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12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde: Promover e Inovar em Psicologia da Saúde: Actas

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PROMOVER E INOVAR EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

TÍTULO: 12º CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE – ACTAS EDITORES: ISABEL LEAL / SOFIA VON HUMBOLDT / CATARINA RAMOS /

ALEXANDRA FERREIRA VALENTE / J. PAIS RIBEIRO INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA

RUA JARDIM DO TABACO, 34, 1149-041 LISBOA 1.ª EDIÇÃO: JANEIRO DE 2018

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12º CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE

12º CONGRESSO NACIONAL

DE

PSICOLOGIA DA SAÚDE

Promover e Inovar em Psicologia da Saúde

AC TA S

Editado por: Isabel Leal, Sofia von Humboldt,

Catarina Ramos, Alexandra Ferreira Valente,

& José Luís Pais Ribeiro

25, 26 e 27 de Janeiro de 2018

Lisboa, ISPA – Instituto Universitário

(4)

iv

PROMOVER E INOVAR EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

ÍNDICE

PREÂMBULO 1

Os Organizadores

APROXIMAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA DA SAÚDE E DIVERSIDADE

SEXUAL, A PARTIR DA HOMOSSEXUALIDADE 3

Adan Silva, Iolete Silva, & Suely Mascarenhas

REALIDADE OBSTÉTRICA DO BRASIL: PANORAMA TEÓRICO E

BIBLIOGRÁFICO ACERCA DAS PROBLEMÁTICAS ENVOLVIDAS 13

Adriana Navarro Romagnolo, Bruna Setin Januário, Vivian Brandão de Freitas, Neliane Lazarini de Sousa, & Miria Benincasa Gomes

VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL AOS MENINOS – UMA

EXPERIÊNCIA NO CREAS 23

Adriane Andrade Costa & Adriana R. Caldeira de Oliveira

CIBERPORNOGRAFIA E ATITUDES SEXUAIS EM ESTUDANTES

UNIVERSITÁRIOS: ESTUDO EXPLORATÓRIO 33

Alexandre Gomes, Ana Fernandes, Rita Ribeiro, & Jorge Cardoso PSICOLOGIA AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA EM

POLICIAIS MILITARES DE CURITIBA 43

Ana Beatriz B. Gugisch, Ana Maria Moser, & Tânia C. Silva Barbieri INTERVENÇÕES MINDFULNESS E REDUÇÃO DE BURNOUT EM

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: REVISÃO DE LITERATURA 53

Ana Borgas Leal & Filipa Pimenta

CRENÇAS PARENTAIS SOBRE A RELEVÂNCIA DA RELAÇÃO

AVÓS-NETOS 61

Ana Figueiredo & Isabel Leal Actas do 12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde

Organizado por Isabel Leal, Sofia von Humboldt, Catarina Ramos, Alexandra Ferreira Valente, & José Luís Pais Ribeiro 25, 26 e 27 Janeiro de 2018, Lisboa: ISPA – Instituto Universitário

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12º CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE

REPRESENTAÇÃO DE DOENÇA E QUALIDADE DE VIDA EM

PESSOAS DIAGNOSTICADAS COM DIABETES 69

Ana M. Costa & Paula Carvalho

QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO E VINCULAÇÃO AO LUGAR 77

Ana Maria Moser, Claudia Franciane de Lima, & Luis Eduardo Pereira PROGRAMA DE LITERACIA EM SAÚDE MENTAL NA

POPULAÇÃO INFANTIL: DEMONSTRAÇÃO DE EFICÁCIA 89

Ana Marreiros, Alexandra Ribeiro, Dina Santos, & Jessica Portugal BARREIRAS E COMO PROMOVER O BEM-ESTAR SEXUAL DOS

IDOSOS SEGUNDO CUIDADORES FORMAIS 99

Ana Monteiro, Sofia von Humboldt, & Isabel Leal

QUAL O CONTRIBUTO DA ATIVIDADE FÍSICA NOS DOENTES

EM CUIDADOS PALIATIVOS? 109

Ana Oliveira & Luísa Pedro

PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL NA

MEIA-IDADE 115

Ana Sobral Canhestro

CRENÇAS SOBRE ALIMENTAÇÃO E PREVENÇÃO DO CANCRO 127

Andrea Costa, Catarina Coelho, Sara Silva,& Isabel Leal

PREVENÇÃO NO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

EM ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR 137

António Ramalho Mostardinha & Anabela Pereira

SAÚDE MENTAL E ASSISTÊNCIA SOCIAL: OS DESAFIOS DA

PSICOLOGIA NO CRAS 147

Avrairan Fabrícia Alves Caetano Solon, Juliano Beck Scott, Bunier Sales de Sousa, Larissa Maria de Lima, & Isabel Fernandes de Oliveira ADAPTAÇÃO DA FATIGUE ASSESSMENT SCALE EM MÃES DE

BEBÉS ATÉ DOIS ANOS 157

Bárbara Nazaré

VIVÊNCIAS SOCIOAFETIVAS EM FAMÍLIAS DE JOVENS

SUICIDAS EM MANAUS-AMAZÔNIA 167

(6)

CUIDADO HUMANIZADO: DO FOCO NA DOENÇA PARA O

FOCO NO SUJEITO 175

Camila Farias, Daiane Maders, Marcelene Duarte, & Mariana Lopes CRENÇAS ALIMENTARES: DESENVOLVIMENTO E

VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO 181

Catarina Coelho, Andrea Costa, & Isabel Leal

CONSEQUÊNCIAS POSITIVAS E NEGATIVAS DE UMA PERDA

DE PESO BEM-SUCEDIDA 191

Cátia Damião, Filipa Pimenta, & Isabel Leal

O ATENDIMENTO CLÍNICO DA OBESIDADE NUMA

PERSPECTIVA PSICANALÍTICA 201

Cecília Altobelli & Ivonise da Motta

A PSICANÁLISE E A SUA APLICAÇÃO NUMA CLÍNICA-ESCOLA 211

Cláudia da Silva, Greicy dos Santos & Camila Macedo A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO EMOCIONAL EM

ADOLESCENTES DE INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO 221

Cláudia da Silva & Ivonise da Motta

COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL E ATITUDES

PARENTAIS FACE À ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS 231

Cláudia M. Silva & Tânia Teixeira

DANÇA PARA PARKINSON: UMA REVISÃO DE LITERATURA 241

Constança Moniz Galvão & Filipa Pimenta

EFETIVIDADE DA CLÍNICA GESTÁLTICA NO TRATAMENTO

DO TRAUMA INFANTIL: ESTUDO DE CASO 251

Daniela Bianchi & Ida Kublikowski

CONSTRUÇÃO DA ESCALA DE CRENÇAS SOBRE PRÁTICAS

DE SAÚDE 259

Daniela Costa, Maria Helena Arruda, & Isabel Leal

CORPO E CUIDADO: COMPREENDENDO O HUMANO

PREENCHIDO DE EXPECTATIVAS CRÓNICAS 269

Danielle de Gois Santos Caldeira, Elza Dutra, & Irene Borges Duarte

vi

(7)

ESTUDO SOBRE BURNOUT E ESTILOS DE VIDA EM

PROFISSIONAIS DE FARMÁCIA COMUNITÁRIA 279

Dina Mendes, Vânia Leal, Maria C. Rocha, Rui S. Cruz, & Ana P. Amaral BULLYING EM ENFERMEIROS: ESTUDO COMPARATIVO

PORTUGAL CONTINENTAL E AÇORES 289

Elisabete Borges, Margarida Abreu, Cristina Queirós, Tércio Maio, & Antónia Teixeira

ENVELHECIMENTO ATIVO, DIGNO E SAUDÁVEL: VOZ DOS

IDOSOS SOBRE DISCRIMINAÇÃO E VIOLÊNCIA 299

Emília Brito, Natália Ramos, & Albertina Oliveira

BEM-ESTAR SUBJETIVO EM IDOSOS QUILOMBOLAS 309

Ênio Neves, Edivan Júnior, Almira Medeiros, Maria Eulálio, Vitória Maracajá, Rômulo Lustosa, & Aline Alves

