

Os avanços farmacêuticos diante do aumento da resistência bacteriana. Dr. Irwin Rose Alencar de Menezes (Farmacêutico)

01 de Outubro de 2011

Exposição

Novas técnicas de gerenciamento e de conservação de sangue. Dra.Sarah de Figueiredo Santos (Médica)

Apresentação da Comissão de Ligações com Hospitais(Colih) José Maria de Lucena (Representante da Colih)

02 de Outubro de 2011

Exposição

Novas comprovações científicas relacionadas à alimentação de transição: De quais Tecnologias estamos falando?

Ms.Sandra Mara Pimentel Duavy (Nutricionista)

18 de Outubro de 2011

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Novas perspectivas para a promoção da saúde do idoso com doenças crônicas: a tecnologia a favor da longevidade

Esp.Arlete de Sá Barreto (Enfermeira)

Prevenção de doenças cardiovasculares em adultos jovens Ms. Emiliana Bezerra Gomes (Enfermeira)

19 de Outubro de 2011

Exposição

A prática cirúrgica frente às novas tecnologias em saúde Esp.Sarah Lima Pinto (Enfermeira)

20 de Outubro de 2011

Exposições

Utilização de tecnologias em Saúde no CAPS Esp.Anne Jobenia Vasconcelos (Enfermeira)

O uso de tecnologias leves em odontologia na promoção de saúde de gestantes e bebês.

Esp.Kátia Régia Albuquerque de Oliveira Turatto (Odontóloga)

21 de Outubro de 2011

Exposições

O desenvolvimento de fármacos para o tratamento de doenças crônicas: uma visão histórica e atual.

Dra. Marta Regina Kerntopf Mendonça (Farmacêutica)

O exercício histórico da Fisioterapia e a contribuição dos avanços tecnológicos. Ms. Francisco Elizaudo de Brito Junior (Fisioterapeuta)

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22 de Outubro de 2011

Exposições:

Inserção de tecnologias leves na busca da adesão de usuários aos serviços de saúde Esp.Cinthia Gondim de Pereira Calou (Enfermeira)

Tecnologia aplicada à Oncologia: experiência do Centro de Oncologia do Cariri Esp.Sionara Melo Figueiredo de Carvalho (Médica)

23 de Outubro de 2011

Exposições:

Novas Tecnologias empregadas para a promoção da Saúde do Trabalhador: uma questão de sustentabilidade.

Esp.Maryldes Lucena Bezerra de Oliveira (Enfermeira)

Tecnologias frente à promoção da saúde do adolescente no contexto escolar. Berenice Temoteo da Silva (Enfermeira)

01 de Novembro de 2011

Exposições:

Oficina de terapêutica de renda como tecnologia leve Esp.Maria Margareth Leite Novais (Assistente Social)

Tecnologia no cuidado de Recém nascidos de Risco Esp.Ana Raquel Bezerra Saraiva (Enfermeira)

03 de Novembro de 2011

Mesa Redonda:

Experiências vivenciadas na criação e utilização de tecnologias em saúde durante a graduação.

Acadêmicas de Enfermagem: Aliniana da Silva Santos, Izadora Gonçalves Ribeiro, Lídia Samantha Alves de Brito, Madona Lopes Ferreira.

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Exposição

Saúde Mental e a Utilização de Tecnologias em Saúde Ms.Cleide Correia de Oliveira (Enfermeira)

04 de Novembro de 2011

Exposições

A ESF na Prevenção de doenças crônicas não transmissíveis Esp. José Evaldo Gomes Junior (Enfermeiro)

Utilização de tecnologias leves e leves-duras na atenção Básica Dra.Maria de Fátima Antero Sousa Machado (Enfermeira)

05 de Novembro de 2011

Exposições

Avanços tecnológicos no tratamento de feridas.

Ms.Kenya Waléria de Siqueira Coêlho Lisboa (Enfermeira)

Papel da equipe de saúde frente à utilização de tecnologias: Por um envelhecimento saudável e ativo.

Jaqueliny Rodrigues Soares (Enfermeira)

06 de Novembro de 2011

Exposições

O brincar e o Brinquedo terapêutico como tecnologia leve e leve-dura na pediatria. Ms. Joseph Dimas Oliveira(Enfermeiro)

Novo modelo de tecnologia utilizada na UTIN. Dra.Lilianny Medeiros Pereira (Médica)

Processo de enfermagem e articulação dos saberes científicos. Dra. Vitória de Cássia Felix de Almeida (Enfermeira)

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1 TRABALHOS COMPLETOS APROVADOS NA CATEGORIA CONCORRENDO A PREMIAÇÃO

1.1 TECNOLOGIAS LEVES E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM.

Herlys Rafael Pereira do Nascimento¹ Ingrid Mikaela Moreira de Oliveira¹ Cleide Correia de Oliveira² 1. Acadêmicos de Enfermagem da Universidade Regional do Cariri – URCA. 2. Professora Mestre do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional do Cariri - URCA

INTRODUÇÃO

A Enfermagem é caracterizada como uma prática social, que é construída cotidianamente, na relação com outras práticas e saberes, estando, assim, submetida às mesmas lógicas e equívocos que vem conformando o processo produtivo em diferentes áreas (LIMA et al, 2005).

Os processos gerenciais do enfermeiro podem ser vistos como um universo de ações que transita na interface constante entre a produção propriamente dita e a busca de condições que garantam a continuidade e concretização do cuidado (ROSSI; LIMA, 2005).

