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MATEMÁTICA .....................................................................................................................81 LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9 SU

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA...9

TEXTOS: INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS ... 9

LÍNGUA E LINGUAGEM ...11

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM ...11

TEXTO NARRATIVO ...12

TEXTO DESCRITIVO ...12

TEXTO DISSERTATIVO ...13

DISCURSO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE ...15

O GÊNERO POÉTICO E AS FIGURAS DE LINGUAGEM ... 16

FONÉTICA - FONOLOGIA: FONEMAS: VOGAIS, CONSOANTES E SEMIVOGAIS; ENCONTROS VOCÁLICOS, CONSONANTAIS E DÍGRAFOS; SÍLABAS ... 20

ORTOGRAFIA: CORREÇÃO ORTOGRÁFICA; ACENTUAÇÃO GRÁFICA; DIVISÃO SILÁBICA ... 20

MORFOLOGIA ...22

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS; MORFEMAS, AFIXOS; PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS ...22

CLASSES GRAMATICAIS: IDENTIFICAÇÃO, CLASSIFICAÇÕES E EMPREGO ... 26

SINTAXE: FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO; PERÍODO SIMPLES - TERMOS DA ORAÇÃO: IDENTIFICAÇÃO, CLASSIFICAÇÕES E EMPREGO ... 47

LITERATURA ...63

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO ...63

CONCEITUAÇÃO DE TEXTO LITERÁRIO ...63

GÊNEROS LITERÁRIOS ...63

PERIODIZAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA E ESTUDO DOS PRINCIPAIS AUTORES DOS ESTILOS DE ÉPOCA ...65

MATEMÁTICA ...81

NÚMEROS E OPERAÇÕES: CÁLCULO ARITMÉTICO ... 81

ÁLGEBRA E FUNÇÕES: PROPORCIONALIDADE, SEQUÊNCIAS E RACIOCÍNIO LÓGICO ...109

GRANDEZAS E MEDIDAS: ESTIMATIVAS E NOÇÕES DE MEDIÇÕES ...128

(2)

ESPAÇO E FORMA: DESLOCAMENTOS E MOVIMENTOS NO PLANO E NO ESPAÇO ...128

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO: LEITURA E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM GRÁFICOS, TABELAS E PICTOGRAMAS ...142

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS ...153

DIREITOS HUMANOS ...153

ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE ...155

DIRETRIZES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS ...178

PROGRAMA NACIONAL DIREITOS HUMANOS ...179

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS ...184

DIREITOS DAS MULHERES ...185

A EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA NO BRASIL ...189

A ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA NO ESTADO DE MINAS GERAIS ...190

A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO BRASIL ...194

A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E A DÉCADA INTERNACIONAL DOS POVOS AFRODESCENDENTES ...196

DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA NAS ESCOLAS DO CAMPO EM MINAS GERAIS ...198

DIRETRIZES OPERACIONAIS BÁSICAS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA NAS ESCOLAS DO CAMPO ...202

POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ...203

ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DO ENSINO NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE MINAS GERAIS ...206

O CURRÍCULO NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO, DA DIVERSIDADE E DO DIREITO À APRENDIZAGEM ...211

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E A ESTREITA RELAÇÃO COM O PLANO DE ENSINO, O PLANO DE AULA E A GESTÃO DA SALA DE AULA ...213

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO ...215

INTERDISCIPLINARIDADE ...217

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA DE UM CURRÍCULO INCLUSIVO ...219

(3)

A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO INTEGRAL E INTEGRADA GARANTINDO A FORMAÇÃO

HUMANA E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS ESTUDANTES ...222

EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS ...224

(4)

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

DIREITOS HUMANOS

CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Estabelecer um conceito de direitos humanos, embo- ra pareça simples, exige que se faça uma análise his- tórica para compreensão de como surgiu a definição.

Embora todos saibam mencionar quais são estes direi- tos, há que se entender como se chegou a um conceito.

Como dito, o conceito de direitos humanos foi construído ao longo dos tempos, razão pela qual se torna necessário abordar alguns aspectos referentes à sua evolução histórica.

