UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA
A influência das práticas parentais e do estilo internalizante para o agravamento da asma alérgica infantil: a relação mente-corpo; do modelo psicossomático
ao modelo integracionista
Luís Miguel Leandro do Nascimento Roque
Orientador: Prof. Doutor João Manuel Rosado de Miranda Justo
Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor em Psicologia Clínica
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA
A influência das práticas parentais e do estilo internalizante para o agravamento da asma alérgica infantil: a relação mente-corpo; do modelo psicossomático
ao modelo integracionista
Luís Miguel Leandro do Nascimento Roque
Orientador: Prof. Doutor João Manuel Rosado de Miranda Justo
Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor em Psicologia Clínica
Júri: Presidente:
Doutor Leonel-Garcia-Marques, Professor Catedrático e Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Psicologia.
Vogais:
- Doutora Anabela Maria Sousa Pereira, Professora Associada com Agregação do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro;
- Doutor António Francisco Mendes Pedro, Professor Associado do Departamento de Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa;
- Doutor João Manuel Rosado de Miranda Justo, Professor Auxiliar da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, orientador;
- Doutora Ana Maria Portela Nunes de Sousa Ferreira, Professora Auxiliar da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
iii
Agradecimentos
Quero agradecer, em primeiro lugar, ao meu filho Simão Roque, e à minha mulher, Patrícia Carreira, pelo tempo que me emprestaram.
De seguida, quero agradecer ao resto da minha família e amigos que, directa ou indirectamente, me ajudaram a conceber esta tese.
Também quero agradecer a todos os professores do programa doutoral, representados pela figura do Professor Bruno Ademar Paisana, que muito ajudaram ao desenvolvimento deste projecto. Também gostaria de agradecer a todos os colegas de curso pelo bom ambiente de trocas de informação e interajuda mútua.
De seguida, quero agradecer a toda a estrutura directiva do Hospital de Santa Maria, que acolheu este projecto, em especial a consulta de alergologia respiratória do departamento de Pneumonologia do mesmo hospital.
A consulta de alergologia respiratória, representada pelo Professor Costa Trindade, demonstrou uma excelente colaboração sob a forma de disponibilidade, cordialidade, apoio, simpatia e gentileza.
Em último, quero agradecer ao Professor João Manuel Rosado de Miranda Justo, cujo rigor metodológico, disponibilidade, profissionalismo, sentido de trabalho em equipa, cordialidade e conhecimentos, foram imprescindíveis para a elaboração desta tese.
v
Resumo Introdução:
A asma é a doença crónica infantil mais comum nas crianças e a sua prevalência tem vindo a aumentar. Esta doença tem sido relacionada com a influência de vários factores, desde psicológicos, ambientais, genéticos, etc.
Hipóteses Gerais:
A primeira hipótese geral do nosso defende que a gravidade da asma alérgica infantil depende da percepção da criança acerca dos estilos parentais educativos. A segunda hipótese geral defende que a gravidade da asma depende das percepções dos pais das crianças asmáticas relativamente aos estilos psicológicos das crianças. Assim, a nossa investigação comportou dois estudos.
Instrumentos:
Para avaliar os diferentes graus de patologia asmática, elaborámos um questionário, conforme o consensus pediatricus (1998). Relativamente às práticas educativas parentais, usámos o EMBU-C (Perris et al., 1980) na versão Portuguesa (Canavarro & Pereira, 2007). Para a avaliação dos estilos psicológicos da criança, aplicámos o CBCL (Achenbach & Edelbrock, 1983) na versão Portuguesa (Fonseca et al., 1994).
Participantes:
117 crianças (67 rapazes e 50 raparigas) com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos recrutadas na Consulta de Alergologia Infantil do Hospital de Santa Maria.
Resultados:
Encontrou-se uma correlação estatisticamente significativa entre o género da criança asmática e a gravidade da asma. Nas análises de regressão, verificou-se que as seguintes variáveis contribuem significativamente para a explicação da gravidade da asma: nas raparigas – suporte emocional da mãe e hiperactividade/défice de atenção; nos rapazes - suporte emocional da mãe, isolamento e hiperactividade/défice de atenção.
Conclusões:
A asma infantil alérgica está intimamente relacionada com aspectos psicológicos das crianças asmáticas e com aspectos psicológicos dos cuidadores dessas crianças. No futuro, a abordagem clínica desta doença, deveria incluir este tipo de conhecimento.
vii
Abstract Introduction:
Asthma is the most common childhood chronic illness in children and its incidence has being increasing. This disease has been linked with the influence of several factors, from, psychological, environmental, genetic, etc.
General Hypotheses:
The general hypothesis in our study is that severity of allergic asthma in children depends of the perception of the child about educational parenting styles. A second general hypothesis stands that the severity of children’s asthma depends on perceptions of asthmatic children`s parents about their children`s psychological styles. Thus, our investigation included two studies.
Instruments:
To assess the several degrees of asthmatic pathology, we have drawn up a
questionnaire, in accordance with consensus pediatricus (1998). With regard to parental educational practices, we used the Portuguese version (Canavarro & Pereira, 2007) of the EMBU-C (Perris et al., 1980). For the evaluation of the child's psychological styles, we used the Portuguese version (Fonseca et al., 1994) of the CBCL (Achenbach & Edelbrock, 1983).
Participants:
117 subjects (67 boys and 50 girls) aged 6 to 12 years old, recruited at the Hospital de Santa Maria, Consultation of Pediatric Allergy.
Results:
We found a statistically significant correlation between the genus of the asthmatic child and the severity of asthma. In regression analysis, it was found that the following variables contribute significantly to the explanation of the severity of asthma: in girls - emotional support from the mother and hyperactivity/attention deficit; in boys - emotional support from the mother, isolation and hyperactivity/attention deficit.
Conclusions: Children’s allergic asthma is closely related to psychological aspects of
asthmatic children and with psychological aspects of these children caregivers. In the future, the clinical approach of this disease should include this kind of knowledge.
