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CONSELHO DE DISCIPLINA SECÇÃO PROFISSIONAL. Processo n.º 01-17/18

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CONSELHO DE DISCIPLINA

SECÇÃO PROFISSIONAL

Processo n.º 01-17/18

DESCRITORES: Infrações dos clubes – Falta de

Videovigilância – Confissão integral e sem reservas.

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1 Regulamento Disciplinar das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, com

as alterações aprovadas nas Assembleias Gerais Extraordinárias de 27 de junho de 2011, 14 de dezembro de 2011, 21 de maio de 2012, 28 de junho de 2012, 27 de junho de 2013, 20 de junho de 2014, 19 e 29 de junho de 2015, 21 de outubro de 2015, 15 de março de 2016, 28 de junho de 2016 e 07 de fevereiro de 2017.

ESPÉCIE: Processo Disciplinar

ARGUIDA: Moreirense Futebol Clube – Futebol Sad RELATOR: Licínio Lopes Martins

OBJETO: factos ocorridos no jogo n.º 13204, disputado entre a Moreirense Futebol

Clube – Futebol SAD e a Sporting Clube de Braga – Futebol SAD, a contar para 32.ª Jornada da Liga NOS, realizado no dia 5 de Maio de 2016.

DATA DA DECISÃO: 22 de Agosto de 2017 DECISÃO SINGULAR

NORMAS APLICADAS: artigo 127.º, n.º 1, do RDLPFP 2017-18, artigo 35.º, al. t) do

Regulamento das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (doravante, RCLPFP1), al. u) do artigo 6.º, ponto iii da alínea a) e alínea

b) do artigo 13.º e artigo 12.º, todos do ANEXO VI do RCLPFP, e artigo 12.º e artigo 18.º, n.ºs1, 2 e 6, ambos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho.

SUMÁRIO:

A existência e a manutenção em funcionamento de um sistema de videovigilância no âmbito da realização de espetáculos desportivos constitui um dever legal e regulamentar dos respetivos organizadores. A violação deste dever consubstancia o cometimento de uma infracção disciplinar p.e.p. pelo artigo 127.º do RDLPFP, por violação do disposto sob a alínea t) do artigo 35.º e al. u) do artigo 6.º do Anexo VI, ambos do RCLPFP, com guarida nos n.ºs 1 e 2 do artigo 18.º, da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho.

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DESPACHO

I – Relatório

A Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (doravante, CI), na sequência de despacho do Relator do Processo, de 10/07/2017, para apuramento de eventual responsabilidade disciplinar da Moreirense Futebol Clube – Futebol SAD, por esta não ter junto aos autos, após notificação para o efeito, a “gravação do sistema de vigilância (vídeo) do túnel de acesso aos balneários, referente aos 30 minutos que se seguiram ao termo do jogo”, tendo a Moreirense Futebol Clube comunicado que “não dispunha das mesmas, pelo que não as poderia fornecer”. Por tal motivo, o Processo foi remetido à Exma. Comissão de Instrutores da Liga, que procedeu às diligências instrutórias adequadas e necessárias, tendo concluído pela existência de “significativos indícios de que a Moreirense Futebol Clube – Futebol, SAD não manteve em funcionamento (no jogo supra identificado) um sistema de videovigilância, concretamente, a unidade de armazenamento/disco rígido que integra”, indiciando tal conduta o cometimento do ilícito disciplinar p e p no artigo 127.º, n.º 1, do RDLPFP 2016 (“Inobservância de outros deveres”), em conjugação com o estatuído no artigo 35.º, alínea t) do Regulamento de Competições Organizadas pela Liga de Futebol Profissional e alínea u) do artigo 6.º do Anexo IV deste mesmo Regulamento. Por da Instrução resultar indiciada a prática da infracção referida, determinou-se, nos termos do artigo 268.º do RDLPFP, a conversão do Processo de Inquérito n.º 13-16/17 em Processo Disciplinar, tendo como Arguida a Moreirense Futebol Clube Futebol SAD, para efeitos de apuramento de responsabilidade disciplinar.

