A I N F O R M Á T I C A A E P R E S T A Ç Ã O JURISDICIONAL
C A R L O S E D U A R D O O L I V E I R A D I A S «
1. INTRODUÇÃO
N o s últimos anos, a Secretaria de Informática d o T R T d a 15 a Região, conseguiu implementar diversos projetos q u e resultaram n a q u a s e c o m pleta a u t o m a ç ã o d o s serviços gerais d a s Secretarias das Juntas e d o Tri
bunal, tornando muito mais simplificado o trabalho dos servidores e pro
m o v e n d o u m a sensível melhoria n o atendimento a o público e a o s a d v o g a dos. Mas, o ponto fundamental q u e ainda precisa ser atingido está relacio
n a d o c o m a correta e eficaz utilizáção d o s recursos dessa ciência n a ativi
d a d e final d o Tribunal, q u e é a efetiva prestação jurisdicional. T o d o s os esforços até agora empreendidos n ã o serão suficientes s e n ã o a c o m p a n h a d o s d e u m a evolução n o processo d e trabalho (não no sentido jurídico, m a s administrativo) dos magistrados, os principais agentes d e s s a ativida
de. Por isso, e n t e n d e m o s s e r e m eles o s principais destinatários dos esfor
ços e me rgentes d o Tribunal, e m especial d a já citada Secretaria e t a m b é m da recém-criada C o m i s s ã o de Informática, q u e conta c o m a participação de dois juízes — q u e t ê m c o m o principal missão a d e servir d e interface ( e m linguagem típica dos infomaníacos) entre o s técnicos e os usuários.
E sabido q u e a maioria dos juízes pou co u s a m d o s recursos tecnoló
gicos modernos, alguns por desconhecimento, outros por u m certo "temor reverenciai" — traço psicológico típico do ser h u m a n o q u a n d o s e defronta c o m algo novo — , que os mais jovens t e n d e m a n ã o ter, o u tê-lo e m propor
ç õe s menores, porque d e s d e o início de s u a integração na vida social já conviveram c o m essas idéias d e mecanização d o cotidiano.
M a s essa postura c a d a vez m e n o s se torna justificada, porque a massificação dos litígios — e sua própria repetição — , q u e contribui até para o estrangulamento d o funcionamento d a s Juntas e d o Tribunal, e so- (*)
(*) Juiz d o Trabalho Substituto.
brecarrega o s juízes, exige u m a melhoria n ã o s ó qualitativa d a atividade jurisdicional c o m o , especialmente, u m acentuado a u m e n t o d a sua produti
vidade. E o uso correto d a informática é, s e m dúvida, o principal aliado na concretização desses objetivos, pois permite q u e o juiz p ossa desenvolver s e u trabalho e m m e n o s tempo, o q u e a u m e n t a a quantidade d e soluções q u e p o d e propor, resultando e m produtividade mais intensa.
Isso, a l é m d e proporcionar para os jurisdicionados u m a qualificação d o serviço prestado, auxilia o próprio juiz à med id a e m q u e o possibilita maior t e m p o disponível para o lazer o u m e s m o para o aprimoramento a c a d ê m i c o o u profissional, o q u e t e m se tornado c a d a vez mais raro na vida d o s magistrados.
Partindo dessa análise, e considerando alguns projetos futuros alinha
d o s pela Secretaria d e Informática, situamos certos problemas e formulamos proposições q u e e n t en de mo s de absoluta relevância para o fim ora buscado.
2. O S P R O B L E M A S (ALGUNS) D O S JUÍZES D E PRIMEIRO G R A U
A l é m d a resistência já manifestada, m e s m o os juízes que utilizam a in
formática, e m regra, n ã o o faz em adequadamente. Muitos ainda t ê m a prá
tica d e usar o microcomputador c o m o s e fosse u m a simples m á q u i n a de escrever, sub-utilizando por completo o equipamento q u e p o s su em . H á ca sos de juízes q u e elaboram todo seu trabalho d e forma manuscrita o u m e s m o datilografam e transferem para auxiliares o u secretários q u e c u i d a m d e digitá-los, e m u m processo q u e c ad a vez m e n o s v e m s e n d o adotado.
