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FERNANDA ELIZABETE COSTA DA CUNHA

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Academic year: 2019

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FERNANDA ELIZABETE COSTA DA CUNHA

Avaliação do Conhecimento e Perceção Sobre o Tráfico de Seres Humanos: Estudo com População Desempregada

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FERNANDA ELIZABETE COSTA DA CUNHA

Assinatura _______________________________________________

Avaliação do Conhecimento e Perceção Sobre o Tráfico de Seres Humanos: Estudo com População Desempregada

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Fernando Pessoa, por Fernanda Elizabete Costa da Cunha, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Jurídica, sob a orientação da Professora Doutora Ana Isabel Sani.

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RESUMO

O tráfico de seres humanos é um crime grave e viola os direitos humanos, que rouba a dignidade e a liberdade do ser humano. A multiplicidade de outras problemáticas associadas, como auxílio à imigração ilegal, prostituição faz com que surjam frequentemente dúvidas quanto ao conceito. Ainda em termos de explanação teórica abordamos neste trabalho as fases do tráfico, que se traduzem numa ação, num meio e num fim, assim como elucidámos acerca da vulnerabilidade e dos fatores que levam a que as pessoas se tornem mais vulneráveis.

Em termos de contribuição empírica realizamos um estudo com uma população é constituída por utentes, voluntários e clientes da loja social da Cruz Vermelha Portuguesa Delegação de São João da Madeira (CVPDSJM). A amostra foi composta por 110 indivíduos dos quais 61.8% eram do sexo feminino e 38.2% do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 19 e os 71 anos (Média: 38.90; Desvio padrão: 14.36) Para a recolha de dados foi utilizado o questionário “Conhecimento e Perceção

sobre o Tráfico de seres Humanos”, construído por Nunes, Sani, Caridade e

colaboradores em 2014.

Concluímos que com estes estudo que os inquiridos não têm conhecimento suficiente e pouca perceção do fenómeno e a que têm é através da informação que obtêm pelos dos meios de comunicação social.

Tal como o proposto III PNPCTSH para 2014-2017, e necessário será continuar com ações de sensibilização, promoções de campanhas, para reforçar a existência deste fenómeno e consolidar conhecimentos e divulgar informação como meio de esclarecer dúvidas sobre o que consiste o tráfico de seres humanos.

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ABSTRACT

The trafficking of human beings is a serious crime which violates human rights, robbing human beings of their dignity and freedom. The plethora of associated problems, such as the aiding and abetting of illegal immigration and prostitution, often causes doubts to arise regarding this concept. In this paper, we have also made a theoretical approach of the phases of trafficking, which translate into an action, a means and an end, and shed some light on vulnerability, as well as the factors leading people to become more vulnerable.

Concerning empirical contribution, we have carried out a study of a population which consisted of users, voluntaries and customers of the social centre of the São João da Madeira Delegation of the Portuguese Red Cross (CVPDSJM). The sample was composed of 110 individuals, of which 61.8% were female and 38.2% male, aged 19 to 71 years (Average: 38.9; Standard deviation: 14.36). In order to collect data, the questionnaire “Knowledge and Perception on the Trafficking of Human Beings”,

authored by Nunes, Sani, Caridade and their collaborators in 2014, was used.

We have concluded, based on this study, that the respondents have insufficient knowledge and a limited perception of this phenomenon, and what little perception they do have is acquired through the social media.

As proposed in the III PNPCTSH (National Plan for Preventing and Combating the Trafficking of Human Beings) for 2014-17, it is necessary to carry on organizing awareness and promotion campaigns, so as to raise awareness on this phenomenon, consolidate knowledge and spread information as a means of enlightening doubts on what the trafficking of human beings consists of.

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Agradecimentos

Agradeço a todos que estiveram envolvidos diretamente neste trabalho, principalmente a Cruz Vermelha Portuguesa Delegação de São João da Madeira, que se mostrou disponível e a sua colaboração foi essencial para a realização deste estudo. A todos que fazem parte desta instituição, desde da Direção, voluntários e utentes, o meu muito obrigado.

A Prof.ª Ana Sani pela sua orientação.

Aos amigos sempre presentes que de um forma ou de outra ajudaram nesta etapa, não citando nomes pois poderia cometer o erro de esquecer alguém, eles sabem quem são.

A Nancy, colega de curso, que esteve comigo neste percurso, o meu obrigada pelas conversas, pelo apoio e pela amizade.

Por fim a minha mãe e ao meu pai tudo que fizeram por mim ao longo da vida. Em especial a minha filha, a pessoa mais importante, pelo companheirismo, pelo carinho e pelas palavras na hora certa e por exprimir a admiração e o orgulho que tem, obrigada pela força para continuar mesmo nos momentos mais difíceis.

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ÍNDICE

Introdução Geral ... 1

Parte I - Enquadramento Teórico... 4

Capítulo I – O Fenómeno do Tráfico de Seres Humanos ... 5

1.1. Tráfico de seres humanos vs imigração ilegal ... 5

1.2. Tráfico de seres humanos vs prostituição ... 7

1.3. Fases do Tráfico de Seres Humanos ... 7

1.4 Fatores de risco e vulnerabilidade das Vítimas... 10

1.5. Consequências para à vítima ... 12

1.6 Estudos nacionais e internacionais... 14

Capítulo II – Legislação nacional, europeia e internacional ... 23

2.1. Instrumentos legislativos basilares ... 23

2.1.1. Portugal ... 24

2.1.2. Europa ... 25

2.1.3. Internacional ... 27

2.2. Sistema de Referenciação ... 29

Parte II – Estudo Empírico ... 32

Capítulo III – O conhecimento e Perceção sobre o Tráfico de Seres Humanos ... 33

3.1. Objetivos ……….33

3.2. Método ... 33

3.2.1. Participantes ... 33

3.2.2. Instrumento ... 34

3.2.3. Procedimentos ... 34

3.3. Apresentação dos resultados ………35

I – Dados Sociodemográficos ... 35

II – Conhecimento do tráfico de seres humanos ... 40

III – Perceção do Tráfico de Seres Humanos ... 43

3.3. Discussão dos resultados... 51

Conclusão ... 57

Referências………..59

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Índice de tabelas

Tabela 1. Distribuição por frequências quanto ao sexo ………..35

Tabela 2. Distribuição por frequências quanto à idade por intervalos………35

Tabela 3. Distribuição por frequências quanto à nacionalidade………..36

Tabela 4. Se respondeu estrangeira, refira qual……….…..36

Tabela 5. Concelho de residência………36

Tabela 6. Assinale se vive só………...37

Tabela 7. Se respondeu que “Não”, diga com quem vive………...37

Tabela 8. Estado civil………..38

Tabela 9. Escolaridade concluída………38

Tabela 10. Se respondeu “Outro”, refira qual……….39

Tabela 11. Situação ocupacional……….39

Tabela 12. Área/tipo de trabalho ou de estudos………..40

Tabela 13. O que entende por Tráfico de Seres Humanos………..41

Tabela 14. Se teve acesso a informação nos últimos dois anos………...41

Tabela 15. Se respondeu que “Sim”, refira quem (pessoas ou entidade) lhe forneceu tal informação………...42

Tabela 16. Se considera que, em Portugal, há informação suficiente a respeito do tráfico de seres humanos……….42

Tabela 17. Se respondeu que “Sim”, refira quem (pessoas ou entidade) lhe forneceu tal informação………...42

Tabela 18. Atendendo à sua opinião, indique com que frequência ocorre o tráfico de seres humanos em Portugal………..……….43