Concluída a atividade instrutória, o Ilustre Instrutor considerou estar indiciariamente demonstrada a factualidade que constitui o objeto do presente processo disciplinar, pelo que deduziu a Acusação constante dos autos, que aqui se dá por inteiramente reproduzida, contra a Arguida, por resultar suficientemente indiciada a verificação da referida infração disciplinar. Após, foram os presentes autos remetidos pela CI a esta Secção Profissional do Conselho de Disciplina da FPF.

A audiência disciplinar foi agendada para o dia 22 de abril de 2017, pelas 14h, na Cidade do Futebol. Audiência que não viria a ter lugar, por, em tempo útil, por requerimento junto aos autos, ter a Arguida confessado, integralmente e sem reservas, os factos que lhe são imputados na Acusação, a qual foi julgada válida e eficaz. Atenta a validade e eficácia da confissão integral

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e sem reservas da Arguida, foi de imediato dada sem efeito a audiência disciplinar, ao abrigo do disposto na primeira parte do n.º 4 do artigo 245.º do RDLPFP.

II – Competência do Conselho de Disciplina

De acordo com o artigo 43.º, n.º 1 do RJFD20082, compete a este Conselho, de acordo com a lei

e com os regulamentos e sem prejuízo de outras competências atribuídas pelos estatutos e das competências da liga profissional, instaurar e arquivar procedimentos disciplinares e, colegialmente, apreciar e punir as infrações disciplinares em matéria desportiva.

No mesmo sentido, dispõe o artigo 14.º do Regimento deste Conselho3.

III – Fundamentação de facto

§1. A prova no direito disciplinar desportivo

Na ausência de disposições próprias e específicas de apreciação da prova no direito disciplinar, as garantias de defesa do arguido aconselham o recurso, a título subsisdiário, aos princípios gerais do direito, incluindo do direito processual penal, com as necessárias adaptações. Assim, como decorre do artigo 127.º do CPP, a prova é apreciada “segundo as regras da experiência comum e a livre convicção da entidade competente”, sem prejuízo, como é óbvio, do princípio da presunção da inocência (estabelecido no artigo 32.º, da CRP) e do princípio “in dubio pro reo”. Deste modo, mesmo quando houver documentação da prova, impõe-se a sua livre apreciação, devidamente fundamentada segundo as regras da experiência e segundo juízos de normalidade e razoabilidade, no sentido de que uma das soluções plausíveis, mas sempre uma solução justa e e adequada à concreta materialidade do objecto do processo. Em suma, a aceitação de toda a prova está dependente da convicção do julgador que, embora sendo uma convicção pessoal, terá que ser objetivável e motivável. Assim, o julgador, tal como, no exercício do poder disciplinar, a autoridade competente, tem a liberdade de formar a sua convicção sobre os factos submetidos a julgamento com base no juízo que se fundamenta no mérito objetivamente concreto do caso, na sua individualidade histórica, tal como ele foi exposto e adquirido representativamente no processo.

2 Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 248 -B/2008, de 31 de dezembro (regime jurídico das federações desportivas e do

estatuto de utilidade pública desportiva) e alterado pelo artigo 4.º, alínea c), da Lei n.º 74/2013, de 6 de setembro (Cria o Tribunal Arbitral do Desporto e aprova a respetiva lei) e ainda pelos artigos 2º e 4º Decreto-Lei n.º 93/2014, de 23 de junho, cujo texto consolidado constitui anexo a este último.