U m a d a s grandes vantagens d a crescente facilidade n a operação dos microcomputadores ó justamente a viabilização de q u e o próprio usuário final seja s e u operador. Daí por q u e a evolução para o ambiente Windows foi considerada u m avanço inominável, devido a o fato d e ser totalmente
“amigável”, o u seja, permitir q u e m e s m o u m leigo p ossa operar-lhe d e for
m a conveniente. Realizando seu trabalho diretamente n a máquina, o juiz t e m a possibilidade de usar os recursos tecnológicos a va n ç a d o s q u e os processadores d e texto oferecem, o q u e n ã o ocorre, necessariamente, c o m os assistentes o u secretários. É claro q u e certos serviços — c o m o d e s p a c ho s d e m e r o expediente, por exemplo, o u m e s m o decisões interlocutórias q u e s e j a m c o m u n s — n ã o precisam ser feitos pelo juiz, m e s m o c o m o uso d o c o m pu ta do r (o que, a rigor, hoje já n ã o ó feito s e n ã o pelo assistente o u pelo diretor d e secretaria). Mas, isso se torna indispensável q u a n d o fala
m o s d e decisões d a natureza de sentença, cuja elaboração t e m d e ter o toque pessoal do magistrado.
N o c as o d e Juízes substitutos, e m especial, e m regra n ã o utilizam re
cursos d e hardware ou saftware d a Junta, pelo p ouco t e m p o q u e c o s t u m a m passar e m c a d a localidade, tendo c o m o regra o trabalho e m sua própria casa, c o m recursos próprios. Por isso, alguns t ê m equipamentos inadequados e m e s m o u s a m processadores d e texto já superados, q u e n ã o permitem qual
quer tipo d e aprimoramento técnico ou estético e m s e u trabalho.
À m a r g e m disso, a falta d e pad ro ni za çã o d o s e q u i p a m e n t o s e processadores d e texto utilizados muitas vezes n ã o permite u m a integração absoluta entre o s juízes, d e m o d o q u e uns p u d e s s e m municiar outros c o m questões já resolvidas, fator importante e m u m a região extensa c o m o a nossa. O resultado disso é q u e o u se limitam à troca verbal d e informação
— o q u e muitas vezes prejudica s u a linearidade e integridade — o u à troca d e material impresso, levando aquele que o recebeu a fazer u m trabalho já realizado, o u seja, o d a digitação integral o u parcial d o texto.
A e sses problemas adiciona-se a dificuldade d e obtenção d e textos legais o u ementários de jurisprudência a d e q u a d o s e atualizados porque c a d a vez m ai s se torna difícil (por ser d e custo alto) a m a n u t e n ç ã o d e assi
naturas de revistas especializadas pelos juízes, e fora d o s grandes c e n tros, c o m o Campinas, Jundiaí, Ribeirão Preto, etc., e m regra n ã o se e n c o n tram bibliotecas suficientes o u atualizadas a respeito. Isso prejudica o tra
balho d o juiz e c o m p r o m e t e principalmente a qualidade d a sua tarefa.
3. S U G E STÕES 3.1 — Conscientização
Pela própria condição dos magistrados, n ã o se p o d e cogitar qualquer Imposição d e m é t o d o de trabalho a c ad a qual deles, m e s m o porque s ua s realidades pessoais e profissionais s ã o distintas. Mas, se torna imprescin
dível u m trabalho d e conscientização sobre as vantagens q u e u m processo racional de desenvolvimento d o seu trabalho p o d e acarretar: c o m o dito, obtenção de maior produtividade, diminuição do tempo de realização de cada serviço, melhoria da qualidade da prestação jurisdicional, caracteri
zação de maior tempo livre para estudos ou lazer dentre outros.
