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Pesq. bras. ci. inf., Brasília, v.3, n.1,p.47-84, jan./dez. 2010

Grupo de Trabalho 2: ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO

ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: revisão da literatura

ORGANIZATION AND KNOWLEDGE REPRESENTATION IN INFORMATION SCIENCE: a literature review

LidiaALVARENGA Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas

Gerais e-mail: lidiaalvarenga@ufmg.br

Daniela Lucas daSILVA Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal

de Minas Gerais e-mail: danielalucas@hotmail.com

Resumo

Trata-se de artigo de revisão de literatura científica do subcampo da Ciência da Informação denominado Organização e Representação do Conhecimento (OCR) com o objetivo de apresentar panorama da pesquisa brasileira na área. Foi elaborado a partir de trabalhos apresentados na nona e décima edições (2008 e 2009) do Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (Enancib). Apresenta considerações sobre as revisões de literatura, sua produção e importância no processo de comunicação científica e produção do conhecimento. Seu pressuposto metodológico é de que análises bibliométricas podem ser usadas como método coadjuvante na elaboração de artigos de revisão, paralelamente à análise de conteúdo. No caso específico do presente artigo a análise bibliométrica foi considerada cienciométrica. Quanto à caracterização dos trabalhos em geral foram analisados 53 trabalhos, considerando-se as variáveis: assuntos, co-autoria e entidades de vinculação de autores. A análise de citações teve como material o mesmo universo de trabalhos que juntos apresentam 990 citações, tendo sido consideradas as variáveis: assuntos, tipos de fontes, datas, idiomas, entidades de origem dos autores. Quanto à análise de conteúdo foram analisados os 30 trabalhos oriundos de pesquisas de doutorado e grupos de pesquisa. A parte cienciométrica do trabalho teve como suporte uma base de dados em Microsoft Access, especialmente construída, baseada no modelo entidade-relacionamento. Os resultados indicam avanços e inovações na área, tais como: novas soluções para a comunicação científica, que podem contribuir para o desenvolvimento de outros artigos de revisão; ferramentas que recuperam automaticamente plantas detentoras de determinados ícones; reflexões que contribuem para maior e melhor consistência terminológica da área de OCR; resgate e aprofundamento de teorias.

Palavras-chave

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Pesq. bras. ci. inf., Brasília, v.3, n.1,p.47-84, jan./dez. 2010

Abstract

This scientific review article on Information Science, specifically Knowledge Organization and Representation, has tried to present a Brazilian research overview on this important area. It has been constructed from scientific works presented in the 9th (2008) and 10th (2009) editions of Brazilian Information Science and Librarianship Association Meeting (Enancib). Firstly it presents some comments on review articles, its production and impacts on scientific communication and knowledge production. It has as presupposition that bibliometrics analysis can be used as complement of content analysis in the elaboration of this kind of article. In this specific case, bibliometry has been considered scientometrics. For the process of general works characterization it has been considered some variables: subjects, co-authorship, author and entities that has emerged from 53 papers, presented in both meetings. And about content analysis it has been analyzed 30 papers produced by doctorate, master and research group researchers. This scientometrical study has been supported by specific data base constructed using Microsoft Access software. This review results indicate some improvements and innovations in the OCR area: new uses for indexing and for retrieval process; new sources emerging from new technological trends; new solutions for scientific communication; and important discussions of themes and theories that have contributed to make this area better epistemological anchored.

Key words

Bibliometrics. Scientometrics. Review articles. Research front. Knowledge organization. Information Science - Brazil.

1 INTRODUÇÃO: ARTIGO DE REVISÃO E METODOLOGIA DE TRABALHO

Este artigo de revisão de literatura científica do subcampo da Ciência da Informação, denominado Organização e Representação do Conhecimento (OCR), objetiva apresentar panorama da pesquisa brasileira na área e por objeto de análise os resultados de pesquisas do Grupo de Trabalho 2 (GT2), da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação e Biblioteconomia (Ancib). Está elaborado a partir de trabalhos apresentados na nona e décima edições (2008 e 2009) do Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (Enancib). A natureza peculiar de uma associação nacional de pesquisadores, como campo privilegiado de produção de conhecimento, justifica e credencia a revisão que será apresentada, após algumas considerações preliminares sobre sua natureza e importância nos processos de produção do conhecimento e de comunicação científica.

O artigo publicado por Fujita, na revista Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, da Ancib, v.1, n.1, 2008 aborda aspectos importantes do subcampo da Ciência da Informação neste trabalho analisado, assim como apresenta sistematização consistente de trabalhos apresentados em eventos da Ancib realizados anteriormente. A autora confirma que a área OCR no Brasil demonstra sinais de desenvolvimento refletidos na quantidade e na qualidade de trabalhos apresentados nos Encontros da referida comunidade científica, assim se expressando:

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grupos de pesquisa que agregam estudantes de graduação e pós-graduação, profissionais e pesquisadores convidados. (FUJITA, 2008, p. 1).

Reforçando-se a importância de trabalhos de revisão, ressaltam-se peculiaridades do processo de produção de conhecimento, na perspectiva da comunicação científica, no âmbito da Ciência da Informação (CI) no Brasil.

Finalizado um projeto ou etapa de pesquisa seus resultados são escritos por um ou mais pesquisadores e submetidos à análise dos pares, visando-se à publicação; os anais de encontros científicos se encontram dentre os espaços destinados a esse tipo de comunicação. Os Encontros da Ancib ocorrem anualmente e permitem que os pesquisadores da área comuniquem e discutam os resultados de pesquisas finalizadas ou em andamento. Os trabalhos apresentados nesses eventos podem vir a ser sucedidos por sua publicação como artigos de periódicos científicos, após seu aperfeiçoamento, seja pela agregação de novos insumos decorrentes das discussões, e / ou por terem sido enriquecidos com sua finalização ou com o desenvolvimento de novas etapas das mesmas pesquisas.

Segundo Meadows (1998), o conhecimento científico é cumulativo e sua comunicação envolve a transmissão do conhecimento registrado, fomentando a troca de informações, tornando-o disponível de forma pronta, acessível e durável. O sucesso desse processo depende da existência de grupos de pessoas envolvidas na comunicação formal e informal de pesquisas e os principais veículos para tal comunicação são as sociedades de conhecimento. O mesmo autor resume o papel das sociedades científicas, destacando que, embora as publicações não sejam os únicos produtos dos eventos científicos são elas consideradas sua parte mais importante:

Sociedades típicas realizam encontros em intervalos regulares, para que seus membros possam se preparar com antecedência [...] Os membros se baseiam em suas próprias pesquisas; demonstrações e exibições são organizadas, contatos estabelecidos e novidades profissionais compartilhadas [...] Muitas sociedades estabelecem em paralelo um programa de publicações. Dessa forma são satisfeitos os desejos dos associados de tornar públicos seus trabalhos, permitir aos não-membros acesso aos trabalhos gerados no âmbito da sociedade e prover um registro que possa ser transmitido para as sucessivas gerações. (MEADOWS, 1998, p. 8-9).

Dentre os problemas recorrentes nos diversificados campos científicos destacam-se: número elevado de trabalhos publicados, tornando insuficiente o tempo disponível dos pesquisadores para sua leitura; necessidade de se elaborar políticas de pesquisa para esses campos e de sua constante auto-avaliação, visando, dentre outras finalidades, ao fomento de pesquisas. Segundo Dias (1994, p.149),

Para enfrentar esse problema da grande quantidade de material a ser lido é que surgiram as chamadas revisões de literatura, também identificadas por expressões tais o oà evis oà i liog fi a ,à ese haà i liog fi a ,à e saioà i liog fi o àeà ala çoà i liog fi o .à áà evis oà deà lite atu aà à u a síntese do que foi publicado sobre determinado tópico num determinado período de tempo. O material examinado pode ainda ser limitado em termos geográficos, lingüísticos ou por quaisquer outros critérios que o autor da revisão entender ser apropriados.

