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EQUIDADE ENTRE GÊNEROS

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Academic year: 2021

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(1)

ANÁLISES

O

que nós aprendemos sobre a pobreza, é que ela é muito mais que uma simples falta de

recursos. Porque o Brasil, a sexta maior economia do mundo, está em 73o lugar no índice de desenvolvimento humano baseado em factores como expectativa de vida e alfabetizacção? Por que é que as mulheres na Tanzânia, que trabalham quase o mesmo que os homens, ganham só 2/3 dos seus salários?1 Como é que tantos projectos de desenvolvimento, desde represas até poços, de distribuição de camisinhas até clinicas, realmente conseguiram mudar a vida de tantos homens e mulheres pobres no mundo? A resposta para todas estas perguntas depende da análise – ela deve ser holística o suficiente para que possamos analisar as muitas causas da pobreza, e profunda o suficiente para que possamos ir além das conclusões superficiais e dos clichês. E, como a CARE descobriu, ela deve explorar as relações de poder e as relações sociais.

A pobreza, como sabemos, não é inevitável e não é neutra; ela é incentivada por atitudes e instituições que privilegiam alguns grupos em prol de outros. Em cada casa, comunidade, instituição, normas de gênero sub-entendidas transformam as decisões a serem tomadas, os recursos a serem distribuídos e as pessoas a inter-agirem com o mundo. A taxa de mortalidade das mulheres na Índia – que reverte a tendência mundial da mulher envelhecer mais depressa que o homem –, questiona o que aconteceu com cinco milhões de “meninas desaparecidas” e trinta e cinco milhões de “mulheres desaparecidas”2. Estas mortes não são simples acidentes, cada uma reflecte pressões culturais, econômicas, de política e outras pressões sociais a todos os níveis da sociedade. Assim fica difícil para as mulheres e meninas levarem uma vida saudável e produtiva. Se nós não pararmos e nos perguntarmos, conscientemente o “porque”, não serão vistos avanços na nossa visão e missão nos nossos programas e reivindicações.

Esta segunda parte do manual de gênero tem como objetivo compartilhar algumas das maneiras que a análises de gênero tem tido um impacto no programa da CARE. Esperamos que estes exemplos demonstrem que existem vários métodos que podem ser aplicados, e que os detalhes de cada situacção determinará qual será o melhor enfoque para as análises de gênero de cada situacção especifica. A mensagem é: engajamento e criactividade!

1 UNDP Human Development Index, 2002 (Indice de desenvolvimento Humano da UNDP)

2 UNICEF/Global Movement for Children. http://www.nogosatunicef.org/Photos/india/06child.htm.

T

odos os anos expandimos a nossa análise holística para melhor entender o que leva à pobreza e ao HLS. Fazemos análises dos interessados, análises das tendências, análises das políticas, análises de benefícios/danos, análises do que falta e claro, análises de gênero. Só as ferramentas utilizadas poderiam encher um quarto! Para evitar uma “paralisia de análises” uma ampla análise do HLS sensível à diversidade e as relações de poder podem ajudar-nos, a saber, onde necessitamos ferramentas específicas para um conhecimento mais profundo. Neste manual vamos explorar:

Como as pesquisas e os métodos de análises, com a atitude correta, podem vir a ser sensíveis a questão do gênero. A importância de se manter a análises e reflexão sensível ao gênero durante o processo de implantacção.

Uma ferramenta que pode surgir de uma intervenção e que é capaz de analisar o nível de empoderamento.

Questões chave e recursos capazes de promover uma análise sensível ao gênero.

Análises que tomam em consideracção o gênero e o Ciclo de Programa HLS

CICLO DE

PROGRAMA

Análises Holística Práctica Reflectiv a Síntese Estr atégi as Enf ocad a Sistemas Coerente de Informação

BLOCO DE

TRABALHO-EQUIDADE ENTRE GÊNEROS

O entendimento superficial de pessoas de bom coracção é mais frustrante do que completo mal-entendimento por pessoas de mau coracção.