À princípio, é possível dizer que os direitos huma- nos, tamanha sua importância, decorrem da dignida- de inerente a cada ser humano. Porém, em verdade, estes direitos não foram desde o início efetivamente previstos e protegidos.

A preocupação em se estabelecer um conceito aos direitos humanos decorreu do período pós II Guerra Mundial. Tal evento de total relevância para a história mundial, encerrou-se em setembro de 1945.

Em decorrência deste fato histórico, em 24 de outubro de 1945 foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da Carta da ONU. A ONU se estruturou a partir da união de países de diferentes continentes que tinham um único objetivo: a promo- ção da paz em todo o mundo e a proteção dos Estados, de forma que pudessem se reestruturar no pós-guerra.

O ano de 1948 é um marco histórico para a defesa dos direitos humanos, tendo em vista ter havido a proclama- ção da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

É válido lembrar de que os dois importantes momentos para os direitos humanos foram a Carta da ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Também é importante esclarecer que não se pode dizer que os direitos humanos surgiram a partir da definição de um conceito. Isto porque, é possível defen- der que se tratam de direitos inerentes à condição humana, segundo a doutrina, são direitos naturais.

No entanto, seu reconhecimento, porém, decor- re de fato da positivação. A positivação se refere ao momento em que um direito é reconhecido, sendo escrito por meio de uma lei que tramita em um pro- cesso legislativo e a partir de sua aprovação passa a ser de observância obrigatória a todos.

Preste atenção na informação a seguir, pois é muito importante para sua aprovação: é possível dizer que os direitos humanos são inerentes à condição huma- na dos indivíduos. São os chamados direitos naturais.

Quando estes mesmos direitos passam a ser previstos em uma lei escrita devidamente aprovada por meio do processo legislativo de cada Estado, dizemos que tais direitos estão positivados.

Quando se fala em direitos humanos, estamos mencionando um rol de direitos pertencentes ao indi- víduo. São reconhecidos internacionalmente, mas também constam nas normas de direito interno dos Estados. Dentre estes direitos, temos: o direito à vida;

à liberdade; à educação; à saúde. No Brasil, tais direi- tos estão elencados na Constituição Federal. São os direitos fundamentais e sociais.

A questão da nomenclatura é técnica, porém, em nada interfere ao fato de que estes direitos devem ser garantidos a todos os cidadãos. Nacionais ou estrangei- ros, que estejam ou não no território de sua terra natal, isto em nada interfere à obrigação dos Estados de res- peitarem os direitos humanos de cada um.

Recomendo para aprofundamento sobre a história da ONU e para informações mais detalhadas, a respeito do marco inicial dos direitos humanos, o acesso à página da ONU no endereço: https://nacoesunidas.org/conheca/.

Importante!

Direitos humanos são os direitos de cada indi- víduo reconhecidos em seu país e em âmbito internacional.

NOÇÕES GERAIS, DIFERENÇAS E CONVERGÊNCIAS DAS TRÊS VERTENTES JURÍDICAS DOS DIREITOS HUMANOS NO PLANO INTERNACIONAL

As vertentes constituem uma divisão dos direitos humanos relacionada ao âmbito de proteção pretendido pelos diversos tratados que foram assinados pelas nações.

A doutrina reconhece a existência de três verten- tes: direito internacional dos direitos humanos; direi- to humanitário e o direito dos refugiados.

Segue abaixo uma tabela importante para sua memorização, em que são demonstradas as três ver- tentes e suas principais características:

VERTENTES CARACTERÍSTICAS Direito

Internacional dos Direitos

Humanos

Garantir a todos as pessoas indepen- dentemente de sua raça, cor, religião, nacionalidade ou gênero, que possa ter uma vida digna, em razão de sua con- dição humana e que também tenha ga- rantido seu direito de liberdade

Direito Humanitário

Origem no período pós-guerra em que se tornou necessário o cuidado e respei- to com o próximo

Está vinculada à Convenção de Gene- bra de 1949

Direito dos Refugiados

Consequência do pós-guerra. Diversas pessoas precisaram deslocar-se de suas regiões de origem em virtude da devastação e destruição resultantes do conflito bélico mundial

Como visto, os direitos humanos foram assim concei- tuados e entendidos a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde então, a garantia de preserva- ção dos direitos humanos é uma preocupação internacio- nal especialmente das nações que compõe a ONU.

