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Arqueologia 3.0 – Pensar e comunicar a Arqueologia para um futuro sustentável

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Academic year: 2021

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Coordenação editorial: José Morais Arnaud, César Neves e Andrea Martins Design gráfico: Flatland Design

AAP – ISBN: 978-972-9451-89-8 CITCEM – ISBN: 978-989-8970-25-1

Associação dos Arqueólogos Portugueses e CITCEM Lisboa, 2020

O conteúdo dos artigos é da inteira responsabilidade dos autores. Sendo assim a As sociação dos Arqueólogos Portugueses declina qualquer responsabilidade por eventuais equívocos ou questões de ordem ética e legal.

Desenho de capa:

Planta do castro de Monte Mozinho (Museu Municipal de Penafiel).

(3)

Índice

15 Prefácio

José Morais Arnaud

1. Historiografia e Teoria

17 Território, comunidade, memória e emoção: a contribuição da história da arqueologia (algumas primeiras e breves reflexões)

Ana Cristina Martins

25 Como descolonizar a arqueologia portuguesa? Rui Gomes Coelho

41 Arqueologia e Modernidade: uma revisitação pessoal e breve de alguns aspetos da obra homónima de Julian Thomas de 2004

Vítor Oliveira Jorge

57 Dados para a História das Mulheres na Arqueologia portuguesa, dos finais do século XIX aos inícios do século XX: números, nomes e tabelas

Filipa Dimas / Mariana Diniz

73 Retractos da arqueologia portuguesa na imprensa: (in)visibilidades no feminino Catarina Costeira / Elsa Luís

85 Arqueologia e Arqueólogos no Norte de Portugal Jacinta Bugalhão

101 Vieira Guimarães (1864-1939) e a arqueologia em Tomar: uma abordagem sobre o território e as gentes

João Amendoeira Peixoto / Ana Cristina Martins

115 Os memoráveis? A arqueologia algarvia na imprensa nacional e regional na presente centúria (2001-2019): características, visões do(s) passado(s) e a arqueologia

enquanto marca

Frederico Agosto / João Silva

129 A Evolução da Arqueologia Urbana e a Valorização Patrimonial no Barlavento Algarvio: Os casos de Portimão e Silves

Artur Mateus / Diogo Varandas / Rafael Boavida

2. Gestão, Valorização e Salvaguarda do Património

145 O Caderno Reivindicativo e as condições de trabalho em Arqueologia

Miguel Rocha / Liliana Matias Carvalho / Regis Barbosa / Mauro Correia / Sara Simões / Jacinta Bugalhão / Sara Brito / Liliana Veríssimo Carvalho / Richard Peace / Pedro Peça / Cézer Santos 155 Os Estudos de Impacte Patrimonial como elemento para uma estratégia sustentável

de minimização de impactes no âmbito de reconversões agrícolas Tiago do Pereiro

165 Salvaguarda de Património arqueológico em operações florestais: gestão e sensibilização Filipa Bragança / Gertrudes Zambujo / Sandra Lourenço / Belém Paiva / Carlos Banha / Frederico Tatá

Regala / Helena Moura / Jacinta Bugalhão / João Marques / José Correia / Pedro Faria / Samuel Melro 179 Os valores do Património: uma investigação sobre os Sítios Pré-históricos de Arte

Rupestre do Vale do Rio Côa e de Siega Verde José Paulo Francisco

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189 Conjugando recursos arqueológicos e naturais para potenciar as visitas ao Geoparque Litoral de Viana do Castelo (Noroeste de Portugal)

Hugo A. Sampaio / Ana M.S. Bettencourt / Susana Marinho / Ricardo Carvalhido

203 Áreas de Potencial Arqueológico na Região do Médio Tejo: Modelo Espacial Preditivo Rita Ferreira Anastácio / Ana Filipa Martins / Luiz Oosterbeek

223 Património Arqueológico e Gestão Territorial: O contributo da Arqueologia para a revisão do PDM de Avis

Ana Cristina Ribeiro

237 A coleção arqueológica do extinto Museu Municipal do Porto – Origens, Percursos e Estudos

Sónia Couto

251 Valpaços – uma nova carta arqueológica Pedro Pereira / Maria de Fátima Casares Machado 263 Arqueologia na Cidade de Peniche

Adriano Constantino / Luís Rendeiro

273 Arqueologia Urbana: a cidade de Lagos como caso de Estudo Cátia Neto

285 Estratégias de promoção do património cultural subaquático nos Açores. O caso da ilha do Faial

José Luís Neto / José Bettencourt / Luís Borges / Pedro Parreira

297 Carta Arqueológica da Cidade Velha: Uma primeira abordagem

Jaylson Monteiro / Nireide Tavares / Sara da Veiga / Claudino Ramos / Edson Brito / Carlos Carvalho / Francisco Moreira / Adalberto Tavares

311 Antropologia Virtual: novas metodologias para a análise morfológica e funcional Ricardo Miguel Godinho / Célia Gonçalves

3. Didáctica da Arqueologia

327 Como os projetos de Arqueologia podem contribuir para uma comunidade culturalmente mais consciente

Alexandra Figueiredo / Claúdio Monteiro / Adolfo Silveira / Ricardo Lopes 337 Educação Patrimonial – Um cidadão esclarecido é um cidadão ativo! Ana Paula Almeida

351 A aproximação da Arqueologia à sala de aula: um caso de estudo no 3º ciclo do Ensino Básico

Luís Serrão Gil

363 Arqueologia 3.0 – Pensar e comunicar a Arqueologia para um futuro sustentável

Mónica Rolo

377 “Conversa de Arqueólogos” – Divulgar a Arqueologia em tempos de Pandemia Diogo Teixeira Dias

389 Escola Profissional de Arqueologia: desafios e oportunidades Susana Nunes / Dulcineia Pinto / Júlia Silva / Ana Mascarenhas

399 Os Museus de Arqueologia e os Jovens: a oferta educativa para o público adolescente Beatriz Correia Barata / Leonor Medeiros

411 O museu universitário como mediador entre a ciência e a sociedade: o exemplo da secção de arqueologia no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP)

(5)

421 Museu de Lanifícios: Real Fábrica de Panos. Atividades no âmbito da Arqueologia Beatriz Correia Barata / Rita Salvado

427 Arqueologia Pública e o caso da localidade da Mata (Torres Novas) Cláudia Manso / Ana Rita Ferreira / Cristiana Ferreira / Vanessa Cardoso Antunes 431 Do sítio arqueológico ao museu: um percurso (também) didático Lídia Fernandes

447 Estão todos convidados para a Festa! E para dançar também… O projecto do Serviço Educativo do Museu Arqueológico do Carmo na 5ª Edição da Festa da Arqueologia Rita Pires dos Santos

459 O “Clã de Carenque”, um projeto didático de arqueologia Eduardo Gonzalez Rocha

469 Mediação cultural: peixe que puxa carroça nas Ruínas Romanas de Troia Inês Vaz Pinto / Ana Patrícia Magalhães / Patrícia Brum / Filipa Santos

481 Didática Arqueológica, experiências do Projeto Mértola Vila Museu Maria de Fátima Palma / Clara Rodrigues / Susana Gómez / Lígia Rafael 4. Arte Rupestre

497 Os inventários de arte rupestre em Portugal Mila Simões de Abreu

513 O projeto FIRST-ART – conservação, documentação e gestão das primeiras manifestações de arte rupestre no Sudoeste da Península Ibérica: as grutas do Escoural e Maltravieso Sara Garcês / Hipólito Collado / José Julio García Arranz / Luiz Oosterbeek / António Carlos Silva /

Pierluigi Rosina / Hugo Gomes / Anabela Borralheiro Pereira / George Nash / Esmeralda Gomes / Nelson Almeida / Carlos Carpetudo

523 Trabalhos de documentação de arte paleolítica realizados no âmbito do projeto PalæoCôa

André Tomás Santos / António Fernando Barbosa / Luís Luís / Marcelo Silvestre / Thierry Aubry 537 Imagens fantasmagóricas, silhuetas elusivas: as figuras humanas na arte do Paleolítico

Superior da região do Côa Mário Reis

551 Os motivos zoomórficos representados nas placas de tear de Vila Nova de São Pedro (Azambuja, Portugal)

Andrea Martins / César Neves / José M. Arnaud / Mariana Diniz

571 Arte Rupestre do Monte de Góios (Lanhelas, Caminha). Síntese dos resultados dos trabalhos efectuados em 2007-2009

Mário Varela Gomes

599 Gravuras rupestres de barquiformes no Monte de S. Romão, Guimarães, Noroeste de Portugal

Daniela Cardoso

613 Círculos segmentados gravados na Bacia do Rio Lima (Noroeste de Portugal): contributos para o seu estudo

Diogo Marinho / Ana M.S. Bettencourt / Hugo Aluai Sampaio

631 Equídeos gravados no curso inferior do Rio Mouro, Monção (NW Portugal). Análise preliminar

Coutinho, L.M. / Bettencourt, A.M.S / Sampaio, Hugo A.S

645 Paletas na Arte Rupestre do Noroeste de Portugal. Inventário preliminar Bruna Sousa Afonso / Ana M. S. Bettencourt / Hugo A. Sampaio

