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A INFORMÁTICA A E PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

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A I N F O R M Á T I C A A E P R E S T A Ç Ã O JURISDICIONAL

C A R L O S E D U A R D O O L I V E I R A D I A S «

1. INTRODUÇÃO

N o s últimos anos, a Secretaria de Informática d o T R T d a 15 a Região, conseguiu implementar diversos projetos q u e resultaram n a q u a s e c o m ­ pleta a u t o m a ç ã o d o s serviços gerais d a s Secretarias das Juntas e d o Tri­

bunal, tornando muito mais simplificado o trabalho dos servidores e pro­

m o v e n d o u m a sensível melhoria n o atendimento a o público e a o s a d v o g a ­ dos. Mas, o ponto fundamental q u e ainda precisa ser atingido está relacio­

n a d o c o m a correta e eficaz utilizáção d o s recursos dessa ciência n a ativi­

d a d e final d o Tribunal, q u e é a efetiva prestação jurisdicional. T o d o s os esforços até agora empreendidos n ã o serão suficientes s e n ã o a c o m p a ­ n h a d o s d e u m a evolução n o processo d e trabalho (não no sentido jurídico, m a s administrativo) dos magistrados, os principais agentes d e s s a ativida­

de. Por isso, e n t e n d e m o s s e r e m eles o s principais destinatários dos esfor­

ços e me rgentes d o Tribunal, e m especial d a já citada Secretaria e t a m b é m da recém-criada C o m i s s ã o de Informática, q u e conta c o m a participação de dois juízes — q u e t ê m c o m o principal missão a d e servir d e interface ( e m linguagem típica dos infomaníacos) entre o s técnicos e os usuários.

E sabido q u e a maioria dos juízes pou co u s a m d o s recursos tecnoló­

gicos modernos, alguns por desconhecimento, outros por u m certo "temor reverenciai" — traço psicológico típico do ser h u m a n o q u a n d o s e defronta c o m algo novo — , que os mais jovens t e n d e m a n ã o ter, o u tê-lo e m propor­

ç õe s menores, porque d e s d e o início de s u a integração na vida social já conviveram c o m essas idéias d e mecanização d o cotidiano.

M a s essa postura c a d a vez m e n o s se torna justificada, porque a massificação dos litígios — e sua própria repetição — , q u e contribui até para o estrangulamento d o funcionamento d a s Juntas e d o Tribunal, e so- (*)

(*) Juiz d o Trabalho Substituto.

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brecarrega o s juízes, exige u m a melhoria n ã o s ó qualitativa d a atividade jurisdicional c o m o , especialmente, u m acentuado a u m e n t o d a sua produti­

vidade. E o uso correto d a informática é, s e m dúvida, o principal aliado na concretização desses objetivos, pois permite q u e o juiz p ossa desenvolver s e u trabalho e m m e n o s tempo, o q u e a u m e n t a a quantidade d e soluções q u e p o d e propor, resultando e m produtividade mais intensa.

Isso, a l é m d e proporcionar para os jurisdicionados u m a qualificação d o serviço prestado, auxilia o próprio juiz à med id a e m q u e o possibilita maior t e m p o disponível para o lazer o u m e s m o para o aprimoramento a c a ­ d ê m i c o o u profissional, o q u e t e m se tornado c a d a vez mais raro na vida d o s magistrados.

Partindo dessa análise, e considerando alguns projetos futuros alinha­

d o s pela Secretaria d e Informática, situamos certos problemas e formulamos proposições q u e e n t en de mo s de absoluta relevância para o fim ora buscado.

2. O S P R O B L E M A S (ALGUNS) D O S JUÍZES D E PRIMEIRO G R A U

A l é m d a resistência já manifestada, m e s m o os juízes que utilizam a in­

formática, e m regra, n ã o o faz em adequadamente. Muitos ainda t ê m a prá­

tica d e usar o microcomputador c o m o s e fosse u m a simples m á q u i n a de escrever, sub-utilizando por completo o equipamento q u e p o s su em . H á ca ­ sos de juízes q u e elaboram todo seu trabalho d e forma manuscrita o u m e s ­ m o datilografam e transferem para auxiliares o u secretários q u e c u i d a m d e digitá-los, e m u m processo q u e c ad a vez m e n o s v e m s e n d o adotado.