Por isso, t e m o s c o m o importante transmitir aos juízes tudo o que p o d e ser conquistado c o m o uso correto dos recursos tecnológicos, n ã o nec es sariamente ministrando-se-lhes cursos — ainda q u e isso p ossa ser ofere
cido c o m o alternativa àqueles q u e queiram s e aprofundar n o tema. O q u e sugerimos é q u e seja-lhes oferecida a possibilidade d e se integrar ao siste
m a , e m seu próprio benefício e no d a instituição, demonstrando a viabilidade d o uso racional e produtivo d a máquina. E, n a m e d i d a e m q u e se tenha a a d e s ã o de grande parte dos magistrados, aqueles destoantes naturalmen
te t e n d e m a migrar para essa perspectiva, s e m o q u e ver-se-ão e m u m a situação particuiarmente desconfortável. Mas, isso será u m ô nu s de c ad a u m , porque o Tribunal já terá feito a sua parte.
Para colocarmos isso e m prática, v e m o s d e fundamental importância a realização d e reuniões regionais periódicas c o m juízes — nos moldes das reu
niões informais da Presidência e da Corregedoria para, dentre outras coisas, demonstração prática de c o m o se poderia usar melhor a informática e m cada Junta, feitas por técnicos e m conjunto,com juízes c o m mais prática nesses pro
cedimentos. E isso envolveria, é claro, u m convite, para os juízes interessados, para q u e fizessem cursos específicos, a serem ministrados pela equipe de trei
n am en to d a Secretaria de Informática, consoante já fora mencionado.
E s s e m e s m o trabalho, a o n osso ver, deve ser feito, c o m outro m é t o do, c o m o s n ovos juízes, pois isso fará c o m q u e n ã o adquiram hábitos des- toantes das nossas perspectivas. Por isso, a sugestão ó de q u e tudo o quanto sugerido nes se sentido seja praticado logo a p ó s a pos se desses jufzes, e m especial juntamente c o m a Escola d a Magistratura.
3.2 — Padronização de Processadores de Texto
Pelos planos já anunciados pela Secretaria de Informática, o c am in ho natural d a b as e d e d a d o s d o Tribunal é a migração total para o ambiente gráfico. C o m isso, e contando c o m a viabilização de contrato d e fornecimen
to d e soílware pela Microsoft, seria possível q u e fosse padronizado o u s o de u m processador d e textos q u e os especialistas consideram o mais completo deles: o Word for Windows. A l g u m a s das ferramentas desse processador permitem u m a produção mais rápida e eficaz d e textos, especialmente repetitivos, autorizando, ainda, q u e se possa importar diretamente d e b a n cos d e d a d o s textos legais ou jurisprudenciais c o m o citação nas decisões.
T u d o isso serviria c o m o u m grande estímulo aos juízes de primeiro grau para q u e aderissem a o ambiente gráfico. Afinal, s e concretizar a in
tenção d e q u e todo o sistema informatizado d e primeiro e s e g u n d o graus seja feito e m ambiente Windows, c o m a possibilidade d e compartilhamento d e d a d o s d o s diversos aplicativos utilizados — nos m ol de s d o q u e ocorre c o m o sistema hoje utilizado, m a s ainda e m outro tipo d e linguagem — o juiz se verá “obrigado” a integrar-se à nova realidade d a Junta. Tal fato é de fácil constatação, porque o u s o indiscriminado d e processadores c o m o Wordstar para D O S , ainda hoje praticado, deriva diretamente d o fato de q u e ele permite, c o m o sistema d a Junta, a importação"1, d o s d a d o s direta
m e n t e d a base. O m e s m o f e n ô m e n o p o d e ocorrer c o m a m u d a n ç a d o a m biente, q u e seria u m fator relevante nesse processo.
