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O EFEITO DO TREINO TÉCNICO SOBRE O PÉ NÃO PREFERIDO NA REDUÇÃO DAS ASSIMETRIAS FUNCIONAIS DOS MEMBROS INFERIORES EM JOVENS FUTEBOLISTAS

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O EFEITO DO TREINO TÉCNICO SOBRE O “PÉ NÃO PREFERIDO”

NA REDUÇÃO DAS ASSIMETRIAS FUNCIONAIS DOS MEMBROS

INFERIORES EM JOVENS FUTEBOLISTAS

Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, no âmbito do curso do 2º ciclo de Desporto para Crianças e Jovens, de acordo com o Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de Março.

Autor: Edgar Luís Feitosa Cambão

Orientador: Professor Doutor José Guilherme Oliveira

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Ficha de catalogação

Cambão, E. (2014). O efeito do treino técnico sobre o pé não preferido na redução das assimetrias funcionais dos membros inferiores em jovens futebolistas. Porto: E. Cambão. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS - CHAVE: PÉ NÃO PREFERIDO, PÉ PREFERIDO, ASSIMETRIAS MOTORAS FUNCIONAIS, FUTEBOL, TÉCNICA.

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"Eu preferia ter nascido agora, porque tive de me adaptar a várias mudanças. Os miúdos agora trabalham o jogo com ambos os pés, são mais equilibrados, gerem melhor o um para um. Antes íamos pelo chão a rastejar, era para varrer, agora a ordem é ficar em posição. Com o talento que tinha, se tivesse aparecido nesta altura teria atingido outro nível."

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II

Agradecimentos

De forma propositada deixei este ponto para o final. Foi com grande sacrifício pessoal e profissional que consegui este objetivo de vida. É, por isso, imprescindível o agradecimento a algumas pessoas que me ajudaram a concluir esta etapa: Ao Professor Doutor José Guilherme Oliveira, agradeço a disponibilidade, a competência, as correções, o profissionalismo, a forma paciente com que me orientou ao longo deste tempo e por ser, não raras vezes, o meu único apoio na Faculdade.

Ao Presidente António Pinho, ao Coordenador da formação Srjan Slagalo, e ao José Marques agradeço a forma como me receberam e integraram no corpo técnico de uma instituição centenária e enorme prestígio como o Leça F.C.

Ao meu amigo Rui Oliveira, agradeço toda a liberdade e autonomia que me deu na preparação dos treinos ao longo da época, e por me ter possibilitado a realização deste trabalho.

Aos jogadores que participaram neste trabalho, que demonstraram sempre muita vontade de aprender e de evoluir.

Aos meus amigos Eduardo Fernandes, Nuno Silva, Ricardo Miranda, João Vieira, Andreia Silva, Flávia Salé, Soraia Louro e Andreia Aguiar.

Ao meu irmão Filipe, agradeço tudo que fez por mim. Desde as conversas informais sobre futebol, até ao apoio incondicional e incentivo para continuar o meu “caminho”. Por saber que sempre acreditaste em mim e que apesar dos quase 10 000 km que nos separam estamos várias vezes juntos em pensamento.

Ao meu Pai. Que, apesar de não saber, sempre foi, ao longo dos anos, uma motivação, uma inspiração, um exemplo de trabalho e dedicação a algo que se ama. Obrigado Pai

À minha Mãe. Agradeço todos os sacrifícios que fez ao longo dos anos por mim e pelo meu irmão para podermos ter aquilo que ela não teve. Agradeço a força que

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IV me deu sempre que precisei. Agradeço a compreensão, o carinho, o amor e a preocupação. Sou um felizardo por ter uns Pais como vocês.

À minha namorada Sara. Ao longo desta etapa o destino pregou-nos uma partida e tudo fez para que não terminássemos este capítulo da história da nossa vida. Só tu sabes o que passámos e os obstáculos que tivemos de ultrapassar nesta caminhada, e muitas vezes só nos tínhamos um ao outro. Obrigado por tudo, pelo amor, pela amizade, pelo carinho, e por seres uma força da Natureza mesmo quando uma parte de ti já partiu. Obrigado. Amo-te.

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VI

Índice Geral

Agradecimentos ... II Índice Geral ... VI Índice de tabelas ... VIII Índice de Gráficos ... X Resumo ... VI Abstract ... VIII CAPÍTULO I ... X Introdução ... 2 CAPÍTULO II ... 6 Fundamentação Teórica ... 8 Definições e Conceitos ... 8

1 – A Lateralidade e as Assimetrias funcionais pedais ... 8

2 – Índices de Assimetria Lateral ... 12

3 – Classificação dos Índices de Preferência Lateral ... 14

4 – Lateralidade no futebol ... 16

5 – Aquisição de habilidades motoras... 18

6 – Fases de aquisição das habilidades motoras. ... 20

CAPÍTULO III ... 24

Material e Métodos ... 26

Instrumentos ... 28

Caracterização das Categorias ... 31

Avaliação da preferência pedal ... 34

Desenho experimental ... 34

Procedimentos estatísticos ... 34

CAPÍTULO IV ... 36

Apresentação dos resultados ... 38

CAPÍTULO V ... 46

Discussão dos resultados ... 48

CAPÍTULO VI ... 52

CAPÍTULO VI ... 56

Referências Bibliográficas ... 58

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VIII

Índice de tabelas

Tabela 1 - Características da amostra que constituem o estudo no que diz respeito à idade e aos anos de prática. Média e Desvio – Padrão. ... 26 Tabela 2 - Categorias e subcategorias “SAFALL – FOOT”. ... 28 Tabela 3 - Valores médios do Índice de Utilização do “Pé Preferido” e do “Pé não Preferido” e respetivo Desvio Padrão. ... 38 Tabela 4 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e depois do treino com o “Pé Preferido”. ... 40 Tabela 5 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e depois do treino com o “Pé Não Preferido”. ... 41 Tabela 6 - Índices de utilização do “Pé Preferido”, “Pé Não Preferido” e respetivos índices de Diferença. ... 42

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X

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Valores médios da utilização do “Pé Não Preferido” antes e depois da aplicação do estudo. ... 38 Gráfico 2 - Valores médios da utilização do “Pé Preferido” antes e depois da aplicação do estudo. ... 39 Gráfico 3 – Valores do Índice de Utilização do “Pé Preferido” nos dois momentos de avaliação. ... 43 Gráfico 4 - Valores do Índice de Utilização do "Pé Não Preferido" nos dois momentos de avaliação. ... 44 Gráfico 5 - Valores do Índice de Diferença nos dois momentos de avaliação. ... 45

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Resumo

Este trabalho foca-se na pertinência do treino técnico para a redução das assimetrias funcionais pedais em jovens jogadores de futebol. Para perceber as características do contexto de prática que incrementam o nível de proficiência do “pé não preferido” em contexto de jogo, foram elencadas várias temáticas como: as assimetrias funcionais pedais; a lateralidade, dividida entre a definição, os índices, e a classificação desses índices; contextualização da lateralidade no futebol; definição e características das habilidades motoras; e fases de aquisição de habilidades motoras.

Para constatar se um programa de treino técnico específico para o “pé não preferido” tem implicações no aumento do seu índice de utilização foi utilizado um instrumento denominado de “Sistema de avaliação da assimetria funcional dos membros inferiores em futebol – SAFALL – FOOT”.

Os resultados encontrados permitem afirmar que o treino técnico direcionado para o “pé não preferido” revela implicações significativas na diminuição das assimetrias funcionais, sendo que valor médio de utilização do “pé não preferido” passou de 2,512 ± 2,043 para 3,052 ± 1,455. Consequentemente o valor médio do “pé preferido” passou de 6,555 ± 2,027 para 6,003 ± 1,711.