CANCRO PEDIÁTRICO: IMPACTO DO ADOECER DA CRIANÇA

EM CUIDADORES 321

Filipa Costa & Liliana Gomes

PSYCOFITNESS. O SEU MELHOR MÚSCULO É A MENTE 329

Giovani Silva, Mafalda Sampaio & Tiago Santos FORMAÇÃO CONTÍNUA E DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL DO PSICOTERAPEUTA 339

Gonçalo Gabriel & António Pazo Pires

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL APLICADA A

FOBIA SOCIAL NUM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 349

Graziela Sapienza, Caroline Negrello, & Mayara Fistarol O ISOLAMENTO EM ADOLESCENTES QUE UTILIZAM

PRODUTOS DERIVADOS DE TABACO 357

Graziela Sapienza & Isabel C. Scarinci

A HUMANIZAÇÃO COMO FACTOR DE QUALIDADE NOS

SERVIÇOS DE SAÚDE 367

Helena Morgado, Mariana Carvalho, & Estela Vilhena

QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS QUILOMBOLAS 377

Iana Felipe, Maria do Carmo Eulálio, Edivan Júnior, Vitória de Farias Maracajá, Rômulo Melo, Ênio Neves, & Ayane Duarte

(8)

O SOFRIMENTO PSÍQUICO NA GRADUAÇÃO DE MÉDICOS 385

Ieda Franken, Clênia Gonçalves, Ana Costa, Valéria Araújo, & Bianca Sousa SERÁ SUFICIENTE OS INDIVÍDUOS TEREM ELEVADAS

HABILITAÇÕES ACADÉMICAS PARA DECIDIR EM SAÚDE? 395

Isabel Silva & Glória Jólluskin

GERAÇÃO CORDÃO: PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO NA

CONSULTA DE DEPENDÊNCIAS ONLINE 405

Ivone Patrão

ADIÇÃO À INTERNET E INTERVENÇÃO FAMILIAR: EXPERIÊNCIA

DO NÚCLEO UTILIZAÇÃO PROBLEMÁTICA INTERNET 411

Ivone Patrão & Ângelo Marinho

PROJETO ACOLHIMENTO: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA

ENTRE A PSICOLOGIA E PACIENTES RENAIS CRÔNICOS 419

Janaina Vidal

RELAÇÃO DOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE COM A

DEPENDÊNCIA AO SMARTPHONE 429

Joana Água, Ivone Patrão, Isabel Leal

RELAÇÃO DA DEPENDÊNCIA AO SMARTPHONE COM A

SATISFAÇÃO NA RELAÇÃO AMOROSA 439

Joana Água, Ivone Patrão, & Isabel Leal

PROFUNDIDADE E ENVOLVIMENTO EMOCIONAL EM

PSICOTERAPIA 447

Joana Calhau & António Pazo Pires

VIVÊNCIAS DE ESPIRITUALIDADE, ESPERANÇA E

SATISFAÇÃO COM A VIDA EM GERONTES 457

José Domingos & Maria Cristina Faria

SÉRIES E INTERNET: ATÉ QUE PONTO ELAS INTERFEREM NA

IDEAÇÃO SUICIDA? 467

Júlia Sprada Barbosa, Giovana Mendes, Marina Oliveira, Matheus Corrêa, Nathalia Shimabukuro, & Cloves Amorim

NUTRITIONAL STATUS DISCRIMINATORY CAPACITY OF

DIFFERENT METHODS OF OBTAINING BODY MASS INDEX 475

Juliana Alvares Duarte Bonini Campos, Moema de Souza Santana, Adrielly dos Santos, & Wanderson Roberto da Silva

viii

(9)

A PRÁTICA DO PSICÓLOGO E A INTERSETORIALIDADE ENTRE

ASSISTÊNCIA SOCIAL E SAÚDE 483

Juliano Scott, Avrairan Solon, Burnier Sousa, Larissa Lima, & Isabel Fernandes de Oliveira

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 493

Juliano Scott & Isabel Fernandes de Oliveira

MULHER TOXICODEPENDENTE E SUAS REPRESENTAÇÕES:

UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE BRASIL E PORTUGAL 503

Katruccy Medeiros, Silvana Maciel & Joana Alexandre

MEANING-MAKING AND PSYCHOLOGICAL ADJUSTMENT

FOLLOWING REFUGEE TRAUMA 513

Lisa Matos, Monica Indart, Crystal Park, & Isabel Leal

NOVOS SIGNIFICADOS PARA VELHAS PALAVRAS 523

Luana Cássia Costa Manso & Adriana Rosmaninho Caldeira de Oliveira INTERNET, MIGRAÇÕES E SAÚDE: PERCEÇÕES DE MULHERES

BRASILEIRAS MIGRANTES E NÃO MIGRANTES 533

Lyria Reis

FLORESCIMENTO, BEM-ESTAR E ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL 543 Maria Cristina Faria

QUALIDADE DE VIDA E POBREZA NAS PESSOAS IDOSAS 553

Maria Cristina Faria & Sara Carmo

RELAÇÃO ENTRE ACONTECIMENTOS DE VIDA E INTIMIDADE E SATISFAÇÃO RELACIONAL EM HOMENS A PARTIR DOS 40 ANOS 563

Madalena Luz de Almeida & Isabel Leal

GRUPOS ABERTOS NA CLÍNICA PSICOLÓGICA UNIVERSITÁRIA

E A PROMOÇÃO DA SAÚDE 573

Maíra Bonafé Sei & Daniel Polimeni Maireno

SENSIBILIZARTE E HUMANIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DO

PROFISSIONAL DA SAÚDE 583

Maíra Bonafé Sei & Debora Corsino

IDADES DOS AFETOS: CRENÇAS SOBRE A RELAÇÃO

INTERGERACIONAL 593

Márcia Seguro & Isabel Leal

(10)

SÍNDROME DE BURNOUT: INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

ATRAVÉS DA PSICOLOGIA POSITIVA 603

Maria Áurea Maciel Boechat & Rute F. Meneses

CRENÇAS SOBRE PRÁTICAS DE SAÚDE E AUTOEFICÁCIA 611

Maria Arruda & Isabel Leal

A VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES ÍNTIMAS: ASSOCIAÇÕES COM

A CONFIANÇA INTERPESSOAL E ESPERANÇA 621

Maria da Luz Vale Dias & Bárbara Minas

SUICÍDIO: ESTAMOS MESMO FALANDO DISSO? 633

Maria Lúcia Ortolan & Hernani Pereira dos Santos QUEM PRECISA DE CUIDADO NAS INSTITUIÇÕES

HOSPITALARES? 643

Mariana Barboza Lopes, Camila Peixoto Farias, Daiane Philippsen Maders, & Marcelene Souza Duarte

DEPENDÊNCIA DA INTERNET, PSICOPATOLOGIA E QUALIDADE

DE VIDA: ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR 651

Marisa Marques, Ana Melo, António Queirós, Anabela Pereira, & Carla Oliveira

ATUAÇÃO PSICOLÓGICA EM IST/HIV-AIDS: A AMPLIAÇÃO DO

REPERTÓRIO PROFISSIONAL EM CONSTRUÇÃO 661

Mônica Lima & Emilly Sala

FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA: DIMENSÕES DA SUPERVISÃO

COMPARTILHADA NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE 671

Mônica Lima, Fernanda Rebouças, & Leila Grave

PRÁTICAS DE INTERVENÇÃO PRECOCE: UM ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA EM RISCO COM PERTURBAÇÃO DO

DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL 681

Nuno Cravo Barata & Ana Eloísa Carvalho

QUALIDADE DE VIDA E AJUSTE DIÁDICO DO DOENTE EM

HEMODIÁLISE 691

Nuno Cravo Barata & Daniela Múrias

SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA E CONFLITOS NO CONTEXTO

DAS RELAÇÕES ÍNTIMAS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 703

Raquel Nunes, Paula Carvalho, Marta Alves, Ana Cunha, & Manuel Loureiro

x

(11)

