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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE COMUNICAÇÃO CURSO DE JORNALISMO IDENTIDADE FUTEBOL CLUBE

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE COMUNICAÇÃO

CURSO DE JORNALISMO

IDENTIDADE FUTEBOL CLUBE

JOÃO VITOR BARBOSA DOS SANTOS WAGNER OLIVEIRA FILHO

GOIÂNIA 2020

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE COMUNICAÇÃO

CURSO DE JORNALISMO

IDENTIDADE FUTEBOL CLUBE

JOÃO VITOR BARBOSA DOS SANTOS WAGNER OLIVEIRA FILHO

Projeto final de Trabalho de Conclusão de curso apresentado como pré- requisito do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), orientados pela profª. M.ª Bernadete Coelho de Sousa Santana.

Assinatura:_____________________

GOIÂNIA 2020

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE COMUNICAÇÃO

CURSO DE JORNALISMO

IDENTIDADE FUTEBOL CLUBE

JOÃO VITOR BARBOSA DOS SANTOS WAGNER OLIVEIRA FILHO

Data da defesa:

Resultado:______________________

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Ma. Bernadete Coelho de Sousa (Orientadora)

Prof. Me.Enzo de Lisita (Professor da PUC Goiás)

Gerliezer Paulo

(Jornalista convidado)

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos pais e familiares pelo apoio moral e financeiro para que pudéssemos chegar até este momento.

Aos nossos amigos que passaram longas horas durante esse período de faculdade e sempre acreditaram no nosso potencial e capacidade.

A nossa orientadora Bernadete Coelho que esteve sempre disposta a nos ajudar durante o processo desse trabalho, além de todos os ensinamentos durante o curso.

Em especial, agradecemos um ao outro, pela união, dedicação e pela vontade de concluirmos algo tão importante juntos.

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RESUMO

O videodocumentário “Identidade Futebol Clube” apresenta uma reflexão sobre o bairrismo no futebol e a discussão dentro dos estados que possuem menor expressão no esporte que é considerado “Paixão Nacional “. O chamado “Bairrismo”

é a luta que os torcedores de times de futebol com menor visibilidade enfrentam diante das maiores equipes de futebol do país. Para os “bairristas”, é preciso torcer única e exclusivamente para o time do seu estado ou cidade natal, não podendo escolher equipes de outros lugares para demonstrar sua preferência. Com essa visão, este trabalho traz opiniões de alguns jornalistas esportivos, torcedores bairristas e demais fontes para falar e trazer um pouco de conhecimento sobre o assunto, que é bastante discutido dentro do futebol.

Palavras chave: identidade, futebol, bairrismo, bairristas.

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ABSTRACT

The video documentary "Identity Football Club" presents a reflection on neighborhoodism in football and the discussion within the states that have less expression in sport that is considered "National Passion". The so-called "Bairrismo" is the fight that fans of football teams with less visibility face in the face of the largest football teams in the country. For the "Bairristas", it is necessary to cheer solely and exclusively for the team of their state or hometown, not being able to choose teams from other places to demonstrate their preference. With this view, this work brings opinions from some sports journalists, “bairristas” and other sources to talk and bring a little knowledge on the subject, which is widely discussed within football.

Keywords: documentary, soccer teams, football, bairrismo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO…...…...…...8

CAPÍTULO I...9

1. As manifestações bairristas nas torcidas brasileiras...9

1.1 A mídia influencia na escolha de um time?...11

CAPÍTULO II...14

2. As lutas e campanhas bairristas...14

2.2 Existe xenofobia nesses movimentos?...17

2.3 Bairrismo na imprensa...20

CAPÍTULO III...23

3. O documentário...23

4. Os tipos de documentário...25

4.1 Modo expositivo...25

4.2 Modo participativo...26

4.3 Modo observativo...26

4.4 Modo reflexivo...26

4.5 Modo performático...27

4.6 Modo poético...27

METODOLOGIA...28

1.Pesquisa bibliográfica...28

1.1 Entrevistas...29

MEMORIAL...30

João Vitor Barbosa...30

Wagner Oliveira...31

DESCRIÇÃO DO PRODUTO...33

OUTRAS CONSIDERAÇÕES...34

BIBLIOGRAFIA...35

ANEXO 1 – Diário de Produção...38

ANEXO 2 – Roteiro...40

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INTRODUÇÃO

O termo “bairrismo” é a ação de quem defende os interesses de sua terra natal e os coloca acima de tudo. Este termo está popularmente relacionado a características negativas, pois o bairrismo é ligado, em muitas das vezes, a uma visão única e individualista, recusando o que vem de fora, segundo o Dicionário Online da Língua Portuguesa.

Dentro dos estádios de futebol em todo Brasil, o bairrismo não é diferente ele também movimenta o torcedor. A torcida é uma das principais forças que alimentam o esporte. Diversos fatores e o mix de sentimentos colocam o futebol como o esporte mais famoso do planeta. Torcedores que vibram, cantam, comemoram, cobram, apoiam e até choram ao ver seu time ser derrotado, sempre arrumam um jeito de demonstrar o amor pelo seu clube.

A paixão e identificação por estes clubes podem surgir de várias formas, seja dentro do estádio, por influência familiar, ou até pela própria mídia, mas existem movimentos que se posicionam contra a influência midiática nas torcidas e criticam veementemente os torcedores que demonstram sua paixão por times que são de fora do seu estado natal. Essas manifestações estão presentes no dia a dia, dentro dos estádios, na imprensa, nos cantos musicais e nas faixas expostas dentro dos duelos, e em muitos casos, essa rivalidade fora de campo gera conflitos de interesse. Dessa forma é importante discutir o tema e buscar compreender melhor esse fenômeno que tem crescido entre as torcidas.

Vale destacar que apesar de ser um assunto muito debatido dentro dos estádios e das torcidas, não existem grandes estudos sobre o tema, tivemos dificuldades em encontrar artigos científicos que destacassem mais sobre e inúmeras vezes, tivemos que buscar auxílio em contatos pessoais, vídeos na internet e em outras fontes.

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CAPÍTULO I

1. As manifestações bairristas nas torcidas brasileiras

A primeira ação de bairristas no futebol brasileiro que ganhou maior destaque foi promovida por torcedores do América-RN, em uma partida contra o Flamengo, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2007. Na ocasião, alguns torcedores do clube potiguar queimaram camisas de clubes do eixo Rio-São Paulo na arquibancada do estádio Machadão, em Natal (RN).

Com isso, outros torcedores de clubes do Nordeste passaram a aderir ideias bairristas e promover faixas e manifestações mais frequentes nos estádios. De acordo com o torcedor Roberto Luiz, o primeiro movimento bairrista foi criado pela torcida do CRB, de Alagoas, denominado “CRB, Meu Único Time”, em 2008. Após isto, outras torcidas de clubes pelo Brasil passaram a criar movimentos bairristas para buscar identificação e representação em cada estado, unindo rivais e promovendo o fortalecimento do futebol local, agindo contra ações da mídia para beneficiar clubes do eixo Rio-São Paulo. As ideias começavam a ser estabelecidas em estados como Pará, Ceará, Amazonas, Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraná e outros. E este trabalho se propõe a relatar o surgimento do movimento bairrista em alguns estados, começando por Goiás.

Segundo Jonathan Junior, torcedor e bairrista declarado, em entrevista ao documentário “Identidade F.C”, o primeiro movimento bairrista em Goiás surge em 2009 na torcida do Goiás Esporte Clube, denominado “Goiás, Meu Único Time”, que logo foi abraçado por muitos torcedores e pelo próprio clube. O ex-goleiro Harlei, que atuou como jogador do Goiás de 1999 a 2014, em entrevista ao documentário

“Brasileirão Petrobras”, revelou a identidade bairrista que surgia na torcida esmeraldina: “A energia de torcer pelo Goiás é a energia de torcer por um clube só.

