Introdu¸c˜ ao aos Processos Estoc´ asticos
Luiz Renato Fontes
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Recorrˆ encia e Transitoriedade
(Xn) cadeia de Markov em S c/ matriz de transi¸c˜aoP.
O estadox ∈ S ´e dito recorrentesePx(Xn=x i.v.) = 1, onde {Xn=x i.v.}={Xn=x infinitas vezes}
={Xn=x para infinitosn’s}
=∩i≥1∪j≥i {Xj =x};
={∃n1,n2, . . .: Xn1 =Xn2 =· · ·=x};
ex ´e ditotransit´orio sePx(Xn=x i.v.) = 0.
Recorrˆ encia e Transitoriedade (cont.)
SejaTx o tempo de primeira passagem porx:
Tx = inf{n≥1 : Xn=x}, e fa¸camosTx(0) = 0 e, parak ≥0,
Tx(k+1) = inf{n≥Tx(k)+ 1 : Xn=x} (inf∅=∞).
Tx(r) ´e o tempo dar-´esima passagem de (Xn) porx,r ≥1.
Note que, se, para algumk ≥1, Tx(k)=∞, ent˜aoTx(k+1)=∞.
Parar ≥1, seja Sx(r)=
(Tx(r)−Tx(r−1), seTx(r−1) <∞, Ur, c. c. ,
onde (Ur)r≥1 iid U1∼Tx. Note queSx(1)=Tx. Pela PFM, (Sx(r))r≥1 iid.
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Recorrˆ encia e Transitoriedade (cont.)
SejaVx o n´umero de visitas de (Xn) ax: Vx =P
n≥01{Xn=x}.
Obs. 1){Xn=x i.v.}={Vx =∞}, logo 2)x ´e recorrente ssePx(Vx =∞) = 1, e 3)x ´e transit´orio ssePx(Vx =∞) = 0.
4)Ex(Vx) =P
n≥0Px(Xn=x) =P
n≥0Pxx(n). (1)
Agora, seX0=x: Vx >r ⇔Tx(r)<∞ ⇔Sx(i)<∞,i ≤r.
Fazendofx =Px(Tx <∞):
Px(Vx >r) =Px(Sx(i)<∞,i ≤r) =
r
Y
i=1
Px(Sx(i)<∞) =fxr (2) Logo,Ex(Vx) =P
n≥0Px(Vx >n) =P
n≥0fxn. (3)
Teorema 1
Vale a seguinte dicotomia
(i) SePx(Tx <∞) = 1, ent˜aox ´e recorrente eP
n≥0Pxx(n)=∞ (ii) SePx(Tx <∞)<1, ent˜ao x ´e transit´orio eP
n≥0Pxx(n) <∞.
Corol´ario. Todo estado ´e ou recorrente ou transit´orio.
Dem.Se Px(Tx <∞) =fx = 1, ent˜ao de (2):
Px(Vx =∞) = limn→∞Px(Vx >n) = limn→∞fxn= 1 (x ´e rec.), e tbEx(Vx) =P
n≥0Pxx(n)=∞; por outro lado, se fx <1, ent˜ao Ex(Vx) =P
n≥0fxn= 1−f1
x <∞ ⇒Px(Vx =∞) = 0, ex ´e trans.
Obs. SobPx,Vx ∼Geom´etrica(1−fx) (conv: Geo(0) =∞).
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Teorema 2
SejaC uma classe de comunica¸c˜ao. Ent˜ao, ou todos os estados deC s˜ao transit´orios, ou s˜ao todos recorrentes.
Dem.Se x↔y, ent˜ao existemi,j tqPxy(i),Pyx(j)>0. Logo, Pxx(i+k+j)
∗
≥Pxy(i)Pyy(k)Pyx(j) ⇒Pyy(k) ≤ 1
Pxy(i)Pyx(j)
Pxx(i+k+j). Logo, P
k≥0Pyy(k)≤ 1
Pxy(i)Pyx(j)
P
k≥0Pxx(i+k+j)≤ 1
Pxy(i)Pyx(j)
P
`≥0Pxx(`).
Logo, sex for transit´orio, ent˜aoy tb ´e transit´orio pelo Teo 1.
Obs. Neste contexto, recorrˆencia e transitoriedade s˜ao ditas propriedades de classe, e temos classes recorrentes e classes transit´orias.
∗Pxy(i+j) CK=P
w∈SPxw(i)Pwy(j)≥Pxz(i)Pzy(j)∀x,y,z∈ S,i,j≥0
Teorema 3
Toda classe recorrente ´e fechada.
Dem.Suponha que C seja uma classe n˜ao fechada;
ent˜ao ∃x ∈ C,y ∈ C/ e i >0 tq Px(Xi =y)>0.
ComoPy(Xn=x para algumn ≥0) = 0†, segue que Px(Xi =y,Xn=x i.v.) = 0⇒Px(Xn=x i.v.)<1.
Logox n˜ao ´e recorrenteTeo1=⇒ x ´e transit´orio Teo2=⇒ C´e transit´oria.
†se n˜ao,y∈ C
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Teorema 4
Toda classe fechada finita ´e recorrente.
Dem.Suponha que C seja uma classe fechada e finita.
SeX0 ∈ C, ent˜ao existex∈ C tq
0<P(Xn=x i.v.)PFM= P(Tx <∞)Px(Xn=x i.v.).
Logo,Px(Xn=x i.v.)>0, e x n˜ao ´e transit´orio.
Logo,x e C s˜ao recorrentes pelos Teos 1 e 2.
Exemplos
1)P=
0 0 12 12
1 0 0 0
0 1 0 0
0 1 0 0
cadeia irredut´ıvel e finita: Teo 4⇒ recorrente.
