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A IGREJA E O CUIDADO COM OS DOENTES

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24 | ESPIRITUALIDADE

53 | TEOLOGIA

56 | OPINIÃO

Caminho de cura

e mudança de vida

A bênção da

longevidade

O valor da

amizade

ANO 98 | Nº 1144 | JULHO 2021

A IGREJA E

O CUIDADO

COM OS

DOENTES

(2)

03

editorial

04

de coração a coração

12

sustentabilidade

14

orientações jurídicas

Expediente

Publicação Mensal da Sociedade Vicente Pallotti - Província Nossa Senhora Conquistadora - Padres e Irmãos Palotinos - Santa Maria (RS) Redação e Central de Atendimento ao Assinante

Rua Tupi, 200 | CEP: 91030-520 | Passo D'Areia | Porto Alegre (RS) (51) 3084-9935 | DDG: 0800 51 6633 | (51) 996-492-003 contato@revistarainha.com.br | revista.rainha

Provincial:Pe. Clesio Facco, SAC Diretor: Pe. Jerônimo José Brixner, SAC

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente a opinião da Revista Rainha dos Apóstolos © 2021

23

anjos

24

espiritualidade

26

psicogerontologia

28

vidas notáveis

ESPECIAL

Ano 98 | nº 1144 | Julho 2021

Coordenadora: Caroline Freitas Design Gráfico:Ideias e Mídias Gráficas Jornalista Resp.:Maria Guadalupe Serviços Revisão:Maria Guadalupe Serviços e Maria Burin

Assinaturas/Expedição:Laura Echevenguá e Jéssica Brolo dos Reis Imagens:AdobeStock

Impressão:Gráfica Pallotti | Rua Padre Alziro Roggia, 115  (55) 3220-4500 | Santa Maria (RS)

Associada à Signis Brasil - Associação Católica de Comunicação

18

miscelânea

20

fragmentos da vida

22

a voz do pastor

16

PALAVRA DO VATICANO

30

SABER VIVER

Em julho o primeiro Dia Mundial

dos Avós e dos Idosos Um juíz sob a tutela de Deus

43

inspire-se

44

vida e saúde

46

o Evangelho em sua vida

53

teologia e cotidiano

56

opinião

58

comportamento

60

juventude

62

mãos à obra

64

UAC

66

educação

68

galeria

70

culinária

72

piadas/passatempos

32

ponto de vista

34

tanatologia

35

super turma

A IGREJA E O CUIDADO

COM OS DOENTES

(3)

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 3

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino e professor da Fapas em Santa Maria (RS)

 jeronimo@pallottism.com.br

EDITORIAL

Pe. Jeronimo José Brixner, SAC

EM BUSCA DA

SAÚDE INTEGRAL

H

á mais de um ano a humanidade está en-frentando o flagelo da Covid-19, que causou milhões de infecções e mortes em todo o mundo. Não existe apenas essa doença, mas muitas outras, como o câncer, hipertensão, diabetes etc. Em casos mais leves, as pessoas conseguem solução através de medicação e permanecendo em suas casas e atividades. Em situações mais complexas, necessita-se de internação hospitalar. Nas situações mais complicadas, os enfermos precisam de ajuda de familiares, de amigos e de profissionais da saúde, além de medicamentos e instrumentos clínicos.

Considerando toda essa situação, a revista Rainha dos Apóstolos, nessa edição de julho, traz textos que procuram apontar caminhos de supe-ração não apenas de doenças físicas, mas também mentais, psíquicas e espirituais. Por isso, essa revista aborda temas que querem ser um auxílio para a saúde integral de cada pessoa humana.

No seu Especial, a revista Rainha dos Apóstolos faz uma referência à participação da Igreja nos cui-dados com os enfermos. Seguindo os ensinamentos e exemplos de Jesus Cristo, a Igreja tem se dedicado à missão de curar não apenas a alma, mas também o corpo. Para tanto, ao longo dos séculos, muitos

cristãos e ordens religiosas fundaram e administra-ram hospitais para cuidar de doentes. Nesse espe-cial, encontramos um pouco dessa história.

A realidade dos hospitais que acolhem e cuidam de doentes encontra um reconhecimento da socie-dade e da Igreja com o estabelecimento de datas comemorativas. No dia 02 de julho, comemora-se o Dia Nacional do Hospital, e no dia 14 do mesmo mês, o Dia Mundial do Hospital. Nesse dia, cele-bra-se também a memória de São Camilo de Lellis, Padroeiro dos Enfermos e dos Hospitais.

Outro destaque dessa edição da revista Rainha dos Apóstolos é o anúncio feito pelo Papa Francisco da instituição em toda a Igreja da celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que ocorrerá no quarto domingo de julho, próximo à memória litúrgica dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus. Esses santos são celebrados no dia 26 desse mês. Essa instituição do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos é considerada fruto do ano Família Amoris Laetitia, iniciado no dia 19 de março de 2021 e que terminará no dia 26 de junho de 2022, por ocasião do X Encontro Mundial da Famílias em Roma.

Esses destaques e os demais textos publicados na revista Rainha dos Apóstolos querem contribuir para que os assinantes e leitores valorizem sempre mais a vida humana e o meio ambiente, a fim de que a haja saúde física, psíquica e espiritual para todos. Jesus disse que veio a este mundo para que todos tenham vida em abundância (Jo 10,10b), mas para que isso aconteça é necessária a colaboração de cada pessoa humana.

(4)

“Jesus disse a Tomé: Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé. Tomé respondeu a Jesus: Meu Senhor e meu Deus. Jesus disse: Felizes os que acreditaram sem ter visto” (cf Jo 20,26-29).

T

omé teve dificuldades em crer que Jesus estava vivo e ressuscitado. Nossa vida pode parecer também noite escura. Por vezes, caminhamos sem enxergar muito claramente. Podemos sentir a sensação de estar abandonados e perdidos. Anda-mos, mas não conseguimos encontrar o destino. Queremos encontrar o caminho de volta para casa. Jesus é o companheiro que se apresenta perguntan-do: Está precisando de ajuda?

Sim, precisamos achar o caminho de casa. Precisamos achar a ponte que atravessa o rio. Ela representa a morte, precisamos passar por ela para chegarmos do outro lado do rio. Com sua paixão, morte e ressurreição, Jesus nos ensina como deve-mos cruzar o rio que separa uma margem da outra. Precisamos, com coragem, passar pela ponte. Agora já não estamos mais sozinhos e perdidos. Temos

al-guém que nos ajuda nessa travessia para a ou-tra margem. Temos

alguém que nos acompanha.

Ele nos indica o caminho. Precisamos crer e confiar naquele que pode nos ajudar a cruzar a ponte da escuridão para a claridade. Do caminho sem destino para a nossa casa. Cruzar o rio de uma margem para a outra, da solidão do caminho para a companhia segura.

Tomé não é uma “figura” do passado. Semelhan-tes a Tomé são todos aqueles que olham as novida-des. Diante da inusitada notícia dos discípulos: Nós vimos o Senhor, Tomé se surpreende e responde: Se eu não olhar as marcas dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, eu não acreditarei. Tomé é a imagem de to-dos aqueles que precisam de sinais para poder crer. Jesus não tem pressa. E na segunda aparição, diz a Tomé: Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque no meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé. Muitos parecem que estão vendo, e não veem. Só se vê, de verdade, na hora da dúvida.

ORAÇÃO

Coração de Jesus, quero expressar os meus sentimentos de amor, reconheci-mento e dedicação. Quero bendizer e louvar pelas imensas graças, virtudes e dons derra-mados pelo Espírito Santo. Consagro todos os dias e, em particular, o de hoje. Quero escolher-te, hoje e para sempre, como centro e rei de meu coração, a quem só quero amar, honrar e servir. No teu Coração, en-trego todas as minhas esperanças e consolações. Recomendo, ó Coração amoroso, os aflitos e atribulados.

4 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

DE CORAÇÃO A CORAÇÃO

Pe. Antônio Francisco Bohn

O autor, colaborador desta revista, é pároco em Blumenau (SC)

 antoniobohn@hotmail.com

O ENCONTRO DO

CORAÇÃO

(5)

ESPECIAL

Carlos Alberto Veit

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 5

A IGREJA E O CUIDADO

COM OS DOENTES

Um dos maiores atos de caridade é cuidar dos enfermos. Um exemplo bem claro disso está no evangelho de Lucas (10,25-37), na parábola do Bom Sama-ritano, quando Jesus exalta a atitude do homem que cuidou de um estranho que estava ferido.