U m a d a s grandes vantagens d a crescente facilidade n a operação dos microcomputadores ó justamente a viabilização de q u e o próprio usuário final seja s e u operador. Daí por q u e a evolução para o ambiente Windows foi considerada u m avanço inominável, devido a o fato d e ser totalmente

“amigável”, o u seja, permitir q u e m e s m o u m leigo p ossa operar-lhe d e for­

m a conveniente. Realizando seu trabalho diretamente n a máquina, o juiz t e m a possibilidade de usar os recursos tecnológicos a va n ç a d o s q u e os processadores d e texto oferecem, o q u e n ã o ocorre, necessariamente, c o m os assistentes o u secretários. É claro q u e certos serviços — c o m o d e s p a ­ c ho s d e m e r o expediente, por exemplo, o u m e s m o decisões interlocutórias q u e s e j a m c o m u n s — n ã o precisam ser feitos pelo juiz, m e s m o c o m o uso d o c o m pu ta do r (o que, a rigor, hoje já n ã o ó feito s e n ã o pelo assistente o u pelo diretor d e secretaria). Mas, isso se torna indispensável q u a n d o fala­

m o s d e decisões d a natureza de sentença, cuja elaboração t e m d e ter o toque pessoal do magistrado.

N o c as o d e Juízes substitutos, e m especial, e m regra n ã o utilizam re­

cursos d e hardware ou saftware d a Junta, pelo p ouco t e m p o q u e c o s t u m a m passar e m c a d a localidade, tendo c o m o regra o trabalho e m sua própria casa, c o m recursos próprios. Por isso, alguns t ê m equipamentos inadequados e m e s m o u s a m processadores d e texto já superados, q u e n ã o permitem qual­

quer tipo d e aprimoramento técnico ou estético e m s e u trabalho.

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À m a r g e m disso, a falta d e pad ro ni za çã o d o s e q u i p a m e n t o s e processadores d e texto utilizados muitas vezes n ã o permite u m a integração absoluta entre o s juízes, d e m o d o q u e uns p u d e s s e m municiar outros c o m questões já resolvidas, fator importante e m u m a região extensa c o m o a nossa. O resultado disso é q u e o u se limitam à troca verbal d e informação

— o q u e muitas vezes prejudica s u a linearidade e integridade — o u à troca d e material impresso, levando aquele que o recebeu a fazer u m trabalho já realizado, o u seja, o d a digitação integral o u parcial d o texto.

A e sses problemas adiciona-se a dificuldade d e obtenção d e textos legais o u ementários de jurisprudência a d e q u a d o s e atualizados porque c a d a vez m ai s se torna difícil (por ser d e custo alto) a m a n u t e n ç ã o d e assi­

naturas de revistas especializadas pelos juízes, e fora d o s grandes c e n ­ tros, c o m o Campinas, Jundiaí, Ribeirão Preto, etc., e m regra n ã o se e n c o n ­ tram bibliotecas suficientes o u atualizadas a respeito. Isso prejudica o tra­

balho d o juiz e c o m p r o m e t e principalmente a qualidade d a sua tarefa.

3. S U G E STÕES 3.1 — Conscientização

Pela própria condição dos magistrados, n ã o se p o d e cogitar qualquer Imposição d e m é t o d o de trabalho a c ad a qual deles, m e s m o porque s ua s realidades pessoais e profissionais s ã o distintas. Mas, se torna imprescin­

dível u m trabalho d e conscientização sobre as vantagens q u e u m processo racional de desenvolvimento d o seu trabalho p o d e acarretar: c o m o dito, obtenção de maior produtividade, diminuição do tempo de realização de cada serviço, melhoria da qualidade da prestação jurisdicional, caracteri­

zação de maior tempo livre para estudos ou lazer dentre outros.