É torcedor de uma única cor. Você não escuta um esmeraldino dizer que torce por fulano e mais fulano. Ele torce pelo Goiás e acabou.”, declarou.

A partir daí várias mensagens passaram a surgir nos estádios de futebol, vindo das torcidas de clubes goianos, reprimindo a presença de torcedores que não torcessem por equipes locais. Segundo Paiva (2020), em entrevista ao documentário

“Identidade F.C”, as primeiras manifestações bairristas eram “ácidas”, ou seja, os

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bairristas goianos atacavam torcedores de clubes de fora, com termos como “f alsos goianos” e “traidores”.

Em 2012, o torcedor do Goiás, Marcos Rafael Paiva, resolveu estimular o pensamento bairrista para outras torcidas do estado, e juntamente com André Luiz Paiva, torcedor do Atlético-GO, e Rodrigo Menezes, torcedor do Vila Nova, fundaram o movimento “Sou Goiano, Meu Time Também”, que passou a ser o maior e único grupo bairrista a representar o ideal no futebol goiano como um todo. O movimento também chegou a torcedores de clubes do interior do estado como Anápolis, Anapolina e CRAC.

Segundo Marcos Rafael Paiva, a ideia inicial era apenas levar faixas do movimento para os estádios para que aparecessem na mídia e despertassem a ideia de curiosidade e pertencimento aos torcedores que a vissem. Após essa etapa, o movimento passou a ter o objetivo de conscientizar o torcedor “misto” e que torce por clubes de fora, a torcerem apenas para clubes locais, tentando ter um diálogo mais cauteloso e saudável, sem ataques e que apresentassem argumentos mostrando o porquê da importância em torcer por equipes locais.

No estado do Pará, descrito na monografia “Regionalismo diante de uma paixão”, de PDGuerra (2014), dois movimentos com viés bairrista surgiram, denominados “Mistos, a vergonha do Norte” e “Remo, Meu Único Time”, que segundo Mello (2014), se solidificou em julho de 2012. As manifestações aconteciam dentro dos estádios e nas redes sociais Facebook, Instagram e Twitter.

No estado do Ceará, surgiu o movimento regionalizado chamado “Sou Nordestino, Meu Time Também”, que instigou nordestinos de outros estados a criarem movimentos específicos. Segundo Mâcedo (2014), a ideia veio a partir do questionamento: “se temos times para torcer, porque escolhemos o que é de fora?”, e que o movimento surgiu da arquibancada, sendo apenas propagado pela página do próprio movimento.

No estado do Rio Grande do Norte, o movimento bairrista que ganhou mais força foi o “Sou Potiguar, Meu Time Também”. Segundo de Oliveira (2014), a ideia do movimento surgiu após uma partida entre ABC-RN e Vasco da Gama pela Copa

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do Brasil de 2011, na qual o clube carioca venceu por 2 a 1 com um pênalti duvidoso. O movimento “Mistos, a vergonha do Nordeste”

No Distrito Federal, a ideia surgiu através de influências do movimento bairrista em Goiás. Segundo de Oliveira (2014), alguns clubes como o Brasiliense, Gama, Ceilândia e Sobradinho, aderiram a ideia e promoveram a página do movimento “Sou Candango, Meu Time Também”.

No estado do Paraná, o movimento bairrista se mostrou mais necessário no interior do estado. Segundo Sawaf (2014), a ideia surgiu após o Cianorte fazer uma campanha de destaque na Série D e brigar pelo acesso para a terceira divisão, onde foi criado o movimento “Sou Paranaense, Meu Time Também”, para buscar valorizar os clubes menores do estado. A página do movimento na internet se destacou quando houve críticas a paranaenses que estavam comemorando o título mundial do Corinthians, conquistado em 2012.

No estado do Piauí, o movimento “Sou Piauiense, Meu Time Também” surgiu por influência de uma página no Facebook chamada “Sou Nordestino, Meu Time Também”.

No estado do Amazonas, descrito no artigo, o movimento “Hora do Futebol Amazonense” foi criado em 2011. Segundo Jhonathan (2014), a ideia surgiu devido a pouca informação que existia no futebol amazonense e devido à construção da Arena Amazônia, feita para que Manaus fosse sede da Copa do Mundo de 2014.

1.1 A mídia influencia na escolha de um time?

Um dos pontos levantados em discussão nesse trabalho é a influência da mídia de Rio e São Paulo em outras regiões, que potencializa o número de torcedores de clubes do “eixo”, também conhecido como clubes dos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Uma das regiões afetadas neste ponto é a região Centro-Oeste. De acordo com um levantamento do Datafolha em setembro de 2019, o Flamengo detém a maior torcida do Centro-Oeste do Brasil, com 28% da população local. O Corinthians vem logo atrás, com 18%, seguido por São Paulo, com 8%, e Palmeiras, com 6%.

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Tentando entender esse quadro, podemos levar em conta que as primeiras transmissões de futebol ocorreram em rádios, e a maioria delas, entre clubes dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mais desenvolvidos do que outras regiões do Brasil, segundo dados do IBGE. Desta maneira, os clubes do Sudeste passaram a ganhar os primeiros destaques midiáticos nacionais, causando uma grande influência em torcedores de outros estados. Segundo o artigo “A mídia e as torcidas mistas no futebol do nordeste”, de Andrey Raychtock, publicado no site da Universidade Federal do Rio de Janeiro:

“A cultura imagética multimídia molda consumidores ávidos por adquirir produtos dados como os melhores, ou seja, as pessoas são influenciadas a escolher sempre o que a mídia exalta, cuja intenção consiste em obter retornos financeiros cada vez maiores, sem levar em conta a real necessidade dos consumidores.”

(Raychtock, 2015, p. 14)

Também é importante destacar que o futebol no Brasil chegou primeiro ao estado de São Paulo. De acordo com o artigo “Aspectos Sociopolíticos do Futebol Brasileiro”, de Waldenyr Caldas, isso ocorreu quando Charles Miller, um brasileiro com descendência inglesa, desembarcou na capital paulista em 1894 com uma bola de futebol e apresentou o esporte para a comunidade britânica que ali vivia, se popularizando entre funcionários ingleses da Companhia de Gás, São Paulo Railway e o Banco de Londres, inicialmente jogando “cricket”, mas depois se adequando ao futebol.

“Rapidamente, o futebol se propagaria por São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1903, os aristocratas do café, da Associação Athletica Ponte Preta, formam o que seria o primeiro time organizado do Brasil, segundo registros oficiais da CBF – Confederação Brasileira de Futebol. Surgem também na década de 10, o The Bangu Athletic Club, o Carioca, o Andaraí, o Mangueira, o Fluminense, o Vila Isabel e o Sport Club Corinthians Paulista.” (CALDAS, Waldenyr. Revista

USP, 1994. Disponível em:

https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/26958. Acesso em: 18 maio 2020)

Outro aspecto importante que se deve levar em conta é o fato de que o esporte chegou e se desenvolveu primeiro no Sudeste, é possível avaliar que isso também decorreu do alto desenvolvimento econômico e social no local. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região

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Sudeste concentra 55,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A região Nordeste concentra apenas 13,6%, o Norte concentra 5,3% e o Centro-Oeste, 9,8%.