ix
ÍNDICE
CAPÍTULO 1.Introdução………..…... ..………..27
CAPÍTULO 2. Revisão da literatura………...33
2.1. Investigação teórica………..35
2.1.1.O problema mente-corpo e as vicissitudes da psicossomática……….35
2.1.2. Perspectiva psicanalítica do problema mente-corpo………46
2.1.3. Perspectiva psicofísica e behaviorista do problema mente-corpo………...56
2.1.4. O problema mente-corpo: o impasse entre nerocognitivismo e neurofenomenologia……….68
2.1.5. O problema mente-corpo: da perspectiva sistémica à perspectiva integracionista ou biocomportamental………...128
2.1.6. Resumo da teoria sobre a relação mente-corpo……….134
2.1.7. A asma………...136
2.1.7.1. Introdução……….136
2.1.7.2. A asma no modelo psicossomático de orientação psicanalítica…………...138
2.1.7.3. A asma na teoria psicofísica e behaviorista………..140
2.1.7.4. Perspectiva da ciência cognitiva e da teoria neurofenomenológica da asma………..142
2.1.7.5. Da perspectiva da teoria sistémica à teoria integracionista ou biocomportamental da asma…...………...146
2.1.7.6. Resumo da investigação teórica da asma………...149
2.1.8. Parentalidade, práticas educativas parentais e estilos parentais………....152
2.1.8.1. Introdução...152
2.1.8.2. Parentalidade...152
2.1.8.3. Práticas educativas parentais...153
2.1.8.4. Estilos parentais...153
2.1.8.5. Abordagens...154
2.1.8.6. Conclusão acerca da parentalidade, práticas educativas e estilos parentais……….158
2.1.9. Estilos psicológicos (Internalizante/Externalizante)………..159
2.2. Contributos da investigação empírica acerca da doença asmática……….160
2.2.1. Introdução………..160
2.2.2. Investigação empírica em psicossomática……….160
2.2.3. Asma e técnicas projectivas………...161
2.2.4. Factores psicológicos na asma infantil………..163
2.2.4.1. Asma e parentalidade...165
2.2.4.2. Asma e estilo internalizante………..173
2.2.4.3. Estilos parentais, funcionamento internalizante e asma………...184
2.2.5. Asma e género………...189
2.2.6. Asma e psicoterapia………...191
2.2.6.1. Introdução………...191
2.2.6.2. História da intervenção na asma………...192
2.2.6.3. Psicanálise………....194
2.2.6.4. Hipnoterapia………...196
2.2.6.5 Terapia comportamental………....197
x
2.2.6.7. Terapia de grupo………...205
2.2.6.8. Conclusão acerca da psicoterapia com doentes asmáticos………...206
. CAPÍTULO 3. Hipóteses e objectivos gerais……...209
CAPÍTULO 4. Método..………....211
4.1. Definição das variáveis da hipótese geral do primeiro estudo………...213
4.2. Operacionalização das variáveis do primeiro estudo……….213
4.2.1. Instrumento de avaliação da gravidade da asma ………...…214
4.2.2. EMBU-C………216
4.2.3. ICCP……….………...219
4.2.4. Questionário Sociodemográfico e Clínico……….222
4.3. Hipóteses específicas do primeiro estudo………...223
4.3.1. Definição das variáveis das hipóteses específicas do primeiro estudo……..…223
4.3.2.Operacionalização das vaiáveis das hipóteses específicas do primeiro estudo……….224
4.4. Hipóteses específicas do segundo estudo………...224
4.4.1. Operacionalização das variáveis do segundo estudo………...225
4.4.2. Definição das variáveis das hipóteses específicas do segundo estudo………..225
4.5. Amostra………...226
4.6. Recolha, local e contexto………..…..226
4.7. Procedimento………...226
4.8. Tratamento estatístico………...227
CAPÍTULO 5. Resultados……….229
5.1. Introdução……….………..231
5.2. Análise descritiva………...232
5.2.1. Análise descritiva dos dados relativos às raparigas………...232
5.2.2. Análise descritiva dos dados relativos aos rapazes………...234
5.2.3. Comparação entre a estatística descritiva dos rapazes e das raparigas. ………237
5.2.4. Resumo geral da estatística descritiva………...245
5.3. Análises de regressão………..246
5.3.1. Introdução………..246
5.3.2. Exploração das análises de regressão………....248
5.3.3. Testagem das hipóteses do primeiro estudo………..…256
5.3.4. Testagem das hipóteses do segundo estudo………...256
5.4. Análise de regressão dos dois estudos, separadamente, em função do género dos participantes……….256
xi
5.4.1. Análises de regressão do primeiro estudo………...257
5.4.1.1. Análises de regressão do primeiro estudo para raparigas………..…257
5.4.1.2. Testagem das hipóteses do primeiro estudo para raparigas………...259
5.4.1.3. Análises de regressão do primeiro estudo para rapazes………...259
5.4.1.4. Testagem das hipóteses do primeiro estudo para rapazes………...261
5.4.2. Análises de regressão do segundo estudo………..262
5.4.2.1. Análises de regressão do segundo estudo para raparigas………...262
5.4.2.2. Testagem das hipóteses do segundo estudo para raparigas…………...264
5.4.2.3. Análises de regressão do segundo estudo para rapazes………..…265
5.4.2.4. Testagem das hipóteses do segundo estudo para rapazes………...267
5.5. Resumo dos resultados………...267
5.5.1. Resumo dos resultados da estatística descritiva……...……….…...…....267
5.5.2. Resumo dos resultados das nossas hipóteses em conjunto………..269
5.5.3. Resumo dos resultados do primeiro e do segundo estudos divididos entre rapazes e raparigas………...269
5.5.4. Conclusão dos resultados……….270
CAPÍTULO 6. Discussão dos resultados………...271
6.1. Limitações do nosso estudo………..…....279
6.1.1. Kindling e recalcamento………....279
6.1.2. Papel da consciência no funcionamento psicossomático………..280
6.1.3. Necessidade de investigação empírica………..….284
6.1.4. Desenho de estudo………...285
6.1.5. Papel paternal e afecto………...285
6.1.6. Problemas metodológicos………..285
Bibliografia………287 .
xiii
ÍNDICE DE TABELAS
- Tabela 1- Médias, Desvios-padrão, Mínimos e Máximos das escalas do ICCP,
obtidos pelos adultos que acompanhavam as raparigas (N = 50)………...233
- Tabela 2- Médias, Desvios-padrão, Mínimos e Máximos nas subescalas do EMBU-C, obtidos pela amostra feminina (N = 50)………234
- Tabela 3- Médias, Desvios-padrão, Mínimos e Máximos do ICCP obtidos pelos adultos que acompanhavam os rapazes (N = 67)………..…235
- Tabela 4- Médias, Desvios-padrão, Mínimos e Máximos obtidos pela amostra masculina nas subescalas do EMBU-C (N = 67)………..236
- Tabela 5- Correlações de Spearman entre as subescalas do Embu-C e a gravidade da asma, para raparigas (N = 50)………...239
- Tabela 6- Correlações de Spearman entre as subescalas do EMBU-C e a gravidade da asma, para rapazes (N = 67)………..240
- Tabela 7- Correlações de Spearman entre as subescalas do ICCP e a gravidade da asma, para raparigas (N = 50) ………..240
- Tabela 8- Correlações de Spearman entre as subescalas do ICCP e a gravidade da asma, para rapazes (N = 67)………..…241
- Tabela 9- Correlação entre as subescalas do ICCP e do EMBU-C para raparigas (N = 50)………...242
- Tabela 10- Correlação entre as subescalas do ICCP com as subescalas do EMBU-C para rapazes (N = 67)………...243
- Tabela 11- Correlação entre gravidade da asma e variáveis sociodemográficas e clínicas para raparigas (N=50)………..244
- Tabela 12- Correlação entre gravidade da asma e variáveis sociodemográficas rapazes (N = 67)………...245
- Tabela 13- Análise de regressão categorial, ordinal, com a VD, 1,2,3,………..249
- Tabela 14- Análise de regressão logística binária com a VD, 1,2 v 3……….253
- Tabela 15- Análise de regressão logística binária com a VD, 1 v 2,3……….255
- Tabela 16- Análise de regressão, raparigas (n = 50), V’s I’s EMBU-C e VD gravidade da asma……….…...258
- Tabela 17- Análise de regressão de Rapazes EMBU-C. V’s I’s EMBU-C e VD gravidade da asma………....260
- Tabela 18- Análise de regressão de Raparigas Achenbach (n = 50), V’s I’s ICCP e VD gravidade da asma………...263
-Tabela 19- Análise de regressão de Rapazes Achenbach (n = 67), V’s I’s ICCP e VD gravidade da asma………..265
xiv
xv
ÍNDICE DOS ANEXOS EM CD
Anexo 1 - Consentimento Informado ……….. 15
Anexo 1.1. Consentimento Informado aos utentes………..….17
Anexo 1.2. Consentimento Informado aos pais dos utentes……….19
Anexo 2 - Questionário Sociodemográfico e Clínico………....21
Anexo 3 - EMBU-C………...27
Anexo 4 - ICCP ………...31
Anexo 5 - Análise de consistência interna………...37
Tabela 1- Alfa de Cronbach para as subescalas do ICCP e do EMBU-C …………...……… 39
Anexo 6 - Análise de ajustamento à distribuição normal………... 41
Tabela 1. Testagem do ajustamento à distribuição normal nas variáveis observadas na amostra feminina………...43
Gráfico 1 - Histograma da distribuição da idade na amostra feminina……….………44
