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ANAIS ANÁLISE DA SITUAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL DA UNIÃO NOS ANOS DE 2015 E 2016

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ANAIS

* A revisão gramatical, ortográfica, ABNT ou APA foi realizada pelos autores.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL DA UNIÃO NOS ANOS DE 2015 E 2016

Rafel Peres Machado (Universidade Federal de Pelotas)

Rodrigo Serpa Pinto (Universidade Federal de Pelotas) Resumo: Apresenta-se como objetivo deste artigo analisar a situação orçamentária,

financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016 por meio de seus Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais Consolidados e de suas Demonstrações das Variações Patrimoniais Consolidadas. Para realização da análise foram utilizados quocientes sugeridos por Kohama (2015). Classifica-se esta pesquisa como descritiva quanto aos objetivos e como documental quanto à técnica utilizada para a coleta de dados. Os resultados encontrados são preocupantes. Identificou-se, por exemplo, que a Receita Corrente realizada em cada ano analisado não foi suficiente para cobrir a Despesa Corrente empenhada, tornando-se necessária a utilização de receita de capital para cobrir essas despesas que ultrapassaram os montantes de receita corrente. Identificou-se, também, que a União sofreu com déficit patrimonial tanto em 2015 quanto em 2016, tendo apresentado decréscimo expressivo de seu patrimônio líquido no período. Se no final de 2014, o Patrimônio líquido era de cerca de 118,1 bilhões de reais positivos, no final de 2015 chegou a um montante negativo de cerca de 1,424 trilhões de reais e em 2016 a situação foi agravada com o encerramento do ano em mais de 2 trilhões de reais negativos. Esses resultados deixaram evidente a urgência quanto à necessidade de a União equilibrar suas contas melhorando seus resultados por meio de políticas e gestão capazes de proporcionar diminuição de despesas públicas e aumento de arrecadação por meio de desenvolvimento da economia nacional e do eficiente combate à sonegação fiscal, aumento de arrecadação que seja atingido de um modo que não gere maior prejuízo ao desenvolvimento da economia brasileira e opressão e empobrecimento à sua população com o simples aumento de carga tributária, o que poderia gerar, no longo prazo, nova redução de arrecadação e aumento de despesas públicas.

Palavras-chave: Situação Orçamentária, Financeira e Patrimonial; Demonstrações

Contábeis; Contabilidade Pública. 1 INTRODUÇÃO

A análise de demonstrações contábeis é de grande importância em qualquer tipo de entidade, seja pública ou privada, pois, por meio dela, é possível que o seu gestor ou outras pessoas interessadas (auditores, acionistas, sociedade, entre outros), consigam analisar e identificar sua situação em vários aspectos como financeiro e patrimonial. Apesar de ambos os tipos de entidades, pública e privada,

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1080 utilizarem-se de análise de demonstrações contábeis e existirem semelhanças na contabilidade aplicada às duas esferas, há, entretanto, diversas diferenças em virtude das finalidades de cada uma.

Conforme explicam Coelho e Quintana (2008, p. 3), diferentemente do que ocorre nos demais ramos da ciência contábil que são regidos pela Lei nº 6.404/76, a qual dispõe sobre as Sociedades Anônimas, na contabilidade pública devem ser seguidas as regras das Leis nº. 4.320/1964 e nº. 101/2000.

Na esfera pública, a contabilidade apresenta, como sua característica básica diferenciadora da contabilidade privada, a utilização constante do orçamento, em função de ela trabalhar com metas nas quais as receitas (que serão arrecadadas) são estimadas e as despesas fixadas, objetivando um maior controle, buscando-se, assim, uma situação de equilíbrio. São utilizados, para isso, “instrumentos como o Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA)” (RESENDE; GOMES; LEROY, 2016, p. 176).

Na Contabilidade Aplicada ao Setor Público, as demonstrações contábeis “assumem papel fundamental” por entregarem informações que possibilitam a promoção da “transparência dos resultados orçamentário, financeiro, econômico e patrimonial do setor público” (BRASIL, 2012, p. 5). Para que se consiga analisar as contas públicas brasileiras, é muito importante que se conheça a Parte V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Essa parte do manual visa padronizar “os conceitos, as regras e os procedimentos relativos às demonstrações contábeis do setor público a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios”, possibilitando que as contas públicas em âmbito nacional sejam evidenciadas e consolidadas “em consonância com os procedimentos do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP)” (BRASIL, 2012, p. 5).

Segundo afirmam Resende, Gomes e Leroy (2016, p. 182), faz-se necessário, na administração pública, que se utilize técnicas para controle e análise, para que se torne possível a obtenção de conhecimento da atual situação e a tomada de decisões baseadas “em projeções futuras relativas às tendências verificadas na análise de dados”. Além disso, “as demonstrações não devem ser elaboradas apenas para cumprimento da legislação”. Elas devem servir “como instrumentos de gestão, o que se torna possível quando são extraídos dados dos balanços para fins de análise e interpretação.”

Nesse sentido, apresenta-se como objetivo deste artigo analisar a situação orçamentária, financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016 por meio de seus Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais Consolidados e de suas Demonstrações das Variações Patrimoniais Consolidadas referentes a esses dois anos.

Entre as justificativas que podem ser dadas relativamente à relevância do tema está a necessidade de que a acadêmia contribua com o desenvolvimento da gestão pública no que diz respeito às finanças públicas, apresentando pareceres alternativos relativos às contas públicas da União e/ou de outros entes públicos, não se limitando, portanto, às análises dos agentes públicos responsáveis pela prestação de contas nem às dos órgãos públicos de fiscalização e controle como Tribunais de Contas e Controladorias, ampliando-se, assim, o poder da sociedade para exercer o controle social sobre a utilização de recursos públicos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Demonstrações contábeis públicas

Conforme explica Kohama (2015, p. 1), o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) “é estruturado e organizado com base na aplicação de um Plano de Contabilidade Aplicado ao Setor Público, formado por um conjunto de contas previamente estabelecido.” Este Plano possibilita a obtenção de informações que são necessárias para que se proceda a elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis de acordo com “as características gerais da entidade, possibilitando a padronização de procedimentos contábeis nos três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal).”

É afirmado no MCASP que as Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) são compostas pelas demonstrações enumeradas pela Lei nº 4.320/1964 e pelas exigidas por meio da Lei Complementar nº 101/2000 e da NBC T 16. 6 – Demonstrações Contábeis. São elas:

a. Balanço Orçamentário; b. Balanço Financeiro; c. Balanço Patrimonial;

d. Demonstração das Variações Patrimoniais; e. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);

f. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) (BRASIL, 2014, p. 309).

Os quatro primeiros tipos de Demonstrações Contábeis dessa lista serão objeto de análise neste artigo. Sendo assim, explicaremos sucintamente cada um deles. De acordo com o Art. 102 da Lei 4.320/1964, “o Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas.” (BRASIL, 1964, s. p.). Kohama (2015, p. 4) comenta que é possível conceituarmos o balanço orçamentário como sendo “um quadro de contabilidade com duas seções”. Nesse quadro são distribuídas, “não só as “receitas previstas” no orçamento, como também as “realizadas””. E, de forma idêntica, “as “despesas fixadas” e as “realizadas”, igualando-se as somas opostas com os resultados, o previsto e o realizado, e o déficit ou superávit.