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CARE Camboja:

Maneiras de penetrar

um sociedade

As pessoas que usam as ferramentas definem a sua eficiência. Elas têm de ser modeladas pelas condições em que elas são usadas. Neste exemplo três factores influenciaram o sucesso: um modelo que tomou riscos, a habilidade do time de ser flexível e o compromisso dos pesquisadores com a segurança dos participantes e o sigilo das informações. ©CARE 2001/V al e n da Campbell

Este texto é tirado de: Forder, J. (Fevereiro 2000) . “Experiences of using a participatory approach in Cambodia: Exposing the needs of sex and good women.” De PLA Notes 37: Sexual and reproduc-tive health. International Institute for Environment and Develop-ment: Londres. Págs 56-62

Para saber mais sobre a ferramenta de análise sexual utilizada neste projecto veja: Forder, J.A. (1999) . PLA Tools in Action: Lessons learned during a sexual health needs assessment with Cambodia’s young garment worker. CARE International Cambodia: FOCUS on Young Adults, págs 42-43

A CARE Internacional em Camboja, em colaboracção com as organizações locais, tem usado ferramentas participativas para avaliar a saúde sexual das jovens trabalhadoras da área têxtil.

A confiança, o respeito mútuo e a habilidade de facilitar uma discussão aberta sobre assuntos relacionados ao sexo são componentes essenciais para uma pesquisa participativa. Mas num país que está a recuperar-se do seu passado traumático, a confiança é rara. Na Camboja o grupo responsável pelo projecto adaptou e aplicou métodos participativos e ferramentas da CARE Zâmbia no seu trabalho sobre a saúde sexual de adolescentes. As actividades incluíam o mapeamento da comunidade, passeios em toda a região, listagem e categorizacção, desenho matriz, diagramas Venn, análises de estações, teatros, um censo sexual e um

mapeamento do corpo. Nós acreditamos que estas técnicas iriam aumentar a capacidade dos participantes a entenderem e desafiarem algumas das crenças que fazem a escolha do sexo seguro ser somente retórica.

O grupo de pesquisadores já encontrou os primeiros obstáculos durante a primeira experiência local com um grupo de jovens mulheres solteiras. No começo as pesquisadoras femininas cambojanas estavam seguras de si para falar de sexo com as mulheres – elas eram parteiras! Mas na hora da pesquisa elas não conseguiam fazer perguntas sobre possíveis “maus” comportamentos a estas “boas” mulheres, mesmo usando o método do “Closed Paper”1.

Depois de conversar com o grupo de pesquisadoras eu entrei na sala e perguntei aos participantes se elas podiam fazer algumas perguntas pessoais. Os participantes concordaram sem hesitar, os pesquisadores, porém continuavam a se sentir pouco à vontade.

Eu falava Khmer pausadamente e comecei a perguntar sobre suas relações sexuais. Quando chegaram os papeis com as respostas a pesquisadora que as estavam anotando ficou entusiasmada e achou difícil não compartilhar as respostas com todos nós. Seus olhos brilhavam, e ela, que estava sentada no chão, se ergueu. Enquanto isto as participantes se mantinham calmas, aparentemente sem se perturbar com o nosso entusiasmo.

No final da sessão o método não resultou em uma comunicacção direta, porém ele facilitou a estabelecer uma certa confiança. As mulheres começaram a perguntar muitas coisas que antes elas sentiam receio de perguntar por medo de ficarem conhecidas como “más mulheres”. Nos três meses que seguiram o sexo continuava sendo um assunto sensível, porém as perguntas agora eram respondidas mais pessoalmente (ao contrário de uma resposta mais clinica) e as respostas eram aceitas.

1 O método “Closed Paper” pede que os participantes respondam a

perguntas pondo um símbolo em um pedaço de papel. O ponto negativo é que as respostas ficam anônimas, o que faz com que não haja discussão.

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Ferramentas de

análises de

Gênero que

funcionam

Mantenha-se em contato com seus colegas nas unidades regionais e técnicas e com os grupos de trabalho da CARE em todo o mundo para saber como está evoluindo o método de análise da CARE para demonstrar os enfoques em direitos e gênero.

As “melhores” ferramentas de análise de gênero (1) enfocam claramente as dimensões

de gênero dos temas a serem tratados e revela como as diferentes formas de desvantagens estão relacionadas ao gênero, idade, casta, classe social, incapacidade ou capacidade, orientacção sexual e etnia; (2) incentivam a participacção de homens e mulheres que são afetados diretamente; (3) promovem o diálogo e a análise de experiências pessoais e dos factores que influenciam esta experiência. Para que esta análise se aprofunde nas causas da pobreza e marginalizacção, necessitamos desenvolver um modelo.Também

necessitamos enriquecer a análise HLS com métodos que possam explorar o gênero nas políticas e nas instituições, e pedir a opinião sobre a dinâmica e o balanço de poder nas suas relações a aqueles que têm o poder e os deveres.

