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Alcáçova de Santarém: Relatório dos trabalhos arqueológicos de 1984

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(1)

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Revista da UNIARCH -

Unidade de Arqueologia do Centro de História da Universidade de Lisboa

(Instituto Nacional de Investigação Científica), vol. 1, 1983-84.

Direcção:

Victor GonçaJves

Colaboradores permanentes:

Ana Margarida Arruda,

J.

C.

Senna-Martínez, Pedro Barbosa, Helena

Cata ri no, Ana Carvalho Dias

Orientação gráfica e capa:

Victor Gonçalves

Capa: Ektachrome de V

.

G. (Vila Nova de S. Pedro, pormenor da fortificação interior)

Revisão de provas:

Ana Lúcia Esteves e Mário Cardoso

Fotocomposto por Textype, Lisboa

Impresso por Minerva do Comércio, Lisboa, 1985

Distribuído por Imprensa Nacional, Rua Marquês Sá da Bandeira, 16 A, 1000 Lisboa

As ideias expressas pelos colaboradores de CLlO/ ARQUEOLOGIA não são necessariamente

as

da

Unidade de Arqueologia.

Toda a correspondência:

Unidade de Arqueologia. Centro de História. Faculdade de Letras. 1699 Lisboa Codex - Portugal.

Aceita-se permuta/Echange accepted/On prie l'échangelTauschverkehr erwünscht

(4)

INDICE

Editorial

- Apresentação, seguida de uma Pavana por uma arqueologia (quase) defunta, com votos de pronto restabelecimento

Victor Gonçalves ... 9-15

Estudos e intervenções

- Um corte através da fortificação interior do castro calco lítico de Vila Nova de S. Pedro,

Santarém ( 1 9 5 9 ) . .

H. N. Savory ...... 19-29 - A cronologia absoluta (datações C14) de Zambujal

H. Schubart e

E.

Sangmeister ...... 31-40 - O povoado calcolítico de Leceia (Oeiras), La e 2.a Campanhas de escavação, (1982,

1983)

João L. Cardoso, Joaquina Soares e Carlos Tavares da Silva ... 41-68 - Cabeço do Pé da Erra (Coruche), contribuição da campanha 1 (83) para o

conhecimen-to do seu povoamenconhecimen-to calcolítico

'Victor Gonçalves ...... ... ... 69-75 - Resumos de intervenções em Escoural (Montemor-o-Novo) e Monte da Tumba

(Torrão)

Rosa e Mário Varela Gomes, M. Farinha dos Santos, Joaquina Soares e Carlos

Tava-res da Silva ... ... ... . . . 77 -79 - Doze datas 14C para o povoamento calcolítico do cerro do Castelo de Santa Justa

(Alcoutim): comentários e contextos específicos

Victor Gonçalves ... . 81-92 - Precisiones en torno a la cronologia antigua de Papa Uvas (Aljaraque. Huelva)

J. C. Martín de la Cruz .. ... 93-1 04 - Contribuições para uma tipologia da olaria do megalitismo das Beiras: olaria da Idade

do Bronze .

J. C. Senna-Martínez .... 105-138

Em discussão

-- Povoados calcolíticos fortificados no Centro/Sul de Portugal: génese e dinâmica evo-lutiva Victor Gonçalves, João Cardoso, Rosa e Mário Varela Gomes, Ana Margarida

Arruda, Joaquina Soares, Carlos Tavares da Silva, Caetano de Mello Beirão, Rui

Parreira. . . . . . .. 141-154

Arqueologia hoje (Conversas de Arqueologia

&

Arqueólogos)

- Jean Guilaine responde a Victor Gonçalves

Medir e contar

- Contribuições arqueométricas para um modelo socio-cultural: padrões volumétricos na Idade do Bronze do centro e NW de Portugal

157-166

J. C. Senna Martínez ...... 169-188

Varia Archaeologica

- Três intervenções sobre arqueologia no Algarve

Victor Gonçalves, Ana Margarida Arruda, Helena Catarino 191-196 - Arte~acto de pedra polida de grandes dimensões provenientes de Almodêvar (Beja)

(5)

Em construção. Relatórios de actividade

-

Programa para o estudo da antropização do Baixo Tejo e afluentes:

Projecto para o

estudo da antropização do Vale do Sorraia (ANSOR)

Victor Gonçalves, Suzanne Daveal'

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203-206

-

Programa para o estudo da evolução das sociedades agro-pastoris, das origens

à

metalurgia plena, dos espaços abertos aos povoados fortificados, no Centro de

Portu-gal (ESAG).