Posto isto, é possível afirmar que o treino técnico sistemático e direcionado para o “pé não preferido” aumenta o seu índice de utilização em situação de jogo.

PALAVRAS - CHAVE: PÉ NÃO PREFERIDO, PÉ PREFERIDO, ASSIMETRIAS FUNCIONAIS, FUTEBOL, HABILIDADES MOTORAS.

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Abstract

This paper seeks focuses on the relevance of technical training to reduce functional asymmetries pedals in young soccer players. To understand the characteristics of the context of practice that increase the level of proficiency of the "non-preferred foot" in game context, several issues were listed as: functional asymmetries pedals; laterality, divided between the definition, indexes, and the classification of these indices; contextualization of laterality in football; definition and characteristics of motor skills; and stages of motor skill acquisition.

To verify if a program-specific technical training to "not preferred foot" has implications in increasing your rate of use of an instrument called a "SAFALL - FOOT assessment system functional asymmetry of the lower limbs in football" was used. The results assert that the technical training directed to "not preferred foot" reveals significant implications in the reduction of functional asymmetries, and average usage of "non-preferred foot" went from 2.512 ± 2.043 to 3.052 ± 1.455. Consequently the average value of the 'preferred foot "went from 6,555 ± 2,027 to 6,003 ± 1,711.

The results prove that systematic technical training and directed to the "non-preferred foot" increases your rate of use in a game situation.

KEY - WORDS: NON-PREFERRED FOOT, PREFERRED FOOT, FUNCTIONAL ASYMMETRY, FOOTBALL, MOTOR SKILLS.

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Introdução

Nos Jogos Desportivos Coletivos o jogador deve ter uma formação de base que implique o trabalho de diferentes dimensões, nomeadamente a técnica e a tática, pois, se por um lado a componente tática auxilia o jogador a ter uma maior capacidade no momento da tomada de decisão, a componente técnica ajuda na aplicação de mecanismos importantes na respetiva operacionalização (Rosado & Mesquita, 2009).

O nível de desempenho apresentado pelos jogadores, num jogo de futebol está intimamente relacionado com a conjugação de capacidades cognitivas, perceptivas, decisionais e motoras (Williams, 2000). A capacidade cognitiva tem a ver com a aptidão que os jogadores têm na interpretação da informação relevante que provém do jogo, e a capacidade percetiva está relacionada com a aptidão de captar a informação que resulta do meio envolvente, da ação e saber o que fazer nesse momento (Williams, 2000). A capacidade decisional, como o próprio nome indica, consiste em criar um conjunto de referências decisionais para que o jogador saiba o que fazer em todos os momentos do jogo. Por sua vez a capacidade motora relaciona-se com a execução das habilidades técnicas e táticas especificas (Reilly, Williams, Nevil, & Franks, 2000).

Neste sentido, um jogador que tenha uma boa capacidade de executar diversas habilidades motoras específicas do futebol, não possui obrigatoriamente a capacidade de efetivar a técnica de uma forma eficiente num contexto competitivo, ou seja, uma ótima capacidade técnica não implica que o jogador saiba o que fazer em todos os momentos do jogo (Matias & Greco, 2010). Se o jogador não entender o que faz e porque faz, as suas ações perdem alguma objetividade e significado, pois, o jogador deve interpretar as exigências do jogo para produzir ações contextualizadas. As decisões que os jogadores assumem durante o jogo parecem estar relacionadas com os recursos técnicos que dispõem (French, Nevett, et al., 1996).

Para um jogador se tornar mais competente nas habilidades motoras especificas do futebol, a unilateralidade emerge como uma desvantagem e a exemplo disso, Porac

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3 e Coren (1981) entendem que os jogadores de futebol devem ser capazes de chutar com ambos os pés, pois, as assimetrias laterais podem refletir-se no desempenho motor apresentado pelo jogador na execução de determinadas habilidades motoras e ainda na preferência por um dos lados corporais (Teixeira & Paroli, 2000).

French, Nevett, et al., (1996), concluíram que as diferenças fundamentais entre jogadores de elevada proficiência são ao nível das capacidades e competências cognitivas, percetivas e decisionais. Esta constatação levou a que os processos de treino e de ensino privilegiassem essas competências em detrimento de outros processos mais ligados às componentes técnicas e táticas e trouxe algumas vantagens ao treino, desde logo a contextualização e a variabilidade da solicitação das habilidades motoras específicas, levando a uma ótima capacidade de adaptação da habilidade às diversas circunstâncias (Mesquita, 2009; Tani, Santos, & Júnior, 2006). No entanto, traz também desvantagens, pois, a complexidade dos contextos, que podem conduzir a uma dificuldade dos principiantes na realização de habilidades motoras específicas num contexto competitivo, e com o facto de algumas habilidades motoras não terem grande significância quanto à quantidade de vezes que são requisitadas em contexto de jogo.

Alguns estudos (Teixeira, 2001; Haaland & Hoff, 2003; Teixeira, Silva & Carvalho, 2003; Cobalchini & Silva, 2008) suportam a ideia de que a melhoria e aumento da utilização do “pé não preferido” e, consequentemente a redução das assimetrias funcionais, resulta de processos de treino especificamente direcionados para o efeito demonstra que o treino similar entre dois membros apresentam melhorias significativas no lado “não preferido”. Recentemente Guilherme (2014), num estudo acerca da redução das assimetrias laterais em jovens futebolistas constatou também que o treino técnico direcionado sobre o “pé não preferido” tem implicações significativas no aumento do índice de utilização do “pé não preferido”.

Apesar da importância destes estudos e da informação que deles decorre, apenas Guilherme (2014) realizou o controlo dos resultados em contexto de jogo e não através de exercícios critério, o que aumentou exponencialmente a validade e fiabilidade ecológica (Ali, 2011),

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4 Assim sendo, este trabalho, procura perceber que características os contextos de prática devem promover e oferecer ao jogador para que se verifique, de forma efetiva, a redução da assimetria funcional entre o “pé preferido” e o “pé não preferido”.

Posto isto, emerge como objetivo geral deste trabalho perceber se o treino técnico específico para o “pé não preferido” promove o aumento do índice de utilização do “pé não preferido”, reduzindo assim a assimetria funcional em relação ao “pé preferido” em situação de jogo.

Os objetivos específicos procuraram:

 Averiguar se um programa de treino específico para o “pé não preferido” promove, ou não, o aumento do índice de utilização respetivo, em situação de jogo.

 Refletir sobre as particularidades e alterações registadas nos índices de utilização do “pé preferido” e “não preferido” de cada jogador

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CAPÍTULO II

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Fundamentação Teórica

Definições e Conceitos

1 – A Lateralidade e as Assimetrias funcionais pedais

Para Holle (1979), a lateralidade é definida como a sensação de que o corpo tem dois lados simétricos, e de que possuímos duas partes do corpo que não são exatamente iguais. É o predomínio de um dos lados do corpo sobre o outro e, por norma, refere-se ao predomínio de uma mão em relação à outra. No entanto, abrange também os membros inferiores, os olhos e os ouvidos. O mesmo autor, (1979), entende que durante o crescimento vamos de forma natural definindo um lado preferido para a realização das mais diversas atividades quotidianas e que, esse lado preferido se tornará por isso mais forte, mais ágil, e mais preciso. Este fenómeno traduz-se numa assimetria lateral funcional que se revela na preferência de utilização de um dos lados e na proficiência. A preferência está relacionada com o membro ou órgão que o individuo elege para tarefas unilaterais, ou nas bilaterais, aquele que tem a função principal na tarefa, e a proficiência tem que ver com a existência de um membro ou órgão mais hábil ou mais eficaz (Teixeira & Paroli, 2000).