(6)

5. Pré-História

661 O projeto Miño/Minho: balanço de quatro anos de trabalhos arqueológicos

Sérgio Monteiro-Rodrigues / João Pedro Cunha-Ribeiro / Eduardo Méndez-Quintas / Carlos Ferreira / Pedro Xavier / José Meireles / Alberto Gomes / Manuel Santonja / Alfredo Pérez-González

677 A ocupação paleolítica da margem esquerda do Baixo Minho: a indústria lítica do sítio de Pedreiras 2 (Monção, Portugal) e a sua integração no contexto regional

Carlos Ferreira / João Pedro Cunha-Ribeiro / Sérgio Monteiro-Rodrigues / Eduardo Méndez-Quintas / Pedro Xavier / José Meireles / Alberto Gomes / Manuel Santonja / Alfredo Pérez-González

693 O sítio acheulense do Plistocénico médio da Gruta da Aroeira Joan Daura / Montserrat Sanz / Filipa Rodrigues / Pedro Souto / João Zilhão

703 As sociedades neandertais no Barlavento algarvio: modelos preditivos com recurso aos SIG

Daniela Maio

715 A utilização de quartzo durante o Paleolítico Superior no território dos vales dos rios Vouga e Côa

Cristina Gameiro / Thierry Aubry / Bárbara Costa / Sérgio Gomes / Luís Luís / Carmen Manzano / André Tomás Santos

733 Uma perspetiva diacrónica da ocupação do concheiro do Cabeço da Amoreira (Muge, Portugal) a partir da tecnologia lítica

Joana Belmiro / João Cascalheira / Célia Gonçalves

745 Novos dados sobre a Pré-história Antiga no concelho de Palmela. A intervenção arqueológica no sítio do Poceirão I

Michelle Teixeira Santos

757 Problemas em torno de Datas Absolutas Pré-Históricas no Norte do Alentejo Jorge de Oliveira

771 Povoamento pré-histórico nas áreas montanhosas do NO de Portugal: o Abrigo 1 de Vale de Cerdeira

Pedro Xavier / José Meireles / Carlos Alves

783 Apreciação do povoamento do Neolítico Inicial na Baixa Bacia do Douro. A Lavra I (Serra da Aboboreira) como caso de estudo

Maria de Jesus Sanches

797 O Processo de Neolitização na Plataforma do Mondego: os dados do Sector C do Outeiro dos Castelos de Beijós (Carregal do Sal)

João Carlos de Senna-Martinez / José Manuel Quintã Ventura / Andreia Carvalho / Cíntia Maurício 823 Novos trabalhos na Lapa da Bugalheira (Almonda, Torres Novas)

Filipa Rodrigues / Pedro Souto / Artur Ferreira / Alexandre Varanda / Luís Gomes / Helena Gomes / João Zilhão

837 A pedra polida e afeiçoada do sítio do Neolítico médio da Moita do Ourives (Benavente, Portugal)

César Neves

857 Casal do Outeiro (Encarnação, Mafra): novos contributos para o conhecimento do povoamento do Neolítico final na Península de Lisboa.

Cátia Delicado / Carlos Maneira e Costa / Marta Miranda / Ana Catarina Sousa

873 Stresse infantil, morbilidade e mortalidade no sítio arqueológico do Neolítico Final/ Calcolítico (4º e 3º milénio a.C.) do Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja) Liliana Matias de Carvalho / Sofia N. Wasterlain

(7)

885 Come together: O Conjunto Megalítico das Motas (Monção, Viana do Castelo) e as expressões Campaniformes do Alto Minho

Ana Catarina Basílio / Rui Ramos

899 Trabalhos arqueológicos no sítio Calcolítico da Pedreira do Poio Carla Magalhães / João Muralha / Mário Reis / António Batarda Fernandes

913 O sítio arqueológico de Castanheiro do Vento. Da arquitectura do sítio à arquitectura de um território

João Muralha Cardoso

925 Estudo zooarqueológico das faunas do Calcolítico final de Vila Nova de São Pedro (Azambuja, Portugal): Campanhas de 2017 e 2018

Cleia Detry / Ana Catarina Francisco / Mariana Diniz / Andrea Martins / César Neves / José Morais Arnaud

943 As faunas depositadas no Museu Arqueológico do Carmo provenientes de Vila Nova de São Pedro (Azambuja): as campanhas de 1937 a 1967

Ana Catarina Francisco / Cleia Detry / César Neves / Andrea Martins / Mariana Diniz / José Morais Arnaud

959 Análise funcional de material lítico em sílex do castro de Vila Nova de S. Pedro (Azambuja, Portugal): uma primeira abordagem

Rafael Lima

971 O recinto da Folha do Ouro 1 (Serpa) no contexto dos recintos de fossos calcolíticos alentejanos

António Carlos Valera / Tiago do Pereiro / Pedro Valério / António M. Monge Soares 6. Proto-História

987 Produção de sal marinho na Idade do Bronze do noroeste Português. Alguns dados para uma reflexão

Ana M. S. Bettencourt / Sara Luz / Nuno Oliveira / Pedro P. Simões / Maria Isabel C. Alves / Emílio Abad-Vidal

1001 A estátua-menir do Pedrão ou de São Bartolomeu do Mar (Esposende, noroeste de Portugal) no contexto arqueológico da fachada costeira de entre os rios Neiva e Cávado

Ana M. S. Bettencourt / Manuel Santos-Estévez / Pedro Pimenta Simões / Luís Gonçalves 1015 O Castro do Muro (Vandoma/Baltar, Paredes) – notas para uma biografia de ocupação

da Idade do Bronze à Idade Média

Maria Antónia D. Silva / Ana M. S. Bettencourt / António Manuel S. P. Silva / Natália Félix 1031 Do Bronze Final à Idade Média – continuidades e hiatos na ocupação de Povoados

em Oliveira de Azeméis

João Tiago Tavares / Adriaan de Man

1041 As faunas do final da Idade do Bronze no Sul de Portugal: leituras desde o Outeiro do Circo (Beja)

Nelson J. Almeida / Íris Dias / Cleia Detry / Eduardo Porfírio / Miguel Serra

1055 A Espada do Monte das Oliveiras (Serpa) – uma arma do Bronze Pleno do Sudoeste Rui M. G. Monge Soares / Pedro Valério / Mariana Nabais / António M. Monge Soares

1065 São Julião da Branca (Albergaria-a-Velha) - Investigação e valorização de um povoado do Bronze Final

António Manuel S. P. Silva / Paulo A. P. Lemos / Sara Almeida e Silva / Edite Martins de Sá

1083 Do castro de S. João ao Mosteiro de Santa Clara: notícia de uma intervenção arqueológica, em Vila do Conde

(8)

1095 O castro de Ovil (Espinho), um quarto de século de investigação – resultados e questões em aberto

Jorge Fernando Salvador / António Manuel S. P. Silva

1111 O Castro de Salreu (Estarreja), um povoado proto-histórico no litoral do Entre Douro e Vouga

Sara Almeida e Silva / António Manuel S. P. Silva / Paulo A. P. Lemos / Edite Martins de Sá

1127 Castro de Nossa Senhora das Necessidades (Sernancelhe): uma primeira análise artefactual Telma Susana O. Ribeiro

1141 A cividade de Bagunte. O estado atual da investigação Pedro Brochado de Almeida

1153 Zoomorfos na cerâmica da Idade do Ferro no NW Peninsular: inventário, cronologias e significado

Nuno Oliveira / Cristina Seoane

1163 Vasos gregos em Portugal: diferentes maneiras de contar a história do intercâmbio cultural na Idade do Ferro

Daniela Ferreira

1175 Os exotica da necrópole da Idade do Ferro do Olival do Senhor dos Mártires (Alcácer

do Sal) no seu contexto regional Francisco B. Gomes

7. Antiguidade Clássica e Tardia

1191 O uso de madeira como combustível no sítio da Quinta de Crestelos (Baixo Sabor): da Idade do Ferro à Romanização

Filipe Vaz / João Tereso / Sérgio Simões Pereira / José Sastre / Javier Larrazabal Galarza / Susana Cosme / José António Pereira / Israel Espi