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descobertas, lacunas significativas na pesquisa, debates correntes e idéias sobre as direções em que a pesquisa deve se desenvolver.

O presente artigo de revisão detém as seguintes características: quanto ao escopo e método de pesquisa, se reporta a um subcampo específico dentro de um campo disciplinar; quanto ao método, envolve análises de conteúdo, de assuntos, de alguns elementos paratextuais e de citações; quanto à abrangência cronológica, cobre dois anos da produção científica; quanto à exaustividade do universo analisado, foram duas as abordagens orientadoras: para a análise de citações, envolveu todos os trabalhos apresentados e publicados no período. Para a análise de conteúdo, limitou-se aos trabalhos apresentados e publicados nos anais das nona e décima edições (2008 e 2009) do Enancib e que relatassem pesquisas oriundas de doutoramento, pós-doutoramento e grupos de pesquisa. Não foram analisados quanto ao conteúdo os trabalhos de mestrado e os apresentados como pôsteres nos dois eventos, tendo sido considerado como princípio norteador dessa opção o fato de que pesquisas em nível de doutorado e projetos de pesquisa tendem a gerar reflexões e conhecimentos de maior profundidade e amadurecimento.

O trabalho parte de um pressuposto que pode diferenciá-lo de outros artigos de revisão: de que na elaboração destes, as análises bibliométricas podem ser coadjuvantes das análises de conteúdo. Na presente pesquisa, a análise bibliométrica foi considerada análise cienciométrica por ter sido desenvolvida para análise do comportamento da literatura científica, no campo OCR da Ciência da Informação.

A pesquisa teve como material empírico: para as análises cienciométricas foram envolvidos 53 trabalhos, que apresentaram 990 citações; relativos ao X Enancib, tendo sido analisados 21 trabalhos orais e nove pôsteres; do IX Enancib foram 23 os trabalhos orais analisados. A análise de conteúdo envolveu 30 trabalhos orais, selecionados segundo critérios já explicitados, ou seja, 15 trabalhos apresentados / publicados em 2009: 10, em nível de doutorado; um, de pós-doutorado; e quatro, originados de projetos de pesquisa; e 15 trabalhos de 2008, sendo sete de doutorado e oito originados de grupos de pesquisa.

Para a análise cienciométrica foi usada uma ferramenta, especialmente construída e que deu origem a uma base de dados, projetada em Microsoft Access, versão 2003, adequada à modelagem de domínios, possibilitando várias consultas específicas sobre o comportamento das variáveis previstas. A partir daí, numerosos relatórios e gráficos foram gerados. No entanto, julgou-se dispensável a apresentação de todos eles neste artigo, considerando que foram elaborados especialmente com a finalidade de evidenciar os resultados sobre as análises das variáveis, dando origem a enunciados verbais sintéticos sobre o universo analisado.

Quanto ao modelo relacional, em conexão com o modelo de entidade-relacionamento, foi ele escolhido para a construção dessa ferramenta. Tal modelo é subjacente a um sistema gerenciador de bancos de dados ou bases de dados e se fundamenta no princípio de que todos os dados estão disponibilizados de maneira estruturada, podendo-se apresentar em tabelas, possibilitando busca e recuperação precisas, por meio de linguagem padrão para sistemas de bancos de dados relacionais, a Structure Query Language, conhecida como SQL. O modelo dos diagramas de entidade-relacionamento (DER) foi introduzido por Peter Chen, na década de 70, e refinado posteriormente por outros pesquisadores. Chen (1976) define que, no modelo entidade-relacionamento (MER), entidades, objetos ou coisas são classificados em diferentes conjuntos de atributos comuns a essas entidades pertencentes a um domínio.

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relacionadas às duas fontes: aos trabalhos publicados nos anais e às citações presentes nesses textos. Para a pesquisa cienciométrica foram consideradas variáveis relativas:

(a) Aos trabalhos publicados: assunto; autor e instituição de vínculo do pesquisador-autor.

(b) Às citações: idioma, ano de publicação, tipo de fonte, periódicos nacionais citados, periódicos internacionais, país de publicação, instituição de vínculo do pesquisador-autor do trabalho citado, assuntos constantes dos títulos e freqüência de citação dos trabalhos.

Cada uma das variáveis foi analisada utilizando-se métodos da estatística descritiva (TOLEDO; OVALLE, 1995). Não foram usados neste artigo os resultados oriundos de correlações entre variáveis.

Para a análise de conteúdo procurou-se evidenciar: objetos e objetivos de pesquisa, principais pontos da fundamentação teórica, métodos e resultados encontrados, desses destacando-se alguns enunciados considerados representativos, mas não exaustivos. Em alguns casos, foram usadas citações textuais dos próprios autores dos trabalhos, assim como enunciados de relator de sessão do Enancib. Não foram aprofundadas discussões e análises críticas sobre os trabalhos, tal como esperado de um artigo de revisão. Os assuntos constantes dos títulos dos trabalhos foram agrupados em seis classes gerais, a fim de facilitar a análise e possibilitar visão estruturada do conjunto das temáticas focalizadas: Campos de conhecimento, disciplinas, ciências; Fontes, registros, unidades de informação; Espaços, ambientes e outros contextos focalizados na CI; Teorias, teóricos, fenômenos relacionados, princípios, métodos, técnicas, e ferramentas em CI; Processos em Ciência da Informação; Linguagens documentárias, estruturas semânticas.

Especificamente sobre classes de assuntos cumpre ressaltar que para sua construção não foi utilizada qualquer linguagem ou sistema de classificação específico, pautando-se por uma categorização que emergiu do próprio universo de assuntos encontrados, a partir da terminologia usada pelos autores dos trabalhos, destacando-se que, para cada trabalho, foi usado mais de um assunto.

2 REVISÃO DA LITERATURA: SUBCAMPO ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Os resultados serão apresentados em três blocos. Em primeiro lugar, serão ressaltadas as características dos trabalhos em si. Em segundo, as características dos trabalhos citados, numa tentativa de tornar possível algum conhecimento sobre o processo de produção dos trabalhos analisados. Em terceiro, serão apresentados enunciados pontuais e seletivos sobre o conteúdo dos trabalhos.

2.1 CARACTERÍSTICAS DOS TRABALHOS

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Teorias, teóricos, fenômenos relacionados... foram as que se destacaram com maior ocorrência, 27,6% para cada uma. Seguem: Fontes, registros, unidades de informação (12,9%); Linguagens documentárias, estruturas semânticas (12,5%); Campos do conhecimento, disciplinas, ciências (12,0%) e, por fim, Espaços, ambientes e outros contextos..., com 7,1%.

Gráfico 1 –Visão das categorias gerais de entidades mais debatidas

Por outro lado, o Gráfico 2 relaciona os assuntos referentes aos trabalhos publicados com ocorrência acima de um. Cada subdivisão de assunto aparece agrupada numa uma das seis classes gerais já referenciadas.

Gráfico 2 –Relação das subdivisões de assuntos por classes gerais

Segue descrição detalhada dos assuntos das classes gerais (Gráfico 1). Para maior esclarecimento sobre a pesquisa, em alguns momentos, faz-se alusão a assuntos com apenas uma ocorrência.

(1) Campos de conhecimento, disciplinas, ciências.

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Científica. Constata-se com apenas uma ocorrência a presença de trabalhos das subáreas da Arquivologia (diplomática, arquivos universitários, descrição arquivística e metodologia arquivística) e da Museologia. Quanto a outras áreas do conhecimento chamadas para apoiar ou dialogar com os autores nos trabalhos da área de OCR, apresentaram-se a Pragmática Lingüística, as Ciências Cognitivas e área da Leitura de imagens. Quanto aos campos beneficiados com os trabalhos publicados, apresentaram-se as Ciências Biomédicas (genoma), a Energia Nuclear, a Agr (cultura do sorgo), o Patrimônio (arqueológico, cultural, imaterial, científico e o tecnológico, cultura material, memória).