PERCEPÇÃO DAS MULHERES SOBRE ASSISTÊNCIA E

VIVÊNCIA DO PARTO 713

Rebeka Pessoa de Almeida, Carolina Mastelini Amorim Miyazaki, Silvia Nogueira Cordeiro

CURA RECONECTIVA™: DO DESCONHECIMENTO GENERALIZADO À EVIDÊNCIA CIENTÍFICA E SUAS

IMPLICAÇÕES 721

Rute F. Meneses

INVISIBILIDADE FEMININA E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

DE GÊNERO EM TECNOLOGIA E CIÊNCIAS 731

Salete Silva Farias & Alcina de Oliveira Martins

ASMA INFANTIL E ESTRESSE FAMILIAR: REVISÃO DE

LITERATURA SOBRE INTERVENÇÕES FAMILIARES 741

Sandra Amaral, Filipa Pimenta, & Clemax Sant’Anna

ESTUDO DE VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO IPOP-A 751

Sara Bailote Silva, Marta Pedreira, & Isabel Leal

DIFERENÇAS DE GÉNERO NO BEM-ESTAR SEXUAL EM IDOSOS 759

Sara Silva, Sofia von Humboldt, & Isabel Leal

FATORES QUE INFLUENCIAM O BEM-ESTAR SEXUAL: ESTUDO

EXPLORATÓRIO EM IDOSOS 769

Sara Silva, Sofia von Humboldt, & Isabel Leal

DESAFIOS PSICOLÓGICOS NUM CONTEXTO DE TERAPIA

CENTRADA NA PESSOA: A PERSPETIVA DOS IDOSOS 779

Sofia von Humboldt & Isabel Leal

ESTUDO SOBRE O MAL-ESTAR SEXUAL NA ADULTÍCIA AVANÇADA: ANÁLISE DE UMA AMOSTRA A TRANSNACIONAL

DE IDOSOS 787

Sofia von Humboldt & Isabel Leal

AJUSTAMENTO PSICOLÓGICO E PERCEÇÃO DO ESTADO DE

SAÚDE NA ARTRITE REUMATÓIDE 795

Sónia Alves, Ana Isabel Cunha, Marta Pereira Alves, & Cláudia Vaz EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E QUALIDADE DE VIDA DO

AMAZONAS (BRASIL) 805

Tatiane de Aguiar Romano & Suely Mascarenhas

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xii

PROMOVER E INOVAR EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

IMAGEM CORPORAL POSITIVA EM ADULTOS EMERGENTES:

UM ESTUDO EM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO 813

Teresa Medeiros, Ana Cunha, Cláudia Lima, Vanessa Ponte, Sheila Furtado, & José Carlos Silva Mendes

DIAGNÓSTICO DE DOENÇA E LITERACIA EM SAÚDE:

QUE ASSOCIAÇÕES? 823

Vânia Carneiro, Isabel Silva, & Glória Jólluskin

SAÚDE MENTAL E A PRESENÇA DA SÍNDROME DE BURNOUT

EM AERONAUTAS 831

Walkyria Busato Will, Cloves Antonio de Amissis Amorim, Julianna Rodrigues Beltrão, Ana Maria Moser, & Leonardo Gabriel Chimelli Gheller

PROJETO IN_DEPENDÊNCI@S: PROMOÇÃO DA GESTÃO

SAUDÁVEL DOS COMPORTAMENTOS ONLINE 839

Andrea Costa, Ana Isabel dos Santos, & Ivone Patrão INDICADORES TRIANGULARES DE SAÚDE EM

ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR 849

Carla Bernardett Santos, Ana Carina Peixoto, & Rute F. Meneses CONVERSANDO SOBRE A ENTREGA DE UM FILHO COM

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM 861

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Actas do 12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde

Organizado por Isabel Leal, Sofia von Humboldt, Catarina Ramos, Alexandra Ferreira Valente, & José Luís Pais Ribeiro 25, 26 e 27 Janeiro de 2018, Lisboa: ISPA – Instituto Universitário

PREÂMBULO

Promover e inovar em psicologia da saúde é o tema proposto para o 12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, que se realiza em Lisboa, no ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, numa organização conjunta da Sociedade Portuguesa de Psicologia do Saúde e do William James Center for Research do ISPA – Instituto Universitário.

Como habitualmente, o primeiro objectivo deste congresso que se realiza a cada dois anos, é juntar os investigadores e profissionais que desenvolvem a sua actividade neste extenso campo designado como de Saúde e que, cobrindo os tradicionais contextos de saúde – hospitais e centros de saúde – se espraiam depois em direcções muito diversas em que a saúde é considerada um valor de todos os dias: a educação, o mundo organizacional, as instituições de iniciativa privada, empresarial, social, de apoio e assistenciais.

Claro que o juntar num mesmo espaço físico todos estes investiga -dores, académicos, professores, alunos e profissionais da psicologia permitindo interacções directas está ao serviço daquilo que tem sido apanágio da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde nestes mais de 20 anos de actividade: a promoção e divulgação da Psicologia da Saúde e da investigação científica. Serve, sobretudo, como forma de partilha de conhecimento e de experiências. Pretende-se, assumidamente, possibilitar a partilha do estado da arte daquilo que são as práticas, reflexões, contri -butos teóricos e dados de investigação em direcção ao desenvolvimento continuado e alicerçado do conhecimento científico adentro da Psicologia da Saúde.

À Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde juntase na organiza -ção deste congresso o William James Center for Research do ISPA – Instituto Universitário, numa prática já consagrada pelos muitos anos de

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PROMOVER E INOVAR EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

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realização de diferentes congressos e que consiste em rodar por diferentes universidades e unidades de investigação o palco desta iniciativa.

Em 2018, o 12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, contará com 461 comunicações, sendo 6 delas conferências proferidas por confe -ren cistas convidados e 455, submetidas e aceites pela Comissão Científica do congresso e apresentadas em simpósios e comunicações livres nos formatos orais e escritos.

Das comunicações apresentadas, cujos resumos são apresentados num suplemento da revista Psicologia, Saúde & Doenças, órgão oficial da SPPS, alguns dos autores submeteram os artigos respectivos à apreciação do Conselho Científico que procedeu à revisão de todos os trabalhos e escolheu 29 textos para serem apresentados no 1º número de 2018 da revista Psicologia, Saúde & Doenças e 88 para serem publicados no livro de Actas do Congresso.

Algumas das comunicações submetidas, e ainda um maior número de artigos, não foram aceites para apresentação e publicação, por diversas razões que vão desde a não observância das normas propostas, à fragili dade teórica e/ ou metodológica, até à impossibilidade dos autores proce -derem às alterações propostas no curto tempo disponível para a preparação dos textos.

O desafio que a SPPS coloca a si mesma em cada novo congresso é de conseguir num tempo recorde, disponibilizar o livro de atas do congresso no primeiro dia do mesmo, exigindo da parte da Comissão Científica, uma notável colaboração que aqui se reconhece e agradece.

Promover a Psicologia da Saúde e inovar, num tempo em que a saúde não tem sido uma prioridade dos poderes estabelecidos, é um desafio que se coloca a todos e que esperamos que este 12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde possa ser um marco de encontros, caminhos e soluções.

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Actas do 12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde

Organizado por Isabel Leal, Sofia von Humboldt, Catarina Ramos, Alexandra Ferreira Valente, & José Luís Pais Ribeiro 25, 26 e 27 Janeiro de 2018, Lisboa: ISPA – Instituto Universitário

APROXIMAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA DA SAÚDE E

DIVERSIDADE SEXUAL, A PARTIR DA HOMOSSEXUALIDADE Adan Silva1() adansilva.1@hotmail.com), Iolete Silva1, & Suely Mascarenhas1

1 Universidade Federal do Amazonas, Brasil

O presente artigo foi escrito a partir das reflexões geradas por uma pesquisa no campo da Psicologia. A proposta foi entrecruzar contribuições da discussão sobre gênero e diversidade sexual com o referencial teórico da Psicologia da Saúde, pensando como tal entrecruzamento pode fornecer subsídios para ampliar as práticas da Psicologia da Saúde. Optou-se por um recorte na homossexualidade, a partir da fala dos próprios sujeitos acerca do que pensam sobre o que são, para tornar a pesquisa exequível. Propõe-se aqui dois movimentos: um primeiro, em que se apresenta o campo da Psicologia da Saúde, um segundo, onde se traça uma discussão em torno de gênero e diversidade sexual, e, por fim, apresenta-se a pesquisa: seus resultados e discussão.