De todo o PIB do Sudeste, o estado de São Paulo concentra 32,1%. Com um grande avanço econômico, ficou mais viável para que clubes de futebol da região pudessem se desenvolver mais rapidamente, assim como a mídia brasileira, que também deu seus primeiros passos na região Sudeste.

Sobre o desenvolvimento dos primeiros veículos de comunicação destaca-se que a imprensa brasileira teve seu primeiro jornal impresso publicado em 10 de setembro de 1808, denominado “Gazeta do Rio de Janeiro”, de acordo o Arquivo Nacional do Governo do Brasil. Logo em seguida, vieram o “Correio Braziliense” e

“Diário do Rio de Janeiro”. Todos estes surgiram na região carioca ainda durante o comando do império português.

A primeira transmissão de um jogo de futebol no Brasil também ocorreu na região Sudeste, no estado de São Paulo. De acordo com o artigo “Estudo da transmissão esportiva na televisão brasileira”, de Henrique Gasparino, Nicolau Tuma foi o narrador e pioneiro da narração esportiva radiofônica no país, em 1931, pela Rádio Educadora Paulista. A partida foi entre a seleção de São Paulo e a seleção do Paraná.

O mesmo caminho ocorreu com a televisão no Brasil. A primeira emissora criada, de acordo com Gasparino (2013), foi a TV Tupi, que surgiu em 1950. De acordo com Celso Unzete (2009), no livro “Timão 100 anos, 100 jogos e 100 ídolos”, quatro anos depois, em 1954, era televisionado o primeiro jogo de futebol no Brasil, entre Palmeiras e Corinthians, pela final do Campeonato Paulista, no estádio do Pacaembu.

A argumentação que o desenvolvimento de um país ou região beneficiava a evolução das mídias é completamente plausível e sustentável. A Copa do Mundo de 1954 foi transmitida para vários países europeus, mas no Brasil, a tecnologia ainda era precária, mesmo com uma estimativa de 38 mil aparelhos instalados no país.

“Outra novidade era a transmissão dos jogos do Mundial.

Obviamente, isto estava sujeito às tecnologias da época, de modo que apenas oito países – Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Inglaterra, Itália e Suíça – poderiam ver os jogos ao vivo. Os

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outros (Brasil, entre eles) tinham que se contentar com o rádio. E as imagens eram todas em preto e branco, uma vez que não havia TV a cores. Além disso, houve a preparação de um filme oficial da Copa, algo inédito até então - e igualmente em preto e branco, embora já existissem filmes coloridos nos anos 1950.” (RIBAS, 2010, p. 69).

Como a expansão das transmissões esportivas via rádio e TV partia da região Sudeste, os clubes do Rio de Janeiro e São Paulo ganhavam mais destaques em outras regiões, fazendo com que as marcas destes clubes atingissem mais fãs pelo Brasil, algo que foi passado de geração para geração entre os apaixonados por futebol, e é claro, pelo desenvolvimento da mídia.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Informídia, existem no Brasil mais de 13 milhões de pessoas que praticam futebol e 81% da população acompanha o esporte por meios de comunicação. Portanto, é possível concluir que a mídia é uma das ferramentas mais importantes para o engajamento do esporte, afetando o fator sentimental que existe na paixão de um torcedor pelo seu clube, principalmente ao transmitir jogos de futebol.

CAPÍTULO II

2. As lutas e campanhas bairristas

Outra questão importante a ser levantada é: quais são as lutas dos bairristas nas torcidas de futebol? E quais as campanhas a se fazer? Os movimentos levantam várias bandeiras de valorização dos times de regiões com menor visibilidade pela mídia nacional. Isto parte para campanhas com pedidos para que se usem apenas camisas do time local nos jogos, que o estádio seja sempre maioria para a equipe mandante e até convencimento nas diretorias dos clubes para se posicionarem a favor do bairrismo.

Já tivemos inúmeros exemplos de campanhas bairristas que chamaram a atenção do público e da imprensa. A mais recente, como destacou uma notícia da VEJA, partiu do perfil oficial do Fortaleza Esporte Clube, que fez uma campanha nas redes sociais como crítica aos “mistos”, ou seja, torcedores que torcem para dois times, normalmente, um time local e outro de fora do estado.

O perfil do clube postou uma foto dizendo que a “Cantina 1918”, restaurante temático para torcedores do Fortaleza, excluiu do seu cardápio a opção de pizza

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sabor “misto”, em exaltação aos torcedores “de verdade”, na véspera de uma partida contra o Flamengo no Castelão. A publicação agradou os movimentos bairristas do estado do Ceará, mas desagradou outros torcedores, como os flamenguistas nordestinos.

Segundo o Datafolha, os flamenguistas correspondem a 27% da torcida nordestina. As primeiras torcidas de equipes do Nordeste que aparecem no ranking são de Bahia e Sport Recife, com 4%. A torcida do Fortaleza aparece com 2%.

“O desenvolvimento das torcidas brasileiras se confunde com a dos meios de comunicação do país. Desde que as transmissões de rádio e TV começaram a cobrir todo o território nacional, a partir da década de 1960, sempre houve predomínio do conteúdo produzido nos grandes centros urbanos – especialmente no Rio. Isso, somado ao sucesso internacional de times repletos de craques (caso do Flamengo de Zico, Júnior e companhia, nos anos 1980), explica o fato de o rubro-negro ter também o título de maior torcida do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Curiosamente, na sua região onde o clube carioca está inserido, o Sudeste, quem lidera o ranking é o Corinthians.” (Um em cada cinco brasileiros torce para o Flamengo.

Folha Uol, 2019. Disponível em:

https://www.google.com.br/amp/s/www1.folha.uol.com.br/amp/esporte /2019/09/um-em-cada-cinco-brasileiros-torce-para-o-flamengo- aponta-datafolha.shtml. Acesso em: 18 maio 2020)

No mesmo jogo, a torcida do Fortaleza fez um mosaico com o Cristo Redentor, principal monumento da cidade do Rio de Janeiro, usando uma camisa do clube cearense e um chapéu de cangaceiro, símbolo da representatividade nordestina. A ideia era provocar reflexão para a valorização do futebol do Ceará e chamar a atenção da imprensa nacional.

Outra campanha de destaque entre os bairristas ocorreu no interior do Paraná, e esta ação ocorreu partindo dos próprios clubes. O Operário Ferroviário Esporte Clube, da cidade de Ponta Grossa e o Foz do Iguaçu Futebol Clube, da cidade de Foz do Iguaçu. A ideia era estimular que o torcedor que fosse ao estádio usasse a camisa do time da casa, ou seja, dos dois times em questão. Houve posts em redes sociais promovendo a campanha, além de assessores do próprio clube, dentro do estádio, conversando com torcedores que usavam camisas de outras equipes e estavam promovendo a campanha. A ideia, segundo os clubes, é reeducar e conscientizar para a importância do uso de camisetas das equipes locais,

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e não proibir ou impedir a entrada no estádio, já que é um direito de ir e vir das pessoas de usarem o que elas quiserem.

A postagem do Operário enfatiza a seguinte mensagem: “Respeite a camisa do Fantasma. Não são permitidas camisas de outros times em nossas arquibancadas”. Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente do clube de Ponta Grossa, Álvaro Goes, destacou que a campanha amplia a venda de camisetas do clube, melhora a questão econômica.

O Foz do Iguaçu abraçou a campanha dando uma camisa do clube de presente para o torcedor que comprasse um ingresso acima de R$ 40,00. Em entrevista à RPC, o presidente do clube, Arif Osman, declarou que a ideia é colorir o estádio com as cores do time local.