A Igreja tem se dedicado ao longo dos séculos não só a curar as enfermidades da alma, mas também as do corpo. A pergunta que fica é: mas como tudo isso começou? Qual a importância dos cristãos nos cuidados aos doentes? Vamos conhecer essa história?

(6)

Em muitos povos antigos e em tribos selvagens os doentes e fracos eram muitas vezes abandonados à própria sorte até morrer. Valia a “lei da selva”, ou seja, a seleção natural se encarregava de garantir a sobrevivência dos mais fortes e saudáveis.

Com o avanço da civilização, tudo foi mudando e evoluindo. Embora o cuidado aos doentes tenha sido muito impulsionado pelo Cristianismo, deve-se dizer que a origem dos hospitais é bem anterior a ele.

Há dados que remontam a 3.000 a.C. e que apontam o exercício da

Medici-na entre os assíriobabilônicos. No entanto, não há provas de como era feito esse atendimen-to. Não parecia haver um local apropriado para os doentes, e sim um local onde ficavam os órfãos, viajantes, miseráveis, viúvas e também os enfermos.

Os primeiros locais de atendimento aos doentes foram construídos em 431 a.C. no Ceilão, atual Sri Lanka, pelo rei Pandukabhaya. Este teria ordenado a construção de locais para internação.

Dois séculos depois, já na Grécia Antiga, come-çaram a ser construídos os “latriões”, que assim eram chamados “o lugar dos médicos”. Geralmente eles ficavam no centro das cidades e havia camas para os doentes e banheiros. De certo modo eram um tipo de predecessores dos ambulatórios. Os doentes curados faziam contribuições, denominadas de “taxas”.

Hipócrates, considerado o pai da Medicina,

era grego e dessa época. Quem quiser conhecer sua vida basta recordar a edição da nossa revista de outubro de 2017.

Na China também houve avanços na Medicina durante a dinastia Han. Ela tinha o caráter de serviço público, sendo um dos mais antigos exemplos do controle dos médicos pelo Estado.

Na Índia, o imperador Asoka também criou locais para tratamento de doenças, mas nada que se compare aos hospitais propriamente ditos. Já durante o Império Romano há apenas a referência a um local de recuperação de soldados.

Retrato de Hipócrates (1787) - Morgado de Setúbal (Museu de Évora)

OS PRIMÓRDIOS

CRISTIANISMO

Com o advento do Cristianismo tudo começou a mudar radicalmente. Isso se deve principalmente ao fato de que Jesus Cristo, além de ser o Salvador, foi um revolucionário do amor. Ele valorizou a to-dos, inclusive as minorias e os mais frágeis, como as mulheres (principalmente as viúvas), as crianças, os órfãos, os escravos, os estrangeiros, os de outras religiões e os doentes.

Jesus combatia o mal, o ódio, o pecado e, mes-mo assim, dava oportunidade dos pecadores se re-dimirem. Ele pregava o amor como a grande forma de transformar o mundo e ir ao encontro do Pai na

vida eterna. Com essa visão tão ampla de amor, os cristãos foram definindo o que eram as práticas de virtude e caridade. Surgiram as Obras de Misericór-dia, que são em número de 14: sete são corporais e sete são espirituais (ver quadro em anexo). A Igreja listou essas obras com base nos ensinamentos da Bíblia e principalmente nas pregações de Jesus.

Uma dessas obras de misericórdia trata justa-mente do cuidado aos doentes. Os evangelistas relatam várias curas de Jesus, tais como a do leproso, a do paralítico, a da sogra de Pedro, a da mulher com fluxo de sangue, a dos cegos, a do mudo, a do homem com a mão seca, enfim, todas revelando sua preocupação com os enfermos.

Essa ajuda aos doentes e necessitados ganhou ainda mais força com o decreto de Milão (313 d.C.),

(7)

instituído pelo imperador Constantino (convertido ao Cristianismo no ano anterior), e também refor-çado pelo Concílio de Niceia (325 d.C.), que esta-belecia o atendimento compulsório aos carentes e enfermos. Esses atos foram a motivação que faltava para que a construção de hospitais ganhasse mais motivação e atenção.

São João Paulo II publicou, em 11 de fevereiro de 1984, uma Carta Apostólica, intitulada Salvifici

doloris. Em uma parte dela, ele dizia que “Cristo

aproximou-se incessantemente do mundo do sofrimento humano (…) e essa sua forma de agir exercia-se principalmente com os doentes e com os que esperavam a sua ajuda. Curava os doentes, con-solava os aflitos (…) Era sensível a todo sofrimento humano, tanto do corpo como da alma” (16).

OBRAS DE MISERICÓRDIA

CORPORAIS

OBRAS DE MISERICÓRDIA

ESPIRITUAIS

Dar de comer a que tem fome Dar de beber a quem tem sede

Dar pousada aos peregrinos Vestir os nus

Visitar os enfermos Visitar os presos Enterrar os mortos

Ensinar os ignorantes Dar bom conselho Corrigir os que erram

Perdoar as injúrias Consolar os tristes

Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo

Rezar a Deus por vivos e defuntos

IDADE MÉDIA

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 7

A Idade Média, período que abrange o ano de 476 (queda do Império Romano no Ocidente) até o ano de 1453 (tomada de Constantinopla pelo Império turco-otomano), teve episódios marcantes, alguns positivos e outros negativos.

No que se refere à Igreja, esse período foi mar-cado pelo surgimento de muitas Ordens religiosas. A mais antiga delas de clausura monástica é a dos beneditinos. Surgida em 529, na Itália, em um con-vento no Monte Cassino e fundada por São Bento, teve importância fundamental para a possibilidade de um novo estilo de vida para os clérigos.

A O.S.B. (Ordem de São Bento) é tão importante que dela surgiram 15 Papas. Além disso, São Bento, cujo dia é celebrado em 11 de julho, foi nomeado pelo Papa Pio XII como padroeiro da Europa.

Os beneditinos tinham como lema fundamental

“Ora et labora” (ora e trabalha) e procuravam, entre

outras coisas, hospedar os peregrinos, dar assis-tência aos pobres, promover o ensino e cuidar dos desvalidos. Incluía-se nessa pastoral o cuidado aos doentes, sendo que só essa Ordem abriu centenas de hospitais.

Esse ideal ajudou muito a promover avanços na medicina e na enfermagem. O cuidado não se restringia só ao corpo, mas também ao consolo espiritual e ao testemunho de amor ao próximo.

“TODAS AS VEZES QUE FIZESTES ISSO A UM DESTES MEUS IRMÃOS MAIS PEQUENINOS, FOI A MIM MESMO QUE O FIZESTES” (MT 25,40)

(8)

As Cruzadas eram expedições sob o comando da Igreja com o objetivo de recuperar a Palestina e Jerusalém, que estavam sob domínio muçulmano. Elas ocorreram entre os anos de 1096 a 1270 e foram em número de nove, ao menos, as Cruzadas oficiais. Como havia muitos peregrinos e feridos cristãos, foi criada a Ordem de Malta ou Cavaleiros Hospitalá-rios. O cuidado aos feridos e doentes intensificou-se e essa obra deu tantos frutos que existe até hoje. Logicamente que ela se transformou e atualmente se trata de uma organização católica internacional com dezenas de milhares de membros, voluntários e profissionais.

Além dos doentes, ela cuida de refugiados e não podemos esquecer que na Igreja Católica também surgiu a Ordem de São Lázaro, que cuida das pessoas que têm hanseníase, doença popular-mente conhecida como lepra e que ainda existe em muitos países do mundo, inclusive no Brasil.

Outra Ordem religiosa católica criada com o ca-risma de cuidar física e espiritualmente dos doentes

é a dos Camilianos. Ela foi fundada em 1590 pelo italiano São Camilo de Lellis, que é considerado o patrono dos enfermos. Sobre ele eu escrevi um artigo para essa revista em setembro de 2017.

Um outro exemplo marcante foi o das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, fundada na França em 29 de novembro de 1633.

Em um só artigo não há como listar todas as práticas de organizações católicas no cuidado aos enfermos, mas, sem sombra de dúvida, pode-se fazer uma ligação entre a prática da enfermagem e a influência recebida de Ordens e associações religiosas, principalmente as católicas.