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Tabela 20. Se respondeu que “Sim”, refira qual (ou

quais)……….……….….44

Tabela 21. Assinale se lhe parece que o tráfico de seres humanos tem aumentado…45 Tabela 22. Justificação para o aumento ou não do TSH………46 Tabela 23. Indique o papel que lhe parece ser o de Portugal, no tráfico de seres

humanos: País de

origem………...………...47

Tabela 24. Razão (ões) para que as pessoas caiam mais facilmente nas redes de tráfico

de seres

humanos………..47

Tabela 25. Se respondeu “Outra”, refira qual……….48

Tabela 26. Mais vulneráveis a serem vítimas de tráfico de seres humanos…………....48 Tabela 27. Relação entre vítima e a pessoa que a envolve no tráfico de seres

humanos………...49

Tabela 28. Se respondeu “Outra”, refira qual……….49

Tabela 29. Refira se já teve conhecimento/contacto com uma situação de tráfico de seres

humanos………...50

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Lista de abreviaturas

APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género

CVPDSJM – Cruz Vermelha Portuguesa Delegação de São João da Madeira

DGACCP – Direção Geral de Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas GDDC – Gabinete de Documentação de Direito Comparado

ILO – International Labour Organization

OIM – Organização Internacional para as Migrações ONG – Organização Não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

OTSH – Observatório Tráfico de Seres Humanos TSH – Tráfico de Seres Humanos

UNODC – United Nations Office on Drugs and Crime

UN.GIFT – United Nations Global Initiative to Fight Human Trafficking

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Introdução Geral

O tráfico de seres humanos é fenómeno que tem tomado proporções preocupantes e apesar de não ser um tema recente tem vindo a ser discutido entre as várias organizações governamentais e não-governamentais, meios de comunicação e Estados em geral, devido as repercussões que está a atingir a nível mundial (Santos, Gomes, Duarte & Baganha, 2008). Segundo o Decreto-lei nº229/2008, o TSH é um crime de visibilidade crescente e que ultrapassa as fronteiras do nosso país.

A vulnerabilidade é um conceito essencial para a definição do tráfico de seres humanos, pois são por vezes são as condições e eventualidades da vida que levam as pessoas a caírem nas malhas dessa rede de crime organizado. Tal vulnerabilidade pode ser de qualquer tipo, quer seja física, psicológica, emocional, social, cultural ou económica (UNODC, 2012). E segundo a Resolução do Conselho de Ministros nº 101 de 31 de Dezembro de 2013, entende-se existir em caso de “violência de género, discriminação, carência económica, reduzidos níveis de escolaridade, corrupção e conflitos armados” (Diário da República, 2013, p. 7008).

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exploração tanto a nível laboral como sexual, uma nova forma de escravatura (Abas et al., 2009).

De acordo com Miers (2003) citado por Couto (2012) na história da humanidade consta uma vasta narrativa sobre a escravatura, tanto para uso da mão-de-obra como para o uso de mulheres como escravas sexuais, sendo Portugal um dos países que exerceu o tráfico negreiro na altura do descobrimentos e da colonização.

A importância deste tema é tanto maior quanto se vive um momento de crise, tanto em Portugal como em grande parte do mundo, levando a que muitas pessoas desempregadas tenham ânsia de encontrar um trabalho para seu sustento e da sua família, quer seja no seu país de origem quer seja no estrangeiro, dando muitas vezes azo a que sejam defraudados e acabem na rede do tráfico de seres humanos.

Segundo Zimmerman, Hossain, Yun, Roche, Morison, e Watts (2006), o tráfico de pessoas é um crime grave e viola os direitos humanos, afetando desta forma a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro. Este crime, segundo a mesma fonte, usurpa a dignidade e a liberdade do ser humano.

De acordo com os dados recolhidos pela ILO (Internacional Labour Organization) (2008) estima-se que cerca de 2.4 milhões de pessoas são traficadas para trabalho forçado em diversos setores. A mesma fonte calcula que 43% das vítimas se destinem à exploração sexual, 32% para exploração económica e 25% sejam traficadas para tipos diversos de exploração.

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conhecendo-se já vários tipos de exploração, na década de 90 era relacionado principalmente com a exploração sexual e a prostituição (Couto, 2012).

Esta dissertação está organizada em duas partes, a primeira direcionada ao enquadramento teórico, que é composta por dois capítulos e uma segunda relativa à investigação empírica, constituído de um estudo de carácter descritivo e exploratório, de natureza quantitativa. O primeiro capítulo tem como foco a contextualização do fenómeno do tráfico de seres humanos, e o que o envolve tal como, a distinção de conceitos, as fases do tráfico, fatores de rico e vulnerabilidade das vítimas, consequências para estas e estudos nacionais e internacionais. No segundo capítulo, refletimos sobre a legislação vigente tanto a nível nacional, europeia e internacional e o sistema de referenciação do crime em causa. Por fim, o terceiro capítulo recai sobre a investigação, tendo como principal objetivo avaliar o conhecimento e a perceção da população portuguesa desempregada sobre o fenómeno de tráfico de seres humanos. Primeiramente foi realizada a análise de conteúdo com a finalidade de criar categorias que nos possibilitassem a sua codificação e posteriormente a inserção dos mesmos; as restantes respostas quantitativas foram de igual modo codificadas e introduzidas. A apresentação e discussão dos resultados possibilitaram perceber o conhecimento e perceção da população em causa e com a conclusão deste estudo percebemos o quanto é necessário dar a conhecer o tráfico de seres humanos.

Quanto as limitações, é de salientar as dificuldades em obter respostas aos pedidos de colaboração para que se pudesse realizar os mesmos dentro dos prazos previstos.

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Capítulo I – O Fenómeno do Tráfico de Seres Humanos 1.1. Tráfico de seres humanos vs imigração ilegal

É importante que se esclareça a diferença entre auxílio à imigração ilegal e tráfico de seres humanos. Existem frequentemente dúvidas quanto a um e outro. Visto que já se clarificou o conceito de tráfico de seres humanos, definiremos então o auxílio à imigração ilegal, de modo a poder distinguir entre os dois fenómenos.

Segundo a Lei nº 29, de 9 de Agosto de 2012, no Art. 183º, o “Auxílio à

imigração ilegal”, refere que é punido por lei qualquer pessoa que “favorecer ou facilitar, por qualquer forma a entrada, a permanência ou o trânsito ilegais de cidadão estrangeiro em território nacional (…) (Lei nº 29, 2012, p. 4201), tendo intenção de

lucrar ou não com esse ato”. Pode-se então constatar no auxílio à imigração ilegal (em inglês, smuggling) ocorre sempre além-fronteiras, ao passo que o tráfico de seres

humanos tanto pode ser transnacional, como pode acontecer dentro do espaço nacional, não envolvendo a travessia de fronteiras. Outra diferença entre auxílio à imigração ilegal e tráfico de seres humanos decorre do facto de, no primeiro, a pessoa não fica obrigatoriamente vinculada ao contrabandista (smuggler), conduzindo este a pessoa

mediante um pagamento (Väyrynen, 2003), podendo depois seguir o seu caminho, enquanto que, no caso tráfico, a pessoa não é livre de fazer o que quiser, continuando com vínculo ao traficante (Anti-Slavery, 2005; Couto, 2012). No que diz respeito à imigração ilegal, não existe, a priori, coerção ou ardil: o imigrante vai de livre vontade,

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seres humanos tanto pode recorrer a meios legais como ilegais. Além disso, a mesma fonte menciona que, no auxílio à imigração ilegal, há o consentimento da pessoa que recorre aos serviços dos contrabandistas, ao passo que no tráfico de seres humanos, em certas situações, as vítimas podem inicialmente dar o seu consentimento, mas pensando tratar-se das condições previamente discutidas. O que acontece é que as promessas são geralmente fraudulentas, tornando o consentimento anteriormente dado irrelevante, devido ao cariz ilusório da oferta, dos pagamentos ou benefícios.