Gráfico 2 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na amostra feminina ………..… 44
Gráfico 3 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na amostra feminina………...45
Gráfico 4 - Boxplot da distribuição da idade na amostra feminina………...45
Gráfico 5 - Histograma da distribuição da escolaridade na amostra feminina………..46
Gráfico 6 - Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade naamostra feminina………..46
Gráfico 7 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade na amostra feminina………... 47
Gráfico 8 - Boxplot da distribuição da escolaridade naamostra feminina………47
Gráfico 9 - Histograma da distribuição da idade na primeira crise asmática na amostra feminina………48
Gráfico 10 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na primeira crise asmática na amostra feminina……….…48
Gráfico 11 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na primeira crise asmática na amostra feminina………..…49
Gráfico 12 - Boxplot da distribuição da idade na primeira crise asmática na amostra feminina………..………...49
Gráfico 13 - Histograma da distribuição do tempo de tratamento naamostra feminina………...50
Gráfico 14 - Normal Q-Q Plot da distribuição do tempo de tratamento naamostra feminina………....50
Gráfico 15 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do tempo de tratamento na amostra feminina……….…51
Gráfico 16 - Boxplot da distribuição do tempo de tratamento na amostra feminina………51
xvi
Gráfico 18 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade dos pais na amostra
feminina………52 Gráfico 19 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade dos pais na
amostra feminina………..…53 Gráfico 20 - Boxplot da distribuição da idade dos pais naamostra feminina ………….……53 Gráfico 21- Histograma da distribuição da escolaridade dos pais na amostra
feminina ………...54 Gráfico 22 - Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade dos pais na
amostra feminina………..54 Gráfico 23 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade dos
pais na amostra feminina………..55 Gráfico 24 - Boxplot da distribuição da escolaridade dos pais na amostra
feminina………...….55 Gráfico 25 - Histograma da distribuição da idade das mães na amostra
feminina……….56 Gráfico 26 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade das mães na amostra
feminina……….56 Gráfico 27 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade das mães
na amostra feminina……….…57 Gráfico 28 - Boxplot da distribuição da idade das mães na amostra feminina……….…57 Gráfico 29 - Histograma da distribuição da escolaridade das mães na amostra
feminina………58 Gráfico 30 - Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade das mães na
amostra feminina…...……….…..58 Gráfico 31- Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade das
mães na amostra feminina……….………...59 Gráfico 32 - Boxplot da distribuição da escolaridade das mães na amostra
feminina………...59 Gráfico 33 - Histograma da distribuição dos anos com asma sem tratamento na
amostra feminina………...60 Gráfico 34 - Normal Q-Q Plot da distribuição dos anos com asma sem tratamento
na amostra feminina……….…60 Gráfico 35 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição dos anos com asma sem
tratamento na amostra feminina………...61 Gráfico 36 - Boxplot da distribuição dos anos com asma sem tratamento na
amostra feminina………..…61 Gráfico 37 - Histograma da distribuição do número de irmãos na amostra feminina………..62 Gráfico 38 - Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos na amostra
feminina………...62 Gráfico 39 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos
na amostra feminina……….63 Gráfico 40 - Boxplot da distribuição do número de irmãos na amostra feminina…...63 Gráfico 41 - Histograma da distribuição do número de irmãos do género
masculino na amostra feminina………...64 Gráfico 42 - Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos do género
masculino na amostra feminina………64 Gráfico 43 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos
do género masculino na amostra feminina………..…65 Gráfico 44 - Boxplot da distribuição do número de irmãos do género masculino
xvii
Gráfico 45 - Histograma da distribuição do número de irmãos do género
feminino na amostra feminina………...66 Gráfico 46 - Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos do género
feminino na amostra feminina………...66 Gráfico 47 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos
do género feminino na amostra feminina……….…67 Gráfico 48 - Boxplot da distribuição do número de irmãos do género feminino
na amostra feminina……….….67 Gráfico 49 - Histograma da distribuição da agressividade na amostra feminina…………..…68 Gráfico 50 - Normal Q-Q Plot da distribuição da agressividade na amostra
feminina………....68 Gráfico 51 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da agressividade na
amostra feminina………...69 Gráfico 52 - Boxplot da distribuição da agressividade na amostra feminina………69 Gráfico 53 - Histograma da distribuição da hiperactividade/défice de atenção
na amostra feminina……….70 Gráfico 54 - Normal Q-Q Plot da distribuição da hiperactividade/défice de
atenção na amostra feminina………...70 Gráfico 55 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da hiperactividade/
défice de atenção na amostra feminina………..71 Gráfico 56 - Boxplot da distribuição da hiperactividade/défice de atenção na
amostra feminina………...71 Gráfico 57 - Histograma da distribuição da depressão na amostra feminina……...72 Gráfico 58 - Normal Q-Q Plot da distribuição da depressão na amostra
feminina………..…...72 Gráfico 59 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da depressão na
amostra feminina………...73 Gráfico 60 - Boxplot da distribuição da depressão na amostra feminina………..……73 Gráfico 61 - Histograma da distribuição dos problemas sociais na amostra
feminina………74 Gráfico 62 - Normal Q-Q Plot da distribuição dos problemas sociais na amostra
feminina………...74 Gráfico 63 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição dos problemas sociais
na amostra feminina………...75 Gráfico 64 - Boxplot da distribuição dos problemas sociais na amostra feminina…………...75 Gráfico 65 - Histograma da distribuição das queixas somáticas na amostra
feminina………...76 Gráfico 66 - Normal Q-Q Plot da distribuição das queixas somáticas na amostra
feminina………76 Gráfico 67 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição das queixas somáticas
na amostra feminina………. 77 Gráfico 68 - Boxplot da distribuição das queixas somáticas na amostra feminina…………...77 Gráfico 69 - Histograma da distribuição do isolamento na amostra feminina……….… 78 Gráfico 70 - Normal Q-Q Plot da distribuição do isolamento na amostra feminina………… 78 Gráfico 71 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do isolamento na
amostra feminina……….….79 Gráfico 72 - Boxplot da distribuição do isolamento na amostra feminina……….…..79 Gráfico 73 - Histograma da distribuição da ansiedade na amostra feminina……….…..80 Gráfico 74 - Normal Q-Q Plot da distribuição da ansiedade na amostra feminina……….….80 Gráfico 75 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da ansiedade na
xviii
amostra feminina………..………81 Gráfico 76 - Boxplot da distribuição da ansiedade na amostra feminina…………... 81
Gráfico 77 - Histograma da distribuição do traço obsessivo/esquizóide na amostra
feminina………….………...82 Gráfico 78 - Normal Q-Q Plot da distribuição do traço obsessivo/esquizóide na
amostra feminina………..……82 Gráfico 79 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do traço obsessivo/
esquizóide na amostra feminina…………..……….…83 Gráfico 80 - Boxplot da distribuição do traço obsessivo/esquizóide na amostra
feminina………...83 Gráfico 81 - Histograma da distribuição da oposição/imaturidade na amostra
feminina………...84 Gráfico 82 - Normal Q-Q Plot da distribuição da oposição/imaturidade na
amostra feminina………..……84 Gráfico 83 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da oposição/
imaturidade na amostra feminina……….……85 Gráfico 84 - Boxplot da distribuição da oposição/imaturidade na amostra
feminina………..….85 Gráfico 85 - Histograma da distribuição do estilo internalizante na amostra