Quanto ao Balanço Financeiro, é possível afirmar, de acordo com o MCASP (BRASIL, 2016, p. 378), que esse tipo de balanço “é composto por um único quadro que evidencia a movimentação financeira das entidades do setor público, demonstrando:”

a. a receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, por fonte / destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as vinculadas;

b. os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários;

c. as transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou independentes da execução orçamentária, destacando os aportes de recursos para o RPPS; e

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1082 Para propiciar uma melhor compreensão, Kohama (2015, p. 9) compara o balanço financeiro “como um grande cofre”. Ele elucida sua comparação com a seguinte explicação:

[…] no início do exercício sabemos quanto há nele guardado (em caixa/bancos) e disponível. Na movimentação dinâmica que, fatalmente, ocorrerá durante o exercício financeiro, tudo o que entrar em numerário ou depósito bancário será considerado Receita, quer de origem orçamentária, quer de origem não orçamentária, e será acrescido aos valores já existentes no cofre; em caso contrário, também por força dessa movimentação dinâmica, tudo o que for retirado do cofre em numerário ou saque bancário será considerado Despesa e poderá ser de origem orçamentária ou extraorçamentária, e ser deduzido dos valores existentes no cofre. Evidentemente, registrando todas essas movimentações, teremos a seguinte situação: saldo inicial (exercício anterior) + entradas (receitas) – saídas (despesas) = saldo existente (que passa para o exercício seguinte).

A seguir, trataremos a respeito do Balanço Patrimonial (BP) e da Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP). Segundo Kohama (2015, p. 11), é por meio desses dois instrumentos que ocorrerão os registros, relativos ao sistema patrimonial, pelos quais é demonstrada a movimentação escriturada.

Quanto ao BP, podemos afirmar que esse é a demonstração contábil que põe em evidência, de forma qualitativa e quantitativa, “a situação patrimonial da entidade pública por meio de contas representativas do patrimônio público, bem como os atos potenciais, que são registrados em contas de compensação (natureza de informação de controle)” (BRASIL, 2016, p. 384).

No MCASP (BRASIL, 2016, p. 384), conforme estabelecido na sua Parte II – Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP), os ativos e passivos do BP “são conceituados e segregados em circulante e não circulante”. Nesse manual, é explicado que a Lei nº 4.320/1964 conferiu “viés orçamentário ao Balanço Patrimonial” por separar o ativo e o passivo em dois grupos (Financeiro e Permanente), “em função da dependência ou não de autorização legislativa ou orçamentária para realização dos itens que o compõem.” Em virtude disso, a Portaria STN nº 438/2012 alterou “as estruturas das demonstrações contábeis contidas nos anexos da Lei nº 4.320/1964”, de acordo com os novos padrões da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP). Desde de então, há no Balanço Patrimonial “a visão patrimonial como base para análise e registro dos fatos contábeis.” Dessa forma, esse balanço “é composto por: a. Quadro Principal; b. Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e Permanentes; c. Quadro das Contas de Compensação (controle); e d. Quadro do Superávit / Déficit Financeiro.”

Já quanto à DVP, pode-se dizer que esta “evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício”, conformou ficou estabelecido por meio do Art. 104 da Lei Nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964, s. p.).

Na DVP “são demonstrados os registros do subsistema de informações patrimoniais, evidenciando a movimentação ocorrida no patrimônio, resultante de alterações nos valores de qualquer dos elementos do patrimônio público”, seja por aquisição, alienação, “dívida contraída, dívida liquidada, depreciação ou valoriza-

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1083 ção, amortização, superveniência, insubsistência, efeitos da execução orçamentária e resultado do exercício financeiro” (KOHAMA, 2015, p. 15).

A função da DVP se assemelha à da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a qual é utilizada pelo setor privado. Entretanto, diferentemente do que ocorre no setor público com a utilização da DVP, a DRE “apura o resultado em termos de lucro ou prejuízo líquido, como um dos principais indicadores de desempenho da entidade.” No setor público, porém, o resultado patrimonial não é considerado como um indicador de desempenho, mas, sim, como um “medidor do quanto o serviço público ofertado promoveu alterações quantitativas dos elementos patrimoniais.” A Demonstração das Variações Patrimoniais possibilita “a análise de como as políticas adotadas provocaram alterações no patrimônio público, considerando-se a finalidade de atender às demandas da sociedade” (BRASIL, 2016, p. 395).

No setor público, conforme é explicado no MCASP, o resultado patrimonial do período é apurado por meio da DVP, realizando-se o “confronto entre as variações patrimoniais quantitativas aumentativas e diminutivas. O valor apurado passa a compor o saldo patrimonial do Balanço Patrimonial (BP) do exercício” (BRASIL, 2016, p. 395).

2.2 Análise e Interpretação das demonstrações contábeis públicas

Assim como é afirmado na 7ª. Edição do Manual de Contabilidade Pública Aplicada ao Setor Público (BRASIL, 2016, p. 22) “o objetivo principal da maioria das entidades do setor público é prestar serviços à sociedade, em vez de obter lucros e gerar retorno financeiro aos investidores.” São exemplos do que está incluído nesses serviços “programas e políticas de bem-estar, educação pública, segurança nacional e defesa nacional.” Em virtude disso, “o desempenho de tais entidades pode ser apenas parcialmente avaliado por meio da análise da situação patrimonial, do desempenho e dos fluxos de caixa.”

Conforme explica Kohama (2015, p. 121) “o trabalho de análise e interpretação de balanços públicos deve ser efetuado de maneira diferente daquela praticada para o balanço das entidades privadas empresariais (comerciais e industriais, principalmente).” Nas entidades privadas existe a preocupação com questões relativas a, por exemplo, rentabilidade, resultado de lucros e perdas, índices de liquidez e imobilização de capitais. Porém, nas entidades públicas, há preocupações de outra ordem, em função de os resultados serem apresentados por meio da utilização de três balanços. Um deles é o “orçamentário, que apresenta o resultado da movimentação orçamentária”, outro é o “financeiro, que apresenta o resultado do movimento financeiro” e o terceiro é o “patrimonial, que apresenta o resultado da movimentação e variação patrimonial ocorrida no exercício.”

Resende, Gomes e Leroy (2016, p. 176) afirmam que é possível, por meio da análise de balanços, utilizando-se a aplicação de índices, “extrair informações que levam às causas e efeitos das variações sobre o patrimônio público, possibilitando-se, assim, a promoção do princípio da eficiência.”