(2) Fontes, registros, unidades de informação.

Ainda de acordo com o Gráfico 2, destacam-se: folksonomia, web 2.0 e documentos fotográficos. Em trabalhos com apenas uma ocorrência, estiveram presentes as temáticas: literatura de ficção, jurisprudência eleitoral, artigos de periódicos, artigos científicos publicados na web, artigos de revisão. Incluem-se, também, nesta classe, como outro tipo de suporte documental estudado, os projetos de Engenharia.

(3) Espaços, ambientes e outros contextos focalizados na CI.

Aqui, estiveram presentes prioritariamente: web semântica e sistemas de recuperação de informação. Apenas numa publicação, encontram-se bibliotecas universitárias, bibliotecas digitais, catálogos on-line, bases de dados, ciberespaço, Plataforma Lattes, sistemas de informação na área da saúde, sistemas de relacionamento na Internet.

(4) Teorias, teóricos, fenômenos relacionados, princípios, métodos, técnicas, e ferramentas em CI.

Os trabalhos da área de OCR analisados tiveram como pressupostos teóricos a teoria comunicativa da terminologia, a teoria do conceito, os princípios da Semiótica e do estruturalismo. Quanto aos modelos usados para representação de informação / conhecimento, versões originais ou adaptadas, destacaram-se: análise orientada a objeto, modelo entidade relacionamento, requisitos funcionais para registros bibliográficos, Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR), modelo genérico de relações (CIDOC Conceptual Reference Model, CRM), e modelo de raciocínio baseado em caso. Como métodos de pesquisa, apresentaram-se protocolo verbal, pesquisa-ação e análise de conteúdo. Como teóricos, foram resgatados direta ou indiretamente os pensamentos de David Hume, Aristóteles, Charles Cutter, Peirce e Dahlberg.

(5) Processos em Ciência da Informação.

Esta classe contempla processos técnicos da área OCR, clássicos e contemporâneos, desde os mais abrangentes, a representação do conhecimento e da informação e a organização da informação e do conhecimento (11 textos), assim como os mais específicos, catalogação (dois), indexação, análise de domínio, análise documentária, análise de assunto (aboutness) e categorização (dois).

(6) Linguagens documentárias, estruturas semânticas.

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sobre construção, compatibilização de várias ontologias, sobre ontologias usadas como fontes de pesquisa ou ontologias como objeto de conceituação.

Percebe-se que o assunto ontologias foi o mais freqüente (11 trabalhos), somando-se a este o assunto construção de ontologias (três) e ontologias de domínio (dois), perfazendo um total de 16 ocorrências. Na seqüência, vêm os assuntos: representação do conhecimento (sete), organização da informação e representação da informação (ambos com seis ocorrências).

Quanto ao tipo de autoria, os resultados indicam a predominância de co-autoria, com 85%, em contraposição a apenas 15% de textos com autoria única. Isto é reflexo nítido da prática estimulada pelas coordenações dos PPGCI, visando à produção conjunta de orientadores e orientandos ou de coordenadores e membros de grupos de pesquisa.

As entidades de vinculação dos autores estão sintetizadas no Gráfico 3. Destacam-se, em ordem seqüencial, as seguintes instituições de ensino superior (IES): Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Estadual Paulista (UNESP, Marília, São Paulo, SP), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Estadual de Londrina (UEL). Há outras IES produtoras de um a dois trabalhos.

Gráfico 3 – Instituições brasileiras / pesquisadores que mais contribuíram com trabalhos no Grupo de Trabalho 2 (GT2) – Organização e Representação do conhecimento, 2008 e 2009

2.2 TRABALHOS CITADOS: CARACTERÍSTICAS

A seguir serão exploradas as características dos trabalhos que serviram de base para a produção de conhecimento, e que foram resgatadas da análise das citações. Devido à exigüidade de espaço, como antes dito, não serão aqui incluídos os gráficos correspondentes a alguns desses traços característicos.

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Quanto à data de publicação, verificou-se que os trabalhos apresentados nos dois encontros da Ancib usaram de forma mais significativa fontes editadas a partir de 1980, com ascendência numérica crescente a partir de 1985 até 2009, período responsável por um total de 87,67% das datas dos trabalhos citados, conforme o Gráfico 4 mostra. É possível que tal resultado reflita um material bibliográfico oriundo de pesquisas executadas após a institucionalização e o desenvolvimento da pós-graduação em CI no País. Constata-se, entretanto, a presença esporádica de trabalhos anteriores a esse período e de alguns que mencionam teóricos clássicos, como os citados Hume e Cutter.

Gráfico 4 –Distribuição das datas dos trabalhos citados

No que se refere aos tipos de fontes mais presentes na literatura usada para subsidiar as pesquisas foram encontrados os livros, 405 em 990 (40,9%), seguidos dos artigos de periódicos, com 304 ou 30,7%. As demais fontes somam 28,4%.

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Gráfico 5 –Distribuição dos periódicos nacionais mais citados

Quanto aos periódicos internacionais, os citados tão-somente uma vez totalizaram 43,5% dos títulos (citados 74 vezes num total de 170), o que significa, como ocorreu com as publicações nacionais, tendência à dispersão de títulos, nas duas edições do Enancib. O Gráfico 6 apresenta as revistas internacionais com maior ocorrência: Annual Review of Information Science and Technology (ARIST), com 14 citações (8,2%), o que parece evidenciar a importância de artigos de revisão para as pesquisas em CI. Seguem Journal of the American Society for Information Science and Technology, citado em 11 trabalhos (6,5%), e Bulletin of the Medical Library Association,Knowledge Organization e Journal of Documentation, citados, cada um, em oito trabalhos (4,7%). Os demais se concentram, sobretudo, em campos distintos, como computação e biomedicina.

Com o intuito de verificar em que país se origina o conhecimento usado para suporte às pesquisas da área de ORC, comprova-se que, dentre os 990 trabalhos citados, o Brasil foi a nação onde ocorreu o maior número de trabalhos citados, com 53,74%. A seguir, vêm Estados Unidos da América (18,99%) e Espanha (6,77%). Decerto, tal resultado está associado com o predomínio do português, inglês e espanhol, como idiomas mais freqüentes dentre os trabalhos. Ademais, ocorreram citações sem a menção do local de publicação (4,34%).

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Gráfico 6 - Distribuição dos periódicos internacionais mais citados

Os assuntos dos trabalhos citados também foram analisados numa abordagem simples, por sua identificação nos títulos dos trabalhos citados. Os termos mais representativos são: ontologia, que aparece 88 vezes; Lingüística, 54; e Ciência da Informação, 53 vezes.

Finalmente, em relação à freqüência de citação das referências, não foi evidenciado um núcleo básico significativo de trabalhos. Isto é, as referências bibliográficas se apresentaram de forma dispersa, dentro do padrão de comportamento bibliométrico: 887 (89,6%) das 990 referências foram citadas uma única vez e 103 (10,4%), mais de uma vez.

2.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO: TRABALHOS EM NÍVEIS DE DOUTORADO, PÓS-DOUTORADO E GRUPOS DE PESQUISA

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sistemas, unidades de informação ou suportes informacionais, assim como campos afins à CI; 4. Teorias, teóricos, fenômenos relacionados, princípios, métodos, técnicas, e ferramentas em CI (trabalhos que enfocam, com ênfase, determinada teoria, modelo ou método resgatado para trabalhar fenômenos da CI).

Acrescenta-se que, de cada trabalho, foi extraído mais de um assunto e que a categorização ora adotada deve ser vista como pragmática e provisional. Outra observação relevante diz respeito à referenciação de autores e textos constantes dos trabalhos explorados pelas autoras desta revisão, por uma razão central: facilitar a identificação de fontes para revisões futuras, em nível mais abrangente e exaustivo. Dizendo de forma mais concisa: as obras citadas pelos autores contemplados nesta revisão constam da listagem de fontes, ao final.