Alguns torcedores do Rio Branco Sport Club, da cidade de Paranaguá, foram estimulados pelas campanhas das outras equipes e fizeram posts incentivando a torcida do clube a usarem apenas as camisas do Rio Branco. A mensagem nas redes sociais dizia: “Jogo do Rio Branco, camisa do Rio Branco”. “Historicamente, torcedores do interior paranaense acabam torcendo por equipes grandes de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, nutrindo pelos times da própria cidade, mais modestos, uma espécie de segundo amor. Cenário que clubes como Operário, Rio Branco e Foz do Iguaçu tentam reverter em 2019.” (Filho, 2019)

No Pará, o presidente do Clube do Remo em 2013, Zeca Pirão, assinou um decreto proibindo qualquer vestimenta alusiva a outro clube, nacional ou internacional, nas dependências do clube azulino, alegrando movimentos bairristas da torcida, como descrito na monografia “Regionalismo diante de uma paixão”, de PDGuerra (2014), foi a maior vitória do movimento “Remo, Meu Único Time.”

Outro clube que já abraçou a causa bairrista foi o Goiás Esporte Clube, em 2012. Naquele ano, o clube esmeraldino lançou uma camisa com as cores da bandeira do estado. O presidente na época, João Bosco Luz, declarou em entrevista ao site Globo Esporte, a intenção da criação daquele terceiro uniforme.

“A torcida entendeu e adotou o terceiro uniforme. Já percebemos isso no estádio, inclusive com o uso de faixas com as cores da bandeira do estado. A ideia surgiu a partir da necessidade de inovar na terceira camisa do Goiás, que sempre era muito parecida com o uniforme

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principal. Quisemos mudar, mas era preciso ter uma razão. Ao mesmo tempo em que foi proposta uma nova camisa, era importante passar uma ideia forte para o nosso torcedor. O Goiás carrega o nome do estado, precisávamos fazer alguma coisa. Temos que 'marcar território’.” (Luz, 2012)

Em 2013, o movimento bairrista “Hora do Futebol Amazonense”, do Amazonas, promoveu uma passeata pedindo a cassação do presidente da Federação Amazonense de Futebol, Dissica Valério Thomaz, após o treinador do Nacional-AM, Aderbal Lana, dizer que o dirigente não ligava para o futebol do estado (Oliveira, 2012). Uma das principais lutas dos movimentos bairristas é a de pedir a valorização do futebol do estado.

No Maranhão, o mesmo ocorreu em 2011, com uma declaração do presidente da Federação Maranhense de Futebol, Antônio Américo, que admitiu não comparecer a partidas do campeonato para acompanhar o Flamengo na televisão, que teve uma reação negativa e promoveu protestos de bairristas nos estádios. O jornal “O Imparcial” (Arruda, 2011) destacou que a campanha partiu do movimento

“Nordestino de coração, torce pelo time da sua região”.

2.2 Existe xenofobia nesses movimentos?

Mas, existe o preconceito nos movimentos bairristas? As manifestações são xenofóbicas1? Para muitas pessoas, isso realmente acontece, mas boa parte dos bairristas discorda. Há essa discussão pela maneira em que bairristas destilam suas opiniões para torcedores que optam por torcer por equipes do Sudeste, mesmo morando em outra região.

O jornalista Mauro Cezar Pereira, em seu blog na ESPN, destacou que a manifestação da torcida do Fortaleza contra os “mistos”, no jogo contra o Flamengo em 2019, com um mosaico do Cristo Redentor tirando a camisa do clube carioca e usando a camisa do clube cearense por trás, teve um viés preconceituoso e não atrai a simpatia de ninguém.

“Muito infeliz, triste até a manifestação dos torcedores e do clube do Fortaleza, até o perfil da Copa do Nordeste no Twitter se manifestou contra os torcedores que eles chamam de “misto”. Ao invés de combater o que eles chamam de misto, por que não apoiar

1Xenofóbicos:Pertencente ou relativo à xenofobia, ao sentimento de repugnância, de aversão ao que vem do exterior.

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os mistos? Que tal se todo rubro-negro que mora no Ceará, torcesse pelo Fortaleza quando o jogo não fosse contra o Flamengo? O Fortaleza ganharia mais apoio, ganharia a simpatia destas pessoas.

Aquele mosaico do Cristo Redentor, achei muito infeliz. Uma pena.

Acaba sendo algo preconceituoso contra pessoas da própria região. É uma manifestação pobre e que não vai atrair a simpatia de ninguém.”

(Pereira, 2019. Mauro Cesár Pereira).

O jornalista Elder Dias destacou em um texto do seu blog “Estádio das Coisas” (2019), que em 2009, a torcida do Goiás, em uma partida contra o Flamengo, utilizou uma faixa com uma seta apontada em direção aos flamenguistas presentes no Serra Dourada com os dizeres “Falsos goianos, vergonha de Goiás”.

“Naquela noite de meio de semana, o estádio estava, sim, dividido em dois lados entre esmeraldinos e flamenguistas.

Contra estes era apontada uma faixa com os dizeres “falsos goianos, vergonha de Goiás””. (Dias, 2019. Estádio das Coisas).

Em entrevista a monografia de PDGuerra (2014), “Regionalismo diante de uma paixão”, Roberto Luiz (2014), membro do grupo “Goiás, meu único time” disse que a faixa pertence a um membro ativo do movimento, mas foi proibida pela Polícia Militar de dar entrada no estádio por ser considerada ofensiva e violenta.

Na véspera da partida que seria realizada entre Goiás e Flamengo, no estádio Serra Dourada, pelo Campeonato Brasileiro de 2009, o treinador do clube goiano, na ocasião, Hélio dos Anjos, deu uma declaração sobre torcedores goianos do interior que iam ao estádio para torcer pelo Flamengo: “

Tenho ódio desses flamenguistas do interior de Goiás. Eles são uma vergonha, não têm identidade nem caráter para honrar a própria terra.

Pelo contrário, vestem a camisa do Flamengo, ou de qualquer outra grande equipe de fora, e vão ao estádio torcer contra um time do seu estado. (site: Globo Esporte, 2009)

O presidente do Flamengo na época, Delair Dumbrosck, repudiou a atitude do treinador, afirmando em nota oficial: “Em entrevista, o técnico Helio dos Anjos, do Goiás, antecipa o tratamento agressivo que será dado aos torcedores que forem ao jogo na próxima quarta, que poderá provocar violência entre as torcidas.”, afirmou a nota oficial ao site Globo Esporte.

O jornalista Elder Dias, em um texto do seu blog “Estádio das Coisas” (2019), destacou que a fala do treinador foi preconceituosa e não pode ser caracterizada como bairrista.

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“A declaração era e é intolerante e reprovável, principalmente tomando por base o que vemos hoje como consequência de pensamentos sectários, no Brasil e no mundo.

Uma coisa é ser bairrista, orgulhoso de suas raízes; outra coisa é preconceito e xenofobia.” (Dias, 2019. Estádio das Coisas)

Em seu blog na ESPN, o jornalista Mauro Cezar Pereira destacou sua opinião sobre a declaração de Hélio dos Anjos. Pereira (2009) adjetivou as falas do treinador como “tacanhas” e “estúpidas” e destacou que o problema do Goiás, na época, era sua própria torcida.

“Como os números evidenciam, o problema do Goiás nos jogos em casa não é a torcida rival, seja ela do Flamengo ou de qualquer outro grande. O problema é a ridícula presença dos (raros) seguidores do time goiano em seus jogos. E se a média de público é ruim, imagine se os rivais de outros estados não dividissem as arquibancadas do Serra Dourada com os alviverdes. Hélio dos Anjos preferiu criticar os rubro-negros quando poderia convocar a torcida do Goiás. Provavelmente ele sabe que de nada adiantaria. Patético.”