1207 Cultivos de Época Romana no Baixo Sabor: continuidade em tempos de mudança? João Pedro Tereso / Sérgio Simões Pereira / Filipe Santos / Luís Seabra / Filipe Vaz

1221 A casa romana na Hispânia: aplicação dos modelos itálicos nas províncias ibéricas Fernanda Magalhães / Diego Machado / Manuela Martins

1235 As pinturas murais romanas da Rua General Sousa Machado, n.º 51, Chaves José Carvalho

1243 Trás do Castelo (Vale de Mir, Pegarinhos, Alijó) – Uma exploração agrícola romana do Douro

Tony Silvino / Pedro Pereira

1255 A sequência de ocupação no quadrante sudeste de Bracara Augusta: as transformações de uma unidade doméstica

Lara Fernandes / Manuela Martins

1263 Os Mosaicos com decoração geométrica e geométrico-vegetalista dos sítios arqueológicos da área do Conuentus Bracaraugustanus. Novas abordagens quanto à conservação, restauro, decoração e datação

Maria de Fátima Abraços / Licínia Wrench

1277 “Casa Romana” do Castro de São Domingos (Cristelos, Lousada): Escavação, Estudo e Musealização

Paulo André de P. Lemos

1291 A arqueobotânica no Castro de Guifões (Matosinhos, Noroeste de Portugal): O primeiro estudo carpológico

(9)

1305 Um Horreum Augustano na Foz do Douro (Monte do Castelo de Gaia, Vila Nova de Gaia)

Rui Ramos

1311 Ponderais romanos na Lusitânia: padrões, formas, materiais e contextos de utilização Diego Barrios Rodríguez

1323 Um almofariz centro-itálico na foz do Mondego Marco Penajoia

1335 Estruturas romanas de Carnide – Lisboa Luísa Batalha / Mário Monteiro / Guilherme Cardoso

1347 O contexto funerário do sector da “necrópole NO” da Rua das Portas de S. Antão (Lisboa): o espaço, os artefactos, os indivíduos e a sua interconectividade na interpretação do passado

Sílvia Loja, José Carlos Quaresma, Nelson Cabaço, Marina Lourenço, Sílvia Casimiro, Rodrigo Banha da Silva, Francisca Alves-Cardoso

1361 Povoamento em época Romana na Amadora – resultados de um projeto pluridisciplinar Gisela Encarnação / Vanessa Dias

1371 A Arquitectura Residencial em Mirobriga (Santiago do Cacém): contributo a partir de um estudo de caso

Filipe Sousa / Catarina Felício

1385 O fim do ciclo. Saneamento e gestão de resíduos nos edifícios termais de Mirobriga (Santiago do Cacém)

Catarina Felício / Filipe Sousa

1399 Balsa, Topografia e Urbanismo de uma Cidade Portuária

Vítor Silva Dias / João Pedro Bernardes / Celso Candeias / Cristina Tété Garcia

1413 No Largo das Mouras Velhas em Faro (2017): novas evidências da necrópole norte de Ossonoba e da sua ocupação medieval

Ricardo Costeira da Silva / Paulo Botelho / Fernando Santos / Liliana Nunes

1429 Instrumentos de pesca recuperados numa fábrica de salga em Ossonoba (Faro) Inês Rasteiro / Ricardo Costeira da Silva / Paulo Botelho

1439 A Necrópole Romana do Eirô, Duas Igrejas (Penafiel): intervenção arqueológica de 2016 Laura Sousa / Teresa Soeiro

1457 Ritual, descarte ou afetividade? A presença de Canis lupus familiaris na Necrópole Noroeste de Olisipo (Lisboa)

Beatriz Calapez Santos / Sofia Simões Pereira / Rodrigo Banha da Silva / Sílvia Casimiro / Cleia Detry / Francisca Alves Cardoso

1467 Dinâmicas económicas em Bracara na Antiguidade Tardia Diego Machado / Manuela Martins / Fernanda Magalhães / Natália Botica

1479 Cerâmicas e Vidros da Antiguidade Tardia do Edifício sob a Igreja do Bom Jesus (Vila Nova de Gaia)

Joaquim Filipe Ramos

1493 Novos contributos para a topografia histórica de Mértola no período romano e na Antiguidade Tardia

Virgílio Lopes

8. Época Medieval

1511 Cerâmicas islâmicas no Garb setentrional “português”: algumas evidências e incógnitas Constança dos Santos / Helena Catarino / Susana Gómez / Maria José Gonçalves / Isabel Inácio / Gonçalo Lopes / Jacinta Bugalhão / Sandra Cavaco / Jaquelina Covaneiro / Isabel Cristina Fernandes / Ana Sofia Gomes

(10)

1525 Contributo para o conhecimento da cosmética islâmica, em Silves, durante a Idade Média Rosa Varela Gomes

1537 Yábura e o seu território – uma análise histórico-arqueológica de Évora entre os séculos VIII-XII José Rui Santos

1547 A encosta sul do Castelo de Palmela – resultados preliminares da escavação arqueológica Luís Filipe Pereira / Michelle Teixeira Santos

1559 A igreja de São Lourenço (Mouraria, Lisboa): um conjunto de silos e de cerâmica medieval islâmica

Andreia Filipa Moreira Rodrigues

1571 O registo material de movimentações populacionais no Médio Tejo, durante os séculos XII-XIII. Dois casos de “sunken featured buildings”, nos concelhos de Cartaxo e Torres Novas

Marco Liberato / Helena Santos / Nuno Santos

1585 O nordeste transmontano nos alvores da Idade média. Notas para reflexão Ana Maria da Costa Oliveira

1601 Sepulturas escavadas na rocha do Norte de Portugal e do Vale do Douro: primeiros resultados do Projecto SER-NPVD

Mário Jorge Barroca / César Guedes / Andreia Arezes / Ana Maria Oliveira

1619 “Portucalem Castrum Novum” entre o Mediterrâneo e o Atlântico: o estudo dos materiais cerâmicos alto-medievais do arqueossítio da rua de D. Hugo, nº. 5 (Porto)

João Luís Veloso

1627 A Alta Idade Média na fronteira de Lafões: notas preliminares sobre a Arqueologia no Concelho de Vouzela

Manuel Luís Real / Catarina Tente

1641 Um conjunto cerâmico medieval fora de portas: um breve testemunho aveirense Susana Temudo

1651 Os Lóios do Porto: uma perspetiva integrada no panorama funerário da Baixa Idade Média à Época Moderna em meios urbanos em Portugal

Ana Lema Seabra

1659 O Caminho Português Interior de Santiago como eixo viário na Idade Média Pedro Azevedo

1665 Morfologia Urbana: Um exercício em torno do Castelo de Ourém André Donas-Botto / Jaqueline Pereira

1677 Intervenção arqueológica na Rua Marquês de Pombal/Largo do Espírito Santo (Bucelas, Loures)

Florbela Estêvão / Nathalie Antunes-Ferreira / Dário Ramos Neves / Inês Lisboa

1691 O Cemitério Medieval do Poço do Borratém e a espacialidade funerária na cidade de Lisboa Inês Belém / Vanessa Filipe / Vasco Noronha Vieira / Sónia Ferro / Rodrigo Banha da Silva

1705 Um Espaço Funerário Conventual do séc. XV em Lisboa: o caso do Convento de São Domingos da Cidade

Sérgio Pedroso / Sílvia Casimiro / Rodrigo Banha da Silva / Francisca Alves Cardoso

9. Época Moderna e Contemporânea

1721 Arqueologia Moderna em Portugal: algumas reflexões críticas em torno da quantificação de conjuntos cerâmicos e suas inferências históricas e antropológicas

Rodrigo Banha da Silva / André Bargão / Sara da Cruz Ferreira

1733 Faianças de dois contextos entre os finais do século XVI e XVIII do Palácio dos Condes de Penafiel, Lisboa

(11)

1747 Um perfil de consumo do século XVIII na foz do Tejo: O caso do Mercado da Ribeira, Lisboa Sara da Cruz Ferreira / Rodrigo Banha da Silva / André Bargão

1761 Os Cachimbos dos Séculos XVII e XVIII do Palácio Mesquitela e Convento dos Inglesinhos (Lisboa)

Inês Simão / Marina Pinto / João Pimenta / Sara da Cruz Ferreira / André Bargão / Rodrigo Banha da Silva 1775 «Tomar os fumos da erua que chamão em Portugal erua sancta». Estudo de Cachimbos

provenientes da Rua do Terreiro do Trigo, Lisboa

Miguel Martins de Sousa / José Pedro Henriques / Vanessa Galiza Filipe

1787 Cachimbos de Barro Caulínitico da Sé da Cidade Velha (República de Cabo Verde) Rodrigo Banha da Silva / João Pimenta / Clementino Amaro