A aprendizagem participativa e ferramentas de acção (PLA do inglês Participatory Learning and Action tools) e Ferramentas de avaliacção rural participativa (PRA do inglês Participatory Rural Appraisal Tools), assim como uma entrevista semi-estruturada, diagramas e visualizações, exercícios de categorizacção e de contagem de pontos, podem ser modificados para sensibilizar o diálogo na comunidade e o processo de análises a questão do gênero. Além disto técnicas como contar historias, desenhos animados e jogos podem servir para trazer à tona problemas escondidos e gerar novas soluções. Porem, às vezes, estes métodos podem ser “muito arriscados” ou superficiais – eles não enfocam problemas mais profundos de identidade e relações de poder. Por isto outros métodos de pesquisa e análise são tirados da antropologia e sociologia, assim como ciências políticas e psicologia. Estes são muito importantes para o PLA. Alguns exemplos de métodos para ambas ferramentas estão abaixo indicados, e você pode encontrar estas e outras ferramentas no final deste bloco de trabalho. ? r a s i l a n a s o m e d o p e u q O Quetiposdeferramentaspodem ? r a z i l i t u o t x e t n o C O o a r a p -m i v l o v n e s e d o t n e o d , s a c i m ô n o c e s e õ ç i d n o C e s i a i c o s , e t n e i b m a -o i e m s i a n o i c u t i t s n i & s a i c n ê d n e t e r t n e s e õ x e n o C e s i a c o l s a ç n a d u m o r c a m l e v í n e d / a i r a i d e m r e t n i s a t n e m a r r e f s a d l i f r e P Manual E R A C a d ” s m r a H -s t i f e n e B “ s i a i c o s s o t n e m a e p a M s a i c n ê d n e T s i a n o i c u t i t s n i s o t n e m a e p a M s a c i t í l o p e d o ã s i v e R e d a d i s r e v i D s a o s s e p e r t n e ? o d í u l c x E ? o d í u l c n i á t s e m e u Q s o A ? m e ê v e s s a o s s e p s a o m o C ? s o r t u o o r e n ê g o d o ã ç c a i r a v a l a u Q ? a d i v a d s o l c i c s e t n e r e f i d s o n s a a l e d o m e d a d i t n e d i a o m o C ? s e r e d o p s o e s e d a d i c a p a c ” s m r a H -s t i f e n e B “ s a t n e m a r r e f s a d l i f r e P E R A C a d s a c i r t e m o p o r t n a s a d i d e M s a v i t a r r a n , s i a o s s e p s a t s i v e r t n E a d i v a d s o l c i c s o d o c i f á r G o p r o c o d s o t n e m a e p a M s i a o s s e p s a i c n e u l f n i e d s o t n e m a e p a M e d a d i s r e v i d a d s e s i l á n A e d a d i s r e v i D s a n s e d a d i v i t c a ? m e u q m o C ? e u q o z a f m e u Q ? e d n o A ? o d n a u Q ? o m o C ? a i c n a t s n u c r i c l a u q o x i a B • • • a d l a u n a M o d o t c a p m i e d s a t n e m a r r e F ” s m r a H -s t i f e n e B “ E R A C a r u t l u c i r g a e d a m e t s i s o d s a m a r g a i D r o p o d a r a p e s s e d a d i v i t c a e d o i r á d n e l a C o r e n ê g e d a d i s r e v i D / o s s e c a o n s o d e l o r t n o C s o s r u c e R ? e u q o a s u m e u Q ? e u q o z u d o r p m e u Q s i a u q a o s s e c a m e t m e u Q ? s o s r u c e r ? e u q o r e u q / a s i c e r p m e u Q s a s e p s e d / o h n a g e d s e z i r t a M s o i c í f e n e b e d s o c i f á r G s a i l í m a f s a n o r e n ê g e d a i r o t i d u A e d a d i l i b o m e d a p a M s i a s a c s o d a i r o g e t a C o t n e m a ç r o o d e s i l á n A e d a d i s r e v i D s a d e s e d a d i l i b a h s e d a d i c a p a c ? e u q o e b a s m e u Q ? e u q o r e z a f e d o p m e u Q ? e u q o a r e p s e m e u Q ? e u q o e t n e s m e u Q s a d a r u t u r t s e -i m e s s a t s i v e r t n E s o s a c e d s o d u t s E a v i t a i c e r p a o ã ç c a g i t s e v n I e d a ç n e r e f i D s e r e d o p o ã ç i u b i r t s i d a a l e d o m e u q O ? r e d o p e d o é m e u Q ? e d i c e d m e u Q ? o d a s s e r e t n i s a r g e r s a a l e d o m m e u Q ? s i a m r o f n i e s i a m r o f a d l a u n a M o d o ã s i c e d e d s a t n e m a r r e F ” s m r a H -s t i f e n e B “ E R A C s o d s a i r e c r a p e s o t i l f n o c e d z i r t a M s o d a s s e r e t n i o i c í f e n e b / o t s u c e s i l á n A o r e n ê g e d e s i l á n a e d z i r t a M

