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DILEMAS DA IMPLANTAÇÃO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

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DILEMAS DA IMPLANTAÇÃO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE ÁGUA (ETA) NO CAMPUS DA UNICAMP.

DANIEL BUENO DONADON1, DOUGLAS DINIZ1, HENRIQUE PRZIBISCZKI DE OLIVEIRA1, MARIO CÉSAR SAN FELICE1

1Curso de Graduação - Instituto de Computação/UNICAMP

RESUMO: Este trabalho trata de problemas relacionados ao consumo de água na UNICAMP e dá

importância especial à instalação de estações de tratamento de água (ETA) para solucionar o problema. Nele é realizada uma abordagem político-econômica do problema, além de modelagem matemática para analisar as condições relacionadas à instalação de ETA na UNICAMP ao longo do tempo. Conclui-se que haveria benefícios tanto em retorno financeiro quanto em valor agregado ao meio ambiente, e que existem entraves políticos de difícil resolução que afligem a todas as decisões de caráter público.

PALAVRAS-CHAVE: ETA; UNICAMP.

INTRODUÇÃO:

A distribuição e tratamento de água na UNICAMP sofrem hoje com o problema dos altos encargos financeiros cobrados pela empresa prestadora dos serviços e com os impasses políticos gerados pela administração dos recursos hídricos que o campus possui. Aprovada pela prefeitura da universidade, uma estação de tratamento de água (ETA) foi construída com o intuito de captar e tratar a água dos mananciais da região, mas a sua desativação foi decretada devido a problemas contratuais com a empresa de captação e distribuição de água da cidade.

Nesse trabalho, apresentamos um estudo de campo sobre os benefícios advindos da ativação dessa unidade, e qual a sua relevância no cenário hídrico do campus, sendo avaliada num modelo previsivo para daqui cinqüenta anos. Além de discutir esse projeto de captação, em trâmite na reitoria da universidade há alguns anos, discutimos também outras alternativas para redução de gastos e melhoria ambiental, além de fazer uma análise mais reflexiva sobre os embates políticos que cercam esse dilema.

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MATERIAL E MÉTODOS

A modelagem matemática proposta formou-se a partir de duas frentes, a saber: variáveis relacionadas com a implantação da ETA e crescimento da população da UNICAMP

com base nos dados estatísticos da dos anos de 1994 a 2004. Primeiramente será mostrado os dados referentes à população no campus (Tabela 1) e posteriormente será descrito cada uma das variáveis e suas relações.

Tabela 1. População no campus da UNICAMP através dos anos, como encontrado em Anuário

Estatístico da UNICAMP (2004).

Ano 1994 1994 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Total 29457 29628 30270 30087 30994 31978 32895 34260 36453 38190 40497

Para estimativas do crescimento do número de pessoas no campus serão considerados dois tipos de abordagens pertinentes ao modo como a população varia ao longo dos anos, o primeiro será a progressão aritmética e o segundo a progressão geométrica, já que outros modelos, como métodos de saturação, precisam de certas características de variação da população.

A modelagem matemática levou em consideração as seguintes variáveis:

Custo de Obra da ETA: Valor em Reais referente ao custo de implantação, construção, compra de equipamentos e tubulações de transporte de água até o reservatório.

Tempo de Vida Útil da ETA: Tempo em meses que a ETA trabalha com seu valor nominal de tratamento de água.

Custo Mensal da Obra: É o Custo de Obra da

ETA dividido pelo Tempo de Vida Útil.

Custo Mensal da ETA: Valor em Reais necessários para manter a ETA funcionando, levando em consideração os funcionários, a manutenção, a energia, os produtos químicos e o transporte do lodo.

Custo Mensal da ETA incluso Obra: Custo Mensal da ETA mais o Custo Mensal da Obra. Produção Mensal da ETA: Valor de metros cúbicos tratados por mês.

Preço da Água da SANASA: Valor do preço do metro cúbico de água cobrado pela SANASA. Preço da Produção Mensal da ETA: Produção Mensal da ETA vezes Preço da Água da SANASA.