Processos em Ciência da Informação

Dentre os processos focalizados considerados mais abrangentes, no contexto da CI, e que constituem seu cerne, destacam-se a organização e a representação da informação e do conhecimento, em conexão natural com os fluxos de informação e comunicação, envolvendo os produtos da pesquisa científica. Neste sentido, o trabalho de Dodebei (2009) promove debate sobre propostas de modelos que representam fluxo de informação, com o objetivo de avaliar estágios dos processos de produção, organização e disseminação do conhecimento e suas relações com o conceito de memória social. A autora usa uma metodologia que compara três modelos de fluxos de informação que explicam formas possíveis de circulação do conhecimento na comunidade científica, a saber: o modelo do ciclo da informação (adotado originalmente por Frederic Wilfrid Lancaster) e dois outros, construídos no ciberespaço.

O primeiro modelo mencionado pela autora supracitada é o de Lancaster, de 1977, que apresenta o ciclo da informação. Na segunda proposta, Dodebei (2009), recorrendo à obra de sua própria autoria, ano 2002, discute o modelo de ciclo da informação na memória documentária, complementando suas idéias com propostas de Barreto (2004). Este, segundo a autora, contempla representação, organização e fluxo da informação, principalmente, no âmbito do paradigma digital. Finalmente, o terceiro modelo, proposto num blog, discorre sobre possíveis mudanças no ciclo de transferência de informação em contextos digitais. No que se refere ao processo de acumulação do conhecimento, trata-se, portanto, de visão inovadora do conceito de memória, no contexto das novas tecnologias de informação e de comunicação, TIC:

[...] apesar dos estágios do ciclo da informação serem os mesmos em todos os modelos analisados, o processo de produção, organização e disseminação da informação na atualidade mostra uma tendência maior para a compreensão da memória social como um todo em permanente transformação, do que para a manutenção do conhecimento de forma cumulativa. (DODEBEI, 2009, p. 592).

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Para levantamento dos termos, as autoras recorreram a 38 grupos de pesquisa em CI, registrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a sete ementas de linhas de pesquisa dos PPGCI da área, registrados na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Como referencial teórico, exploram, sobretudo, a concepção de Fogl (1979) e dialogam com autores do contexto nacional e internacional, alcançando proposta conceitual preliminar. Ao sintetizarem algumas características apresentadas por Fogl, Bräscher e Caf à àasseve a :à Noà o textoàdaàOIàeà

da RI, temos como objeto os registros de informação. Estamos, portanto, no mundo dos objetos físicos, distinto do mundo da cognição, ou das idéias, cuja unidade elementar é o

o eito .

A cognição, segundo Fogl (1979, p. 22, apud BRÄSCHER; CAFÉ, 2009, p. 5- ,à ... à à oà processo de reflexão das leis e das propriedades de objetos e fenômenos da realidade objetiva

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autoras esclarecem, então, sua proposta de distinção entre os dois processos de organização:

[...] um que se aplica às ocorrências individuais de objetos informacionais – o processo de organização da informação – e outro que se aplica às unidades do pensamento (conceitos) – o processo de organização do conhecimento. A OI compreende, também, a organização de um conjunto de objetos informacionais para arranjá-los sistematicamente em coleções, neste caso, temos a organização da informação em bibliotecas, museus, arquivos, tanto tradicionais quanto eletrônicos. A organização do conhecimento, por sua vez, visa à construção de modelos de mundo que se constituem em abstrações da realidade. (BRÄSCHER; CAFÉ, 2009, p. 6).

Segundo as autoras, o termo knowledge organization systems (KOS), adotado por Hodge (2000) foi proposto, em 1998, pelo Networked Knowledge Organization Systems Working Group para englobar sistemas de classificação, cabeçalhos de assunto, arquivos de autoridade, redes semânticas e ontologias. E, ao ratificarem a necessidade de discussões conceituais para se obter um entendimento comum acerca dessas áreas, complementam:

Hodge [...] amplia essa abrangência, incluindo outras fontes, tais como dicionários, glossários, taxonomias e tesauros e ressalta que os SOC, tradução para o português de KO“,à “iste aà deà O ga izaç oà deà Co he i e to,à s oà oà o aç oà deà todaà i liote a,à useuà eà a uivo ,à u aà vezà ueà s oà e a is os de organização da informação . (BRÄSCHER; CAFÉ, 2009, p.12).

Segue trabalho premiado no âmbito do GT2, que enfoca o conceito de estrutura, contribuindo, também, para a fundamentação da área de ORC. A partir da literatura sobre sistemas documentários e processos de construção de registros de informação, tratando dos conceitos de representação descritiva e temática na representação documental, Ortega e Lara (2009) exploram o conceito de estrutura, calcado em aportes teóricos de autores clássicos da literatura: Saussure, Ferrater Mora, Lopes, Benveniste, Hjelmslev, Peñalver, e Lévi-Strauss, além de Ducrot e Favéro e Koch, Paul Otlet, García Gutiérrez e Moreiro González.

Com base nos teóricos mencionados e em outros, Ortega e Lara (2009) afirmam que a noção de estrutura se explica pelas relações entre os elementos componentes e está subjacente às operações de construção e de gestão de sistemas documentários:

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para além dos princípios subjacentes às normas de descrição, as quais são posteriores à concepção estrutural do registro

[...] tal noção é vital para uma proposta mais consistente de princípios e métodos para a construção e gestão de sistemas documentários. (ORTEGA; LARA, 2009, p. 16).

Abordando processo mais específico da construção e manutenção de sistemas documentários, o trabalho de Dulce Baptista (2008) discute o estágio atual das discussões sobre mudanças nas regras internacionais da catalogação, compreendendo a representação dos registros documentais. Tais alterações ocorrem, principalmente, em função do novo paradigma digital em que as atuais regras Anglo-American Cataloging Rules (AACR2) tornaram-se insuficientes para descrição e recuperação de recursos típicos do ambiente da informação eletrônica. A autora traz, assim, esclarecimentos sobre novas propostas, que, em sua visão constituem verdadeira revolução em termos de representação descritiva. Faz alusão ao Resource Description and Access (RDA), que pretende substituir AACR2 e disserta sobre os Requisitos Funcionais para Registro Bibliográfico (o citado FRBR), novo modelo conceitual proposto pela International Federation of Libraries Associations, IFLA, baseado em entidades e relacionamentos.

Ainda no campo dos processos mais específicos da área ORC, originado de pesquisa experimental aplicada, o trabalho de Baracho e Cendon (2008) tem como produto um sistema de recuperação de informação de projetos de Engenharia que permite a recuperação automática de itens por imagens. Como fundamentação teórico-conceitual, as pesquisadoras resgatam conceitos e técnicas de organização e recuperação automática da informação em imagens de campos diversificados, tais como CI, Ciência da Computação, Engenharia e Arquitetura.

Trata-se de estudo, que consistiu no desenvolvimento de um sistema computacional específico, o qual permitiu a interpretação de ícones constantes de plantas, usando-se um indexador automático, projetado para extrair metadados textuais e visuais (ícones). O protótipo foi testado, com sucesso, num acervo de projetos (plantas de edificações) do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte (Minas Gerais, MG), demonstrando rapidez e precisão na recuperação de plantas portadoras de certas características de interesse da referida Corporação, para uso no momento de intervenções técnicas de contenção de fogo e resgates.