Por isso, t e m o s c o m o importante transmitir aos juízes tudo o que p o d e ser conquistado c o m o uso correto dos recursos tecnológicos, n ã o nec es ­ sariamente ministrando-se-lhes cursos — ainda q u e isso p ossa ser ofere­

cido c o m o alternativa àqueles q u e queiram s e aprofundar n o tema. O q u e sugerimos é q u e seja-lhes oferecida a possibilidade d e se integrar ao siste­

m a , e m seu próprio benefício e no d a instituição, demonstrando a viabilidade d o uso racional e produtivo d a máquina. E, n a m e d i d a e m q u e se tenha a a d e s ã o de grande parte dos magistrados, aqueles destoantes naturalmen­

te t e n d e m a migrar para essa perspectiva, s e m o q u e ver-se-ão e m u m a situação particuiarmente desconfortável. Mas, isso será u m ô nu s de c ad a u m , porque o Tribunal já terá feito a sua parte.

Para colocarmos isso e m prática, v e m o s d e fundamental importância a realização d e reuniões regionais periódicas c o m juízes — nos moldes das reu­

niões informais da Presidência e da Corregedoria para, dentre outras coisas, demonstração prática de c o m o se poderia usar melhor a informática e m cada Junta, feitas por técnicos e m conjunto,com juízes c o m mais prática nesses pro­

cedimentos. E isso envolveria, é claro, u m convite, para os juízes interessados, para q u e fizessem cursos específicos, a serem ministrados pela equipe de trei­

n am en to d a Secretaria de Informática, consoante já fora mencionado.

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E s s e m e s m o trabalho, a o n osso ver, deve ser feito, c o m outro m é t o ­ do, c o m o s n ovos juízes, pois isso fará c o m q u e n ã o adquiram hábitos des- toantes das nossas perspectivas. Por isso, a sugestão ó de q u e tudo o quanto sugerido nes se sentido seja praticado logo a p ó s a pos se desses jufzes, e m especial juntamente c o m a Escola d a Magistratura.

3.2 — Padronização de Processadores de Texto

Pelos planos já anunciados pela Secretaria de Informática, o c am in ho natural d a b as e d e d a d o s d o Tribunal é a migração total para o ambiente gráfico. C o m isso, e contando c o m a viabilização de contrato d e fornecimen­

to d e soílware pela Microsoft, seria possível q u e fosse padronizado o u s o de u m processador d e textos q u e os especialistas consideram o mais completo deles: o Word for Windows. A l g u m a s das ferramentas desse processador permitem u m a produção mais rápida e eficaz d e textos, especialmente repetitivos, autorizando, ainda, q u e se possa importar diretamente d e b a n ­ cos d e d a d o s textos legais ou jurisprudenciais c o m o citação nas decisões.

T u d o isso serviria c o m o u m grande estímulo aos juízes de primeiro grau para q u e aderissem a o ambiente gráfico. Afinal, s e concretizar a in­

tenção d e q u e todo o sistema informatizado d e primeiro e s e g u n d o graus seja feito e m ambiente Windows, c o m a possibilidade d e compartilhamento d e d a d o s d o s diversos aplicativos utilizados — nos m ol de s d o q u e ocorre c o m o sistema hoje utilizado, m a s ainda e m outro tipo d e linguagem — o juiz se verá “obrigado” a integrar-se à nova realidade d a Junta. Tal fato é de fácil constatação, porque o u s o indiscriminado d e processadores c o m o Wordstar para D O S , ainda hoje praticado, deriva diretamente d o fato de q u e ele permite, c o m o sistema d a Junta, a importação"1, d o s d a d o s direta­

m e n t e d a base. O m e s m o f e n ô m e n o p o d e ocorrer c o m a m u d a n ç a d o a m ­ biente, q u e seria u m fator relevante nesse processo.