1801 Algumas considerações sobre espólio não cerâmico recuperado no Largo de Jesus (Lisboa) Carlos Boavida

1815 Adereços de vidro, dos séculos XVI-XVIII, procedentes do antigo Convento de Santana de Lisboa (anéis, braceletes e contas)

Joana Gonçalves / Rosa Varela Gomes / Mário Varela Gomes

1837 Da ostentação, luxo e poder à simplicidade do uso quotidiano: arqueologia e simbologia de joias e adornos da Idade Moderna Portuguesa

Jéssica Iglésias

1849 Os amuletos em Portugal – dos objetos às superstições: o coral vermelho Alexandra Vieira

1865 Cerâmicas de Vila Franca de Xira nos séculos XV e XVI Eva Pires

1879 «Não passa por teu o que me pertence». Marcas de individualização associadas a faianças do Convento de Nossa Senhora de Aracoeli, Alcácer do Sal

Catarina Parreira / Íris Fragoso / Miguel Martins de Sousa 1891 Cerâmica de Leiria: alguns focos de produção

Jaqueline Pereira / André Donas-Botto

1901 Os Fornos na Rua da Biquinha, em Óbidos Hugo Silva / Filipe Oliveira

1909 A casa de Pêro Fernandes, contador dos contos de D. Manuel I: o sítio arqueológico da Silha do Alferes, Seixal (século XVI)

Mariana Nunes Ferreira

1921 O Alto da Vigia (Sintra) e a vigilância e defesa da costa Alexandre Gonçalves / Sandra Santos

1937 O contexto da torre sineira da Igreja de Santa Maria de Loures Paulo Calaveira / Martim Lopes

1949 A Necrópole do Hospital Militar do Castelo de São Jorge e as práticas funerárias na Lisboa de Época Moderna

Susana Henriques / Liliana Matias de Carvalho / Ana Amarante / Sofia N. Wasterlain

1963 SAND – Sarilhos Grandes Entre dois Mundos: o adro da Igreja e a Paleobiologia dos ossos humanos recuperados

Paula Alves Pereira / Roger Lee Jesus / Bruno M. Magalhães

1975 Expansão urbana da vila de Cascais no século XVII e XVIII: a intervenção arqueológica na Rua da Vitória nº 15 a 17

Tiago Pereira / Vanessa Filipe

1987 Novos dados para o conhecimento do Urbanismo de Faro em época Moderna Ana Rosa

(12)

1995 Um exemplo de Arqueologia Urbana em Alcoutim: o Antigo Edifício dos CTT Marco Fernandes / Marta Dias / Alexandra Gradim / Virgílio Lopes / Susana Gómez Martínez 2007 Palácio dos Ferrazes (Rua das Flores/Rua da Vitória, Porto): a cocheira de Domingos

Oliveira Maia Francisco Raimundo

2021 As muitas vidas de um edifício urbano: História, Arqueologia e Antropologia no antigo Recreatório Paroquial de Penafiel

Helena Bernardo / Jorge Sampaio / Marta Borges

2035 O convento de Nossa Senhora da Esperança de Ponta Delgada: o contributo da arqueologia para o conhecimento de um monumento identitário

João Gonçalves Araújo / N’Zinga Oliveira

2047 Arqueologia na ilha do Corvo… em busca da capela de Nossa Senhora do Rosário Tânia Manuel Casimiro / José Luís Neto / Luís Borges / Pedro Parreira

2059 Perdidos à vista da Costa. Trabalhos arqueológicos subaquáticos na Barra do Tejo Jorge Freire / José Bettencourt / Augusto Salgado

2071 Arqueologia marítima em Cabo Verde: enquadramento e primeiros resultados do projecto CONCHA

José Bettencourt / Adilson Dias / Carlos Lima / Christelle Chouzenoux / Cristóvão Fonseca / Dúnia Pereira / Gonçalo Lopes / Inês Coelho / Jaylson Monteiro / José Lima / Maria Eugénia Alves / Patrícia Carvalho / Tiago Silva

2085 Trabalhos arqueológicos na Cidade Velha (Ribeira Grande de Santiago, Cabo Verde): reflexões sobre um projecto de investigação e divulgação patrimonial

André Teixeira / Jaylson Monteiro / Mariana Mateus / Nireide Tavares / Cristovão Fonseca /

Gonçalo C. Lopes / Joana Bento Torres / Dúnia Pereira / André Bargão / Aurélie Mayer / Bruno Zélie / Carlos Lima / Christelle Chouzenoux / Inês Henriques / Inês Pinto Coelho / José Lima /

Patrícia Carvalho / Tiago Silva

2103 A antiga fortificação de Quelba / Khor Kalba (E.A.U.). Resultados de quatro campanhas de escavações, problemáticas e perspectivas futuras

Rui Carita / Rosa Varela Gomes / Mário Varela Gomes / Kamyar Kamyad

2123 Colónias para homens novos: arqueologia da colonização agrária fascista no noroeste ibérico Xurxo Ayán Vila / José Mª. Señorán Martín

(13)

363 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão

arqueologia 3.0

– pensar

e comunicar a arqueologia para

um futuro sustentável

Mónica Rolo1

RESUMO

No presente artigo dá-se a conhecer o projeto Arqueologia 3.0, uma iniciativa que resultou da parceria do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança – Fundação da Casa de Bragança com a Universidade de Évora, e que se materializou num conjunto de três edições de workshops internacionais, de periodicidade anual, realizados entre os anos de 2017 e 2019. As diferentes edições seguiram uma linha condutora comum – abordar a questão do estudo, divulgação e valorização do património arqueológico à luz de novas formas de encarar e comunicar a Arqueologia. É nossa intenção apresentar um balanço do projeto Arqueologia 3.0 e lançar as bases para uma eventual nova fase do mesmo.

Palavras-chave: Arqueologia, Divulgação, Gestão do Património, Socialização.

ABSTRACT

The project of scientific dissemination Arqueologia 3.0 is the outcome of a partnership established between Museu-Biblioteca da Casa de Bragança – Fundação da Casa de Bragança and Évora’s University (Portugal). From 2017 until 2019, three annual editions of the International Workshop Arqueologia 3.0 have taken place, with one common objective – to debate the issue of study, communication and enhancement of archaeological heritage, in articulation with the new perspectives over archaeological praxis and its social impact. In the pres-ent paper, one intends to look back over the main goals and results of this project and to lay the foundations for the future of Arqueologia 3.0.

Keywords: Archaeology, Dissemination, Heritage Management, Socialization.

2

1. UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (Portugal); monicasrolo@gmail.com

2. Ao longo das várias edições do Workshop Arqueologia 3.0, foi possível contar com o apoio institucional do Centro de Arqueo-logia da Universidade de Lisboa (UNIARQ), do Museu Nacional de ArqueoArqueo-logia (MNA), ou da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA).

1. INTRODUÇÃO

O projeto de divulgação científica e patrimonial denominado Arqueologia 3.0 nasceu em 2017 e re-sultou de uma parceria entre o Museu-Biblioteca da Casa de Bragança (Vila Viçosa) e a Universidade de Évora, através do CHAIA – Centro de História de Arte e Investigação Artística. Esta parceria tradu-ziu-se na soma das principais valências destas duas instituições na área da Arqueologia – por um lado, o amplo trabalho de formação e investigação desen-volvido neste âmbito pela Universidade de Évora, em particular em território alentejano, e, por outro, a larga tradição no apoio e proteção ao património

arqueológico associada à Casa de Bragança e, desde 1933, à Fundação da Casa de Bragança. Em comum, ambas as instituições partilham a ligação à comuni-dade territorial e os ideais de preservação e conhe-cimento dos recursos patrimoniais na região, pelo que a organização conjunta resultou numa harmo-niosa articulação institucional. Nas palavras de A. Carneiro, “são as instituições com mais História e Saber adquirido na salvaguarda e divulgação do Pa-trimónio as que mais habilitadas estão para anteci-par o futuro” (2018, p. 13).

Assumindo o formato de Workshop Internacional, este projeto converteu-se num evento promovido anualmente pelas duas instituições parceiras2, so-DOI: https://doi.org/10.21747/978-989-8970-25-1/arqa27

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mando já três edições realizadas – 2017 (Vila Viçosa e Évora), 2018 (Vila Viçosa e Estremoz) e 2019 (Vila Viçosa), e a publicação de três volumes intitulados

Arqueologia 3.0, alusivos a cada um dos eventos

(http://www.fcbraganca.pt/biblioteca_dig/biblio-teca-digital.html). Nas três edições, o mesmo princí-pio norteador – abordar as questões do estudo, valo-rização e divulgação do património arqueológico sob novas formas de pensar e comunicar a Arqueologia, e de olhos postos num desenvolvimentos sustentá-vel e integrado da profissão.