feminina..……… ….……...86 Gráfico 86 - Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo internalizante na
amostra feminina………..………86 Gráfico 87 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo internalizante
na amostra feminina……….…87 Gráfico 88 - Boxplot da distribuição do estilo internalizante na amostra feminina………..…87 Gráfico 89 - Histograma da distribuição do estilo externalizante na amostra
feminina………...88 Gráfico 90 - Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo externalizante na amostra
feminina………...88 Gráfico 91 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo externalizante
na amostra feminina………...89 Gráfico 92 - Boxplot da distribuição do estilo externalizante na amostra feminina……….…89 Gráfico 93 - Histograma da distribuição do suporte emocional paterno na
amostra feminina………...90 Gráfico 94 - Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional paterno na
amostra feminina………...90 Gráfico 95 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional
paterno na amostra feminina………....91 Gráfico 96 - Boxplot da distribuição do suporte emocional paterno na amostra
feminina………91 Gráfico 97 - Histograma da distribuição do suporte emocional materno na
amostra feminina………...92 Gráfico 98 - Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional materno na
amostra feminina………..…92 Gráfico 99 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional
materno na amostra feminina….………..…93 Gráfico 100 - Boxplot da distribuição do suporte emocional materno na amostra
feminina………...93 Gráfico 101 - Histograma da distribuição da rejeição paterna na amostra feminina…………94 Gráfico 102 - Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição paterna na amostra
xix
feminina……….…...94 Gráfico 103 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição paterna
na amostra feminina………95 Gráfico 104 - Boxplot da distribuição da rejeição paterna na amostra feminina…...95 Gráfico 105 - Histograma da distribuição da rejeição materna na amostra
feminina………...96 Gráfico 106 - Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição materna na amostra
feminina……….….96 Gráfico 107 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição materna
na amostra feminina………...…97 Gráfico 108 - Boxplot da distribuição da rejeição materna na amostra feminina…...97 Gráfico 109 - Histograma da distribuição do controlo paterno na amostra feminina……….. 98
Gráfico 110 - Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo paterno na amostra
feminina………...98 Gráfico 111 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo paterno na
amostra feminina……….99 Gráfico 112 - Boxplot da distribuição do controlo paterno na amostra feminina……….99 Gráfico 113 - Histograma da distribuição do controlo materno na amostra
feminina……….100 Gráfico 114 - Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo materno na amostra
feminina……….100 Gráfico 115 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo materno
na amostra feminina………..…101 Gráfico 116 - Boxplot da distribuição do controlo materno na amostra feminina…………..101 Tabela 2. Testagem do ajustamento à distribuição normal nas variáveis
observadas na amostra masculina………. 102 Gráfico 117 - Histograma da distribuição da idade na amostra masculina……….…103 Gráfico 118 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na amostra masculina………103 Gráfico 119 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na amostra
masculina………..104 Gráfico 120 - Boxplot da distribuição da idade na amostra masculina...………... 104 Gráfico 121 - Histograma da distribuição da escolaridade na amostra masculina…………..105 Gráfico 122 - Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade na amostra
masculina………..105 Gráfico 123 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade na
amostra masculina……….106 Gráfico 124 - Boxplot da distribuição da escolaridade na amostra masculina………106 Gráfico 125 - Histograma da distribuição da idade na primeira crise asmática na
amostra masculina……….…107 Gráfico 126 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na primeira crise asmática
na amostra masculina………....107 Gráfico 127 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade na primeira crise
asmática na amostra masculina……….….………..108 Gráfico 128 - Boxplot da distrubuição da idade na primeira crise asmática na
amostra masculina……….…108 Gráfico 129 - Histograma da distribuição do tempo de tratamento na amostra
xx
Gráfico 130 - Normal Q-Q Plot da distribuição do tempo de tratamento na
amostra masculina………109 Gráfico 131 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do tempo de tratamento
na amostra masculina………110 Gráfico 132 - BoxPlot da distribuição do tempo de tratamento na amostra
masculina………...110 Gráfico 133 - Histograma da distribuição da idade dos pais na amostra
masculina………...111 Gráfico 134 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade dos pais na amostra
masculina………...111 Gráfico 135 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade dos pais na
amostra masculina……….112 Gráfico 136 - Boxplot da distribuição da idade dos pais na amostra masculina……….112 Gráfico 137 - Histograma da distribuição da escolaridade dos pais na amostra
masculina………...113 Gráfico 138 - Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridaade dos pais na
amostra masculina……….…113 Gráfico 139 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade dos
pais na amostra masculina………114 Gráfico 140 - Boxplot da distribuição da escolaridade dos pais na amostra
masculina………..114 Gráfico 141 - Histograma da distribuição da idade das mães na amostra
masculina…..………..115 Gráfico 142 - Normal Q-Q Plot da distribuição da idade das mães na amostra
masculina………...115 Gráfico 143 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da idade das mães na
amostra masculina………...…..116 Gráfico 144 - Boxplot da distribuição da idade das mães na amostra
masculina………...116 Gráfico 145 - Histograma da distribuição da escolaridade das mães na amostra
masculina………...117 Gráfico 146 - Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade das mães na
amostra masculina………..………. 117 Gráfico 147 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da escolaridade das
mães na amostra masculina………..…118 Gráfico 148 - Boxplot da distribuição da escolaridade das mães na amostra
masculina………...118 Gráfico 149 - Histograma da distribuição dos anos com asma sem tratamento na
amostra masculina……….………119 Gráfico 150 - Normal Q-Q Plot da distribuição dos anos com asma sem
tratamento na amostra masculina………. 119 Gráfico 151 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição dos anos com asma
sem tratamento na amostra masculina…..……….120 Gráfico 152 - Boxplot da distribuição dos anos com asma sem tratamento na
amostra masculina……… 120 Gráfico 153 - Histograma da distribuição do número de irmãos na amostra
masculina………...121 Gráfico 154 - Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos na amostra
xxi
Gráfico 155 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos
na amostra masculina………122 Gráfico 156 - Boxplot da distribuição do número de irmãos na amostra masculina…..…....122 Gráfico 157 - Histograma da distribuição do número de irmãos do género
masculino na amostra masculina……….….123 Gráfico 158 - Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos dogénero
masculino na amostra masculina……….….123 Gráfico 159 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos
do género masculino na amostra masculina……….124 Gráfico 160 - Boxplot da distribuição do número de irmãos do género masculino
na amostra masculina ……….………..…...124 Gráfico 161 - Histograma da distribuição do número de irmãos do género
feminino na amostra masculina………....125 Gráfico 162 - Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos do género
feminino na amostra masculina………....125 Gráfico 163 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do número de irmãos
do género feminino na amostra masculina………..….126 Gráfico 164 - Boxplot da distribuição do número de irmãos do género feminino .