Linguagens documentárias, estruturas semânticas

Com o advento da Internet e da plataforma Word Wide Web (www), pesquisas voltadas ao processamento da linguagem natural, PLN, têm-se configurado como tendência marcante. Muitas áreas do conhecimento têm se voltado para a exploração do potencial das linguagens naturais na gestão do conhecimento, em diferentes abordagens. Em pesquisa em andamento, Ladeira e Alvarenga (2009) se propõem verificar, ao longo das últimas décadas, quais foram os objetos de estudo tratados em pesquisas registradas no ARIST, na esfera do PLN. A meta é levantar insumos para o balizamento de categorias para análise desses mesmos objetos na investigação contemporânea. O estudo envolve, não somente as pesquisas desenvolvidas no âmbito da CI, mas também em outros campos disciplinares para os quais o PLN constitui objeto de interesse.

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[...] a coleta das publicações pertinentes à área foi realizada com base na Plataforma Lattes, mostrou evidências, como: (a) elevado número de publicações relativas a pesquisas aplicadas na área de indexação; (b) grande maioria de publicações com adoção de técnicas estatísticas. (CAFÉ, 2009, p.10).

Ainda quanto a processos circunscritos ao campo ORC, apresenta-se um trabalho sobre análise de assunto e uso de ontologias de domínio existentes e aceitas no campo biomédico, visando-se maior conhecimento da comunicação científica e da análise do próprio campo científico. Partindo de considerações de ser indício de novidade científica o mapeamento parcial ou o não mapeamento de conceitos, expressos nas conclusões de artigos científicos, em ontologias públicas do mesmo domínio científico do artigo, Malheiros e Marcondes (2009) propõem um método para identificar descobertas (ID) na área biomédica. Este consiste na comparação do conteúdo dos artigos com o teor de ontologias públicas disponibilizadas na web. O corpus consistiu de 75 artigos da área biomédica: 20 artigos do periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (MIOC); 20 do Brazilian Journal of Medical and Biological Research (BJMBR); 20 artigos sobre células-tronco; 15 dos pesquisadores ganhadores do prêmio Lasker, ano 2006.

O processo de análise dos artigos ocorreu em duas etapas. Primeiramente, tentou-se identificar no texto a principal conclusão apresentada. Em seguida, foi definida a melhor maneira de expressá-la sinteticamente, a partir de elementos predeterminados – antecedente, relação e conseqüente. O procedimento consiste em analisar o mapeamento desses elementos no Unified Medical Language System (UMLS), verificando o nível do mapeamento de cada artigo. Os autores concluem ser metodologicamente possível um procedimento em que o autor de um trabalho científico expresse sua principal conclusão de maneira sintética e que esta seja automaticamente processada e comparada ao conhecimento científico já previamente representado em ontologias públicas da mesma área de conhecimento.

Afirmam existir correlação entre artigos cujos resultados expressos nas conclusões se encontrem pelo menos representados, de modo genérico, em bancos de dados terminológicos, como o UMLS, e o fato desses artigos se reportarem às descobertas científicas importantes. Deste modo, a metodologia poderá servir de base para implementação de procedimento automatizado para se identificar frentes de pesquisas, descobertas e avanços científicos e ser testado em outras disciplinas nas quais já existam estruturas conceituais terminológicas maduras e disponíveis.

Pesquisa envolvendo equipe interdisciplinar, coordenada por Maria Luiza de Almeida Campos (2009), também usando ontologias prontas e credenciadas na biomédica, volta-se para a compatibilização terminológica entre esses importantes instrumentos terminológico-conceituais. A autora, em seu estudo voltado ao domínio genômico, partiu de levantamento em Open Biological Ontologies (OBO), onde encontrou 60 ontologias, nos domínios biológicos e médicos. Dentre elas, selecionou sete, por serem úteis ao domínio genômico, segundo critérios

p eesta ele idos.à Eà diz:à Estasà ontologias foram analisadas para a aplicação de métodos de integração e compatibilização de ontologias a partir de possibilidades computacionais

atual e teàexiste tes .à CáMPO“,à .à

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afirma que seu projeto não pretende criar nova ontologia, mas, sim, adotar termos de ontologias já empregadas pela comunidade da área. O vocabulário levantado contou com 865 termos anotados pela GO referentes aos organismos Tripanossoma Rangeli. Apoiada em princípios teóricos e metodológicos relacionados aos estudos terminológicos (DAHLBERG, 1978a, 1978b, 1981, 1983; WUESTER, 1981) todos eles devidamente citados e explorados por Campos (2009), a pesquisa partiu da análise das definições e dos relacionamentos entre os conceitos.

O estudo vai de encontro ao que Neville (1972), também citado por Campos (2009), denomina linguagem intermediária entre duas ou mais ontologias. Apoiando em princípios apresentados por Dahlberg, a pesquisa relatada apresenta a matriz de compatibilidade semântica, adotada no estudo, como proposta de compatibilização terminológica no contexto genômico.

As bases teóricas estão possibilitando identificar níveis de compatibilização lingüística e semântica, visando apresentar propostas de harmonização terminológica e determinando diretrizes para as atividades de integração e compatibilização de linguagens que poderão futuramente, naquilo que for possível, possibilitarem a viabilização de procedimentos automatizados. Por outro lado, as pesquisas até agora realizadas apontaram para a necessidade de estudos mais aprofundados no que tange às definições, pois são elas, além das relações conceituais, em ontologias, que evidenciam o conteúdo semântico de um conceito. (CAMPOS, 2008, p. 17).

Apresenta-se, a seguir, investigação na área agrícola, com potencial para contribuir para importantes fases da construção de ontologias, as fases da especificação e conceituação. Oyola e Alvarenga (2009) se fundamentam em estudos publicados sobre ontologias de domínio e organizacionais e consideram que as ontologias de domínio têm como objetivo principal mapear o conhecimento de áreas específicas.

Os autores verificaram a partir de ampla literatura estudada sobre Enterprise ontology (NOY; GUINNESS, 2001; USCHOLD; GRUNINGER, 1996) e, também, de metodologias propostas pelo projeto Tove (FOX; GRUNINGER, 1998) e da Methontology (FERNÁNDEZ-LÓPEZ; GÓMES-PÉREZ; JURISTO, 1997), que as fases de mapeamento, especificação e conceituação, em que se propõe levantar o conhecimento do especialista, apresentam, em geral, poucos detalhes ou é descrita de forma sucinta, dificultando sua compreensão e dando pouca garantia sobre o produto alcançado. Essa etapa compreende o levantamento de elementos semânticos significativos essenciais, visando-se estruturar o conhecimento de um domínio, que, posteriormente será implementado numa ontologia de domínio.

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ontologia. Também como fundamentação, os autores buscaram noções de garantia da literatura, garantia científica e cultural.

A busca por automação dos processos de análise de assunto e indexação é recorrente na CI, na Ciência da Computação e em outras esferas voltadas à web semântica. Neste sentido, Santana e Dias (2008) enfatizam a consolidação da estrutura profunda com a modelagem orientada a objeto. O trabalho explora a literatura publicada sobre as temáticas: análise de assunto, análise orientada a objetos, linguagens de representação na web, estrutura profunda e linguagens de indexação.

A pesquisa propõe o uso do padrão descritivo de recursos, o Resource Description Framework, RDF que, através de metadados, conseguiria representar a estrutura profunda de um assunto. O modelo baseado no pesquisador indiano Bhattacharyya (1981), explorado pelos autores é, então, denominado DEPAm-OR, e a descrição do assunto é realizada por intermédio de árvore hiperbólica. Infere-se que esse arquétipo permite considerável explicitação semântica determinada pela estrutura profunda, contribuindo para os processos de indexação temática desenvolvidos por pessoas e por computadores.

Dilemas recorrentes se apresentam no contexto de estudos sobre o processo de indexação: analisar assuntos e indexá-los manualmente ou desenvolver essas tarefas de forma automatizada? No primeiro caso, a quem caberia executar essas complexas tarefas: ao especialista no tema ou ao não especialista, ao profissional da informação? Assim como os conseqüentes impactos desses processos, nos diversos tipos de sistemas de recuperação de informação, esses desafios contribuem para retornos sucessivos a esses problemas nas pesquisas da área, em busca de aperfeiçoamento ou comprovação da desejada qualidade em tais tarefas.