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CARE Zâmbia:

Pensando por conta

própria!

Este projecto não começou com uma “análise de gênero perfeita”, muito menos um enfoque em gênero. O que ele fez foi tentar uma análise holística dos pontos que deixavam as mulheres vulneráveis dentro das famílias nesta zona de agricultura que sofria de secas.

Este estudo é uma adaptacção do relatório de Caroline Pinder de Maio 2002 da CARE Zâmbia sobre a integracção entre gêneros e tentativas de dar poder às mulheres. O relatório completo é uma rica lição sobre como incluir a questão de gênero nas políticas, e pode ser encontrado no link Gender Equity and Diversity do portal my.care.org

©CARE 2002/A. John Watson O time que estava implementado o

“Livingstone Food Security Project” (LFSP) não avançou muito antes de perceber que eles necessitavam ter um melhor entendimento de como as relações entre os gêneros influenciavam o HLS. A oficial do

programa de extensão da agricultura, Emma Sitambulli, conduziu exercícios de PRA em 1996 quando ela descobriu uma estranha dinâmica entre os gêneros. Ela contou isto ao Director de projectos Sylvester Kalonge, que lembra:

“Uma viúva, que recebeu um empréstimo de sementes, tinha uma plantacção melhor do que a do seu irmão que arava a terra para ela. Ele aborreceu-se com o novo poder da irmã, já que ela agora não mais precisa pedir-lhe comida, e disse-lhe que no ano seguinte ele não araria a terra para ela. No principio a solução parecia lógica: ela poderia vender as sementes e contractar alguém para fazer o trabalho, mas isto somente aumentaria a diferença entre os dois e não resolveria a situação. Ele poderia tirar

dela outro tipo de apoio que a pudesse deixar numa situacção vulnerável”.

Em 1996, Emma assumiu a nova posição de Oficial de Gênero e treinava o pessoal para um PRA sensível à diferença entre gêneros. Ela desenvolveu uma estratégia de ensino que também inspirou o conceito de Acção

Refletiva no modelo HLS.

Reflexão e aprendizagem em conjunto se transformaram em características chave de como o programa foi desenvolvido a partir de aí, não somente em relacção ao gênero, mas também em todos os componentes. Os programas existentes e seus novos projectos foram revistos desde uma perspectiva de gênero, e foram aplicadas as implicações. Assim vários problemas que eram relacionados ao gênero foram descobertos, como, por exemplo, o do esquema do leite, que dava trabalho para as mulheres, mas o lucro ia para o bolso dos homens por causa de restrições relacionadas à restrição do acesso de mulheres ao mercado.