Regra geral, no auxílio à imigração ilegal não há lugar a vitimização, pois, como já foi dito, neste caso existe geralmente um consentimento prévio da pessoa, enquanto que no tráfico de seres humanos ocorre sempre vitimização, devido aos meios usados pelos traficantes (UNODC, 2011).

O auxílio à imigração ilegal é um crime contra o Estado, enquanto o tráfico de seres humanos é um crime contra as pessoas (Manual Sul, s.d.). No que diz respeito ao auxílio à imigração ilegal, esta pertence ao âmbito da migração e das autoridades competentes nesse processo; já o tráfico de seres humanos relaciona-se com os direitos humanos por ter uma amplitude direcionada às várias formas de violência cometida contra as pessoas (Couto, 2012; Väyrynem, 2003).

Segundo Väyrynen (2003), o tráfico de seres humanos é perspetivado com reprovação moral, enquanto o auxílio à imigração ilegal acaba por ser compreendido, em virtude dos fatores que o originam.

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1.2. Tráfico de seres humanos vs prostituição

Dado que já foi explanado em que consiste o tráfico de seres humanos, exploração sexual, passemos a parte da prostituição. Vários autores (Couto, 2012; Pereira & Vasconcelos, 2007; Peixoto, Soares, Costa, Murteira, & Sabino, 2005; Sales & Alencar, 2008) mencionam existir confusão nas significações, levando a que as pessoas pensem que a prostituição é um crime ligado ao tráfico de seres humanos. Os mesmos autores referem que apesar de estarem relacionados, são fenómenos diferentes. Sustentam que o que os distingue é a coerção e não a atividade de trabalho em si. No tráfico a pessoa não tem liberdade de escolha nem de movimentos, e não tem tomada de decisão enquanto na prostituição a pessoa tem controlo sobre si e sobre os seus proventos e tem liberdade de escolher se quer ou não continuar na atividade.

1.3. Fases do Tráfico de Seres Humanos

O tráfico de seres humanos compreende uma diversidade de contornos e situações. Neste ponto iremos focalizar as fases do tráfico de seres humanos.

A primeira fase é a da angariação ou recrutamento, consistindo na etapa em que as potenciais vítimas se deixam convencer por promessas de bons empregos. Os recrutadores podem ter um perfil específico, pois, no desempenhar das suas funções, têm que ser apelativos para a suposta vítima, sendo eles quem faz o primeiro contacto e podem escolher as potenciais vítimas (Couto, 2012; UN.GIFT, 2008).

Os traficantes podem ser homens ou mulheres, singular ou em grupo, fazer parte de uma grande organização ou ser um negócio de tipo “familiar”, podendo ainda ser

desconhecidos ou uma pessoa conhecida pela vítima (Abas et al., 2009; Santos et al., 2008).

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um meio de subsistência e suporte, pessoas que, devido à sua proximidade com a vítima, conseguem influenciá-la, tendo em mente uma motivação monetária. No entanto, a UNODC (2009) refere que a angariação pode também ser feita através de outras formas, tais como, agências de trabalho reais ou fictícias, agências de viagens ou matrimoniais, contatos de anúncios em jornais, ou mesmo mediante redes socais, cafés e mercados locais. Todas estas estratégias ou formas de recrutamento dependem do tipo de tráfico, do meio onde estão a recrutar e o tipo de potenciais vítimas que procuram, sendo o modus operandi é diferenciado consoante a organização dos agentes (Couto,

2012; UN. GIFT, 2008; UNODC, 2009).

As ofertas de trabalho são falsas e apelam ao desejo de melhoria das condições vida, do status social, e do sonho de viver e trabalhar no estrangeiro. A este respeito,

importa mencionar um estudo feito na Ucrânia (Desinova, 2004; UN. GIFT, 2008), em que uma percentagem significativa de mulheres teria sido traficada através de ofertas como a participação em concursos de beleza, a oportunidade de estudar noutro país, o agenciamento para a carreira de modelo ou até para agências matrimoniais, acabando por ser direcionadas para a indústria do sexo, incluindo bares, clubes noturnos e hotéis, como dançarinas, strippers, acompanhantes, etc.

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tais meios legais, os traficantes podem obter documentos falsos ou alterados (UN.GIFT, 2008) ou mesmo atravessar em certos pontos das fronteiras e entrar ilegalmente no país de destino. Para isso, os traficantes utilizam rotas diversificadas, de modo a não serem apanhados pelas autoridades, sendo que, por vezes, recorrem a rotas em países de trânsito (Santos et al., 2008). Utilizam vários meios, podendo ser por via terrestre, marítima ou aérea ou mesmo a combinação destes (Couto, 2012; Santos et al.,2008). Tanto pode ser o próprio traficante a acompanhar a vítima como pode recorrer a contrabandistas profissionais, que conhecem bem as rotas e os meios necessários (Couto, 2012; Santos et al., 2008).

A fase seguinte ao recrutamento e ao transporte é a exploração e controlo. Esta fase pode compreender vários intervenientes; por exemplo, na exploração sexual pode ser o próprio traficante a explorar a vítima e obter o receita ou, pelo contrário, lucrar “vendendo” a vítima a uma proxeneta, auferindo este os ganhos daquela. No que diz

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alojamento daquela (Abas et al., 2009; Couto, 2012; Anti-Slavery, 2005; Santos et al., 2008; UN.GIFT, 2008).

1.4. Fatores de risco e vulnerabilidade das vítimas

Segundo Aronowitz (2001), a maioria das vítimas são crianças e mulheres, para fins de exploração sexual, concorrendo vários fatores para que haja esse tipo de exploração, que podem ir desde carência económica, a falta de habilitações e desconhecimento dos direitos civis, à privação de um ambiente protetor e a uma vulnerabilidade geral, favorecendo aqueles que não têm respeito pela vida humana e que exploram de forma lucrativa e sistemática a vida de outros.

Conforme várias fontes, existem diferentes fatores que favorecem o tráfico de seres humanos (Aronowitz, 2001; Couto, 2012; ILO, 2006; OIT, 2012; Santos et al., 2008).

Em virtude da influência da globalização (ILO, 2006), os mercados estão mais abertos, sendo o resultado de uma integração entre as economias, em nome do desenvolvimento e da aproximação dos mercados, o que tanto pode resultar de forma benéfica como, por outro lado, pode ter o efeito oposto, desencadeando uma vaga de migração dos mais carenciados e desfavorecidos. Segundo a Comissão Europeia (2000) seria preferível existir colaboração e articulação para promover medidas tendentes à consecução de objetivos previstos, por uma política comum entre os países (Figueiredo, 2005).

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a procura por melhores possibilidades e formas de executar projetos de vida válidos e sem carências (Desinova, 2004)

As discriminações (Anti-Slavery, 2003) existentes em algumas sociedades e culturas constituem outro fator, havendo desta maneira uma desigualdade em relação ao género e a etnia ou raça. Essa desigualdade pode-se traduzir, por exemplo, pela maneira distinta como as mulheres são tratadas em determinadas áreas, tais como a educação e as perspetivas de trabalho (Ary, 2009). O princípio da não discriminação consagrado na Convenção do Conselho da Europa Para a Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual e os Abusos Sexuais, estabelece que [a proteção ao abrigo da lei]:

Deverá ser assegurada sem qualquer discriminação com base no sexo, na raça, na cor, na língua, na religião, nas opiniões políticas ou outras, na origem nacional ou social, na pertença a uma minoria nacional, na riqueza, no nascimento ou em qualquer outra situação. (Lei nº 29, 2012, p. 2797).

Além de que nenhuma pessoa traficada que já o tiver sido ou que tenha participado como profissional do sexo, e seja traficada, continua a ter direitos e deve ser ajudada e não descriminada (CIG, 2014).