2. ARQUEOLOGIA 3.0 – UMA INICIATIVA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DE OLHOS POSTOS NUM FUTURO SUSTENTÁVEL 2.1. Os objetivos

O Arqueologia 3.0 nasceu da percepção da urgência de encontrar novas formas de fazer, pensar e comu-nicar a Arqueologia, consentâneas com as exigên-cias impostas pelo século XXI. Neste sentido, resul-tou também da necessidade de trazer para reflexão e debate algumas temáticas que, apesar de serem con-sideradas indissociáveis das boas práticas deontoló-gicas atuais, nem sempre têm espaço nos currículos académicos e no percurso formativo de estudantes e profissionais. Isto porque os desafios da sociedade contemporânea ocorrem sempre a uma velocidade mais ampla do que os esforços adaptativos das com-petências pedagógicas, mais difíceis de atualizar. Esta percepção ganhou especial importância em virtude do contexto geográfico de atuação e recru-tamento das instituições envolvidas na iniciativa. Importa realçar que estamos perante uma região pe-riférica em relação aos grandes centros urbanos, em acelerado processo de regressão demográfica, e que tem na cidade de Évora o principal polo de atração para um universo estudantil composto, na sua lar-ga maioria, por autóctones e jovens oriundos dos concelhos-satélite daquela capital de distrito. Nes-te enquadramento, e não obstanNes-te a facilidade de acesso a diferentes recursos pedagógicos e fontes de informação potenciada pelas designadas novas tec-nologias, considerou-se que uma iniciativa como o

Arqueologia 3.0 poderia representar uma mais-valia,

quer enquanto espaço de divulgação da atividade e património arqueológicos, quer como oportunidade de debate e partilha de conhecimentos e experiên-cias. A par disso, o importante papel desempenha-do pelo Museu-Biblioteca da Casa de Bragança (Vila

Viçosa) na ligação à história local e na salvaguarda do património arqueológico da região3, justificava

plenamente a dinamização e acolhimento de uma iniciativa com as características do Arqueologia 3.0. Foi assim que, desde a primeira edição do Workshop Internacional Arqueologia 3.0, se procurou dar for-ma a um desses “espacios de encuentro de conoci-mientos, experiencias, fórmulas organizativas y opi-niones como territorios de afirmación individual y colectiva de la arqueología” (Ruiz Zapatero, 2016, p. 62), fundamentais no quadro de construção de uma “agenda arqueológica” para o séc. XXI. Ao longo das três edições do evento, assumimos como fio condu-tor a valorização e divulgação do património arqueo-lógico sob diferentes perspectivas. Para tal, contá-mos com a imprescindível presença de um conjunto de oradores, portugueses e estrangeiros, com larga e reconhecida experiência no estudo, gestão, salva-guarda e comunicação do património arqueológico, adaptada aos desafios da contemporaneidade. Na esteira da crescente implementação no panora-ma nacional dos conceitos de Educação Patrimonial, Arqueologia Pública4 e socialização do património,

apostou -se na valorização de uma visão integrada da ciência arqueológica, entendida como condição sine

qua non para um futuro sustentável da profissão. De

igual forma, teve -se em atenção o exponencial cres-cimento do turismo cultural registado nos últimos anos, atividade económica que, até ao início da atual crise pandémica, correspondia àquela que mais cres-cia em todos os sectores geradores de riqueza, com nulo impacto ecológico. Assim, em paralelo com o reconhecimento da importância da Arqueologia en-quanto indiscutível instrumento de avanço cientí-fico, defendeu -se o seu potencial enquanto recurso pedagógico, socioeconómico e de desenvolvimento

3. Recorde-se a coleção de Arqueologia da Fundação da Casa de Bragança, exposta no Castelo de Vila Viçosa. Trata--se de uma coleção de referência a nível nacional, quer pela representatividade numérica do espólio reunido, quer pelo facto de se tratar de um conjunto maioritariamente prove-niente de escavações arqueológicas realizadas no território alto alentejano, e que, portanto, fornece um retrato abran-gente da Arqueologia regional.

4. Ao longo do presente trabalho, deve entender -se o con-ceito de ‘Arqueologia Pública’ conforme definido por Rich-ardson & Almansa – “as both a disciplinar practice and a theoretical position, which can be exercised through the democratization of archaeological communication (…)” (2015, p. 1).

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365 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão

territorial. Neste sentido, a concepção do projeto

Arqueologia 3.0 em geral, e a estruturação de cada

edição do evento em particular, assentaram em duas pedras basilares: ‘levar as pessoas à Arqueologia’ e ‘levar a Arqueologia às pessoas’. A primeira ideia--chave passou por dar a conhecer diferentes proje-tos e case ‑studies nas áreas do estudo, valorização, divulgação e socialização da Arqueologia. Neste âmbito, a escolha dos oradores convidados contem-plou projetos de Arqueologia Pública de sucesso, implementados em regiões económica e demo-graficamente deprimidas [vejam-se, por exemplo, o projeto Terra Levis, na Serra de Ávila (Castilla y León, Espanha), ou o modelo de gestão de Los Baña-les (Uncastillo, Zaragoza, Espanha)]. Fomentando a partilha de conhecimento e experiências entre oradores e assistência, procurou -se chamar a aten-ção, sobretudo do público estudantil, para o vasto potencial do património arqueológico e das suas inúmeras abordagens. A segunda premissa está di-retamente relacionada com a intenção de promover o binómio Arqueologia/ Património Arqueológico – Sociedade/ Comunidade e a ideia de transferência de conhecimento. Procurou -se realçar a importância da socialização do património arqueológico, não só como meio para a divulgação do conhecimento cien-tífico e preservação da memória comum, mas como um dever que se impõe de compartilhar e ‘devolver’ à comunidade o conhecimento, o protagonismo e a responsabilidade sobre uma herança que é de todos e, por isso mesmo, a todos diz respeito.

2.2. O contributo, em jeito de balanço

Em 2017 o Arqueologia 3.0 deu os primeiros passos, iniciando-se “um ciclo de debates relacionados com a contemporaneidade da Arqueologia” (Carneiro, 2018, p. 14). Realizaram-se, até à data, três workshops internacionais que, conforme sublinhado anterior-mente, tiveram como matriz comum o reconheci-mento da importância da prática e património ar-queológicos, enquanto recursos científicos e fatores de dinamização e desenvolvimento socioeconómico sustentável dos territórios e respetivas comunidades. A primeira edição, designada Da escavação ao 3D.

Gestão, Inovação e Divulgação em Arqueologia,

de-correu nos dias 6 e 7 de Abril de 2017. Teve lugar no castelo de Vila Viçosa (espaço que alberga a exposi-ção da Coleexposi-ção de Arqueologia da Fundaexposi-ção da Casa de Bragança) e em Évora, nas instalações do Labo-ratório HERCULES, parceiro institucional desta

primeira edição do Arqueologia 3.0. Centrámo-nos nas questões relacionadas com a gestão, tratamen-to e estudo de espólio arqueológico em contextratamen-to de pós-escavação e na divulgação deste tipo de pa-trimónio (móvel e imóvel). Tomando em linha de conta exemplos tão diversos como a gestão das re-servas de materiais arqueológicos tutelados pela Di-reção Regional de Cultura do Alentejo, as coleções do Museo Arqueológico Provincial de Badajoz, ou o espólio à guarda da Associação de Arqueologia da Amadora5, pretendeu-se ilustrar e promover o

de-bate sobre normas e boas práticas no tratamento de coleções de Arqueologia. Paralelamente, chamou-se a atenção para a multiplicidade de novos recursos e potencialidades que a aplicação das novas tecnolo-gias veio colocar à disposição do estudo, valorização e divulgação do património arqueológico. Exemplo paradigmático disso mesmo foram as sessões prá-ticas realizadas no Laboratório HERCULES (foto-grametria e 3D, fluorescência e difração de raios-X, microscopia óptica e microscopia electrónica), bem como as comunicações apresentadas sobre conser-vação e restauro de espólio arqueológico6, ou sobre

a questão da preservação e difusão da informação digital produzida sobre o património (arqueológico e arquitectónico)7. No âmbito da aplicação das

ferra-mentas de realidade virtual e comunicação digital ao serviço da divulgação do património arqueológico, destacaríamos ainda a apresentação do projeto Mor‑

base (Câmara Municipal de Montemor-o-Novo)8

(Figuras 1 e 2).