Esta conscientizacção fez com que a equipe responsável pelo projecto melhorasse a sua estratégia de base. Por

exemplo, eles notaram que nenhuma mulher tinha aceitado o trabalho (voluntário) de Oficiais da Comunidade de Animais de criação ou Facilitadores da Comunidade. Uma análise de gênero das áreas designadas demonstrou que estes trabalhos envolveriam muito tempo fora de casa, normalmente reservado para as outras actividades da mulher em casa, e que a criacção de animais grandes, principalmente o gado, era visto como uma actividade

exclusivamente masculina. Em resposta a estes dados, as áreas designadas foram diminuídas para que as mulheres pudessem ir aos lugares mais remotos e retornar no mesmo dia. Homens e mulheres trabalhavam juntos, os dois envolvidos na administracção de animais grandes e no processo de decisão. Assim, os habitantes do vilarejo podiam ver que as mulheres podiam aprender e treinar outras pessoas para cuidar dos animais e administrar a comunidade. O resultado foi que, hoje em dia, até 27% dos intermediários/ facilitadores são mulheres em Kaloma (de 0%).

A análise de gênero também mudou o projecto, demonstrando como é importante dar poder as mulheres dentro das casas. A análise sempre demonstrava como o baixo status das mulheres danificava HLS e a sua dignidade. Um exemplo é o fato da terra e do market-ing serem actividades masculinas, deixando as mulheres, que cultivavam as terra, sem controle sobre a renda. Elas acabavam “roubando” a colheita do marido para vender-la por preços reduzidos e assim arcar com os custos pelos quais eram responsáveis. Para aumentar a produtividade das mulheres o projecto iniciou um projecto piloto que as treinava para fazer cerveja (PET – Personal Empower-ment Training). Foram desenvolvidas estratégias para aumentar o lucro dos seus negócios e conseguir o apoio dos maridos e líderes das vilas, já que agora elas eram bem sucedidas. Emma lembra: “No LFSP (Livingstone Food Se-curity Project) aprendemos, por meio desta actividade, que o melhor caminho para assegurar os interesses da mulher é fazer os homens verem quais seriam as suas vantagens... Os homens eram incluídos no treinamento, junto com as mulheres, assim eles compartilhavam idéias e se tornavam menos ameaçadoras. Assim os homens que não gostavam de ter suas mulheres sendo treinados para algo que eles não haviam sido treinados, podiam “manter a pose”. Esta abertura em relacção ao processo de aprendizagem contínua foi a chave para o tratamento, com sucesso, dos problemas de gênero e outras áreas sensíveis da dinâmica so-cial. Uma análise do projecto fez com que as raízes da desigualdade aparecessem e fossem discutidas. O projecto construiu relações de confiança e conseguiu um maior entendimento entre as comunidades do projecto.

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Manter a

aprendizagem viva

com o método da

práctica reflectiva

Como podemos adaptar as nossas informações e ferramentas para refletir melhor o que acontece no

campo de trabalho?

Como p o d e m o s

estreitar as relações entre análises e estratégia?

Como podemos manter a nossa responsabilidade com o projecto e ao mesmo tempo revisar,

adaptar e mudar o nosso programa?

Como

estamos usando os conceitos e modelos de trabalho para conseguir novas

informações sobre a subsistência e questões de relações de

gêneros? Como

o nosso projecto é influenciado por outros projectos ou factores externos?

Como descobrimos isso?

Quais são as estratégias sugeridas por estes conceitos/modelos de trabalho?

Nossa estratégia esta corretamente enfocada? C o m o

podemos programar os nossos projectos de uma maneira dinâmica e capaz de adaptar as experiências do trabalho

de campo? Como damos prioridade às mudanças e ajustes?

Questões que

promovem a

práctica refletiva

Durante um workshop da CARE da Região da África do Sudeste em 1999, o processo da práctica reflectiva tornou-se a chave para a aprendizagem programada. O problema de

relações entre os gêneros é muito complexo, e nas maiorias das sociedades é muito arriscado discutir sobre eles abertamente. Assim fica difícil para um projecto definir logo no princípio os principais problemas. Os projectos que tinham um enfoque no problema das relações entre gênero usavam um processo reflectivo para descobrir quais das experiências práticas que surgiram durante a implantacção do projecto poderiam ser usadas para aumentar o impacto do projecto na comunidade. Falamos exactamente do processo de sempre perguntar “o que acabou de acontecer” durante a implantacção dos projectos HLS.

Por exemplo, uma análise holística promove novas discussões e relações simplesmente perguntando e respondendo perguntas. Esta análise vai além de uma análise de dados e vê qual são as energias, tensões e resistências deste processo analítico, e como eles poderiam modelar a estratégia do programa para ter um impacto na subsistência e relações entre gênero com um todo, não somente nas estratégias sugeridas pelo programa proposto.