Para a análise e interpretação das demonstrações contábeis públicas da União, utilizaremos os quocientes sugeridos como adequados para essa finalidade por Kohama (2015). Ele apresenta quocientes para os quatro primeiros tipos de

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1084 demonstrações contábeis apresentadas pelo MCASP. Utilizaremos os que nos parecem ser os principais para a análise em questão, conforme apresentado nos Quadros 1, 2, 3 e 4.

Quadro 1 - Quocientes relativos ao balanço orçamentário Nome do

Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente

Quociente de Execução da

Receita

Receita Realizada = Previsão inicial

1 = Receita Realizada é igual a Receita Prevista Inicial. Essa hipótese, embora

possível, dificilmente ocorrerá.

maior que 1 = Receita Realizada é maior que a Receita Prevista Inicial, portanto, a

diferença representa o excesso de arrecadação. Essa hipótese é a que possui maior chance de ocorrer.

menor que 1 = Receita Realizada é menor que a Receita Prevista Inicial, portanto, a

diferença representa que a receita realizada não atingiu o valor da receita prevista, portanto, demonstra que a arrecadação foi menor do que a prevista.

Quociente de Equilíbrio Orçamentário

Dotação Atualizada = Previsão Inicial

1 = Dotação Atualizada é igual à Receita Prevista Inicial. Essa hipótese demonstra

que não houve acréscimo relativo a créditos adicionais abertos.

maior que 1 = Dotação Atualizada é maior que a Receita Prevista Inicial, portanto a

diferença representa o montante de Créditos Adicionais Abertos.

menor que 1 = Dotação Atualizada é menor que a Receita Prevista Inicial, portanto a

diferença representa o montante da Receita Prevista Inicial superior à Dotação Atualizada. Essa situação, embora dificilmente ocorra, deve refletir o fato de que a Lei de Orçamento pode ter sido aprovada com “superávit” e não com equilíbrio orçamentário. Quociente da Execução da Despesa Despesas Empenhadas = Dotação Atualizada

1 = A Despesa Empenhada é igual à Dotação Atualizada. Essa hipótese, embora

possível, dificilmente ocorrerá, pois demonstrará que o total das dotações orçamentárias autorizadas foi utilizado por meio de empenhos.

maior que 1 = Despesa Empenhada maior do que a Dotação Atualizada. Essa

hipótese jamais poderá ocorrer, porquanto demonstrará a utilização de dotação orçamentária, sem a devida autorização legal.

menor que 1 = Despesa Empenhada menor do que a Dotação Atualizada. Essa

hipótese representará o quanto a Despesa Atualizada (fixada legalmente) foi utilizada como Despesa Empenhada. E a diferença representará a economia orçamentária, ou seja, quanto deixou de ser utilizado como Despesa Empenhada, em relação à Dotação Atualizada. Essa deverá ser a hipótese usual, ou seja, aquela que geralmente ocorrerá. Quociente da Execução Orçamentária Corrente Receita Corrente = Despesa Corrente

1 = A Receita Corrente realizada no exercício é igual à Despesa Corrente empenhada

no exercício. Esse quociente demonstrará haver equilíbrio, pois para cada 1,00 de receita corrente, foi empenhado 1,00 em despesa corrente. Essa hipótese, embora possível, dificilmente ocorrerá, pois demonstrará que o total das receitas correntes realizada foi utilizado para cobrir empenhos de despesas correntes.

maior que 1 = Receita Corrente realizada maior do que a Despesa Corrente

empenhada no exercício. Essa hipótese é a desejável, porquanto demonstrará que parte da receita corrente realizada poderá ser utilizada para cobertura de despesas de capital.

menor que 1 = Receita Corrente realizada menor do que a Despesa Corrente

empenhada. Essa hipótese não deverá ocorrer, pois demonstrará que a Receita Corrente realizada não será suficiente para cobrir a Despesa Corrente empenhada.

Quociente da Execução Orçamentária de Capital Receita de Capital = Despesa de Capital

1 = A Receita de Capital realizada no exercício é igual à Despesa de Capital

empenhada no exercício. Esse quociente demonstrará haver equilíbrio, pois para cada 1,00 de receita de capital foi empenhado 1,00 em despesa de capital. Essa hipótese, embora possível sua ocorrência, não é normal, pois demonstrará que o total das receitas de capital realizado foi utilizado para cobrir empenhos de despesas de capital.

maior que 1 = Receita de Capital realizada maior do que a Despesa de Capital

empenhada no exercício. Essa hipótese é indesejável, porquanto demonstrará que parte da receita de capital realizada não será utilizada para cobertura de despesas de capital. Também nessa hipótese, embora possível, sua ocorrência não é normal.

menor que 1 = Receita de Capital realizada menor do que a Despesa de Capital

empenhada. Essa hipótese é de ocorrência normal, pois demonstrará que a Receita de Capital realizada não será suficiente para cobrir a Despesa de Capital empenhada

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e a diferença deverá utilizar a cobertura de receita corrente.

Quociente do Resultado Orçamentário

Receitas Realizadas = Despesas Empenhadas

1 = O valor das Receitas Realizadas é igual ao das Despesas Empenhadas. Essa

hipótese é possível, e demonstrará que houve um equilíbrio orçamentário, porém, de difícil ocorrência.

maior que 1 = As Receitas Realizadas são maiores do que as Despesas

Empenhadas. Essa hipótese demonstrará a existência de um “superávit” orçamentário de execução, entretanto, se acontecer, a sua ocorrência pode ser considerada normal.

menor que 1 = As Receitas Realizadas são menores do que as Despesas

Empenhadas. Essa hipótese demonstrará a existência de um “déficit” orçamentário de execução. Aqui, também, será necessária uma verificação para se examinar se não houve emissão de empenho de capital, que, eventualmente, dependa de recebimento de empréstimo ou financiamento para cobrir o seu pagamento, embora já tenha sido empenhada. Essa situação não pode ser considerada normal, mas, se considerada transitória, não deverá ocorrer com frequência.

Fonte: Kohama (2015, p. 127-134) com forma de apresentação adaptada

Quadro 2 - Quocientes relativos ao balanço financeiro Nome do

Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente

Quociente da Execução Orçamentária Receita Orçamentária = Despesa Orçamentária

1 = Receita Orçamentária realizada igual à Despesa Orçamentária realizada. Essa

hipótese, embora possível, é de difícil ocorrência.

maior que 1 = Receita Orçamentária realizada maior do que a Despesa

Orçamentária realizada. Essa hipótese apresentará a existência de um superávit orçamentário na execução e movimentação financeira.

menor que 1 = Receita Orçamentária realizada menor do que a Despesa

Orçamentária realizada. Essa hipótese apresentará a existência de um déficit orçamentário na execução da movimentação financeira.