(Pereira, 2009. Mauro Cesár Pereira)

Em entrevista a monografia de PDGuerra (2014), “Regionalismo diante de uma paixão”, o técnico Hélio dos Anjos disse que mantém tudo o que o disse sobre a declaração aos flamenguistas que moram em Goiás e que se sente constrangido quando há maioria visitante nos estádios.

“Eu falei aquilo, em 2009, porque eu me sinto constrangido quando acontece isso. Quando eu estou num clube e vou jogar contra um time grande de outro estado e a torcida do outro clube é maior que a minha torcida, eu me sinto constrangido. Na maioria das vezes, não passei por esse episódio em Goiânia. E está diminuindo.

Principalmente das duas principais torcidas, porque vamos ser sinceros: as duas principais torcidas são Goiás e Vila Nova.” (Guerra, 2014, p.94)

Vários participantes de movimentos bairristas dão suas versões sobre o preconceito, muitas vezes demonstrado em declarações e ações em arquibancadas dos estádios de futebol.

Em Goiás, Paiva (2014) destaca que o maior desafio dos bairristas é quebrar a imagem errônea que é atribuída ao movimento e que de maneira alguma prega a ofensa sobre simpatizantes por dois times, principalmente os mais velhos, por entenderem que eles viveram em um momento histórico diferente do nosso.

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Também em Goiás, Roberto Luiz (2014), participante do movimento, em entrevista a monografia de PDGuerra (2014), “Regionalismo diante de uma paixão”, afirma que pessoas que usam da ideia de valorização para atacar as pessoas que pensam diferente não compactuam com o movimento “Goiás, Meu Único Time”.

No Nordeste, Lucas Macêdo, torcedor, afirma que o movimento “Mistos, Vergonha do Nordeste”, é mal interpretado muitas vezes e que argumentos e taxações de preconceituosos entre os movimentos bairristas são corriqueiros, mas o objetivo é outro. “É sempre corriqueiro esse argumento dos que torcem por clubes de fora. Mas como já falei, o movimento busca clarear a cabeça e mostrar motivos para que eles vejam o quão prejudicial é você abdicar de ter um amor, um time local e voltar atenções para um time que fica a quilômetros de distância. Procuramos deixar claro sempre em muitas postagens que nosso intuito é fortalecer o futebol do Nordeste por meio de uma mudança na forma de pensar do geral. Às vezes somos mal interpretados.”

Na revista de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal da Paraíba, Carvalho (2018) relata as atitudes agressivas de uma nova geração de torcedores do Botafogo-PB, que ofenderam uma dupla de torcedores que usavam uma camisa do Corinthians e Flamengo no estádio Almeidão, em João Pessoa, na Paraíba.

“Inicia-se uma onda de vaias e xingamentos crescentes contra a dupla. E, à primeira vista, eles mesmos têm dificuldades de entender que são os alvos. Ainda assim, o movimento vai crescendo. Tornando-se mais forte. Ganhando adeptos. O xingamento mais representativo é o de “paraibaca”, que, na linguagem êmica do torcedor local, é o “paraibano babaca que torce por times de fora do Estado”. Outros se somam a esse. Não tão simbólicos. Mas bem mais violentos.”

(Carvalho, 2018, p.19)

É possível analisar que existe uma abertura de uma breve discussão e diversas opiniões sobre o tema, para analisarmos se há ou não, na visão das pessoas, um preconceito enraizado nas manifestações bairristas pelas torcidas de futebol no Brasil.

2.3 Bairrismo na imprensa

O bairrismo não está presente apenas nas torcidas de futebol. Existem relatos e discussões acerca da influência dos ideais bairristas na imprensa, principalmente

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na área esportiva, e que envolve diretamente o conceito de defender o que é de sua terra, com o sentimento de pertencimento, além de recusar e, muitas vezes, diminuir o que é de fora.

Seria como se um profissional da imprensa agisse de forma parcial, como um

“torcedor velado”. Em uma live no canal “Mauro Cezar” na plataforma Youtube, o jornalista Mauro Cezar Pereira afirmou que o bairrismo já foi muito mais acirrado no passado e acontecia muito entre os centros de Rio de Janeiro e São Paulo. “O bairrismo já foi muito mais acirrado, principalmente entre Rio e São Paulo. Rio era a capital e São Paulo era o estado mais rico, com centro comercial. Havia uma rivalidade e pouco conhecimento sobre os outros times pois não havia jogos na televisão toda hora. O Corinthians era visto pela imprensa do Rio quando ele ia jogar no Maracanã, e pelos poucos jornalistas que se deslocavam do Rio para São Paulo para cobrir um jogo de um time carioca contra o Corinthians, na capital paulista. E o mesmo vale para os demais. Havia preconceito contra jogadores de outros quando iam para seleção, era um negócio meio pobre.” (Canal Youtube: Mauro Cesár Pereira)

Sobre a conduta dos jornalistas que ainda praticam e omitem opiniões bairristas, Pereira (2020) destaca que é uma postura infantil e de profissionais que não encontram recursos. “O bairrismo ainda existe por conta da postura infantil de alguns jornalistas. Eu fico muito à vontade para falar sobre isso pois sou de Niterói, portanto sou do Rio de Janeiro, e moro em São Paulo há muitos anos, então conheço os dois lados da moeda e reconheço o bairrismo de lado a lado. Acho pobre, acho que é recurso para quem não tem recursos. Quem não tem conhecimento e conteúdo, apela para o bairrismo barato para agradar uma parcela do público.” (Canal Youtube: Mauro Cesár Pereira)

Mas o bairrismo na imprensa existe também na rivalidade futebolística entre Brasil e Argentina. Em 2012, na partida entre o São Paulo Futebol e o time argentino Tigres, pela final da Copa Sul-Americana, o autor André Marques descreveu que a imprensa que cobria o jogo teve uma postura bairrista ao descrever os fatos que ocorreram na partida, após os jogadores do Tigres se recusarem a voltar a campo após o intervalo alegando que sofreram agressões dos seguranças do clube.

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O blogueiro flamenguista Luiz Henrique Amorim destacou no site “Coluna do Fla”, sobre o “bairrismo”, segundo ele, de jornalistas de São Paulo sobre as contratações “badaladas” de Leandro Damião e Diego, que o Flamengo realizou no ano de 2016.

“Não é novidade que o Flamengo é sempre o centro das atenções em muitas mesas redondas e programas esportivos. Porém essa semana brotaram comentários como “O Flamengo voltou a era da irresponsabilidade”, “É um absurdo o Flamengo pagar esses valores para um jogador”, “Eu quero ver como vai ser quando o mês dos jogadores do Flamengo tiver 90 dias”. Isso depois da contratação de Leandro Damião e principalmente por conta da negociação entre o Flamengo e Diego Ribas, ex-Santos. Esse tom foi o mesmo adotado um ano atrás, quando da contratação do Guerrero. A impressão ao ouvir essas e outras falácias seria que o Flamengo dessa vez certamente iria à falência. E vejam vocês: estamos aqui um ano depois e não vi uma notícia sequer de atraso de salário no Flamengo.” (AMORIM, Luiz. Quando o bairrismo ultrapassa todos os limites. Coluna Fla, 2016. Disponível em:

https://www.google.com.br/amp/s/colunadofla.com/2016/07/quando-o- bairrismo-ultrapassa-todos-os-limites/amp/. Acesso em: 18 maio 2020).