A pesquisa desenvolvida por Almeida (2009) pretendeu levantar junto a diretores de biblioteca as condições de planejamento e de educação continuada, o que prevê conhecer, também, a realidade e as necessidades relacionadas à formação em serviço dos bibliotecários catalogadores. A coleta de dados foi realizada numa amostra de nove bibliotecas da UNESP em três grandes áreas do conhecimento – Ciências Humanas, Ciências Exatas e Ciências Biológicas. Como técnicas, a autora recorreu ao questionário e ao uso do protocolo verbal, individual e em grupo. O problema consistiu, basicamente, na lacuna existente entre o fazer do bibliotecário catalogador, não especialista, na definição de assuntos e o fazer do usuário, pesquisador especialista, este, sim, conhecedor profundo dos termos da área em que atua.

Ainda quanto à análise de assunto para indexação e recuperação, Almeida e Guimarães (2008), em pesquisa de natureza teórico-bibliográfica, demonstraram que conceitos fenomenológicos e semióticos podem contribuir para explicar processos de análise do conteúdo da informação e discutem algumas conseqüências da adoção da Filosofia e Semiótica de Peirce, para embasamento da área de organização da informação. Partindo da divisão do signo em tricotomias (PEIRCE, 1972), as quais, devidamente combinadas dão origem às 10 classes de signos, apoiados no pensamento peirceano, os autores apresentam e discutem a indexação semiotizada, do ponto de vista da CI, explorando, em especial, o pensamento de Mai

a,à ,à ,à .àáoàfi al,àp op e àu àt ata e toà aisà ve ti alizado àdasàid iasà

de Peirce, não apenas da Semiótica, esforçando-se para averiguar os efeitos da adoção de suas teses na CI.

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ambiente web, de forma que seja possível seu processamento por máquina, com vistas à recuperação semântica. O objetivo é apresentar o modelo de um ambiente de edição / publicação para comunicação científica na web e que permita a publicação de artigos científicos.

De início, o trabalho contextualiza a web como ambiente potencial de autopublicação

deà a tigosà ie tífi osà e à fo atoà legívelà po à pessoasà eà i teligível à po à p og a as.à áà

modelagem do ambiente se iniciou com o estudo sobre mineração de texto, em particular, com relação à extração de informação, procurando identificar e estruturar a informação contida nos artigos, com o intuito de individualizar suas partes relevantes. Para Costa e Marcondes (2008), a identificação dos fatos científicos é direcionada pelos elementos que compõem a ontologia, , os quais recuperam trabalhos anteriores do próprio Marcondes (2005a, 2005b), em que, cada texto será representado como uma instância da ontologia. Ao final, os pesquisadores inferem que se busca um ambiente que ofereça, cada vez mais, facilidades para o trabalho do cientista, sobretudo, para melhorar o compartilhamento, a utilização e a disseminação dos novos conhecimentos, essenciais para o desenvolvimento da ciência e tecnologia (C&T).

Ramalho (2009), por seu turno, investiga as ontologias sob o prisma da organização do conhecimento. Propõe discurso interdisciplinar, de forma a contribuir com a CI. Para tanto, lança mão da literatura com o fim de apresentar um panorama interdisciplinar da temática ontologias na representação do conhecimento, em áreas como Ciência da Informação e Ciência da Computação. Na CI, pesquisas que tangem à organização do conhecimento são explicitadas e referenciadas por teóricos renomados da área, todos eles explorados à exaustão por Ramalho (2009) e referenciados ao final, como antes justificado. São eles: Barité (2001); Dahlberg (2006); Hjorland (2003); e Vickery (1997). Este último se destaca como um dos primeiros autores a considerar as ontologias como objeto de estudo na CI. Em contraposição, na Ciência da Computação, pesquisas em ontologias são comentadas e referenciadas por autores, a exemplo de Corcho, Fernández-López, M.; Gómez-Pérez (2003); Russel e Norving (2004); Gruber (1993); e Noy e McGuinnes (2001), todos também analisados por Ramalho (2009). Para ele, sem dúvida, o desenvolvimento de ontologias permite o surgimento de novo campo de pesquisas interdisciplinares, envolvendo áreas como CI e Computação. Complementa, afirmando, literalmente, que tal campo interdisciplinar é

[...] capaz de engendrar uma nova constelação epistemológica no âmbito da organização do conhecimento, apontando perspectivas inovadoras e novas possibilidades no fazer profissional da área de Ciência da Informação. (RAMALHO, 2009, p. 723).

Espaços, ambientes e outros contextos focalizados na CI

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A pesquisa de Caldas e Moreira (2009, p. 537) busca elucidar as principais tecnologias no âmbito da web . à ueà p opo io a à ... à ova filosofia determinante de construção de páginas com uma interatividade maior com o usuário e um direcionamento na prestação de

se viços .àTaisàte ologiasàse ia àaàReally Simple Syndication (RSS), os wikis, as redes sociais, os blogs e a folksonomia.

No caso, o objeto de estudo foi a folksonomia, que, segundo os autores, seria instrumento de indexação que representa mudança nos processos de organização e de tratamento da informação na web. Tal mudança estaria no fato de ser a indexação promovida por pessoas que disponibilizam e fazem uso dos documentos, ou seja, os próprios usuários. Portanto, o propósito dos estudiosos é compreender e analisar as formas de classificação de conteúdos de etiquetas nomeadas pelo usuário. Os autores buscam nos estudos de Cañada (2008) fundamentos teórico-metodológicos que lhes dêem sustentação teórica. Daí, o trabalho salienta os tipos de etiquetas propostas por Cañada, a saber: etiquetas amigáveis, altruístas, egoístas e populistas. A metodologia utilizada foi um estudo de caso com as etiquetas de fotografias do site Flickr, visando identificar critérios utilizados pelo público usuário. A análise dos dados mostrou diferentes perfis de indivíduos e destacou a necessidade de se conhecer a nova tendência da nomeação de etiquetas pela comunidade.

Voltando sua pesquisa para análise do uso de sistemas públicos de informações de saúde, Mota e Oliveira (2009) apresentam estudo exploratório realizado em três sistemas de informação utilizados na Rede Pública de Saúde no Estado de Alagoas: Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC); Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB); Sistema de Informação sobre a Mortalidade (SIM). O propósito seria entender o fluxo informacional dos registros contidos em fichas / formulários que subsidiam a alimentação dos três sistemas, buscando observar as possíveis divergências em tal fluxo.

As autoras apontam como dificuldades no uso da informação em saúde a falta de formalização dos processos de coleta e de organização das informações aliada à ausência de padronização dos conteúdos disponibilizados e usados nas instituições de saúde. A metodologia contemplou técnicas quantitativas e qualitativas, recorrendo a questionário para coletar os dados sobre os problemas enfrentados pelos profissionais de saúde quando do registro das informações nos sistemas citados. Como resultado, constataram inconsistências no processo de coleta e de registro das informações, o que pode se justificar diante da resistência dos pacientes em fornecer dados pessoais e de deficiências para preenchimento das fichas ou dos formulários adotados pelos sistemas.

Em tempos em que suportes textuais, iconográficos e sonoros convivem numa mesma plataforma tecnológica, as pesquisas tendem a focalizá-los sob novos ângulos. Manini (2009), por exemplo, investiga parâmetros informacionais para o tratamento documental da imagem fotográfica digital armazenada em acervo institucional. Como percurso teórico-metodológico, utiliza os fundamentos da teoria peirceana dos signos explorados por Dubois (1986) para análise semiótica da narrativa proporcionada pela fotografia e dos campos da Arquivologia e da História, na leitura da fotografia e sua análise documentária.