Todavia, c o m o isso d e p e n d e ainda da viabilização técnica do próprio sistema, a o m e n o s o uso padronizado do processador p od e ser estimulado por outras vias, como, por exemplo, nas reuniões já citadas no item anterior, que p o d e m contar c o m demonstrações práticas d e seu uso. A importância d e s s a padronização d e ferramentas, a lé m dos recursos oferecidos, está n o fato de q u e isso permitiria maior facilidade n a troca d e informações entre os magistrados, e possibilitaria maior acesso a bancos de d ados externos, pois o u s o da Internet, por exemplo, q u e abordaremos mais adiante, exige q u e se esteja u s a n d o ambiente gráfico no texto. Isso s e m contar q u e diversos ins
trumentais hoje disponíveis n o m e r c a d o já se e nc on tr am e m ambiente Windows, e a importação d e informações neles contidas d e p e n d e dessa condição. À guisa d e citação, a Saraiva Data já lançou, além d o Código P e nal Comentado, t a m b é m o C P C d e Theotonio Negrão e a C L T de Valentin
>" E m senlido técnico, “importar" slgnitica transferir d ados d e u m a ferramenta para outra, s e m necessidade d e reprodução. Por exemplo, digitando o n ú m e r o d o processo e m u m a sentença feita n o Word o s c a m p o s c o m o s n o m e s das partes n a m e s m a p o d e m ser automaticamente preenchi
d os se esses d a d o s estiverem e m u m a base Integrada c o m o processador.
Carrion e m C D , c o m textos integrais dessas obras, inclusive citações e c o mentários, q u e p o d e m ser pesquisados e transferidos diretamente para o
Word, s e m necessidade de transcrição por digitação.
Por isso, e m n o s s o entendimento, é imprescindível q u e haja u m a padronização n o u s o do processador de texto pelos juízes, e q u e esse p ad rã o seja fixado sobre o Word for Windows que, inclusive, já está insta
lado e m todas as Juntas, s e g u n d o informou a Secretaria d e Informática.
3.3 — Equipamento dos Juízes Substitutos
A o q u e se sabe, todas as Juntas c o n t a m c o m equipamentos e m q u e s e possibilitam o trabalho e m ambiente gráfico, ainda q u e isso não tenha se estendido a todos os micros existentes e m c ad a u m a delas. Mas, c o m cer
teza, isso acabará s endo feito, nos limites d o orçamento possível, até m e s m o para viabilizar o s novos recursos d e rede a s e r e m implantados.
Porém, c o m os juízes substitutos o problema é mai s acentuado já que, c o m o dito, e m regra, eles não utilizam equipamentos d a Junta. Isso ocorre por diversos fatores: pela curta permanência d o s m e s m o s e m c ad a Junta; pelo fato d o equipamento e do assistente estarem s e n d o utilizados pelo Juiz Titular d a Junta q u a n d o este substitui no Tribunal; p or qu e o processador d e textos ali u s a d o n ã o é compatível c o m o seu (de novo o problema d a padronização!); porque a maioria dispõe d e notebooks, já q u e se trata d e equipamentos próprios para q u e m viaja c o m frequência; e ainda porque s eu s arquivos, c o m t e m a s já decididos, encontram-se e m s eu s pró
prios micros, e s e tornaria inviável transportá-los para outros.
N e s s e sentido, e c o m o pressuposto da padronização d o processador d e textos, os substitutos t ê m d e possuir equipamento compatível, q u e c o n tenha disco rígido, processadores e capacidade de m e m ó r i a suficientes para comportar os softwaresnecessários. S a b e m o s q u e h á juízes q u e u s a m ainda micros 2 8 6 que, é claro, jamais admitirão o desenvolvimento q u e pre
t e n d e m o s estabelecer.