Um dos principais jornais que serve como base para a análise do bairrismo na imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo é o Lance! que surgiu com o propósito de criar duas editorias nos dois principais centros do futebol no país. O escritor Mauricio Stycer relatou no livro “História do Lance! Projeta e prática de jornalismo esportivo”, o início do jornal e como tiveram que lidar com as manchetes quando iam noticiar algo específico em cada estado.

Um dos casos, relatados por Stycer (2015), aconteceu logo na primeira edição simultânea das duas cidades por conta de uma manchete da partida entre Santos e Vitória-BA, na qual o clube baiano venceu por 2 a 0. A manchete de São Paulo, para levantar a moral dos torcedores santistas, era “Vaga adiada”, porém, a manchete da edição do Rio de Janeiro sofreu uma alteração para “Dia de Vitória”, sendo um trocadilho infame com o time que derrotou o clube paulista. Ainda segundo Stycer (2015), havia uma rivalidade entre as redações de Rio e São Paulo, que se colocavam autônomas para fazer seu próprio trabalho. O jornalista Marcelo Barreto destacou, por exemplo, que a redação do Rio de Janeiro criou uma página para avisar das novidades do Lance! sem contatar São Paulo sobre a ideia, além de estar dando curso para os fotógrafos, algo que a redação paulista não fazia.

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CAPÍTULO III

3 O documentário

O documentário é um filme, contudo, ele se diferencia das produções que estamos acostumados a encontrar em filmes e cinemas. A diferença do documentário para as outras produções é que ele é um recorte da realidade retratada.

No livro “Introdução ao documentário” (2010) o autor Bill Nichols afirma que

“todo filme é um documentário.” Nichols quis expor que todo e qualquer produto feito – seja ele ficcional ou não - para expor e reproduzir a realidade é um tipo de documentário. Nichols – para dar embasamento e credibilidade a sua ideia – divide o documentário em dois tipos: o documentário de reprodução social e o de satisfação de desejos. “Na verdade, poderíamos dizer que existe dois tipos de filmes:

documentários de satisfação de desejos e documentários de representação social.

Cada tipo conta uma história, mas essas histórias, ou narrativas, são de espécies diferentes.” (Nichols, 2010. p.26)

Documentários de representação social são aqueles que nós não podemos chamar de ficção – são aqueles que retratam o cotidiano em que já vivemos – logo, ele faz um recorte da nossa realidade. Por outro lado, os documentários de satisfação de desejo são os que podemos chamar de ficção – buscam mostrar desejos, sonhos, medos, horrores, algo fora da rotina realística.

Não é possível definir um conceito único de documentário. Ele pode ser definido através de um contraponto com um filme de ficção, ou com uma produção experimental. O documentário não é simplesmente uma reprodução da realidade em que vivemos, mas sim uma amostra do mundo real em que estamos e seguimos rotineiramente:

“Representa uma determinada visão do mundo, a qual talvez nunca tenhamos deparado antes, mesmo que os aspectos do mundo nela representados nos sejam familiares.”

(Nichols, 2010. p.47).

O documentário se integra ao mundo pela sua forma de representação – que é dividida em três maneiras. Primeiro, os documentários trazem um retrato ou representação mais familiar do mundo. Com a grande capacidade que os vídeos e

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áudios têm em registrar os acontecimentos com total fidelidade, o que vemos nos documentários seria facilmente possível de ser enxergado fora dele, no cotidiano, fora do cinema.

“Nos documentários, encontramos histórias ou argumentos, evocações ou descrições, que nos permitem ver o mundo de uma nova maneira. A capacidade da imagem fotográfica de reproduzir a aparência que está diante da câmera nos compele a acreditar que a imagem seja a própria realidade representada diante de nós, ao mesmo tempo em que a história, ou o argumento, apresenta uma maneira distinta de observar essa realidade.” (Nichols, 2010. p.28).

Na segunda etapa, os documentaristas também representam os interesses de outros. Os profissionais muitas vezes assumem a função de representar o interesse do público. Eles relatam o interesse dos outros, tanto das pessoas que são tema do documentário, quanto das agências que patrocinam a sua atividade cinematográfica.

Por último, o documentário pode expor e defender determinado ponto de vista. Nichols usa ainda o exemplo entre o advogado e a forma que ele representa os desejos de um cliente.

“Nesse sentido, os documentários não defendem simplesmente os outros, representando-os de maneira que eles próprios não poderiam; os documentários intervêm mais ativamente, afirmam qual é a natureza de um assunto, para conquistar o consentimento ou influenciar opiniões.” (Nichols, 2010. p.30)

Os documentários relatam aspectos ou representações auditivas e audiovisuais de uma grande parte de um mundo histórico. Eles trazem opiniões ou relatos de indivíduos, grupos e instituições. Além disso, eles também fazem representações, montam argumentos ou produzem estratégias persuasivas, buscando convencer-nos a aceitar suas opiniões. “Quanto desses aspectos da representação entra em cena varia de filme para filme, a ideia de representação é fundamental para o documentário.” (Nichols, 2010. p.30).

O conceito de representação é aquele que nos leva a formular a seguinte pergunta: “por que as questões éticas são fundamentais para o cinema documentário?”, que segundo Nichols, também pode ser expressada por “o que

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fazemos com as pessoas quando filmamos um documentário?”. Essa resposta para filmes de ficção é bem simples: peça que façam o que queremos. As pessoas são tratadas como atrizes, que seguem ordens do produtor.

Seu papel social no processo de filmagem é definido pelo papel tradicional do autor. Indivíduos estabelecem relações contratuais para atuar no filme; o diretor tem o direito, e a obrigação, de obter uma performance adequada.” (Nichols, 2010. p.31).

Em contrapartida, no caso do documentário não ficcional a resposta não é tão simples assim. As pessoas são tratadas como atores sociais: continuam com a sua vida como se não existisse uma lente as filmando. Deixam de ser artistas teatrais e passam a ser artistas culturais.

“Seu valor para o cineasta consiste não no que promete uma relação contratual, mas no que a própria vida dessas pessoas incorpora. Seu valor reside não nas formas pelas quais disfarçam ou transformam comportamento e personalidade habituais, mas nas formas pelas quais o comportamento e personalidade habituais servem às necessidades do cineasta.” (Nichols, 2010. p.31).

4 Os tipos de documentário

NICHOLS (2010) separa os tipos de documentários em seis categorias:

expositivo; participativo; observativo; reflexivo; performático e o modo poético.

Segundo o autor, esses modos servem como subcategorias do documentário. Cada gênero tem seu significado como veremos a seguir.

4.1 Modo expositivo

O documentário expositivo conversa de forma direta com quem está assistindo o produto, através de narrativas, legendas e vozes que relatam uma história, ele depende de uma lógica informativa transmitida por meio de uma forma verbal.

“O documentário expositivo depende muito de uma lógica informativa transmitida de forma verbalmente. Numa inversão de ênfase tradicional do cinema, as imagens desempenham um papel secundário”. (NICHOLS, 2010.

P.143).

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4.2 Modo participativo

Nesse modo de documentário, o diretor é visto como um ator social. Nele, o diretor não apenas observa, ele tem o direito de participar e interferir durante a produção, sem agir de forma indiferente com a realidade que está sendo retratada.

Contudo, o diretor não precisa se envolver diretamente nas situações, caso queira pode optar pelas entrevistas – que são utilizadas para colocar vários relatos em uma só história.

“Quando assistimos a documentários participativos, esperamos testemunhar o mundo histórico da maneira pela qual ele é representado por alguém que nele se engaja ativamente, e não por alguém que observa discretamente, reconfigura poeticamente ou argumentativamente esse mundo”. (NICHOLS, 2010. P. 154).