Segundo Fonseca (1983), o facto de um indivíduo ter um dos lados como preferido depende de inúmeros fatores, entre os quais os estímulos do meio exterior, a somatognosia, o desenvolvimento afetivo, os fatores hereditários, o envolvimento familiar e cultural. Assim, pode afirmar-se que os fatores culturais e hereditários inatos participam ativamente no desenvolvimento do processo de lateralidade e que a criança deve definir o seu lado preferido com naturalidade e sem pressões do meio exterior. Esta ideia é reforçada, mais tarde, por Vasconcelos (2004) quando refere que as assimetrias e o facto de um indivíduo assumir um lado como “preferido” resulta de fatores genéticos, pois os genes são os responsáveis por um desenvolvimento diferenciado dos hemisférios cerebrais e pelo controlo corporal de forma cruzada e resultam também de fatores socioculturais e experiências vividas. Apesar destas duas referências o “membro preferido” não apresenta uma

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9 consistência exclusiva da proficiência motora, ou seja, verifica-se que o membro “não preferido” tem também um elevado índice de proficiência em certas habilidades motoras.

Outra fonte, Negrine (1986), refere que a lateralidade corporal está relacionada com um esquema do espaço interno do individuo que o capacita a utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço do que o outro, ou seja, que os dois lados do corpo não são uniformes e que essa distinção se manifesta ao longo do processo de desenvolvimento do individuo e da experimentação, pois, como consequência de o mundo estar organizado e programado, maioritariamente, para destros, é comum encontrar-se canhotos bem lateralizados na infância, mas que na idade adulta se tornaram destros para realizarem várias tarefas. Estes casos são, claramente, influenciados pelo meio, pois, se assim não fosse os indivíduos permaneceriam com a mesma lateralização desde a nascença.

Como foi já referido, as assimetrias funcionais revelam-se numa preferência de utilização de um determinado membro e na maior proficiência com um membro comparativamente com o outro. No entanto, é necessário definir claramente aquilo que queremos observar, pois, um membro pode ser o “preferido” para a realização de determinada tarefa e ser o “não preferido” para a realização de outra.

Invariavelmente, no processo de aprendizagem de determinada habilidade motora verifica-se o desejo de ter sucesso na execução dessa tarefa o mais rapidamente possível, e por essa razão, o aprendiz confere, de forma inconsciente, maior ênfase ao membro do lado que se sente com maior capacidade. Neste contexto desponta um fenómeno designado de transferência bilateral de aprendizagem que resulta também de uma interação de fatores cognitivos, motores e neuromusculares (Magill, 2001). Para aclarar este fenómeno existe uma explicação cognitiva que defende que a prática de uma determinada habilidade com um dos membros disponibiliza informação cognitiva para execução dessa mesma tarefa com o membro do lado oposto (Haaland & Hoff, 2003). Neste contexto é importante salientar ainda que através de uma ativação neuromuscular e uma suficiente maturação de um programa motor generalizado é possível realizar uma determinada tarefa com um qualquer dos dois membros com um sucesso idêntico (Haaland & Hoff, 2003). Por

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10 outro lado existe uma explicação que se fundamenta no controlo motor e que apresenta duas vertentes: uma relacionada com os programas motores generalizados e outra relacionada com a ativação neuromuscular. Os programas generalizados atuam como mecanismos de controlo, numa relação íntima entre a perceção e a ação, e deste modo, com um suficiente desenvolvimento de um programa motor generalizado para um dos membros, parece ser possível desenvolver um nível idêntico de proficiência. A ativação neuromuscular trata-se da comunicação entre hemisférios cerebrais, relativamente às informações sobre as componentes motoras da tarefa a ser realizada.

Após esta reflexão sobre as assimetrias funcionais e da lateralidade, é importante aprofundar a lateralidade quanto às suas diferentes dimensões, e perceber concretamente como é que a lateralidade se expressa.

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2 – Índices de Assimetria Lateral

De acordo com a literatura (Porac & Coren, 1981; Springer & Deutsch, 1998; Hinojosa, Sheu, Michel, 2003; Vasconcelos, 2004), existem quatro diferentes índices de assimetria lateral: preferência manual, a preferência pedal, a preferência visual e a preferência auditiva. Destes quatro, dois deles são índices motores (manual e pedal) e os outros dois são sensitivos (visual e auditivo).

Ao longo dos tempos o índice mais investigado em termos académicos foi o da preferência manual, e refere-se obviamente à escolha de uma mão em detrimento da outra na grande maioria das atividades que sejam realizadas por apenas uma mão (Van Strien, 2002), por sua vez, preferência visual é manifestada na propensão de um individuo em preferir um olho em detrimento ao outro numa tarefa monocular (Porac & Coren, 1976). A a preferência auditiva é um assunto pouco claro ainda, sendo por isso ainda difícil classificar e relacionar a preferência auditiva, assim como as suas limitações. O último índice de lateralidade a abordar neste estudo é a preferência pedal, que está relacionada com o pé mais requisitado para a realização de uma qualquer tarefa e que pode ser restringida em dois itens: a preferência pedal estática, como por exemplo, o equilíbrio num só pé e a preferência pedal dinâmica que diz respeito à escolha do pé preferido para a realização de movimentos enérgicos, como, a título de exemplo, o remate no Futebol (Navarra, Vallés & Roig, 2000).

A assimetria motora funcional pedal não é tão evidente como a assimetria motora funcional manual, pois, a maioria das ações engloba um comportamento simétrico de ambas as pernas e, de acordo com Carey et. al., (2008), para tarefas que requerem a utilização de apenas um pé (unipedais) verifica-se uma dissemelhante utilização em termos de destreza e força. Neste índice de lateralidade verifica-se um a existência de um “pé preferido” para a maioria das tarefas, sendo que o” pé não preferido” é utilizado para dar o suporte e a coordenação necessárias para estabilizar o corpo (Maupas et al., 2002). O mesmo autor alude para a existência de pouca variação de força entre o “pé preferido” e “não preferido” na eficácia pedal, no suporte estático e dinâmico pedal.

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13 Estes índices manifestam a lateralidade como um fenómeno dinâmico e multidimensional relacionado com a direção e a força da preferência pedal das diferentes dimensões da lateralidade, e a consistência da utilização de um dos membros num determinado contexto. Portanto, é importante referir a existência de três importantes fatores de variação, independentemente dos índices de preferência lateral em causa: Direção; Consistência e Congruência.

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3 – Classificação dos Índices de Preferência Lateral

Como já foi anteriormente relatado no que concerne às assimetrias laterais, sejam quais forem os índices apreciados, é inevitável diferenciar os conceitos de preferência e proficiência. O primeiro conceito está relacionado com a eleição do membro ou órgão preferido para tarefas unimanuais ou, nas bimanuais aquele tem que tem a função primordial. Por proficiência entende-se a existência de um membro ou órgão mais hábil, mais eficaz ou mais adaptado (Teixeira & Paroli, 2000). Dizer que um determinado indivíduo tem preferência no lado direito ou esquerdo é mais complicado do que aquilo que se possa pensar, pois, é necessário perceber e especificar a que membro nos estamos a referir e a que tipo de atividade. O membro “preferido” realiza a grande maioria das atividades, no entanto, existe a possibilidade de numa determinada tarefa ou função o membro “não preferido” esteja mais adaptado.