Victor Gonçalves ..

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.... 207-211

-

O monumento n.o 3 da Necrópole dos Moinhos de Vento, Arganil -

A Campanha

1(84).

J.

C.

Senna-Martínez

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213-216

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Alcáçova de Santarém. Relatório dos trabalhos arqueológicos de 1984.

Ana Margarida Arruda .

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217-223

-

Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 2(82).

Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit

..

225-227

-

Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 3(83).

Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit

229-230

-

Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 5(83). Objectivos, resultados,

perspectivas.

Victor Gonçalves ...

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.. 231 -236

-

Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 6(84)

. Resumo de conclusões.

Victor Gonçalves ...

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... 237-243

-

Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim.

Relatório dos trabalhos de

1983.

Ana Margarida Arruda ...

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. 245-248

-

Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim. Relatório dos trabalhos de

1984.

Ana Margarida Arruda

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249-254

livros Novos, Novos Livros

-

Para uma arqueologia total.

Luís Gonçalves, Paula Ferreirinha

-

Pré-História e Decadência

.

257-259

Teresa Gomes da Costa, António Baptista ....

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.. 259-262

-

Pré-História Europeia, entre o ensino e o mito

.

Nuno Carvalho Santos ...

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... 262-264

Notícias e Recortes

As primeiras comunidades rurais no Mediterrâneo Ocidental ...

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Comissão Directiva do Centro de História .

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Quinta do Lago, uma intervenção de emergência da UNIARCH ...

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A UNIARCH e o projecto ANSOR em Coruche ..

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Encontros UNIARCH/MAEDS ...

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Novas grutas em Torres Novas ." ... , ...

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Doutoramento em Pré-História .,., .

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Novo doutoramento em Arqueologia

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Vila Nova de S, Pedro: o recomeço

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Publicações da UNIARCH .. ,

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Governador Civil de Faro visita escavações do Cerro do Castelo de Santa Justa

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RECORTES .. " . " " , .... " " , ... ",.", ...

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Em anexo

Textos de Arqueologia em CLlO, Revista do Centro de História da Universidade de

Lisboa (1979-1982) ....

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... .

Autores de textos em CLlO/ARQUEOLOGIA 1: observações e endereços ..

.

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.267-269

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279-283

287-288

289

(6)

eLIO/ARQUEOlOGIA, REVISTA DA UNIARCH, VOl. 1, LISBOA, 1983-1984

211

Alcáçova de Santarém

Relatório dos

trabal hos

arqueológicos de 1984

ANA MARGARIDA ARRUDA

1. Meios técnicos e humanos

A escavação de 1984 na Alcáçova de Santarém te-ve a duração de 34 dias, de 16 de Julho a 18 de Agosto, e foi dirigida por Ana Margarida Arruda. Parti-ciparam nesta segunda campanha as dras. Helena· Catarino, Helena Simões, Emília Mogárrio, Eduarda Lima e ainda os estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa Luís Jorge Gonçalves, Ana Paula Ferreiri-nha, Arlindo Fragoso, João Paulo Pereira e Jorge Tra-vassos. Foram ainda contratados os srs. Júlio Manuel Alves da Costa, Carlos Manuel Colaço, Luís Manuel de Jesus Pinheiro, António José da Costa Rodrigues, Aristides da Piedade Coelho, Augusto Manuel Pimen-ta da Silva, José Joaquim Gomes Duarte, João José Almirante Gaspar, Hélder Leandro da Silva e Victor Manuel Ruivo Baleizão.

A campanha 2(84) foi subsidiada pelo I.P.P.C. e contou com o apoio logístico da Câmara Municipal de Santarém e com o apoio técnico da Junta Autónoma das Estradas.