Quociente Financeiro Real da Execução Orçamentária Receita Orçamentária = Despesa Orçamentária Paga

1 = Receita Orçamentária realizada igual Despesa Orçamentária, menos os Restos

a Pagar Inscritos no exercício. Essa hipótese demonstrará haver igualdade na execução orçamentária e financeira, se fosse utilizado o regime de caixa também para a Despesa Orçamentária.

maior que 1 = Receita Orçamentária realizada maior do que a Despesa

Orçamentária menos os Restos a Pagar inscritos no exercício. Essa hipótese refletirá que existe superávit na execução orçamentária e financeira, se for utilizado o regime de caixa também para a Despesa Orçamentária.

menor que 1 = Receita Orçamentária realizada menor do que a Despesa

Orçamentária menos os Restos a Pagar inscritos no exercício. Essa hipótese significará que, mesmo sendo utilizado o regime de caixa também para a Despesa Orçamentária, haverá déficit na execução orçamentária e financeira.

Quociente de Execução Extraorçamentária Receita Extraorçamentária = Despesa Extraorçamentária

1 = Receita Extraorçamentária igual à Despesa Extraorçamentária. Essa hipótese

demonstra haver equilíbrio entre a Receita Extraorçamentária e a Despesa Extraorçamentária.

maior que 1 = Receita Extraorçamentária maior do que a Despesa

Extraorçamentária. Essa hipótese reflete que a Receita Extraorçamentária é superior à Despesa Extraorçamentária.

menor que 1 = Receita Extraorçamentária menor do que a Despesa

Extraorçamentária. Essa hipótese demonstra que a Receita Extraorçamentária é inferior à Despesa Extraorçamentária.

Quociente do Resultado da Execução Financeira Receita (Orçamentária + Extraorçamentária = Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária)

1 = A soma da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é igual à soma da

Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária), o que demonstrará equilíbrio.

maior que 1 = A soma da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é maior do

que a soma da Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária). Essa hipótese demonstrará que a soma total dos recebimentos do exercício é maior do que a soma total dos pagamentos do exercício, portanto, houve um superávit financeiro.

menor que 1 = A soma da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é menor do

que a soma da Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária). Essa hipótese demonstrará que a soma total dos recebimentos do exercício é menor do que a soma total dos pagamentos do exercício, portanto, houve um déficit financeiro. Quociente dos

Resultados dos

Saldo que passa para o Exercício Seguinte =

1 = Saldo que passa para o Exercício Seguinte igual ao Saldo do Exercício

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1086

Saldos Financeiros Saldo do Exercício Anterior

ocorridos no exercício.

maior que 1 = Saldo que passa para o Exercício Seguinte maior do que o Saldo do

Exercício Anterior. Esta hipótese demonstrará que o Saldo que passa para o Exercício Seguinte, sendo maior do que o Saldo do Exercício Anterior, constitui-se num "superávit" financeiro, ou seja, os recebimentos do exercício foram maiores do que os pagamentos do exercício.

menor que 1 = Saldo que passa para o Exercício Seguinte menor do que o Saldo

do Exercício Anterior. Essa hipótese demonstrará que o Saldo que passa para o Exercício Seguinte, sendo menor do que o Saldo do Exercício Anterior, identificará que houve um déficit financeiro, isto é, os recebimentos do exercício foram menores do que os pagamentos do exercício.

Fonte: Kohoma (2015, p. 142-147) com forma de apresentação adaptada

Quadro 3 - Quocientes relativos ao balanço patrimonial Nome do

Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente

Quociente de Liquidez Corrente

Ativo Circulante = Passivo Circulante

1 = A soma do Ativo Circulante é igual à soma do Passivo Circulante.

maior que 1 = A soma do Ativo Circulante é maior do que soma do Passivo Circulante.

Essa hipótese demonstrará a existência de recursos financeiros disponíveis ou realizáveis no período dos doze meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis, superiores à soma dos compromissos a pagar de curto prazo, ou seja, aqueles que deverão ser cumpridos, geralmente, até o final do exercício seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial.

menor que 1 = A soma do Ativo Circulante é menor do que a soma do Passivo

Circulante. Essa hipótese demonstrará que os recursos financeiros disponíveis ou realizáveis no período dos doze meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis são inferiores à soma dos compromissos a pagar de curto prazo, ou seja, aqueles que deverão ser cumpridos, geralmente, até o final do exercício seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial.

Quociente de Liquidez Geral

Ativo (Circulante + Realizável a Longo Prazo) = Passivo (Circulante + Não

Circulante)

1 = A soma do Ativo (Circulante + Realizável a Longo Prazo) é igual à soma do Passivo

(Circulante + Não Circulante).

maior que 1 = A soma do Ativo (Circulante + Realizável a Longo Prazo) é maior do que

a soma do Passivo (Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará a existência de recursos financeiros disponíveis, mais os bens e direitos realizáveis após os doze meses seguintes à data de publicação das demonstrações contábeis, superiores à soma dos compromissos a pagar de curto prazo e longo prazo, ou seja, aqueles que deverão ser cumpridos, geralmente, até o final do exercício seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial, mais os que deverão ser cumpridos após o final daquele exercício.

menor que 1 = A soma do Ativo (Circulante + Realizável a Longo Prazo) é menor do

que a soma do Passivo (Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará que os recursos financeiros disponíveis, mais os bens e direitos realizáveis após os doze meses seguintes à data de publicação das demonstrações contábeis são inferiores à soma dos compromissos a pagar de curto e longo prazos, ou seja, aqueles que deverão ser cumpridos, geralmente, durante o exercício seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial, mais os que deverão ser cumpridos após o final daquele exercício.

Quociente da Composição do

Endividamento

Passivo Circulante = Passivo (Circulante + Não

Circulante)

1 = A soma Passivo Circulante é igual à soma do Passivo (Circulante + Não Circulante). maior que 1 = A soma do Passivo Circulante é maior do que a soma do Passivo

(Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará a existência de obrigações de curto prazo, maiores do que a soma do Passivo (Circulante + Não Circulante), que é completamente impossível de acontecer.

menor que 1 = A soma do Passivo Circulante é menor do que a soma do Passivo

(Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará que as obrigações de curto prazo são menores do que a somatória das obrigações de curto mais longo prazos, e indicará a composição percentual do endividamento, ou seja, qual o percentual relativo à dívida de curto prazo em relação ao total da dívida.

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1087 Quociente do Resultado Patrimonial Ativo Total = Passivo Total

1 = A soma do Ativo Total é igual à soma do Passivo Total.

maior que 1 = A soma do Ativo Total é maior do que a soma do Passivo Total. Essa

hipótese demonstrará que a soma dos bens e direitos disponíveis, ou realizáveis a curto e longo prazos, é superior à soma das obrigações exigíveis de curto e longo prazos.

menor que 1 = A soma do Ativo Total é menor do que a soma do Passivo Total. Essa

hipótese demonstrará que a soma dos bens e direitos, disponíveis ou realizáveis a curto e longo prazos, é inferior à soma das obrigações exigíveis de curto e longo prazos.