Finalmente, a autora traça parâmetros para um exercício adequado de documentação e recuperação por parte dos usuários de um acervo fotográfico: período de produção da imagem; histórico da imagem fotográfica; aplicação de uma metodologia de leitura de fotografias; e consideração de critérios para preencher dados que sejam proximamente ajustáveis às necessidades informacionais dos que usam o acervo onde a fotografia está depositada. Manini

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constantes pelas quais tem passado a Ciência da Informação, estabelecendo um diálogo fecundo com outras áreas do conhecimento, demonstrando sua vocação transdisciplinar ...

Outro estudo, desta vez sob a responsabilidade de Galvão et al. (2008), enfoca o prontuário médico para investigar a terminologia empregada, procedimento que, decerto, gera problemas para organização e recuperação da informação. A pesquisa é fundamentada em trabalhos na área de organização e recuperação de informação estabelecendo relação com as linguagens empregadas nos sistemas de informação. O corpus integra 80 prontuários de pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (HCRP) e os dados coletados e analisados constataram grande variação terminológica nos textos adotados, incluindo excessivo emprego de siglas e abreviaturas, além de informações incompletas.

Em outro trabalho sobre fotografia como suporte informacional, que se (in)forma sobre o tripé constituído por linguagem, registro e informação, Lima e Murguia (2008, p. 2), baseando-se em exploração da lite atu a,àide tifi a à ... àaàpolisse iaàexiste teà aàfotog afiaà e na informação, seguida da condição indiciária do signo fotográfico, portador de um registro, o

ue,à e essa ia e te,à e eteàaàu aài fo aç oà eleà o tida .

Sendo este o viés do trabalho, os autores tecem considerações explorando vasta literatura sobre a temática e campos correlatos, procurando inserir a fotografia na dinâmica dos fluxos informacionais. Portanto, traçam reflexões sobre leitura, a partir de Certeau (1996) e de autores da CI que estudam a polissemia da informação. De fato, Lima e Murguia (2008, p.11)

de la a àte àaàp eo upaç oàdeà ... à o st ui àu aà eveàsí teseà ueàjustifi ueàoàelo,àaàg ese,à

a combinação que envolve as relações entre fotografia e informação visual, contemplando linguagem e regist o .à

Resultado de projeto envolvendo a criação de uma base de dados referenciais de periódicos nacionais em CI, a pesquisa de Bufrem e Pinto (2008) se propõe a reunir a literatura científica relacionada à área, incluindo fascículos considerados históricos, e, também, a possibilitar estudos quantitativos e qualitativos sobre a produção editorial em CI, sob o ponto de vista sincrônico e / ou diacrônico. Trata-se da Base Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI). Como primeira etapa de projeto mais amplo, de início, o trabalho analisa as condições para implantação do ambiente integrado de gerenciamento e publicação da BRAPCI, a fim de disponibilizar conteúdos integrais e atualizados. Ambientada no programa ProCite 5, gerenciador de bases de dados do Institute of Scientific Information (ISI), a BRAPCI disponibiliza referências e resumos de 5.022 textos publicados em 28 periódicos nacionais impressos e eletrônicos em CI, entre 1970 e 2008, e, portanto, vem contribuindo para o incremento de estudos analíticos e descritivos sobre sua produção editorial.

Bufrem e Pinto (2008) resgatam de outros autores o conceito da arquitetura da

i fo aç o,à so eà oà ualà Ca a goà eà Vidottià ,à p.à à assi à seà p o u ia :à u a arquitetura bem elaborada pode permitir uma interação mais rápida e fácil entre o usuário e a

i fo aç o .à Istoà ,à aà a uitetu aà daà i fo aç oà u ifi aà osà todosà deà o ga izaç o,à

classificação e recuperação de informação, advindos da Biblioteconomia, com a exibição espacial da área de arquitetura, que lança mão das TIC, e, em especial, da Internet. Os autores também buscam em Vanti (2002) esclarecimentos sobre aspectos da prática concreta relacionada às fases de planejamento, construção, atualização, padronização, disponibilização e utilização de bases de dados, inclusive no que se refere à sua medição.

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Informação da mesma IES. Para aferir o grau de satisfação, adotaram a escala de Osgood de diferenciação semântica. Os resultados confirmam as reais contribuições desse tipo de estudo para planejamento e / ou adaptações de metodologias para construção, manutenção e disponibilização pública de bases de dados, além de tornar a base BRAPCI mais acessível.

Bufrem e Pinto (2008) destacam como outras vertentes de abordagem as que se relacionam com os conteúdos da base e com estudos informétricos, assim como a Lingüística Quantitativa, desenvolvida por Parrondo (2003). Enfatizam, ainda, a chance de tornar viáveis tarefas práticas, como indexação, a partir do conhecimento do léxico, quando, então, se apóiam em Robredo e Cunha (1998). Como base para a formulação de políticas e tomada de decisão, seu referencial privilegia a linha de pensamento de Wormell (1998).

A seguir, o espaço informacional analisado em pesquisa circunscrita à subárea de ORC é a Plataforma Lattes do CNPq. Mascarenhas e Smit (2008) apresentam estudo exploratório a partir de currículos extraídos da PLattes para identificar se a natureza aberta do sistema compromete a consistência dos dados na recuperação da informação. A análise se deu em duas etapas. A primeira, a partir da lógica de um conjunto de arquivos pessoais de pesquisadores. A segunda, observando-se as formas de preenchimento do sistema, a partir de três categorias: campos detentores de autonomia total; autonomia parcial; sem autonomia

Embora o uso de linguagens documentárias e a conseqüente adoção de vocabulários controlados sejam criticados na organização da informação, devido ao custo elevado, Mascarenhas e Smit (2008) argumentam que o controle de vocabulário na PLattes permitir maior consistência e confiabilidade das informações disponibilizadas à sociedade. Enquanto recursos mais eficientes não forem desenvolvidos, a racionalidade e a eficácia informacional dos Sistemas de Informação em Ciência e Tecnologia (SICT) do País continuarão comprometidas. Além do mais, dentre as conclusões a que chegaram, os autores inferem que: (1) o uso híbrido – tesauros e ontologia – seria de grande valia para os SICT; (2) o currículo gerado pelo sistema é demasiadamente longo, e, assim, proporciona leitura confusa e descontextualizada da trajetória dos cadastrados; (3) considerando como ideal uma visão arquivística, o formato do PLattes não espelha a vida acadêmica dos pesquisadores e fragmenta suas atividades.

Também em ORC, identificam-se pesquisas que partem dos diversificados subcampos da CI ou que se beneficiam de outras arenas de conhecimento, considerando-se que podem se submeter à pesquisa em CI qualquer campo ou espaço de conhecimento sobre o qual exista sistema de informação em concepção, desenvolvimento ou avaliação. Na literatura analisada, consta investigação sobre patrimônio cultural, de interesse das três vertentes da Ciência da Informação, quer dizer, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, com o adendo de que, como já consta do atual fascículo da revista Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, desde o Enancib de 2010, há, na esfera da Ancib, novo GT voltado para a Museologia. É o Grupo de Trabalho 9 (GT9): Museu, Patrimônio e Informação.

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Sobre tema mais voltado aos interesses da Arquivologia, registra-se estudo de Rodrigues (2009) sobre os processos de identificação arquivística, especialmente da identificação de tipologia documental nos parâmetros da diplomática contemporânea. Propõe uma discussão teórico-metodológica entre Diplomática e Arquivística, fundamentado, respectivamente em Duranti (2005) e Conde Villaverde, (1991), com a intenção explícita de apresentar contribuições para o ensino e a pesquisa em Arquivologia. A partir das reflexões teóricas, destaca a relevância de metodologias científicas que forneçam referencial seguro para o arquivista refletir e tomar decisões em diferentes contextos:

Nesta perspectiva, a sistematização da identificação como função arquivística, viria suprir uma lacuna qualitativa e instrumental para a uniformização de procedimentos metodológicos dos quais dispõe o arquivista para tratar os documentos ao longo do seu ciclo vital, abordagem que merece ser analisada em pesquisa futura. (RODRIGUES, 2009, p. 489).