Nas questões que envolvem a preferência e a proficiência, que foram analisadas anteriormente, devemos considerar a direção, a consistência e a congruência. Na classificação quanto à direção, Costé (1992), classifica quatro tipos de lateralidade: a destralidade verdadeira, caracterizada por uma dominância cerebral à esquerda; a sinistralidade verdadeira, na qual a dominância cerebral estaria à direita; a falsa destralidade, quando um sujeito é destro devido a uma imposição social ou uma lesão; e por último a falsa sinistralidade, é quando um individuo é canhoto devido a uma imposição ou lesão. Mais recentemente, Magalhães (2001) classifica os indivíduos, no que concerne ao fenómeno da lateralidade, como destros (caracterizados por um predomínio claro da utilização dos membros do lado direito do corpo), com preferência lateral esquerda (indivíduos que apresentam um predomínio de utilização dos membros do lado esquerdo do corpo), e ambidestros (indivíduos que utilizam os membros dos dois lados do corpo humano com semelhante capacidade motora.

Quanto à Consistência, a classificação é determinada a partir do valor absoluto do quociente de lateralidade e está relacionada com a proporção estabelecida entre a diferença do número de tarefas executadas com o lado direito e com o lado esquerdo, e o número total das tarefas realizadas (Vasconcelos, 2008). Está ainda

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15 relacionada com a intensidade da preferência lateral, pois, quanto mais lateralizado o individuo demonstrar ser, mais consistente será na utilização do lado preferido. Vasconcelos (2008) refere que podemos que podemos classificar os indivíduos quanto à consistência da preferência lateral: dicotómica (consistentes e não consistentes); tricotómica (consistentes à esquerda, consistentes à direita e não consistentes); tetracotómica (consistentes à esquerda, não consistentes à esquerda, consistentes à direita e não consistentes à direita).

O último ponto a considerar é a congruência da preferência lateral e que possibilita, segundo Porac & Coren (1981), uma classificação dicotómica congruente quando os índices considerados apresentam preferência pelo mesmo lado. Uma classificação dicotómica cruzada, quando pelo menos um dos indivíduos considerados apresenta uma preferência pelo lado oposto aos restantes. Uma classificação tricotómica que se caracteriza por uma congruência à direita quando os índices considerados manifestam preferência pelo lado direito, congruente à esquerda quando os índices considerados revelam preferência pelo lado esquerdo, e cruzado quando pelo menos um dos índices considerados apresenta uma preferência pelo lado oposto aos restantes.

Esta classificação permite concluir que a lateralidade é um fenómeno multidimensional, dinâmico, que pode sofres alterações face a pressões ambientais e de essas alterações poderem estar relacionadas com a preferência ou a proficiência. Um membro pode ser “preferido” para uma tarefa, por exemplo o remate no Futebol, mas ser o “não preferido” no apoio e suporte do corpo. Na área do futebol existem vários estudos sobre a pertinência da utilização de ambos os pés, “preferido” e “não preferido”, na proficiência dos jogadores em competição.

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4 – Lateralidade no futebol

No futebol existem muito poucos jogadores que possuam a mesma destreza e o mesmo desembaraço com ambos os pés. A reforçar essa ideia, um estudo refere que aproximadamente 79% dos jogadores utilizam o pé direito (destros) para o remate e que a maioria dos jogadores não usa o membro “não preferido” em ações de jogo, ou quando o fazem apenas acontece em situações de fácil ação (Carey et

al., 2001).Todavia, no futebol de alta competição, é fulcral ter essa capacidade, pois,

um jogador que possua essa competência não necessita perder frações de segundo importantes quando, em situações de jogo formal, tem de usar o pé não preferido (Teixeira & Paroli, 2000).

Sendo entendida como um fenómeno dinâmico da motricidade humana, a lateralidade, implica que a quantidade de experiências passadas assumam um papel significativo na determinação das diferenças de desempenho entre membros homólogos dos dois lados do corpo (Starosta & Bergier, 1997). Os mesmos autores (1997) referem que a pouca utilização do membro “não preferido” no futebol parece estar relacionada com um desequilíbrio na preparação técnica dos jogadores. Não obstante, alguns estudos referem que jogadores que utilizam ambos os pés (ambidestros) podem ter vantagens durante a competição, pois, este tipo de jogadores usam estratégias distintas dos atletas que apenas utilizam o pé direito ou apenas o esquerdo. Por outro lado, no caso de jogadores que apenas utilizam o “membro não preferido” em situações de baixa exigência técnica, há prejuízo no rendimento dos jogadores e da equipa durante a partida (Carey et al., 2001). No futebol de elite, onde há uma elevada complexidade na maioria das ações é também importante que os membros possam trocar de papel (ação e suporte), de acordo com o contexto e a exigência do momento. Os mesmos autores (2001) acreditam que os jogadores que utilizam os dois pés com uma assinalável competência têm uma maior habilidade do que aqueles que apenas utilizam eficazmente o membro “preferido”. Por sua vez, Porac e Coren (1981), ao estudarem a proficiência do pé esquerdo e direito preferidos, concluíram que esta

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17 seria uma medida indireta da habilidade dos jogadores e que a média favorecia os jogadores que jogavam com o pé esquerdo.

Teixeira, Silva e Carvalho (2003), num estudo com crianças dos 12 aos 14 anos, concluíram através de vários experiências que crianças com preferência pedal direita tinham uma maior nível de proficiência do que as crianças que apresentavam uma preferência pedal contrária. Para Barbieiri, Santiago, Gobbi e Cunha (2008), o alto rendimento do jogador com ambos os pés facilita as ações do próprio durante o jogo, pois dá um maior background técnico/tático e acreditam e defendem também que as assimetrias laterias no futebol prejudicam o rendimento do jogador. Por último, e através da análise de alguns estudos existentes, parece claro que o membro preferido, no futebol, é mais proficiente do que o não preferido.

Por sua vez, Haaland e Hoff (2003), verificaram que os níveis de eficácia do “pé não preferido” aumentaram significativamente depois de aplicarem um programa de treino para esse membro. No entanto, atestaram que por consequência ou não os níveis de eficácia do pé preferido melhoraram igualmente.

Em outro estudo, Oliveira, Beltrão e Silva (2003), concluíram que as assimetrias dos membros inferiores estão associadas a desempenhos mais eficientes e que a eficácia surge, na maioria dos casos, associada ao fenómeno da ambidestria. Da análise dos resultados destes estudos emergem duas ideias: que a capacidade de utilização dos dois pés, com semelhante proficiência, aumenta a qualidade de desempenho do jogador, e ainda que o aumento de proficiência do pé não preferido resulta de uma exercitação direcionada para esse efeito. Todavia a qualidade técnica de um jogador não pode ser analisada de uma forma isolada e descontextualizada do jogo, pois, é aí que se encontram as adversidades e variabilidades no espaço e no tempo que permitem ao jogador melhorar a sua performance (Garganta, 2006).

Apesar desta conclusão, é também importante refletir sobre as características das habilidades motoras que podem ser trabalhadas de uma forma bilateral, no sentido de serem melhorados os processos de ensino e de treino direcionados para o aumento da performance do lado não preferido.