na amostra masculina………...126 Gráfico 165 - Histograma da distribuição da agressividade na amostra masculina……….. 127
Gráfico 166 - Normal Q-Q Plot da distribuição da agressividade na amostra
masculina……… .127 Gráfico 167 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da agressividade na
amostra masculina………..…..128 Gráfico 168 - Boxplot da distribuição da agressividade na amostra masculina…………..…128 Gráfico 169 - Histograma da distribuição da hiperactividade/défice de atenção
na amostra masculina………..….129 Gráfico 170 - Normal Q-Q Plot da distribuição da hiperactividade/défice de
atenção na amostra masculina………..129 Gráfico 171 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da hiperactividade/
défice de atenção na amostra masculina……….….130 Gráfico 172 - Boxplot da distribuição da hiperactividade/défice de atenção na
amostra masculina………....130 Gráfico 173 - Histograma da distribuição da depressão na amostra
masculina………..131 Gráfico 174 - Normal Q-Q Plot da distribuição da depressão na amostra
masculina………...131 Gráfico 175 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da depressão na
amostra masculina………132 Gráfico 176 - Boxplot da distribuição da depressão na amostra masculina………...132 Gráfico 177 - Histograma da distribuição dos problemas sociais na amostra
masculina………..133 Gráfico 178 - Normal Q-Q Plot da distribuição dos problemas sociais na
amostra masculina……...133 Gráfico 179 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição dos problemas
sociais na amostra masculina………...134 Gráfico 180 - Boxplot da distribuição dos problemas sociais na amostra
masculina………..134 Gráfico 181 - Histograma da distribuição das queixas somáticas na amostra
xxii
Gráfico 182 - Normal Q-Q Plot da distribuição das queixas somáticas na amostra
masculina………...135 Gráfico 183 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição das queixas somáticas
na amostra masculina………...136 Gráfico 184 - Boxplot da distribuição das queixas somáticas na amostra masculina……… 136 Gráfico 185 - Histograma da distribuição do isolamento na amostra masculina………….. 137
Gráfico 186 - Normal Q-Q Plot da distribuição do isolamento na amostra
masculina………..137 Gráfico 187 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do isolamento na
amostra masculina………... 138 Gráfico 188 - Boxplot da distribuição do isolamento na amostra masculina………. 138 Gráfico 189 - Histograma da distribuição da ansiedade na amostra masculina………. 139 Gráfico 190 - Normal Q-Q Plot da distribuição da ansiedade na amostra masculina…….... 139 Gráfico 191 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da ansiedade na
amostra masculina………...140 Gráfico 192 - Boxplot da distribuição da ansiedade na amostra masculina………....140 Gráfico 193 - Histograma da distribuição do traço obsessivo/esquizóide na
amostra masculina………...141 Gráfico 194 - Normal Q-Q Plot da distribuição do traço obsessivo/esquizóide na
amostra masculina………...141 Gráfico 195 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do traço obsessivo/
esquizóide na amostra masculina………...142 Gráfico 196 - Boxplot da distribuição do traço obsessivo/esquizóide naamostra
masculina………...142 Gráfico 197 - Histograma da distribuição da oposição/imaturidade na amostra
masculina...143 Gráfico 198 - Normal Q-Q Plot da distribuição da oposição/imaturidade na
amostra masculina………...143 Gráfico 199 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da oposição/
imaturidade na amostra masculina………...144 Gráfico 200 - Boxplot da distribuição da oposição/imaturidade na amostra
masculina………...144 Gráfico 201 - Histograma da distribuição do estilo internalizante naamostra
masculina………...145 Gráfico 202 - Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo internalizante na
amostra masculina……….... 145
Gráfico 203 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo internalizante na amostra masculina………..…. 146
Gráfico 204 - Boxplot da distribuição do estilo internalizante na amostra masculina……....146 Gráfico 205 - Histograma da distribuição do estilo externalizante na amostra
masculina………...147 Gráfico 206 - Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo externalizante na
amostra masculina……….... 147 Gráfico 207 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do estilo externalizante
na amostra masculina………..…. 148 Gráfico 208 - Boxplot da distribuição do estilo externalizante na amostra
masculina………...148 Gráfico 209 - Histograma da distribuição do suporte emocional paterno na
amostra masculina……….………... 149 Gráfico 210 - Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional paterno
xxiii
na amostra masculina………..………...149 Gráfico 211 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional
paterno na amostra masculina……….. 150 Gráfico 212 - Boxplot da distribuição do suporte emocional paterno na amostra
masculina………...150 Gráfico 213 - Histograma da distribuição do suporte emocional materno na
amostra masculina……….…151 Gráfico 214 - Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional materno
na amostra masculina………....151 Gráfico 215 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do suporte emocional
materno na amostra masculina………..152 Gráfico 216 - Boxplot da distribuição do suporte emocional materno na amostra
masculina……….……… .152 Gráfico 217 - Histograma da distribuição da rejeição paterna na amostra masculina……… 153 Gráfico 218 - Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição paterna na amostra
masculina…………... 153 Gráfico 219 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição paterna
na amostra masculina………... 154 Gráfico 220 - Boxplot da distribuição da rejeição paterna na amostra masculina………….. 154 Gráfico 221 - Histograma da distribuição da rejeição materna na amostra
masculina………...155 Gráfico 222 - Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição materna na amostra
masculina………...155 Gráfico 223 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição da rejeição materna
na amostra masculina………...156 Gráfico 224 - Boxplot da distribuição da rejeição materna na amostra masculina…….…… 156 Gráfico 225 - Histograma da distribuição do controlo paterno na amostra
masculina………...157 Gráfico 226 - Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo paterno na amostra
masculina………...157 Gráfico 227 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo paterno
na amostra masculina………158 Gráfico 228 - Boxplot da distribuição do controlo paterno na amostra masculina……..…... 158 Gráfico 229 - Histograma da distribuição do controlo materno na amostra
masculina………...159 Gráfico 230 - Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo materno na amostra
masculina………...159 Gráfico 231 - Detrended Normal Q-Q Plot da distribuição do controlo materno
na amostra masculina……….160 Gráfico 232 - Boxplot da distribuição do controlo materno na amostra masculina………...160 Anexo 7 - Estatística descritiva da amostra feminina………...…161
Tabela 1 - Médias, mínimos, máximos e desvios-padrão das variáveis
sociodemográficas e clínicas da amostra feminina…….………..…163 Tabela 2 - Quem preenche a informação sobre o utente?………...163 Tabela 3 - Outras doenças………...164 Tabela 4 - Coabitação………...………... 164 Tabela 5 - Quem assume a figura parental masculina?...………...165 Tabela 6 - Distribuição dos grupos profissionais da figura parental masculina de
xxiv