Para além do trabalho no terreno, procedeu-se

ain-da durante o mesmo período a trabalhos vários de gabinete, nomeadamente lavagem, marcação e dese-nho do material arqueológico recolhido, procedendo--se imediatamente à sua stockagem e inventário.

O levantamento fotográfico foi quase integralmente realizado pelo dr. Victor Gonçalves, a quem agrade-cemos.

A data-limite de 15 de Janeiro para apresentação dos relatórios dos trabalhos arqueológicos de 1984, por ser curta, não permitiu que todos os desenhos de perfis e plantas pudessem ser atintados. Por isso optou-se por enviar, nos casos em que tal atintagem não foi possível, fotocópias dos desenhos de campo. No entanto, os desenhos realizados no campo, tanto dos perfis como das plantas, foram coloridos pam melhor se diferenciarem os níveis arqueológicos e permitirem de imediato uma leitura correcta. Este facto não é perceptível nas fotocópias enviadas, uma vez que se encontrava avariada a fotocopiadora a co-res da Rank Xerox, a única empco-resa que, em Lisboa, possui uma máquina fotocopiadora deste tipo.

(7)

218 2. Objectivos da campanha 2(84)

Dois objectivos eram este ano considerados abso-I utamente _ prioritários.

1 ) esclarecer a planta geral e a funcionalidade de uma estrutura parcialmente detectada durante a cam-panha 1 (83) no quadrado A;

2) continuar em extensão uma escavação que em 1983 se tinha limitado a uma área de 6x3 1'11, no senti-do de confirmar a evolução cultural que o quadrasenti-do B 1 (83), apesar das intrusões, tinha deixado antever.

Ambos os objectivos foram inteiramente consegui-dos, sendo ultrapassadas em muito as expectativas.

3. Organização geral do campo

Decidiu-se este ano reorganizar a quadrícula pre-viamente estabelecida, tendo-se mantido a orientação N/S. Alterou-se, no entanto, a nomenclatura dos qua-drados, tendo-se optado por uma designação numé-rica-alfabética na qual os algarismos aumentam no sentido S/N e as letras no W/E. Assim, os quadrados A e B escavados em 1983 passam a designar-se G17 e G18 respectivamente.

No sentido de se cumprirem os objectivos propostos foram delimitadas duas áreas de escavação:

1) no seguimento dos quadrados G17 e G18 (1983), envolvend.o-os, denominada corte 1 e onde se procedeu à escavação dos quadrados G16, H17 e H18;

2) no prolongamento para Sul do corte 1 e sendo solidária com este, perpendicular à muralha medieval. Chamou-se corte 2 e nele se escavaram os quadra~

dos J8, J9 e 19.

4. Os trabalhos de escavação

Constatados os derrubes parciais das banquetes N e W de G18 e a S de G17, iniciou-se uma limpeza geral do campo. marcada a quadrícula e inscreveram--se os quadrados enunciados em 3. em ambos os cortes. Estes possuem uma área teórica de 4x4 1'11 e uma área real de 3x3m depois de marcadas as· respectivas banquetes, que se derrubaram sempre que os quadrados a que se referiam confinavam com outros cuja escavação estivesse igualmente realizada.

4.1. Corte 1. 4.1.1. A banquete S de G18

Derrubou-se a banquete Sul de G18 escavado em 1983. Foi aqui confirmada a estratigrafia deste qua-drado, com três níveis preservados, dois da Idade do Ferro, um medieval e dois de entulhos (ver relatório de 1983). O pavimento detectado no ano anterior, ve-rificar-se-ia também aqui.

4.1.2. Quadrado G16

Nível 1 - nível de entulho, de formação muito re-cente. Terras castanhas-escuras muito revolvidas.

Material misturado, desde cerâmica actual, a cerâmi-ca dos séculos XVII, XVIII e XIX, vidros, alguns plásticos e numismas dos anos 40, 50 e até 60 do nosso sé-culo. Espessura variando entre os 50 e rO cm.