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Devido à carência de normas do setor laboral e às políticas restritivas de imigração, aliadas à inspeção insuficiente das atividades económicas, que propiciam situações de exploração, é necessário estimular a criação de novas regras (Couto, 2012), num ambiente de abertura das fronteiras e de trocas comerciais entre países, que possibilitou a circulação e tem facilitado o movimento de pessoas e bens. (Ary, 2009; ILO, 2006; Saladini, 2011).

Após a análise destes fatores, podemos então concluir que as circunstâncias que impelem as pessoas a migrar são múltiplas e que a procura de melhores condições de vida pode levar os migrantes a cair nas malhas do tráfico.

1.5. Consequências para à vítima

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intenso ou confinamento em contentores fechados e sem as condições mínimas dispensáveis.

Na fase exploração é talvez a que mais sintomas físicos e psicológicos apresenta, sendo por isso o impacto maior nas vítimas. Vários autores (e.g., Cwikel, Ilan, & Chudakov, 2003; Decker, McCauley, Phuengsamran, Janyam, & Silverman, 2011; Ross, Dimitrova, Howard, Dewey, & Zimmerman, 2015; UNDOC, 2008; Zimmerman et al., 2003; Zimmerman et al 2006; Zimmerman, Kiss, & Hossain, 2011) referem sintomas como cansaço constante, enxaquecas, tonturas, dificuldades de memória, falta de concentração. No que diz respeito, principalmente as mulheres para o tráfico para exploração sexual, apresentam, problemas ginecológicos, tais como hemorragias, infeções, gravidez indesejada, abortos, doenças sexualmente transmissíveis, etc.. Mencionam ainda outros problemas, como febre, traumatismos, problemas dermatológicos, dentários, respiratórios e dores corporais. Os riscos aumentam mediante os abusos perpetrados, as vítimas são forçadas a trabalhar muitas horas por dia, sem descanso, desidratados e com uma alimentação deficiente, até ao cansaço extremo (Cwikel, Ilan & Chudakov, 2003; Zimmerman et al., 2003; Zimmerman & Schenker, 2014).

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Devido ao impacto sofrido durante as fases do tráfico, as vítimas deixam de ter a habilidade de confiar nos outros, o que dificulta o trabalho dos profissionais envolvidos nas investigações, não cooperando, modificando seus depoimentos, mostrando incapacidade de relembrar detalhes, ansiedade permanente, desorientação, etc. (UNODC, 2010).

No ponto subsequente iremos apresentar alguns estudos nacionais e internacionais para referência.

1.6. Estudos nacionais e internacionais

Os estudos realizados são pertinentes para uma melhor compreensão do fenómeno do tráfico de seres humanos, pelo que começaremos por descrever alguns estudos produzidos.

Santos e colaboradores (2008), num estudo intitulado “Tráfico de mulheres em

Portugal para fins de exploração sexual”, concluem que a complexidade do fenómeno dificulta a investigação, além de que a distinção entre tráfico de seres humanos, imigração ilegal ou smuggling gera uma certa confusão. Neste estudo, centrado na exploração sexual de mulheres, os autores expõem que “a construção social do que é a

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ajudas a serem dadas “as mulheres que merecem mais ajuda, as que merecem uma ajuda

relativa e as que não merecem qualquer tipo de ajuda” (Santos et al., 2008, p. 21). No que se refere aos mercados que fomentam o tráfico, os países de destino são aqueles considerados mais desenvolvidos, com baixas taxas de desemprego e em que existe uma maior igualdade de oportunidades entre homens e mulheres; os países de origem são países pobres, subdesenvolvidos, em que existe desigualdade de género e em estão em transição política e/ou económica. Pode-se afirmar sem dúvida que as desigualdades económicas e a pobreza são fatores que tornam as vítimas mais vulneráveis ao tráfico. Apesar das particularidades de cada caso, existem aspetos em comum, como o recrutamento, o transporte e a exploração e controlo das vítimas, que são descritos por vários autores (e.g., Anti-Slavery, 2003; Anti-Slavery, 2005; Couto, 2012; ILO, 2006; Santos et al., 2008; UN.GIFT, 2008), bem como várias ações realizadas em diferentes países para o combate e sensibilizar para o fenómeno e também medidas legislativas criadas para combater e prevenir o tráfico de seres humanos. Destacam as medidas promovidas por instâncias internacionais, dando relevo para a ONU e instituições europeias.

Os autores ainda consideram o papel dos media importante, dado a visibilidade que

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(Anti-Slavery, 2003; OLI, 2006); o facto de a prostituição, sendo de certa forma oculta, contribui para que se abuse dos mais vulneráveis; e o receio das autoridades, decorrente da clandestinidade da imigração ilegal, etc.. No que diz respeito às rotas, explica que estas dependem “das necessidades da indústria do sexo dos países de destino” (Santos et

al., 2008, p. 103) Em Portugal existem variadas formas e áreas determinadas, como bares de alterne, prostituição de rua, casas de massagem, clubes, etc. Os preços, os clientes e as vítimas variam consoante a forma de prostituição; quanto às últimas, na maioria são estrangeiras e estão de forma clandestina no país. Concluíram que, em Portugal, a maioria das vítimas são de origem brasileira, sucedendo-se mulheres da Europa de Leste, africanas e nigerianas, sendo mulheres jovens ou até mesmo menores. No que diz respeito ao consentimento, as fontes inquiridas dizem ter dado o consentimento inicial, vindo depois a depararem-se com a posição de exploração. No entanto, refere-se que, nalguns casos, as mulheres não tinham conhecimento do tipo de trabalho a que se destinavam, referindo outros autores o mesmo acerca do consentimento (Australian Institute of Criminology, 2008; Neves, 2011; Santos el al., 2008; UN.GIFT, 2008). Ainda no mesmo estudo, aludem ao modo diversificado como os traficantes atuam, pois este depende de serem grupos pequenos ou maiores e mais organizados. Em Portugal, segundo os dados do estudo, a atuação dessas redes abrange portugueses/as, compreendendo atores que incluem os donos dos estabelecimentos, seguranças, motoristas ou outros cargos necessários. Em relação ao sexo, existe homens, mas também mulheres, podendo também a idade variar (Santos et al., 2008).

Conforme referido supra, também neste estudo se mencionam as fases do

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depende da localidade ou país; a fase da coação, em que os exploradores exercem de violência física e psicológica com as vítimas (Santos et al., 2008).

Santos e colaboradores (2008) referem serem variadas as formas de encaminhamento das vítimas, tais como entidades, autoridades competentes, ONGs, etc. As formas de intervenção são diversas, consoante os recursos disponíveis. Apontam as dificuldades na fase de acolhimento, designadamente a pressão por partes das autoridades, não permitindo a permanência da vítima por um período razoável para que os técnicos possam trabalhar com ela, e a instabilidade que esta apresenta, assim como os meios à disposição da casa de acolhimento.

Descrevem-se ainda as dificuldades referentes aos conceitos legais, que são imprecisos; ao enquadramento legal deste tipo de crime; a importância da comunicação, cooperação e coordenação entre os órgãos de polícia criminal do país de destino e também do país de origem da vítima; à natureza do crime, que acaba por dificultar a investigação; à falta de meios, tanto humanos como materiais; e a necessidade de mais formação para os agentes envolvidos.

Este estudo acaba com recomendações que visam colmatar certas dificuldades observadas durante a concretização do trabalho, em relação ao combate e à prevenção do tráfico de seres humanos e à proteção das suas vítimas, através de campanhas públicas, mais formação, coordenação e cooperação entre as autoridades envolvidas, entre outras.

O Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) (2012) executou um estudo intitulado “A Proteção das Direitos Humanos e as Vítimas de tráfico de Pessoas

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entre junho de 2010 e julho de 2012. Em relação ao perfil das vítimas da amostra, a maior percentagem era originária da África, seguida da América do Sul e Ásia. As principais nacionalidades registadas são, nigerianas, brasileiras, ganesas, romenas, portuguesas e tailandesas. Existe uma proporção superior de vítimas do sexo feminino em relação ao masculino, mas, no que diz respeito ao tráfico laboral, as vítimas do sexo masculino são predominantes. As idades variam, mas o grupo etário com a percentagem mais elevada situa-se entre os 26 anos e os 35 anos. É de referir que Portugal faz parte das principais rotas, nomeadamente “norte de África, sul da Europa, América do Sul -Europa, Ásia-Europa e diferentes rotas intraeuropeias, mesmo qua não seja ponto central das mesmas” (Neves & Pedra, 2012, p. 4). Confirmaram com este estudo que existe diversos tipos de tráfico em Portugal, entre os quais a exploração sexual representa a percentagem maior, seguindo-se a exploração laboral, incluindo a servidão doméstica, em relação a qual confirmam a predominância do sexo masculino, envolvendo setores como a agricultura, fruticultura, restauração, serviço doméstico, indústria e comércio de rua.

A maioria dos traficantes são homens, no entanto a existência de mulheres como traficantes também é de relevo. Consideram que o apoio às vítimas não é suficiente e que a maioria não o teve, sendo que muitos das ajudas prestadas não são especializadas. Mencionam que deveria haver mais cooperação e coordenação entre entidades governamentais e não-governamentais e recomendam que o envolvimento e parceria sejam mais abrangentes. Neste estudo da IEEI (2012), estes concluíram que em Portugal o tráfico de seres humanos é superior ao que é relatado nas estatísticas oficiais.

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jornais diários durante o ano de 2008, concluiu da observação destas informações que o valor dado não é suficiente, o que leva a que o público não adquira conhecimento sobre o fenómeno.

De seguida passou a análise do conhecimento que o público em geral tem sobre o TSH no que concerne à extensão, vítimas, dinâmicas e o enquadramento legal, e averiguar se as variáveis sociodemográficas influenciam esse conhecimento do tema. Ainda na mesma linha, investigou variáveis que influenciariam o parecer do público sobre a vertente do tráfico da exploração sexual. Concluiu que existe alguma falta de conhecimento acerca do fenómeno e confusão de alguns conceitos.

O terceiro estudo visou compreender a perceção de pessoas envolvidas e com experiência na intervenção neste problema. Concluiu-se que existem certas restrições no que diz respeito aos conceitos jurídicos e dificuldade de interpretação de alguns termos, como tráfico, prostituição, consentimento inicial, imigração ilegal, etc., fazendo, desta forma, com que haja confusão na distinção das situações. Os participantes do estudo apontaram certas dificuldades, tais como, no âmbito de recursos materiais e humanos, a ausência de formação contínua na área e o tempo que disponibilizado para intervir junto das vítimas (Santos et al., 2008).

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físico, como cansaço, perturbações do sono e alimentares e ao nível psicológico, incluindo vergonha, tristeza e auto culpabilização.

No que concerne estudos estrangeiros iremos mencionar alguns como referência. O Brasil, referenciado como um dos países de origem de pessoas traficadas, principalmente mulheres (Colares, 2004), tem também, pesquisas acerca do fenómeno. Neste estudo de Colares (2004) foi realizada uma sondagem, com base na análise de inquéritos e processos entre os anos de 2000 e 2003, no território de quatro estados e em parceria com a Polícia Federal e os Tribunais de Justiça, que facultaram informações vitais para que este trabalho fosse realizado. Os objetivos do estudo são: descortinar os principais destinos das vítimas; as origens dos traficantes; a relação entre turismo e tráfico internacional; identificar outras pessoas ligadas ao tráfico e apontar formas de combate e prevenção. O que se concluiu é que poucos casos de tráfico de seres humanos eram tratados em sede judicial.

Pereira e Vasconcelos (2008) realizaram um relatório intitulado Human trafficking and forced labour: Case studies and responses from Portugal, através da

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recursos faz com que se submetam à exploração. Os autores referem que o sistema de sinalização e referenciação deveria ser mais eficaz para que as vítimas de exploração laboral ou trabalho forçado estejam mais protegidas, concluindo este estudo com recomendações para melhorar o sistema.

No estudo de Sen e Nair (2004) intitulado A Report on Trafficking in Women and Children in India, os autores tiveram como objetivo compreender os moldes e

disposições do tráfico, compreender as situações da procura e os fatores de vulnerabilidade das vítimas. Com este estudo quiseram inovar, entrevistando traficantes e clientes, trabalhando dados retirados de estudos de caso e também com profissionais que estão em contato com esta realidade. Validando crenças, como as vítimas mais exploradas são jovens do sexo feminino e negar mitos de que os clientes que procuram os serviços são homens que vivem longe de casa.

No que diz respeito às consequências para a saúde das vítimas, vários estudos e trabalhos foram realizados no Reino Unido, como o estudo Stolen Smiles de

Zimmerman, Hossain, Yun, Roche, Morison e Watts (2006), no qual foram entrevistadas 207 mulheres de diversos países, consistindo na análise dos efeitos físicos e psicológicos sobre mulheres e adolescentes que foram traficadas, sendo benéfico que terem uma assistência imediata e continuada, em face dos vários problemas que apresentam.

Surtees (2014) realizou um estudo chamado Traffickers and trafficking. Challenges in researching human traffickers and trafficking operations, em que se

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autora refere que é importante continuar a recolher informações provenientes das vítimas, mas que, no entanto, não deve ser a única fonte de dados, pois a exclusão de outras fontes poderia provocar lacunas na compreensão do fenómeno. A autora propõe que, se conseguirmos entender as motivações, a atividade e as diferentes formas de atuação, teremos uma perspetiva mais abrangente, de modo a criar programas mais eficazes de combate ao tráfico de seres humanos.

O estudo de Ross e colaboradores (2015) foi desenvolvido com o propósito de determinar se os profissionais do sistema nacional de saúde em Inglaterra estão preparados para sinalizar e ajudar as vítimas de tráfico de seres humanos. Os autores concluíram que os profissionais deveriam ter mais formação específica para dar assistência às vítimas e, para que possam agir com maior segurança, que se deveria responder com procedimentos adequados à situação.

O aspeto mais focado na generalidade dos estudos referenciados e vistos é a dificuldade de distinguir os conceitos-chave, tais como tráfico de seres humanos, imigração ilegal, a associação da prostituição à exploração sexual e smuggling. É de

salientar que nestes mesmos estudos se aborda a questão do consentimento, das consequências físicas e psicológicas também a descrição do que poderá ser o perfil da vítima e dos traficantes, além da importância de terem traçado as rotas utilizadas.

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Capítulo II – Legislação nacional, europeia e internacional

2.1. Instrumentos legislativos basilares

A Declaração Universal dos Direitos do Homem (United Nations, 2002) é considerada a base fundamental dos princípios e regras adotados pelos organismos das Nações Unidas reiterada pelos Estados-membros. Ratificada por Portugal somente em Março de 1978, apesar de ser declarada em Dezembro de 1948 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, tratando-se de um documento crucial no âmbito direitos humanos.

Na origem das normas de direitos humanos encontram-se de dois tipos de direito internacional, o “direito convencional” e o “direito internacional consuetudinário”

(Deyra, 2001; Borlido, 2002). O “direito internacional consuetudinário” é aquele que

apesar de não consistir de um acordo escrito, secundado pelos Estados, acaba por se revestir de uma convicção de obrigatoriedade, isto é, se os Estados, em determinado período, admitirem certa conduta e/ou certa forma de intervir, presume-se que é por crerem que assim devem fazer, passando tais condutas, desta forma, a integrar o direito internacional (Deyra, 2001; Borlido, 2002); já o “direito convencional” é aquele que é

reconhecido pelos acordos, pactos, tratados e convenções internacionais que os Estados, em conjunto, executam e, por fim, assinam e autenticam (Deyra, 2001).