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5 – Aquisição de habilidades motoras

Para Hoff e Haaland (2002), o adestramento do “pé não preferido” aumenta as performances específicas do futebol, a capacidade de atenção com implicações positivas na organização cerebral e, consequentemente, no controlo e aprendizagem motora. O mesmo é dizer que, a diminuição da diferença de utilização entre o “pé preferido” e “não preferido” para as habilidades motoras específicas do futebol conduz a uma melhoria das capacidades cognitivas, que por sua vez aumentam a capacidade de adaptação a novos estímulos e habilidades. Na mesma linha de pensamento, Oliveira et al., (2003) referem que no futebol os atletas que utilizam com similar desenvoltura os dois pés têm, por norma, uma maior performance quer a nível técnico quer a nível tático, bem como uma maior destreza motora do que aqueles que utilizam maioritariamente o “pé preferido”. Uma característica da ambidestria tem que ver com uma adaptação mais eficaz com as características dos adversários (Carey et al., 2001).

Convém, todavia, diferenciar a “técnica”, das habilidades motoras, no sentido de entender o ensino e o treino das mesmas. Tani, G., Santos, S., e Júnior, C. (2006), referem que a capacidade técnica pode ser abordada de duas formas distintas, a saber: quanto à informação intrínseca que o jogador já possui sobre a forma de realizar uma determinada habilidade motora, e quanto à informação disponível sobre uma maneira de atingir uma determinado objetivo através de uma ação. Por seu turno, as habilidades motoras podem ser conotadas como uma tarefa em que a proficiente realização requer um processo de aprendizagem, ou como um indicador da qualidade de desempenho. Enquanto a técnica está arrolada com a informação importante para a execução de uma determinada tarefa, a habilidade motora é uma interiorização de informação que provoca mudanças internas (cognitivas, percetivas e motoras) adquiridas através de processos de aprendizagem (Tani, G., Santos, S., & Júnior, C.,2006).

As habilidades motoras têm algumas características que convém dissecar, no sentido de perceber melhor a dinâmica de aquisição que produz mudanças no individuo a vários níveis.

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19 A primeira característica está relacionada com o facto de a habilidade motora ser direcionada para alcançar objetivos em contextos específicos, ou seja, a habilidade motora é usada em função do contexto e requer uma intencionalidade prévia (Bruner, 1973). Como segunda distintiva surge o facto de as habilidades motoras requisitarem, ao mesmo tempo, precisão (relacionado com a compatibilidade que a habilidade revela perante o objetivo), consistência (relacionada com a estabilidade dos níveis de eficácia e eficiência que a execução da habilidade demonstra) e a flexibilidade (relacionada com a capacidade de adaptação que o sujeito demonstra para realizar a habilidade em diferentes contextos) em relação à ação a executar (Benda & Tani, 2005).

Outra característica muito importante das habilidades motoras é aquilo a que Hebb (1949) chamou de equivalência motora. Esta particularidade está relacionada com a capacidade de atingir os mesmos objetivos e metas através de diferentes padrões de ação ou de movimento (Tani, 2008).

Concluindo, é por isso importante entender que, nos jogos desportivos, o ensino e o treino das habilidades devem dar ao individuo a capacidade de dominarem diferentes padrões de movimento da mesma habilidade (Tani, G., Santos, S., & Júnior, C.,2006).

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20

6 – Fases de aquisição das habilidades motoras.

A “técnica” no futebol pode ser definida quanto à informação disponível sobre o modo de realizar uma habilidade específica ou quanto à informação disponível acerca da maneira de alcançar um objetivo através da ação (Tani, 2006).

Estas duas formas de definir a técnica levam a pensar que o carater objetivo e contextual da técnica tendo em conta o modo de execução (eficiência) e o resultado final (eficácia). A eficiência está relacionada com a qualidade do processo de realização de uma determinada habilidade, ou seja, uma espécie de “saber fazer” sobre determinados aspetos. Por sua vez, a eficácia está mais relacionada com o final de alguma obra. Logo, ser eficiente não quer dizer que se seja eficaz, e vice-versa, pois execução correta das habilidades (eficiência), que conduz à obtenção do sucesso (eficácia).

Nos jogos desportivos coletivos, as habilidades técnicas constituem estruturas especificas atos motores integrados, característicos de cada modalidade, e que ajudam o jogador na resolução dos problemas decorrentes no processo de jogo. Fitts e Posner (1967) defendem a existência de três fases no que diz respeito à aquisição de habilidades, a fase inicial ou cognitiva que se caracteriza por ser uma fase onde o jogador não consegue identificar os erros que comete e onde o jogador deve perceber as informações mais relevantes para aplicar as habilidades numa situação de jogo. A fase seguinte denominada de intermédia ou associativa caracteriza-se pela redução dos erros por parte do jogador e verifica-se um gradual aumento do desempenho, embora os padrões de movimento corretos ainda não estão convenientemente consolidados.

Na fase final ou autónoma verificam-se grandes ganhos ao nível da proficiência dos jogadores, e onde as habilidades são controladas pelo subconsciente, sendo que o nível consciente é utilizado para as tarefas de leitura de jogo, de tomadas de decisão e perceção. Todavia, o processo de aquisição de habilidade não fica concluída na fase autónoma, pois, existem duas fases seguintes, segundo Tani (2005), que são a de “estabilização” e a de “adaptação”. A fase de estabilização é caracterizada por uma progressiva diminuição dos erros na parte da execução das habilidades, por sua vez a fase da adaptação é o “ajuste” ao novo nível de complexidade.

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21 Não obstante, surge uma linha de pensamento que diferencia a técnica e a habilidade de um jogador, ou seja, a técnica relaciona-se com a informação relevante para a realização de uma determinada tarefa e a habilidade tem que ver com mudanças internas do jogador a nível cognitivo, motor e percetivo. Convém acrescentar que as habilidades motoras têm a necessidade de recrutar precisão (tem a ver com a compatibilidade que a habilidade demonstra perante o objetivo a que se destina); consistência (estabilidade entre os níveis de eficiência e eficácia); e a consistência da habilidade (capacidade de adaptação que o jogador demonstra para realizar diversas habilidade em diferentes contextos) para realizar um movimento ou ação (Tani, 2005).

No processo de formação de uma atleta em qualquer jogo desportivo coletivo é dado grande ênfase e importância ao domínio de habilidades motoras características do desporto em questão. Em qualquer desporto é exigido ao atleta que saiba realizar qualquer habilidade técnica (eficiência) e que obtenha os resultados ligados aos propósitos da ação. A relação entre eficiência e eficácia serve também para ajustar a dinâmica dos movimentos.

No entanto não se verifica entendimento quanto à forma como as aprendizagens evoluem e se formam novas estruturas a partir das já existentes. Talvez por isso, surgiram dois modelos: o “ecológico e o de “não equilíbrio”. O primeiro conceito entende que o envolvimento fornece a informação necessária para a realização da ação sem a intervenção de um mediador central e que o comportamento é o resultado de um processo de interação entre a auto-organização do individuo e a informação das propriedades do envolvimento percetíveis para a efetivação da tarefa (Corrêa, 2001).

Por sua vez, o segundo modelo de “não equilíbrio”, Tani (2005), preconiza a existência de uma troca permanente de matéria (energia e informação) entre o indivíduo e o meio ambiente. Por se tratar de um processo continuo, os autores acreditam que devido ao constante aumento da complexidade, este modelo abarca duas fases, a saber: a fase da estabilização (caracterizada por uma diminuição gradual dos erros na execução das habilidades e que resulta uma progressiva consistência da habilidade motora em causa) e a fase da adaptação (caracterizada

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22 pelo ajuste ás perturbações do meio, mas também às alterações que a própria habilidade vai sofrendo).