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§2. Factos provados

Consideram-se provados os seguintes factos:

a) No dia 05 de Maio de 2017, foi disputado jogo entre Moreirense Futebol Clube – Futebol SAD

e a Sporting Clube de Braga – Futebol SAD, no âmbito da 32.ª Jornada da Liga NOS, no Estádio que pertence e é utilizado por aquela, denominado Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas.

b) Apesar de notificada para juntar aos autos de recurso hierárquico impróprio de número

45-16/17, que correu termos na Secção Profissional do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, “a gravação do sistema de vigilância (vídeo) do túnel de acesso aos balneários, referente aos 30 minutos que se seguiram ao termo do jogo”, a Arguida “comunicou que não dispunha das mesmas, pelo que não as poderia fornecer” (cfr. pág. 4 do Acórdão proferido nos referido autos de recurso hierárquico impróprio e mensagens de correio electrónico datadas de 26/05/2017 e 29/05/2017, de fls. 66 dos autos do presente Processo).

c) Não existia, em 26/05/2017 ou anteriormente, qualquer equipamento adstrito ao sistema de

videovigilância em apreço com que se visasse prevenir danos causados por picos de corrente eléctrica.

d) Pelo menos desde 26/05/2017 até 29/05/2017, a Arguida não manteve em funcionamento o

sistema de videovigilância instalado no estádio que utiliza, designadamente a sua parte destinada à gravação e arquivo das imagens capturadas.

e) A Arguida Moreirense Futebol Clube – Futebol SAD, conhecendo-se responsável pela

manutenção em funcionamento do sistema de videovigilância, descurou o cumprimento desse dever, não tomando as medidas adequadas para esse efeito, designadamente, na medida em que não assegurou a preservação do arquivo das imagens captadas.

f) Arguida Moreirense Futebol Clube – Futebol SAD agiu de forma livre, consciente e voluntária,

bem sabendo que o seu comportamento omissivo, por pôr em causa a verdade e a justiça desportivas, impedindo ou muito dificultando a acção disciplinar, consubstancia conduta prevista e punida pelo ordenamento jus-disciplinar desportivo.

g) A Arguida Moreirense Futebol Clube – Futebol SAD, tem antecedentes disciplinares na época desportiva 2016/2017 (cfr. fls. 63 dos autos).

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Não existem quaisquer factos com relevo para a decisão do processo que não tenham resultado provados.

§4. Motivação quanto à matéria de facto

No caso vertente, para a formação da nossa convicção, foi tido em consideração todo o acervo probatório carreado para os autos, o qual foi objeto de uma análise crítica à luz de regras de experiência comum e segundo juízos de normalidade e razoabilidade, tendo sido devidamente ponderados todos os documentos constantes dos autos, assim como a confissão integral e sem reservas da Arguida.

IV – Fundamentação de direito

§1. Enquadramento jurídico-disciplinar – Fundamentos e âmbito do poder disciplinar

1. O poder disciplinar exercido no âmbito das competições organizadas pela Federação Portuguesa de Futebol – ou, por delegação, pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional – assume natureza pública.

Com clareza, concorrem para esta proposição as normas constantes do artigo 19.º, n.ºs 1 e 2, da Lei n.º 5/2007 de 16 de janeiro (Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto), e dos artigos 10.º e 13.º, alínea i), do RJFD2008.

2. A existência de um regulamento disciplinar justifica-se pelo dever legal – artigo 52.º, n.º 1, do RJFD2008 – de sancionar a violação das regras de jogo ou da competição, bem como as demais regras desportivas, nomeadamente as relativas à ética desportiva, entendendo-se por estas últimas as que visam sancionar a violência, a dopagem, a corrupção, o racismo e a xenofobia, bem como quaisquer outras manifestações de perversão do fenómeno desportivo (artigo 52.º, n.º 2, do RJFD2008).

O poder disciplinar exerce-se sobre os clubes, dirigentes, praticantes, treinadores, técnicos, árbitros, juízes e, em geral, sobre todos os agentes desportivos que desenvolvam a atividade desportiva compreendida no seu objeto estatutário (artigo 54.º, n.º 1, do RJFD2008).

Em conformidade com o artigo 55.º do RJFD2008 o regime da responsabilidade disciplinar é independente da responsabilidade civil ou penal.

3. Todo este enquadramento, representa, entre tantas consequências, que estamos perante um poder disciplinar que se impõe, em nome dos valores mencionados, a todos os que se encontram a ele sujeito, conforme o âmbito já delineado e que, por essa razão, assenta na

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prossecução de finalidades que estão bem para além dos pontuais e concreto interesses desses agentes e organizações desportivas.