O cuidar, sob a ótica da Enfermagem, pode ser entendido como um processo que desenvolvem ações, atitudes e comportamentos que se fundamentam no conhecimento científico, técnico, pessoal, cultural, social, econômico, político e psicoespiritual, buscando a promoção, manutenção ou recuperação da saúde, dignidade e totalidade humana (MAIA et al, 2003). O cuidado de enfermagem consiste na essência da profissão e pertence a duas esferas distintas: uma objetiva, que se refere ao desenvolvimento de técnicas e procedimentos, e uma subjetiva, que se baseia em sensibilidade, criatividade e intuição (SOUZA et al, 2005).

Na sociedade atual, o hospital tem sido palco de grandes avanços científicos por meio do uso de técnicas e tecnologias cada vez mais sofisticadas. No entanto, a despeito

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de todos os recursos tecnológicos e humanos ali existentes, está longe de resolver grande parte dos problemas de saúde das pessoas.

As tecnologias leves seriam aquelas produzidas no trabalho vivo em ato, compreendendo as relações de interação e subjetividade, possibilitando produzir acolhimento, vínculo, responsabilização e gestão como forma de governar os processos de trabalho (MERHY, 2002). A utilização dessas Tecnologias nos processos gerenciais do Enfermeiro interfere na produção do cuidado que contempla a existência de um trabalho mais dinâmico, em continuo movimento, no qual exige dos profissionais de saúde, especialmente do enfermeiro, uma capacidade diferenciada (ROSSI; LIMA, 2005).

O cuidado de Enfermagem e a Tecnologia estão interligados, uma vez que a Enfermagem está comprometida com princípios, leis e teorias, e a tecnologia consiste na expressão desse conhecimento científico, e em sua própria transformação (ROCHA et

al, 2008). Dessa forma, as Tecnologias podem ser utilizadas para a concretização e

sustentação de um modelo de assistência que caracterize um cuidado mais humanizado (ROSSI; SILVA, 2005). A Enfermagem encontra-se, atualmente, com um conjunto de tecnologias que podem ser cada vez mais desenvolvidas e especializadas por todos aqueles profissionais motivados para uma melhoria do cuidado à saúde do ser humano (BARRA et al, 2006). Assim sendo, destacamos as tecnologias leves como orientadoras das práticas em serviços de Saúde, tendo como enfoque a qualidade de vida dos cidadãos usuários do Sistema de Saúde. Diante disso, o objetivo do presente estudo é analisar nas bases de dados a relação das Tecnologias Leves com o processo de trabalho da Enfermagem.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

 Analisar a implicação das Tecnologias Leves no processo de trabalho da Enfermagem, segundo a literatura científica.

Objetivos Específicos

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 Caracterizar a tecnologia leve enquanto instrumento aplicável ao trabalho da Enfermagem.

METODOLOGIA

Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica, pois conforme Moreira (2006) utilizou-se como fonte de coleta de dados a bibliografia, entendida como um conjunto de publicações encontradas em periódicos, livros e bibliotecas virtuais. Para a coleta de dados foi realizada uma busca na base de dados da Bireme (BDENF e LILACS) utilizando os descritores “tecnologias leves”, “saúde” e “enfermagem”. Selecionamos os artigos dos últimos sete anos (2003 - 2009). Como critérios de inclusão elegeram-se as publicações em Português na forma de artigos (revisão, pesquisa e relato de experiência), independentemente da formação profissional do autor.

A avaliação inicial do material bibliográfico ocorreu mediante a leitura dos resumos, com a finalidade de selecionar aqueles que atendiam aos objetivos do estudo. Identificou-se um total de 16 publicações, das quais nove preenchiam aos critérios de inclusão. A etapa seguinte para a construção do trabalho foi uma leitura minuciosa, na íntegra, dos artigos selecionados, visando ordenar e sistematizar as informações necessárias para o estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos nove artigos analisados, sete foram localizados na base LILACS e dois na base BDENF. Observou-se variação quanto ao ano de publicação, destacando-se maior presença do ano de 2005. Os dados referentes ao objetivo do estudo geraram as seguintescategorias temáticas: Trabalho em Saúde, Cuidado na Enfermagem e Tecnologias Leves em Saúde.

Trabalho em Saúde

Nos textos analisados, a definição de trabalho em saúde é contemplada em diferentes visões. Num estudo de revisão sobre a prática do cuidado, o trabalho em saúde foi conceituado como um espaço de relação e de movimento constante entre o trabalho morto e o trabalho vivo, sendo que ambos são concomitantemente condicionantes e condicionados (ROSSI; SILVA, 2005).

O trabalho vivo relaciona-se as ações propriamente ditas executadas pelos trabalhadores de saúde na sua relação com o usuário e até mesmo entre os próprios

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trabalhadores de saúde. O trabalho morto é composto por todos os elementos que estão envolvidos nos processos de trabalho como ferramentas ou matéria – prima, assim como também ao modo de atuar dos profissionais envolvidos no trabalho.

Num estudo de caso sobre a utilização de tecnologias leves nos processos gerenciais do enfermeiro apontou que o trabalho em saúde é como um universo de ações dos profissionais, principalmente do enfermeiro, que transita na interface constante entre a produção propriamente dita e a busca de condições que garantam a continuidade e a concretização do cuidado (ROSSI; LIMA, 2005).

Coelho e Jorge (2009) definem as ações de saúde como um conjunto de conhecimentos, processos e métodos usados como ramo de atividade na área da saúde. A realização dessas ações proporciona uma interação entre trabalhadores e usuários tornando o trabalho em saúde mais acolhedor, ágil e resolutivo. O trabalho em saúde é produzido em sua maioria no âmbito institucional, seja no ambulatório, hospital ou unidades de saúde, estando ainda muito atrelado a complexidade e a tecnologia hospitalar, mas têm crescido em outros espaços como o domiciliar, empresas e outros (LIMA et al, 2005).