No Futebol o facto de as habilidades motoras estarem integradas na estrutura específica do jogo, implica que as mesmas sejam aplicadas sobre a égide do pensamento tático, ou seja, como já foi anteriormente mencionado neste trabalho um jogador de futebol pode ter uma colossal capacidade para executar as mais diversas habilidades técnicas especificas do futebol, como o passe, remate ou o drible. No entanto, um jogador deve perceber quando, como e onde aplicar esta ou aquela habilidade no sentido de produzir ações contextualizadas e realmente produtivas (Matias & Greco, 2010).

De acordo com Ericsson e colaboradores, (1993), a otimização das habilidades motoras específicas, resulta de uma relação íntima entre a quantidade e a qualidade da prática, e processo de treino é importante que os níveis de exigência e complexidade sejam distintos e que sejam especificamente direcionados para os jogadores em questão, de acordo com as suas capacidades e competências de proficiência. O Futebol é, por si só, uma modalidade imprevisível e que leva a que o contexto de prática promova características como a flexibilidade e a manifestação de diferentes padrões motores e que o ensino e o desenvolvimento de uma habilidade motora se realize em contextos de prática onde os indivíduos possam explorar as habilidades com a liberdade necessária para que que essa habilidades manifestem precisão, consistência e flexibilidade (Bernstein, 1967).

Como refere Mesquita (2004), nos Jogos Desportivos não se pode dissociar a eficiência, eficácia e adaptação, pois, esta relação tem que ver com os apanágios da normal funcionalidade e características da modalidade. As próprias habilidades motoras não podem ser retiradas do contexto e das respetivas características estruturais, e não pode ser confundido a interpretação pessoal das habilidades técnicas com o erro técnico. Cada atleta, na sua respetiva modalidade, tem a sua forma pessoal de interpretar os diferentes gestos técnicos, ou seja, cada atleta tem o seu estilo próprio de as realizar. Tendo em conta tudo aquilo que foi referido é importante não esquecer que para além que de se procurar potenciar a flexibilidade da habilidade e dos padrões de movimento treinados, os contextos da prática para

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23 o pé não preferido devem abranger um nível de complexidade ajustada a uma menor proficiência.

Concluindo, é necessário ter em atenção a contextualização das habilidades motoras no que se refere à sua própria variabilidade, flexibilidade e quantidade de prática necessária para que a proficiência seja atingida.

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24

CAPÍTULO III

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Material e Métodos

Descrição e caracterização da amostra

A amostra é constituída por 15 jovens futebolistas pertencentes à equipa de Iniciados do Leça Futebol Clube. O número de anos de prática dos jogadores varia entre 1 e 7. A Erro! A origem da referência não foi encontrada. retrata mais detalhadamente algumas características da amostra.

Tabela 1 Características da amostra que constituem o estudo no que diz respeito à idade e aos anos de prática. Média e Desvio – Padrão.

Características Média ± Desvio Padrão

Idade (anos) 14,4 ± 0,41

Anos de prática 5,73 ± 1,41

Os jogadores pertencentes à amostra do estudo realizavam 3 sessões de treino por semana, com a duração aproximada de 90 minutos, sendo que em alguns momentos da época, período preparatório e férias escolares, eram realizados 4 treinos semanais.

A idade dos jogadores varia entre os 14 e os 15 anos devido ao facto de existirem nesta equipa atletas no seu primeiro ano deste escalão e outros cumprem já o segundo ano. Destes 15 atletas, 12 têm como “pé preferido” o direito o que corresponde a aproximadamente 80% da amostra e apenas 3 têm o esquerdo como” pé preferido”, correspondente a 20% da amostra.

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Instrumentos

Para a avaliação, em situação de jogo, do índice de assimetria funcional e de utilização do “pé preferido” e “não preferido” foi utilizado o “System of assessment of functional asymmetry of the lower limbs in Football” (SAFALL – FOOT) (Guilherme, Graça, Seabra, & Garganta, 2012). Este sistema está dividido em 6 categorias e 32 subcategorias, com um valor associado, que permitem a análise da frequência com que são utilizadas as habilidade motoras a analisar (Tabela 2). Para a recolha dos dados em questão foram realizados jogos de 5x5, filmados para posterior análise, com a duração de 20 minutos.

As dimensões do campo variam consoante o escalão, mas no caso dos atletas correspondentes à amostra do estudo, as dimensões são de 45 metros de comprimento por 29 de largura. Estes valores foram encontrados através do rácio de utilização do espaço de jogo por jogador, tendo como referência as medidas mínimas da International Football Association Board. O posicionamento que os jogadores assumem durante a avaliação deve estar relacionado com os espaços que por norma ocupam na sua equipa.

Tabela 2 - Categorias e subcategorias “SAFALL – FOOT (Guilherme, Graça, Seabra, & Garganta, 2012)

Categorias Sub - categorias Valorização

Interceção / Desarme

Interceção/Desarme pé direito positiva 10

Interceção/Desarme pé direito negativo 2,5

Interceção/Desarme pé esquerdo positivo 10

Interceção/Desarme pé esquerdo negativo 2,5

Receção

Receção pé direito positivo 10

Receção pé direito negativo 2,5

Receção pé esquerdo positivo 10

Receção pé esquerdo negativo 2,5

Passe

Passe direito positivo 10

Passe direito negativo 2,5

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29

Passe esquerdo negativo 2,5

Condução/ Proteção

Condução / Proteção pé direito positiva 10

Condução / Proteção pé direito negativa 2,5

Condução / Proteção pé esquerdo positiva 10

Condução / Proteção pé esquerdo negativo 2,5

Condução /Proteção dominância pé direito positiva

 Pé direito

 Pé esquerdo

10

5

Condução / Proteção dominância pé direito negativa Pé direito

Pé esquerdo

2,5

1,25

Condução / Proteção dominância pé esquerdo positiva Pé direito

Pé esquerdo

5

10

Condução / Proteção dominância pé esquerdo negativa Pé direito

Pé esquerdo

1,25

2,5

Finta

Finta pé direito positiva 10

Finta pé direito negativo 2,5

Finta pé esquerdo positiva 10

Finta pé esquerdo negativa 2,5

Finta dominância pé direito positiva Pé direito

Pé esquerdo

10

5

Finta dominância pé direito negativa Pé direito

Pé esquerdo

2,5

1,25

Finta dominância pé esquerdo positiva Pé direito

Pé esquerdo

5

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30

Finta dominância pé esquerdo negativa Pé direito

Pé esquerdo

1,25 2,5

Remate

Remate pé direito positivo 10

Remate pé direito negativo 2,5

Remate pé esquerdo positivo 10

Remate pé esquerdo negativo 2,5

Tendo em conta o referido sistema e de pontuação e o que era pretendido avaliar, a equação usada para calcular a utilização de ambos os membros foi:

“Pé Preferido”:

Resultados das categorias positivas com o “pé preferido” + resultado das categorias negativas com o “pé preferido” / + ∑ do desempenho das ações (sub-categorias: “pé preferido” e “pé não preferido”)

“Pé não Preferido”:

Resultados das categorias positivas com o “pé não preferido” + resultado das categorias negativas com o “pé não preferido” / + ∑ do desempenho das ações (sub-categorias: “pé preferido” e “pé não preferido”)

O cálculo de utilização do “pé preferido” e “não preferido” foi realizado através da pontuação das diversas habilidades motoras realizadas pelos jogadores e avaliadas as ações positivas com 10 pontos e todas as ações negativas com 2,5 pontos. A diferença entre os valores de utilização do “pé preferido” e “não preferido” representa a assimetria funcional revelada pelos jogadores.