Das infrações disciplinares em geral

O RDLPFP encontra-se estruturado, no estabelecer das infrações disciplinares, pela qualidade do agente infrator – clubes, dirigentes, jogadores, delegados dos clubes e trinadores, demais agentes desportivos, espectadores, árbitros, árbitros assistentes, observadores de árbitros e delegados da Liga.

Para cada um destes tipos de agente o RDLPFP recorta tais infrações e respetivas sanções em obediência ao grau de gravidade dos ilícitos, qualificando assim as infrações como muito graves, graves e leves.

Das infrações disciplinares concretamente imputadas à Arguida

No caso concreto situamo-nos no universo das infrações específicas dos clubes4.

Como se encontra demonstrado nos autos do Processo e, especificamente, na respetiva Acusação, na época desportiva 2016/2017, a Moreirense Futebol Clube – Futebol SAD disputou a Liga NOS, organizada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, encontrando-se, por isso, submetida ao Regulamento Disciplinar das Competições organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, na versão então vigente5 e ao exercício da acção disciplinar por parte do

Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (artigos 3.º, n.º 1, 4.º, n.º 1, alínea a), 5.º, n.º 1, e 7.º, n.º 2, todos do RDLPFP 2016-17). E, de igual modo, submetida ao RCLPFP. À data dos factos estatuía o artigo 35.º, al. t) do RCLPFP (aliás, em tudo semelhante ao da versão actualmente vigente deste Regulamento), sob a epígrafe “Medidas preventivas para evitar

manifestações de violência e incentivo ao fair-play”, que “Em matéria de prevenção de violência e promoção do fair-play, são deveres dos clubes: (…) t) instalar e manter em funcionamento

um sistema de videovigilância, de acordo com o preceituado nas leis aplicáveis”. Dever este

que é igualmente estabelecido para o “promotor do espetáculo desportivo” na al. u) do artigo 6.º do ANEXO VI do mesmo Regulamento. E, atenta a remissão que fazem os preceitos

4 Título II (Infrações disciplinares), Capítulo IV (Infrações disciplinares), Secção I (Infrações específicas dos clubes),

Subsecção I (Infrações disciplinares muito graves).

5 Aprovado na Assembleia Geral Extraordinária de 27 de junho de 2011, com as alterações aprovadas nas Assembleias

Gerais Extraordinárias de 14 de dezembro de 2011, 21 de maio de 2012, 06 e 28 de junho de 2012, 27 de junho de 2013, 19 e 29 de junho de 2015, 08 de junho de 2016, e 15 de junho de 2016.

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regulamentares anteriormente apontados, importa ter presente o disposto no artigo 12.º e artigo 18.º, n.ºs1, 2 e 6, ambos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho.

Em particular, com a epígrafe “Sistema de videovigilância”, prescreve o artigo 18.º desta Lei que “1 - O promotor do espetáculo desportivo em cujo recinto se realizem espetáculos desportivos

de natureza profissional ou não profissional considerados de risco elevado, sejam nacionais ou internacionais, instala e mantém em perfeitas condições um sistema de videovigilância que

permita o controlo visual de todo o recinto desportivo, e respetivo anel ou perímetro de segurança, dotado de câmaras fixas ou móveis com gravação de imagem e som e impressão de fotogramas, as quais visam a proteção de pessoas e bens, com observância do disposto na Lei da Proteção de Dados Pessoais, aprovada pela Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro”. Adiantando no n.º 2 que “A gravação de imagem e som, aquando da ocorrência de um espetáculo desportivo,

é obrigatória, desde a abertura até ao encerramento do recinto desportivo, devendo os respetivos registos ser conservados durante 90 dias, por forma a assegurar, designadamente, a utilização dos registos para efeitos de prova em processo penal ou contraordenacional, prazo findo o qual são destruídos em caso de não utilização”. Terminando, na parte pertinente

para os Autos, com a seguinte determinação no n.º 6: “O organizador da competição desportiva pode aceder às imagens gravadas pelo sistema de videovigilância, para efeitos exclusivamente disciplinares e no respeito pela Lei da Proteção de Dados Pessoais, aprovada pela Lei n.º 67/98, de 26 de outubro, devendo, sem prejuízo da aplicação do n.º 2, assegurar-se das condições de reserva dos registos obtidos”.