Cuidado na Enfermagem

O termo cuidado abrange diversas práticas de saúde como o acolhimento, as relações de responsabilidade, a autonomia dos sujeitos envolvidos, as necessidades de saúde, a resolubilidade, o compromisso, o social, o econômico, as políticas públicas, enfim, a integralidade (FERRI et al, 2007).

Na Enfermagem o cuidado é entendido como um processo que envolve e desenvolvem ações, atitudes e comportamentos que se fundamentam no conhecimento científico, técnico, pessoal, cultural, social, econômico, político e psicoespiritual, buscando a promoção, manutenção e ou recuperação da saúde, dignidade e totalidade humana (MAIA et al, 2003).

Segundo Souza et al (2005) evidenciam em seus estudos que o cuidado de enfermagem promove e restaura o bem estar físico, o psíquico e o social e amplia as possibilidades de viver e prosperar. Nessa perspectiva, o cuidar em enfermagem insere-se no âmbito da intergeracionalidade, pois significa um conjunto de ações, procedimentos, propósitos, eventos e valores que transcendem ao tempo da ação.

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Assim, o mesmo autor relata também que o cuidado em enfermagem possui na sua amplitude o componente humanístico ao promover a continuidade da espécie humana saudavelmente humanizada desta geração e das seguintes. O cuidado de Enfermagem e a tecnologia estão interligados, uma vez que a enfermagem está comprometida com princípios, leis e teorias, e a tecnologia consiste na expressão desse conhecimento científico, e em sua própria transformação (ROCHA et al, 2008)

Tecnologias Leves em Saúde

Segundo Mehry et al (1997) as tecnologias na área da saúde foram agrupadas em três

categorias: a) Tecnologia dura: representada pelo material concreto como equipamentos, mobiliário tipo permanente ou de consumo; b) Tecnologia leve-dura: incluindo os saberes estruturados representados pelas disciplinas que operam em saúde, a exemplo da clínica médica, odontológica, epidemiológica, entre outras e; c) Tecnologia leve: que se expressa como o processo de produção da comunicação, das relações, de vínculos que conduzem ao encontro do usuário com necessidades de ações de saúde.

Coelho e Jorge (2009) relatam que a adoção das tecnologias leves no trabalho em saúde perpassa os processos de acolhimento, vínculo e atenção integral como gerenciadores das ações de saúde. O vínculo como Tecnologia Leve na Estratégia Saúde da Família - ESF parte do princípio de que os profissionais deverão estabelecer a responsabilização pela a área adstrita; conseqüentemente ocorre uma interação geradora de vínculos, "laços", entre os trabalhadores da saúde e os usuários. O acolhimento direciona para o estabelecimento de estratégias de atendimento, o qual envolve trabalhadores, gestores e usuários. Com isso, as necessidades sentidas pelos usuários poderão ser trabalhadas pelas equipes da ESF de forma a resolver suas reais exigências de saúde.

Para superar o modelo de saúde centrado na doença e em práticas curativas, o Ministério da Saúde (1997) lança, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF), objetivando a reorganização do processo de trabalho em saúde na atenção básica, vislumbrando a incorporação de novos conceitos e práticas inovadoras.

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Assim, para a construção de prática renovadoras em saúde é requerido dos profissionais e dos usuários uma postura ativa de co-participação e autonomização na tomada de decisões. Com a Estratégia Saúde da Família – ESF, o cuidado deixa de ser centrado no indivíduo e passa a ser centrado na família e a comunidade passa a ser o local de operacionalização das ações. Sabe-se então, que há diferentes públicos a serem trabalhados e cada qual com sua peculiaridade e demandas gerais e específicas.

Vale salientar que todos devem sentir-se acolhidos e, consequentemente, vinculados ao serviço, sendo a busca por esses aspectos linhas de tensão entre o modelo de saúde que vem se consolidando, a atenção primária baseada na promoção e prevenção da saúde e o modelo que se busca superar que é o modelo centrado na doença, curativista.

Na busca da superação dessas linhas de tensão, as tecnologias leves são colocadas como fundamentais, por serem estas tecnologias produtoras de relação do tipo produção de vínculo, acolhimento e gestão, estabelecida nos encontros entre os diferentes componentes da equipe de saúde e usuários (MERHY, 2007).

Nesse sentido, por corroborar com o autor citado acima, nesse estudo as tecnologias leves ocuparão lugar de destaque na Educação em Saúde, por entender que essas técnicas promovem maior proximidade entre a equipe e os usuários e deixa espaço para a manifestação das subjetividades dos sujeitos, bem como coloca o usuário na posição ativa no processo decisório por empoderá-lo para seu autocuidado.

Quando trabalhamos com a humanização do atendimento, a primeira ação a ser realizada por toda a equipe, ao receber a pessoa como paciente, é prestar-lhe acolhimento. O acolhimento à pessoa que procura o cuidado de saúde se expressa na relação que se estabelece entre o usuário e o profissional que o atende (RAMOS; LIMA, 2003).

As tecnologias leves podem ser importantes ferramentas de gerenciamento utilizadas pelo enfermeiro na busca da qualidade do cuidado prestado aos usuários, pois estabelecem momentos de intercessão entre trabalhadores e usuários e permitem a real possibilidade de reconhecimento e satisfação das necessidades dos indivíduos. Dessa forma, podem ser utilizadas para a concretização e sustentação de um modelo de assistência que venha a contemplar um cuidado humanizado (ROSSI; SILVA, 2005).