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É possível fazer uma breve síntese, de forma que se identifique o Direito Internacional Humanitário como o ramo do Direito Internacional Público dedi- cado à proteção do ser humano, civil ou militar, em contexto de conflito armado e identificado pelo grupo das chamadas “quatro correntes”: O “Direito de Gene- bra”, o “Direito de Haia”, o “Direito de Nova York” e o

“Direito de Roma”1.

Fica evidente que, nesta vertente, a preocupação é com o ser humano independentemente de qual- quer condição ou posição em que esteja inserido na sociedade.

Silvio Beltramelli Neto afirma que o Direito dos Refugiados: “mira a proteção da pessoa do refugiado”.

Em razão disto, em 28 de julho de 1951, a ONU pro- mulgou a Convenção conhecida como Estatuto dos Refugiados. O objetivo é que as nações se comprome- tam a auxiliar as pessoas que tenham saído de seu local em busca de uma vida digna em outra região. Assim, o país que receber este refugiado deverá garantir que seus direitos a uma vida digna sejam respeitados, inde- pendentemente de sua raça, origem, nacionalidade, religião ou convicções políticas. Ou seja, a pessoa em situação de refugiada não poderá ser vítima de qual- quer discriminação. Por outro lado, o refugiado deverá respeitar às leis do país em que ingressou.

Porém, esta Convenção mostrou-se deficiente, pois trazia limitações aos refugiados de determinados paí- ses, destinando-se primordialmente àqueles que pro- vinham dos países europeus e também de conflitos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951.

Assim, como forma de afastar esta lacuna, que cer- tamente gerava discriminações aos refugiados e afastar qualquer limite geográfico, foi aprovado, em 1967, um Protocolo adicional ao Estatuto, que passou então a proteger de forma ampla aqueles que precisaram sair de seus territórios em virtude de conflitos armados.

No ordenamento jurídico brasileiro, o Estatuto dos Refugiados foi regulamentado pela Lei nº 9.474, de 1997.

Atualmente, com a situação de alguns países em situação de guerra, diversas pessoas saíram de sua região de origem em busca de condições dignas em outros países, especialmente na Europa e também aqui no Brasil.

Houve grande discussão, pois algumas nações não se mostraram dispostas a acolher os refugiados, embora esta seja uma das vertentes dos direitos humanos.

Dica

As vertentes de direitos humanos são: direi- to internacional dos direitos humanos; direito humanitário e o direito dos refugiados.

GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Quando se fala em direitos humanos há sempre que se entender em que contexto histórico determina- do direito foi considerado como indispensável para a proteção do homem.

A doutrina ensina que o jurista tcheco chamado Karel Vasak dividiu os direitos humanos de acordo com o contexto histórico vivenciado no momento de seu reconhecimento. Esta divisão é conhecida como Teoria das Gerações de Direitos Humanos.

1  NETO, S. B. Direitos Humanos. Coleção Concursos Públicos, p. 211.

Contudo, a doutrina recente entende que o termo gerações não se mostra adequado, pois traria uma ideia de superação, sucessão, o que não corresponde à realidade, visto que os direitos humanos, embora reconhecidos em diferentes períodos, não se suce- dem, mas sim se complementam, formando um todo indispensável para a proteção do ser humano.

Neste sentido, Silvio Beltramelli Neto ensina que existe:

[...] uma predileção da doutrina especializada pelo uso da expressão “dimensões” em substituição à ideia de “gerações”, de modo a escapar às falsas ideias acima mencionadas, buscando-se destacar, a bem da concretização, que os direitos humanos são (I) decorrentes de um processo de acumulação; (II) interrelacionados; (III) interdependentes. (Direitos Humanos. Coleção Concursos Públicos, p. 89) Desta forma, são reconhecidas como três as gera- ções ou dimensões dos direitos humanos. Ao final, atente-se para um esquema que deixo para facilitar seus estudos sobre as gerações e suas características.