4.3 Modo observativo

Diferente dos modos poéticos e expositivos, o modo de documentário observativo não destroem a prática de filmar as pessoas em relação a construção dos padrões. Esse estilo deixa de lado os arranjos sonoros, reconstruções históricas e legendas. Ele busca relatar exatamente o que está acontecendo. Aqui a demonstração da realidade é feita pelo intermediário da câmera.

“Todas as formas de controle que um cineasta poético ou expositivo poderia exercer na encenação, no arranjo ou na construção de uma cena foram sacrificadas à observação espontânea da experiência vivida”. (NICHOLS, 2010. P. 146 e 147).

4.4 Modo reflexivo

Se dentro do documentário participativo existe alguma relação entre o diretor e os seus personagens, no modo reflexivo a relação é encontrada entre o cineasta e o espectador. Esse é um modo muito abstrato e acaba se distanciando de todas as questões concretas. NICHOLS (2010) relata que esse tipo de documentário pode levar a dois tipos de reflexão, a formal e a política. A formal se identifica com a nossa própria suposição e expectativa sobre o produto. Já a reflexão política diz respeito a nossa visão de mundo.

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“Esses filmes tentam aumentar nossa consciência dos problemas de representação do outro, assim como tentam nos convencer da autenticidade ou da veracidade da própria representação”. (NICHOLS, 2010. P. 164).

4.5 Modo performático

Parecido com o modo poético, esse estilo de documentário dá ênfase a subjetividade das coisas, trazendo a presença de sentimentos e memórias a serem repassadas aos espectadores. Os acontecimentos encontrados aqui são reais, porém, são ampliados pelo imaginário. Nele a ênfase realista é transformada em linguagem subjetiva e poética.

“Experiência e memória, envolvimento emocional, questões de valor e crença, compromisso e princípio, tudo isso faz parte da nossa compreensão dos aspectos do mundo que mais são explorados pelo documentário. (...) O documentário performático sublinha a complexidade de nosso conhecimento do mundo ao enfatizar suas dimensões subjetivas e afetivas”.

(NICHOLS, 2010. P. 169).

Os documentários performáticos possuem como característica divulgar que o mundo não é uma bolha, ele é diferente em cada situação e é muito maior do que pode ser visto.

“O documentário performático pode agir como um corretivo para os filmes em que ‘nós falamos sobre eles para nós’. Em vez disso eles proclamam ‘nós falamos sobre nós para vocês’ ou ‘nós falamos sobre nós para nós’”. (NICHOLS, 2010. P. 172).

4.6 Modo poético

O documentário poético é aquele que a representação é realizada de forma comum a vanguarda modernista. Nesse estilo, o foco é dar ênfase a situação e ao estado dos personagens, como por exemplo, os sentimentos, carinho, afeto, amor, alegria, felicidade, além de procurar a solução e reunir fragmentos presentes dentro do mundo poético.

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“O modo poético é particularmente hábil em possibilitar formas alternativas de conhecimento para transferir informações diretamente, dar prosseguimento a um argumento ou ponto de vista específico ou apresentar proposições sobre problemas que necessitam de solução”. (NICHOLS, 2010. P.

138).

Na hora da montagem desse produto, nem sempre a ordem cronológica é realizada, mas respeitando sempre as noções de tempo e espaço em que foram realizados. Ele utiliza desse recurso para dar o tom poético ao documentário, NICHOLS (2010).

Nesse trabalho foram utilizados dois tipos de documentário. O expositivo, que é a relação direta entre o entrevistador e o entrevistado, onde ocorre o relato dos fatos de forma verbal. O outro modelo foi o participativo, onde pudemos agir e interferir diretamente na produção do conteúdo para o nosso produto. Principalmente porque fazemos parte dos grupos observados, sendo o João não bairrista e o Wagner bairrista.

METODOLOGIA

Para concluir as ideias do trabalho e conseguir alcançar o produto ser á necessária a utilização de alguns métodos de pesquisa que servirão como apoio para a confecção do projeto teórico e do produto final. Os métodos utilizados nesse trabalho serão a pesquisa bibliográfica e as entrevistas.

1 Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é uma espécie de pesquisa feita em documentos públicos que envolvem o tema estudado, ela pode ser feita em livros, artigos, teses de veículos de comunicação como o rádio e audiovisuais, monografias etc.

MARCONI e LAKATOS (2010) afirmam que o intuito desse tipo de pesquisa é deixar o pesquisador em contato constante com todo conteúdo bibliográfico existente relacionado ao tema estudado. As autoras mostram também vários tipos de fontes que são encontradas nesse tipo de pesquisa como livros, artigos, teses, monografias, rádio e audiovisual. Além disso, elas relatam também que esse tipo de pesquisa não se baseia apenas em copiar e colar algo que já exista.

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A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

(MARCONI e LAKATOS, 2010. P. 166).

A pesquisa bibliográfica será utilizada como forma de apoio na construção do referencial teórico desse trabalho. Essa busca será realizada em publicações de livros, teses, monografias e em pesquisas que se relacionem com o tema do trabalho: A influência do bairrismo nas torcidas de futebol e na imprensa esportiva.

1.1 Entrevistas

Esse é um método em que duas ou mais pessoas se encontram – pessoalmente, ou, principalmente nos dias atuais, por meio de redes sociais - para que se obtenha informações a respeito de um assunto específico, em forma de conversa em caráter profissional, MARCONI e LAKATOS (2010).

Existem vários tipos de entrevista, elas mudam de acordo com a ideia e a necessidade do entrevistador. Entre os modelos podemos ter as entrevistas padronizadas ou estruturadas, despadronizadas ou não estruturadas.

Nesse trabalho será utilizado o método de pesquisa não estruturada, a qual o entrevistador é quem comanda a situação e a direção que o bate papo deve seguir - variando entre os entrevistados, na maneira que ele achar mais adequada, MARCONI e LAKATOS (2010).As entrevistas desse trabalho serão realizadas com jornalistas esportivos os quais estejam envolvidos com o tema, para que possam expressar sua opinião, além de torcedores que possuem times do coração de outro estado, que não seja o seu. Elas serão feitas de forma não dirigida. Os entrevistados poderão mostrar o seu ponto de vista, seus sentimentos e suas opiniões. Além de poderem contar suas histórias e acontecimentos relacionados ao tema. O entrevistador apenas incentivará o entrevistado para que ele se sinta à vontade, sem forçar nenhum tipo de resposta. As entrevistas serão registradas em formato de vídeo seguindo as autorizações dos entrevistados.

Memorial

Este tópico apresenta as reflexões de cada um dos produtores sobre o processo do trabalho escrito e da produção do documentário.

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João Vitor

Começamos com o projeto no mês de fevereiro, quando ainda estávamos vivendo tempos normais. Juntamente com a nossa orientadora Bernadete Coelho, debatemos sobre os possíveis temas que tínhamos em mente. Após o primeiro dia de orientação, Wagner e eu discutimos e chegamos a conclusão que o nosso tema seria o Bairrismo.

Além do documentário, pensamos também na possibilidade de produzirmos um podcast, porém, a vontade de fazermos as filmagens foi maior. No mesmo mês começamos a escrever a parte teórica – que não foi fácil, pois não existem muitas pesquisas feitas dentro dessa área. Mesmo com as dificuldades, seguimos em frente e mantivemos nossa ideia.

Dividimos as partes teóricas entre nós dois e demos início a escrita do trabalho. Logo em seguida os tempos ficaram difíceis, a pandemia da COVID-19 chegou ao país e os grandes centros urbanos, como Goiânia, entraram em quarentena. Sabíamos que fazer um documentário em tempos de pandemia seria complicado, mesmo assim seguimos a diante. No projeto escrito, fiquei responsável pela construção da introdução, metodologia e justificativa. Além de ajudar nos objetivos gerais e específicos.