Todavia, c o m o isso d e p e n d e ainda da viabilização técnica do próprio sistema, a o m e n o s o uso padronizado do processador p od e ser estimulado por outras vias, como, por exemplo, nas reuniões já citadas no item anterior, que p o d e m contar c o m demonstrações práticas d e seu uso. A importância d e s s a padronização d e ferramentas, a lé m dos recursos oferecidos, está n o fato de q u e isso permitiria maior facilidade n a troca d e informações entre os magistrados, e possibilitaria maior acesso a bancos de d ados externos, pois o u s o da Internet, por exemplo, q u e abordaremos mais adiante, exige q u e se esteja u s a n d o ambiente gráfico no texto. Isso s e m contar q u e diversos ins­

trumentais hoje disponíveis n o m e r c a d o já se e nc on tr am e m ambiente Windows, e a importação d e informações neles contidas d e p e n d e dessa condição. À guisa d e citação, a Saraiva Data já lançou, além d o Código P e ­ nal Comentado, t a m b é m o C P C d e Theotonio Negrão e a C L T de Valentin

>" E m senlido técnico, “importar" slgnitica transferir d ados d e u m a ferramenta para outra, s e m necessidade d e reprodução. Por exemplo, digitando o n ú m e r o d o processo e m u m a sentença feita n o Word o s c a m p o s c o m o s n o m e s das partes n a m e s m a p o d e m ser automaticamente preenchi­

d os se esses d a d o s estiverem e m u m a base Integrada c o m o processador.

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Carrion e m C D , c o m textos integrais dessas obras, inclusive citações e c o ­ mentários, q u e p o d e m ser pesquisados e transferidos diretamente para o

Word, s e m necessidade de transcrição por digitação.

Por isso, e m n o s s o entendimento, é imprescindível q u e haja u m a padronização n o u s o do processador de texto pelos juízes, e q u e esse p ad rã o seja fixado sobre o Word for Windows que, inclusive, já está insta­

lado e m todas as Juntas, s e g u n d o informou a Secretaria d e Informática.

3.3 — Equipamento dos Juízes Substitutos

A o q u e se sabe, todas as Juntas c o n t a m c o m equipamentos e m q u e s e possibilitam o trabalho e m ambiente gráfico, ainda q u e isso não tenha se estendido a todos os micros existentes e m c ad a u m a delas. Mas, c o m cer­

teza, isso acabará s endo feito, nos limites d o orçamento possível, até m e s ­ m o para viabilizar o s novos recursos d e rede a s e r e m implantados.

Porém, c o m os juízes substitutos o problema é mai s acentuado já que, c o m o dito, e m regra, eles não utilizam equipamentos d a Junta. Isso ocorre por diversos fatores: pela curta permanência d o s m e s m o s e m c ad a Junta; pelo fato d o equipamento e do assistente estarem s e n d o utilizados pelo Juiz Titular d a Junta q u a n d o este substitui no Tribunal; p or qu e o processador d e textos ali u s a d o n ã o é compatível c o m o seu (de novo o problema d a padronização!); porque a maioria dispõe d e notebooks, já q u e se trata d e equipamentos próprios para q u e m viaja c o m frequência; e ainda porque s eu s arquivos, c o m t e m a s já decididos, encontram-se e m s eu s pró­

prios micros, e s e tornaria inviável transportá-los para outros.

N e s s e sentido, e c o m o pressuposto da padronização d o processador d e textos, os substitutos t ê m d e possuir equipamento compatível, q u e c o n ­ tenha disco rígido, processadores e capacidade de m e m ó r i a suficientes para comportar os softwaresnecessários. S a b e m o s q u e h á juízes q u e u s a m ainda micros 2 8 6 que, é claro, jamais admitirão o desenvolvimento q u e pre­

t e n d e m o s estabelecer.