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Assim, o cuidado e a tecnologia possuem aproximações que fazem com que o cuidado de enfermagem, resultante do um trabalho vivo em ato, sistematizado e organizado cientificamente, favoreça a manutenção da vida, proporcione conforto e bem estar e contribua com uma vida saudável ou uma morte tranqüila (ROCHA et al, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desta pesquisa apontaram que, no campo da Enfermagem, as tecnologias leves ganham dimensão de cuidado em si. Elas utilizam atributos que são próprios da relação humana, fundamentais na construção de vínculo entre a enfermeira e o cliente no espaço do cuidado. Para que a enfermeira desenvolva um cuidado de enfermagem eficiente, autêntico e de qualidade, é necessário considerar em suas ações aspectos essenciais à relação humano-humano, como: a conversa, o saber ouvir, o toque, o compartilhamento de idéias, a demonstração de preocupação e a expressão de afeto, estar atenta aos desejos e reivindicações, e, ainda, outros aspectos que são valorizados na visão holística do cuidado.

As tecnologias leves integrarão o ato de cuidar em si, relacionadas a diferentes formas de interação com o cliente. Nas equipes da ESF as tecnologias leves compreendem as relações de interação e subjetividade, possibilitando produzir o vínculo, o acolhimento e a gestão de serviços. O vínculo estabelecido entre o trabalhador de saúde e o usuário é constituído a partir da responsabilização do trabalho da área adstrita.

O acolhimento é visto como uma forma de estratégia de atendimento no qual envolve trabalhadores, gestores e usuários. A equipe da ESF analisa a necessidade de saúde de cada usuário e a partir dos problemas de saúde apresentados é realizado o acolhimento no intuito de garantir humanização no atendimento. Com isso, o acesso, o acolhimento e o vínculo visam uma mudança quanto às dificuldades enfrentadas pelos usuários para chegarem ao local de atendimento, receber informações adequadas por parte dos serviços de saúde, conseguir uma consulta e agendamento e garantirem seu retorno.

DESCRITORES: tecnologia leve, enfermagem e saúde. REFERÊNCIAS

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1.2 AÇÕES DESENVOLVIDAS POR ENFERMEIROS NA PREVENÇÃO DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM ADOLESCENTES

Juliana Sá de Oliveira1

Maria de Fátima Antero Sousa Machado2

1) Enfermeira, Graduada pela Universidade Regional do Cariri, Especialista em Gestão e Assistência em Saúde da Família pela Faculdade de Juazeiro do Norte – FJN. 2) Enfermeira; Doutora em Enfermagem; Professora do Curso de Enfermagem da URCA e da UNIFOR; Professora da Pós-Graduação da Escola de Saúde Pública do Ceará. Líder do GRUPESC/URCA.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a adolescência delimita-se à segunda década de vida, dos 10 aos 19 anos, sendo a pré-adolescência dos 10 aos 14 anos e a adolescência, propriamente dita, dos 15 aos 19 anos (OMS, 1995). O Ministério da Saúde se baseia nesta definição da OMS e relata que o Brasil conta com uma população de 17.699.408 habitantes na faixa etária de 10 a 14 anos e 16.865.921 adolescentes na faixa dos 15 aos 19 anos (BRASILa, 2006). Já o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º8069/90, considera adolescente a pessoa cuja idade vai dos 12 aos 18 anos de idade (BRASIL,1990).

A adolescência é uma etapa da vida em que ocorre aceleração e desaceleração do crescimento físico, mudança da composição corporal, eclosão hormonal, envolvendo hormônios sexuais e evolução da maturidade sexual, acompanhada pelo desenvolvimento de caracteres sexuais secundários masculinos e femininos. As transformações dessa etapa fazem com que o adolescente viva intensamente sua sexualidade, manifestando-a muitas vezes através de práticas sexuais desprotegidas, podendo se tornar um problema devido à falta de informação, de comunicação entre os familiares, tabus ou mesmo pelo fato de ter medo de assumi-la (CAMARGO, FERRAR, 2009).

Essa prática sexual desprotegida pode representar risco a sua saúde. Para cumprir o que é ser homem e/ou mulher, os adolescentes têm que desempenhar uma prática sexual que é nociva do ponto de vista do risco às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e à própria vida, sendo que, por um lado os rapazes lançam-se em situações perigosas e freqüentemente recorrem à violência contra sua parceira por desejo de poder e controle,

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restando às garotas submeter-se, muitas vezes em detrimento da própria saúde, como no caso das relações sexuais em que seu parceiro se recusa a usar o condom durante a prática sexual (BRÊTAS, OHARA, JARDIM, MUROYA, 2009).

ISTs significam doenças que podem ser transmitidas através das relações sexuais com pessoas que estejam infectadas. São exemplos: a gonorréia, a sífilis, a clamídia, a herpes genital, a hepatite B, o condiloma, a tricomoníase, HIV/AIDS, entre outras (BRASILb, 2006). Os sinais e sintomas das IST são: corrimento vaginal, corrimento uretral, prurido genital, dor ao urinar e durante a relação sexual, úlceras genitais, edema e dor nos gânglios linfáticos da virilha e saco escrotal, e dor no baixo ventre (PEREIRA, 2005). As IST mais freqüentes entre as populações de adolescentes e adulta são a gonorréia e a infecção por clamídia (WONG, 1999).

Estima-se que a cada ano no Brasil quatro milhões de jovens tornam-se sexualmente ativos e que ocorram cerca de 12 milhões de infecções através do sexo ao ano, das quais, um terço em indivíduos com menos de 25 anos (BRASILa, 2005).

Essas infecções podem ser prevenidas através do uso do preservativo, o qual serve como uma barreira, promovendo a proteção contra os microorganismos causadores dessas doenças, promovendo a redução do número de novas contaminações. O fornecimento de informações, através da educação, sobre os fatores de risco e comportamentos que podem levar à infecção, também é apontado como uma forma de prevenção (BRUNNER, SUDDARTH, 2005).