Psicologia da Saúde e possibilidades de aproximação da temática sexualidade/diversidade sexual

Para Capitão, Scortegagna e Baptista (2005), a psicologia no campo da saúde está se constituindo como uma das formas de se pensar o adoecimento e os modos pelos quais homens e mulheres podem manter-se de forma saudável. Nesse sentido, para Straub (2014), um tema fundamental da Psicologia da Saúde seria o estudo dos muitos fatores que interagem para determinar a saúde, a partir da aplicação de princípios e pesquisas psicológicos para a melhoria da saúde e o tratamento e prevenção de doenças, a partir do entrelaçamento de condições sociais, fatores biológicos e até mesmo traços de personalidade. O autor chama atenção de que, a partir da análise do contexto social, a perspectiva de

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gênero em psicologia ganha contornos específicos, tanto em barreiras que tais condições encontram nos serviços de saúde, quanto no fato de que a profissão médica tenha tradição em tratar homens e mulheres de maneira diversa.

Para Ribeiro (2011), uma das características da Psicologia da Saúde, para além de focar seu interesse nos aspectos de saúde e de doenças não mentais é, também, o deslocar da atenção do polo “doença” para o polo “saúde”, passando a considerar a saúde como objeto epistemológico diferente das doenças, com definição própria e métodos de intervenção e de avaliação específicos. Compreende-se, com o autor, que as mudanças que ocorreram a partir de 1970 com a concepção de saúde alteraram mesmo o próprio papel da Psicologia no sistema de saúde. A definição atual coloca a saúde num contexto alargado de bem-estar humano em geral.

Um ponto interessante levantado por Almeida e Malagris (2011) é a de que a Psicologia da Saúde é a área da Psicologia que estuda o comporta -mento humano no contexto da saúde e da doença, buscando compreender o papel das variáveis psicológicas sobre a manutenção da saúde, o desen -volvimento de doenças e comportamentos associados à doença. A atuação do psicólogo da saúde, poderia ser, então, centrada na promoção da saúde e da prevenção de doença, nos serviços clínicos a indivíduos saudáveis ou doentes e em pesquisa e ensino. A maioria dos profissionais, conforme os autores, trabalha em hospitais, clínicas e departamentos acadêmicos de faculdades e universidades.

Pode-se depreender que, como Psicologia que pensa a saúde, uma primeira aproximação com a sexualidade/diversidade sexual estaria exata mente pela “ampliação” que se faz da saúde como um conjunto multi -fatorial e não apenas como ausência de doença. Nesse diapasão, a própria sexualidade, quando vivida saudavelmente torna-se promotora (ou não) de saúde, sendo, portanto, um aspecto fundamental do sujeito a ser conside -rado pela Psicologia da Saúde. Uma outra possibilidade de aproximação seria exatamente pelas possibilidades da atuação do psicólogo da saúde, que trabalha, conforme pontua Straub (2014) como professor, pesquisador e/ou clínico, necessitando aprofundar-se nas discussões de gênero e diversidade sexual para melhor atender às demandas cotidianas.

Por fim, pensando também na citação de Almeida e Malagris (2011), percebe-se a amplitude da atuação profissional do psicólogo da saúde, o

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que o deve aproximar de todas as formas de promoção de saúde, incluindo uma sadia vivência de sua sexualidade, a partir da autoaceitação e autode -terminação de suas vivências no campo da sexualidade e da expressão de gênero.

Gênero, saúde e diversidade sexual: Pensando a orientação sexual para uma Psicologia da Saúde

De maneira geral, entende-se, na presente escrita, gênero na perspectiva de Scott (1990), como o saber a respeito das diferenças sexuais – construída culturalmente em um processo histórico e social, o que torna a categoria livre de naturalizações, sendo transformável, maleável, passível de metamorfoses. Saúde aqui é trabalhada na perspectiva ampli -ada para além de ausência de doenças e atrel-ada a processos econômicos e sociais, conforme documentos da Organização Mundial de Saúde e demais órgãos internacionais. A diversidade sexual compreende todo o espectro de possibilidades de “ser no mundo” da sexualidade e a orienta -ção diz respeito para onde se volta o desejo do sujeito, como uma bússola apontando para determinado norte.

Borges, Canuto, Oliveira e Paz (2013), ao revisarem produções acadê -micas dos programas de graduação e pós-graduação do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) que versam sobre gênero, sexualidade, homossexualidade e/ou homossexuais, percebem que o ensino da Psicologia ainda se concentra predominante -mente nos estudos das identidades, em uma visão normativa, polarizada e patologizada quanto ao gênero e às sexualidades. Essa constatação é importante no intuito de repensar a prática do profissional de saúde, tendo em vista o papel de autoridade que, conscientemente ou não, é assumido pelo psicólogo e que pode ser um fator de aproximação ou de afastamento. Ao visitar o tema, as autoras, por meio da revisão bibliográfica empre -endida, mostram-nos as duas principais posturas dos estudos de gênero na Psicologia: a abordagem empiricista e a abordagem construcionista. Para a primeira, as diferenças sexuais estariam pautadas na existência de diferenças inatas e estáveis entre os sexos. Já na chamada abordagem construcionista, pós-moderna, tem-se um antiessencialismo e antirrea -lismo, pressupondo que o mundo social e os indivíduos sejam produtos de

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um processo social e que não existam essências dentro das coisas que as tornem o que são.

Paiva (2008) salienta a associação feita pelo senso comum entre o psicólogo e a sexualidade. Entretanto, ela salienta que o trabalho desse profissional seria beneficiado se houvesse uma redescoberta desse con -ceito (sexualidade), por propiciar que se superassem abordagens baseadas em valores pessoais e em outras com pretensões universalistas. A autora enxerga no construcionismo uma alternativa ao modelo clássico de uma sexualidade que se desvincule de valores e noções pessoais. Para ela, o paradigma construcionista “definiu como compreender a sexualidade como fenômeno social, a desigualdade entre os sexos, a subordinação das mulheres, a discriminação sexual; nas últimas três décadas dedicou-se fortemente a compreender a epidemia da Aids e a violação de direitos sexuais” (Paiva, 2008, p. 643).

Nesse sentido, a Psicologia da Saúde pode aproximar-se do campo da sexualidade, inclusive pensando temas como doenças sexualmente trans -missíveis, relações de poder e saúde, potencialidades e vulnerabilidades da sexualidade, entre outros. Importante momento é o dos anos 1970, com a produção feminista destacando o questionamento acerca da inevitabili -dade e a naturali-dade da desigual-dade entre os sexos e da subordinação feminina. A categoria gênero surge nesse momento, como relevante cate -goria de análise social, com destaque para a historiadora Joan Scott (Paiva, 2008).

Em interessante estudo sobre gênero e saúde, Alves, Silva, Ernesto, Lima e Souza (2011) discutem a necessidade de compreender os fatores que influenciam os homens a procurarem menos que as mulheres os serviços de Atenção Primária à Saúde. Como constatado pelos pesquisa -dores, há uma maior mortalidade e sobremortalidade masculina quando comparadas as causas de morte e, por outro lado, maior procura feminina pelos serviços de saúde. As autoras percebem uma estrita relação entre um modelo culturalmente construído de masculinidade e sua influência nos cuidados com a própria saúde.