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Caracterização das Categorias

1.1 - Interceção e desarme

Foi considerada “interceção/desarme” quando: (1) o jogador interceta a bola, ou seja, não permite que um adversário consiga colocar a bola num colega da sua equipa; (2) desarma, isto é, retira a bola o adversário não permitindo que continue com a sua ação. Considera-se “interceção/desarme” positivo se o jogador ou a equipa ficar com a posse da bola; considera-se “interceção/desarme” negativo se o jogador ou a equipa não ficarem com a posse de bola. Deste modo, esta categoria foi dividida em quatro sub-categorias:

- Interceção e Desarme pé direito - positiva - Interceção e Desarme pé direito - negativa - Interceção e Desarme pé esquerdo - positivo - Interceção e Desarme pé esquerdo - negativo

1.2 - Receção

Considera-se “receção” à ação que o jogador que recebe a bola executa para ficar com a bola em sua posse. Considera-se “receção” positiva se o jogador ficar com a posse de bola. Por “receção” negativa considera-se que o colega não ficou com a posse de bola. Deste modo, esta categoria foi dividida em quatro sub-categorias: - Receção pé direito - positiva

- Receção pé direito - negativa - Receção pé esquerdo - positivo - Receção pé esquerdo - negativo

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1.3 - Passe

Considera-se “passe” à ação de transferência da bola para um colega de equipa. Considera-se um “passe” positivo se o colega ficar na posse de bola, e “passe” negativo se o colega não ficar na posse de bola. Deste modo, esta categoria foi dividida em quatro sub-categorias:

- Passe pé direito - positiva - Passe pé direito - negativa - Passe pé esquerdo - positivo - Passe pé esquerdo - negativo

1.4 - Condução/Proteção

Considera-se “condução/proteção” quando: (1) o jogador que tem a posse de bola progride com a bola em qualquer sentido; (2) o jogador que tem a posse de bola dá mais do que um toque na bola sem progredir no terreno mas com o objetivo de a proteger do adversário.

Considera-se a ação “condução/proteção” positiva quando após a sua execução o jogador continua na posse de bola. Considera-se “condução/proteção” negativa quando durante a execução da ação o jogador perde a posse de bola. A ação técnica de proteção de bola é quando um jogador tenta proteger a bola do adversário, tocando na bola com um ou dois pés. Quando usa os dois pé a dominância é feita pelo membro que mais vezes tocou na bola, caso não seja possível determinar considera-se dominante o primeiro pé a tocar na bola.

Deste modo, esta categoria foi dividida e sub-categorias: - Condução/Proteção pé direito - positiva

- Condução/Proteção pé direito - negativa - Condução/Proteção pé esquerdo - positivo - Condução/Proteção pé esquerdo - negativo

- Condução/Proteção com dominância pé direito - positivo - Condução/Proteção com dominância pé direito - negativo

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33 - Condução/Proteção com dominância esquerdo - positivo

- Condução/Proteção com dominância esquerdo - negativo

1.5 – Drible

Considera-se “finta” quando um jogador na posse de bola ultrapassa o ou os adversários diretos. Considera-se uma “finta” positiva quando o jogador após a “finta” continua na posse da bola ou executa outra ação. Considera-se negativa quando o jogador perde a posse de bola. Deste modo, esta categoria foi dividida em quatro sub-categorias:

- Drible pé direito - positivo - Drible pé direito - negativo - Drible pé esquerdo - positivo - Drible pé esquerdo - negativo

1.6 - Remate

Considera-se “remate” quando um jogador tenta colocar a bola dentro da baliza do adversário. Considera-se “remate” positivo quando: (1) a bola entra na baliza do adversário; (2) bate num dos postes ou na barra; (3) o guarda-redes defende; (4) a bola vai na direção da baliza mas um adversário ou um colega impede que ela entre. Considera-se “remate” negativo em toas as outras circunstâncias que não foram anteriormente mencionadas. Deste modo, esta categoria foi dividida em quatro sub-categorias:

Remate pé – direito positivo Remate pé direito – negativo Remate pé esquerdo – positivo Remate pé esquerdo – negativo

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Avaliação da preferência pedal

A preferência pedal foi avaliada através do questionário sugerido e apresentado por Porac e Coren (1981) e Van Strien (2002).

Desenho experimental

A aplicação do estudo teve a duração de, aproximadamente, 7 meses. No início do estudo, para a avaliação da assimetria funcional dos membros inferiores foi utilizado o sistema “SAFALL – FOOT”. Depois deste primeiro momento de avaliação, os jogadores foram sujeitos a um programa específico de treino, durante cerca de 7 meses, três vezes por semana nos primeiros 20 minutos de cada sessão de treino que consistia na realização de habilidades motoras específicas e realizadas exclusivamente pelo “pé não preferido”. Findos estes 7 meses, correspondentes ao período de duração do protocolo de treino, os jogadores, foram novamente avaliados para posterior comparação e análise dos dados obtidos.

Procedimentos estatísticos

A estatística descritiva (Média e o Desvio Padrão) foi utilizada para conhecer aspetos gerais das diferentes distribuições de valores e em dois momentos distintos, antes e pois da aplicação do programa.

Na análise estatística das variáveis em estudo foi usado o SPSS (Statistical

Package for the Social Sciences), versão 21.0, com um nível de significância

estabelecido em 5%. Por se tratar de uma distribuição normal e devido ao número reduzido dos sujeitos da amostra, optou-se pela estatística não paramétrica, mais concretamente pelo Teste de Wilcoxon. Serve este teste para analisar diferenças entre duas condições no mesmo grupo de sujeitos, e foi utilizado para comparar valores médios das variáveis em causa nos grupos de indivíduos tendo em conta o momento de avaliação.

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CAPÍTULO IV

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Apresentação dos resultados

Na tabela 3 são apresentados os resultados obtidos sobre a utilização do pé “preferido” e “não preferido” antes e depois da aplicação do estudo (Baseline e 7 Meses). Para esse efeito é utilizada uma tabela onde constam os valores médios e o respetivo desvio padrão.

Tabela 3 - Valores médios do Índice de Utilização do “Pé Preferido” e do “Pé não Preferido” e respetivo Desvio Padrão.

Pé Preferido Pé não Preferido

Índice de Utilização

Baseline 7 Meses Baseline 7 Meses

6,555 ± 2,027 6,003 ± 1,711 2,512 ± 2,043 3,052 ± 1,455

Na figura 1, é possível verificar os valores médios para a utilização do “pé não preferido” e “não preferido” registado no estudo.

.

Gráfico 1 - Valores médios da utilização do “Pé Não Preferido” antes e depois da aplicação do estudo.

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39 Na figura 2, podemos verificar os valores médios da utilização do “Pé Preferido” antes e depois da aplicação do estudo.

Nas Figuras apresentadas anteriormente (Figura 1 e Figura 2), podemos comparar os valores médios da utilização do “Pé Preferido” e “Pé Não Preferido” nos dois momentos avaliativos.

Gráfico 2 - Valores médios da utilização do “Pé Preferido” antes e depois da aplicação do estudo.

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Tabela 4 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e depois do treino com o “Pé Preferido”. Teste de Wilcoxon N Média Rank Sum of Ranks

Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido – Índice de Utilização Antes Treino Pé Preferido

Negative Ranks 13a 7,92 103,00 Positive Ranks 2b 8,50 17,00

Ties 0c

Total 15

A - Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido < Índice de Utilização Antes Treino Pé Preferido B - Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido > Índice Utilização Antes Treino Pé Preferido C - Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido = Índice de Utilização Antes Treino Pé Preferido

A estatística teste de Wilcoxon convertida num score z = - 2,442 tem uma significância (P – valor) de 0,015. Sendo o valor de p ≤ 0,05, concluímos que existem diferenças estatisticamente significativas quanto à utilização do “pé preferido” por parte dos jogadores que compõem a amostra do estudo.