AS CRUZADAS

CRUZ VERMELHA

Essas organizações católicas de assistência aos mais necessitados serviram de modelo para o surgimento de outros. O principal exemplo é o da Cruz Vermelha, que é a principal instituição de ajuda humanitária do mundo.

Ela foi criada em outubro de 1863 pelo empresário suíço Jean-Henri Dunant em Genebra, na Suíça, e está presente em 190 países. Esse empresário era cristão

(calvinista) e presenciou os horrores da guerra pela unificação da Itália quando morava lá. Ele recebeu o primeiro Prêmio Nobel da Paz, em 1901.

O objetivo é dar proteção e aten-dimento médico para as pessoas que sofrem as consequências dos conflitos armados.

No nosso país a Cruz Vermelha Brasi-leira começou em 1907, no Rio de Janeiro, graças ao médico Joaquim de Oliveira Botelho. Seu primeiro presidente foi o notável sanitarista Oswaldo Cruz e ela está presente em quase todo o Brasil.

8 | JUNHO 2021 • revistarainha.com.br

14/07

(9)

NO BRASIL

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 9

“EU ESTAVA DOENTE E ME VISITASTES” (MT 25,36)

O primeiro hospital construído no nosso país foi a

Santa Casa de Misericórdia de Olinda, inaugurada

em 1540 em conjunto com a Igreja Nsa. Sra. da Luz. Ele funcionou até 1630, mas infelizmente os holandeses que invadiram o Brasil eram contra os católicos e sa-quearam e incendiaram todo o prédio. Os holandeses permaneceram no Brasil entre 1630 e 1654.

Já o hospital mais antigo ainda em funciona-mento no Brasil também está ligado à Igreja Cató-lica e é a Santa Casa de Misericórdia de Santos (SP), que existe desde 1543. No início o nome dado era Hospital de Todos os Santos. Estima-se que no país existam centenas de instituições de Santa Casa de Misericórdia!

Naquele tempo o atendimento não era feito por médicos, pois os médicos portugueses não queriam vir ao Brasil, que era uma simples e atrasada colônia de Portugal. O atendimento era feito, na maioria das vezes, pelos jesuítas, que faziam o papel de médicos, farmacêuticos e enfermeiros.

Cabe lembrar que as primeiras faculdades de medicina no nosso país foram a Faculdade de Ci-rurgia da Bahia e a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, ambas inauguradas somente em 1808.

(10)

Toda pessoa que é realmente cristã já conheceu e se deixou encantar não só com os ensinamentos bíblicos, mas principalmente com a pessoa de Jesus Cristo. A partir desse encontro com o Mestre tudo começa a mudar na vida de uma pessoa: a forma como vê o mundo, o sentido de sua vida, a forma como vê as demais pessoas etc.

Percebe-se com mais clareza a transitoriedade do mundo material, com sua pequena proposta de fama e riqueza.

A Igreja Católica, com seus dois milênios de existência, é a única Igreja fundada por Jesus Cristo e procura orientar seus fiéis principalmente no que tange à vida espiritual.

Diversas vezes já ouvi críticas a essa Igreja a qual pertenço e amo. Deve-se ter claro que a Igreja também

REFLEXÕES

é feita de pessoas, ou seja, tem uma parte humana, com todas as limitações que uma pessoa pode ter, mas também ela tem um lado divino, caracterizado pelo seu fundador, pelos mandamentos e pela base bíblica.

Se é verdade que já houve erros na parte huma-na da Igreja, também é muito verdade que através dela a humanidade teve grandes avanços, tais como nas ciências, nas artes, nas universidades, na assis-tência aos necessitados, entre tantas áreas em que ela está presente.

Os hospitais são uma dessas áreas e deve ser muito louvada a iniciativa da Igreja em cuidar e promover a saúde e o bem-estar humano.

Que todos nós, cristãos, possamos dar continui-dade, em nome de Jesus Cristo, a toda forma de ação que valorize a vida! Amém!

IRMÃ DULCE

No Estado da Bahia, encontra-se o Hospital da Irmã Dulce, que atende cerca de duas mil

pessoas todos os dias na unidade médica. São mais de dois milhões de procedimen-tos ambulatoriais por ano,

dezoi-to mil internamendezoi-tos e doze mil cirurgias. Além disso, são mais de onze mil atendimentos por mês para tratamento de câncer.

10 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

O Dia Nacional do Hospital é comemorado dia 02 de julho, pois foi nesse dia, em 1945, que o atual prédio da Santa Casa de Misericórdia de Santos foi reinaugurado pelo presidente Getúlio Vargas.

Já o Dia Mundial do Hospital é comemorado no dia 14 de julho. Ele foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de dar mais atenção e aprofundar os assuntos relativos a essa área.

Foto oficial da inauguração da Santa Casa de Misericórdia de Santos feita pelo então presidente da república Getúlio Vargas.

O autor, colaborador desta Revista, é professor, jornalista e psicólogo clínico em Porto Alegre (RS)

(11)

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 11

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PARA SE CADASTRAR

(12)

EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

A primeira

escola sustentável certificada da América Latina é brasileira

A

intenção deste artigo não é tapar o sol com a peneira. Sabemos o quanto o Brasil como um todo precisa rever seus conceitos e prá-ticas ambientais. Dia a dia recebemos uma avalanche de notícias tristes que nos envergonham e detonam a nossa imagem em relação as demais nações. Muito disso ocorre por falta de uma educa-ção ambiental mais aplicada em nosso país. Investir em projetos e processos sustentáveis, nada mais é do que plantar uma semente na cabeça de nossos futuros adultos, para que então possamos, num futuro próximo, colher uma sociedade mais limpa e equilibrada com a natureza.

Um belo discurso, você deve estar pensando. Mas acredite, no Rio de Janeiro, localizada no bairro Santa Cruz, na zona oeste da cidade, existe um co-légio que conseguiu unir as duas pontas. Educação com sustentabilidade na prática. Vejam só que bela iniciativa.

Apresentamos o Colégio Estadual Erich Walter Heine, que com seu projeto bem desenvolvido e aplicado, consegue economizar nada menos que 40% de energia. Esta é apenas uma das ações implantadas que garantiram à escola a ser a pri-meira reconhecida como totalmente sustentável no Brasil.

Construída em parceria entre o governo do Estado e a prefeitura do Rio de Janeiro, a escola tor-nou-se exemplo de redução de consumo de água e luz. A estrutura possui lâmpadas led com sensor, de forma que se apagam quando não há ninguém nas

salas, e ainda faz uso de energia solar. Há sistema de captação de água da chuva que é aproveitada nos banheiros, jardins e limpeza geral da escola. Além da economia nas contas, cerca de 50% de água potável é poupada.

Achou pouco? Que tal o ''ecotelhado” feito de vegetação que ajuda a reduzir a absorção de calor, além de reabsorver a água da chuva. A escola tam-bém é acessível para pessoas com necessidades especiais. Foram investidos na obra algo em torno de R$16 milhões, mas com certeza o retorno desse investimento é incalculável!

12 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

SUSTENTABILIDADE

Juarez Rodolpho dos Santos

(13)

Iluminação toda feita com lâmpadas LED, o que reduz em até 80% o consumo de energia. Há também painéis solares para geração de energia limpa;

Formato da construção pensado para gerar maior aproveitamento da circula-ção do ar e, por isso, menor necessidade de refrigeração;

Coleta seletiva e espaço para armazenar lixo para reciclagem;

Bicicletário e vagas especiais para veí-culos com baixa emissão de poluentes;

Acessibilidade a alunos com necessida-des especiais;

Tratamento acústico nas salas de aula, corredores e ambientes internos próxi-mos às salas;

Análise prévia da qualidade do solo

para a construção e uso de 70% da per-meabilidade natural do terreno;

Reaproveitamento de 100% do material de entulho gerado durante a obra.

A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um selo para escolas de todo o mundo, concedida pela entidade internacional Green Building Council, que alcalça parâmetros de excelência em sustentabilidade.

A certificação para construções verdes dialoga com a necessidade cada vez maior de soluções que interliguem construção civil e sustentabilidade. Segundo dados da USP, de 40% a 75% dos recursos extraídos da natureza são utilizados nesse setor, responsável por grandes impactos ambientais ao longo do processo de produção.

Tal obra nos mostra que sim, é possível, e serve de inspiração para nossos governos e empresas para que os mesmos possam seguir investindo num futuro mais verde para todos!