Entre os autores parece haver certa unanimidade em superar o que se chama de determinismo biológico para explicar a desigualdade entre os gêneros. Mattos, Cordeiro, Araújo e Almeida (2015), ao investigarem a desigualdade de gênero entre homens e mulheres a partir de um estudo de revisão narrativa de publicações compreendidas entre 1990 e 2012 sobre a

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temática, concluem pela necessidade de entendimento do processo de construção social das diferenças entre homens e mulheres e de como isto tem contribuído para uma desigual distribuição de poder e, consequente mente, de mais geração de desigualdade de gênero, o que impacta direta -mente o campo da saúde.

Entender gênero torna-se uma necessidade para o profissional da Psicologia de Saúde, principalmente para aqueles que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme prelecionam Martins, Abade e Afonso (2016), trabalhando no SUS, o psicólogo precisa buscar a perspectiva da integralidade nos diversos locais que compõem a rede, o que requer uma dimensão dialógica, pautada na escuta atenta dos profissionais às necessi dades de saúde das pessoas. Isso implicaria compreender as especifici -dades, as potencialidades e as vulnerabilidades da população em seu contexto de existência, tendo os direitos humanos como norteador e atra -vessador de todos os processos. Isso incluiria também a perspectiva de gênero, por meio de políticas públicas voltadas para as singularidades dos diferentes públicos. A perspectiva de gênero, seria, inclusive, um pressu -posto da integralidade ao cuidado à saúde.

MÉTODO

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco sujeitos, dentro de um enfoque qualitativo de pesquisa. Os sujeitos foram escolhi -dos por amostra proposital, conforme critérios de Denzin e Lincoln (2000). Como critérios de participação, tivemos o reconhecimento do sujeito de ser homossexual (ser assumidamente gay). Não houve pré-requisito em relação a ser homossexual masculino ou feminino, nem em relação ao grau de escolaridade (a título de informação, todos possuíam Ensino Médio Completo, sendo um entrevistado estudante de nível superior). Os sujeitos possuíam entre 18 e 25 anos. Após coleta das entrevistas, estas foram analisadas por meio da análise de conteúdo, conforme proposta de Bardin (1977). Foi escolhida a análise temática para exposição dos resultados, por acreditar-se que torna os dados mais lógicos, referenciando-se a partir da perspectiva do leitor. A pesquisa foi aprovada

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pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade e procurou resguardar todas as instruções preconizadas na resolução pertinente, incluindo assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como garantia do anonimato, os nomes dos entrevistados foram trocados por P1, P2, P3, P4 e P5.

RESULTADOS

Categoria 1. Homossexualidade como ‘natural’: “nasci assim”

Em um primeiro momento, as falas circulam em torno do que os sujeitos acreditam ser a origem da homossexualidade. Para muitos, as primeiras experiências se confundem com o que os entrevistados consi -deram como “início”, o que traz embutido uma ideologia machista que vê na atividade sexual sinônimo de identidade sexual. Também se pôde captar nesse primeiro ponto certa contradição, pois em muitos momentos os entrevistados dizem identificar-se como homossexuais como algo “desde sempre”, “não teve influências”, “que dá sinais desde a infância”, em outros momentos há ligação entre ato sexual e orientação sexual. Essa primeira categoria também atrelou a vivência de ser homossexual a algo “normal”, “muito bom”, “nada de diferente”. Nenhum dos entrevistados revelou qualquer “trauma infantil” ou vivência de abuso sexual, algo ainda muito pensado via senso comum. Também se percebeu uma “naturalização do natural” bem como do “normal”, visto que quatro participantes afir -maram ser “naturalmente homossexuais”, mas, ao serem questionados sobre o que significa ser “normal” ou “naturalmente” homossexuais, não souberam explicar tais definições. Talvez essas ideias queiram expressar o que os cinco entrevistados afirmaram em uníssono: a homossexualidade é algo que se manifesta bem antes da vida adulta.

Categoria 2. Homossexualidade enquanto construção social: Fatores culturais

Nesta categoria estão agrupados os conteúdos ligados ao sujeito em suas relações sociais e como estas impactam a construção da sexualidade

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gay, dentro de determinado sistema cultural. Muitos dos conteúdos aqui expostos vieram a partir do que os entrevistados chamaram de “críticas”. Em torno desse núcleo pôdese agrupar como as pessoas, grupos, institui -ções com quem os entrevistados convivem “moldaram” a construção subjetiva dos diferentes sujeitos. As falas evidenciaram situações de sofrimento psíquico em diversos contextos: escola, igreja, família. Entretanto, todos os sujeitos que relataram sofrimento trouxeram uma concepção da vivência homossexual como tão intrínseca, arraigada em si, que as diferentes expressões de sofrimento nunca provocaram mudanças na expressão sexual. Os sujeitos pareceram criar rotas para lidar com o sofrimento, sem necessitarem abandonar quem são. O momento de maior preocupação para o homossexual parece ser o “assumir-se gay”, onde a maioria das violências (físicas, psicológicas e/ou simbólicas) emergiram e são relatadas como difíceis. Isso parece ser um campo onde se podem pensar possibilidades de intervenção do psicólogo da saúde, em sentido preventivo, principalmente aqueles que trabalham na saúde pública.

Categoria 3. Sentidos da homossexualidade

Nessa categoria foram agrupadas falas que permitem visualizar o que o sujeito significou subjetivamente sobre “ser homossexual”. De modo geral, os entrevistados alegaram nunca ter parado para pensar a própria vida segregada da própria sexualidade tal como construída. Os sujeitos ligam a homossexualidade a uma expressão feliz, a gostos culturais peculi -ares que o singularizam. Para todos os sujeitos, viver a homossexualidade é vivê-la em tudo aquilo que pode oferecer. Um dado interessante foi como os sujeitos historicizaram o “tornarse gay”: os entrevistados foram unâni -mes em falar que em casa e na escola nunca ouviram falar de educação sexual na perspectiva das singularidades homossexuais. A maioria aprendeu com os amigos “como” ser gay e como eram os relacionamentos. A escola é relatada pelos entrevistados como “descoberta”.

Categoria 4. Homossexualidade é identidade

Ao término da entrevista, solicitouse aos sujeitos que falassem livre -mente sobre que representação possuem da homossexualidade. De modo

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geral, pode-se notar o quanto a indissociabilidade sujeito-sexualidade é presente nos discursos dos entrevistados, corroborando a perspectiva de saúde adotada pelos organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde. Nesse sentido, esse conceito que pensa as condições econômicas, sociais e históricas precisa ser incorporado pelo psicólogo da saúde, já que aumenta seu campo de visão para melhor atuar, não correndo o risco de invisibilizar configurações subjetivas tão importantes como a sexualidade. Também pode-se perceber, nas falas dos sujeitos, como a homossexualidade é recheada de sentidos e significados, o que aproxima a necessidade de encarar as sexualidades, diversidade de gênero sob uma perspectiva menos reducionista e determinista e mais interligada ao contexto cultural. Aproximamo-nos, dessa forma, das perspectivas construcionistas aqui descritas, como as apresentadas por Paiva (2008), Borges et al. (2013) e demais autores que propugnam pelo extrapolamento da dimensão unicamente biológica, vendo no sujeito um ser ativo, histó -rico e social.

Na primeira parte da discussão teórica aventamos algumas possibili -dades (em três pólos) de aproximação da Psicologia da Saúde do gênero, orientação sexual e diversidade sexual. Gostaríamos aqui de retomá-las e corroborá-las corroborá-las, já que o trabalho tende a confirmar nossas hipóteses.

DISCUSSÃO

De posse das categorias em análise, pôde-se perceber que as diferentes sexualidades possuem muito a oferecer ao psicólogo da saúde. Como exposto, a partir da escuta do que o sujeito tem a dizer, o profissional pro -positivo tem a oportunidade de atuar promovendo saúde física e mental, campo dessa atuação em específico. Espera-se que o presente estudo tenha levantado a importância de o sujeito ser entendido enquanto construção, para que a atuação psicológica seja pautada pela ética profissional e não por julgamentos morais e/ou religiosos.