Aos 60 cm de profundidade notamos já uma certa organização da superfície do quadrado com três áreas distintas. Uma definida por derrubes (telhas de canudo, pedras, blocos de argamassa) misturados com cerâmica comum, que se concentra na metade W do quadrado. Esta camada definiu-se por Nível 2,

ca-mada 3. O Nível 2, camada 1, ocupava uma área restrita do quadrado, localizava-se no seu canto SW e possuía uma espessura entre os 40 a 60 cm. Deste nível são provenientes cerâmicas medievais, possivel-mente do século XIV, vários pregos em ferro e telhas e tijolos com alguma abundância. Foi aqui que se defi-niu um troço de muro de pedras de pequenas dimen-sões, mal ligadas por uma argamassa esbranquiçada. Possuía uma largura média de 120 cm e um compri-mento actual de 100 cm. Este muro é solidário com dois outros, assentes num nível com as mesmas ca-racterísticas, e identificados na campanha anterior em G17 e G18. O Nfvel 2, camada 2, era composto por terras negras e húmidas de grão muito fino. Ocupava toda a área central do quadrado. Dele era proveniente abundantíssimo espólio arqueológico traduzido numa enorme quantidade de fragmentos de cerâmica me-dieval e árabe.

Este Nível 2, camada 2 viria a atingir a profundida-de máxima do quadrado, vindo a verificar-se que se tratava de uma fossa destinada à construção de um silo que, posteriormente, seria entulhada. Este entu-Ihamento deverá ter tido lugar num momento tardio da Idade Média e foi realizado em fases sucessivas. Tais entulhos seriam por diversas vezes· queimádos, no sentido de os fazer diminuir de volume. Deste facto são testemunhas sucessivas camadas de carvões P.

cinzas.

Também o Nível 2, camada 3, terá a origem da sua formação num facto idêntico. Neste caso não foi, no entanto, possível confirmá-lo, uma vez que a existir de facto um silo, ele situar-se-á no quadrado F16 não escavado nesta campanha.

Estas duas camadas introduziram-se em níveis de formação anterior, nomeadamente um romano do sé-culo I a.C. e dois da Idade do Ferro.

Deste nível, só a camada 1 será de ocupação.

Nível 3 - Terras amarelas muito compactas. Verifica-se a NE do quadrado e é absolutamente téril do ponto de vista arqueológico. Possui uma es-pessura máxima de 20 cm.

Nível 4.- Terras castanhas-amareladas muito compactas. Com cerca de 60nO cm de espessura localiza-se a NW e pode designar-se como um nível romano do século I a.C. apesar de um pouco

remexi-do pela proximidade remexi-do Nível 2, camada 2. Dele são provenientes vidros, cerâmica comum, cerâmica campaniense, terra sigillata itálica, fragmentos de

lu-cernas, fragmentos de ânforas e ainda um numisma do reinado de Augusto datado de 27-25 a.C. De

refe-rir uma razoável quantidade de pedaços de estuques com decoração geométrica, pintada. Esta consta de bandas paralelas, de cor vermelha e branca.

(8)

ALCÁCOVA DE SANTARÉM CORTE 1 Q H 17 -BANQUETTES W. E N . + + + + + + + + + + + + + + +

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(9)

220

Nível 5 - Terras castanhas-amareladas, compac-tas, com uma espessura de 60nO cm. De área

re-duzida, coexiste ainda com a camada 2 do nível 2.

Oferece cerâmicas da Idade do Ferro, pintadas em bandas, cobertas de vemiz vermelho e cerâmicas de superfícies cinzentas e bem polidas, todas fabricadas a torno. '

Nível 6 - Terras amarelas-claras com uma espes-sura máxima de 70 cm. Coexistindo com o Nível 2, a camada 2 localiza-se sob o Nível 5 exactamente na mesma área. Dele são provenientes cerâmicas da Idade do Ferro, cinzentas e pintadas. Surgem ainda alguns fragmentos cerâmicos decorados com retícula brunida.

Nível 7 - Terras castanhas-escuras avermelhadas,

com uma espessura variando entre os 20 e os 50 cm. É estéril do ponto de vista do espólio arqueológico.