Telhado verde com vegetação que absorve calor

MAIS SOBRE O PROJETO

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 13

O autor, colaborador desta Revista, é designer gráfico em Porto Alegre (RS)  juarez@pallottipoa.com.br

(14)

ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA

ADQUIRI UM IMÓVEL, O VENDEDOR

FALECEU ANTES DA TRANSFERÊNCIA

DA PROPRIEDADE!

E AGORA?

Imaginem a seguinte situação:

O Sr. Antônio adquiriu um imóvel por meio de um contrato particular de compra e venda, mas não efetuou o registro da compra na matrícula imobiliá-ria junto ao cartório de registro de imóveis.

É comum para efetivar o negócio de compra de um bem de forma parcelada, seja firmado um contrato particular de compra e venda, asseguran-do, assim, o direito de posse e, posteriormente, a realização da escritura definitiva e com o posterior registro no Registro de Imóveis adquirir a proprie-dade do bem.

Após alguns anos, já tendo pago integralmente a compra do imóvel e sabendo da necessidade de regularizar o negócio celebrado e realizar a trans-missão da propriedade, o Sr. Antônio procurou o vendedor e descobriu que ele faleceu.

Diante de tal situação, o comprador procura um advogado no intuito de se esclarecer acerca do ocor-rido. Ao tomar ciência dos fatos, o profissional espe-cializado informa-lhe todos os riscos que o cliente se expôs sem a devida transmissão da propriedade no tempo da realização do contrato e quitação do negócio, mas existe uma solução para o caso – isto é, a propositura da ação de adjudicação compulsória.

Adjudicação compulsória se trata de um pedido ao juiz para a validação do contrato de compra e

14 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

ORIENTAÇÕES JURÍDICAS

Fernanda Martelli

(15)

venda e posterior lavratura da Carta de Adjudi-cação, a qual, em suma, assegura ao promissário comprador, após comprovada a quitação da sua dívida com o proprietário, a possibilidade da transferência do imóvel, ainda quando da ausên-cia do anterior proprietário.

A orientação aqui é para que, caso você te-nha comprado qualquer tipo de imóvel, realize imediatamente a transferência da propriedade com a elaboração da escritura pública e não es-quecendo de registrá-la.

Porém, se o promitente vendedor veio a falecer, desaparecer ou se recusar a assinar a escritura pública de compra e venda, não se de-sespere! Procure um advogado de sua confiança para pleitear seu direito em juízo, como no caso apresentado acima.

Através da ação de adjudicação compulsória, você poderá, ainda que não tenha realizado o registro do contrato em cartório, requerer judicial-mente a emissão da carta de adjudicação (a qual será emitida na sentença) para, então, solicitar junto ao Cartório de Registro de Imóveis a lavra-tura da escrilavra-tura pública e, consequentemente, aquisição da propriedade.

Dessa forma, caso você esteja em uma situa-ção similar, procure um advogado, de preferência especialista na área imobiliária, para que possa ser orientado da maneira correta.

FAPAS / LA SALLE

EAD

• Administração

• Análise e Des. de Sistemas

• Ciências Contábeis

• Engenharia de Produção

• Geogra a

• Gestão Comercial

• Gestão de Rec. Humanos

• Gestão Financeira

• Gestão Pública

• História

• Letras/Português

• Logís ca

• Marke ng

• Matemá ca

• Pedagogia

• Processos Gerenciais

• Serviço Social

• Teologia

Viva já a sua

melhor versão.

unilasalle.edu.br/ves bular

A autora, colaboradora desta Revista, é advogada - OAB/MS 13.291

(16)

PAPA LANÇA

EM JULHO O

PRIMEIRO DIA

MUNDIAL DOS

AVÓS E DOS

IDOSOS

A COMEMORAÇÃO SERÁ REALIZADA A PARTIR

DESTE ANO, SEMPRE NO QUARTO DOMINGO

DE JULHO, PRÓXIMO À FESTA DOS SANTOS

JOAQUIM E ANA, AVÓS DE JESUS.

A

data permitirá, como anunciado recentemente por Francisco no final da oração do Angelus, em 31 de janeiro de 2021, recordar e celebrar o dom da velhice e daqueles que, antes de nós e para nós, guardam e transmitem a vida e a fé.

A nossa memória, as raízes dos povos, a ligação entre gerações, um tesouro a ser preservado. Isto é o que os idosos e os avós são no pensamento do Papa, um verdadeiro "presente" cuja riqueza muitas vezes esquecemos. Por esta razão, como anunciado

no final do Angelus, Francisco decidiu dedicar-lhes um Dia Mundial, a partir do próximo mês de julho. O ponto de partida do Pontífice é a Festa da Apre-sentação de Jesus no Templo, em 02 de fevereiro, quando dois idosos, Simeão e Ana, "iluminados pelo Espírito Santo, reconheceram Jesus como o Messias". E esta é a primeira grandeza daqueles que nos precederam no caminho da vida:

“O Espírito Santo ainda desperta pensamentos e palavras de sabedoria nos idosos: sua voz é preciosa porque canta os louvores de Deus e conserva as raí-zes dos povos. Eles nos lembram que a velhice é um presente e que os avós são o elo entre as diferentes gerações, para transmitir aos jovens a experiência da vida e da fé”.

16 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

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UM DIA PARA NÃO ESQUECER

Hoje, mais do que nunca, devido à pandemia que primeiro os colocou em risco e sacrificou tan-tos, os idosos muitas vezes permanecem sozinhos e longe de suas famílias, e ao invés disso, devem ser preservados como uma memória a ser transmitida. Daí a decisão do Papa:

“Os avós tantas vezes são esquecidos e nós esquecemos esta riqueza de conservar as raízes e transmitir. E por esta razão decidi instituir o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em toda a Igreja, todos os anos, no quarto domingo de julho, próximo à festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus”.

AVÓS E JOVENS: SONHO E PROFECIA

Dos avós aos jovens: o vínculo é muito estreito, o diálogo deve ser constante. O Papa tem reiterado isto muitas vezes ao longo do tempo, até mesmo dizendo que sonha com "um mundo que viva pre-cisamente do abraço deles". Foi o que retornou a enfatizar nesta ocasião especial:

“É importante que os avós se encontrem com os netos e que os netos se encontrem com os avós, porque – como diz o profeta Joel – os avós diante dos netos sonharão, terão a ilusão e os jovens, toman-do a força toman-dos avós, seguirão adiante, profetizarão. E precisamente 02 de fevereiro é a festa do encontro dos avós com seus netos”.

São Joaquim e Santa Ana

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 17

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Mais de 400 cidades brasileiras têm está-tuas do Cristo Redentor, tendo como modelo aquela tão famosa do Rio de Janeiro. No entan-to, está sendo construída na cidade de Encan-tado (RS) a maior estátua de Cristo do Brasil. Enquanto a estátua carioca tem 38 metros de altura, a dos gaúchos terá 5 metros a mais, ou seja, 43 metros! Será a terceira maior está-tua de Cristo do mundo, ficando apenas atrás de uma no México, com 75 metros, e outra na Polônia, com 52 metros. Ela será chamada de

Cristo Protetor.

Encantado é um município com 22 mil

habitantes e fica a 148 quilômetros de Porto Alegre, a capital gaúcha. A estátua do Cristo Re-dentor gaúcho está sendo construída somente com recursos de empresários e da população, pois além da promoção da fé esse monumen-to, que deve ficar pronto até o final deste ano, deverá incrementar o turismo na região.

O maior de todos!

18 | JUNHO 2021 • revistarainha.com.br

MISCELÂNEA

MISCELÂNEA

Durante o período da Páscoa deste ano, os estudantes dos cursos de Filosofia e Teologia da Faculdade Palotina (FAPAS) de Santa Maria (RS), realizaram uma campanha de arrecadação de ali-mentos, durante a Semana de Estudos, promovida pelos cursos citados anteriormente.

Os alimentos não perecíveis foram destinados aos alunos do Projeto Social e Cultural Vicente Pallotti, que atende mais de trezentas crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Foram doadas mais de cem cestas básicas entregues por seminaristas, padres e membros do projeto. Através da colaboração e caridade de discentes, professores e funcionários dezenas de famílias tiveram sua Páscoa transformada!

Para mais informações sobre o Projeto Social e informação sobre novas campanhas acesse:

pallotti.com.br/projetos-sociais

Confira os registros da iniciativa no instagram acessando o QR-Code abaixo.