Fonte: Kohama (2015, p. 154-157) com forma de apresentação adaptada

Quadro 4 - Quocientes relativos à demonstração das variações patrimoniais Nome do

Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente

Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais Variações Patrimoniais Aumentativas = Variações Patrimoniais Diminutivas

1 = O total das variações Patrimoniais Aumentativas é igual ao total das variações

Patrimoniais Diminutivas.

maior que 1 = O total das variações Patrimoniais Aumentativas é maior do que o total

das variações Patrimoniais Diminutivas. Essa hipótese reflete que o total das variações Patrimoniais Aumentativas é superior ao total das variações Patrimoniais Diminutivas, ou seja, que o resultado representa um “superávit” na relação entre as variações patrimoniais onde as aumentativas são superiores às diminutivas.

menor que 1 = O total das variações Patrimoniais Aumentativas é menor do que o total

das variações Patrimoniais Diminutivas. Essa hipótese reflete que o total das variações Patrimoniais Aumentativas é inferior ao total das variações Patrimoniais Diminutivas, ou seja, que o resultado representa um “déficit” na relação entre as variações patrimoniais onde as aumentativas são menores do que as diminutivas.

Fonte: Kohama (2015, p. 177) com forma de apresentação adaptada

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Quanto aos objetivos mais gerais, esta pesquisa pode ser classificada como descritiva, pois ela tem como propósito descrever a situação orçamentária, financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016. Segundo Gil (2010, p. 27-28), as pesquisas descritivas objetivam descrever as “características de determinada população” ou “identificar possíveis relações entre variáveis.” O autor dá vários exemplos de pesquisas que se enquadram em pesquisas descritivas. Ele comenta que entre elas se destacam as que visam estudar as características de um grupo como sexo, sua distribuição por idade, procedência, estado de saúde física e mental, nível de escolaridade etc. Outras pesquisas do mesmo tipo são as que buscam “estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra etc.”

Enquadram-se, ainda, em pesquisas descritivas, segundo o autor, as que visam “descobrir a existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de escolaridade.” O autor afirma, também, que há pesquisas que são consideradas como descritivas com base em seus objetivos, mas que se aproximam das pesquisas exploratórias por servirem para proporcionar uma visão nova do problema.

A técnica utilizada para a coleta de dados foi a pesquisa documental visto que foram utilizados os Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais e as Demonstrações das Variações Patrimoniais da União relativas aos anos de 2015 e 2016, apresentados nos Balanços Gerais da União Consolidados, conforme descrito no Quadro 5. Conforme explicam Marconi e Lakatos (2003, p. 174), as pesquisas

(10)

1088 documentais são denominadas de fonte primária e apresentam como característica o fato de a fonte de coleta de dados estar restrita a documentos, sejam eles escritos ou não.

De acordo com Gil (2010, p. 122), entre as fontes documentais principais estão: “(1) documentos pessoais; (2) documentos administrativos; (3) material publicado em jornais e revistas; (4) publicações de organizações; (5) documentos disponibilizados pela Internet; (6) registros cursivos; e (7) artefatos físicos e vestígios”.

Quadro 5 – Fonte das demonstrações contábeis analisadas

ARQUIVOS

ANALISADOS ENDEREÇO ELETRÔNICO ACESSADO

DATA DE ACESSO - BGU 2015 - DCON e Notas Explicativas - e BGU 2016 - DCON e Notas Explicativas http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/balanco-geral-da-uniao 01/04/2018

Fonte: Elaborado pelo autor

Para análise e interpretação das demonstrações contábeis foram utilizados alguns dos quocientes sugeridos por Kohama (2015), conforme apresentados nos Quadros 1, 2, 3 e 4.

4 RESULTADOS

Em virtude da extensão das demonstrações contábeis analisadas, torna-se inviável apresentá-los nesse texto. Portanto, serão apresentados apenas os números das principais variáveis necessárias para calcularmos os quocientes utilizados na análise.

Para cada demonstração contábil analisada, serão apresentados os respectivos dados que delas foram extraídos, os quocientes encontrados e a interpretação de cada um deles com base em Kohama (2015).

4.1 Análise dos balanços orçamentários

Quadro 6 - Dados extraídos dos Balanços Orçamentários

VARIÁVEL Quantitativo de Cada Ano (R$)

2015 2016 Despesa Corrente 1.518.408.167.000,00 1.621.541.941.000,00 Despesa de Capital 291.736.229.000,00 386.110.355.000,00 Despesas Empenhadas 2.382.042.570.000,00 2.661.473.992.000,00 Dotação Atualizada 2.938.486.110.000,00 3.003.407.558.000,00 Previsão Inicial 2.876.676.947.000,00 2.953.546.387.000,00 Receita Corrente 1.325.741.287.000,00 1.396.644.111.000,00 Receita de Capital 561.094.622.000,00 688.352.566.000,00 Receita Realizada 2.662.347.409.000,00 2.837.510.076.000,00

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1089 Quadro 7 - Quocientes encontrados relativos aos Balanços Orçamentários

QUOCIENTE Resultados de Cada Ano

2015 2016

Quociente de Execução da Receita 0,9255 0,9607

Quociente de Equilíbrio Orçamentário 1,0215 1,0169

Quociente da Execução da Despesa 0,8106 0,8862

Quociente da Execução Orçamentária Corrente 0,8731 0,8613

Quociente da Execução Orçamentária de Capital 1,9233 1,7828

Quociente do Resultado Orçamentário 1,1177 1,0661

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015)

4.1.1 Quociente de execução da receita

É possível perceber, com base nos quocientes de execução da receita expostos no Quadro 7, que nos dois anos analisados os resultados encontrados foram menores do que 1, especificamente 0,9255 e 0,9607. Isso demonstra que a Receita Realizada foi menor que a Receita Prevista Inicial e que a arrecadação foi menor do que a prevista tanto em 2015 quanto em 2016.

4.1.2 Quociente do equilíbrio orçamentário

Já os quocientes relativos ao equilíbrio orçamentário foram maiores do que 1 nos dois anos analisados. Esses resultados demonstram que a Dotação Atualizada foi maior que a Receita Prevista Inicial nos dois anos analisados. Isso demonstra que em 2015 e 2016 a União precisou abrir créditos adicionais e, segundo Kohama (2015, p. 128), essa diferença representa o montante de Créditos Adicionais Abertos.

4.1.3 Quociente da execução da despesa

Neste quociente, os resultados se demonstraram dentro da normalidade porque o quociente resultou menor que 1. Isso significa que a Despesa Empenhada foi menor do que a Dotação Atualizada (fixada legalmente). A diferença representa a economia orçamentária.

Geralmente, esse é o resultado encontrado porque dificilmente se encontra o quociente igual a 1, pois, para isso, é necessário se empenhar com precisão todo o valor autorizado e só é possível se encontrar um quociente maior que 1 caso se incorra em uma ilegalidade, isto é, utilize-se de uma dotação orçamentária maior do que a autorizada legalmente.

Os quocientes encontrados são de 0,8106 e 0,8862 para 2015 e 2016, respectivamente. Isso indica que apenas cerca de 81,06% da dotação autorizada foi empenhada em 2015 e cerca de 88,62% em 2016.

