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Rev. adm. empres. vol.44 número especial

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Academic year: 2018

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112 • ©RAE • VOL. 44 • EDIÇÃO ESPECIAL MINAS GERAIS

ESTRATÉGIA EM FOCO

Por Marco Aurélio Rodrigues

Professor do CEPEAD/CAD/UFMG. E-mail: marco@face.ufmg.br

Entendida como uma forma de pen-sar o futuro, uma maneira de confe-rir unidade e direção às ações empre-sariais, ou ainda, como um mecanis-mo para promecanis-mover mudanças, o cam-po da administração estratégica ofe-rece aos interessados um número ele-vado não apenas de ingredientes como também de possibilidades para combiná-los. Um exame mesmo bre-ve da literatura nessa área rebre-vela ao observador uma prodigalidade de perspectivas e abordagens e, caso não se disponha previamente de um qua-dro de referência ou uma “carta de navegação”, não é difícil se perder no emaranhado de pontos de vista que o campo oferece. É o que mostra, por exemplo, Safári de Estratégia, uma penetrante revisão do campo realiza-da por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, em que, juntamente com a complexidade das questões que

cer-cam o tema, são explicitadas algumas das formas alternativas de se pensar a estratégia.

É, portanto, nessa moldura e com a intenção original de oferecer ao lei-tor “orientações para a construção mais elaborada do pensamento estra-tégico” que se incorpora ao amplo estoque da literatura existente o li-vro Administração estratégica – múl-tiplos enfoques para o sucesso em-presarial.

Obra coletiva, o trabalho é resul-tado da iniciativa de professores e alunos do Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração (CEPEAD) da UFMG. Estruturado em seis partes e contendo 15 artigos, produto da colaboração de 18 parti-cipantes, o livro adota, predominan-temente, o enfoque do posiciona-mento de Michael Porter, corrente preponderante, até recentemente,

como a mainstream desse campo de estudos e de prática profissional.

Na primeira parte – “Introdução à estratégia” – composta por dois arti-gos, os autores procuram, respectiva-mente, fixar uma abordagem amplia-da para referenciar o campo e discu-tir, na perspectiva da teoria das orga-nizações e na ótica instigante da aná-lise do discurso de inspiração foucaul-tiana, a problemática da “produção do saber” na área.

A segunda parte – “A estratégia, a organização e a cultura” – compõe-se de quatro artigos. O primeiro deles traz uma proposta interessante, na qual os autores buscam discernir o “tratamento dispensado (ou não dis-pensado) ao conceito de estratégia” ao longo do desenvolvimento da teo-ria organizacional em cada uma de suas “escolas de pensamento”. No segundo artigo, os autores objetivam ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA – MÚLTIPLOS

ENFOQUES PARA O SUCESSO EMPRESARIAL

De: Carlos Alberto Gonçalves, Mário Teixeira Reis Neto e Cid Gonçalves Filho (Organizadores).

Belo Horizonte: CEPEAD/UFMG, 2001. 317 p.

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2004 • ©RAE • 113

“sugerir estratégias que não podem ser facilmente copiadas e que aumen-tam tanto o valor como a expectativa de vida da empresa” elaborando seus argumentos em torno do conceito de “estratégias invisíveis” ou, como pre-ferem denominar, “estratégias obscu-ras”. Dentre as conclusões apresenta-das vale ressaltar a afirmação, no mí-nimo contundente, de que a “vanta-gem competitiva reside nos níveis es-tratégico e gerencial das organizações, sendo o nível operacional apenas uma ferramenta de apoio para suas carac-terísticas estratégicas, culturais e ge-renciais”. O terceiro artigo dessa par-te introduz a cultura corporativa nas discussões sobre o tema e, a partir de observações empíricas, o autor tenta mostrar como a cultura “exerce um papel de filtragem” na eleição daque-les aspectos do ambiente empresarial que são “julgados importantes e me-recedores de atenção”. Encerra essa parte um artigo cuja proposta é ofe-recer ao leitor um inventário dos prin-cipais modelos e processos de mudan-ça nas organizações.