Silo - escavado no calcário degradado a sua

plan-ta define-se a partir do Nível 7. É de planta ovalada e

possui uma plataforma de acesso igualmente escava-da no calcário que não foi possível delimitar na totali-dade, já que se prolonga para áreas não abrangidas pela escavação deste ano. Tem uma profundidade máxima de 130 cm e fundo quase plano. Encontrava--se obviamente entulhado. Tais entulhos receberam a

design~ção de Nível 2, camada 4.

O quàdrado G16 atingiu uma profundidade máxima de 3,20 m. Adicionando a profundidade do silo, obte-remos 4,50 cm. Q. G 17 c-d cm o 40 -80 120 160 200 240 280 Fig. 2 - Perfil do silo 1 de G 17.

O quadrado G 16 não possui uma área útil de esca-vação de 3x3 m. A plantação de uma videira que foi necessário poupar implicou uma diminuição dessa mesma área. (Ver planta).

4.1.3. Banquette Sul do quadrado G17

Concluída a escávação do quadrado G16 e estando os seus quatro perfis desenhados, pode iniciar-se o derrube da banquete Sul de G17 escavado na campa-nha de 1983. Os 6 níveis arqueológicos identificados em G16 e todos lidos nesta banquete, tinham todos aí

o seu terminus dando lugar a níveis de entulhos.

To-dos esses entulhos tinham sido identificaTo-dos na esca-vação de G17 em 1983 e foram já devidamente inter-pretados no relatório a ela referente. A interpretação foi agora absolutamente confirmada. Delimitou-se to-talmente um silo de planta subcircular e secção elip-soidal, com duas plataformas de acesso semicircula-res e com profundidade e largura máximas de 265 e 160 cm respectivamente.

Tal como o silo de G16, é escavado no calcário, mas

com a sua planta já bem definida a partir do Nível 6.

4.1.4. Quadrado H17

Nível 1 - superficial. De características idênticas ao nível 1 de G16. Espessura variando entre os 40 e os 120 cm.

Nível 2 - Terras castanhas-escurQs de grão médio e fino. Oferece um número muito elevado de fragmen-tos de cerâmica medieval, alguns dos quais com as superfícies queimadas. Neste nível surgem sucessi-vas camadas de cinzas e carvões que alternam com a terra castanha. Trata-se de um nível de entulho que, tal como no quadrado anteriormente descrito, deve a

sua origem à abertura de uma fossa,' destinada à

construção dé uma estrutura ainda não identificada, por se localizar no exterior deste quadrado, e que posteriormente seria entulhada. Este nível viria a atin-gir a profundidade máxima do quadrado (240 cm), mas ocupando os 50 cm praticamente toda a sua área, esta tinha tendência a diminuir, dando lugar na metade E a outros níveis arqueológicos.

Nível 3 - Ocupando a área NE do quadrado é

composto por terras amarelas de grão médio, e com-pactas. Ofereceu cerâmicas romanas, nomeadamente

terra sigillata itálica e ânforas e ainda alguma

cerâmi-ca cerâmi-campaniense. É neste nível que se identifica uma

face, muito provavelmente a externa, de um muro argamassado. Este nível tem uma espessura de 100 cm. Continua sempre a observar-se o Nível 2.

Nível 4 - Ocupando a mesma área do Nível 3,

seguia-se-Ihe. De um tom mais escuro que o anterior é, no entanto, igualmente amarelo, e é praticamente estéril de espólio arqueológico. A espessura é de. 40,cm aproximadamente.

Nível 5 - Constituído por areias de grão grosso, amarelo-torrado, oferece cerâmicas da Idade do Fer-ro. Ainda o Nível 2 a coexistir horizontalmente com o Nível 5.

Nível 6 - Constituído também por areias, mas es-curas, onde é comum a cerâmica de fabrico manual

(10)

ALCÁCOVA DE SANTARÉM CORTE 1 Q. G 17 - PLANTA FINAL

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coexistindo com outra fabricada a torno. A espessura

máxima deste nível é de 30 cm.