(12)

1090 Os resultados encontrados relativos à Execução Orçamentária Corrente demonstram que a União obteve quocientes menores que 1, iguais a 0,8731 e 0,8613. Esses resultados são negativos, ruins, e não devem ocorrer porque demonstram que a Receita Corrente realizada não foi suficiente para cobrir a Despesa Corrente empenhada em cada um dos anos analisados.

Conforme explica Kohama (2015, p. 130), nessa situação será necessária a utilização de receita de capital para cobrir as despesas correntes em lugar das receitas correntes que forem insuficientes. O autor afirma, ainda, que “em se tratando de receita de capital, obviamente, será proveniente de operações de crédito (empréstimo ou financiamento) legalmente autorizadas.”

4.1.5 Quociente da execução orçamentária de capital

Conforme apresentado no Quadro 7, os Quocientes da Execução Orçamentária de Capital da União foram de 1,9233 em 2015 e de 1,7828 em 2016. Conforme explica Kohama (2015, p. 131-132), o resultado maior do que 1 para esse quociente demonstra que a Receita de Capital realizada é maior do que a Despesa de Capital empenhada no exercício. Essa situação, segundo o autor, embora seja possível de acontecer, não é normal e é um resultado “indesejável”, jamais deverá ocorrer porque “demonstrará que parte da receita de capital realizada não será utilizada para cobertura de despesas de capital.”

O resultado esperado é o que seja menor do que 1, entretanto, “o mais próximo possível de 1”. O resultado acontece quando a Receita de Capital realizada é menor do que a Despesa de Capital empenhada. Esse resultado “é de ocorrência normal,” porque demonstra que a Receita de Capital realizada não é suficiente para cobrir a Despesa de Capital empenhada e a diferença deverá utilizar a cobertura de receita corrente (KOHAMA, 2015, p. 131-132).

Um bom resultado seria, então, que a União tivesse obtido uma Receita Corrente maior do que a sua Despesa Corrente para que assim houvesse um superávit orçamentário corrente que pudesse ser utilizado para cobrir parte das Despesas de Capital. Entretanto, como comentamos no item anterior, a União obteve um Quociente da Execução Orçamentária Corrente menor do que 1, ou seja, sua Despesa Corrente foi maior do que sua Receita Corrente o que gerou um déficit orçamentário e a necessidade de utilização de receita de capital para cobrir o restante das despesas correntes em lugar das receitas correntes que foram insuficientes.

4.1.6 Quociente do resultado orçamentário

Os quocientes de resultado orçamentário resultaram em maior que 1, o que indica que houve um superávit orçamentário de execução porque as Receitas Realizadas foram maiores do que as Despesas Empenhadas. Essa ocorrência pode ser considerada normal de acordo com Kohama (2015, p. 132).

Porém, conforme já comentamos, as Receitas Correntes forma insuficientes para cobrir as Despesas Correntes, tornando-se, por isso, necessário se utilizar de Receita de Capital para cobri-las, situação essa que não pode ser considerada como algo positivo.

(13)

1091

4.2 Análise dos balanços financeiros

Quadro 8 - Dados extraídos dos Balanços Financeiros

VARIÁVEL Quantitativo de Cada Ano (R$)

2015 2016

Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária) 2.572.121.939.000,00 2.827.011.547.000,00 Despesa Extraorçamentária 190.079.369.000,00 165.537.555.000,00

Despesa Orçamentária 2.382.042.570.000,00 2.661.473.992.000,00 Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) 2.852.208.605.000,00 2.999.529.963.000,00 Receita Extraorçamentária 189.861.196.000,00 162.019.887.000,00

Receita Orçamentária 2.662.347.409.000,00 2.837.510.076.000,00 Saldo do Exercício Anterior 702.344.764.000,00 982.535.972.000,00 Saldo que passa para o Exercício Seguinte 982.535.972.000,00 1.155.031.335.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações contábeis analisadas

Quadro 9 - Quocientes encontrados relativos aos Balanços Financeiros

QUOCIENTE Resultados de Cada Ano

2015 2016

Quociente da Execução Orçamentária 1,1177 1,0661

Quociente de Execução Extraorçamentária 0,9989 0,9788

Quociente do Resultado da Execução Financeira 1,1089 1,0610 Quociente dos Resultados dos Saldos Financeiros 1,3989 1,1756

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações contábeis analisadas

4.2.1 Quociente da execução orçamentária

“Esse quociente deve demonstrar quanto a Receita Orçamentária representa para o pagamento da Despesa Orçamentária” (KOHAMA, 2015, p. 142). Nele são apresentados os mesmos resultados já apresentados para o Quociente de Resultado Orçamentário, o qual é utilizado para análise dos balanços orçamentários. Isso ocorre porque os montantes de Receitas Realizadas e de Despesas Empenhadas apresentadas nos Balanços Orçamentários também aparecerem nos Balanços Financeiros, porém, com outras denominações, passando a ser apresentados como Receita Orçamentária e Despesa Orçamentária.

A diferença é que no Quociente de Resultado Orçamentário o significado do resultado é traduzido do ponto de vista orçamentário e no Quociente da Execução Orçamentária é traduzido do ponto de vista financeiro, da movimentação financeira, e deve ser analisado em conjunto com os demais quocientes relativos ao estudo sobre o resultado do balanço financeiro. Os resultados de ambos os tipos de quocientes são iguais, entretanto, se no primeiro dizíamos ter ocorrido um superávit orçamentário, quando o quociente se apresentava maior que 1, aqui dizemos que houve um superávit financeiro.

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1092 Conforme explica Kohama (2015, p. 144), esse quociente demonstra “quanto da Receita Extraorçamentária foi realizada, em confronto com o quanto da Despesa Extraorçamentária foi executada.” Segundo o autor, qualquer resultado encontrado relativo a este quociente, seja menor, igual ou maior do que 1, “tenderá a ser considerado normal” caso “as disponibilidades (saldo de caixa/bancos) reflitam a movimentação financeira de origem extraorçamentária ocorrida no exercício,” isto é, “aumento ou diminuição dos saldos das disponibilidades compatível com essa movimentação.”

Os resultados encontrados foram menores do que 1, o que indica que a Receita Extraorçamentária foi menor do que a Despesa Extraorçamentária em cada um dos Balanços Financeiros analisados. Os resultados foram próximos de 1 (0,9989 em 2015 e 0,9788 em 2016). Kohama (2015, p. 144-145) comenta que é desejável que o resultado seja o mais próximo de 1. O autor explica que quando o quociente for menor do que 1 refletirá, por um lado, “uma diminuição da dívida flutuante e, por consequência, diminuição do Passivo Circulante, no Balanço Patrimonial.” Entretanto, “por outro, refletirá a utilização de recursos financeiros, reduzindo as disponibilidades (caixa/ bancos) existentes.”

4.2.3 Quociente do resultado da execução financeira

Esse quociente deve demonstrar, “a somatória da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) em confronto com a somatória da Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária).” Ele “indicará o Resultado do Balanço Financeiro do exercício.” O resultado considerado normal para esse quociente é o que seja igual a 1 “ou pouco maior do que 1” (KOHAMA, 2015, p. 146).

