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SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

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Academic year: 2021

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SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS

DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

O Direito Ambiental

Leo Pórpora

Professor do Curso de Direito

UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá leo.porpora@ig.com.br

Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee

Resumo

11º. O Resumo deverá ser inserido duas linhas abaixo do último nome dos autores, no próprio idioma do trabalho, com o máximo de 200 palavras. Deve-se utilizar fonte tamanho 12, com espaçamento entre linhas simples e o título em negrito, localizado à margem esquerda, conforme exemplo abaixo:

Seção (nº. da seção) - Curso de Direito – Direito Ambiental.

Apresentação oral

Introdução

O tema se revela pertinente a medida que descobre o véu de paixão sobre o direito ambiental, a fim de analisá-lo sob a ótica da Constituição Federal, ressaltando efetivamente o titular de direito em tal ramo da ciência jurídica: o homem.

1.1 Conceito

Direito Ambiental é um conjunto de normas jurídicas relacionadas à proteção do meio ambiente – natural, artificial, cultural e do trabalho. Tem natureza transversal ou horizontal, pois abrange outros ramos do direito,

verbi gratia, direito constitucional, direito administrativo, direito civil, direito

penal, direito processual e direito do trabalho.

Há que se ressaltar que a inclusão da proteção ao meio ambiente do trabalho ao sobredito conceito não se traduz como ponto pacífico na doutrina. Conquanto, não se pode olvidar que a existência de um ambiente de trabalho sadio e equilibrado contribui de forma insofismável ao bem estar coletivo, seja pela observância da dignidade da pessoa humana, cânone constitucional desenhado no art. 1º, III, da Constituição Federal; seja pelo ônus – social e financeiro – imposto à coletividade decorrente do desequilíbrio do ambiente de trabalho.

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1.2 O Direito Ambiental no Brasil

Se por um lado as Constituições que precederam a de 1988 não se preocuparam de forma específica com a proteção do meio ambiente; por outro, é certo que algumas singelas referências foram encontradas.

A Constituição do Império (1824) preconizava a proibição de indústrias contrárias à saúde do cidadão (art. 179, XXIV). Malgrado a singeleza do dispositivo, é incontroversa a sua relevância para o contexto da época, sobretudo ante os consectários da Revolução Industrial que o Brasil Império almejava acompanhar.

Já no Texto Republicano de 1891, restou expressa a competência legislativa da União para legislar sobre as suas minas e terras (art. 34, n. 29).

A Constituição de 1934 dispensou proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, artístico e cultural (arts. 10, III, e 148); conferiu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, mineração de águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 5º, XIX, j).

A Lex Fundamentalis de 1937 basicamente repetiu os dispositivos reconhecidos pela que a antecedeu, acrescendo de forma inédita a proteção das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos (art. 18, a e c).

As Constituições de 1946 e de 1967 não inovaram em matéria de direito ambiental, restringindo-se a manter a regulamentação aplicada até então.

A Carta de 1969, emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, além de confirmar o posicionamento constitucional galgado até então, inovou em seu art. 172, ao dispor que a lei regulará, mediante prévio

levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades e que o mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílio do Governo. Era introduzido nos textos legais o

termo ecológico.

Já a Lei Fundamental de 1988, que será abordada adiante, poder ser denominada de “verde”, tendo em vista a oportuna importância que estendeu à proteção do meio ambiente.

No âmbito da legislação federal, a matéria meio ambiente só foi preconizada através da Lei n. º 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, seguindo-se, a partir de então, paulatino crescimento de atividade legislativa.

1.3 A concepção antropocêntrica do Direito Ambiental

Perscrutar a concepção adotada pela Carta Magna vigente significa captar a mens legis, o que contribui de forma crucial na interpretação e aplicação da legislação ambiental.

Seguindo esse diapasão, duas são as visões contemporâneas sobre o tema: holística e antropocêntrica. A primeira, nas palavras do Professor Edis

Milaré, signifia “em comunicadas biológicas, a idéia de que a comunidade é

um superorganismo cujo funcionamento e organização só podemos apreciar quando consideramos o seu papel na natureza como entidade completa” [1]

Antropocentrismo, vocábulo de origem grega (do grego άνθρωπος, anthropos, "humano"; e κέντρον, kentron, "centro"), remonta do Renascimento, e traduz, em síntese apertada, a concepção de que a

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humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é, o universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem. Em um panorama moderno, denomina-se antropocentrismo, ou visão antropocêntrica, as doutrinas ou perspectivas intelectuais que tomam como paradigma de juízo as peculiaridades da espécie humana, demonstrando que o único ambiente conhecido é o apto à existência humana.

Tecidas as diferenciações, faz-se mister trazer à baila o disposto na Constituição Federal de 1988, art. 225, in verbis:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

A base constitucional revela que a visão adotada por nosso ordenamento jurídico é a antropocêntrica, uma vez que o homem, enquanto animal racional, é o único ser capaz de preservar as espécies, inclusive a sua própria. Acresça-se ainda, por relevante, que as exegeses filológica e teleológica do sobredito dispositivo demonstram que o direito ao meio

ambiente equilibrado trata-se de bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. O legislador constituinte, ao adotar a expressão sadia qualidade de vida, além de especificar qual é a finalidade da

preservação do meio ambiente equilibrado, ainda fez referência expressa ao adjunto de vida, ou seja, o fim não é a sadia qualidade da vida, considerada como um todo, mas, sim, a qualidade de vida dos destinatários (Todos).