Por isso, para tais juízes, t a m b é m é importante a conscientização de q u e s om en te c o m equipamentos mais potentes poderão integrar-se à nova realidade q u e s e pretende implantar. Aqueles cujos equipamentos estão defa
sad os d e v e m procurar se orientar, até c o m a própria Secretaria d e Informática, para identificar q u e modelos o u configurações seriam mais adequadas aos seus planos, e providenciar a troca dos m e s m o s o mais breve possível. N ã o é inoportuno lembrar que, quanto mais t empo se leva para a m u d a n ç a desse tipo d e equipamento, maior é a desvalorização sofrida pela máquina, devido à velocidade c o m que u m a s s up er am outras. Seria importante, t a m b é m , que a A M A T R A participasse desse processo, auxiliando os juízes na pesquisa d e mercado, ou m e s m o tentando obter convênios ou m e c a n i s m o s d e descontos para aqueles q u e queiram atualizar-se e m seu hardware. Mas, independente
men te d e tudo isso, é fundamental se saber que, e m se tratando d e informá
tica, n e n h u m produto é definitivo, e por isso se deve mensurar o investi
mento, preocupando-se, d e s d e logo, c o m s u a virtual substituição futura.
3.4 — Acesso à Internet
O uso d a Internet, já consagrado e m todo o m u n d o c o m o u m a das revoluções modernas, v e m se disseminando t a m b é m n o m u n d o jurídico, d e m o d o q u e diversos tribunais, inclusive o nosso, já p o s s u e m s ua s home- page. A l é m disso, diversos órgãos d a administração federal direta estão igualmente ligados à rede. o q u e garante acesso fácil e rápido a várias informações imprescindíveis para o s juízes. Textos legais, projetos de lei, por exemplo, estão disponíveis nos sites d o S e n a d o Federal e de vários Ministérios.
O s Tribunais (STF, TST, T R T s d a 4*. d a 10* e d a 15* Regiões) t ê m coletâneas d e decisões, s e n d o q u e o S u p r e m o possui vasto cadastro d e A ç õ e s Diretas d e Inconstitucionalidade e pretende, s e g u n d o se noticiou, inserir n a rede todas a s decisões proferidas durante sua existência.
E s s e m e c a n i s m o tende a ser fundamental para o trabalho d o juiz, q u e poderá pesquisar e aperfeiçoar-se s e m sair d e casa ou d a Junta, m a n tendo-se informado e atualizado. Para isso, outras duas questões são de relevância para implementação: a disponibilização d e provedores d e a ce s so para c a d a Junta o u juiz e a sua inserção n o contexto d a Internet, q u e para muitos é ainda u m grande mistério.
O primeiro problema, idealmente, seria resolvido se o Tribunal p u d e s se ter u m provedor próprio, disponibilizando o acesso à rede a todos os juízes e Juntas d e m o d o franqueado (dentro d e certos limites d e tempo).
C o m o s a b e m o s ser isso d e difícil incidência, pela parca disponibilidade orçamentária, sugerimos u m a alternativa. A A M A T R A poderia tentar esta
belecer convênios c o m os provedores d e todo o Estado (15* Região) para proporcionar a o s juízes esse acesso a u m custo reduzido, e eles próprios, por si, o u através d e recursos obtidos n a c o m un id ad e e m q u e estão inseri
dos (classistas, O A B ) tratariam d e firmar tais contratos. N ã o se trata d e u m ô nu s muito grande, s e considerados os benefícios potenciais q u e existem, mas, ó u m a alternativa q u e r e c on he ce mo s ser d e difícil aceitação, e que d e p e n d e d a conscientização q u e formos capazes.
A o lado disso, e justamente para estimular os juízes a ingressarem n a rede, sugerimos que, nas reuniões manifestadas anteriormente, ou e m outra oportunidade mais específica, sejam feitas demonstrações práticas d o q u e é exatamente a Internet, c o m o funciona, seu u s o e a necessidade/
utilidade para os juízes.