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o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou ao uso de força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou de situações de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tem autoridade sobre outra para fins de exploração. A exploração deverá incluir, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos (ONU, 2003, p. 21).

No mesmo documento refere-se ainda que o consentimento da vítima de nada vale na presença de meio de coação expresso na definição anterior.

2.1.1. Portugal

A lei portuguesa segue, nas suas linhas gerais, tanto os princípios lançados a nível internacional como os adotados no espaço europeu. Por conseguinte, aparecem tipificados no Código Penal Português, no Art. 160º, os crimes contra a liberdade pessoal.

Para que se considere haver uma instância de tráfico de seres humanos tem de existir uma ação, isto é, quem angarie outrem por meio de oferta, aliciamento, entrega, um meio, persuasivo ou mediante violência, ameaça grave, abuso de autoridade, rapto, etc., para um fim, o objetivo de exploração sexual ou laboral, extração de órgãos, adoção ilegal, mendicidade, escravidão ou exploração de outras atividades criminosas (Antunes, 2011), sendo então necessário que haja coerção, de forma a obrigar ou impelir alguém a fazer algo através da força, da intimidação ou de ameaças (UNODC, 2012).

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e ações tanto a nível social como económicas. Tendo por meta focalizar o combate ao tráfico de seres humanos, através da diminuição dos fatores que tornam as pessoas vulneráveis, como a pobreza, o subdesenvolvimento, à falta de oportunidades, os Estados Partes deverão cooperar entre si de uma forma bilateral ou multilateral; também deverão inserir e reforçar medidas legislativas, educacionais, sociais ou culturais com a finalidade de dissuadir a demanda que facilita a exploração para o tráfico de seres humanos.

2.1.2. Europa

A União Europeia (2010) alvitrou um tratado, Tratado da União Europeia e do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, segundo o qual se aplica a todos os Estados-Membros o dever de promover a igualdade, combater as discriminações e suprimir as desigualdades. Em que deste tratado realça-se o Art. 2º que refere,

A União funda-se nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias. Estes valores são comuns aos Estados-Membros, numa sociedade caracterizada pelo pluralismo, a não discriminação, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres. (União Europeia, 2010, p. 17)

Destaca-se ainda o Art. 3º, alínea 5:

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o desenvolvimento do direito internacional, incluindo o respeito dos princípios da Carta das nações Unidas. (União Europeia, 2010, p. 17)

A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (2000) já referia, no respetivo Art. 5º, “Proibição da escravidão e do trabalho forçado”, a proibição do tráfico de seres humanos, estabelecendo que nenhuma pessoa deve ser escravizada nem sujeita a servidão ou trabalho forçado.

É ainda de recordar que, no Tratado Europeu de Tampere (1999), os estados-membros demonstraram preocupação com a necessidade de desenvolver medidas e instrumentos para a prevenção e combate do tráfico de seres humanos, ampliando, neste sentido, as boas práticas de cooperação.

A Convenção do Conselho da Europa Relativa à Luta contra o Tráfico de Seres Humanos (2005), entre os seus vários objetivos, dá relevo à prevenção e luta contra este fenómeno e à igualdade de género, à adoção do princípio da não-discriminação e à colaboração entre os países-membros, de modo a que estes, ao nível nacional, ajam de forma a coordenar as entidades competentes no âmbito da prevenção e consigam implementar programas de luta contra o tráfico humano, além de promover medidas de controlo nas fronteiras. Em Portugal, foi ratificada pela Resolução da Assembleia da República nº 1/2008, de 14 de Janeiro (Tavares, 2008).

A Decisão-quadro do Conselho da União Europeia relativa à luta contra o tráfico de seres humanos, publicada no jornal oficial das Comunidades Europeias em 2002, refere e propõe que sejam seguidas medidas de forma individual, por cada estado-membro, mas também compreende diretrizes de direito comum, “incluindo sanções

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2.1.3. Internacional

Em relação aos instrumentos internacionais, já em 1926 surge a Convenção relativa à Escravatura, ratificada por Portugal em 1927, que refere, na primeira alínea do Art. 1º, que a escravatura é toda a ação exercida sobre outro tendo por fim fazer deste sua propriedade ficando explícito que alguém que pratique um ato “de captura,

aquisição ou cessão dum indivíduo com o fim de o reduzir à escravatura” (Tavares,

2008, p. 89), negociação ou transporte, tendo a intenção de venda.

Nesta convenção, em termos gerais, pronunciam-se em relação a reprimir e impedir o tráfico de escravos com a intenção de o eliminar por completo. O acordo estabelece que as partes devem tomar as medidas necessárias para seguir os princípios reconhecidos nesta Convenção, visando o auxílio recíproco, de modo a alcançar a cessação da escravatura e determinando que o recurso ao trabalho forçado e/ou obrigatório tenha profundas consequências para o empregador (Tavares, 2008).

Na Convenção Suplementar, relativa à abolição da escravatura, do tráfico de escravos e das instituições e práticas análogas à escravatura, adotada em Genebra em 1956 e assinada por Portugal no mesmo ano, começa-se por considerar que a liberdade é um direito adquirido de todos, explicitando desta forma que todos têm direito à liberdade, proibindo qualquer forma de escravatura ou tráfico de escravos e punindo quem as praticar, incluindo escravidão por dívida (Decisão-Quadro do Conselho, 2002); garante o direito da mulher a opor-se à decisão de ser entregue em casamento mediante a contraentrega de dinheiro ou, por morte do marido, ser considerada “herança” de outra

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Sobre a Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional (2000) e ratificada por Portugal na Resolução da Assembleia da República nº 19/2004, em que os Estados-Partes devem consumar as imposições consequentes desta Convenção conservando assim a retidão territorial de cada Estados, não podendo um Estado-Parte cumprir jurisdição no território de outro Estado (Resolução da assembleia da República, 2004).

No que diz respeito à Convenção para a Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição de Outrem (1950) e à respetiva entrada em vigor, na ordem jurídica internacional, em 1951, aparecem alguns termos que hoje constam da definição do tráfico de pessoas, tais como, no Art. 1º, alínea 1): “ [Uma pessoa que] Alicie, atraia

ou desvie com vista à prostituição uma pessoa, mesmo com o acordo desta; Explore a prostituição de uma pessoa, mesmo com o seu consentimento.” (UNODC, 2014, p.25).

A sobredita convenção consagra ainda a necessidade de punir qualquer pessoa que praticar tal crime, tomando as medidas consentidas e adequadas dentro da legislação de cada país, e expõe a necessidade de ajudar as vítimas que não tiverem recursos e, nos casos em que se tratar de um cidadão estrangeiro, assegurar ajuda até que sejam tomadas medidas para o seu repatriamento (Tavares 2008; UNODC, 2014).

Já a Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional (2000), assinada por Portugal em Dezembro de 2000, começa por definir um grupo criminoso organizado como

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Mais uma vez expõe medidas que devem ser adotadas a essas atividades criminosas e medidas e procedimento a ter perante essa infração e tudo que lhe esteja relacionado (Tavares, 2008; UNODC, 2014).

Como se pode constatar perante o descrito, tenta-se desde há vários anos, de variadas formas, combater o tráfico de seres humanos, quer seja descrito como “trabalho

forçado ou obrigatório”, quer seja denominado “escravatura”, o que quer dizer que

qualquer situação que violar os direitos da pessoa tem de ser suprimida.