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revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 19

Santa Catarina da Suécia

SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA,

MÃE DE OITO FILHOS E PADROEIRA DA EUROPA!

No dia 23 de julho, celebra-se o Dia de Santa Brígida,

padroeira da Suécia, fundadora da Ordem do Santíssimo

e proclamada por São João Paulo II como padroeira da Eu-ropa. Nasceu na Suécia em 1302 e faleceu em Roma (Itália), aos 70 anos. Com dezoito anos, Brígida se casou com um nobre e tiveram oito filhos. Uma de suas filhas também foi canonizada: Santa Catarina da Suécia.

Ao ficar viúva decidiu renunciar a um segundo matri-mônio e dedicar-se à oração, à penitência e às obras de caridade. Santa Brígida deixou escritas 15 orações que se tornaram famosas entre o povo cristão. Cada uma dessas orações foi escrita para uma necessidade humana.

Igreja de Santa Brígida

A igreja é parte do convento das irmãs brigidi-nas em Roma, Itália. Santa Brígida viveu ali por dezenove anos. É possível visitar os aposentos de Santa Brígida e Santa Catarina, sua filha e primeira abadessa das irmãs brigidinas.

Igreja de Santa Brígida

Nesta data reconhecemos a atuação dos profissionais de uma das mais importantes áreas da economia. O Dia do Agricultor é celebrado em 28 de julho, em razão de nesse dia, em 1960, ter ocorrido a fundação do Ministério da Agricultura. Se o homem do campo não existisse, o homem da cidade

não viveria. São os agricultores os responsáveis pelo importante processo

de produção de alimentos. Feliz Dia do Agricultor!

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20 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

FRAGMENTOS DA VIDA

Pe. Judinei José Vanzeto, SAC

A

palavra fotografia vem do grego fós (luz), e

grafis (estilo, pincel) ou grafê, que em

pou-cas palavras significa “desenhar com luz e contraste”. A primeira fotografia que se tem registro foi produzida em 1826 pelo francês Joseph Nicéphore Niépce. A fotografia, no entanto, não é obra de um único autor, mas muitos colaboraram para o seu surgimento.

No entanto, a partir de 1888 a fotografia se tor-nou popular com o discurso de marketing da empre-sa Kodak ao propagar que todos poderiam tirar suas fotos usando rolos de filmes substituíveis. O tempo passou e as máquinas fotográficas evoluíram tanto que hoje os telefones celulares registram fotos com excelente qualidade.

Em Coronel Vivida, no Sudoeste do Paraná, os cinco irmãos: Ari, Olvide, Vilmar, Lucidio e Fernande da família Bordignon – acompanharam a evolução das máquinas fotográficas e fizeram dela um projeto de vida.

O primeiro que começou com as fotografias foi o irmão mais velho, Ari José (in memoriam), que trocou um facão e uma lanterna por uma máquina fotográfica danificada. Segundo informações, ele conseguiu trocá-la por outra e registrou as primeiras fotografias. Ficou tão empolgado com os resultados que convidou seu irmão Vilmar para auxiliá-lo.

Vilmar Bordignon

Começou a fotografar por incentivo do irmão Ari, quando tinha seus 19 anos. Morava no interior do município e trabalhava na lavoura. Depois de algum tempo, conta Vilmar, passou a fotografar so-zinho. “Passado um tempo comprei minha máquina

e comecei a fotografar nas festas de comunidades, bailes, festas de aniversários e casamentos”.

No ano de 1973 casou-se com Terezinha Dalsas-so; nesse mesmo ano se mudaram para a cidade, onde abriram a Foto Love e trabalharam por 48 anos. “A Terezinha (Tere) foi a primeira fotógrafa mulher da região, uma pessoa que sempre trabalhou comigo e me incentivou”.

A fotografia em sua vida é um trabalho gratifi-cante que assumiu com muita garra e amor. “Sinto-me uma pessoa muito realizada na minha profissão. Hoje me alegro ainda mais vendo minhas filhas (Katy e Cleo) assumindo aquilo que comecei há mais de 50 anos. Sinto nelas o amor por essa profissão. São profissionais competentes que estão junto com suas famílias, contando histórias e registrando momen-tos especiais da vida das pessoas”.

Lucidio Elias Bordignon

Também morava no interior do município e aos 19 anos foi procurar serviço na cidade. “Meus irmãos falaram para eu trabalhar com eles na fotografia. Então acabei tendo amor à profissão. Ela representa para mim uma arte e com esta arte o sustento de minha família, sendo que até hoje exerço esta profis-são. É um orgulho e uma realização pessoal ver meu filho Aramis seguir na mesma profissão que escolhi”. Para o filho Aramis, a fotografia é a sua segunda linguagem. “É uma coisa que gosto muito de fazer. É algo que faço com amor. É um prazer e parece que não é trabalho, é um lazer. Leva-me a conhecer o mundo das pessoas, suas histórias. Não me imagino sem a fotografia”.

Luz,

foco,

fotografia

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revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 21

Saiu com 17 anos para trabalhar fora e ficou por dois anos aproximadamente, mas foi retornando aos poucos para a fotografia. “Meu pai adquiriu a primeira câmera fotográfica digital. A “era” analógica estava aca-bando e desse momento em diante passei a trabalhar com a fotografia como minha profissão com meu pai Fernande e minha mãe Leni, fotografando em estúdio e partindo, então, para casamentos, aniversários e tudo mais que fosse chamada”.

Ela se sente honrada em ser fotógrafa por poder eternizar tantos momentos especiais da vida das pessoas. Mas principalmente sente uma gratidão enorme pela profissão que escolheu, que caiu no seu colo por conta do seu pai e tios fotógrafos. E por ver eles levarem essa profissão com tanto amor e responsabilidade a instigou a fazer o mesmo.

Katy Tesser e Cleo

Katy e Cleo são filhas do Vilmar e dizem ter muito orgulho da profissão. A Katy deu continuidade com a Foto Love. “Hoje percebo a grandiosidade em ser fotó-grafa, pelos lindos momentos que vivenciamos e pela quantidade de pessoas que conhecemos. Fotografar é fazer parte de muitas vidas e contar histórias”.

A Cleo, após contrair matrimônio, mudou-se para a cidade de Chopinzinho (PR) e abriu um Es-túdio Fotográfico. Para ela, “a fotografia faz parte

da minha história, sou muito feliz por fazer parte dessa família de fotógrafos. E poder dar continuidade a essa história com minha família é muito gratificante”.

Para finalizar esse fragmento dessa longa história dos irmãos Bordignon e filhos, é im-portante frisar que, embora cada um seguiu com sua empresa fotográfica, ainda conti-nuam trabalhando juntos e compartilhando os eventos na cidade e região. Um testemu-nho muito bonito de vida familiar misturado com a mesma profissão. Nunca perderam o foco da harmonia e do relacionamento fami-liar por motivos profissionais.

Fernande Bordignon

Trabalhava na agricultura com o pai Fidêncio (in memoriam), e o irmão Olvide Francisco (in

me-moriam) o chamou para morar na cidade. Os dois

irmãos trabalharam juntos por aproximadamente seis anos, quando o Olvide saiu da foto e assim veio o Lucidio e começaram uma nova empresa como sócios na Foto Arte. Depois de casados, foi aberta mais uma loja: a Foto Color, hoje a Oldy Revelações.

Para Fernande, a fotografia representa a sua vida profissional, a qual fez com que alcançasse seus objetivos com muito trabalho, dignidade, esforço e conseguiu criar sua família. Profissão que tem muito orgulho. “Fico feliz por ter a minha filha Luana levando a profissão adiante, fazendo também da fotografia a sua profissão. Sabendo que as raízes da fotografia continuam na família é uma estima para mim”.

Luana Bordignon Osorio

Luana é filha do Fernande e lembra que com nove anos pediu de aniversário uma câmera foto-gráfica amadora. “Acredito que a partir daí começou o vínculo com a profissão do meu pai. Com o passar do tempo fui ajudando na Foto Color, depois na Oldy Revelações (que hoje é a nossa loja)”.

O autor, colaborador desta revista, é jornalista e padre palotino em Coronel Vivida (PR)

 jvanzeto@gmail.com

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O ROSTO

22 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta Revista, é arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A VOZ DO PASTOR

Dom Jaime Spengler

O

momento atual favorece o atiçamento de ódios e a disseminação de preconceitos e crendices. Tal situação está ancorada na ten-dência de setores da sociedade em negar a importância do rosto.