Economia Mensal da ETA: Preço da Produção Mensal da ETA menos o Custo Mensal da ETA. Tempo para Pagar Investimento (Meses): Custo de Obra da ETA dividido pela Economia Mensal

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da ETA.

Economia Mensal ETA incluso Obra: Preço da Produção da ETA menos o custo Mensal da ETA incluso Obra.

Consumo Mensal: Consumo da UNICAMP em metros cúbicos.

Consumo Mensal obtido da SANASA: 60% do Consumo Mensal é fornecido pela SANASA. Representatividade Água/ETA/UNICAMP: Produção Mensal da ETA dividido pelo consumo mensal.

Preço do Consumo Mensal UNICAMP/SANASA: Consumo Mensal obtido da SANASA vezes Preço da Água da SANASA vezes 2, pois é cobrado tanto a água tratada como o esgoto produzido por ela.

Representatividade do Custo Água/ETA/UNICAMP: Preço da Produção

Mensal da ETA dividido pelo Preço do Consumo Mensal UNICAMP/SANASA.

Representatividade da Economia de Água/ETA/UNICAMP: Economia Mensal da ETA dividido pelo Preço do Consumo Mensal UNICAMP/SANASA.

Representatividade da Economia de Água/ETA/UNICAMP incluso Obra: Economia Mensal da ETA incluso Obra dividido pelo Preço do Consumo Mensal UNICAMP/SANASA.

Custo da Água da ETA (por m3): Custo Mensal

da ETA dividido pela Produção Mensal da ETA. Custo da Água da ETA incluso Obra (por m3):

Custo Mensal da ETA incluso Obra dividido pela Produção Mensal da ETA.

Economia em Custo ETA/SANASA (por m3):

Preço da Água da SANASA menos Custo da Água da ETA (por m3).

Economia em Custo ETA/SANASA incluso Obra (por m3): Preço da Água da SANASA menos Custo da Água da ETA incluso Obra (por m3)

Para a geração dos gráficos e a modelagem baseada no crescimento populacional no campus foram utilizados oito métodos divididos em 4 grupos, a saber:

1- Taxa de crescimento de 94-96, aplicado a

partir dos anos 94-96: dividido em um método A

para progressão aritmética e B para progressão geométrica. Este método estima que o crescimento de 94-96 será o que determinará as próximas populações.

2- Taxa de crescimento de 94-96, aplicado a

partir dos anos 02-04: dividido em um método C

para progressão aritmética e D para progressão geométrica. Este método estima que o crescimento de 94-96 ocorreu a partir de 02.

3- Taxa de crescimento de 02-04, aplicado a

partir dos anos 02-04: dividido em um método E

para progressão aritmética e F para progressão geométrica. Este método estima que o crescimento tende a seguir o que ocorreu nos últimos anos.

4- Taxa de crescimento de 94-96, aplicado a

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progressão aritmética e H para progressão geométrica. Este método estima que após o alto crescimento dos últimos anos, teremos uma menor variação relacionada com a taxa de 94-96.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Para a atribuição, às variáveis da modelagem matemática, utilizou-se do Anuário (2004), do Consumo de Água em 2004 (2006) e dos dados obtidos com as reuniões realizados com o Prof. José Roberto Guimarães (FEC). De posse destes valores (alguns concretos e outros estimados pelo Prof. Guimarães) realizamos os cálculos em uma planilha eletrônica. Alguns resultados relevantes são; Custo de Implantação:

R$ 290mil, Tempo de vida Útil: 20 anos, Custo Mensal da ETA: R$12mil, Produção Mensal: 10.000 m3, Economia Mensal da ETA: R$ 82mil, Tempo para Pagar o Investimento: 3 meses e meio, Representatividade da água produzida em relação a consumida: 1,23%, Valor pago à SANASA por mês: R$ 9.144.522,86; Custo do metro cúbico sem e com o valor da obra incluso: R$ 1,20 e R$ 1,32 e Economia por metro cúbico: R$ 8,19

Dado as estimativas de crescimento populacional, gerou-se um gráfico (Figura 1) com a variação da representatividade da produção da ETA frente ao consumido pela UNICAMP.