Ora, como ficou demonstrado, a Arguida participou, na época desportiva 2016/2017, na Liga

NOS, que corresponde ao mais elevado escalão das competições organizadas pela Liga

Portuguesa de Futebol Profissional. Pelo que, atendendo ao disposto no artigo 12.º da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho6, e ao Despacho constantes dos Autos (a fls. 73 a 74 e a fls. 80 a 81), a

6 O referido artigo 12.º qualifica os espectáculos do seguinte modo: “1 - Quanto aos espetáculos desportivos com

natureza internacional (…). 2 - Quanto aos espetáculos desportivos com natureza nacional, consideram-se de risco elevado aqueles: a) Que forem definidos como tal por despacho do presidente do IPDJ, I. P., ouvida a força de segurança territorialmente competente e a respetiva federação desportiva ou, tratando-se de uma competição desportiva de natureza profissional, a liga profissional; b) Em que esteja em causa o apuramento numa competição por eliminatórias nas duas eliminatórias antecedentes da final; c) Em que o número de espetadores previstos perfaça 80 % da lotação do recinto desportivo; d) Em que o número provável de adeptos da equipa visitante perfaça 20 % da lotação do recinto desportivo; e) Em que os adeptos dos clubes intervenientes hajam ocasionado incidentes graves em jogos anteriores; f) Em que os espetáculos desportivos sejam decisivos para ambas as equipas na conquista de um troféu, acesso a provas internacionais ou mudança de escalão divisionário. 3 - Consideram-se, por regra, de risco reduzido os espetáculos desportivos respeitantes a competições de escalões juvenis e inferiores. 4 - Consideram-se de risco normal os espetáculos desportivos não abrangidos pelos números anteriores. 5 - Tendo em vista a avaliação a que se referem a alínea a) do n.º 1 e a alínea a) do n.º 2, a federação desportiva ou liga profissional respetiva deve

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Arguida promoveu, na época desportiva em causa, espetáculos desportivos que, nos termos dos preceitos legais aplicáveis, já referidos, são considerados de risco elevado: Por ser “promotor do

espetáculo desportivo em cujo recinto se realizem espetáculos desportivos de natureza profissional ou não profissional considerados de risco elevado” (artigo 18.º, n.º 1, da Lei n.º

39/2009, de 30 de Julho.), a Arguida estava obrigada, na data dos factos, nos termos conjugados da alínea t) do artigo 35.º e da alínea u) do artigo 6.º do Anexo VI, ambos do RCLPFP, e do artigo 18.º, n.º 1, da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, a instalar, manter em perfeitas condições e em

funcionamento, um sistema de videovigilância7, bem como a gravar imagem e som, aquando

da ocorrência de espetáculo desportivo, desde a abertura até ao encerramento do recinto desportivo, conservando os respetivos registos durante 90 dias, por forma a assegurar, designadamente, a utilização dos registos para efeitos de prova em processo penal ou contra-ordenacional. Obrigações legais e regulamentares que a Arguida não cumpriu.

§2. O caso concreto: subsunção ao direito aplicável

Como se referiu, em cumprimento das formalidades regulamentares, foi designada data para a audiência disciplinar, a ter lugar no dia 22 de agosto de 2017, pelas 14h, na Cidade do Futebol, perante formação colegial desta Secção Disciplinar. Por requerimento, por meio de documento particular com assinatura reconhecida presencialmente nos termos das leis notariais, veio a Arguida, nos termos do disposto no artigo 245.º n.º 2 do RDLPFP, confessar, integralmente e sem reserva, todos os factos que lhe são imputados na acusação.