A segunda edição do workshop Arqueologia 3.0 de-correu nos dias 15 e 16 de Março de 2018, em Vila Viçosa e em Estremoz, contando com o Centro de Ciência Viva de Estremoz como instituição parceira e anfitriã do evento. Nesta segunda edição,

subordi-5. Referimo-nos, respetivamente, às comunicações apre-sentadas por Rafael Alfenim (DGPC/ DRCA), Guillermo Kurtz (Museo Arqueológico Provincial de Badajoz), e Va-nessa Dias (Câmara Municipal da Amadora).

6. Aludimos, em concreto, às comunicações a cargo de Margarida Santos (MNA) e Lília Esteves (DGPC/ Labora-tório José de Figueiredo); de Elsa Murta e Paula Monteiro (DGPC/ Laboratório José de Figueiredo); e de Carina Mau-rício (Fundação Cidade da Ammaia).

7. Comunicação apresentada por José Manuel Valle (Uni-versidad del País Vasco – UPV/EHU).

8. Comunicação apresentada por Carlos Carpetudo e Sira Camacho (Cromeleque) – https://montemorbase.com/.

(16)

366

nada ao tema Comunicação, Divulgação e Sociali‑

zação da Arqueologia, deu-se especial relevo à

per-cepção da Arqueologia e do património que lhe está associado como reserva de valor histórico, científico, mas também sociocultural e económico. Tomámos como ponto de partida a noção abrangente de ‘ges-tão’ do património arqueológico (Almansa, 2014, p. 22), bem ilustrada pelos exemplos dos modelos de gestão e comunicação desenvolvidos no arqueossítio de Tróia (Grândola), na Herdade da Maroteira (Re-dondo), ou em Los Bañales (Uncastillo, Zaragoza)9.

Em comum, estes projetos mostram como a base pa-trimonial pode servir para a transmissão de conteú-dos adaptaconteú-dos ao público escolar, turistas e comuni-dades locais.

Procurou-se também analisar, através de diversos casos de estudo de referência nacional e internacio-nal, quais as abordagens e as ferramentas necessárias para trabalhar com as comunidades e implementar o conceito de ‘Arqueologia pública’. Tal como defende Jaime Almansa Sánchez, coordenador do projecto

#PubarchMED, “la arqueología busca crear nuevo

conocimiento, y la arqueología pública que ese co-nocimiento sea útil en el contexto social” (idem, p. 24). Nesta linha de pensamento, destacamos as iniciativas de UNDERGROUND Arqueología (Cáce-res, Espanha) e do coletivo internacional Romanar‑

my.eu, bem como a atividade na área da educação

patrimonial desenvolvida pela Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, ou o já mencionado projeto

Terra Levis, de Arqueologia em comunidade na

Ser-ra de Ávila (Espanha)10. A propósito desta temática,

recorde-se que, já na edição de 2017, tínhamos tido a oportunidade de contactar com o projeto Arqueolo‑

gia somos todos (http://www.arqueocordoba.com/ 9. Respetivamente, a comunicação da autoria da equipa de Arqueologia do Troia Resort, apresentada por Ana Patrícia Magalhães; a comunicação a cargo de José Inverno (Herda-de da Maroteira & Corktrekking); e a comunicação (Herda-de Javier Andreu Pintado (Universidad de Navarra/ Fundación Un-castillo – Los Bañales).

10. Comunicações apresentadas por Sabah Walid e Juanjo Pulido (UNDERGROUND Arqueología Património & Gen‑

te – https://www.underground-arqueologia.com/); Jesús

García Sánchez (Instituto de Arqueologia de Mérida, CSIC) e Manuel Gago Mariño (Universidad de Santiago de Com-postela) – http://romanarmy.eu/pt/; Hermínia Santos e Maria Galego (Câmara Municipal de Montemor-o-Novo); e Juan Pablo López García (director do projeto Terra Levis – https://www.terralevisarqueologia.com/).

arqueologiasomostodos/), dinamizado na cidade de Córdova11. No âmbito da divulgação e comunicação

do património arqueológico, ficámos a conhecer a atividade do grupo emeritense de recriação histórica

Ara Concordiae, e fomos confrontados com os

desa-fiantes projetos museológicos da premiada empresa nacional Glorybox, como, por exemplo, o museu PO.RO.S (Condeixa-a-Nova)12 (Figuras 3 e 4).

A terceira e mais recente edição deste workshop in-titulou-se ‘Resgatar Memórias’ – Sítios, Territórios e

Comunidades, e decorreu nos dias 14 e 15 de Março

de 2019, em Vila Viçosa. À semelhança das edições anteriores, tratou-se de uma iniciativa conjunta do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança (Fundação da Casa de Bragança) e da Universidade de Évora – Centro de História de Arte e Investigação Artís ti ca (CHAIA).

Para este evento assumiu-se como mote de reflexão a necessidade do estudo, reabilitação e dinamização de sítios (ou coleções) há muito escavados e/ou vo-tados ao esquecimento. Contrariando a tendência para continuar a escavar incessantemente e, não raras vezes, de forma pouco criteriosa, pretendeu--se chamar a atenção para os arqueossítios já inter-vencionados e subaproveitados, quer enquanto re-curso científico, quer enquanto potencial rere-curso socioeconómico e de desenvolvimento territorial. Ao mesmo tempo, procurou-se trazer a debate a ideia de ‘resgatar memórias’ como parte integrante de uma visão integrada (e sustentável) do exercício da profissão de arqueólogo, que implique ‘devolver’ tais memórias às comunidades. Esta ideia de retorno à sociedade deve ser encarada como um compromis-so ativo e participativo (Almansa, 2014, pp. 20-21), em prol do património arqueológico, da sua valo-rização e de uma gestão responsável a longo prazo, mas também das próprias comunidades e da dina-mização ou revitalização dos contextos (paisagens patrimoniais, naturais e humanas) em que atuamos. Neste sentido, considerou-se pertinente analisar de que modo a aplicação do conceito de ‘Arqueologia Pública’, ainda tão pouco trabalhado em Portugal, pode, de facto, estabelecer a ponte entre herança

11. Comunicação apresentada por Desiderio Vaquerizo Gil, na primeira edição do workshop Arqueologia 3.0.

12. Comunicações a cargo de Abel Morcillo Léon (Presiden-te da Associação Ara Concordiae) e Pilar Caldera de Castro (Museo Nacional de Arte Romano de Mérida); e de Paulo Monteiro (Glorybox).

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367 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão

cultural, comunidades e territórios, e converter-se em motor de arranque para uma sociedade cons-ciente do valor sociocultural e económico do patri-mónio arqueológico e comprometida com a defesa e salvaguarda do mesmo. Assim, na terceira edição do

Arqueologia 3.0 ficámos a conhecer o inovador

pro-jeto #PubarchMED (http://pubarchmed.tdjp.es/), e os exemplos de socialização da Arqueologia postos em prática em Cuenca (Espanha) e em San Nicolás (Burgos, Espanha)13. Abordámos, a propósito da

ci-dade de Córdova, o conceito de ‘falso histórico’ e os efeitos perniciosos das campanhas de restauros his-toricistas (e das ‘agendas políticas’ subjacentes)14.

Para além de um olhar pelo legado das coleções ar-queológicas do 17º Marquês de Cerralbo, Enrique de Aguilera e Gamboa (1845-1922, Madrid); fomos ainda desafiados a pensar em “Como tornar a Ar-queologia sexy”15. Tivemos também a oportunidade

de aprender com os exemplos do Museu do Teatro Romano de Lisboa e Museo Nacional de Arte Ro-mano de Mérida (Badajoz), centros de investigação e espaços de educação e sensibilização patrimonial por excelência16 (Figuras 5 e 6).

Importa assinalar que se procurou que cada even-to contasse com espaços reservados ao debate e a atividades práticas. A apreciação feita pelo público (mediante o preenchimento de fichas de avaliação) da segunda edição do Arqueologia 3.0 revelou a im-portância dada à componente prática, levando-nos a reforçá-la no programa da terceira edição. Outra das observações do público de que tomámos nota, ao longo destas três edições, prende-se com a

represen-13. Comunicações apresentadas por Jaime Almansa (Insti-tuto de Ciencias del Patrimonio, CSIC); Miguel Ángel Va-lero (Universidad de Castilla-La Mancha); e Alberto Polo Romero e Diana Morales Manzanares (Universidad Rey Juan Carlos, Madrid).

14. Comunicação a cargo de Desiderio Vaquerizo Gil (Uni-versidad de Córdoba).

15. Comunicações apresentadas por Carmen Jiménez Sanz (Subdiretora General de Museos Estatales, Ministerio de Cultura e Deporte de España); e Pedro Sobral (EON, In-dústrias Criativas).