Por isso, para tais juízes, t a m b é m é importante a conscientização de q u e s om en te c o m equipamentos mais potentes poderão integrar-se à nova realidade q u e s e pretende implantar. Aqueles cujos equipamentos estão defa­

sad os d e v e m procurar se orientar, até c o m a própria Secretaria d e Informática, para identificar q u e modelos o u configurações seriam mais adequadas aos seus planos, e providenciar a troca dos m e s m o s o mais breve possível. N ã o é inoportuno lembrar que, quanto mais t empo se leva para a m u d a n ç a desse tipo d e equipamento, maior é a desvalorização sofrida pela máquina, devido à velocidade c o m que u m a s s up er am outras. Seria importante, t a m b é m , que a A M A T R A participasse desse processo, auxiliando os juízes na pesquisa d e mercado, ou m e s m o tentando obter convênios ou m e c a n i s m o s d e descontos para aqueles q u e queiram atualizar-se e m seu hardware. Mas, independente­

men te d e tudo isso, é fundamental se saber que, e m se tratando d e informá­

tica, n e n h u m produto é definitivo, e por isso se deve mensurar o investi­

mento, preocupando-se, d e s d e logo, c o m s u a virtual substituição futura.

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3.4 — Acesso à Internet

O uso d a Internet, já consagrado e m todo o m u n d o c o m o u m a das revoluções modernas, v e m se disseminando t a m b é m n o m u n d o jurídico, d e m o d o q u e diversos tribunais, inclusive o nosso, já p o s s u e m s ua s home- page. A l é m disso, diversos órgãos d a administração federal direta estão igualmente ligados à rede. o q u e garante acesso fácil e rápido a várias informações imprescindíveis para o s juízes. Textos legais, projetos de lei, por exemplo, estão disponíveis nos sites d o S e n a d o Federal e de vários Ministérios.

O s Tribunais (STF, TST, T R T s d a 4*. d a 10* e d a 15* Regiões) t ê m coletâneas d e decisões, s e n d o q u e o S u p r e m o possui vasto cadastro d e A ç õ e s Diretas d e Inconstitucionalidade e pretende, s e g u n d o se noticiou, inserir n a rede todas a s decisões proferidas durante sua existência.

E s s e m e c a n i s m o tende a ser fundamental para o trabalho d o juiz, q u e poderá pesquisar e aperfeiçoar-se s e m sair d e casa ou d a Junta, m a n ­ tendo-se informado e atualizado. Para isso, outras duas questões são de relevância para implementação: a disponibilização d e provedores d e a ce s ­ so para c a d a Junta o u juiz e a sua inserção n o contexto d a Internet, q u e para muitos é ainda u m grande mistério.

O primeiro problema, idealmente, seria resolvido se o Tribunal p u d e s ­ se ter u m provedor próprio, disponibilizando o acesso à rede a todos os juízes e Juntas d e m o d o franqueado (dentro d e certos limites d e tempo).

C o m o s a b e m o s ser isso d e difícil incidência, pela parca disponibilidade orçamentária, sugerimos u m a alternativa. A A M A T R A poderia tentar esta­

belecer convênios c o m os provedores d e todo o Estado (15* Região) para proporcionar a o s juízes esse acesso a u m custo reduzido, e eles próprios, por si, o u através d e recursos obtidos n a c o m un id ad e e m q u e estão inseri­

dos (classistas, O A B ) tratariam d e firmar tais contratos. N ã o se trata d e u m ô nu s muito grande, s e considerados os benefícios potenciais q u e existem, mas, ó u m a alternativa q u e r e c on he ce mo s ser d e difícil aceitação, e que d e p e n d e d a conscientização q u e formos capazes.

A o lado disso, e justamente para estimular os juízes a ingressarem n a rede, sugerimos que, nas reuniões manifestadas anteriormente, ou e m outra oportunidade mais específica, sejam feitas demonstrações práticas d o q u e é exatamente a Internet, c o m o funciona, seu u s o e a necessidade/

utilidade para os juízes.