2.2. Sistema de Referenciação

No que diz respeito a prevenção e ao combate ao tráfico de seres humanos, Portugal adotou recomendações da Organização das Nações Unidas, do Conselho da Europa, da União Europeia e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Diário da República, 2013).

Em que este III Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos 2014-2017 vem de certa força para fortalecer a ideia de que é perentório que haja mais informação sobre o tema, constando na Resolução do Conselho de Ministros nº 101/2013.

O III PNPCTSH tem designadamente em vista o reforço dos mecanismos de referenciação e de proteção das vítimas, o aprofundamento da articulação e cooperação entre as entidades públicas e as organizações da sociedade civil envolvidas e a adaptação da resposta nacional aos novos desafios, concretamente às novas formas de tráfico e de recrutamento. (Resolução do Conselho de Ministros 2013, p. 7007).

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humanos (CIG, 2007). Existindo desta forma procedimentos para proteção das vítimas, o primeiro passo é a sinalização, que consiste na recolha de sinais que indiquem uma situação de tráfico, para melhor avaliar a condição, as vítimas de tráfico deveriam ser acompanhadas por uma equipa multidisciplinar, pois quanto mais profissionais, de diversas áreas, as assistirem, melhor será a assistência. O número de profissionais envolvidos é premente, até porque muitas vezes as supostas vítimas não se vejam como tal, por várias razões, culpabilizam-se pela situação, não têm noção dos seus direitos, não conseguem comunicar devido a não saberem falar a língua do país onde estão, por falta de confiança, medo das autoridades, e medo das retaliações contra si ou contra a família (CIG, 2014).

O prazo de reflexão consiste no período em que a pessoa tem para cogitar a cooperação ou não com as autoridades, de forma protegida e longe das represálias dos traficantes. Segundo Decreto-Lei nº 29/2012, Art. 111º “Prazo de reflexão” tem a duração de tempo

mínimo de 30 dias e máxima de 60 dias, contados a partir do memento em que as autoridades competentes solicitam a colaboração, do momento em que a pessoa interessada manifesta a sua vontade de colaborar com as autoridades encarregadas da investigação ou do momento em que a pessoa em causa é sinalizada como vítima de tráfico de pessoas (Decreto-Lei, 29/ 2012, p. 4231)

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Depois do reconhecimento formal, a vítima tem direito a receber caso deseje, apoio judiciário; acesso a assistência designadamente, cuidados médicos, apoio psicológico, social, financeiro, esclarecimento de todo processo judicial, ajudas ao nível da educação e até oportunidades de trabalho disponíveis (CIG, 2014).

No âmbito III PNPCTSH, sobre as medidas adotadas para prevenir e combater o tráfico de seres humanos, consiste em promover, dinamizar e reforçar as ações de sensibilização para maior divulgação sobre o fenómeno, não só para profissionais que possam estar em contato com vítimas mas também para o público em geral, fomentando conhecimento sobre os tipos de tráfico, e de toda a realidade envolvente.

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Capítulo III – O Conhecimento e Perceção sobre o Tráfico de Seres Humanos

3.1. Objetivos

O estudo que iremos apresentar é de carácter descritivo e exploratório, de natureza mista (qualitativa e quantitativa) e teve como objetivo geral, saber qual o nível de conhecimento e qual a perceção sobre o fenómeno do TSH. Em termos específicos procuraremos avaliar: o nível de conhecimento exibido pela amostra sobre o fenómeno do tráfico de seres humanos; as perceções; os problemas associados ao TSH; as populações mais vulnerável ao fenómeno; a relação entre vítima e a pessoa que a envolve na rede; a resposta social em Portugal para o problema do TSH.

3.2. Método

3.2.1. Participantes

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3.2.2. Instrumento

Para a recolha de dados foi utilizado o questionário “Conhecimento e Perceção

sobre o Tráfico de seres Humanos”, construído por Nunes, Sani, Caridade e

colaboradores em 2014 (Cf. Anexo).

O questionário é constituído por três partes: I. dados sociodemográficos; II. Conhecimento do TSH; e na perceção que os sujeitos têm sobre o TSH.

3.2.3. Procedimentos

Primeiramente foi realizado um pedido formal a Cruz Vermelha Portuguesa Delegação de São João da Madeira (CVPDSJM), para administração dos questionários. Mediante a resposta positiva por parte da Direção da CVPDSJM, deu-se início a passagem do questionário. A recolha recorreu entre o dia 11 de Novembro a 23 de Dezembro de 2015.

A todos os participantes foram dadas informações e uma explicação referente ao estudo, sendo de seguida entregue o consentimento informado (em anexo) em formato papel para a autorização da sua participação. A administração dos questionários decorreu nas instalações da CVPDSJM durante o horário de funcionamento da instituição.

Para a análise dos dados realizamos dois procedimentos: i) para as respostas de nível qualitativo procedemos primeiramente a uma análise de conteúdo (em anexo) com vista à criação de categorias que permitissem a sua codificação e inserção base de dados; ii) as restantes respostas quantitativas foram igualmente codificadas e introduzidas no programa informático Statistical Package for Social Sciences (SPSS),

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3.2. Apresentação dos resultados

I – Dados Sociodemográficos

Foram inquiridos, no total, 110 indivíduos (n amostral) de ambos os sexos (cf. Tabela 1), com idades compreendidas entre os 19 e os 71 anos, sendo a média etária de 38.90 anos, com um desvio padrão de 14.36 numa amostra multimodal em que a maior frequência de idades correspondeu à faixa etária dos 26 aos 35 anos de idade. A distribuição por categorias etárias foi reveladora de uma amostra predominantemente de jovens e jovens adultos, em que a maior frequência foi nos grupos etários dos 19 aos 25, dos 26 aos 35 e dos 36 aos 45 (cf. Tabela 2).

1.1. Sexo

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Feminino 68 61.8

Masculino 42 38.2

Total/n 110 100

Tabela 1. Distribuição por frequências quanto ao sexo.

Tabela 2. Idade.

1.2. Idade

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Dos 16 aos 25 24 21.8

Dos 26 aos 35 25 22.7

Dos 36 aos 45 23 20.9

Dos 46 aos 55 14 12.7

Dos 56 aos 65 14 12.7

Mais de 65 anos 5 4.5

Total Parcial 105 95.5

Omissões 5 4.5

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No que refere a nacionalidade a amostra é maioritariamente de nacionalidade portuguesa (96.4%), havendo também uma percentagem reduzida (2.7%) de indivíduos de nacionalidade estrangeira, nomeadamente do Brasil (cf. Tabela 3 e 4).

1.3. Nacionalidade

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Portuguesa 106 96.4

Estrangeira 3 2.7

Omissões 1 0.9

Total/n 110 100

Tabela 3. Nacionalidade.

1.3.1. Se respondeu estrangeira, refira qual

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Brasil 3 2.7

Omissões 1 0.9

Não Aplicável 106 96.4

Total/n 110 100

Tabela 4. Nacionalidade estrangeira

Os participantes no estudo eram maioritariamente residentes no concelho de São João da Madeira (81.8%), havendo uma pequena percentagem de residentes em Oliveira de Azeméis (10.9%) e em Santa Maria da Feira (5.5%) (cf. Tabela 5).

1.4. Concelho de residência

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

São João da Madeira 90 81.8

Santa Maria da Feira 6 5.5

Oliveira de Azeméis 12 10.9

Não responde 2 1.8

Total/n 110 100

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Em termos de organização/estrutura do agregado familiar, 83.6% respondeu viver acompanhado, ao contrário dos 14.5% dos indivíduos que respondeu viver só (cf. Tabela 6).

1.5. Assinale se vive só

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Sim 16 14.5

Não 92 83.6

Não responde 2 1.8

Total/n 110 100

Tabela 6. Vive só.