O início da vida sexual está acontecendo cada vez mais cedo, por isso, torna-se importante que adolescentes e jovens estejam informados sobre sexo seguro, incentivando-se o uso da camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais. Para tanto, possuem direito de ter acesso a informações e educação em saúde sexual e saúde reprodutiva e de ter acesso a meios e métodos que os auxiliem a evitar uma gravidez não planejada e a prevenir-se contra as IST/HIV/AIDS, respeitando-se a sua liberdade de escolha (BRASILb, 2006)..

A implantação de atividades de prevenção das IST/AIDS na rede de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) é um componente prioritário da política brasileira de controle desses agravos, pois, é a partir da base do sistema de assistência à saúde que estes podem ser evitados (FERRAZ, NEMES, 2009).

Todavia, na Política Nacional da Atenção Básica, a prevenção das IST ainda não está como uma das ações prioritárias da Estratégia Saúde da Família (BRASILc, 2006).

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As atividades de prevenção dessas infecções, cuja realização está prevista nos serviços de atenção básica, podem ser agrupadas em: oferta de testagem voluntária e aconselhamento para população geral e para gestantes; disponibilização de preservativos; inclusão, nos serviços, dos segmentos populacionais mais vulneráveis; assistência às DST; orientações aos usuários em atividades cotidianamente realizadas nos serviços (BRASILa, 2005).

“Os serviços de saúde devem garantir atendimento aos (às) adolescentes e aos (às) jovens, antes mesmo do início de sua atividade sexual e reprodutiva, para ajudá-los a lidarem com a sua sexualidade de forma positiva e responsável, incentivando comportamentos de prevenção e de autocuidado” (BRASILb, 200, p. 06).

É importante destacar a necessidade de uma articulação, inicialmente intrainstitucional, uma vez que é comum acontecer de vários grupos desenvolverem atividades voltadas para adolescentes e jovens em uma mesma unidade de saúde, sem que haja uma integração. Muitas vezes, as ações estão fragmentadas em vários programas como os de combate ao tabagismo, prevenção às IST/AIDS, saúde reprodutiva e outros (BRASILb, 2005).

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

 Identificar as ações desenvolvidas pelos enfermeiros da atenção básica para a prevenção do acometimento das Infecções Sexualmente Transmissíveis pelos adolescentes.

Objetivos Específicos:

 Identificar a existência ou não de estratégias de prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis para os adolescentes;

 Examinar como os enfermeiros efetivamestas estratégias;

 Verificar as dificuldades e as facilidades para os enfermeiros trabalharem junto aos adolescentes questões relacionadas às Infecções Sexualmente Transmissíveis.

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A pesquisa foi realizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), localizadas na zona urbana do município do Crato-CE, com 12 (doze) enfermeiros que atuavam há tempo igual ou superior a 6 (seis) meses na equipe de Estratégia de Saúde da Família, tendo em vista ser o tempo suficiente para a realização de ações voltadas para o adolescente.

Antes da ida ao campo, foi aplicado um pré-teste a 4 (quatro) enfermeiros atuantes em suas respectivas UBS do município de Juazeiro do Norte-CE, utilizando os mesmos critérios de inclusão, para avaliação da adequação dos instrumentos de coleta dos dados à obtenção dos objetivos.

O pré-teste se torna importante antes da coleta de dados porque ele vai mostrar: as reações do entrevistado, sua dificuldade de entendimento, sua tendência para esquivar-se das questões polêmicas ou delicadas, seu embaraço com questões pessoais, ambigüidade das questões, existência de perguntas supérfluas, adequação ou não da ordem de apresentação das questões, se são numerosas, etc.(MARCONI, LAKATOS, 2005).

A coleta de dados se deu de Outubro de 2010 a Março de 2011, mediante uma entrevista semi-estruturada, composta por questões norteadoras sobre a temática, que foi gravada em meio eletrônico e registrada após ter sido esclarecido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e assinado o Termo de Consentimento Pós-Esclarecido, obedecido o que consta na resolução nº 196/96 de 10 de Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde, que dispõe sobre diretrizes e normas reguladoras de pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996).Após a entrevista, foi realizado o preenchimento de um check-list contendo informações acerca dos insumos utilizados na realização das estratégias.

Pode-se entender por entrevista semi-estruturada aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem respostas do informante (TRIVIÑOS, 2009).

O check-list, também chamado de formulário, se caracteriza por “ser uma lista informal, catálogo ou inventário, destinado à coleta de dados resultantes quer de observações quer de interrogações, e seu preenchimento é feito pelo próprio investigador” (CERVO, BERVIAN, SILVA, 2007, p. 53).

A organização e análise dos dados tiveram como suporte a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin, que é um conjunto de técnicas de análise de comunicação que

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contém informações sobre o comportamento humano atestado por uma fonte documental. O objetivo da análise de conteúdo é compreender criticamente, o sentido das comunicações, seu conteúdo, suas manifestações, as significações (BARDIN, 2002).

Dentre as técnicas da análise de conteúdo, utilizou-se o procedimento da Análise Temática, a qual recomenda a utilização de tema como base de análise do material coletado, ou seja, das respostas dos sujeitos foram retirados temas para a análise (BARDIN, 2002).

Neste estudo, os temas foram retirados das falas dos enfermeiros advindas das entrevistas e dos insumos observados no preenchimento do check-list. As categorias foram analisadas com subsídio da literatura revisada para esta pesquisa.

O projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de Ética na Pesquisa da Universidade Regional do Cariri – URCA e aprovado por unanimidade com parecer nº: 24/2010, folha de rosto: º: 24/2010, folha de rosto: 73965 e CAAE:5465.0.000.450.10.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A obtenção de relatos dos enfermeiros atuantes nas UBS, através de entrevista semi-estruturada, e realizando-se uma comparação com dados do check-list, obtive-se informações acerca das ações desenvolvidas para os adolescentes na busca da prevenção do acometimento por Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), as dificuldades e facilidades na sua aplicação, assim como quais os insumos utilizados, formando um total de quatro categorias.