Durante as férias iniciamos as gravações, de forma remota. Sempre discutimos juntos todas as ideias e possíveis gravações. Nem tudo s aiu como planejado, como por exemplo a entrevista com o jornalista Mauro Cézar, da ESPN.

Conseguimos o primeiro contato com ele, mas depois ficamos sem respostas e no final não deu certo de gravarmos. Dentro desse processo, fiquei responsável pela elaboração de perguntas para os entrevistados, participei das entrevistas e antes do processo de edição, ajudei na decupagem e fiz todo o roteiro.

Mesmo com todas as adversidades, reunimos uma grande quantidade de entrevistados de diversos lugares do país. Nessas entrevistas, muito conhecimento e muita discussão engrandeceram ainda mais o nosso esforço. A linha de chegada do nosso projeto foi o dia em que marcamos a edição do nosso produto, na própria Universidade, com o Daniel Bernadoni. Fazendo juntos como sempre, terminamos a

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edição e fechamos o material dentro do prazo de entrega – dia 23 de novembro de 2020.

Wagner

Durante a produção do Trabalho de Conclusão de Curso, começamos com a intenção e um planejamento de fazermos um trabalho ágil pela parte escrita, ou seja, entregarmos o quanto antes para podermos focar na produção prática do documentário, porém, com o início da pandemia da Covid-19, as nossas ideias iniciais foram alteradas.

A começar com o trabalho escrito, tivemos um pouco mais de dificuldades a partir do início das orientações on-line. Nem sempre as ferramentas funcionavam bem e isso complicava as conversas com a nossa orientadora. Ainda assim, conseguimos entregar o trabalho com certa antecedência e podemos focar em começar a produção do documentário ainda no mês de férias, em julho. Nessa etapa, fui responsável pelo referencial teórico, bibliografia e objetivos gerais e específicos.

As entrevistas também tiveram que ter o seu método alterado, pois nossa ideia era gravar em locais diferentes com os entrevistados e planejávamos até uma viagem para São Paulo, onde gravaríamos com alguns jornalistas.

A primeira entrevista que fizemos foi com o treinador Hélio dos Anjos, aproveitando o fato que o futebol na época estava parado e estes profissionais do futebol estavam com tempo livre para atenderem a imprensa e comunicadores.

Depois passamos a fazer as entrevistas com jornalistas locais, por ser de melhor contato. Na parte prática, fui responsável por elaborar perguntas para os entrevistados, fiz a mediação das entrevistas e ajudei na decupagem.

Fechamos com jornalistas de São Paulo e Rio de Janeiro, que tivemos dificuldades de marcar com alguns, porém, conseguimos gravar e deu uma alta credibilidade ao nosso documentário. Vale ressaltar que queríamos gravar com outros nomes como os jornalistas Mauro Cezar Pereira, Juca Kfouri, Rica Perrone e Mariana Spinelli, mas não tivemos sucesso.

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A parte final foi da edição, onde conseguimos marcar dois horários com o editor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Daniel Bernadoni, e ele nos ajudou com a montagem do documentário no laboratório da faculdade. Foi o único lugar em que nos encontramos pessoalmente para tratarmos da questão do TCC em plena pandemia. Finalizamos o trabalho dentro do prazo previsto que era o dia 23 de novembro de 2020.

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Descrição do Produto

O conteúdo desse documentário foi gravado por completo em tempos de pandemia. Sendo assim, os métodos de gravação utilizados para o desenvolvimento do projeto não foram os habituais.

Para começar, todas as entrevistas foram feitas de forma online, visto que enfrentamos uma pandemia mundial. Para isso, a plataforma utilizada em todas as gravações foi a StreamYard. Ela foi escolhida pelo fato de que era a única que tinha os requisitos para uma boa qualidade de vídeo e áudio, além da parte mais importante, deixar todos os entrevistados em tela cheia.

Ao todo, somaram-se o total de dez entrevistados. Dentre eles, tivemos a presença de vários jornalistas de diferentes estados, torcedores que apoiam e participam do movimento bairrista, dentre outras referências dentro do futebol.

O processo de decupagem foi feito em conjunto. Foram marcadas duas datas diferentes para que fosse possível realizar a decupagem e a criação do roteiro antes que começasse a parte da edição.

Para editar, foram solicitados dois dias e horários marcados para que pudéssemos – mesmo em tempos de pandemia – ir até a Universidade e participássemos da edição. O editor do nosso produto foi o Daniel Bernardoni, funcionário da PUC, que não mediu esforços em nos ajudar, tanto com ideias quanto com o trabalho bruto.

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CONSIDERAÇÕES

O documentário Identidade Futebol Clube é um trabalho com objetivo de mostrar a realidade das torcidas de menor expressão dentro do estado de Goiás e algumas pelo Brasil.

A intenção é que por meio deste trabalho as pessoas que o assistam possam conhecer um pouco mais sobre o que é o movimento bairrista, sobre suas manifestações, sobre o bairrismo dentro da imprensa e até mesmo o bairrismo relacionado a times europeus. Além de conhecer a definição e algumas curiosid ades sobre o tema que os entrevistados puderam nos passar.

Por meio da pesquisa bibliográfica e das entrevistas realizadas para concepção do trabalho, é possível notar que o bairrismo é um movimento que pode se dizer que seu surgimento é recente. Contudo, com o passar dos anos ganhou força e está crescendo cada vez mais dentro do cenário esportivo no Brasil.

Mesmo enfrentando as dificuldades de isolamento social, o que não nos permitiu fazer as gravações in loco. Outro ponto complicado foi achar uma plataforma adequada para as gravações, visto que precisávamos de uma em que o entrevistado ficasse em tela cheia para usarmos o vídeo no documentário.

Depois de várias entrevistas e de diversos pontos de vista diferentes, chegamos à conclusão que o movimento bairrista vai crescer juntamente com a torcida das equipes menores. Contudo, existirá ainda as pessoas que assumem como time do coração equipes de fora da sua cidade/estado natal. Outro ponto que deve ser destacado é que o movimento fortalece e aumenta ainda mais a visibilidade dos clubes de menor expressão no futebol nacional.

Para encerrar esse trabalho, pretende-se que esse projeto seja capaz de informar e trazer um pouco da história desses movimentos, para que ele sirva como forma de explicação para essas manifestações que estão presentes dentro das torcidas, estádios e redes sociais, pois trata-se de um movimento que foi denominado como cultural por nossos entrevistados.

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BIBLIOGRAFIA

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AMORIM, Luiz Henrique. Imprensa: Quando o bairrismo ultrapassa todos os limites. Coluna do Fla, Rio de Janeiro, p. 01, 17 jul. 2016. Disponível em:

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DIAS, Elder. Goiás x Flamengo, de 2009 para 2019: quem te viu, quem te vê: Há dez anos, era outra a atmosfera do Verdão ao encarar o rubro- negro carioca. O que mudou (não para melhor) desde então? Estádio das Coisas, Goiânia, p. 01, 30 out. 2019. Disponível em:

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FILHO, Junior. Clubes do interior fazem campanha contra camisas de outros times. Tribuna, Curitiba, p. 01, 27 jan. 2019. Disponível em:

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FORTALEZA recebe Flamengo e faz campanha contra torcedores

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https://veja.abril.com.br/esporte/fortaleza-recebe-flamengo-e-faz-campanha- contra-torcedores-mistos/. Acesso em: 18 maio 2020.

Referências

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