Um único artigo compõe a tercei-ra parte do ttercei-rabalho – “A esttercei-ratégia e o conhecimento”. Indagando-se quanto à pertinência de uma “gestão do conhecimento” o autor tece, à luz das contribuições de inúmeros ana-listas e estudiosos do tema, conside-rações sobre aspectos variados envol-vendo o conhecimento.

“Estratégias genéricas, de marke-ting e de logística” é o título da quar-ta parte do livro, que antecipa o con-teúdo dos textos ali contidos. No pri-meiro artigo, são revistos os concei-tos porterianos de vantagens compe-titivas e estratégias genéricas, enquan-to que o segundo artigo é direenquan-to nas suas intenções de explicitar os prin-cipais enfoques das estratégias empre-sariais na ótica do marketing. Para o autor, uma vez que é o mercado a matriz original que “norteia as ações

da empresa”, o marketing é seu inter-prete primordial. O artigo “Estratégia corporativa: da perspectiva neoclás-sica à supply chain management”, apre-senta argumentos e caminhos promis-sores para se pensar a questão da es-tratégia em bases renovadas, com des-taque para a elaboração de contribui-ções teóricas seminais originárias no campo da economia.

A parte cinco da coletânea – “A estratégia em mercados globalizados” – discute o conceito de globalização, seus desdobramentos e a formação das empresas globais relacionando esses temas à concepção e implemen-tação de estratégias em “cenários de hipercompetitividade”. O artigo des-sa parte trabalha a questão, resdes-saltan- ressaltan-do a elaboração da visão e sua impor-tância para o sucesso empresarial em um contexto globalizado.

A sexta e última parte – “Modelos aplicados: ferramentas e estudos de casos” – apresenta três artigos e com-põe o que pode ser considerado como o núcleo empírico do livro. No pri-meiro deles os autores ressaltam que a diversidade de abordagens ou esco-las de pensamento dentro do campo, ao oferecer “visões parciais do todo”, tende a se constituir em um obstácu-lo efetivo à incorporação do conceito de estratégia ao ambiente empresarial. Partindo da premissa que a efetivida-de efetivida-de uma organização requer neces-sariamente compatibilidade e coerên-cia entre sua visão de futuro e os fa-tores internos e externos – o que é definido como postura estratégica da empresa – a intenção dos autores é, precisamente, esboçar os contornos de uma ferramenta para avaliar, jun-to à alta gerência, essa postura. No segundo artigo são evidenciados os resultados de uma pesquisa explora-tória no setor têxtil mineiro, com o objetivo de levantar “os principais fatores internos e as principais variá-veis externas que afetam o

gerencia-mento e a administração estratégica” do setor. A partir dos resultados obti-dos, os autores propõem a replicação da pesquisa em outros setores da eco-nomia. O terceiro e último artigo des-ta parte e da coletânea examina como a privatização e reestruturação afe-taram o desempenho e a competiti-vidade de duas empresas do setor si-derúrgico. Dentre as conclusões do estudo, o autor revela que a “influên-cia da privatização é raramente dire-ta”, não restringindo “os gerentes em suas escolhas na implementação de estratégias”. Além disso, observa o autor que as informações obtidas “suportam o ponto de vista de que a atitude gerencial, mais do que a pri-vatização, é a influência chave sobre as decisões a serem tomadas e a per-formance de longo prazo de uma empresa”.

É inegável que o livro contempla múltiplas abordagens, mas elas estão circunscritas, em sua grande maioria, ao ponto de vista da corrente do po-sicionamento de Michael Porter. Se por um lado, essa orientação tem o mérito de ressaltar para o leitor os li-mites do planejamento clássico como forma de pensar a administração es-tratégica, por outro lado, ao não con-templar perspectivas que adotam su-posições teóricas distintas quanto à empresa, ao processo e os resultados da estratégia, a própria obra perde a possibilidade de dialogar com outras abordagens e linhas de pensamento, uma vez que, no ambiente concreto em que se move a empresa, nem sem-pre as alternativas, suposições e ris-cos se encaixam no figurino clássico. Sem limitar o alcance e o valor das contribuições da obra, merece desta-que o esforço de aglutinar pessoas de um mesmo centro de ensino e pes-quisa, na reflexão coletiva em torno de um tema complexo e vital ao uni-verso organizacional e às práticas de gestão no Brasil.

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