Assim como pode ser visto no Quadro 9, nos dois anos os resultados foram maiores do que 1, mais especificamente 1,1089 em 2015 e 1,0610 em 2016. Segundo Kohama (2015, p. 145), resultados maiores que 1 indicam que “a soma da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é maior do que a soma da Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária).” Explicando de outra maneira, pode-se dizer que esses resultados demonstram “que a soma total dos recebimentos do exercício é maior do que a soma total dos pagamentos do exercício, portanto, houve um superávit financeiro.”

4.2.4 Quociente dos resultados dos saldos financeiros

Outra forma sugerida por Kohama (2015, p. 146-147) para se obter o resultado do exercício financeiro é a utilização do Quociente dos Resultados dos Saldos Financeiros. Esse quociente apresenta o Resultado do Balanço Financeiro por meio do confrontamento entre o Saldo que passa para o Exercício Seguinte e o Saldo do Exercício Anterior. A princípio, um resultado normal desse quociente é o que seja igual a 1 ou pouco maior do que 1.

Conforme exposto no Quadro 9, os quocientes foram maiores do que 1 tanto em 2015 quanto em 2016, o que indica um superávit financeiro, pois o Saldo que passa para o Exercício Seguinte é superior ao Saldo do Exercício Anterior.

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1093 Apesar de os Quocientes dos Resultados dos Saldos Financeiros e os Quocientes dos Resultados da Execução Financeira terem indicado superávit financeiro como resultado dos exercícios financeiros de 2015 e 2016, novamente ressaltamos que esses resultados não ocorreram por meio de uma situação normal, isto é, não foram gerados por meio de arrecadação de receita corrente, mas, sim, por meio de operações de crédito (empréstimo ou financiamento) legalmente autorizadas.

Para realizarmos uma análise mais substancial sobre o que estamos afirmando, antecipamo-nos um pouco e analisamos os valores de passivos dos Balanços Patrimoniais. Ao se analisar esses balanços é possível perceber que de 2014 para 2015 os Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo aumentaram em cerca de 510,35 bilhões de reais e de 2015 para 2016 aumentaram em quase 710 bilhões, totalizando ao final de 2016 um montante que ultrapassa 4 trilhões de reais.

4.3 Análise dos balanços patrimoniais

Quadro 10 - Dados extraídos dos Balanços Patrimoniais

VARIÁVEL Quantitativo de Cada Ano (R$)

2015 2016

Ativo (Circulante + Realizável a Longo

Prazo) 3.243.422.614.000,00 3.440.068.250.000,00

Ativo Circulante 1.371.018.413.000,00 1.435.192.872.000,00

Ativo Total 4.356.651.564.000,00 4.673.276.304.000,00

Passivo (Circulante + Não Circulante) 5.781.178.879.000,00 6.694.763.723.000,00

Passivo Circulante 1.046.070.069.000,00 1.064.836.357.000,00

Passivo Total 5.781.178.879.000,00 6.694.763.723.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações contábeis analisadas

Quadro 11 - Quocientes encontrados relativos aos Balanços Patrimoniais

QUOCIENTE Resultados de Cada Ano

2015 2016

Quociente de Liquidez Corrente 1,3106 1,3478

Quociente de Liquidez Geral 0,5610 0,5138

Quociente da Composição do Endividamento 0,1809 0,1591

Quociente do Resultado Patrimonial 0,7536 0,6980

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015)

4.3.1 Quociente de liquidez corrente

Segundo Kohama (2015, p. 155), o Quociente de Liquidez Corrente:

“deve demonstrar o quanto os recursos disponíveis ou realizáveis disponíveis ou realizáveis, no período dos doze meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis, representam para o pagamento dos compromissos a pagar de curto prazo, ou seja, exigíveis no período dos doze meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis.

Conforme exposto no Quadro 11, os quocientes foram maiores do que 1, cerca de 1,3106 em 2015 e de 1,3478 em 2016. Esses resultados indicam que a

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1094

soma do Ativo Circulante foi superior à soma do Passivo Circulante, situação que demonstra que há “recursos financeiros disponíveis ou realizáveis no período dos doze meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis, superiores à soma dos compromissos a pagar de curto prazo” (KOHAMA, 2015, p. 155).

4.3.2 Quociente de liquidez geral

Neste quociente, a União obteve resultados de 0,5610 em 2015 e de 0,5138 em 2016, ou seja, menores do que 1, o que, analisando-se apenas do ponto de vista deste quociente, não é um bom resultado, pois significa que em cada um dos balanços patrimoniais a soma dos seus Ativos (Circulante + Realizáveis a Longo Prazo) eram menores do que a soma dos seus Passivos (Circulantes + Não Circulantes).

Esses resultados indicam que os recursos financeiros disponíveis da União, mais os seus bens e direitos realizáveis após os doze meses seguintes à data de publicação das suas demonstrações contábeis eram inferiores à soma dos compromissos a pagar de curto e longo prazos, ou seja, aqueles que deveriam ser cumpridos durante o exercício seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial, mais os que deveriam ser cumpridos após o final daquele exercício.

4.3.3 Quociente da composição do endividamento

Esse quociente demonstra qual é o volume da dívida de curto prazo, em relação ao total da dívida existente no exercício. Todos os resultados encontrados são menores do que 1, assim como era de se esperar que fosse visto que é impossível ocorrer um resultado maior do que 1 e um resultado exatamente igual a 1 é muito difícil de ocorrer, pois seria necessário que toda a dívida da União fosse de curto prazo.

Os resultados terem sido menores do que 1 significa que a soma do Passivo Circulante, em cada balanço patrimonial analisado, demonstrou-se menor do que a soma do Passivo (Circulante + Não Circulante) do respectivo balanço. Isso indica que as obrigações de curto prazo eram menores do que a somatória das obrigações de curto mais longo prazos.

Os resultados de 0,1809 em 2015 e de 0,1591 em 2016, apresentados no Quadro 11, indicam que as obrigações de curto prazo eram, respectivamente, equivalentes a 18,9% e 15,91% da somatória das obrigações de curto mais longo prazos.

4.3.4 Quociente do resultado patrimonial

A União apresentou Quocientes de Resultado Patrimonial menores do que 1, o que indica déficit patrimonial tanto em 2015 quanto em 2016. Essa é uma situação preocupante, pois significa que o seu Ativo Total (bens e direitos) foi menor, em cada um dos anos analisados, do que o respectivo Passivo Total (obrigações) de cada ano.

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1095 Conforme explica Kohama (2015, p. 158), o saldo entre o Ativo Total e o Passivo Total afetará, “fatalmente”, o patrimônio líquido. Aumentará o patrimônio líquido se ocorrer um superávit patrimonial (quando o Ativo Total for maior do que o Passivo Total) e o diminuirá se ocorrer um déficit patrimonial (quando o Ativo Total for menor do que o Passivo Total). Os resultados da União se enquadram nessa última hipótese e terão sua análise aprofundada a seguir, na Análise das Demonstrações das Variações Patrimoniais.