2)P=
1 2
1
2 0 0 0
1 2
1
2 0 0 0
0 0 12 12 0 0 0 12 12 0
1 4
1
4 0 0 12
C1 ={1,2} eC2 ={3,4}recorrentes; C3 ={5}transit´oria.
(Note queC1eC2s˜ao fechadas e finitas, eP5(T5<∞) = 12 <1.)
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Recorrˆ encia e transitoriedade no passeio aleat´ orio em Z
d1)d = 1, q= 1−p∈(0,1)
Obs. Cadeia irredut´ıvel.
SejaDn= #{saltos de (Xn) para a direita at´e o tempon}
∼Bin(n,p)
Dado queX0= 0, temos Xn=Dn−(n−Dn) = 2Dn−n
∴Xn=k ⇔Dn= n+k2
∴ P00(n) = ( n
n/2
(pq)n/2, sen= par;
0, sen= ´ımpar. (4)
∴ P
n≥0P00(n)=P
n≥0P00(2n)=P
n≥0 2n n
(pq)n (5)
PAS em Z
Se o lado direito de (1) for<∞, ent˜ao o PAS em Z ´e transit´orio;
se n˜ao, ´e recorrente.
Basta avaliar o comportamento assint´otico dos somandos em (5).
2n n
= (2n)!
(n!)2
Stirling
∼ A√
2n(2n)2ne−2n (A√
n(n)ne−n)2 =C 1
√n 4n
∴ 2nn
(pq)n∼C √1n (4pq)n= ( C
√n, sep =q;
√C
nλn, sep 6=q, para ctes 0<A,C <∞, onde λ= 4pqp6=q< 1.
a)p = 1/2: Como P
n≥1√1
n =∞, temos queP
n≥0P00(n)=∞, e a cadeia ´e recorrente neste caso.
b)p6= 1/2: ComoP
n≥1 √λn n ≤P
n≥1λnp6=q< ∞, temos que P
n≥0P00(n)<∞, e a cadeia ´e transit´oria neste caso.
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PAS sim´ etrico em Z
2X0 =0 (origem deZ2)
Seja ˆZ2 a redeZ2 rotacionada por 45o em torno da origem, e multiplicada por√
2. Ent˜ao, as proje¸c˜oes ortogonais de√
2Xn nos
eixos coord de ˆZ2,Xn+ eXn−, s˜ao PAS sim´etricos emZ, indeps.
∴P00(n) =P0(Xn =0) =P0(Xn+= 0,Xn−= 0|X0+= 0,X0−= 0)
=P0(Xn+= 0|X0+= 0)P0(Xn−= 0|X0−= 0)
= (P00(n))2 (4)=
h n
n/2
1
2n
i2
∼ Cn0, n par;
0, n´ımpar.
ComoP
n≥1 1
n =∞, temos que P
n≥1P00(n)=∞, e o PASS emd = 2 ´e recorrente.
1/4 1/4
1/4
1/4
PAS sim´ etrico em Z
d, d ≥ 3
d = 3,X0 =0
Sejae1= (1,0,0), e2= (0,1,0), e3= (0,0,1).
Ent˜aoXn=Pn
i=1BiVi, onde indep
(B1,B2, . . .iid∼Ber({−1,+1}; 1/2);
Vi,V2, . . .iid,P(V1 =ei) = 1/3,i = 1,2,3.
n≥1: Nn(i)={j ≤n :Vj =ei},Nn(i) =|Nn(i)|;i = 1,2,3;
⇒ (Nn(1),Nn(2),Nn(3))∼Mult(n;13,13,13).
DadosNn(1),Nn(2),Nn(3): Un(i) :=P
j∈Nn(i)Bj ∼ Bin(Nn(i)),i = 1,2,3, independentes
e1 e2 e3
1/6 1/6
1/6 1/6 1/6 1/6
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PASS em Z
3Sen for ´ımpar, ent˜ao P00(n) =P0(Xn=0) = 0; qdo n for par:
P00(n)= 1 6n
X
n1,n2,n3 pares n1 +n2 +n3 =n
n!
n1!n2!n3!
3
Y
i=1
ni
ni/2
= 1 6n
X
n1,n2,n3 pares n1 +n2 +n3 =n
n!
(Q3
i=1ni!/2)2
n=2k= 1 62k
X
k1+k2+k3=k
(2k)!
(k1!k2!k3!)2 = 2k
k 1
22k X
k1+k2+k3=k
k k1k2k3
21 3
2k
≤ 2k
k 1
22k
| {z }
∼const/√ n
×1
3k max
k1+k2+k3=k
k k1k2k3
No caso em quek = 3m=k1+k2+k3, pode-se checar que 3m
k1k2k3 ‡
≤ 3m
m m m Stirling
∼ A√
3m(3m)3me−3m (A√
m mme−m)3 =const k 3k
‡sek1<m<k2: k3m
1k2k3
< k 3m
1+1k2−1k3
PASS em Z
3(cont.)
Logo, P00(n)
(∗)
≤ const/n3/2, sen= m´ult de 6; = 0, se n= ´ımpar.
Mas note que P00(6m)≥
1 6
2
P00(6m−2)
1 6
4
P00(6m−4)
⇒(∗) vale ∀ n par.
∴P
n≥1P00(n)<∞, pois P
n≥1 1
n3/2 <∞, e logo o PASS emd = 3 ´e transit´orio.
Obs. 1) Similarmente podemos argumentar que o PASS emZd ´e transit´orio emd ≥4, e tamb´em em d = 2.
2) O argumento por proje¸c˜ao feito acima, no Slide 12, s´o funciona no caso bidimensional.
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