Não se pode porém, esquecer que nos reconhe-cemos contemplando o próprio rosto e o rosto do outro. O rosto alheio informa sobre o rosto do outro, mas também sobre nós mesmos.

Num tempo em que somos exortados a cobrir o rosto com uma máscara, corre-se o risco de ha-bituar-se a caminhar isolados uns dos outros, sem reconhecer-se na própria identidade. Vale recordar que antigamente era proibido por lei cobrir o rosto em público; agora somos proibidos de descobri-lo.

Contudo, somos convidados a nos colocar em movimento, a estar com as pessoas, ouvi-las, colher sugestões que a realidade oferece para melhor re-conhecer a nós e aos demais.

Sabemos que notícias, informações e imagens podem, por infinitas motivações, ser facilmente ma-nipuláveis. Não se trata de demonizar o instrumental usado para tanto, mas tornar presente a necessidade de resgatar o lugar da verdade e a dignidade de to-dos os envolvito-dos, pois, em jogo, está sempre uma identidade, um rosto.

O rosto do outro me interpela. Por isso, não se pode ignorar as situações cotidianas envolvendo

pessoas, possuidoras de uma identidade, de rosto. Ir ao encontro do outro, ver e deixar-se ver para então compartilhar o encontrado e o visto, é algo decisivo para o convívio social sadio e harmonioso.

Os elementos oferecidos pelo tempo presente e a inspiração cristã que caracteriza a cultura ocidental nos impulsionam a resgatar a dignidade e a nobreza do rosto humano, e sua importância, por exemplo, para a comunicação no convívio social.

A experiência cristã pode ser descrita como uma história de encontros, de rostos que convergem, marcados pelo desejo de comunicar.

Há dois milênios uma corrente de encontros comunica o fascínio da aventura cristã. Comunicar esperança e amor nestes tempos complexos é o desa-fio de todos os batizados. Amor e esperança também se transmite com o olhar. Se devemos neste tempo cobrir o rosto com uma máscara, permitamos ser con-tagiados pelo desejo de nos olharmos nos olhos!

(23)

Os anjos estão ao nosso redor, embora nunca possamos vê-los com nossos olhos físicos. Deus os criou no início e os designou para serem seus mensageiros para a humanidade.

Aqui está um breve resumo sobre os arcanjos e as fileiras dos anjos na corte celestial.

Qual é a diferença entre um anjo e um arcanjo?

Em primeiro lugar, a palavra “anjo” vem do latim angelus, que significa “mensageiro de Deus”. O latim deriva do grego ἄγγελος, que é uma tradução do hebraico mal’ākh, que significa “mensageiro” ou “delegado” ou “embaixador”.

Quando se trata do termo “arcanjo”, a palavra inclui o prefixo “arch-“, usado para denotar algo como “chefe” ou “principal”. Um “arch-anjo” então é um “mensageiro principal” de Deus.

Esses anjos estão mais alto na hierarquia do que os anjos da guarda. Acredita-se que os arcanjos e os anjos da guarda são as únicas classes de anjos que interagem com os humanos.

Os arcanjos também recebem as mensagens mais importantes que devem ser entregues aos humanos. Tal foi a tarefa de São Gabriel, quando deu a notícia a Maria de que ela daria à luz o Messias.

Os nove coros de anjos e os papéis dados a eles por Deus

Acredita-se que cada um dos nove coros de anjos recebeu uma tarefa específica de Deus. O teólogo e filósofo Dr. Peter Kreeft oferece um bom resumo desses diferentes coros e seus papéis em seu livro Angels and Demons:

Os três primeiros níveis veem e adoram a Deus diretamente:

Os serafins, o coro mais elevado, compreendem a Deus com a máxima clareza e, portanto, seu amor é mais ardente. (“Serafim” significa “os ardentes”). Lúcifer já foi um deles. É por isso que ele ainda é muito poderoso e perigoso.

Os querubins também contemplam a Deus, mas menos em si mesmo do que em sua providência (“Querubins” significa “plenitude de sabedoria”).

Os tronos contemplam o poder e os julgamen-tos de Deus. (Os tronos simbolizam o poder judicial e jurídico.)

Os próximos três coros cumprem os planos pro-videnciais de Deus para o universo:

Dominações: as dominações ou “domínios”

(“autoridade”) comandam os anjos menores abaixo deles.

Virtudes: as virtudes recebem suas ordens das

dominações e “dirigem” o universo, por assim dizer, principalmente os corpos celestes. (“Virtude” costu-mava significar poder ou força)

Potestades: as potestades servem às virtudes,

lutando contra as influências malignas que se opõem ao plano providencial das virtudes.

Os últimos três coros ordenam diretamente os assuntos humanos:

Os Principados cuidam dos principados terre-nos, isto é, cidades, nações e reinos.

Os Arcanjos transmitem as mensagens impor-tantes de Deus ao homem.

Os Anjos comuns são os “anjos da guarda”, um para cada indivíduo.

Fon te: p t.ale te ia.or g revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 23

FORMAÇÃO

Os

anjos

e sua

hierarquia

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ESPIRITUALIDADE

Pe. Lino Baggio, SAC

24 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

CAMINHO DE CURA

E

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O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino em Coronel Vivida (PR).

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 25

GOSTARIA DE REFLETIR SOBRE O ENCONTRO

DE JESUS COM UM PARALÍTICO, QUE CHEGA

ATÉ ELE CARREGADO POR QUATRO HOMENS

QUE O FAZEM DESCER PELO TELHADO ATÉ OS

PÉS DO SENHOR, COMO ESTÁ NARRADO NO

EVANGELHO DE MARCOS (MC 2,1-5).

O

paralítico é conduzido pela fé de seus com-panheiros peregrinos, que têm certeza de que Jesus pode curá-lo. Eles se mobilizam, como padioleiros, para oferecer ao paralí-tico a oportunidade de reconciliação com Deus e de cura.

Estão dispostos a lançar uma ponte entre ele e Jesus, ainda que, para isso, tenham que atravessar todos os obstáculos e forçar com as próprias mãos uma via de passagem, isto é, um caminho até Jesus. Eles fazem da doença do paralítico, e talvez da sua culpa, um caminho de cura e uma oportunidade para a mudança de vida. Ele confiou primeiro nos cuidados dos padioleiros, e, em seguida, no olhar de Jesus, que o vê com compaixão. “Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados te são perdoados” (Mc 2,5).

Sabemos que, em decorrência das suas palavras de perdão, Jesus é acusado de blasfemo pelos es-cribas. Mas Jesus lhes pergunta o que é mais fácil dizer ao paralítico: “Os teus pecados te são perdoa-dos”, ou: “Levanta-te, pega a tua maca e anda?” E Jesus conclui: “Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, eu te digo: levanta-te, pega a tua maca e vai para casa! O paralítico se levantou e, à vista de todos, saiu carregando sua maca”.

Refletindo-se sobre esta cena do evangelho, pode-se perceber uma mecha acesa que irradia luz e alegria dos que cumprem sua missão de ser cami-nho do paralítico a Deus, para Jesus, deixando-se guiar pelo Espírito Santo.

Deveríamos tomar os padioleiros como modelos do nosso chamado à missão. O que foi que motivou aqueles homens para que tomassem tal iniciativa? Que zelo os movia, para carregarem uma pessoa entrevada, não importando a distância nem as dificuldades?

A fé que manifestam, reconhecida por Jesus, deveria ser modelo para a fé do nosso povo, em suas devoções a Deus, aos santos e a Nossa Se-nhora. Reconhecem seu estado de impotência, de fragilidade, de impossibilidade de carregar e vencer pelas próprias forças os fardos e barreiras da vida. Por isso, peregrinam para os santuários e cumprem promessas.

Ao professar essa impotência e fraqueza buscam força na humildade e na fé. E decorre daí sua eficá-cia, pois permite que Deus se manifeste dentro da fragilidade humana no mundo.

A gravidade dos problemas atuais, neste contex-to de pandemia, em que a vida humana se encontra ameaçada de todos os lados, Deus conta conosco como seus padioleiros dedicados, destemidos, arro-jados, mas absolutamente simples e profundamente confiantes como os padioleiros e o paralítico da narrativa evangélica.