3.5 — Banco de Dados de Doutrina e Jurisprudência

A Secretaria d e Informática nutre a expectativa de implantação de B a n c o d e D a d o s c o m os acórdãos e me n t a d o s d o Tribunal u s a n d o o software FOLIO, e considerando a integração natural q u e essa ferramenta possibili­

ta c o m o Word for Windows, minimizam-se os problemas d e atualização jurisprudencial dos juízes. T a m b é m é possível a inserção de decisões de outros Tribunais — mediante u m processo d e seleção, feito por setor e sp e ­ cífico do Tribunal, nos moldes do q u e s e faz no Boletim Informativo — e

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m e s m o d e alguns textos doutrinários d e maior relevância e interesse. E, n a m e d i d a do possível, criação de m e c a n i s m o s q u e permitam a o juiz criar u m a b a s e d e d a d o s “personalizada" e m sua Junta o u seu micro, arquivan­

d o e m locais próprios e m e n t a s de seu interesse, o u compatíveis c o m seu entendimento, permitindo-se, inclusive, a própria inserção por ele m e s m o d e decisões q u e achar conveniente.

3.6 — Banco de Sentenças e Despachos

A partir d a padronização d o processador de textos, e c o m o uso geral d a Internet pelos juízes, pode-se íormar u m “b anco de sentenças" n a rede, a s e r e m enviadas pelos seus prolatores e indexadas s e g u n d o critérios ain­

d a a s e r e m definidos. Isso permitirá aos juízes u m a pesquisa sobre q u e s ­ tões similares já decididas por seus colegas, facilitando a resolução de problemas q u e estejam concretamente à espera d e u m a solução de sua parte.

Especificamente e m c ad a Junta, o s tradicionais carimbos p o d e m ser substituídos por decisões padronizadas, a s e r e m aplicadas para c a d a caso concreto pelo próprio Diretor d e Secretaria o u assistente, c o m a vanta­

g e m de que, s e m qualquer custo, o juiz poderá alterar s u a forma ou m e s ­ m o s u a essência. O próprio m a n u a l de procedimentos d a Secretaria p o d e contemplar u m rol de m o d e l o s d e d e s p a c h o s c o m u m a d a d a codificação, esta t a m b é m padronizada, para facilitar o trabalho d o s juízes e funcioná­

rios q u e p a s s a m d e u m a Junta para outra. O conteúdo, c o m o dito, p od e variar, m a s o importante é q u e o t e m a definido n o d e s p a c h o seja unifor­

m e , para c ad a código. Para isso, importante é a padronização do proces­

s ador d e textos e a uniformização d o ambiente gráfico n o sistema d e pri­

meiro grau.

3.7 — Uniformização d o P r o c e s s o d e Trabalho

C a d a magistrado, a o elaborar s u a s sentenças, possui u m m é t o d o próprio, q u e s e g u e os critérios m ai s variados possíveis. E n ã o seria legí­

timo tentarmos impor u m m é t o d o único para todos, algo absolutamente impensável e impraticável d a d a a diversidade d e condições pessoais e materiais d e c a d a u m , a lé m d a própria diferenciação q u e existe d e Junta para Junta.

M a s e m toda corporação moderna, a discussão sobre a uniformiza­

ç ã o d o processo d e trabalho é ponto fundamental n o estabelecimento d e p ro gr am as d e qualidade total. E por q u e n ã o se p o d e fazer isso n o Judiciá­

rio? C o m o dito, n ã o se p o d e pensar e m estabelecer u m “m an ua l d o juiz", q u e diga c o m o ele t e m d e agir e m determinadas situações. N o entanto, p od er ia m ser realizados foros d e discussão procedimental, angariando opiniões d e diversos juízes q u e p o s s a m transmitir a outros s e u m o d o d e agir a fim d e haver a troca d e experiências, c o m a primoramento pessoal d e c a d a m é t o d o d e trabalho. C o m esse intercâmbio d e informações todos s a e m g a n h a n d o pois, c o m certeza, h á juízes q u e a g e m diferentemente e m situações similares, m a s u m deles p o d e ter u m a conduta mais apropriada

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o u a d e q u a d a ao caso, e pod e transmitir isso aos demais. Insistimos, p o ­ rém, q u e para isso, é fundamental q u e a ferramenta de trabalho informatizada seja única, pois só assim essa integração seria possível.