As ações listadas, e postas como subcategorias, foram: processos educativos;

atendimento e entrega de preservativo.

Na realização dessas ações foram apontados os fatores de que influenciaram de maneira negativa e positiva esse processo. As subcategorias relacionadas às dificuldades encontradas foram: deficiência da procura pelo serviço de saúde; deficiência na adesão

de adolescentes do sexo masculino; ausência de habilidades e capacitação para lidar com adolescentes. As subcategorias relacionadas às facilidades encontradas foram: presença de escolas na comunidade; conquista da confiança; abertura para trabalhar com os adolescentes; e insumos.

AÇÕES DESENVOLVIDAS PELOS ENFERMEIROS Processos educativos

Para o controle da transmissão das ISTs, incluindo o HIV (Vírus da Imuno Deficiência Humana), o Ministério da Saúde aponta como estratégia básica a prevenção

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pelos meios que permitam atividades educativas que focalizem os riscos inerentes a uma relação sexual desprotegida, a mudança no comportamento e a adoção do preservativo (BRASILd, 2006).

Tendo como referência o preconizado pelo Ministério da Saúde, os enfermeiros apontam os processos educativos como principal meio interventivo na busca da prevenção de doenças na comunidade. Ações de prevenção do acometimento de ISTs em adolescentes seguem nesse contexto.

Ao realizar um processo educativo, os enfermeiros objetivam transmitir aos adolescentes o conhecimento suficiente para que possam visualizar em quais situações possam estar expostos aos riscos de uma contaminação, como evitar esses riscos, e quais as conseqüências orgânicas e psicológicas após o acometimento da infecção.

Dessa forma, os enfermeiros acreditam conseguirem capacitar os adolescentes de maneira a que estes realizem uma autoavaliação do seu comportamento sexual, discernindo entre o risco e o benefício das situações de risco as quais eventualmente poderá vir a se expor. Sendo assim, evitando a imposição e enfocando a reflexão, a iniciativa de mudança de comportamento surge do próprio adolescente, o que garante que a proteção contra as ISTs seja de maneira permanente.

A forma mais indicada de comunicação que deve ser trabalhada com os adolescentes e jovens é o diálogo, para que se possa vencer os tabus que estão relacionados com o sexo e diminuir o número de jovens em estado de vulnerabilidade diante das ISTs (ROUQUEIROL, FAÇANHA, VERAS, 2003):

“Aqui a gente marca às vezes uma roda de conversa, uma palestra sobre métodos de anticoncepção, doenças sexualmente transmissíveis, sexualidade, como a gente faz também nas associações, nas escolas”(enfermeiro 02).

Devido à tal importância, as ações que preconizam o diálogo ocorrem de maneiras diversas. Fora da unidade, foram citadas as rodas de conversa, as palestras, e as oficinas; realizadas em vários locais, como: escolas, igrejas, ou em qualquer local na comunidade que abarque um grupo de pessoas.

Em geral, há a formação de grupos de adolescentes, visto que um único contato consegue abranger um número significativo de indivíduos (de 15 à 30 por grupo), fornece interação entre o grupo, o que disponibiliza a visualização de opiniões diversas e

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proporciona um ambiente favorável para que os integrantes se expressem mais abertamente:

“Aqui na unidade, a educação em saúde é mais individualizada, porque não tem espaço pra juntar todo mundo num lugar só, a gente tem esse problema de estrutura, por isso que a gente orienta individualmente...” (enfermeiro 04)

As entrevistas mostraram que dentro da unidade, o processo educativo acaba por

ser dá de forma individualizada, durante as consultas, sendo o diálogo restrito à interação enfermeiro e adolescente. São escassas as formações de grupos interativos, pois, em geral, as unidades não possuem espaço suficiente para abarcar a quantidade de pessoas necessária para esse intuito.

Essa forma de diálogo exige mais desenvoltura desses profissionais, para que haja conquista da confiança, e à partir daí, ter credibilidade das informações repassadas. Os adolescentes, segundo os relatos, precisam se sentir seguros, principalmente quanto ao sigilo e ao respeito, para que possam compartilhar informações sobre sua vida afetiva e sexual. Desse ponto, os enfermeiros conseguem trabalhar questões relacionadas aos riscos e consequências das ISTs, de maneira a estimular uma autoreflexão pelos adolescentes sobre a prática de suas atividades sexuais.

A caderneta do adolescente surge como ferramenta facilitadora dos processos educativos, pois fornece aos enfermeiros informações essenciais que devem ser repassadas aos adolescentes, tanto para o conhecimento das transformações corpóreas e mentais, como para seu auto-cuidado. Serve também, para direcionar os assunto à serem abordados e como devem ser abordados, tanto dentro como fora da unidade de saúde:

“A gente tá fazendo esses grupos, e nesses grupos a gente vai entregando de pouquinho a caderneta. (...) Aí a gente tá entregando a caderneta, mostrando o que é que tem...” ”(enfermeiro 08)

A caderneta do adolescente é um livro de bolso, elaborado pelo Ministério da Saúde, destinada ao público adolescente, e contempla informações a respeito das transformações corporais e afetivas da adolescência, os direitos do adolescente, saúde sexual e reprodutiva, meios de como evitar doenças, saúde bucal, alimentação, cuidados com o corpo, entre várias outras(BRASIL, 2009).

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Ela serve também como guia para profissionais de saúde, pois contém orientações para o atendimento à Saúde de Adolescentes, com orientações sobre o atendimento como um todo (BRASIL, 2009).

Como a caderneta preza pela prevenção de doenças, e consequentemente abrange a prevenção do acometimento pelas ISTs, ela se torna um instrumento essencial para o trabalho dos enfermeiros da atenção básica na busca desse objetivo.