4.4 Análise das demonstrações de variações patrimoniais

Quadro 12 - Dados extraídos das Demonstrações das Variações Patrimoniais

VARIÁVEL Quantitativo de Cada Ano (R$)

2015 2016

Variações Patrimoniais Aumentativas 2.274.106.737.000,00 2.649.036.222.000,00 Variações Patrimoniais Diminutivas 2.514.782.008.000,00 3.192.874.758.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015)

Quadro 13 - Quociente encontrado relativo à Demonstração das Variações Patrimoniais

QUOCIENTE Resultados de Cada Ano

2015 2016

Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais 0,9043 0,8297

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015) 4.4.1 Quociente do resultado das variações patrimoniais

Esse quociente demonstra o resultado patrimonial do exercício, considerando-se positivo o resultado que considerando-seja maior do que 1, pois isso demonstra que considerando-se obteve um superávit patrimonial no exercício analisado. Porém, será considerado negativo o resultado que seja inferior a 1 porque indicará um déficit patrimonial no exercício, causado por uma situação em que as Variações Patrimoniais Aumentativas são menores do que as Variações Patrimoniais Diminutivas.

A União obteve resultados menores do que 1, demonstrando-se, assim, que houve déficit patrimonial nos exercícios de 2015 e 2016. Se observarmos os valores apresentados no Quadro 12, é possível concluirmos que o Resultado Patrimonial do exercício 2015 foi um resultado negativo de mais de 240 bilhões de reais e que no exercício de 2016 o resultado foi pior, ultrapassando-se os 543 bilhões de reais negativos.

Esses resultados deficitários ocasionaram piora do Patrimônio Líquido da União, o qual já estava em situação muito ruim. Se calcularmos a diferença entre o Ativo Total e o Passivo Total de cada um desses anos analisados (rever Quadro 10), poderemos constatar, conforme já poderia ser visto ao examinarmos os Balanços Patrimoniais desses anos, que em 2015 o Total do Patrimônio Líquido da União era de cerca de 1,424 trilhões de reais negativos e que em 2016 piorou para cerca de 2,021 trilhões de reais negativos.

(18)

1096

Tínhamos identificado, anteriormente, que os Quocientes de Resultado Patrimonial foram menores do que 1 tanto em 2015 quanto em 2016. Kohama (2015, p. 157) comenta que se o resultado daquele quociente for menor do que 1, é necessário “se verificar na Demonstração das Variações Patrimoniais as causas que originaram esse efeito patrimonial negativo.”

Entre os maiores valores que geraram os montantes das Variações Patrimoniais Diminutivas, podemos citar as Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras (quase 755 bilhões de reais em 2015 e cerca de 1,03 trilhões em 2016), Benefícios Previdenciários e Assistenciais (cerca de 632,6 bilhões de reais em 2015 e de 727,7 bilhões em 2016), Desvalorização e Perdas de Ativos e Incorporação de Passivos (cerca de 280,5 bilhões de reais em 2015 e de 431,1 bilhões em 2016).

5 CONCLUSÕES

Apresentou-se como objetivo deste artigo analisar a situação orçamentária, financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016 por meio de seus Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais Consolidados e de suas Demonstrações das Variações Patrimoniais Consolidadas referentes a esses dois anos.

Encontrou-se alguns resultados preocupantes. Identificou-se, por exemplo, resultados negativos para a Execução Orçamentária Corrente, o que indica que a Receita Corrente realizada em cada ano analisado não foi suficiente para cobrir a Despesa Corrente empenhada nos respectivos anos. Nessas situações se faz necessária a utilização de receita de capital que provém de operações de crédito, ou seja, empréstimo ou financiamento para cobrir as despesas correntes que ultrapassaram os montantes de receita corrente.

Também concluímos que os resultados dos exercícios financeiros de 2015 e 2016, apesar de terem indicado superávit financeiro, não ocorreram por meio de arrecadação de receita corrente, mas, sim, por meio das operações de crédito já mencionadas, o que gerou maior endividamento ao patrimônio da União.

Em se tratando do aspecto patrimonial, os resultados de cada ano demonstraram bons Quocientes de Liquidez Corrente (Ativo Circulante foi maior do que o Passivo Circulante), entretanto, os Quocientes de Liquidez Geral não foram bons, pois a soma dos Ativos Circulantes + Realizáveis a Longo Prazo foram menores do que a soma dos seus Passivos Circulantes + Não Circulantes.

Os resultados ruins relativos a esse último quociente também ficaram evidentes nos Quocientes de Resultado Patrimonial, por meio dos quais foi demonstrado déficit patrimonial tanto em 2015 quanto em 2016 já que, em cada um desses anos, o seu Ativo Total (bens e direitos) foi menor do que o seu Passivo Total (obrigações). Esse déficit significa diminuição do patrimônio líquido da União, conforme foi constatado também por meio da análise das Demonstrações das

Variações Patrimoniais, as quais demonstraram montantes de Variações

Patrimoniais Diminutivas consideravelmente maiores do que as Variações Patrimoniais Aumentativas.

(19)

1097 No final de 2014, o Patrimônio líquido era de cerca de 118,1 bilhões de reais positivos, porém, em 2015 houve uma baixa finalizando o ano com um montante de cerca de 1,424 trilhões de reais negativos e em 2016 a situação foi agravada com o encerramento do ano com mais de 2 trilhões de reais negativos. Essa situação recorrente nos dois anos demonstra um desequilíbrio nas contas públicas e um contínuo aumento da dívida pública.

Conclui-se que é evidente a urgência quanto à necessidade de a União equilibrar suas contas melhorando seus resultados por meio de políticas e gestão capazes de proporcionar a diminuição das despesas públicas e o aumento de arrecadação por meio de desenvolvimento da economia nacional e do eficiente combate à sonegação fiscal, aumento de arrecadação que seja atingido de um modo que não gere maior prejuízo ao desenvolvimento da economia brasileira e opressão e empobrecimento à sua população com o simples aumento de carga tributária, o que poderia gerar, no longo prazo, nova redução de arrecadação e aumento de despesas públicas.

Este artigo apresentou a análise apenas das demonstrações contábeis da União relativas aos anos de 2015 e 2016. Sugere-se, portanto, que outras pesquisas ampliem esse período visando identificar tendências e averiguar a veracidade ou não de hipóteses que possam ser levantadas por meio dessa primeira análise.

Enfim, o tema é muito relevante visto que a União está incumbida de grandes responsabilidades e o seu desempenho atinge diretamente a população, tanto quando este é bom quanto quando é ruim. Muito tem sido noticiado a respeito da crise nos entes públicos brasileiros. Cabe às ciências contábeis e à administração pública darem sua parcela de contribuição na busca da identificação da real situação dos entes públicos e dos motivos geradores dessa crise e de outras futuras, seus impactos e possíveis soluções.

REFERÊNCIAS

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