Em face do respectivo teor e dos documentos juntos, não se suscita qualquer dúvida quanto à genuinidade e fidedignidade da confissão, não se tornando, assim, necessário determinar a comparência pessoal dos legais representantes do Arguido, ao abrigo do disposto no art.º 245º. nº 5, do RDLPFP.

Por sua vez, no aspeto substantivo, não oferece qualquer dúvida que a sua externação quanto aos factos em causa, a confissão foi feita de modo espontâneo e sem reservas. E, no aspecto

remeter ao IPDJ, I. P., antes do início de cada época desportiva, relatório que identifique os espetáculos suscetíveis de classificação de risco elevado, sendo tal relatório reencaminhado para as forças de segurança, para apreciação. 6 - As forças de segurança podem, fundamentadamente, colocar à apreciação do IPDJ, I. P., a qualificação de determinado espetáculo desportivo”.

7 Sistema que deve permitir o controlo visual de todo o recinto desportivo, e respetivo anel ou perímetro de

segurança, dotado de câmaras fixas ou móveis com gravação de imagem e som e impressão de fotogramas, as quais visam a proteção de pessoas e bens, com observância do disposto na Lei da Proteção de Dados Pessoais, aprovada pela Lei n.º 67/98, de 26 de outubro (cfr. artigo 18.º, n.º 1, da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho).

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adjectivo, a confissão observou o estabelecido no já citado nº 2 do artº 245º do RD. Assim, sendo tempestiva e cumprindo, como cumpre, os requisitos formais previstos na citada norma, julgamos a referida confissão plenamente válida e eficaz.

Efectivamente, nos termos do artigo 245.º do RDLPFP, até ao início da produção da prova na audiência disciplinar, o arguido pode confessar integralmente e sem reservas os factos que lhe são imputados (n.º 1). Se tiver lugar antes do dia designado para a audiência disciplinar, a confissão é efetuada por documento autêntico ou autenticado ou por documento particular com assinatura reconhecida presencialmente nos termos das leis notariais (n.º 2). A confissão pode ainda ser subscrita pelo defensor do arguido, desde que munido de poderes especiais para o ato conferido nos termos do número anterior (n. 3). Pelo que, impõe-se responder à segunda questão, pois, nos termos do disposto no artigo 245.º n.º 4 RDLPFP, uma vez confessados os factos, é a audiência disciplinar dada sem efeito e, seguidamente, o Relator, por despacho sumariamente fundamentado, procede à sua qualificação jurídica e à determinação da sanção aplicável.

Nos termos do estatuído na segunda parte do n.º 4 do artigo 245.º do RDLPFP, cumpre qualificar juridicamente os factos imputados à Arguida na Acusação – considerados integralmente provados – e determinar as sanções concretamente aplicáveis.

O artigo 17.º (Conceito de infração disciplinar), n.º 1, do RDLPFP estatui que se considera infração disciplinar o facto voluntário, por ação ou omissão, e ainda que meramente culposo, que

viole os deveres gerais ou especiais previstos nos regulamentos desportivos e demais legislação aplicável8.

Como resulta da Acusação, vem imputada à Arguida a prática da infração disciplinar já descrita e se dúvidas algumas existissem, mostrar-se-iam totalmente desvanecidas face à confissão da Arguida. Pelo que, tendo ficado demonstrado que:

i) Pelo menos até 20/06/2017 (data do depoimento cujo auto consta de fls. 31 e ss. dos Autos), o sistema de videovigilância, em condições normais de funcionamento, guardava apenas as imagens dos 30 dias imediatamente antecedentes, não conservando os respectivos registos durante 90 dias, tal corresponde ao

8 “Considera-se infração disciplinar o facto voluntário, por ação ou omissão, e ainda que meramente culposo, que

viole os deveres gerais ou especiais previstos nos regulamentos desportivos e demais legislação aplicável” (artigo 7.º, n.º 1 do RDLPFP 2017-18).