Atendimento e entrega de preservativo

No campo científico, há consenso de que o preservativo é um meio eficaz para a prevenção da ISTs/AIDS e da gravidez, permitindo práticas sexuais mais seguras. Há extensa divulgação deste tema nos meios midiáticos brasileiros, entretanto, muitos jovens ainda não adotam tais práticas, o que aponta uma dissociação entre o acesso a informação e a transformação desse saber em práticas no cotidiano dos adolescentes (OLIVEIRA et. al. 2009).

Devido a esse contexto é que, durante o atendimento individual, dentro da unidade de saúde, os enfermeiros apontaram a entrega do preservativo, e suas respectivas orientações de uso como ação fundamental para prevenção da infecção no auto-cuidado individual dos usuários adolescentes:

“Faz-se aconselhamento individual, na demanda espontânea. É realizada orientação sobre o uso da camisinha, desestímulo da relação sexual precoce, importância da vida social, como estudos e profissão” (enfermeiro 07).

A procura dos adolescentes do sexo masculino pelo serviço de saúde para a busca de preservativo masculino é abaixo do esperado, como referido por ENF 11:

“São poucos que vem, só pra pegar o preservativo” (enfermeiro 11).

Apesar da pouca demanda, há boa aderência destes quanto ao uso do preservativo masculino, principalmente devido ao receio de engravidar sua parceira, o que finda por prevenir também as ISTs.

Ao que concerne ao sexo feminino, grande se caracteriza a procura do serviço de saúde e também boa consiste a aderência do uso do preservativo masculino nas relações sexuais, todavia, há grande rejeição de uso preservativo feminino. Ao passarem a manterem um relacionamento estável, a utilização do preservativo é substituída pelo contraceptivo hormonal oral ou injetável, predispondo esse público a infecções transmissíveis pelo sexo:

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29 “A grande maioria, no planejamento, é... como é que se diz? É o anticoncepcional oral. Não é rotina vir pegar preservativo...” (enfermeiro 05).

Vários fatores influenciam de maneira negativa a adesão ao uso da camisinha

feminina, como a carência de divulgação; a distribuição limitada nos postos de saúde; dificuldade de comercialização sob alegação de custo elevado e a impossibilidade de distribuição em campanhas e eventos (GOMES et. al., 2011).

Devido a esta privação de informações, de acordo com os relatos, as adolescentes sentem maiores dificuldades de uso quando comparado ao do preservativo masculino. Os motivos alegados são: despende maior habilidade para sua inserção e sua retirada, também apontado no estudo de Marchi et. al. (2003); barulho e incômodo durante a relação sexual; estética desagradável, com perda da excitação sexual de ambos; constrangimento da adolescente em colocá-la na presença do parceiro; e, como referido também Carvalho e Schorb (2005), parceiro “não gosta”. Devido a tais dificuldades, esta ação ainda é pouco efetiva nesse cenário.

DIFICULDADES

Deficiência da procura pelo serviço de saúde

A presença de adolescentes dentro da UBS se caracteriza por ser escassa, podendo chegar, em alguns casos, a ser ausente. Os enfermeiros apontam que, em geral, os adolescentes procuram os serviços quando estão doentes, porque não há outra opção se não procurar o serviço de saúde (FERRARI, THOMSON, MELCHIOR, 2008). Esta deficiência é apontada como uma dificuldade que compromete o alcance da prevenção das ISTs, logo que, não há uma orientação prévia sobre as maneiras de evitarem as situações de risco:

“Os adolescentes só procuram atendimento pra resolver “problemas” e não para a prevenção”(enfermeiro 07).

Os motivos listados para essa ausência são vários, sendo eles: a falta de conscientização dos adolescentes sobre a importância da busca pelo serviço antes do acometimento da doença, devido à autopercepção de imunidade a qualquer agravo; vergonha das pessoas da comunidade; medo da divulgação da sua busca pelo serviço pelos profissionais; e falta de interesse.

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Para que haja adesão do adolescente ao serviço de saúde, é necessário permitir que ele seja ouvido, possa expor suas idéias, sentimentos e experiências e, que, também seja respeitado e valorizado (JEOLÁS, FERRARI, 2003).

Os relatos mostraram que há dificuldades por parte de toda a equipe de saúde, na qual o enfermeiro está inserido, em transmitir segurança ao adolescente no seu atendimento, desde a recepção a realização das consultas. Devido a essa tênue relação, as adolescentes não procuram antes que haja alguma manifestação das IST, o que pode comprometer seriamente a manutenção da saúde dessa população.

Deficiência na adesão dos adolescentes do sexo masculino

Culturalmente, os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, rejeitando a possibilidade de adoecer, deixando assim, de procurar o serviço de atenção básica à saúde (BRASIL, 2008). Este estudo mostrou que também há deficiência na busca pelo serviço pelos adolescentes do sexo masculino.

Para os enfermeiros, esta realidade emerge como uma dificuldade na efetivação da prevenção de ISTs ou até mesmo da detecção e tratamento precoces dessas infecções em adolescentes do sexo masculino:

“Muito difícil o adolescente do sexo masculino vir à unidade, muito difícil”(enfermeiro 04).

A deficiência de adesão desse público se estende até as ações fora da unidade promovidas pelos enfermeiros dentro da comunidade, quando há a formação de grupos para realização de oficinas e rodas de conversa:

“A grande maioria, quando marca, assim, é só mulher, não apareceu 1 homem”(enfermeiro 05).

Várias são as causas apontadas para a deficiência da adesão, como falta de interesse pelo assunto, vergonha em participar, deficiência de estímulo familiar (principalmente paterno), mas, a mais apontada foi a imaturidade mais prolongada quando comparada ao desenvolvimento feminino.