Nível 7 - Terras argilosas castanhas-escl:lras

aver-melhadas. Sobre a rocha não oferece qualquer

espó-lio arqueológico.

Escavado totalmente H17 procedeu-se então ao

derrube da Rua banquete W. Este era inteiramente

composta dos entulhos do Nível 2 e confinnava a es-tragrafia lida nesse perfil.

4.1.5. Ouadrado H18

A estratigrafia do quadrado H18 seguia grosso

mo-do a que obtivemos em H17.

Um Nível 1 superficial, recente, comum a todos os

quadrados do corte 1. Um Nível 2, de entulho, com

uma grande potência de terras atingindo a profundi-dade máxima do quadrado. Este Nível 2 é claramente intrusivo nos outros níveis anteriores do ponto de vista cronológico. Formou-se de forma idêntica ao Nível 2

de H17 e ao Nível 2, camada 2, de G16. Localizava

--se no centro do quadrado, cortando-o no sentido N/S e tinha uma largura aproximada de 2 m. Deixou, no entanto, preservados lateralmente um Nível 3;

corres-pondente ao Nível 3 de H17, com cerâmicas do séc. I

e II a.C., um Nível 4, estéril (H17, Nível 4), e os Níveis

5 e 6 da Idade do Ferro, com correspondência em H17 (Níveis 5 e 6). O Nível 7, estéril e sobre a rocha

(11)

222

estava também presente. De referir a presença na parte N da banquete W de um pavimento no Nível 3. A destruição deste pavimento pelo Nível 2 é bem visí-vel na banquete N pela espessa camada de argamas-sa que aí se verificou. De referir o aparecimento de três contas de colar de pasta vítrea, uma delas com decoração oculada, provenientes do Nível 5.

Concluída a escavação de H18 procedeu-se ao derrube das suas banquetes W e S. A banquete S viria a permitir a observação do desenvolvimento do muro de H18.

4.2. Corte 2

4.2.1. Quadrado J9

Nível 1 - Terra cinzenta, repleta de fragmentos de

cerâmica actual. Terra solta de grão fino.

Nível 2 - Terra cinzenta-amarelada. Alguma fauna

malacológica e mamalógica. Cerâmicas romanas e azulejos hispano-árabes e pedras e tijolos fragmenta-dos.

Nível 3 - Terra cinzenta-clara, compacta, com

mui-tos fragmenmui-tos de cerâmica e bastantes fragmenmui-tos de tijolos além de uma mancha de estuque.

Nível 4 - Terra castanha-escura, menos compacta

, que a anterior. Fragmentos de cerâmica muçulmana e contemporânea com camadas de cinzas.

Nfvel 5 - Terra amarela bastante compacta. Muito

pouco espesso sobreposto ao calcário degradado. Retirado este último nível evidenciam-se 5 silos. Destes, apenas 1 se encontrava totalmente dentro do quadrado e, tal como os silos do corte 1, encontra-vam-se totalmente entulhados.

Constatado que foi o total entulhamento deste qua-drado, sero quaisquer vestígios de ocupação, decidi-mos retirar por meios mecânicos o correspondente aos Níveis 1 , 2 e 3 nos quadrados I e J8. Verificou-se então idêntica situação à já descrita em J9 no que se referia aos Níveis 4 e 5. Em 18 desenhava-se um silo totalmente limitado e um semicírculo pertencente a outro. Escava-se integralmente o primeiro.

Em J9, 3 silos, 2 dos quais não totalmente incluídos no quadrado, são identificados. Só num é possível a escavação integral.

5.

Observações gerais sobre os trabalhos

de escavação

Depois de concluída a escavação e feita a análise de todos os quadrados e respectivas estratigrafias, podemos concluir que durante a Idade Média se verifi-caram grandes remoções de terras que afectaram gravemente os testemunhos arqueológicos anteriores.