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incumprimento do determinado no citado n.º 2 do artigo 18.º, n.º 1, da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho;

ii) Não existia, em 26/05/2017 ou anteriormente, qualquer equipamento adstrito ao sistema de videovigilância, com que se visasse prevenir danos causados por picos de corrente eléctrica, consubstanciando este facto a violação de um especial dever de cuidado que impende sobre a Arguida, por estar submetida ao RCLPFP, designadamente, ao disposto sob a alínea t) do artigo 35.º e al. u) do artigo 6.º do seu Anexo VI;

iii) Pelo menos desde 26/05/2017 até 29/05/2017 a Arguida não manteve em funcionamento o sistema de videovigilância instalado no estádio que utiliza, designadamente a sua parte destinada à gravação e arquivo das imagens capturadas, pelo que, com tal facto, violou as prescrições sob a alínea t) do artigo 35.º e al. u) do artigo 6.º do Anexo VI, ambos do RCLPFP, e sob o n.º 1 do artigo 18.º, da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho.

Dito isto, e sem necessidade de maiores considerações, uma vez que a Arguida agiu de forma livre, consciente e voluntária, bem sabendo que sobre ela impendiam os deveres legais regulamentares citados é de concluir que a conduta da Arguida preenche o tipo de ilícito disciplinar que lhe é imputado pela Acusação, mostrando-se inteiramente preenchidos os respetivos elementos objetivos e subjectivos, ou seja, que a Arguida praticou uma infracção disciplinar p.e.p. pelo artigo 127.º do RD LPFP 2017-18 [Inobservância de outros deveres], por violação do disposto sob a alínea t) do artigo 35.º e al. u) do artigo 6.º do Anexo VI, ambos do RC, e sob o n.ºs 1 e 2 do artigo 18.º, da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho.

Concluindo-se que se verifica a ocorrência da infração disciplinar que lhe é imputada, importa, agora, determinar a medida concreta da pena disciplinar aplicável à Arguida.

V – Medida e graduação da sanção

1. É no Capítulo III (medida e graduação das sanções), artigos 52.º a 61.º, do RDLPFP2016 que nos deparamos com as normas que possibilitam alcançar a medida concreta da sanção, tendo sempre presente o princípio da proporcionalidade patente no artigo 10.º:

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«As sanções disciplinares aplicadas como consequência da prática das infrações disciplinares previstas no presente Regulamento devem ser proporcionais e adequadas ao grau da ilicitude do facto e à intensidade da culpa do agente.»

Também como princípio mentor da tarefa de concretização da medida da sanção deve ter-se como revelante o disposto no artigo 52.º (Determinação da medida da sanção):

«A determinação da medida da sanção, dentro dos limites definidos no presente Regulamento, far-se-á em função da culpa do agente, tendo ainda em conta as exigências de prevenção de futuras infrações disciplinares.»

Adita o n.º 2 deste artigo que, na determinação da sanção, atender-se-á a todas as circunstâncias que, não fazendo parte do tipo da infração, militem a favor do agente ou contra ele.

Por seu lado, o artigo 53.º, vem estabelecer as circunstâncias agravantes, no seu n.º 1:

«1. Constituem especiais circunstâncias agravantes de qualquer infração disciplinar: a) a reincidência;

b) a premeditação;

c) a acumulação de infrações;

d) a combinação com outrem para a prática da infração; e) a dissimulação da infração;

f) a prática da infração com o objetivo ou a finalidade de impedir a deteção ou a punição de outra infração.»

Cabe ao artigo 55.º, n.ºs 1 a 3, elencar as circunstâncias atenuantes:

«1. São especiais circunstâncias atenuantes das faltas disciplinares: a) o bom comportamento anterior;

b) a confissão espontânea da infração; c) a prestação de serviços relevantes ao futebol; d) a provocação;

e) o louvor por mérito desportivo.

2. Para além das atenuantes previstas no número anterior, é ainda considerada como circunstância especialmente atenuante o cumprimento de uma pena de suspensão que posteriormente venha a ser reduzida ou revogada por decisão final na ordem jurídica desportiva caso a suspensão já tenha sido integral ou parcialmente cumprida.