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Organizado por Isabel Leal, Sofia von Humboldt, Catarina Ramos, Alexandra Ferreira Valente, & José Luís Pais Ribeiro 25, 26 e 27 Janeiro de 2018, Lisboa: ISPA – Instituto Universitário

REALIDADE OBSTÉTRICA DO BRASIL:

PANORAMA TEÓRICO E BIBLIOGRÁFICO ACERCA DAS PROBLEMÁTICAS ENVOLVIDAS

Adriana Navarro Romagnolo1 () adriananavarro.psicologia@gmail.com), Bruna

Setin Januário1, Vivian Brandão de Freitas1, Neliane Lazarini de Sousa2, & Miria

Benincasa Gomes1

1 Universidade Metodista de São Paulo, Brasil; 2 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo, Brasil

Entre as décadas de setenta e oitenta do século passado houve uma mobilização internacional no sentido de avaliar a assistência ao parto em âmbito mundial. Os principais assuntos em pauta eram os elevados índices de cesárea e a excessiva medicalização do processo de parto sem evidências científicas em vários lugares do mundo. Pontos importantes considerando que há bem pouco tempo o parto era um processo fisiológico normal (WHO, 2010). Em 1985 realizou-se a Conferência sobre Tecnologia Apropriada

para o Parto, sob a coordenação da Organização Mundial de Saúde (OMS)

(WHO, 1985). Essa reunião foi considerada um marco tanto para a saúde pública quanto para a defesa dos direitos da mulher e do bebê. A partir de então, estudos como este vêm sendo realizados no sentido de desenvolver uma assistência obstétrica que envolva as melhores práticas, priorizando o bem-estar da mãe e do bebê, de maneira integral (Patah & Malik, 2011).

A Carta de Fortaleza, documento desenvolvido nesse mesmo encontro, preconiza a liberdade da mulher para escolher a melhor posição no trabalho de parto e no momento do nascimento; a opção de ter acompanhante durante o parto e todo o trabalho de parto; o fim de alguns procedimentos médicos que, além de não apresentarem benefícios, podem gerar prejuízos quando aplicados rotineiramente. Esta reunião configurou o início de mudanças no cenário obstétrico daquele momento (ANS, 2008; Diniz, 2005).

No que se refere à realidade brasileira, observa-se a reprodução do padrão mundial. As mulheres com gestação de baixo risco são desneces -sariamente expostas às situações adversas e iatrogênicas que o excesso de

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tecnologia impõe, independentemente de sua situação socioeconômica (Andreucci & Cecatti, 2011). Esta realidade gera impacto em outras áreas da vida que se estendem para além do momento do nascimento. Estudos longi tudinais mostram implicações da via de parto, por exemplo, na amamen -tação. As pesquisas indicam que a cesárea eletiva, em comparação com a cesárea de emergência ou o parto normal, gera um início tardio da amamen tação e oferece pelo menos três vezes mais risco da interrupção da amamen -tação no primeiro mês de vida (Pereira, Fonseca, Oliveira, Souza, & Mello, 2013; Priror et al., 2012; Weiderpass, Barros, Victora, Tomasi, & Halpern 1998; Zanardo et al., 2010).

O objetivo do estudo é analisar a realidade obstétrica brasileira visando obter um panorama teórico e bibliográfico acerca das problemáticas envolvidas nesse tema, principalmente no que se refere a aspectos emocio -nais relacionados ao ciclo gravídico-puerperal.

MÉTODO

O presente estudo foi realizado com o método qualitativo do tipo bibliográfico. Segundo Gil (1996), esse método de pesquisa bibliográfica é desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principal -mente de livros e artigos científicos.

Foi realizado um levantamento teórico utilizando livros com autores associados ao tema escolhido, bem como bases de dados online, entre elas SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde Pública), LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe) e Colaboração Cochrane. Também foram utilizadas apostilas disponíveis em sites do Ministério do Brasil e dados da Organização Mundial de Saúde.

RESULTADOS

O cenário obstétrico brasileiro atual divide-se em três grandes polos, são eles: o parto com assistência humanizada, cirurgias cesarianas eletivas e partos com violências obstétricas, os quais definimos abaixo.

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Parto com assistência humanizada

O conceito de atenção humanizada do parto envolve o entendimento de que ele é um evento no qual a díade mãe-bebê são protagonistas em detrimento da equipe de saúde, que, em um momento de tamanha importância e repleto de significados que é o parto-nascimento, deve se colocar ao lado da mulher e da família, em uma posição de quem escuta e apoia antes da que intervém (Brasil, 2001, 2010; Rede Saúde, 2002).

A literatura aponta que, ao considerar a humanização relacionada ao parto, alguns cuidados merecem especial consideração: o acolhimento e cuidado pela equipe de saúde; o empoderamento da mulher para o trabalho de parto e o parto; a inclusão da mulher na tomada de decisões; e a concepção da gravidez e do nascimento como processos saudáveis e fisiológicos (ANS, 2008; Brasil, 2014; Ciello et al., 2012; Diniz, 2005; Wolff & Waldow, 2008).

Quanto às indicações atuais da OMS e Ministério da Saúde, os protocolos de trabalho de parto envolvem o fornecimento de bebidas isotônicas, a adoção da posição vertical ou liberdade de movimento, e o uso de métodos não-farmacológicos para aliviar a dor – como massagem, banho de chuveiro ou de imersão em água morna para aumentar o conforto materno e facilitar o trabalho de parto. Essas técnicas são acessíveis e de baixo custo, podendo ser fornecidas tanto nos serviços de saúde públicos quanto privados (Brasil, 2014; Diniz, 2003, 2005; WHO, 2010).

Violência Obstétrica (VO)

A VO é tipificada em alguns países, como é o caso da Venezuela e da Argentina. De acordo com as definições dadas pelas leis desses países, a VO é caracterizada pela apropriação do corpo e dos processos reprodutivos das mulheres, ou seja, de sua saúde sexual e reprodutiva, pelos profissionais de saúde (servidores públicos, profissionais técnico-administrativos de instituições de saúde publicas ou privadas), por meio do tratamento desumano (abuso da medicalização ou negação desta quando necessária) e patologização dos processos fisiológicos, gerando perda da autonomia e capacidade de decidir sobre seus corpos e sexualidade de maneira livre (Belli, 2013; Ciello et al., 2012).

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Estudo recente da FIOCRUZ (2014) mostra que uma entre quatro mulheres brasileiras relata ter passado por violência obstétrica. Há a hipó tese de esses índices terem sido subestimados, pois uma quantidade signifi -cativa de mulheres não tem consciência de que não receber esclarecimentos sobre o que será feito com seu corpo, não dar consentimentos sobre determinadas intervenções, ter seu parto acelerado por conveniência profis -sional ou receber indicação de cesárea eletiva são, também, violências obstétricas (Andrade & Lima, 2014; ANS, 2008).

As intervenções mais usadas como rotina no Brasil em mulheres de baixo risco, apesar de não terem evidências médicas para essa prática são: episiotomia (observada em mais de 50% das mulheres é a única cirurgia feita sem o consentimento da mulher e sem que ela seja informada sobre suas indicações e contraindicações); posição litotômica (utilizada em 90% das mulheres); gotejamento de ocitocina, “dilatação” e ruptura artificial de membrana amniótica (utilizado em 40% das mulheres); e a manobra de Kristeller (ACOG, 2014; Amorim & Katz, 2008; Carvalho et al., 2010; Ciello et al., 2012; Leal et al., 2014; WHO, 2009).

Quanto à violência obstétrica relacionada ao tratamento desumano dos profissionais e técnicos, pesquisas recentes assinalam: tratar uma mulher em trabalho de parto de maneira a fazêla se sentir inadequada, humilhada, infe -riorizada, incapaz; impedir ou dificultar que a mulher tenha um acom -panhante de sua escolha durante todo o seu parto e trabalho de parto (esse direito, apesar de comumente negligenciado, é resguardado pela Lei 11.108, de 7 de abril de 2005); exigir que a mulher se submeta a procedimentos desnecessários e, muitas vezes dolorosos, como raspar os pelos pubianos, realizar lavagem intestinal, receber exames de toque com a porta aberta, manterse em posição ginecológica com portas abertas; discriminar ou ridicu -larizar a mulher por alguma característica ou condição pessoal; submeter a mulher a vários exames de toque realizados por vários profissionais dife rentes sem seu consentimento prévio, mesmo que para o processo de aprendi -zagem da prática médica etc. (Belli, 2013; Bowser & Hill, 2010; Brasil, 2014; Ciello et al., 2012; Diniz, 2005; Leal et al., 2014; Wolff & Waldow, 2008).