Figura 1. Variação da representatividade da produção da ETA em relação ao consumo total.

2005 2010 2015 2020 2025 2030 -0,90% -0,85% -0,80% -0,75% -0,70% -0,65% -0,60% -0,55% -0,50% -0,45% -0,40% -0,35% -0,30% -0,25% -0,20% -0,15% -0,10% -0,05% 0,00% A B C D E F G H

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Figura 2. Variação apresentada na Figura 1. sem considerar mudanças do atual valor cobrado por metro

cúbico de água

Pode ser estimado também o valor pago à SANASA ao longo dos anos. A Figura 2 mostra essa variação sem considerar mudanças do atual valor cobrado por metro cúbico de água.

Nossos resultados confirmam o tempo de retorno do investimento, que é de 3,5 meses e também mostram a pequena representatividade da produção da ETA frente ao total consumido pela UNICAMP (1,23%). Para nossa conclusão estamos desconsiderando os métodos E e F, pois não acreditamos que o número de pessoas no campus cresça desta maneira. Estes dois métodos mostram um caso para o qual a universidade aumente o número de vagas (por exigência do MEC ou outro órgão) na mesma taxa em que aumentou nestes últimos anos. As melhores

estimativas, ao nosso ver, são as G e H, pois estimam que a UNICAMP não mais aumentará a quantidade de vagas do modo como vem sendo feito, pois não haveria infra-estrutura para tal, de outra forma, o crescimento seria equivalente aos anos de 94 a 96 em que a variação era menor. Por conseguinte, estimamos que no fim da vida útil da Estação de Água, sua representatividade será de 20% a 35% menor que a de hoje.

Como dito pelo Professor José Roberto, a importância da ETA não está totalmente relacionada com sua produção, mas sim com o fator ambiental e didático; até porque o valor da produção não pode ser aumentado, já que é o valor exato que foi outorgado à UNICAMP. Junto de uma Estação de Tratamento de Esgoto,

2005 2010 2015 2020 2025 2030 $0,00 $2.500.000,00 $5.000.000,00 $7.500.000,00 $10.000.000,00 $12.500.000,00 $15.000.000,00 $17.500.000,00 $20.000.000,00 $22.500.000,00 $25.000.000,00 $27.500.000,00 $30.000.000,00 $32.500.000,00 $35.000.000,00 $37.500.000,00 A B C D E F G H

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serviria tanto de sala de aula multidisciplinar como estaria realizando um ciclo de uso da água.

Nossa conclusão mostra que a Estação de Tratamento de Água é um bom investimento para a UNICAMP, mas os empecilhos políticos representam um grande entrave para o desenvolvimento da Universidade.

CONCLUSÕES

Não há dúvidas sobre os benefícios que seriam trazidos pela ativação da Estação de Tratamento de Água na UNICAMP, tanto em retorno financeiro quanto em valor agregado ao meio ambiente, que é impossível mensurar. As perguntas surgem ao se questionar a postura da Universidade em não ativar a estação e não aceitar o projeto de construção de um sistema de tratamento de esgoto. Mas não há explicações numéricas ou ambientais para essas perguntas, e sim entraves políticos de difícil resolução que afligem a todas as decisões de caráter público.

A alegação da UNICAMP versa os diversos acordos políticos existentes entre o campus e a SANASA, empresa responsável pela capitação e distribuição de água na cidade de Campinas. A abertura de uma ETA própria no campus significaria uma perda significativa nas arrecadações da SANASA, o que motiva o impasse político. Ainda, dívidas contratuais que a UNICAMP tem com a SANASA forçou-a a aceitar uma resolução de quitação de parte da dívida em troca de submeter a capitação e

tratamento de água e esgoto ao encargo da empresa. Além disso, parte do dinheiro que seria investido na construção de uma estação de tratamento de esgoto no campus foi destinado para a construção do mesmo no distrito de Barão Geraldo, sob a administração da SANASA.