Desenvolvendo e implantando uma estratégia enfocada ficam claras as posições e interesses dos envolvidos, e uma práctica reflectiva permite-nos aproveitar estas oportunidades para abrir novas portas ou fomentar relações igualitárias, ao mesmo tempo resolvendo os riscos e oposições quando eles vão surgindo e antes deles danificarem o projecto ou seus participantes.

Os tipos de sistema coerente de informação, que apóiam actividades refletivas, dão-nos informações importantes e úteis que ajudam os membros da comunidade CARE e os seus parceiros a aprender e adaptar-se à situação e assim integrar estas novas informações sobre relações entre famílias e relações entre gêneros. As prácticas reflectivas incluem uma revisão periódica dos benefícios e danos, uma troca de informacção entre os projectos e parceiros e um processo de aprendizagem participativa dos clientes.

A maioria dos ciclos de projectos recomendam um “passo final” reflectivo para concluir a avaliacção, e que pode ser usada para redefinir projectos ou novos programas. A práctica reflectiva da CARE é mais ampla já que ela incentiva aprendizagem e inovacção para todos os elementos interligados e dependentes do ciclo.

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A pobreza é causada tanto pela disponibilidade de recursos de qualidade, ou pelas relações de poder que possibilitam o acesso a estes recursos. Para conseguir uma relacção de igualdade entre os gêneros precisamos concentrarmo-nos mais nas necessidades, práticas e estratégicas dos grupos marginalizados, incluindo as mulheres.

Se você quiser saber mais sobre os marcos da análise de gênero que podem ser utilizados, você pode fazer um download deste manual ou encomendar uma copia grátis: Vainio-Mattila, A. (1999). Navi-gating Gender: A framework and tool for participatory develop-ment. Ministry of Foreign Affairs, Department for International Development, Cooperation. http://global.finland.fi/

Analisando

o impacto

da

©Alan Gign oux 2001/CARE P hoto

O Longwe’s Empowerment Framework (apresentado no Bloco de Trabalho dos Conceitos) é uma ferramenta que pode ser usada em qualquer caso para analisar o impacto relativo do enfoque proposto ou da actividade de empoderamento dos diversos grupos. Chegar a um nível maior no gráfico

demonstra que não foram enfocados somente os interesses práticos das relações entre gêneros, mas também os interesses estratégicos. Os melhores programas terão um impacto positivo em todos os níveis, tanto em termos do processo utilizado como do resultado final. Abaixo há um exemplo de como o gráfico pode ser adaptado para analisar a equidade entre homens e mulheres no processo de desenvolvimento.

Por exemplo, a distribuição de comida para viúvas pode ter um impacto positivo a nível de bem-estar, mas se o processo for feito de uma maneira de baixo para cima, ele terá quase nenhum impacto nas necessidades estratégicas da mulher de melhor entender as razões por detrás da insegurança de obtenção de comida, mobilizacção para assegurar a sua inclusão no processo de decisão e do mecanismo de distribuição ou controle sobre o tipo, qualidade ou quantidade da comida recebida.

Homem Mulher

Processo Impacto Processo Impacto

Controle Mobilizacção Consciência

Acesso + + Bem-Estar + + Um outro projecto pode ter em consideração adicionar um componente de “cash-for-work” ao projecto de saneamento ou sistema de água limpa. Facilitando o acesso à água limpa o projecto pode: melhorar o bem-estar material por meio da saúde e higiene de homens e mulheres; reduzir o trabalho da mulher que acarretam água (bem-estar e acesso para as mulheres); autorizar os homens a irrigar os campos e aumentar a produção da colheita (impacto no bem-estar de ambos, melhor acesso para os homens). Mas se os homens são responsáveis pelo planeamento, aprendem alvenaria e recebem o pagamento, eles recebem um apoio adicional em todos os níveis da delegação de poderes, o que as mulheres não recebem.

Homem Mulher

Processo Impacto Processo Impacto

Controle + Mobilizacção + Consciência +

Acesso + + + + + + Bem-Estar + + + + + + Pensar sobre igualdade no impacto do projecto (o que é resolvido/ entregue e para quem), e o seu processo (como o beneficio é criado, quem participa e quem decide) pode ajudar a maximizar equidade e o empoderamento.