A seguir, relata-se pesquisa sobre organização de informação na Museologia. A publicação de inventários referentes a acervos de C&T não é prática muito comum no Brasil, mesmo possuindo o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), um acervo significativo de objetos de C&T. Santos e Brasil e Granato (2008, p. 1) acreditam que a elaboração de instrumentos, como os inventários de objetos tridimensionais, parte da premissa de que esses instrumentos de registro documental são importante meio de documentação e de divulgação, atingindo tanto o público especializado quanto o público leigo, sem, contudo, substituir os

o jetosà o igi ais.à Nesteà aso,à oà pat i ioà ultu alà à o side adoà o oà ... à o ju toà deà

produções materiais e imateriais do ser humano e seus contextos sociais e naturais que constituem objetoàdeài te esseàaàse àp ese vadoàpa aàasàfutu asàge aç es .

Ainda literalmente, os autores afirmam:

Em relação ao que constitui patrimônio de C&T, são incluídos o conhecimento científico e tecnológico produzido pelo homem, além de todos aqueles objetos que são testemunhos dos processos científicos e do desenvolvimento tecnológico, aqui incluídas as construções arquitetônicas produzidas e com a funcionalidade de atender às necessidades desses processos e desenvolvimentos. (SANTOS; BRASIL; GRANATO, 2008, p. 2).

O MAST possui uma coleção de instrumentos científicos considerada das mais significativas do Brasil. Tais objetos constituem parte do patrimônio científico sob a guarda do Museu e têm sido alvo de amplo plano de preservação. Na pesquisa, todas as visitas foram documentadas e os objetos de interesse para o projeto foram registrados e fotografados, resultando na elaboração de inventário com o total de 485 objetos. Além desse material, foram gravadas entrevistas com pesquisadores de destaque no setor. Tudo isto atesta que a preservação e a pesquisa do patrimônio de C&T constituem desafio enfrentado por poucas instituições do País, o que consiste em reflexão importante para a CI. Dentro deste panorama, é importante registrar a existência e divulgar para a sociedade os componentes de seu patrimônio.

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histórico dos arquivos na humanidade até chegar à urgência da organização e disponibilização das informações para as coletividades. A priori, demarca os conceitos de informação, arquivística, informação arquivística e, finalmente, de gestão informacional / documental. Tal fundamentação busca estabelecer um aporte teórico-metodológico no desenvolvimento de subprojetos que visam à construção de instrumentos de ação nas práticas arquivísticas

Ceravolo e Tálamo (2008) esclarecem que a Museologia padece de problemas conceituais, tendo como balizas teóricas parâmetros da CI no tratamento e na disseminação da informação. Daí, exploram concepções da área em textos teóricos do International Committee for Museology / Comitê Internacional para a Museologia (Icofom), criado em 1976, como segmento do International Council of Museums / Conselho Internacional de Museus (Icom) / Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Adotam, então, como corpus documental a publicação Museological Working Papers (MuWoP em inglês, ou DoTram, em francês), que corresponde a Documents de Travail sur la Muséologie, que teve tão-somente dois números publicados (1980 e 1981), e Icofom Study Series (ISS), referentes ao mesmo período.

A partir dessas fontes, retomam a teoria do conceito de Dahlberg e a teoria comunicativa da terminologia, na perspectiva advogada por Maria Teresa Cabré (1999) e por Francis Henrik Aubert, sobre a qual, as autoras assim se expressam:

[...] uma mesma comunidade de usuários de linguagens de especialidade (ou de comunidades da língua em geral) não perfaz um todo uniforme em razão de necessidades, pressupostos, motivações diferentes que podem gerar usos lingüísticos distintos mesmo numa cadeia de atividades profissionais. (CERAVOLO; TALAMO, 2008, p. 4).

A sistematização realizada visou ao conceito de Museologia e seguiu esta estrutura: construção de inventário; delimitação das características constitutivas e / ou consecutivas; sínteses das variações encontradas; categorização e identificação de temas e conclusões. Tal procedimento parte da constatação de que o saber construído sobre museus delimita uma especialidade, segundo parâmetros da terminologia, o que faz com que as autoras pressuponham limites identificáveis em relação a outras áreas de atuação ou ao conhecimento geral. Critérios intelectuais e funcionais predeterminados são os fatores que delineiam o campo e estão carregados de intencionalidade. A pesquisa atestou a circularidade na concepção da Museologia que decorre de duas opções diversas entre si: 1. Museologia como recurso de cientificidade para os museus, ou; 2. Museologia como área de conhecimento científico.

Tomando como referencial a terminologia, Ceravolo e Tálamo (2008) concluem que a proposição do conceito Museologia supõe o rompimento com a circularidade gerada pelo encontro contínuo entre Museologiae a instituição museu.

Teorias, teóricos, fenômenos relacionados, princípios, métodos, técnicas, e ferramentas em CI

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Pesq. bras. ci. inf., Brasília, v.3, n.1,p.47-84, jan./dez. 2010

[...] a vertente pragmática, especificamente alguns conceitos do Pragmatismo Lingüístico, com o objetivo de estudar as possibilidades de operacionalização desses conceitos nas atividades de produção de informações documentárias.

Partindo da aceitação de que, no âmbito pragmático, o sentido das interações comunicativas é determinável apenas dentro de contextos sociais específicos e de que, neste sentido, delimitar contextos é a primeira tarefa a ser empreendida na organização da informação, as autoras recorrem às múltiplas perspectivas sob as quais os contextos podem ser analisados, propostas por Armengaud (2006). Decerto, o contexto se constitui no conceito central das teorias pragmáticas. E assim sendo, Kobashi e Fernandes (2008) exploram o conceito de informação pragmática, segundo Dik (1989). Constatam que a informação documentária apresenta traços que permitem assimilá-la, sob certos aspectos, à Informação pragmática. No entanto, chegam à conclusão de que a informação pragmática é um conceito tão polissêmico quanto a informação, e, por conseguinte, de difícil operacionalização.

A leitura documentária foi caracterizada como uma forma de recepção de textos pragmáticos, sendo operação contextualizada que se vincula à esfera das ações de informação. Considerando o distanciamento do receptor em relação ao texto, as autoras propõem estudos sobre as tipologias textuais, propostas pela lingüística do texto, para fundamentar metodologicamente os processos de obtenção de substitutos de documentos.

(

KOBASHI; FERNANDES, 2008)

.

Além do mais, embasadas em constatações, fenômenos, princípios e problemas, oriundos de consistente literatura sobre Pragmática Lingüística e sua interferência nos sistemas de informações, Kobashi e Fernandes (2008) indicam caminhos para a indexação (tradicional e / ou automática). Exemplificando: idéias sobre as tipologias textuais passíveis de integração às regras do Digital Type Documents (DTD) para marcação de textos, por meio de linguagens como XML.

Lima e Cunha (2009), por seu turno, estudam a área jurídica. Considerando que a informação legislativa e jurídica se caracteriza por alto grau de relacionamentos e que, particularmente, normas jurídicas, proposições legislativas, acórdãos e doutrinas se interligam de várias formas, criando extensa rede de informações, propõem o modelo genérico.de relacionamentos MGR para criar sistemas e esquemas de conceitos adotados nos processos de classificação e de indexação de recursos informacionais. Baseado em constructos simples, sua proposição permite estabelecer, de maneira uniforme, relacionamentos entre conceitos e unidades de informação.

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Gráfico 2 – Relação das subdivisões de assuntos por classes gerais
Gráfico  3  –  Instituições  brasileiras  /  pesquisadores  que  mais  contribuíram  com  trabalhos  no  Grupo  de  Trabalho 2 (GT2) – Organização e Representação do conhecimento, 2008 e 2009
Gráfico 4 – Distribuição das datas dos trabalhos citados
Gráfico 5 – Distribuição dos periódicos nacionais mais citados
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Referências

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