Simples como as pombas, que pousam nos te-lhados com suavidade. Porém prudentes e astutos como as serpentes, como pessoas que abrem bre-chas e buracos, transcendem fronteiras e pensam o inusitado, a fim de que a humanidade sofrida e abatida encontre repouso e cura em Deus, que é Amor.

(26)

N

esses tempos, em que muitos entes queridos partiram por conta da pandemia da Covid-19, não sabemos ao certo se um memorial seria a forma para retratar a vida ou a morte dessas pessoas.

O sentimento compartilhado envolve a necessi-dade de encontrar uma forma para não os esquecer, como um desejo de fazer sobreviver aqueles que não estão mais presentes, mas que já fizeram parte do dia a dia das famílias e das comunidades.

Na memória dos familiares, amigos e conheci-dos permanecem os feitos e os afetos daqueles que tiveram suas vidas com planos, desejos e alegrias interrompidas inesperadamente e uma série de questionamentos sobre de quem é a responsabili-dade permanece.

para as vítimas da Covid-19

Na clínica psicológica os relatos são de perple-xidade diante da rapidez e incompreensão, assim como da estupidez com que os fatos ocorreram. Nem sempre é possível a elaboração emocional sobre essas perdas, uma vez que a saudade e as lembranças ainda estão carregadas de sentimentos confusos e contraditórios.

Muitos conseguem se reencontrar com quem partiu numa porção de coisas deixadas, como objetos preferidos e roupas; outros recordam das relações profissionais, amizades e palavras amigas recebidas.

Existem casos de acometimentos parecidos, já que por pandemia se entende algo comum para

Em todo o planeta vários memoriais foram criados. Aqui no Brasil, no dia em que a cidade de São Paulo completou 467 anos, a prefeitura paulistana inaugurou um memorial em homenagem às vítimas do novo coronavírus. O memorial foi instalado na zona leste da cidade, no Parque do Carmo. Para a homenagem, a prefeitura instalou uma escultura que conta com uma cápsula do tempo, onde pessoas poderão deixar mensagens de condolências e contar suas experiências de enfrentamento à Covid-19.

26 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

PSICOGERONTOLOGIA

Helena Finimundi Balbinotti

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muitos e intenso pela sua contaminação. Entretanto, existem situações que são inexplicáveis, como um caso que será relatado, ocorrido recentemente e que ainda permanece envolto em emoções e dor.

Trata-se de uma família de quatro pessoas: três mantinham um negócio juntos e foram acometidas pela infecção: o marido, a esposa e a filha. Os dois primeiros necessitaram de internação, mas devido à superlotação dos hospitais de sua região, somente após uma semana, a esposa pode ser tratada na UTI, devido seu estado ser o mais grave. O marido estava sendo atendido numa ala improvisada e recebia os cuidados para evitar seu agravamento. Algumas vezes, manifestava sinais de melhoras e em outros piorava. A filha pode continuar sua quarentena em casa, com alguns cuidados especiais.

Passaram-se mais de trinta dias e a esposa agra-vou severamente sua condição, assim como ele, com o comprometimento de vários órgãos, mas ainda não indicava risco de vida. Porém, num final de semana a condição dele piorou e na Sexta-feira Santa, precisamente no mesmo dia e quase na mes-ma hora, o casal não resistiu e veio a óbito.

O mais surpreendente é que as filhas, no dia em que os médicos informaram que o pai não conse-guiria mais resistir, puderam se despedir junto ao seu leito, tranquilizando-o para que ele não lutasse mais, pois elas ficariam bem. Assim que terminaram suas orações, uma lágrima correu no rosto do pai e tomando um profundo fôlego, partiu. Em segui-da, com muita dor, foram para perto da mãe, que estava em coma induzido, portanto inconsciente e igualmente puderam se despedir dizendo que o pai já partira e que ela poderia descansar. Nesse momento, da mesma forma que o marido, ela respi-rou profundamente e cessou sua batalha de grande sofrimento e luta pela vida.

Eles eram um casal muito unido e conhecido pela alegria com que se comunicavam. A vida para eles era uma grande aventura, um constante passeio. Nos muitos anos que conviveram, fizeram conquistas, principalmente de amigos, pois tinham uma habilida-de especial e alegria com que viviam a vida.

Certa ocasião, ainda morando no Rio Grande do Sul, foram veranear numa praia de Santa Catarina

e gostaram tanto que acabaram por se transferir para um lugar muito lindo, perto do mar. Este aca-bou sendo o escolhido pelas filhas para depositar as cinzas deles e, desta forma, ali permanecerem eternamente.

Outra característica é a de que gostavam de todo tipo de esporte e aventuras, desde o paraquedismo, capoeira, barcos, camping, trailer etc. Ensinavam às filhas o prazer dessas aventuras e a amar a vida como eles aprenderam, assim como descobrirem os prazeres da natureza. Amavam os animais, por isso escolheram trabalhar com uma pet devido ao carinho pelos cachorros em especial. Era através da natureza e dos animais que alimentavam sua espiritualidade.

Essa narrativa de vida procura de maneira me-morável confortar os muitos que não puderam se despedir e velar seus entes queridos.

Esse memorial, como sinônimo de marcar um acontecimento, tem por objetivo perpetuar a lembrança e estender a todos que fizeram parte dessa triste história de nossa época, que enlutou e fez o nosso planeta chorar.

Para todos que diariamente tiveram que se deparar com a morte, a infelicidade e o sofrimento imposto pelo final das muitas vidas, e ter que dar adeus pela despedida de quem ainda tinha muita vida pela frente, assim como lembrar do desampa-ro sofrido pela fragilidade de nossos sistemas de saúde, envolve muito mais do que sentir tristeza pela ausência, pela decepção e mágoas sofridas pela tragédia. Envolve sentir a dor da saudade e a recordação nostálgica de quem se amou e partiu.

Mas, acima de tudo, é dar-se conta de nossa herança imaterial e singular.

Esse memorial, ao ir mais além da morte, se propõe a deixar em aberto testemunhos de vida vi-vida, que deverão seguir pulsando em cada um que perdeu alguém para se fortalecer pelos exemplos e laços construídos e, desta forma, manter vivo dentro de si quem amou.

revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 27

A autora, colaboradora desta Revista, é psicóloga clínica, psicogerontóloga em Porto Alegre (RS)  balb@terra.com.br

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A homenagem a Dante Alighieri

DANDO SEQUÊNCIA À MATÉRIA INICIADA NA

EDIÇÃO PASSADA, VAMOS CONHECER MAIS

SOBRE A OBRA DAQUELE QUE É CONSIDERADO

O MAIOR ESCRITOR DE LÍNGUA ITALIANA DE

TODOS OS TEMPOS. ALÉM DISSO, CONHECER

A CARTA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO

SOBRE O REFERIDO AUTOR.

A principal obra de Dante Alighieri (1265-1321) é a Divina Comédia, que continha 100 cantos e três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso.

No artigo de junho já contamos a vida do autor e a parte que ficou mais famosa: o Inferno, com seus nove círculos. Essa parte teve tanta repercussão que até hoje o adjetivo “dantesco” se tornou sinônimo de algo terrível e assustador.

Já o Purgatório tem 33 cantos, como as demais partes, e nele estão as almas que estão aguardando para serem avaliadas. Elas estão em transição, numa angustiante espera para saberem se vão para o In-ferno ou para o Paraíso.

No Purgatório, Dante encontrou vários pecado-res arrependidos e nele existem sete círculos, que correspondem aos sete pecados capitais: orgulho, inveja, ira, preguiça, avareza, gula e luxúria.

A homenagem a Dante Alighieri

O PARAÍSO

O Paraíso é a terceira e última parte da Divina Comédia. Lá ele encontra o

grande amor da sua vida: Beatriz. Embora nunca tenha tido envolvimento com ela, sem dúvida ela foi a sua musa inspiradora e lhe conduziu ao Paraíso. No entanto, ele não poderia permanecer com ela, pois sua jornada terrena não tinha terminado. Vale lem-brar que toda a obra é baseada em visões de Dante. Beatriz seria o símbolo da graça divina, do po-der transformador do amor. Essa parte de Divina

parte II

28 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

VIDAS NOTÁVEIS

Carlos Alberto Veit

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Em 1991 foi lançado o filme A Divina Comé-dia, baseada na obra de Dante e dirigido pelo cineasta português Manoel de Oliveira.