3.5 — Banco de Dados de Doutrina e Jurisprudência
A Secretaria d e Informática nutre a expectativa de implantação de B a n c o d e D a d o s c o m os acórdãos e me n t a d o s d o Tribunal u s a n d o o software FOLIO, e considerando a integração natural q u e essa ferramenta possibili
ta c o m o Word for Windows, minimizam-se os problemas d e atualização jurisprudencial dos juízes. T a m b é m é possível a inserção de decisões de outros Tribunais — mediante u m processo d e seleção, feito por setor e sp e cífico do Tribunal, nos moldes do q u e s e faz no Boletim Informativo — e
m e s m o d e alguns textos doutrinários d e maior relevância e interesse. E, n a m e d i d a do possível, criação de m e c a n i s m o s q u e permitam a o juiz criar u m a b a s e d e d a d o s “personalizada" e m sua Junta o u seu micro, arquivan
d o e m locais próprios e m e n t a s de seu interesse, o u compatíveis c o m seu entendimento, permitindo-se, inclusive, a própria inserção por ele m e s m o d e decisões q u e achar conveniente.
3.6 — Banco de Sentenças e Despachos
A partir d a padronização d o processador de textos, e c o m o uso geral d a Internet pelos juízes, pode-se íormar u m “b anco de sentenças" n a rede, a s e r e m enviadas pelos seus prolatores e indexadas s e g u n d o critérios ain
d a a s e r e m definidos. Isso permitirá aos juízes u m a pesquisa sobre q u e s tões similares já decididas por seus colegas, facilitando a resolução de problemas q u e estejam concretamente à espera d e u m a solução de sua parte.
Especificamente e m c ad a Junta, o s tradicionais carimbos p o d e m ser substituídos por decisões padronizadas, a s e r e m aplicadas para c a d a caso concreto pelo próprio Diretor d e Secretaria o u assistente, c o m a vanta
g e m de que, s e m qualquer custo, o juiz poderá alterar s u a forma ou m e s m o s u a essência. O próprio m a n u a l de procedimentos d a Secretaria p o d e contemplar u m rol de m o d e l o s d e d e s p a c h o s c o m u m a d a d a codificação, esta t a m b é m padronizada, para facilitar o trabalho d o s juízes e funcioná
rios q u e p a s s a m d e u m a Junta para outra. O conteúdo, c o m o dito, p od e variar, m a s o importante é q u e o t e m a definido n o d e s p a c h o seja unifor
m e , para c ad a código. Para isso, importante é a padronização do proces
s ador d e textos e a uniformização d o ambiente gráfico n o sistema d e pri
meiro grau.
3.7 — Uniformização d o P r o c e s s o d e Trabalho
C a d a magistrado, a o elaborar s u a s sentenças, possui u m m é t o d o próprio, q u e s e g u e os critérios m ai s variados possíveis. E n ã o seria legí
timo tentarmos impor u m m é t o d o único para todos, algo absolutamente impensável e impraticável d a d a a diversidade d e condições pessoais e materiais d e c a d a u m , a lé m d a própria diferenciação q u e existe d e Junta para Junta.
M a s e m toda corporação moderna, a discussão sobre a uniformiza
ç ã o d o processo d e trabalho é ponto fundamental n o estabelecimento d e p ro gr am as d e qualidade total. E por q u e n ã o se p o d e fazer isso n o Judiciá
rio? C o m o dito, n ã o se p o d e pensar e m estabelecer u m “m an ua l d o juiz", q u e diga c o m o ele t e m d e agir e m determinadas situações. N o entanto, p od er ia m ser realizados foros d e discussão procedimental, angariando opiniões d e diversos juízes q u e p o s s a m transmitir a outros s e u m o d o d e agir a fim d e haver a troca d e experiências, c o m a primoramento pessoal d e c a d a m é t o d o d e trabalho. C o m esse intercâmbio d e informações todos s a e m g a n h a n d o pois, c o m certeza, h á juízes q u e a g e m diferentemente e m situações similares, m a s u m deles p o d e ter u m a conduta mais apropriada
o u a d e q u a d a ao caso, e pod e transmitir isso aos demais. Insistimos, p o rém, q u e para isso, é fundamental q u e a ferramenta de trabalho informatizada seja única, pois só assim essa integração seria possível.