A primeira delas é caracterizada como a dimensão dos direitos individuais. O contexto histórico desta dimensão decorre do período pós-Revolução Francesa.

Assim, tratam-se dos direitos que reconhecem ao indivíduo, a liberdade para poder agir e viver con- forme suas convicções e poder manifestar-se, sem a influência do Estado.

Portanto, aqui consagra-se o valor da liberdade.

Na Constituição Federal Brasileira, mais especifica- mente no art. 5°, a liberdade é definida como indis- pensável ao indivíduo, como por exemplo:

Art. 5° [...]

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

IV–é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Ademais, o mesmo dispositivo constitucional traz meios pelos quais o indivíduo poderá buscar a tutela estatal caso sofra qualquer interferência indevida em seu direito de liberdade, como o acesso ao Poder Judi- ciário previsto no XXXV, art. 5º:

Art. 5° [...]

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Já em relação ao valor da igualdade, podemos rela- cioná-lo à segunda dimensão dos direitos humanos.

Após as conquistas decorrentes dos direitos e garantias individuais, a igualdade, tornou-se um anseio social, de forma que todos pudessem ter acesso a direitos sociais, econômicos e culturais. O objeti- vo, portanto, era a superação de desigualdades e que o Estado pudesse, de fato, oferecer oportunidades e garantir direitos iguais para todos.

O contexto histórico da segunda dimensão é a Revo- lução Industrial e os movimentos populares que eclodi- ram pelo mundo na primeira metade do século XIX.

Um marco importante também relacionado a esta dimensão é a Constituição de Weimar. Trata-se da Constituição Alemã que trouxe em seu texto direitos sociais e econômicos, dentre outros.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

155 E, finalmente, a terceira dimensão é conhecida pela

solidariedade. Nesta dimensão, que se verifica é uma preocupação mundial com o coletivo. Passada a fase em que se buscavam as garantias individuais vinculadas à liberdade e os direitos sociais, relacionados à igualdade, nesta fase, a preocupação se volta para o todo.

PRIMEIRA

DIMENSÃO SEGUNDA

DIMENSÃO TERCEIRA DIMENSÃO Característica:

liberdade Direitos individuais

Característica:

igualdade Direitos sociais

Característica:

solidariedade Direitos coletivos Após um período em que as pessoas passaram a viver em busca de seus anseios, sem uma preocu- pação com o ambiente que lhes cercava, tornou-se necessidade urgente voltar-se para o meio ambiente que sofreu grandes degradações, bem como buscar a paz depois de terem passado por duas guerras mun- diais, especialmente pela devastação que decorreu da Segunda Guerra Mundial.

Apenas à título ilustrativo, para complementar seus estudos, alguns doutrinadores da área dos direi- tos humanos defendem a existência de uma quarta geração ou dimensão, que estaria relacionada à glo- balização e às questões políticas, como democracia, direito à informação e pluralismo político.

Dica

Primeira dimensão = direitos de liberdade;

Segunda dimensão = direitos de igualdade;

Terceira dimensão = direitos de solidariedade.

ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

LEI Nº 8.069, DE 1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)

Ter acesso à saúde, à educação, manter relações sociais saudáveis, ter uma alimentação adequada, atendimento e acompanhamento médico de qualida- de são indispensáveis para que crianças e adolescen- tes cresçam saudáveis física e mentalmente.

Todos os direitos básicos e fundamentais para o desenvolvimento saudável da criança e do adolescen- te têm respaldo constitucional, especificamente no art. 227. Veja:

Art. 227 (CF, de 1988) É dever da família, da socie- dade e do Estado assegurar à criança, ao adoles- cente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao res- peito, à liberdade e à convivência familiar e comu- nitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Contudo, tornou-se imprescindível a criação de legislação especial para regulamentar sobre as pecu- liaridades e sobre a proteção que deve ser direciona- da aos adolescentes e às crianças.

Desta maneira, foi publicada a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Primeiramente, é importante tecer algumas consi- derações acerca de termos comuns da Lei.