acordo com a Classificação Nacional das Profissões………..………… 165 Tabela 7 - Nacionalidade da figura parental masculina……… 165 Tabela 8 - Estatuto ocupacional da figura parental masculina ………. 166 Tabela 9 - Estatuto conjugal da figura parental masculina………...166 Tabela 10 - Estatuto socioeconómico da figura parental masculina…....……...166 Tabela 11 - Quem assume a figura parental feminina?………….………...167 Tabela 12 - Distribuição dos grupos profissionais da figura parental feminina de acordo com a Classificação Nacional das Profissões………...167 Tabela 13 - Nacionalidade da figura parental feminina………...167 Tabela 14 - Estatuto ocupacional da figura parental feminina………….…………. 168 Tabela 15 - Estatuto conjugal da figura parental feminina………...168 Tabela 16 - Estatuto socioeconómico da figura parental feminina………...168 Anexo 8 - Estatística descritiva da amostra masculina………...169
Tabela 1 – Médias, mínimos, máximos e desvios-padrão das variáveis
sociodemográficas e clínicas da amostra masculina ………...171 Tabela 2 - Quem preenche a informação sobre o utente?……..……….171 Tabela 3 - Outras doenças………...172 Tabela 4 - Coabitação……...………... 172 Tabela 5 - Quem assume a figura parental masculina?……….………… 173 Tabela 6 - Distribuição dos grupos profissionais da figura parental masculina de acordo com a Classificação Nacional das Profissões………...………... 173 Tabela 7 - Nacionalidade da figura parental masculina………..173 Tabela 8 - Estatuto ocupacional da figura parental masculina ………….………...174 Tabela 9 - Estatuto conjugal da figura parental masculina……….…174 Tabela 10 - Estatuto socioeconómico da figura parental masculina………...174 Tabela 11 - Quem assume a figura parental feminina?..…..……….. 175 Tabela 12 - Distribuição dos grupos profissionais da figura parental feminina de acordo com a Classificação Nacional das Profissões…..………... 175 Tabela 13 - Nacionalidade da figura parental feminina……….…………175 Tabela 14 - Estatuto ocupacional da figura parental feminina……….…..176
Tabela 15 - Estatuto conjugal da figura parental feminina…. ………..176 Tabela 16 - Estatuto socioeconómico da figura parental feminina...176
Anexo 9 - Comparação das variáveis em função do género do participante…...…..177
Tabela 1 - Comparaçãoentre a amostra masculina e feminina, da gravidade da asma ………...………..179
Tabela 2 - Correlação entre género e gravidade da asma………... 179 Tabela 3 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, sobre quem
preenche a informação acerca do utente.………...179 Tabela 4 - Comparação da idade entre a amostra masculina e feminina ……...180 Tabela 5 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, da idade na primeira crise asmática………...180 Tabela 6 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, acerca da
co-morbilidade com outras doenças clinicamente diagnosticadas….…..181 Tabela 7-a - Comparação
,
entre a amostra masculina e feminina, do tempode tratamento ……..………...181 Tabela 7-b - Correlação entre género e anos de asma sem tratamento………..182
xxv
Tabela 8 - Comparação
,
entre a amostra masculina e feminina, da coabitação .….182 Tabela 9 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, de quem assume a figura parental masculina ….………...182Tabela 10 - Comparação entre a amostra masculina e feminina, da idade da
figura parental masculina.………...……. …….183
Tabela 11 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, da distribuição dos grupos profissionais da figura parental masculina..…….…..… …184 Tabela 12 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, da escolaridade da figura parental masculina.……..………, ……184 Tabela 13 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, da nacionalidade da figura parental masculina.………...………. …...185 Tabela 14 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, do estatuto ocupacional da figura parental masculina.……….. ….185 Tabela 15 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, do estatuto
conjugal da figura parental masculina………185 Tabela 16 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, do estatuto
socioeconómico da figura parental masculina…………...186 Tabela 17 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, sobre quem assume a figura parental feminina……….. 186
Tabela 18 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, da idade da figura parental feminina.……….. …187 Tabela 19 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, da distribuição dos grupos profissionais da figura parental feminina...188 Tabela 20 - Comparação, entre a amostra masculina e feminina, da escolaridade da figura parental feminina.……….. ….188 Tabela 21 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, da
nacionalidade da figura parental feminina……….189 Tabela 22 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, do estatuto
ocupacional da figura parental feminina. ………. 189 Tabela 23 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, do estatuto
conjugal da figura parental feminina. ………...189 Tabela 24 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, do estatuto
socioeconómico da figura parental feminina.………...190 Tabela 25 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, da existência de fratria………..……..….190 Tabela 26 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, do número
de irmãos………...……….190 Tabela 27 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, do número de irmãos do género masculino……….………...191
Tabela 28 - Comparação, entre as amostras masculina e feminina, do número de irmãos do género feminino.………....191
Anexo 10 – Tabelas de ajustamento do modelo……….…193
Tabela 1- Informação sobre o ajustamento do modelo gravidade da asma 1,2,3…..195 Tabela 2- Qualidade do ajustamento do modelo gravidade da asma 1,2,3………... 195 Tabela 3- Pseudo R-quadrado gravidade da asma 1,2,3………195 Tabela 4- Rácio de semelhança com o modelo nulo gravidade da asma 1e2v3…... 196
xxvi
Tabela 5- Pseudo R-quadrado gravidade da asma 1e2v3……….… 196 Tabela 6- Tabela de classificação asma 1e 2 v 3……….………..196 Tabela 7- Rácio de semelhança com o modelo nulo gravidade da asma
1v2e3………... 197 Tabela 8- Pseudo R-quadrado gravidade da asma 1v2e3……… 197 Tabela 9- Tabela de classificação do modelo asma 1v 2e3………... 197 Tabela 10- Informação sobre o ajustamento do modelo gravidade da asma
1,2,3, raparigas, primeiro estudo………... 197 Tabela 11- Pseudo R-quadrado gravidade da asma 1,2,3, raparigas, primeiro
estudo………...198 Tabela 12- Informação sobre o ajustamento do modelo gravidade da asma
1,2,3, rapazes, primeiro estudo………..….. 198 Tabela. 13. Pseudo Qui-quadrado gravidade da asma 1,2,3, rapazes, primeiro
estudo………...198 Tabela 14. Informação de ajustamento do modelo, asma 1,2,3, segundo
estudo, raparigas……….198 Tabela. 15. Pseudo Qui-quadrado asma 1,2,3, segundo estudo, raparigas……...…198 Tabela 16. Informação de ajustamento do modelo asma 1,2,3, segundo
estudo, rapazes………...199 Tabela 17. Pseudo Qui-quadrado do modelo asma 1,2,3, segundo estudo,
27
29
1. INTRODUÇÃO
A asma é a doença crónica infantil mais comum em quase todos os países industrializados (Bacharier e colaboradores, 2008). Em Portugal, o inquérito nacional da saúde de 1983 revelou uma prevalência de 6,8% na área metropolitana de Lisboa (Almeida & Branco, 1990). Nos principais encontros pediátricos sobre a asma (Bacharier e colaboradores, 2008; GINA, 2009; Internacional Pediatric Consensus, 1998, 2012) é reconhecido que esta é uma doença que sofre a influência de vários factores, desde genéticos, ambientais, infecciosos e também psicológicos.