Assim, e m u m estágio posterior, já adotados os passos fundamentais d es sa s sugestões, poderíamos programar novas reuniões de discussão específica quanto aos procedimentos q u e estão s endo adotados, d e m o d o q u e as situações especiais de c ad a u m p o s s a m ser compartilhadas e, se for o caso, uniformemente aprimoradas.
3.8 — Fóruns de Debates
Assimilando-se o uso d a Internet pelos juízes, e m u m m o m e n t o p o s terior p o d e m ser criados outros meios d e troca d e informações. Isso se faria através d e chats o u bate-papos on-line, e m que, e m determinados dias e horas predefinidas, estariam ace ss an do a rede os interessados e m discutir certos assuntos entre si. T a m b é m permitiria q u e u m juiz, tendo u m problema cuja solução lhe parece difícil, por ser inusitada, lançar u m a in
d a g a ç ã o a seu respeito n a rede, e os seus colegas q u e tivessem s u g e s tões o u idéias, o u m e s m o já tivessem solucionado matéria similar poderi
a m responder-lhe.
D o m e s m o m odo, p o d e m ser criados fóruns d e debates sobre certos assuntos, convidando-se, por exemplo, a lg um a personalidade d o m u n d o jurídico para disponibilizar-se, e m certo dia e horário, na rede, para indaga
ç õe s por parte dos juízes.
Trabalho d e s s a natureza já s e encontra e m pleno a n d a m e n t o pelo Universo On Une, provedor d e a c e s s o d a Folha d e S ã o Paulo (http://www.uol.com.br) q u e p r o m o v e fóruns d e d e b a t e diariamente s o b r e assuntos diversos, e possui diversos chats, c a d a qual c o m seus t e m a s definidos. 4
4. C O N C L U S Ã O
D e s s a s breves considerações q u e formulamos, concluímos, sinteti
camente, q u e é imprescindível q u e a informática auxilie, primordialmente, a realização d a atividade-fim do Tribunal, q u e é a prestação jurisdicional.
Para isso, n o entanto, a maior responsabilidade é dos juízes, agentes des
sa prestação, e q u e precisam se abrir para a informatização racional das s ua s atividades. A s iniciativas d o Tribunal — uniformização dos processa
dores d e textos, realização de reuniões, disponibilização d e informações d e b a s e s d e d a d o s — n ã o serão suficientes n e m eficazes se os juízes n ã o se conscientizarem d e q u e no m u n d o m o d e r n o n ã o há e sp aç o para q u e m ignora a tecnologia. Por isso, é fundamental q u e os magistrados eliminem eventuais resistências ao q u e lhes for proposto, conscientizando-se d a i m portância q u e isso revela.
Por evidente, teremos presente a necessidade de u m a dedicação especial d e c a d a u m para s e conformar à nova realidade q u e se apresenta,
o q u e poderia ser interpretado, d e início, c o m o s e n d o "perda d e t e m p o ”.
Mas. n ã o se p o d e esquecer q u e tudo o q u e fizermos nesse sentido reverte
rá e m u m benefício inominável, q u e é a já m e n c i o n a d a maior produtivida
de, cuja tradução mais singela n o s leva à idéia d e q u e significa produzir mais, c o m qualidade, e m m e n o s tempo. C o m certeza, é esse o desejo de todos o s juízes, e a s idéias q u e formulamos s e prestam, apenas, a contri
buir c o m essa conscientização.
C ampinas, n o v e m b r o d e 1996.