Ainda relacionada com a questão anterior e atendendo aos que viviam acompanhados, constatou-se que a maioria dos inqueridos (72.7%) vive com a família nuclear, seguindo-se percentagens mais baixas para família nuclear alargada (4.5%), família alargada (2.7%), e por fim pares (1.8%) (cf. Tabela 7).

1.5.1. Se respondeu que “Não”, diga com quem vive

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Família nuclear 80 72.7

Família nuclear alargada 5 4.5

Família alargada 3 2.7

Pares 2 1.8

Não responde 4 3.6

Não aplicável 16 14.5

Total/n 110 100

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As informações recolhidas permitiram verificar que a amostra era constituída por percentagens muito próximas de casados ou em união de facto (44.5%) e solteiros (41.8%), seguindo-se com uma percentagem significativa mais baixa de divorciado ou separados (12.7%) e por último viúvo (0.9%) (cf. Tabela 8).

1.6. Estado civil

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Solteiro(a) 46 41.8

Casado(a) / União de facto 49 44.5

Divorciado(a) /

Separado(a) 14 12.7

Viúvo(a) 1 0.9

Total/n 110 100

Tabela 8. Estado civil.

Em termos de escolaridade a amostra teve a percentagem mais alta no 7º ao 9º ano de escolaridade (30%), sendo seguida pelo ensino secundário 10º ao 12º ano (24.5%), ensino superior (13.6%), 1º ciclo do ensino básico 1ª a 4º classe (18.2%), 2º ciclo do ensino básico 5º ao 6º ano (8.2%) (cf. Tabela 9). Na referência “Outro” todas as

percentagens têm o mesmo valor (0.9%) (cf. Tabela 10).

1.7. Escolaridade

Respostas Frequência

Absoluta Relativa (%) Frequência [1º Ciclo Ensino Básico] Do 1º ao 4º (ano/classe) 20 18.2

[2º Ciclo Ensino Básico] 5º ou 6º anos 9 8.2

[3º Ciclo Ensino Básico] Do 7º ao 9º anos 33 30.0 [Ensino Secundário] Do 10º ao 12º anos 27 24.5

Ensino Superior: Licenciatura 15 13.6

Outro 6 5.5

Total/n 110 100

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1.7.1. Se respondeu “Outro”, refira qual

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Bacharelato em Fisioterapia 1 0.9

Curso profissional 1 0.9

Ensino Superior Mestrado 3 2.7

Secundário nível 4

Tecnológico 1 0.9

Não aplicável 104 94.5

Total/n 110 100

Tabela 10. Outro.

Em relação à situação ocupacional dos sujeitos que participaram neste estudo, são predominantemente desempregados (77.3%), sendo seguido de trabalhadores (11.8%), reformados (6.4%), estudantes e domésticas com percentagens iguais (1.8%), e por fim trabalhador- estudante (0.9%) (cf. Tabela 11).

1.8. Situação ocupacional

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Estudante 2 1.8

Trabalhador(a) 13 11.8

Trabalhador(a)-Estudante 1 0.9

Desempregado(a) 85 77.3

Reformado(a) 7 6.4

Doméstico(a) 2 1.8

Total/n 110 100

Tabela 11. Situação ocupacional.

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1.8.1. Refira a sua área/tipo de trabalho ou de estudos

Respostas Frequência Absoluta Relativa (%) Frequência

Pessoal dos Serviços e Vendedores 10 9.1

Operários, Artífices e Trabalhadores Similares 25 22.7

Trabalhadores não qualificados 15 13.7

Técnicos e Profissionais de nível intermédio 20 18.2 Operadores de instalações e máquinas e

trabalhadores da montagem 2 1.8

Pessoal Administrativo e Similares 6 5.4

Especialistas das Profissões Intelectuais e

Científicas 3 2.7

Total parcial

Não responde 29 26.4

Total/n 110 100

Tabela 12. Área/tipo de trabalho ou de estudos.

II – Conhecimento do tráfico de seres humanos

No que refere ao conhecimento sobre o fenómeno do tráfico de seres humanos os inquiridos responderam maioritariamente que era a exploração (54.5%) (e.g., “Exploração do ser humano”; Enganar as pessoas dizendo-lhes que vão para um emprego e depois são exploradas”), seguida da mobilidade (14.5%) (e.g., “Acho que são

pessoas traficadas para outros países”; “É movimentação de pessoas entre fronteiras”),

tráfico de órgãos (13.6%) (e.g., “Pessoas que são levadas contra vontade e expostas a todo tipo de violência até à sua venda para órgãos”), rapto (9%) (e.g., “Eles raptam

pessoas e mulheres”; “Raptar alguém e vendê-la como se fosse um objeto ou produto”), prostituição (6.4%) (e.g., “Tráfico de mulheres para prostituição”) e por fim com frequência consideravelmente menor segue-se emigração/procura de emprego (e.g., “Enganar as pessoas dizendo-lhes que vão para um emprego e depois são exploradas”) e privação da liberdade (e.g., “Ser obrigada a ir para um sítio para onde não quer e ver-se privada da sua liberdade”), ambas com 3.6%. No item “Outros” (10.9%) está incluído

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humanos é injusto ou desumano, sendo que 7.3% não responderam a questão (cf. Tabela 13).

2.1. O que entende por tráfico de seres humanos

Respostas Frequência Absoluta Relativa (%) Frequência respostas Nº de

Mobilidade 16 14.5

128

Exploração 60 54.5

Rapto 11 10

Emigração/procura de emprego 4 3.6

Privação da liberdade 4 3.6

Tráfico de órgãos 15 13.6

Prostituição 7 6.4

Violência 2 1.8

Outros 9 8.2

Não responde 8 7.3

Tabela 13. O que entende por Tráfico de Seres Humanos.

Na questão se teve acesso a informação nos últimos dois anos as percentagens ficaram próximas, o “Sim” teve 53.6% e o “Não” teve informação com 46.4%, sendo que 1.8%

não respondeu (cf. Tabela 14).

2.2. Se teve acesso a informação nos últimos dois anos

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Sim 59 53.6

Não 51 46.4

Não responde 2 1.8

Total/n 110 100

Tabela 14. Teve acesso a informação nos últimos dois anos.

(53)

2.2.1. Se respondeu “Sim”, refira quem (pessoa ou entidade) tem fornecido tal informação

Respostas Frequência Absoluta Relativa (%) Frequência respostas Nº de

Comunicação social 52 47.3

55

Órgãos de Polícia Criminal 1 0.9

Instituições 2 1.8

Não se aplica 51 76.2

Não responde 3 10.0

Tabela 15. Refira quem (pessoas ou entidade) lhe forneceu tal informação.

Se considera que em Portugal existe informação suficiente sobre o fenómeno, maioritariamente “Não” com 88% e com uma percentagem menos significativa aparece

o “Sim” com 22% (cf. Tabela 16).

2.3. Se considera que, em Portugal, há informação suficiente a respeito do tráfico de seres humanos

Respostas Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Sim 22 20

Não 88 80

Total/n 110 100

Tabela 16. Considera que, em Portugal, há informação suficiente a respeito do tráfico de seres humanos.

No seguimento da questão anterior, quem forneceu tal informação, aparece comunicação social com 15.4% (cf. Tabela 17).

2.3.1. Se respondeu “Sim”, refira quem (pessoa ou entidade) tem fornecido tal informação

Respostas Frequência Absoluta Relativa (%) Frequência respostas Nº de

Comunicação social 17 15.4 18

Outro 1 0.9

Não se aplica 88 80

Não responde 5 4.5

Imagem

Tabela 1. Distribuição por frequências quanto ao sexo.
Tabela 5. Concelho de residência.
Tabela 7. Com quem vive.
Tabela 9. Escolaridade concluída.
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Referências

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