O nosso interesse iniciou-se na prática clínica, nas dificuldades em perceber os factores psicológicos, nomeadamente, as dinâmicas afectivas dos asmáticos. Parecia-nos haver um certo embotamento afectivo em alguns destes pacientes, mas sobretudo, uma dificuldade de lidar com afectos, principalmente negativos. Também detectámos uma tendência para idealizar. O que nos intrigou foi que, apesar da constelação afectiva parecer possuir alguma similaridade, existia uma acentuação diferente destes factores conforme cada paciente. Assim, apesar de parecerem lidar dificilmente com afectos, principalmente negativos, existem sujeitos agressivos, hiperactivos, inibidos, tímidos, extrovertidos etc. A dificuldade em perceber a sua constelação afectiva não era grande mas a sua expressão no resto do comportamento, a sua associação à gravidade da asma, assim como os motivos causadores, pareciam-nos ainda difíceis de analisar. Em um primeiro momento, parecia haver uma singularidade de desenvolvimento afectivo em relação a estes pacientes. Mas, a sua expressão era extremamente diferente. Quando se investigava a família, também não ressaltavam grandes especificidades excepto, talvez, uma deficiente sintonia afectiva. Estes familiares variavam sobre o facto de serem bastante cooperativos, faladores, esclarecidos, desconfiados, paranóides, ansiosos, etc., mas igualavam na falta de sintonia com o ritmo emocional do encontro. Geralmente, ou começavam as entrevistas muito desconfiados, para passar a tratar-nos quase como família ou então falavam tanto que parecia que evitavam o diálogo.
Em consequência do interesse em aprofundar o estudo destes pacientes, efectuámos um primeiro estudo onde procurámos os factores psicológicos inerentes à asma através das técnicas projectivas (Roque, 2004). Nesse estudo, analisámos os protocolos de Rorschach de nove pacientes adultos com asma e percebeu-se, basicamente, que estes sujeitos tendiam a intercalar entre, por um lado, respostas banais e, por outro, respostas de «anatomia» ou então algumas cinestesias ligadas a más formas e preocupações corporais. Estas observações integram-se na literatura dominante sobre este tipo de investigações, nomeadamente Chabert (1988) que refere, a este respeito, que se trata de uma defesa contra uma possível angústia relacionada com uma problemática narcísica, suscitada pelo Rorschach, pois este testa a solidez dos limites (dentro/fora) e a representação de Si (Eu mais ou menos sólido).
Assim, segundo esta autora (1988), o apego ao banal é uma forma de controlo sobre a realidade externa e interna. Quando esta estratégia falha e os limites são ameaçados, aparecem então as respostas de «anatomia» que demonstram um sofrimento narcísico essencial sob a forma de preocupação ligada ao interior do Eu. No entanto, tanto o apego banal como as respostas de «anatomia» têm o mesmo objectivo: manter a actividade mental num registo mínimo, se bem que a dificuldade do tratamento intrapsíquico dos sintomas parece estar ligada à sua ancoragem no corpo. O funcionamento tipo limite dos somatizadores mostra, através do Rorschach, que as preocupações corporais substituem as fantasias, porque os mecanismos de clivagem muito fortes de estes sujeitos impedem qualquer solução de compromisso, devido ao entrincheiramento das instâncias que preservam. Assim, também se observa o duplo
30
funcionamento que especifica as neuroses de carácter: de um lado, as funções adaptativas de um Eu periférico e, do outro, as irrupções em processos primários, onde a tradução corporal directa é primordial.
Esta investigação (Roque, 2004), de cariz essencialmente qualitativo, se por um lado nos ofereceu uma base teórica bastante profunda sobre o funcionamento psicológico de nove pacientes asmáticos adultos, por outro lado, deixava grandes interrogações sobre a possibilidade de extrapolar esses resultados para uma população asmática mais geral. Esta investigação também acabou por, consequentemente possuir limitações práticas a nível de intervenção, nomeadamente, precoces. Conhecia-se o funcionamento psicológico problemático destes pacientes, mas pouco se poderia realizar a fim de os tratar. Eram funcionamentos muito rígidos e consolidados. Assim, foi no cruzamento destas duas preocupações, por um lado, uma generalização de resultados e por outro lado, a possibilidade de descobrir funcionamentos ou relações patológicas mais precoces e intersistémicas - com mais potencial de intervenção com famílias ou comunidades -, que surgiu a escolha da actual investigação.
Nesse sentido, decidimos fazer uma investigação mais alargada no intuito de perceber se não existiriam outros factores igualmente importantes (além, claro, dos biológicos, genéticos e hereditários) como, por exemplo, o papel do pai, ou interações patológicas, que fossem mais fáceis e eficazes de manusear clinicamente.
Assim, decidimos estudar concretamente a dinâmica relacional específica dos asmáticos alérgicos numa idade o mais precoce possível e onde fosse praticável uma metodologia mais objectiva.
Neste contexto, pareceu-nos importante dar atenção a várias questões clínicas que suspeitámos que poderiam enviesar o nosso estudo. Uma delas é a alergia respiratória e a outra é a gravidade da asma.
O facto de nos debruçarmos sobre a asma alérgica refere-se ao pressuposto de a alergia respiratória ser um grande validador do diagnóstico de asma, principalmente em idades precoces, despistando um mero acesso de dificuldade respiratória passageira, dificuldades respiratórias ocasionadas por infecções virais ou a manifestações atópicas surgidas fora do âmbito respiratório (Bacharier e colaboradores, 2008).
O facto de estudarmos a gravidade da asma ao invés do típico estudo sobre a diferença entre asmáticos e não asmáticos deve-se à suposição de que a componente genética da asma tem uma expressão maior no aparecimento da asma do que no seu agravamento. Ainda que saibamos existirem pacientes com terrenos atópicos propícios ao aparecimento de asma, mas que não a desenvolvem (como constatámos na própria Consulta de Alergologia Respiratória, onde estes pacientes iam à consulta com o único intuito de avaliar a sua atopia) pensamos, no entanto que estudar estes sujeitos era um projecto muito importante, mas bastante diferente do nosso.
Basicamente hipotetizamos que alguém com elevada disposição genética para a asma, dificilmente vai deixar de exibir este problema. Já pelo contrário, acreditamos que para o agravamento ou amenização da mesma, é preciso uma articulação de factores; relacionais, nomeadamente, as relações precoces; perfil psicológico mais genético (como factores temperamentais); factores comportamentais; ambientais; sociais, etc.
Nesse sentido, optamos por fazer uma investigação essencialmente psicossomática (o núcleo é o estudo de perfis psicológicos e relacionais). Mas, como mais à frente iremos desenvolver, uma vez que não conseguimos isolar os factores psicológicos e porque decidimos introduzir variáveis socioeconómicas e clínicas a fim de testar a sua influência no agravamento da asma, resolvemos chamar à nossa abordagem integracionista ou interaccionista.
31
Após uma exaustiva investigação teórica acerca dos factores psicológicos que nos pareceram mais importantes para a finalidade da nossa investigação (as variáveis psicológicas e relacionais que melhor se ajustavam para explicar o aparecimento da asma), escolhemos investigar a interacção entre a perspectiva das crianças asmáticas sobre as práticas educativas dos seus pais e a perspectiva dos pais sobre o estilo psicológico da criança. Esta escolha também se deveu a preocupação em obtermos relatos diferentes entre pacientes e cuidadores a fim de tornar mais profunda e fiável a análise da trama psicológica das crianças asmáticas, numa perspectiva integracionista. Com esta perspectiva tentamos assegurar que não fiquem de fora, por questões teóricas ou metodológicas, por exemplo, outras variáveis, interações, direcções de causalidade e factores positivos, que possam aparecer nesta interação.
Devido à abrangência da nossa investigação (117 sujeitos) e à consequente impossibilidade de controlar todos os factores (como, por exemplo, controlar a exposição de cada sujeito aos alergénios e à toma de medicação, de forma rigorosa), optámos por um estudo menos aprofundado mas mais abrangente, onde reunimos o máximo de variáveis que pensamos possuírem alguma relevância para a problemática da asma, desde questões sociodemográficas, familiares, etc. Paralelamente, no procedimento estatístico, tentámos isolar algumas variáveis que, por si só, ou em correlação, adquirem um peso saliente para a descrição dos trilhos por onde a asma se agrava.