Corroborando tal posicionamento, cita-se Celso Antônio Pacheco Fiorillo: “ o direito ambiental possui uma necessária visão antropocêntrica, porquanto o único animal racional é o homem, cabendo a este a preservação das espécies, incluindo a sua própria”[2]. O autor ainda justifica tal posicionamento quando faz referência à preservação e proteção da norma contra a crueldade aos animais: “não se submete o animal à crueldade em razão de ele ser titular do direito, mas sim porque essa vedação busca proporcionar ao homem uma vida com mais qualidade”. [3]

2. A Constituição Federal Brasileira 2.1 Generalidades

A Constituição Federal de 1988, em demonstração de indiscutível oportunidade, captou a intenção comum nacional – a consciência de que é preciso aprender a conviver harmoniosamente com a natureza. Trata-se, nas palavras de Edis Milaré: “... um dos sistemas mais abrangentes e atuais do mundo sobre a tutela do meio ambiente.”[4] Adiante, justifica-se: “A esse texto – tido como o mais avançado do Planeta em matéria ambiental, secundado pelas Cartas Estaduais e Leis Orgânicas municipais – vieram somar-se novos e copiosos diplomas oriundos de todos os níveis do Poder Público e da hierarquia normativa, voltados à proteção do desfalcado patrimônio cultural do País.”[5]

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A Constituição Federal de 1988, em seu art. 3º, estabelece os objetivos fundamentais da República. Tais objetivos perseguem complexivamente o bem-estar da sociedade e o desenvolvimento.

No campo da ordem social, o famigerado art. 225, que preenche integralmente o capítulo do Meio Ambiente, explicita o bem comum como causa e, ao mesmo tempo, decorrência do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Verifica-se ainda a sua importância em razão do capítulo do Meio Ambiente encontrar-se inserto no Título VIII – Da Ordem Social. Logo, o meio ambiente, como fator de felicidade e bem-estar da coletividade, deve ser protegido dos excessos quantitativos e qualitativos da produção econômica que afetam a sustentabilidade.

Já a ordem econômica brasileira, “fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa”, tem, entre seus princípios, a “defesa do meio ambiente”, conforme preconizado pelo art. 170, e seu inciso VI, respectivamente, da Constituição Federal vigente. Nos termos da Carta, estão desconformes as atividades decorrentes da iniciativa privada ou pública, esta calcada no art. 225, que violem a proteção ao meio ambiente. Contudo, a visão antropocêntrica concedida ao próprio Direito ainda insiste em relegar as questões ambientais a um plano secundário, haja vista que a correlação entre proteção ambiental e desenvolvimento econômico afigura-se, para muitos, como conceitos antagônicos, quando na verdade deveriam servir como binômio catalisador de um desenvolvimento sustentável. Em termos econômicos, o mundo atual é o retrato fiel de que a degradação ambiental enseja sério desequilíbrio econômico.

2.2.1 A Dignidade da Pessoa Humana

Por todo o exposto até então, resta evidente que a dignidade da pessoa humana, insculpida no art. 1º, III, da Carta Magna, como fundamento do Estado de Direito, que a tutela do meio ambiente busca garantir o aludido princípio, pois tratar o homem dignamente importa dizer que esse detentor de direito tenha uma sadia qualidade de vida em um meio ambiente equilibrado. Nessa linha de raciocínio, não há que se falar em Estado Democrático de Direito sem garantir a plena eficácia da dignidade da pessoa humana.

A dignidade é inerente à condição humana, conforme ressalta Alexandre de Moraes: “a dignidade da pessoa humana: concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente às personalidades

humanas. Esse fundamento afasta a idéia de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento da liberdade individual.

A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta

singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas,

constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem

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menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos”. [6]

Sendo inerente à condição humana, a dignidade deve ser respeitada sempre. Por inferência, em sendo fundamento do direito ambiental, a mesma observância deve ser mantida, sob pena de se corromper o Estado de Direito a que todos se encontram jungidos.

Referências

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental. 7. ed., Saraiva 2006.

MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 4. ed. rev., atual. e ampl.- São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13 ed. São Paulo: Atlas 2003.

Notas:

[1] MILARÉ, Edis, Direito do Ambiente, 4ª. ed. Revista dos Tribunais. Rio de

Janeiro, 2006, p. 1082.

[2] FIORILLO, Celso Antônio Pacheco, Curso de direito ambiental brasileiro.

7ª. ed.. Saraiva. São Paulo, 2006 p. 16.

[3] Idem. p. 17. [4] Idem. p. 152. [5] Idem. p. 152.

[6] MORAES, Alexandre. Direito constitucional. 13. ed. Atlas: São Paulo,

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