Também obras mais recentes tiveram os mesmos efeitos, concretamente a instalação da rede de esgo-tos do Jardim nos anos 50. Esta situação é particular-mente grave no çorte 2, onde todos os níveis detecta-dos nos três quadradetecta-dos aí escavadetecta-dos eram de entu-lho. Tais remoções de terras ficaram a dever-se à

construção d~ silos, escavados no calcário, neste ca-so em número muito elevado (10 silos numa área de 27m-=.).

A construção de silos também verificada no corte 1, não tendo seguido o mesmo processo técnico, não

implicou a-remoção integral das terras. Limitaram-se os construtores a fazer largos e profundos buracos nas terras já acumuladas dos níveis anteriores, de modo a obterem, primeiro, plataformas que lhes per-mitissem a construção e, depois, os acessos aos silos de armazenamento. Tais fossas, destruindo em parte os vestígios arqueológios pré-existentes, pouparam--nos sectorialmente, tendo sido, apesar de tudo, possível a obtenção de uma estratigrafia clássica em várias áreas escavadas. Assim, foi aqui possível a escavação de níveis preservados de ocupação, em alguns casos com estruturas de habitação ainda conservadas. Os dois pavimeFltos sobrepostos esca-vados em 1983 já eram disso prova clara.

Os dois processos de construção de silos não foram por ora esclarecidos em termos cronológicos. Tal facto merecerá a nossa atenção nas campanhas futu-ras.

G16

Nível 1 - 1945/1965 Nível 2 - Tardo-romano(?)

Nível 2/2, 2/3 - Entulhos (séc. XIV-XV)

Nível 3 - Estéril

Nível 4 - Romano (séc. I a.C.) Nível 5 - Idade do Ferro Nível 6 - Idade do Ferro Nível 7 - Estéril

H17

Nível 1 - 1945/1965

Nível 2 - Entulhos (séculos XIV-XV)

Nível 3 - Romano (séc. I a.C.)

Nível 4 - Estéril

Nível 5 - Idade do Ferro Nível 6 - Idade do Ferro Nível 7 - Estéril

H18

Nível 1 - 1945/1965

Nível 2 - Entulhos (séc. XIV-XV)

Nível 3 ~ Romano (séc. I a.C.) Nível 4 - Estéril

Nível 5 ----.: Idade do Ferro Nível 6 - Idade do Ferro Nível 7 - Estéril

6. O espólio arquHlóglco

~ extremamente al;>undante o éspólio arqueológico recolhido nesta campanha, distribuindo-se por todos os períodos representados na Alcáçova de Santarém.

Notamos a extraordinária qualidade do espólio cerâ-mico, com peças de fracturas muito vivas, sem quais-quer sinais de rolamento e pouco fragmentadas.

(12)

Pos-suímos, de quase todos os níveis, peças praticamente inteiras.

Do nível 6 de G16, H17 e H18 recolheram-se cerâ-micas de engobe cinzento e negro, de superfícies po-lidas, algumas com decoração de retícula brunida. Es-tas pertencem a formas carenadas, com paredes en-curvadas, bordos extrovertidos e fundos com ônfalos bem marcados.

No mesmo nível, e numa clara maioria, estavam presentes cerâmaicas de engobe vermelho,

nomea-damente pratos, cerâmicas decoradas por linhas e

bandas pintadas e cerâmicas cinzentas de paredes muito finas. O engobe vermelho surge em formas de pratos, oinochoes (um inteiro, de H18), os fragmentos pintados em bandas pertencem a grandes vasos de asas bífidas, de bordos extrovertidos e lábios aplana-dos e as cerâmicas cinzentas a formas carenadas e pequenas taças de colo estrangulado.

Este nível possui, assim, uma influência mediterrâ-nica muito forte, retendo ainda características locais acentuadas. Podemos datá-lo de uma I Idade do Fer-ro muito antiga, com sobrevivências do BFer-ronze final.