16. Comunicações da autoria de Lídia Fernandes e Carolina Grilo (Museu de Lisboa – Teatro romano/ EGEAC, Câmara Municipal de Lisboa); e Trinidad Nogales Basarrate (Mu-seo Nacional de Arte Romano/ MNAR, Mérida). De refe-rir que, sobre a atividade do museu emeritense, contou-se também com a comunicação apresentada por Nova Barrero (MNAR), aquando da primeira edição do workshop (2017).

tatividade de oradores estrangeiros17. Do conjunto

de 52 oradores convidados que passaram pelo Ar‑

queologia 3.0, 21 deles (ou seja, 40%) eram oradores

estrangeiros (neste caso, espanhóis). Convém, pois, esclarecer que verificámos, desde a primeira edição e ao contrário do expectável, que tínhamos muito mais dificuldades em obter resposta aos convites en-dereçados a profissionais portugueses, do que a es-trangeiros. Deparámo-nos, recorrentemente, com a total ausência de resposta (positiva ou negativa). Em alguns casos, e apesar de uma resposta inicial positi-va, fomos confrontados com a ausência de resposta a posteriores tentativas de contacto (para resolução de questões logísticas do evento) e, a escassos dias do workshop, com o cancelamento da participação. Pelo contrário, a adesão dos convidados estrangeiros ao projeto Arqueologia 3.0 foi, de um modo geral, quase imediata. Naturalmente que, mais do que ninguém, os membros da Comissão Científica e Organizado-ra do evento lamentam as dificuldades em poder contar com uma presença massiva e entusiasta dos investigadores e profissionais portugueses. Todavia, não podemos deixar de nos congratular pelo interes-se e participação dos nossos colegas estrangeiros. Se, por um lado, ao longo das diferentes edições, ficou perceptível a importância que os exemplos da expe-riência e know‑how nacionais (pela sua proximida-de, pelo contexto e referentes comuns) assumiram para o público presente; por outro, a participação de oradores estrangeiros e a divulgação de projetos e case‑studies internacionais foi uma inquestioná-vel mais-valia, que muito enriqueceu o Arqueologia

3.0. Acima de tudo, houve a preocupação de elaborar

programas o mais equilibrados possível, em termos de conteúdos e atividades, de forma a valorizar ao máximo, em cada evento, os contributos dos distin-tos oradores e aquela que era, para todos os

presen-17. Na maioria dos casos, e sobretudo entre o público estu-dantil, constatou-se que esta observação estava relacionada com as dificuldades de compreensão do idioma. Note-se, porém, que os únicos idiomas falados nas três edições fo-ram o português e o castelhano.

Registe-se que foram convidados oradores de outras nacio-nalidades, disponíveis para fazerem as suas comunicações em inglês. Apesar do feedback positivo, tomámos cons-ciência da inviabilidade desta ideia, uma vez que o facto de não podermos assumir o inglês como língua oficial do evento rapidamente se revelou uma barreira intransponí-vel para os oradores falantes de outros idiomas, que não o português ou castelhano.

(18)

368

tes, uma irrepetível oportunidade de aprendizagem e partilha (Figuras 7 e 8).

No que diz respeito ao público-alvo desta iniciati-va, cremos ser pertinente recordar o texto de apre-sentação do volume relativo à primeira edição do Workshop (Rolo, 2018), no qual se manifestava uma intenção – “chamar os profissionais da área, em especial os técnicos de autarquias, que estão mais próximos das populações, e sensibilizar os alunos e as novas gerações para diferentes modos de tra-balhar o património arqueológico, de modo a que as populações não fiquem excluídas do processo” (Carneiro, 2018, p. 14). De facto, os conteúdos das diferentes edições do Arqueologia 3.0 tiveram como principais destinatários alunos dos 1º e 2º Ciclos de Arqueologia, e profissionais de Arqueologia (em es-pecial, técnicos de autarquias), de Museologia e de Educação Patrimonial. Em relação aos primeiros, a nossa intenção terá sido amplamente cumprida, vis-to que cerca de 70% do público do conjunvis-to das três edições foi composto por estudantes (num universo total de 63 participantes, 44 eram estudantes). Esta adesão do público estudantil é reveladora do inte-resse que o evento despertou e, sobretudo, da forma como os conteúdos selecionados terão ido ao en-contro das expectativas dos estudantes, incluindo alunos de formação avançada e, portanto, mais pró-ximos do mercado de trabalho. É de realçar que, para além da oportunidade de tomada de conhecimento de diferentes experiências no domínio do estudo e valorização do património arqueológico, o contacto direto com os oradores, especialistas e profissionais com backgrounds distintos mas partilhando larga experiência nesta área, revelou-se um aspeto parti-cularmente valorizado pelo público destas edições. Exemplo ilustrativo do sucesso desta experiência foi a presença fiel de vários destes estudantes nas três edições do evento, e a possibilidade que alunos do 1º Ciclo de Estudos tiveram de participar em es-cavações arqueológicas em Espanha, sob a direção de alguns dos oradores convidados. Na impossibi-lidade de avaliar o impacto do Arqueologia 3.0 nas gerações dos futuros arqueólogos e profissionais do património que nos acompanharam desde 2017, apraz-nos pensar que ficou clara a importância do compromisso colectivo (Almansa, 2014, p. 24) e do espírito construtivo na hora de refletir e debater para fazer mais e melhor Arqueologia.

No que se refere à presença de técnicos de autarquias e profissionais de Arqueologia, esta ficou aquém das

expectativas, correspondendo a uma percentagem minoritária do público contabilizado. Pela relevân-cia desta franja de público-alvo, enquanto profissio-nais no terreno e agentes privilegiados de ligação à comunidade, espera-se poder vir a contar, em even-tuais futuras edições, com um maior número de profissionais entre a assistência.

Por último, e tal como já mencionado, cada edição do Workshop Internacional Arqueologia 3.0 deu origem a uma publicação homónima, na qual se reuniram os contributos de todos os oradores que generosamente se dispuseram a fazer parte deste ‘registo para a pos-teridade’. Os três volumes editados18

encontram--se disponíveis online, em acesso livre, no site da Fundação da Casa de Bragança (http://www.fcbra-ganca.pt/biblioteca_dig/biblioteca -digital.html). Saliente -se o esforço de publicar anualmente os re-sultados de cada edição, algo incomum no panorama português e só possível pelo empenho dos comuni-cantes e das instituições mentoras dos evento. Face ao acima exposto, considera-se que o balanço geral do Arqueologia 3.0 é muito positivo. Através desta iniciativa pretendeu-se questionar o papel da Arqueologia na sociedade atual, refletir sobre novos desafios e delinear caminhos de futuro. Valorizou-se a divulgação de novos discursos museológicos, no-vos modelos de gestão e difusão do património ar-queológico, encarado, simultaneamente, como ins-trumento de avanço científico e elemento gerador de novas dinâmicas sociais e económicas. Colocaram-se em evidência as potencialidades das novas tecnolo-gias ao serviço do estudo, salvaguarda e dinamização deste património, e debateu-se a aplicabilidade do conceito de ‘Arqueologia Pública’ – em que moldes e de que forma pode e deve ser implementada. Para tal contámos com a apresentação de variados exemplos, entre os quais, o do centro histórico de Córdova, o Campo Arqueológico de Mértola19, Los Bañales, as

ruínas romanas de Tróia, o Museu do Megalitismo (Mora)20, o Teatro Romano de Lisboa, ou o Museo

Nacional de Arte Romano de Mérida. Por seu turno, a apresentação de projetos de divulgação e/ou

socia-18. Rolo (coord.), 2018; 2019; 2020.

19. Comunicação apresentada por Susana Gómez e M.ª de Fátima Palma (Campo Arqueológico de Mértola), na pri-mei ra edição do Arqueologia 3.0.

20. Comunicação da autoria de Leonor Rocha e Daniela Anselmo (Universidade de Évora), apresentada na primeira edição do Arqueologia 3.0.

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369 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão

lização da Arqueologia como Morbase, Arqueología

somos todos, Underground Arqueología, e #Pubar‑ chMED, ou ainda o exemplo de mobilização da

so-ciedade civil do projeto Urbs Regia21, colocaram em

evidência não apenas o valor científico e o impacto social do património arqueológico, mas também as inúmeras possibilidades do quanto permanece ainda por fazer neste âmbito (Gráfico 1 e Figura 9).