A nossa revisão teórica terá um sentido evolutivo e começará por descrever o que é o problema mente-corpo e como é que o conceito de psicossomática se enquadra nele, nomeadamente após as várias críticas que lhe foram dirigidas. Embora o nosso estudo tenha aspirações mais empíricas, iremos, sempre que oportuno, fazer alusões a teorias científicas e filosóficas sobre a questão mente-corpo. Não pretendemos aprofundar essa questão mas, sim, demonstrar que as necessidades e exigências relacionadas com as questões empíricas e clínicas também servem como estímulo para a evolução teórica e não somente, o contrário, como estamos habituados. Seguidamente, descreveremos como é que os autores mais clássicos, nomeadamente ligados ao campo da psicanálise, postulavam sobre o adoecer. Logo após, introduziremos outras teorias que, postulamos, ajudaram a que o conceito de psicossomática fosse perdendo preponderância e, com ele, a psicanálise, em diferentes níveis de abordagem da relação mente-corpo. Nomeadamente, a psicofisiologia e o behaviorismo, a nível de tratamento, a ciência cognitiva e neurofenomenologia, a nível teórico e finalmente, a teoria sistémica ou integracionista, a nível empírico. De seguida, debruçar-nos-emos sobre a asma de forma muito geral, e posteriormente, seguindo a mesma ordem em relação à questão mente-corpo, de forma mais detalhada. Assim retomaremos a análise da asma em primeiro lugar à luz do modelo psicossomático de origem psicanalítica (o primeiro modelo a sistematizar a influência do psíquico no somático); de seguida o modelo psicofisiológico-behavorista (com grande importância a nível de intervenção psicológica da asma); cognitivismo-neurofenomenologia (actualmente, o modelo que domina o debate mente-corpo) e finalmente, teoria sistémica-integracionista que, segundo vários autores, é o modelo mais abrangente e empírico. Devido à natureza do nosso estudo, será sob a influência deste último modelo que se baseará a nossa investigação. Posteriormente, e agora já na senda da literatura mais empírica, iremos investigar os aspectos relacionais e psicológicos, sob a forma de parentalidade e, em particular, sobre as práticas e estilos educativos parentais, e a sua influência para o agravamento da asma. Posteriormente investigaremos os estilos psicológicos, nomeadamente, o funcionamento internalizante e a sua contribuição para o agravamento da asma. Esta fase acaba com a investigação empírica de estudos semelhantes ao nosso,
32
onde se funda a relação entre a gravidade da asma, o funcionamento internalizante e os estilos parentais.
Acabamos a parte teórica com a investigação empírica sobre as várias abordagens ao tratamento da asma.
Não será, pois, de estranhar que a abordagem psicanalítica seja desenvolvida primeiro, pois foi a primeira disciplina que sistematizou a influência dos factores psicológicos sobre certas doenças denominadas de psicossomáticas. No mesmo sentido, a abordagem neurofenomenológica irá ser mais desenvolvida quando fizermos a introdução teórica no debate das diferentes disciplinas sobre a relação mente-corpo. Também, na continuação da mesma linha de pensamento, o modelo psicofisiológico-behaviorista será o mais desenvolvido quando investigarmos a psicoterapia na psicossomática. Já o modelo integracionista dominará a nossa investigação quando nos dirigirmos às investigações empíricas sobre a asma.
Após a revisão da literatura teórica e empírica, divulgaremos o método, hipóteses e objectivos gerais, resultados e discussão.
Resumindo, o objectivo central do nosso estudo será a investigação da influência das práticas educativas parentais e dos estilos psicológicos da criança asmática, nomeadamente o estilo internalizante, conjuntamente com variáveis clínicas e sociodemográficas, a fim de descobrir a sua importância para o agravamento da asma alérgica nas crianças em idade escolar.
Começaremos, então, na revisão da literatura, sempre numa óptica do mais geral para o mais específico, com a discussão do problema mente-corpo e com a integração do conceito de psicossomática nesse problema, tentando clarificá-los.
33
35
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Investigação teórica
2.1.1. O problema mente-corpo e as vicissitudes da psicossomática.
A introdução de um capítulo desta natureza numa investigação sobre a asma prende-se com o facto de, por vezes, serem as necessidades clínicas e empíricas que têm reorientado a evolução das teorias sobre a relação mente-corpo. Muitas vezes se tem confundido a relação mente-corpo com o conceito de fenómeno psicossomático, mas este, como veremos, é mais polémico, específico, datado e, actualmente não granjeia grande popularidade nas mais recentes e populares teorias sobre a relação mente-corpo e sobre as doenças que recrutam estes conceitos, como a asma. Neste sentido, sempre que possível, resolvemos separá-los. Apesar de muitos avanços na investigação empírica de certas doenças de etiologia complexa, nomeadamente, a asma, se terem inspirado nas críticas ao modelo psicossomático, principalmente de inspiração analítica, outros factores bastante importantes também ajudaram o desenvolvimento destes avanços. Nomeadamente, algumas descobertas científicas nas áreas da psicofisiologia, behaviorismo e neurociência cognitiva e, inclusive, a necessidade de a psicanálise se articular com estas investigações e descobertas, como Imbasciati (2002) reconheceu. De facto, como agora resumiremos, o problema mente-corpo está longe de se resumir ao conceito de psicossomática de inspiração psicanalítica, além de que actualmente este conceito tem sido pouco recrutado para os referidos debates.
De facto, o problema da relação mente-corpo tem sido uma questão que tem intrigado os filósofos, desde, pelo menos, a Grécia Antiga. Segundo Haynal e Pasini (1984), desde os seus primórdios na Grécia Antiga que a medicina tem oscilado entre uma tendência dinâmica e sintética, estudando o homem na sua totalidade, representada pela escola de Kos, Hipocrática, e uma tendência analítica e mecanicista, representada pela escola de Cnide.
Começando por ironizar o que chama o terreno dos “ismos”, Buser (2000) refere que ao longo dos séculos, duas opções dividiram filósofos e teólogos quanto à natureza do espírito. O materialismo e o idealismo (ou mentalismo). Para o primeiro, o espírito é matéria enquanto para o segundo o espírito é ideia. Com o decurso dos séculos outra dicotomia começou a imperar; os monistas, que consideravam que espírito e matéria são de natureza igual, e as dualistas, que consideravam que matéria e espírito pertenciam a naturezas diferentes. Esta divisão não coincidia com a precedente pois que se entre os monistas, a maioria é materialista, alguns, no entanto, são idealistas (como Berkeley, no sec. XVIII). Os dualistas desenvolveram muitas cambiantes para relacionar o corpo e o espírito e, no século XIX, o debate, ao princípio filosófico-teológico, tornou-se filosófico-científico. Defende, então, Buser (2000) que apenas com raras excepções (Epicuro, Gassendi), a tradição ocidental foi, primeiramente espiritualista, pois reconheceu a independência e a primazia total do espírito. Depois Descartes sistematizou o dualismo contra o idealismo platónico e a escolástica aristotélica. Descartes defendeu uma ideia materialista de interação entre o corpo animal-máquina e a alma. Descartes negava a intervenção permanente da divindade na nossa vida mental. Também admitia que o domínio mental poderia agir sobre o domínio físico e não apenas o contrário.