Assim, e m u m estágio posterior, já adotados os passos fundamentais d es sa s sugestões, poderíamos programar novas reuniões de discussão específica quanto aos procedimentos q u e estão s endo adotados, d e m o d o q u e as situações especiais de c ad a u m p o s s a m ser compartilhadas e, se for o caso, uniformemente aprimoradas.

3.8 — Fóruns de Debates

Assimilando-se o uso d a Internet pelos juízes, e m u m m o m e n t o p o s ­ terior p o d e m ser criados outros meios d e troca d e informações. Isso se faria através d e chats o u bate-papos on-line, e m que, e m determinados dias e horas predefinidas, estariam ace ss an do a rede os interessados e m discutir certos assuntos entre si. T a m b é m permitiria q u e u m juiz, tendo u m problema cuja solução lhe parece difícil, por ser inusitada, lançar u m a in­

d a g a ç ã o a seu respeito n a rede, e os seus colegas q u e tivessem s u g e s ­ tões o u idéias, o u m e s m o já tivessem solucionado matéria similar poderi­

a m responder-lhe.

D o m e s m o m odo, p o d e m ser criados fóruns d e debates sobre certos assuntos, convidando-se, por exemplo, a lg um a personalidade d o m u n d o jurídico para disponibilizar-se, e m certo dia e horário, na rede, para indaga­

ç õe s por parte dos juízes.

Trabalho d e s s a natureza já s e encontra e m pleno a n d a m e n t o pelo Universo On Une, provedor d e a c e s s o d a Folha d e S ã o Paulo (http://www.uol.com.br) q u e p r o m o v e fóruns d e d e b a t e diariamente s o b r e assuntos diversos, e possui diversos chats, c a d a qual c o m seus t e m a s definidos. 4

4. C O N C L U S Ã O

D e s s a s breves considerações q u e formulamos, concluímos, sinteti­

camente, q u e é imprescindível q u e a informática auxilie, primordialmente, a realização d a atividade-fim do Tribunal, q u e é a prestação jurisdicional.

Para isso, n o entanto, a maior responsabilidade é dos juízes, agentes des­

sa prestação, e q u e precisam se abrir para a informatização racional das s ua s atividades. A s iniciativas d o Tribunal — uniformização dos processa­

dores d e textos, realização de reuniões, disponibilização d e informações d e b a s e s d e d a d o s — n ã o serão suficientes n e m eficazes se os juízes n ã o se conscientizarem d e q u e no m u n d o m o d e r n o n ã o há e sp aç o para q u e m ignora a tecnologia. Por isso, é fundamental q u e os magistrados eliminem eventuais resistências ao q u e lhes for proposto, conscientizando-se d a i m ­ portância q u e isso revela.

Por evidente, teremos presente a necessidade de u m a dedicação especial d e c a d a u m para s e conformar à nova realidade q u e se apresenta,

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o q u e poderia ser interpretado, d e início, c o m o s e n d o "perda d e t e m p o ”.

Mas. n ã o se p o d e esquecer q u e tudo o q u e fizermos nesse sentido reverte­

rá e m u m benefício inominável, q u e é a já m e n c i o n a d a maior produtivida­

de, cuja tradução mais singela n o s leva à idéia d e q u e significa produzir mais, c o m qualidade, e m m e n o s tempo. C o m certeza, é esse o desejo de todos o s juízes, e a s idéias q u e formulamos s e prestam, apenas, a contri­

buir c o m essa conscientização.

C ampinas, n o v e m b r o d e 1996.

Referências

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