Ausência de habilidades e capacitação para lidar com os adolescentes

Os sujeitos deste estudo relataram que, devido à necessidade de priorização de outros programas ministeriais, termina por não despenderem espaço no cronograma para o programa de Atenção Saúde do Adolescente:

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31 “A principal dificuldade é a falta de disponibilidade no cronograma

para atendimento específico, como também falta de

capacitação”(enfermeiro 02).

Esta dificuldade também é apontada por um estudo realizado em Londrina, no

estado do Paraná, Brasil (JEOLÁS, FERRARI, 2003), o que demonstra que o problema existe em várias partes do país. As falas mostraram que falta de habilidades em lidar com esse público, devido à ausência de capacitação e treinamento, se caracteriza também como uma dificuldade.

FACILIDADES

Presença de escolas na comunidade

A presença de escolas, principalmente as públicas, dentro da área, surge como um elo que oferece um ambiente propício para o desenvolvimento de processos educativos, pois evita a necessidade de deslocamento do adolescente assim como fornece um lugar amplo para desenvolvimento das atividades:

“Olha, realmente, o que facilita é a gente ter escolas públicas, porque a particular a gente tenta, né?” (enfermeiro 01).

Espaço crucial para o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades junto aos seus integrantes e comunidade, a escola visa garantir mudanças de comportamento de adolescentes numa etapa crítica de crescimento e desenvolvimento (JEOLÁS, FERRARI, 2003). Por isso, escola surge, em associação com os enfermeiros, como uma facilitadora do alcance de mudanças de comportamento, através da educação em saúde.

Conquista da confiança

Quando o profissional obtém a habilidade de lidar com os adolescentes, conquistando a confiança, há maior interação e engajamento dos adolescentes nas ações promovidas:

“Mas eu acho que a facilidade, à partir do momento que você consegue conquistar esse público, aí já passa a ser um trabalho bem fácil”(enfermeiro 02).

Quando os profissionais ganham a confiança dos adolescentes, eles se tornam ouvintes e interlocutores, criando, assim, espaços de discussão e aprofundamento de questões formuladas pelos próprios adolescentes, que passam a sentir prazer em discutir temas dificilmente abordados no cotidiano (JEOLÁS, FERRARI, 2003).

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A abertura dos adolescentes foi citada como uma das facilidades em trabalhar com esse público ações fora da unidade, principalmente quando há incentivo da escola:

“O que a gente quiser fazer eles são muito acessíveis, vai depender de mim e da escola, e o que você chamar eles participam” (enfermeiro 10).

Durante os processos educativos realizados nas escolas, os enfermeiros relatam que os adolescentes interagem com eles e entre si, de maneira que a troca de experiências e informações acontece livremente, o que promove uma melhor de assimilação sobre os assuntos abordados.

Insumos

A quantidade e qualidade dos insumos adquiridos variam muito entre as UBS. Todas as unidades disponibilizam para os processos educativos o álbum seriado, o preservativo masculino e feminino, a caderneta do adolescente e televisão:

“Álbum seriado, TV, vídeos, distribuição de preservativos, enfim, material educativo pra DST nós temos, né? A caderneta do adolescente já chegou, já foi distribuída” (enfermeiro 10).

A caderneta do adolescente foi citada como uma facilidade, pois direciona melhor as ações, fornece o conhecimento que deve ser repassado para os adolescentes, assim como incentiva pela entrega a interação dos profissionais com esse grupo.

Data show, próteses e panfletos, são insumos que tornam o processo educativo mais didático, contudo, só há aquisição ou empréstimos destes insumos mediante associação com a Secretaria Municipal de Saúde ou com alguma escola próxima à unidade de saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os processos educativos, realizados tanto na unidade básica de saúde como na comunidade, mostrara-se como uma ação que promove, de forma efetiva, uma autoreflexão pelos adolescentes sobre as situações de risco as quais pode estarem inseridos, e à partir desse ponto, instiga a uma mudança ou manutenção de um comportamento livre de risco de acometimento pelas IST.

Durante o atendimento, a educação em saúde, juntamente com a entrega de preservativo, proporciona meios aos adolescentes se prevenirem da aquisição de infecções através do sexo.

Contudo, a deficiência de procura pelo serviço pelo adolescente do sexo masculino, as dificuldades de uso relacionadas ao preservativo feminino, assim como a

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estabilização dos relacionamentos das adolescentes do sexo feminino, findam por tornar essa ação pouco eficaz.

A associação da UBS com as escolas da comunidade demonstra ser de suma importância, pois fortalece o estímulo à prática de comportamentos saudáveis durante o desenvolvimento do adolescente.

Apesar da reduzida quantidade de insumos disponível, os enfermeiros conseguem, as práticas de educação em saúde.

Devido às dificuldades relacionadas às habilidades e à capacitação para lidar com os adolescentes, é que torna-se necessário um aprimoramento nos conhecimentos dos enfermeiros relacionados à adolescência, para haja a melhoria na prestação de serviço e mudança significativa nos indicadores de saúde dessa população.

DESCRITORES: Enfermagem, Adolescente, Infecções Sexualmente Transmissíveis. REFERÊNCIAS

BARDIN, L., editora. Análise de Conteúdo. Edições 70. Lisboa: Presses Universitaires de France; 2002. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96. Decreto nº93.933, de Janeiro de 1987. Estabelece critérios sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Bioética. Vol. 4, n. 2. Suplemento, 1996. p.15-25. BRASIL. Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o estatuto da criança e do adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília (DF), 13 de Julho de 1990. BRASILc. Ministério da Saúde. Política Nacional da Atenção Básica. Série Pactos Pela Saúde. Volume 4. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2006.

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Referências

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