Test Statisticsa

Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido – Índice Utilização Antes Treino Pé Preferido

Z -2,442b

Asymp. Sig. (2-tailed) ,015

A - Wilcoxon Signed Ranks Test B - Based on positive ranks.

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Tabela 5 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e depois do treino com o “Pé Não Preferido”. Teste de Wilcoxon N Média Rank Sum of Ranks

Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido – Índice de Utilização Antes Treino Pé Não Preferido

Negative Ranks 5a 4,80 24,00

Positive Ranks 10b 9,60 96,00

Ties 0c

Total 15

A - Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido < Índice Utilização de Antes Treino Pé Não Preferido B – Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido > Índice de Utilização Antes Treino Pé Não Preferido C - Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido= Índice de Utilização Antes Treino Pé Não Preferido Test Statisticsa

Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido – Índice de Utilização Antes Treino Pé Não Preferido

Z -2,045b

Asymp. Sig. (2-tailed) ,041

A - Wilcoxon Signed Ranks Test B - Based on negative ranks.

Tendo em conta que o valor de z = - 2,045 e (P-valor) de 0,041, ou seja, p ≤ 0,05 (valor relacionado com o nível de significância estabelecido) conclui-se que existem diferenças estatisticamente significativas quanto à utilização do” pé não preferido” por parte dos jogadores que compõem a amostra do estudo.

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Valores dos Índices de utilização do “Pé Preferido”, do “Pé Não Preferido” e do Índice de Diferença Antes e Depois do Estudo

Tabela 6 - Índices de utilização do “Pé Preferido”, “Pé Não Preferido” e respetivos índices de Diferença.

Nome Pé Preferido Pé Não Preferido Índice de Diferença Jogador 1 7,44 2,16 5,28 7,21 1,91 5,30 Jogador 2 7,34 1,89 5,45 7,74 1,56 6,18 Jogador 3 7,28 1,58 5,71 6,24 2,77 3,47 Jogador 4 6,94 2,39 4,55 6,83 2,73 4,10 Jogador 5 7,80 0,80 7,00 6,72 2,52 4,20 Jogador 6 5,36 3,68 1,68 5,30 3,65 1,64 Jogador 7 4,87 4,15 0,71 4,86 4,83 0,03 Jogador 8 7,93 1,64 6,29 5,32 3,22 2,09 Jogador 9 8,17 1,09 7,08 6,77 2,41 4,37 Jogador 10 2,53 7,11 - 4,58 2,00 5,95 - 3,95 Jogador 11 8,25 1,00 7,25 6,51 2,87 3,64 Jogador 12 7,97 0,75 7,22 7,84 1,87 5,97 Jogador 13 1,79 6,73 - 4,94 2,72 5,92 - 3,20 Jogador 14 7,53 0,97 6,56 7,01 1,32 5,69 Jogador 15 7,12 1,74 5,38 6,98 2,25 4,73

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43 Na Gráfico 3 é possível comparar os valores dos Índices de Utilização do “Pé Preferido”,

No Gráfico 3, podemos verificar os valores dos índices de utilização do “Pé Preferido” de cada jogador que participou no estudo, nos dois momentos de avaliação, antes da aplicação do Estudo (Baseline), e depois da aplicação do Estudo (7 Meses).

O Gráfico 4 permite constatar os Índices de Utilização do “Pé Não Preferido” antes (Baseline) e depois (7 Meses) da aplicação do estudo. É possível verificar os valores

7, 44 7, 34 7, 28 6, 94 7, 8 5, 36 4, 87 7, 93 8,17 7, 11 8, 25 7, 97 6, 73 7, 53 7, 12 7, 21 7, 74 6, 24 6, 83 6, 72 5, 3 4, 86 5, 32 6, 77 5, 95 6, 51 7, 84 5, 92 7, 01 6, 98 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 Í N D I C E D E U T I L I Z AÇ ÃO D O " P É P R E F E R I D O "

Índice de Utilização Baseline Índice de Utilização 7 Meses

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44 dos índices de utilização do “Pé Preferido” de cada jogador que participou no estudo, nos dois momentos de avaliação, antes da aplicação do Estudo (Baseline), e depois da aplicação do Estudo (7 Meses).

2, 16 1, 89 1, 58 2, 39 0, 8 3, 68 4, 15 1, 64 1, 09 2, 53 1 0, 75 1, 79 0, 97 1, 74 1, 91 1,56 2, 77 2, 73 2, 52 3, 65 4, 83 3, 22 2, 41 2 2, 87 1, 87 2, 72 1, 32 2, 25 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5

Í N D I C E D E U T I L I Z AÇ ÃO D O " P É N ÃO P R E F E R I D O "

Índice de Utilização Baseline Índice de Utilização 7 Meses

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45 No Gráfico 5 podemos visualizar a comparação entre os valores da diferença entre os índices de Utilização do “Pé Preferido” e do “Pé Não Preferido”, antes e depois da aplicação do estudo. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Alterações entre os Índices de Diferença

Índice de Diferença (Baseline) Índice de Diferença (7Meses)

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CAPÍTULO V

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Discussão dos resultados

Os resultados demonstram que o treino técnico específico e sistematizado para o “pé não preferido”, promoveu uma redução efetiva da assimetria funcional dos membros inferiores, na maioria dos jogadores pertencentes à amostra.

Seja qual for a dominância de um jogador, o uso intensivo do “pé não preferido”, principalmente para atividades em que habitualmente não é o pé recrutado, leva o corpo a criar novos padrões de ação, bem como novos recetores percetuais (Martin & Porac, 2007; Teixeira & Okazaki, 2007). Estes resultados suportam e confirmam a opinião de vários autores sobre o carácter dinâmico e a multidimensionalidade do comportamento motor (Martin & Porac, 2007; Teixeira & Okazaki, 2007; Zverev, 2006).

Vários estudos semelhantes, confirmam esta ideia de que o treino intensivo e sistemático sobre o membro “não preferido” conduz a um aumento do proficiência e da utilização desse mesmo membro (Guilherme, 2013; Andrade, 2012; Cobalchini & Silva, 2008; Haaland & Hoff, 2003; Teixeira, 2001; Teixeira et al., 2003). Em todos os estudos referidos os melhoramentos verificados na utilização do membro “não preferido” são evidentes e são atingidos num relativo curto espaço temporal, em relação ao membro preferido, que é trabalhado durante anos. Uma justificação para este facto pode estar relacionada com a perspetiva ecológica, desenvolvida a partir das ideias de Bernstein (1967), e que entende que o envolvimento fornece a informação necessária para a realização da ação sem que haja a intervenção de um mediador central, e que o comportamento é entendido como o resultado de um processo de auto-organização e de uma interação dinâmica entre a informação das propriedades do envolvimento percetíveis e pertinentes para a realização da função. Reforçando esta ideia, surge um estudo, realizado por Peters e Ivanoff (1999), que suporta a ideia de que, no futebol, a prática sistemática e contextualizada com “pé não preferido” pode levar a que o jogador atinga performances semelhantes à do “pé preferido”.

Mesquita (2009) alude também para o facto de o treino da técnica nos jogos de invasão, com um caracter mais imponderável e aleatório, as habilidades motoras

Referências