Crianças e adolescentes não cometem crimes e, sim, atos infracionais. O ato infracional consiste na conduta descrita como crime ou contravenção penal, conforme estabelece o art. 103, do ECA, que será estudado em momento oportuno.

O menor sob a proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente jamais será preso, mas, nas hipóteses estritamente previstas no ECA, poderá ser apreendido.

Finalmente, o menor sob a proteção do referido texto legal não será submetido à pena, mas a medidas socioeducativas (aplicáveis somente a adolescentes) e medidas de proteção (crianças e adolescentes).

MAIORES DE 18 ANOS (IMPUTÁVEIS)

MENORES DE 18 ANOS (CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOB

PROTEÇÃO DO ECA)

Crimes Podem ser presos Estão sujeitos ao cumpri-

mento de pena

Atos infracionais Podem ser apreendidos Estão sujeitos a medidas

socioeducativas (ado- lescentes) e a medidas de proteção (crianças e

adolescentes)

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

As disposições preliminares do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estão contidas nos arts. 1º ao 6º. Vemos que o principal objetivo do referido Estatu- to está descrito em seu art. 1º, qual seja: a proteção integral à criança e ao adolescente.

Essa proteção é uma doutrina, inclusive constitu- cionalmente estabelecida, tal a importância do insti- tuto, sendo indispensável ter em mente a literalidade disposta do art. 227, da Constituição Federal.

Conforme o artigo citado, a proteção integral é dever da família, da sociedade e do Estado, e indica que nada deve faltar à criança e ao adolescente em todas suas necessidades essenciais.

Na interpretação dos dispositivos do ECA, é neces- sário levar em conta os fins sociais aos quais eles se dirigem, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos e a condição pecu- liar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

O critério que define quem é legalmente conside- rado criança ou adolescente é a idade.

O ECA estabelece, em seu art. 2º, que são crianças aqueles que possuírem até 12 anos incompletos (11 anos e onze meses) e adolescentes aqueles com idade de 12 a 18 anos.

ECA — ART 2º

Criança até 12 anos incompletos Adolescente de 12 a 18

anos

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156

O parágrafo único apresenta uma exceção à regra relativa ao critério etário, ao estabelecer que, excep- cionalmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente poderá ser aplicado a pessoas entre 18 e 21 anos de idade. Essa determinação possui relação direta com duas disposições estatutárias: a primeira é o art. 40, do ECA, que prevê a aplicação do parágrafo único, do art.

12, nos casos de jovens entre 18 e 21 anos de idade que, à época do pedido de adoção, já se encontravam sob a guarda e tutela dos adotantes; a segunda é o § 5º, do art.

121, também do ECA, que prevê a aplicação de medi- das socioeducativas de internação e de manutenção do jovem sob a custódia do Estado até os 21 anos de idade.

Art. 40 O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

Art. 121 [...]

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STF) adota a corrente que entende que há uma distin- ção entre as esferas cíveis e penais. Portanto, com o advento do Código Civil de 2002, o ECA não se apli- ca aos maiores de 18 anos. Contudo, em relação aos aspectos infracionais, aplica-se o parágrafo único, art.

2º, do ECA, uma vez que o próprio Estatuto prevê libe- ração compulsória aos 21 anos de idade.

Veja a decisão do STJ:

HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA.

SEMILIBERDADE. MENOR QUE COMPLETARA DEZOITO ANOS. PRETENSÃO DE EXTINÇÃO DA MEDIDA. CONTRARIEDADE LEGAL. ART. 120, § 2º. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA.

1. A teor do que dispõe o art. 104, parágrafo único, da Lei n° 8.069/90, considera-se a idade do menor à época da prática do ato infracional.

2. Somente quando o reeducando completar 21 anos de idade será obrigatoriamente liberado, nos termos do art. 121, § 5º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que não foi alterado com a entrada em vigor da Lei n° 10.406/02.

3. Ausência de ilegal constrangimento decorrente da manutenção da medida socioeducativa imposta a infrator que atingira os 18 anos de idade.