Cirurgia cesariana eletiva

De acordo com o Manual Merck Sharp & Dohme Corp (2009): A cesa -riana é o parto cirúrgico por meio de uma incisão feita no abdómen e no útero da mãe. Recorre-se a esse processo quando os médicos consi deram

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que é mais seguro do que o parto vaginal para a mãe, para o bebê ou para ambos.

Inicialmente, a cesariana era realizada em caso de óbito materno com o objetivo de salvar a vida do bebê. Posteriormente, foi ampliado seu uso, porém, ainda no sentido de salvar vidas, frequentemente em gestações de alto risco. Para a Organização Mundial de Saúde, não existem justificativas para índices superiores a 15% de cesarianas em qualquer região do mundo. Esse procedimento, contudo, vem sendo realizado em larga escala por vários motivos como: redução da sensação de dor, realização de laqueaduras, interesses médicos, receio de processos, conforto para mulher, entre outros. Observa-se, contudo, que o aumento dessa via de parto não é homogênea em todas as regiões. Em populações subdesenvolvidas e de baixa renda a cesá -rea vem sendo usada com escassez, deixando de salvar vidas pela precária disponibilidade de hospitais e profissionais de saúde aptos a realizá-la. Por outro lado, em populações economicamente privilegiadas o uso é excessivo, desnecessário e, muitas vezes, está associado a consequências negativas à mãe e ao bebê (Betrán et al., 2007; Chiavegatto, 2013; WHO, 2009, 2010). A taxa de cesárea no Brasil é a mais alta do mundo segundo pesquisa realizada pela FIOCRUZ (2014). Verifica-se que essas taxas chegam a 52% sendo que, na rede suplementar, 88% dos nascimentos foram cirúrgicos, sendo a grande maioria agendada para 36 a 38 semanas de gestação. Chiavegatto (2013), analisando as taxas de cesárea na cidade de São Paulo, identificou um aumento significativo dessa cirurgia em véspera de datas importantes (feriados e comemorações festivas), além da redução progressiva desses partos aos domingos. Considerando os partos vaginais, os autores verificaram homogeneidade entre os dias do ano. Estes dados sugerem conveniência médica na escolha de datas, evitando a interrupção do feriado para assistir a um parto e ferindo a bioética. Outra questão que se coloca aqui é que, com o agendamento antecipado, há grande chance de o bebê não estar suficientemente maduro para nascer (Chiavegatto, 2013; Ferrari, 2009; Leal et al., 2014; Patah & Malik, 2011; Uzcátegui & Cabrera, 2010).

DISCUSSÃO

No Brasil, as mulheres com níveis socioeconômicos mais elevados dão à luz em hospitais privados. Enquanto essas estão mais propensas a

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receber uma cascata de intervenções e medicalização até chegar a uma cesariana, estão menos expostas ao tratamento desumano da violência obstétrica. Aquelas que utilizam o serviço público e, em sua maioria, vivenciam um parto normal, tendem a ser submetidas à episiotomia e tratamentos desumanos pelos profissionais de saúde (Leal et al., 2014).

No que se relaciona à melhoria da assistência obstétrica, o Ministério da Saúde tem desenvolvido um conjunto de estratégias a fim de reduzir a morbimortalidade materna e neonatal além de ampliar o acesso, a qualificação e a humanização da atenção nas mais diversas situações, como durante o pré-natal, ao parto, ao nascimento, ao puerpério, ao recém-nascido e à situação de abortamento. Na direção de qualificar a assistência ao parto, observa-se que a mulher em trabalho de parto e parto necessita receber um cuidado humanizado, o que envolve a possibilidade de acesso aos avanços científicos e principalmente, o exercício da cidadania, priorizando sua liberdade de escolha nos encaminhamentos durante as ações que permeiam o processo de parir (Brasil, 2001). Ainda assim, cabe ressaltar que mesmo com todas as cartilhas e diretrizes disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, muitas instituições ainda não adotam as recomendações exigidas.

A humanização da assistência ao parto é um tema discutido há bastante tempo, porém, ainda de pouca repercussão e compreensão entre aqueles que não possuem contato com o assunto. Ainda assim, é uma discussão que tem ganhado força e que tem crescido bastante nos diferentes veículos de comunicação. Podemos observar grande importância no campo da Psicologia devido aos fortes impactos biológicos, psíquicos e sociais que a gestação, o parto, o puerpério e a maternidade representam não só na vida da mulher, mas de todos aqueles em seu convívio, bem como para a contribuição na construção de políticas públicas a fim de promover melhorias na realidade atual.

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Actas do 12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde

Organizado por Isabel Leal, Sofia von Humboldt, Catarina Ramos, Alexandra Ferreira Valente, & José Luís Pais Ribeiro 25, 26 e 27 Janeiro de 2018, Lisboa: ISPA – Instituto Universitário

VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL AOS MENINOS – UMA EXPERIÊNCIA NO CREAS

Adriane Andrade Costa1() adrianepsi.costa@gmail.com), & Adriana R. Caldeira de

Oliveira1

1 PPGPSI/UFAM – Manaus, Amazonas, Brasil

Na atualidade, a violência sexual é sinalizada como um complicador da saúde pública em decorrência do alto índice de prevalência na popula -ção, bem como aos diversos prejuízos que podem acometer as vítimas, seja em seu desenvolvimento afetivo, social, comportamental ou cognitivo (Habigzang & Caminha, 2004). A violência sexual, além de ser uma violação de direitos, pode ocasionar consequências negativas de diversas ordens, afetando o físico, o emocional, o mental e o social de um indivíduo e de sua família (Costa, 2017).

Dados do Disque Direitos Humanos – Disque 100 alertam que no primeiro semestre de 2015 foram registradas 66.518 denúncias sobre violações de direitos, onde 63,2% são violações de direitos humanos de crianças e adolescentes (42.114). Destas 21,90% são referentes à violência sexual. O perfil das vítimas por gênero revela que meninas, com 45%, são as maiores vítimas com registro de denúncias, seguido pelos meninos com 39%; 16% das denúncias não tiveram o gênero da vítima informado. A faixa etária mais atingida é de 08 a 11 anos, somando 20%, seguido das faixas etárias de 04 a 07 e de 12 a 14 anos, representando cada uma 19% respetivamente (Brasil, 2015). A concretização da denúncia é algo com -plexo que deve ser entendido numa compreensão histórico-cultural, onde a maioria dos casos, principalmente de violência contra meninos, ou não são denunciados ou são sub-notificados (Hohendorff, Habigzang, & Koller, 2012).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990) em seu artigo 87, inciso III, ao falar sobre as diretrizes da política de atendimento as crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, preconiza que estas

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recebam atendimento especializado. Este atendimento especializado também é ofertado nos Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS). O CREAS é definido como um serviço que atende indivíduos e suas famílias em risco ou violação de direitos, ofertando atendimento e atuando no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes visando à proteção e à garantia integral de direitos da população infanto-juvenil (Brasil, 2011b).

Violência sexual contra crianças e adolescentes

O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (2013) entende a violência sexual, nas modali -dades de abuso sexual e exploração sexual, como todo ato, de qualquer natureza, atentatório ao direito humano ao desenvolvimento sexual da criança e do adolescente, praticado por agente em situação de poder e de desenvolvimento desigual em relação à criança e adolescente vítimas.