3. Além destas, poderão excecionalmente ser consideradas outras atenuantes, quando a sua relevância o justifique.»

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Há ainda a registar a possibilidade de atenuação especial da sanção, prevista no artigo 60.º:

«A sanção concretamente aplicada, depois de determinada ao abrigo do disposto nos artigos anteriores, poderá ainda ser especialmente atenuada quando existam circunstâncias anteriores, contemporâneas ou posteriores à infração que diminuam por forma acentuada a ilicitude do facto ou a culpa do agente.»

Feita esta resenha regulamentar e volvendo ao caso concreto, ponderando a moldura disciplinar abstrata, tendo presentes e sopesando todas as circunstâncias a atender na determinação da sanção e, bem assim, as exigências de prevenção geral (positiva e negativa) e especial de futuras infrações disciplinares, nomeadamente desta índole, julga-se adequado punir a Arguida com a sanção de multa que se fixa em 5 UC, o que se traduz em 510 euros de multa (quinhentos e dez euros).

No entanto, tendo em vista a determinação das sanções disciplinares concretamente aplicáveis à Arguida, temos de ter em devida consideração os seguintes aspetos:

- por um lado, a aplicação do regime disciplinar mais favorável à Arguida que resulta do artigo 127.º do RDLPFP2017 (ex vi artigo 11.º deste mesmo Regulamento), ou seja, a aplicação de uma “sanção de multa de montante a fixar entre o mínimo de 2 UC e o máximo de 10 UC”;

- por um lado, a confissão integral e sem reservas da infração, que milita a favor da Arguida, reduzindo a metade os limites mínimo e máximo das sanções de natureza pecuniária aplicáveis (cf. artigo 245.º, n.º 6 do RDLPFP2017), ou seja, a moldura sancionatória da sanção de multa em apreço passa a estar fixada entre o mínimo de 1 UC e o máximo de 5 UC, e dispensando a mesma do pagamento das custas do procedimento, mas não das despesas a que haja dado lugar; - e ainda o fator de ponderação de 0,75 aplicável às sociedades desportivas da I Liga (cf. artigo 36.º, n.º 2 do RDLPFP2017).

Tudo sopesado, julga-se adequado punir a Arguida com a sanção de multa que se fixa em 2,5 UC, sendo ainda esta objeto do fator de ponderação de 0,75. A Arguida fica dispensada do pagamento de custas.

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VI - Decisão

Nos termos e com os fundamentos expostos, vai a Arguida Moreirense Futebol Clube – Futebol SAD condenada pela prática da infração disciplinar p. e p. pelo artigo 127.º do RDLPFP, por violação do disposto sob a alínea t) do artigo 35.º e al. u) do artigo 6.º do Anexo VI, ambos do RCLPFP, e sob o n.ºs 1 e 2 do artigo 18.º, da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na sanção de 192 (cento e noventa e dois) euros de multa, em conformidade com os artigos 245.º, n.º 6, 36.º, n.ºs 2, 5 e 6 do RDLPFP2017.

Sem custas (artigo 245.º, n.º 6 do RDLPFP2017).

Registe, notifique e publicite.

Oeiras, Cidade do Futebol, 22 de agosto de 2017.

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RECURSO DESTA DECISÃO

Os atos materialmente administrativos – considerando-se, como tais, os atos que ponham termo ao procedimento disciplinar (artigo 290.º, n.º 2, do RDLPFP2016) – proferidos singularmente pelos membros da Secção Profissional do Conselho de Disciplina são impugnáveis apenas por via de recurso hierárquico impróprio para o pleno dessa mesma Secção (artigos 287.º, n.º 2, e 290.º, n.º 1, ambos do RDLPFP2016).

O referido recurso é interposto por meio de requerimento devidamente fundamentado dirigido ao Presidente do Conselho de Disciplina e apresentado no prazo de 5 (cinco) dias (artigo 292.º, n.º 1, do RDLPFP2016).

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