4. Ordem denegada.

Princípios Fundamentais

O ECA estabelece três princípios fundamentais:

z Princípio da prioridade absoluta: é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prio- ridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. A garantia de prioridade, de acordo com o parágrafo único, do art. 4º, compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência do atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públi- cos nas áreas relacionadas com a proteção à infân- cia e à juventude.

z Princípio da dignidade: a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais ineren- tes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata o Estatuto, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunida- des e facilidades, a fim de facultar-lhes o desen- volvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será obje- to de qualquer forma de negligência, discrimina- ção, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

z Princípio da não discriminação: os direitos enun- ciados na Lei nº 8.069, de 1990, aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nas- cimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pes- soal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de mora- dia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais e a que ela se dirige, as exi- gências do bem comum, os direitos e deveres indivi- duais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Do Direito à Vida e à Saúde

O Estado, em todas as suas esferas (federal, esta- dual e municipal), tem o dever de fomentar políticas públicas voltadas à proteção integral da saúde de crianças e adolescentes, em regime da mais absoluta prioridade.

Para tanto, devem ser destinados percentuais mínimos em política social básica de saúde com foco na criança e no adolescente. Não é possível respeitar direitos fundamentais sem destinação mínima de recursos para essa finalidade. Esses recursos devem ser aplicados à luz do princípio da máxima eficiên- cia. Veja o que diz o art. 7º, do ECA:

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nasci- mento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Com relação à proteção à vida, todas as legisla- ções consagram tal direito como aquele necessário à consecução dos demais. É interessante observar que o art. 8º e seus respectivos parágrafos dispõem sobre os direitos da mulher durante toda a gestação e após o parto com a finalidade de garantir o bem-estar do feto. Os cuidados com a mãe devem ocorrer tanto no plano físico quanto no emocional.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

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Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimen- to pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.

§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.

§ 2º Os profissionais de saúde de referência da ges- tante garantirão sua vinculação, no último trimes- tre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.

§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for reali- zado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e con- trarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação.

§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assis- tência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.

§ 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deve- rá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encon- trem em situação de privação de liberdade.

§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.

§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança.

§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesa- riana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.

§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto.

§ 10 Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitá- rias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sis- tema de ensino competente, visando ao desenvolvi- mento integral da criança.

Art. 8º-A Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser rea- lizada anualmente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar informa- ções sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravi- dez na adolescência.

Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente ao público adolescente.

A primeira infância compreende o período entre os primeiros 6 anos completos ou 72 meses de vida da criança.

O aleitamento materno deve ser estimulado, por meio de campanhas de orientação, ao menos, até o sexto mês de vida da criança.

Art. 9º O poder público, as instituições e os empre- gadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade.

§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saú- de desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementa- ção e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação com- plementar saudável, de forma contínua.

§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano.

Visando ao crescimento saudável como direi- to de todos os menores, as presidiárias têm direi- to a amamentar seus filhos. O inciso XLV, do art. 5º, da Constituição Federal, faz alusão ao princípio da intranscendência ou pessoalidade da pena, ou seja, somente a pessoa sentenciada irá responder pelo cri- me que praticou. Assim sendo, o caráter tutelar do art.

9º, do ECA, visa a reafirmar a proteção ao direito de amamentação ao filho da mulher que estiver cum- prindo pena de reclusão.

O caráter tutelar do ECA garante os direitos da criança que não podem ser suprimidos pela situação em que se encontra sua genitora, como consequência da proteção integral aos mesmos.

Além disso, o ECA, visando a tutelar o recém-nas- cido, trouxe uma série de regras aos estabelecimentos de saúde que atendem gestantes.

De acordo com o que estabelece o art. 10, os hos- pitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

Art. 10 […]

I - manter registro das atividades desenvolvi- das, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identificar o recém-nascido mediante o regis- tro de sua impressão plantar e digital e da impres- são digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolis- mo do recém-nascido, bem como prestar orienta- ção aos pais;

IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

VI - acompanhar a prática do processo de ama- mentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.

§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nascido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma da regula- mentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com implementação de forma escalonada, de acordo com a seguinte ordem de progressão:

I - etapa 1:

a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias;

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