Habigzang e Caminha (2004) definem a violência sexual como toda ação cujo agressor esteja em estágio de desenvolvimento psicossocial mais adiantado que a vítima, onde a criança e o adolescente são usados pelo agressor a fim de obter satisfação sexual. O abuso sexual pode prescindir de contato físico como o assédio sexual, abuso sexual verbal, telefonemas obscenos, voyerismo, exibicionismo e pornografia ou pode ocorrer com contato físico através de manipulação da genitália, mama, ânus, e ato sexual com ou sem penetração oral, vaginal ou anal (Habigzang & Caminha, 2004). O Conselho Federal de Psicologia – CFP (2009) define exploração sexual infanto-juvenil como uma relação de exploração e poder, a qual o corpo da criança ou adolescente é usado e ofertado a fim de obtenção de proveito deste, bem como, satisfazer a demanda de consumidores do mercado do sexo.

Violência sexual contra meninos

Hoje no Brasil há significativo interesse sobre estudos e pesquisas a cerca da violência sexual contra crianças e adolescentes e, embora essas pesquisas sejam realizadas sem a ênfase no sexo das vítimas, ao realizar um estudo mais aprofundado sobre o perfil dos participantes, contata-se

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que há predominância acentuada de vítimas do sexo feminino (Hohendorff et al., 2012). Paralelo a essa constatação verifica-se a escassez de estudos sobre violência sexual contra meninos.

Dados do Disque Direitos Humanos – Disque 100 do primeiro semestre de 2015 nos informam que do total de denúncias recebidas sobre violência sexual contra crianças e adolescentes, 39% das vítimas eram do sexo masculino e 16% das denúncias não tiveram o sexo da vítima infor -mado (Brasil, 2015). Estimativas indicam que uma a cada quatro meninas e um a cada seis meninos experimentaram alguma forma de violência sexual na infância ou na adolescência (Hohendorff, cit. in Sanderson, 2005). Apesar destes dados, não é possível afirmar se a violência sexual contra meninos no Brasil ocorre em menor frequência ou se é menos notificada em relação aos casos com meninas.

Hohendorff, Habigzang, Rodrigues e Koller (2012b) levanta a hipó -tese de que a violência sexual feminina é notificada com maior frequência do que a violência contra meninos. Isso pode ocorrer em decorrência da dificuldade dos meninos em relatar o ocorrido; a banalização devido a estereótipos de masculinidade e força e a “cultura esperada” da violência contra meninas. “Assim, o relato de meninos e homens sobre suas experi -ências de violência sexual é dificultado devido ao medo das reações e vergonha dos familiares e pessoas próximas” (p. 398).

Alguns estudos realizados com o público masculino revelaram condi -ções que podem ser associadas a fatores de risco para a violência sexual: residir somente com a mãe, ou com nenhum dos pais; possuir pais recasados ou separados, abusadores de álcool ou com comportamentos criminais; meninos negros ou pardos; e fatores socioeconômicos, como pertencimento a camadas sociais de níveis mais baixos (Hohendorff, 2012, apud Holmes & Slap, 1998; Kristense, 1996). Estudos realizados no Brasil sugerem que as vítimas masculinas tenham até 12 anos de idade (Hohendorff et al., 2012).

Um fator importante que diferencia as consequências entre os casos de violência sexual entre meninos e meninas é a preocupação quanto à orien -tação sexual. A violência pode levar os meninos a sentirem-se confusos quanto a sua sexualidade e muitas vezes temem a homossexualidade, haja vista a ocorrência do episódio (na maioria das vezes) comumente acon -tecer numa relação homossexual (entre um homem e um menino). Esse conflito sobre a orientação sexual pode ser exarcebado pelas reações familiares ao levantar suposições ou insinuações quanto ao comporta

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mento da vítima, principalmente quando ocorre demora em revelar a violência (Hohendorff et al., 2012b).

O presente artigo tem o objetivo apresentar, através de uma revisão de literatura, as pesquisas e produções científicas a cerca da violência sexual contra meninos no Brasil e, de que maneira o CREAS tem realizado o atendimento e acompanhamento dessas vítimas. Com um enfoque especí -fico à atuação do psicólogo frente a esta demanda, destacando as políticas de atendimento e acompanhamento para este tipo de violência dentro do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

MÉTODO

Para se alcançar o objetivo proposto para este artigo foi utilizada como metodologia a revisão bibliográfica na modalidade de artigo de revisão de literatura (ARL). A American Psychological Association (APA, 2012) descreve como avaliações críticas de matérias que já foram publicados, considerando o progresso das pesquisas na temática abordada. “Os ARLs são textos nos quais os autores definem e esclarecem um determinado problema, sumarizam estudos prévios e informam aos leitores o estado em que se encontra determinada área de investigação” (Koller, 2014, p. 40).

Após a escolha da temática a ser revisada, foram escolhidos três descritores que orientaram as buscas nas bases de dados: CREAS, Atendi mento psicossocial, Violência sexual em meninos. As bases de dados utili -zadas foram escolhidas pela relevância que possuem na área da psicologia no Brasil e pelo volume de publicações que dispõem, sendo elas: Scielo, Bvspsi e Pepsico. A busca nos periódicos teve como limitadores publica -ções em língua portuguesa a partir de 2001, que foi o ano de criação do Programa Sentinela, que deu origem ao CREAS.

É importante pontuar que as buscas nos periódicos identificaram artigos em mais de uma base de dados, ou seja, os artigos se repetiam. Com o descritor “Atendimento psicossocial” encontrou-se quatro artigos diferentes; com o “CREAS” encontrou-se oito artigos diferentes e, com o termo “violência sexual em meninos” foram identificados quatro artigos. Uma observação relevante a ser feita é que dos 4 artigos sobre violência

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sexual em meninos, três são escritos pelos mesmos pesquisadores e nenhum deles enfoca o atendimento ofertado no SUAS.

O ARL não limita suas pesquisas apenas a artigos publicados em periódicos o que possibilitou também que o levantamento bibliográfico se estendesse para livros de autores que pesquisam sobre a violência sexual infanto-juvenil no Brasil bem como dissertação de mestrado e tese de doutorado. Também foi usada uma cartilha empregada pelo grupo Tecendo Redes na qualificação de profissionais do CREAS da região metropolitana de Manaus. Todo o material relativo a Política Pública de Assistência Social foi consultado pelo meio de seu portal oficial, www.mds.gov.br

onde as publicações podem ser baixadas e consultadas.

RESULTADOS

Hohendorff et al. (2012) ao fazer um “levantamento breve não siste -mático” em três bases de dados nacionais achou apenas uma publicação sobre violência sexual contra meninos. Almeida et al. (2009) discorre, através de um estudo de caso de um menino de 13 anos, como a diferença de gênero da vítima de violência sexual faz diferença no seu percurso de superação da violência sofrida e enfoca especificamente a experiência e vivência no sexo masculino. E este foi um dos apontamentos de Hohendorff et al. (2012) ao perceber a quase inexistência de publicações científicas sobre violência sexual contra vítimas do sexo masculino.

Em 2016, ao fazer um levantamento semelhante ao de Hohendorff et al. (2012), também se pesquisou em três bases de dados nacionais brasi -leiras publicações referentes à violência sexual contra meninos e foram encontradas apenas quatro publicações, a de Almeida, Penso e Costa (2009) e mais três publicações feitas pelo próprio Hohendorff e colabora -dores, Hohendorff et al. (2012a); Hohendorff et al. (2012b) e Hohendorff, Silva, Andrade, Habigzang e Koller (2014). Sinalizando que no espaço de cinco anos apenas três publicações sobre violência sexual contra meninos foram publicizadas, o que é muito pouco dada à importância e relevância desta temática. Essas três publicações foram o desmembramento da disser -tação de mestrado de Hohendorff (2012) cujo título é “Adap-tação e

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Figura 1. Histograma comparativo das porcentagens obtidas no ISSL (N=60)
Figura 2. Histograma comparativo das médias obtidas em cada uma das dimensões do Bem-estar Psicológico (N=60)
Figura 1. Processo de seleção de artigos
Figura 1. Modelo fatorial de 2ª ordem das Crenças de Doença e Alimentação

Referências

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