A II Idade do Ferro é caracterizada por potes de bordo extrovertido e superfícies mal cuidadas, e pra-tos. Decorações estampilhadas e grafitos aparecem com alguma frequência. De referir o aparecimento de três contas de colar de pasta vítrea, uma das quais com decoração oculada e que pelas características desta última não temos dúvidas em colocar na II Idade do Ferro. Estas contas oculadas são frequentes na Azougada e no Cabeço de Vaiamonte, distinguindo--se bem das da I Idade do Ferro pela qualidade da

pasta, pelo brilho e pela cor. Estes materiais bem

es-tratigrafados no Nível 5 dos quadrados do corte 1

Indi-cam que uma forte influência do chamado mundo de influência fenício-púnica, não deixou nunca de se

fa-zer sentir em Santarém até à che.9ada das primeiras

influências itálicas rios finais do séc. II a.C.

O período romano esteve, este ano, bem represen-tado em Santarém do ponto de vista arqueológico. Estratigraficamente, definiu-se um nível de ocupação

dos finais do século I a.C. do qual se recolheram

cerâ-micas campanienses, terra sigillata itálica, vidros e lu-cernas e ainda um numisma do reinado de Augusto,

datado de 27.-25 a.C. (anverso - IMP. AUG. esfinge

de Augusto, palma e caduceu; reverso - escudo

re-dondo), para além de uma quantidade apreciável de ânforas Dressel 7-11. Recolheram-se ainda, mas de níveis de entulho e em quantidades reduzidas frag-mentos de terra sigillata sud-gálica, hispânica e Clara A, C e D, ânforas, vidros e lucernas com cronologias

entre os finais do século I aos finais do IV.

O período árabe/medieval é sem dúvida o mais representado em Santarém. Proveniente a totalidade do espólio arqueológico deste período de níveis de entulho, é constituído maioritariamente por cerâmicas comuns. Registaram-se, no entanto belíssimos exem-plares de cerâmica muçulmana de importação,

vidra-da e decoravidra-da com improntas. Abrange uma cronolo~

gia lata, do século VIII ao século

xv.

Também aqui, e

apesar da proveniência, se encontraram exemplares inteiros. Os vasos incluem-se numa enorme varieda-de tipológica, abrangendo todas as formas

conheci-das. cerâmicas dos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e até dos

inícios do século xx foram também registadas.

7. Considerações finais

A campanha 2(84) respondeu finalmente a um conjunto de questões colocadas aquando do início dos trabalhos de 1983. Não restam agora quaisquer dúvidas sobre a existência de níveis arqueológicos preservados na Alcáçova de Santarém. Está também esclarecido o espectro cronológico e cultural do sítio. De referir a enorme importância dos dois níveis da Idade do Ferro; as influências orientais a fazerem-se sentir desde muito cedo em Santarém, numa área culturalmente bem desenvolvida, e a sequente evolu-ção sempre marcada por o mundo fenício-púnico. A Alcáçova de Santarém foi, talvez uma feitoria fenícia que se instala bem cedo junto de populações do Bronze final, das quais encontrámos testemunhos

ma-teriais nos níveis referentes à presumível feitoria. Esta

influência oriental, perdurou longamente no tempo e irá ser possível em Santarém, depois de um estudo exaustivo e percentual do espólio destes dois níveis, entender toda uma evolução formal e cronológica pa-ra as influências do mundo fenício-púnico em Portu-gal.

Ficaram também devidamente esclarecidas as reais potências de entulho e ainda até que ponto as ocupa-ções humanas sucessivas e as repetidas alteraocupa-ções urbanísticas marcaram os vestígios mais antigos. Sa-bemos que, se destruições várias originaram reais prejuízos na conservação dos níveis da Idade do

Ferro e período romario, esses prejuí~os não foram

totais, uma vez que se conservam ainda vestígios im-portantes intactos.

Quanto à ocupação romana, a partir do século I não

se detectaram vestígios in situ.

A presença árabe é fortemente marcada pela pre-sença dos silos descritos, e será objecto dos futuros trabalhos tentar estabelecer uma cronologia rigorosa para a sua construção.

(13)
(14)

Est. II - Corte 1 - H. 17. Aspecto geral do quadrado no final da escavação. sendo visíveis os níveis de entulho acumulado na fossa aberta nos

níveis romanos e pré-romanos.

Imagem

Fig.  2 - Perfil  do  silo  1  de  G  17.

Referências

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