Os gastos do orçamento da universidade com água e esgoto, quando comparados com a quantidade de consumo e utilização dos serviços da empresa, mostram um disparate entre o que é cobrado normalmente de uma instituição pública e o que é cobrado da prefeitura do campus. Os dados são claros de que a UNICAMP é, sem dúvida, o maior cliente da SANASA e que, portanto, esta mantém um interesse cravado sobre qualquer tentativa de emancipação da universidade quanto ao tratamento de seus próprios recursos. Curioso o suficiente, a UNICAMP já utiliza recursos hídricos retirados de seus lençóis freáticos, representando cerca de 40% da utilização de água do campus, e isso traz diversos conflitos com a SANASA.

Há projetos em trâmite na reitoria do campus que propõem a criação de uma estação de tratamento de esgoto, porém sem muita aceitação. Segundo o professor José Roberto Guimarães, com um ETE no campus adviriam muitos benefícios, começando pelo tratamento de toda a água utilizada pela UNICAMP a um custo satisfatório. Dada à qualidade do tratamento, a água poderia ser despejada na nascente do córrego que beira o Hospital das

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Clinicas e, após um processo de purificação natural dada pela mata ciliar e a evaporação, poderia ser reutilizada, por exemplo, no processo de abastecimento de água. Com a ativação do ETA, a UNICAMP disporia de um ciclo de uso e reciclagem de água que significaria não só uma redução dos gastos públicos como também a possibilidade de agregar melhorias ambientais e paisagísticas, como o aumento do volume de água do lago da UNICAMP e de outros setores.

O projeto de construção da ETA, feito com o objetivo não só operacional, mas também estudantil, demonstra um problema que enfrenta o campus pela falta de sua ativação. Em um projeto nacional ambicionado pela UNICAMP para o estudo de estações de tratamento, a Universidade foi vetada de seu pioneirismo e atuação devido à falta de um laboratório de estudo, isto é, uma estação em atividade. Atualmente, ativar o ETA construído apenas para fins acadêmicos é economicamente inviável, uma vez que o volume de água tratada é grande demais, o que faria as aulas se tornar demasiadamente custosas.

É uma lástima deparar-se com um problema cuja competência de resolução depende de impasses políticos. Existem sim algumas alternativas para a redução do custo da distribuição e tratamento de água, e propostas para economia de consumo, mas nenhuma delas apresenta resultados tão claros e precisos como a implantação e ativação das estações de

tratamento. Observando atentamente como as questões ambientais e sociais são relevadas pelo interesse do domínio político e econômico, dá para se compreender porque algumas soluções óbvias dificilmente são aceitas, mesmo vivendo-se numa sociedade tecnificista e dita esclarecida.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Prof. J.R. Guimarães (FEC) pelas horas despendidas nas reuniões que tivemos e pelas idéias compartilhadas que foram relevantes para amadurecimento do projeto, e ao Prof. C. Gomes (FEC) pelas informações prestadas a respeito de seu projeto da Estação de Tratamento de Água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Anuário Estatístico da UNICAMP 2004. Disponível em:

<http://www.aeplan.UNICAMP.br/anuario_estat istico_2004/>. Acesso em: 10 julho 2006. UNICAMP. Consumo de água em 2004-2006 Disponível em:

<http://www.prefeitura.UNICAMP.br/prefe/mate rias_2006/Dia_Mundial_Agua.htm>. Acesso em: 10 julho 2006.

Imagem

Tabela 1. População no campus da UNICAMP através dos anos, como encontrado em Anuário  Estatístico da UNICAMP (2004)
Figura 1. Variação da representatividade da produção da ETA em relação ao consumo total
Figura 2. Variação apresentada na Figura 1. sem considerar mudanças do atual valor cobrado por metro  cúbico de água

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