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Lista de conferencia para análise

de gênero

©Alan Gignoux 2001/CARE

Photo

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Referências

O’Brien, P (2001). Benefits-Harms Manual. CARE.Ferramentas analíticas de direitos, que enfocam a ligacção entre as diferentes partes de Direitos Humanos e os fatos de que a intervenção pode ter um impacto múltiplo, de beneficio ou de danos. O perfil e o impacto das ferramentas podem vir a ser úteis principalmente se consideramos as causas e conseqüências da pobreza, e os efeitos de uma intervenção da CARE..

Disponível no site: http://my.care.org

Parker, R., Lozano, I., Messner, L.A. (1995). Gender Relations Analysis: A guide for trainers. Save the Children.

Um manual de treinamento para apresentar aos trabalhadores de desenvolvimento algumas das praticas básicas da análise de gênero – papéis de cada gênero, divisão de trabalho por gênero, relações de poder e análise de impacto. Ele também demonstra como esta informacção pode ser utilizada para promover a equidade entre gêneros em um projecto.

Disponível no site: http://www.womenink.com Parker, R. (1993). Another Point of View: A manual on gender analysis training for grassroots workers. UNIFEM.

Uma técnica baseada em uma comunidade para identificar e analisar as diferenças entre gêneros e assim avaliar os diferentes impactos das intervenções de desenvolvimento nos homens e mulheres.

Disponível no site: http://www.womenink.org Slocum, R., Wichart, L., Rochleau, D., Thomas-Slayter, B. (1995). Power, Process and Participation: Tools for change. Intermediate Technology Publications.

Ferramentas de inovacção e acessíveis para uma análise de diversidade/gênero, acompanhadas de estudos de casos para cada ferramenta em acção no campo. As ferramentas apóiam a exploracção de temas de setores assim como as diferentes fases de um ciclo de projectos.

Disponível no site: http:// www.itdgpublishing.org.uk

Thomas-Slayter, B., Polestico, R., Esser, A.L., Taylor, O. and Mutua, E. (1995). A Manual for Socio-Eco-nomic and Gender Analysis. ECOGEN.

Uma variedade de ferramentas participativas que enfocam o tema do gênero em todo o ciclo do projecto em diferentes níveis.

Disponível no site: http://pactpub.com

© 2003 Cooperative for Assistance and Relief Everywhere, Inc. (CARE)

Aguilar, L. & Valenciano, G. B. I. Seek and Ye Shall Find: Creating participatory appraisals with a gender perspective. World Conservation Union Regional Of-fice for Mesoamerica and the Arias Foundation’s Cen-ter for Human Progress.

Explica os enfoques de uma análise participativa, os elementos teóricos importantes para uma análise sensível ao gênero, passos a serem tomados, “ferramentas” e exemplos.

Disponível no site: http://www.poam.org/ articulos-estudios/equity/

DFID. Rural Livelihoods: Using Tools.

Uma rápida visão de como deveria ser analisado o gênero e dicas para usar ferramentas especificas.

Disponível na base de dados Genie: http:// www.genie.ids.ac.uk

Food and Agriculture Organization. (1999). SEAGA: Field Handbook.

Ferramentas participativas para analisar as diferenças entre pessoas no nível comunitário e de família. Uma variedade de exemplos e dicas sobre “como deve ser feito”.

Disponível no site: http://www.fao.org/sd/seaga Frankenberger, T., Drinkwater, M. & Maxwell, D. (Janu-ary 2000). “Operationalizing HLS: a holistic approach for addressing poverty and vulnerability,” and Frankenberger, T., Luther, K., Becht, J., and McCaston, K. (July 2002) “Household Livelihood Security As-sessments: A tool for practitioners” CARE.

Dois sistemas de trabalhos que incorporam muito bem os programa central da CARE, os primeiro sobre os conceitos, o segundo detalhando as ferramentas e métodos para a análise HLS

Disponível no site: http://my.care.org

March, C., Smyth, I. & Mukhopadhyay, M. (1999). A Guide to Gender Analysis Frameworks. Oxfam, UK.

Direcionado ao pessoal que tem um conhecimento detalhado sobre o gênero, apresentando vários sistemas de trabalhos conhecidos sobre o gênero, acompanhado por comentários que demonstram os seus pontos fracos e fortes.

Referências

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