Muitos perguntam por que a obra se chama Co-média (nome original). CoCo-média não era por ser engraçado, e sim por terminar bem, ou seja, no Paraíso. Eram as tragédias que terminavam mal.

Comédia está repleta de visões místicas, contendo teor mais filosófico e teológico.

e possível” para todos, porque “a misericórdia de Deus oferece sempre a possibilidade de mudar, converter-se”.

HOMENAGEM

PROFETA E POETA

No dia 25 de março passado o Papa Francisco publicou uma carta apostólica chamada de “Candor

lucis aeternae” – Esplendor da vida eterna.

Neste documento o Papa assinala os 700 anos da morte de Dante Alighieri e destaca a atualidade e a profundidade da “Divina Comédia”. Conforme o Papa: “Passados 700 anos da sua morte, ocorrida em 1321 em Ravena, em doloroso exílio da amada Florença, Dante ainda nos fala. Fala a nós, homens e mulheres de hoje, e nos pede para não somente ser lido e estudado, mas também, e sobretudo, ouvido e imitado no seu caminho rumo à felicidade, isto é, ao Amor infinito e eterno de Deus”.

O Papa considera Dante um profeta da esperan-ça e um poeta da misericórdia. Dois são os temas centrais da “Divina Comédia” – explica ainda Francis-co – ou seja, “o desejo, presente no ânimo humano” e “a felicidade, dada pela visão do Amor que é Deus”. Por isso, Dante é “profeta de esperança”: porque com a sua obra, impulsiona a humanidade a liber-tar-se da “selva escura” do pecado para reencontrar “a reta via” e alcançar, assim, a “plenitude de vida na história” e a “bem-aventurança eterna em Deus”. O caminho indicado por Dante, uma verdadeira “peregrinação” – evidencia o Pontífice – é “realista

ATUALIDADE E PERENIDADE

A Carta apostólica inicia com um breve resumo que Francisco faz do pensamento de diversos Pon-tífices sobre Dante. Além disso, a Carta apostólica dá relevância a três figuras femininas da “Divina Comédia”: Maria, Mãe de Deus, emblema da cari-dade; Beatriz, símbolo da esperança, e Santa Luzia, imagem da fé.

Estas três mulheres, que evocam as três virtudes teologais, acompanham Dante em várias fases do seu peregrinar, demonstrando o fato de que “não nos salvamos sozinhos”, mas que é necessária a ajuda de quem “possa apoiar e guiar com sabedoria e prudência”. Maria, Beatriz e Luzia, com efeito, são sempre movidas pelo amor divino, “a única fonte que pode nos doar a salvação”, “o renovamento da vida e a felicidade”.

O Pontífice dedica um parágrafo a São Francisco, que na obra dantesca é representado na “cândida rosa dos bem-aventurados”. Entre o Pobrezinho de Assis e o Sumo Poeta, o Papa entrevê “uma profunda sintonia”: ambos, com efeito, se dirigiram ao povo, o primeiro “foi para o meio do povo”, o segundo es-colhendo não usar o latim, mas “a língua de todos”. Além disso, ambos se abrem “à beleza e ao valor” da Criação, espelho do seu Criador. Artista genial, cujo humanismo “ainda é válido e atual”, Alighieri também é – afirma Bergoglio – “um precursor da nossa cultura multimediática”, porque na sua obra se fundem “palavras, símbolos e sons” que formam “uma única mensagem”.

Aponte a câmera do seu celular para o QR-Code ao lado e leia na íntegra a carta apostólica

Candor lucis aeternae

O autor, colaborador desta Revista, é professor, jornalista e psicólogo clínico em Porto Alegre (RS)

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SABER VIVER

Pe. Denilson Geraldo, SAC

30 | JULHO 2021 • revistarainha.com.br

EM 09 DE MAIO DE 2021, NA CATEDRAL DE

AGRIGENTO, ITÁLIA, A IGREJA PROCLAMOU

BEATO O JUIZ ROSARIO LIVATINO ENQUANTO

“MÁRTIR PELO ÓDIO À FÉ”. A CELEBRAÇÃO

EUCARÍSTICA FOI PRESIDIDA PELO CARDEAL

PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA A CAUSA

DOS SANTOS, DOM MARCELLO SEMERARO.

O

beato Rosario Livatino recebeu a toga com apenas 26 anos de idade, em 18 de julho de 1978, e nesse dia escreveu em sua agenda: “Que Deus me acompanhe e me ajude a respeitar o juramento (para receber a toga de juiz) e comportar-me conforme a educação que os meus

pais me transmitiram”. Ele conservava sobre sua escrivaninha os códigos da legislação italiana, o Evangelho e o terço.

O juiz Rosario Livatino, em 21 de setembro de 1990, foi assassinado enquanto dirigia o seu carro no caminho para o Tribunal de Canicatti, Itália. Dois homens fizeram sete disparos, foram presos e um deles, Gaetano Puzzangaro, arrependeu-se do crime e testemunhou na causa de beatificação do magistrado. Segundo Puzzangaro, o juiz disse antes de morrer: “jovens, que vos fiz eu?”. Na realidade, não foram palavras de ódio, mas um convite à con-versão, semelhante àquelas palavras da liturgia da Sexta-Feira Santa: “Povo meu, que te fiz eu?”

O Papa João Paulo II, após um encontro com os pais do Magistrado, em 09 de maio de 1993, definiu o filho deles como “mártir pela justiça”, e o Papa Francisco, no mesmo dia da beatificação, durante a oração do meio-dia no domingo, chamada oração de Regina Coeli, disse: “mártir da justiça e da fé. No seu serviço à comunidade como juiz íntegro, que nunca se deixou corromper, esforçou-se por julgar

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revistarainha.com.br • JULHO 2021 | 31

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino, membro do Conselho Geral da SAC e Doutor em Direito Canônico

 denil.ge@gmail.com

não para condenar, mas para redimir. O seu trabalho ele sempre o colocou sob a proteção de Deus; por esta razão tornou-se testemunha do Evangelho até à morte heroica”.

Os testemunhos sobre sua atuação como juiz são convergentes em afirmar o grande respeito que havia pelo ser humano. Quando tinha uma audiência com um criminoso, ele se levantava e o cumprimentava. Foi visto rezando ao lado de um cadáver de um chefe de máfia no necrotério. Para o juiz Rosario Livatino, após a morte, ninguém vai per-guntar se fomos crentes, mas críveis. Dizia-se que ele era irredutível e não cedia à corrupção porque era um católico praticante e associado à Ação Católica.

Em sua atuação como juiz, o beato Livatino confiscou bens de mafiosos, descobriu o organo-grama da máfia de Agrigento e sua ligação com empresas e políticos locais e nacionais. Sabia do risco para sua vida deste enfrentamento e rezava com essas palavras: “que o Senhor me proteja e evite qualquer coisa má aos meus pais”. Ele vivia com os pais e, constantemente, escrevia três letras iniciais de uma frase latina em todas as suas agendas: STD (Sub Tutela Dei), Sob a tutela de Deus.

O cardeal Semararo, numa entrevista ao jornal Avvenire em 09 de maio de 2021, disse que a plena

coerência entre a fé cristã e a vida do juiz Rosario Livatino se deu na esfera pessoal e social, levando seus adversários à única possibilidade que lhes restou: assassinar o juiz para assassinar um cristão. Por isso, Livatino foi um mártir da justiça e da fé. Os seus perseguidores, continua o Cardeal Semera-ro, “odiavam o Cristo, explicitamente reconhecido e desprezado na incorruptível conduta do juiz que era chamado de santo”. Livatino era consciente do ódio de seus perseguidores, mas manteve a serenidade e o seu trabalho cotidiano, conservando a fé em Deus com um testemunho de vida através da administra-ção fiel e competente da justiça.

O beato Rosario Livatino testemunhou as ver-dades da fé católica como fiel leigo e, ao mesmo tempo, a verdade da doutrina social da Igreja que manifesta sua credibilidade no testemunho das obras, antes mesmo que na sua coerência lógica. A vida do juiz de Canicatti foi o Evangelho vivo, não foi um discurso. Sua credibilidade e sua força para não se deixar corromper nos mostram que o Espírito Santo atua nos corações e dá a virtude da fortaleza para resistir ao mal e fazer o bem.

A catedral de Agrigento, onde no dia 09 de maio às 10h, Rosario Livatino foi beatificado

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