3. E DEPOIS DO ARQUEOLOGIA 3.0 – O FUTURO 4.0 NUM MUNDO PÓS-COVID? Três edições realizadas, duas questões essenciais e transversais – como valorizar e defender a profissão de arqueólogo e o património arqueológico? Como comunicar e sensibilizar para a Arqueologia públi-cos cada vez mais vastos e comprometidos? Longe de estarem respondidas, estas questões reforçam a ideia da pertinência da continuidade do projeto Ar‑

queologia 3.0, cujos princípios norteadores e a

dição de oportunidade de partilha e reflexão con-junta sobre a praxis e património arqueológicos faz sentido ampliar e consolidar. Porém, o mundo mu-dou muito desde a última edição do workshop, em Março de 2019. Vivemos um momento de feições distópicas e de generalizada incerteza, motivado pela crise de saúde pública, à qual se somam todos os demais problemas com que a sociedade atual se debatia até ao aparecimento do COVID-19 (Brogio-lo & Chavarría, 2020, p. 9). Tal como o impacto da crise financeira e económica que marcou os finais da primeira década do século XXI, também a crise pandémica (e a decorrente crise económica) que se propagou ao longo do corrente ano vem forçar-nos a repensar o exercício da profissão de arqueólogo e do respectivo impacto social. Numa sociedade su-jeita a um momento tão traumático e de profunda mudança, a Arqueologia, à semelhança de todos os sectores ligados ao património cultural, é forçada a reavaliar o seu papel e contributo para esta mesma sociedade, e a gizar novas estratégias de sustentabi-lidade (Gould, 2020, p. 31). É neste sentido que, em nosso entender, as palavras de Fritz & Plog, escritas nos inícios da década de 70 do século passado, per-manecem inusitadamente atuais – “unless archaeol-ogists find ways to make their research increasingly relevant to the modern world, the modern world

21. Comunicação a cargo de Pilar Tormo, apresentada na segunda edição do Arqueologia 3.0 – http://urbsregia.eu/.

will find itself increansingly capable of getting along without archaeologists” (1970, p. 412, apud Rich-ardson & Almansa, 2015, p. 2).

Assim, no atual quadro de recessão económica e de imprevisibilidade22, somos, uma vez mais,

im-pelidos a reinventar-nos e a desenvolver novas formas de divulgação científica e patrimonial, sem comprometer o rigor e a acuidade da investigação arqueológica. Mantém-se inabalável a convicção de que a nossa atuação deve focar-se na sociedade/ co-munidade (Almansa, 2014, pp. 23-24) e na ideia de transferência de conhecimento; um conhecimento que se quer sólido e exigente, mas ‘desencriptado’, de modo a favorecer uma comunicação eficaz e a apropriação do conhecimento produzido com um valor acrescentado para a vida dos territórios e das comunidades. De igual modo, estamos seguros de que hoje, mais do que nunca, se impõe “the need for a responsible and ethical practice. This practice must be placed front and centre the commitment of archaeology professionals to a better, sustainable archaeology through public archaeology, one which moves beyond trends and the requirements of funding bodies, in order to consider and accommo-date the needs and values of the communities and colleagues with whom we work with” (Richardson & Almansa, 2015, p. 13).

Assim, numa época em que os recursos digitais se transformaram em ferramentas imprescindíveis da ‘nova normalidade’ (durante e após o confinamen-to), com a generalização de recursos em open access, a formação de ‘comunidades digitais’ e o trabalho em rede (Brogiolo & Chavarría, 2020, pp. 14-15; Gould, 2020, p. 30), estamos em crer que também um eventual futuro para o projeto Arqueologia 3.0 terá de passar pelas ferramentas web. É certo, porém, que nenhuma ferramenta informática substitui o deslumbramento de visitar um sítio arqueológico, um museu, ou de contemplar in loco uma obra de arte. O virtual não substitui o real, apenas cria novas dimensões. No entanto, à luz do momento atual, e em linha com o ‘espírito de democratização da Ar-queologia’ (Vaquerizo, 2019, p. 6), os recursos tec-nológicos oferecem a possibilidade de “new audien-ces, new markets and new ways to bring the story

22. Imprevisibilidade da duração e das repercussões da crise económica provocada pela pandemia, bem como da pró-pria evolução da doença (Brogiolo & Chavarría, 2020, p. 10; Gould, 2020, p. 22).

(20)

370

of archaeology and history alive through artefacts, sites, lectures, games and other means we have yet to imagine” (Gould, 2020, p. 32), e convertem-se numa esperança para enfrentar os novos desafios que temos pela frente.

AGRADECIMENTOS

À Dra. Maria de Jesus Monge, Diretora do Museu--Biblioteca da Casa de Bragança, e ao Professor Doutor André Carneiro, da Universidade de Évora, mentores da ideia do projeto Arqueologia 3.0 e seus principais impulsionadores.

A todos aqueles que se dispuseram a fazer parte desta iniciativa e que contribuíram para o seu êxito – oradores, instituições parceiras, e público. À equi-pa do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança e, em especial, à equipa afeta ao Museu de Arqueologia, e aos elementos das Comissões Organizadora e Exe-cutiva das três edições do evento.

ABREVIATURAS UTILIZADAS

CSIC – Consejo Superior de Investigaciones Científicas. DGPC – Direção Geral do Património Cultural. DRCA – Direção Regional de Cultura do Alentejo. FCB – Fundação da Casa de Bragança.

MBCB – Museu-Biblioteca da Casa de Bragança. MNA – Museu Nacional de Arqueologia.

MNAR – Museo Nacional de Arte Romano (Mérida). UÉ – Universidade de Évora.

UPV/EHU – Universidad del País Vasco/Euskal Herriko Unibertsitatea.

BIBLIOGRAFIA

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371 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão

Figura 1 – Sessão de Abertura da I edição do Workshop Internacional Arqueologia 3.0 (Abril 2017), pelo Presi-dente do Conselho Administrativo da Fundação da Casa de Bragança, Dr. Alberto Ramalheira. (© MBCB-FCB)

Figura 2 – Visita guiada pela exposição da Coleção de Arqueologia da Fundação da Casa de Bragança, por ocasião da I edição do Workshop Internacional Arqueologia 3 (Abril 2017). (© MBCB-FCB)

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Figura 3 – Apresentação da Comunicação “Cuando (no sempre) hablan ‘las piedras’. Hacia una arqueología integral como recurso de futuro en España. Reflexiones desde Andalucía”, por Desiderio Vaquerizo Gil (Uni-ver sidad de Córdoba), na II Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2018). (© A. Martins)

Figura 4 – Apresentação da Comunicação “E os tempos mudam…”, por Paulo Monteiro (Glorybox), no Centro de Ciência Viva de Estremoz, por ocasião da II Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2018). (© S. Ma-lha do, MBCB-FCB)

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373 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão

Figura 5 – Apresentação da Comunicação “Como tornar a Arqueologia sexy”, por Pedro Sobral (EON, Indústrias Criativas), na III Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2019). (© S. Malhado, MBCB-FCB)

Figura 6 – Apresentação da Comunicação “La arqueología como factor de desarrollo. De la “Sibera Española” al “poder de las piedras” por Miguel Ángel Valero (Universidad de Castilla-La Mancha), na III Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2019). (© S. Malhado, MBCB-FCB)

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Figura 7 – Visita guiada pela cidade de Estremoz, intitulada “As Histórias por detrás da História; um Percurso pelo Património Histórico Edificado de Estremoz”, por Noel Moreira e Nuno Mourinha, na II Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2018). (© S. Malhado, MBCB-FCB)

Figura 8 – Sessão de demonstração de atividades didáticas relacionadas com o património arqueológico, orien-tada por Alberto Polo Romero e Diana Morales Manzanares, na III Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2019). (© S. Malhado, MBCB-FCB)

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375 Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão

Figura 9 – Excerto de notícia do jornal Diario de Burgos, de 16 de Março de 2019, na qual é feita alusão ao “con-greso Arqueologia 3.0, celebrado en la localidad portuguesa de Vila Viçosa”. (Cortesia de Alberto Polo Romero e Diana Morales Manzanares)

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Figura 1 – Sessão de Abertura da I edição do Workshop Internacional Arqueologia 3.0 (Abril 2017), pelo Presi- Presi-dente do Conselho Administrativo da Fundação da Casa de Bragança, Dr
Figura 4 – Apresentação da Comunicação “E os tempos mudam…”, por Paulo Monteiro (Glorybox), no Centro  de Ciência Viva de Estremoz, por ocasião da II Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2018)
Figura 5 – Apresentação da Comunicação “Como tornar a Arqueologia sexy”, por Pedro Sobral (EON, Indústrias  Criativas), na III Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março 2019)
Figura 8 – Sessão de demonstração de atividades didáticas relacionadas com o património arqueológico, orien- orien-tada por Alberto Polo Romero e Diana Morales Manzanares, na III Edição do Workshop Arqueologia 3.0 (Março  2019)
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Referências

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