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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 4ª Turma GMCB/fmc

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Academic year: 2021

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Firmado por assinatura digital em 07/06/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP A C Ó R D Ã O

4ª Turma

GMCB/fmc

AGRAVO DE INSTRUMENTO.

DEPRESSÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DOENÇA QUE NÃO GERA PRESUNÇÃO DE ESTIGMA OU PRECONCEITO. INAPLICABLIDADE DA SÚMULA Nº 443.

DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.

PROVIMENTO.

Diante de possível configuração de divergência jurisprudencial em relação à decisão proferida pelo egrégio Tribunal Regional, o processamento do recurso de revista é medida que se impõe.

Agravo de instrumento a que se dá provimento.

RECURSO DE REVISTA.

DEPRESSÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DOENÇA QUE NÃO GERA PRESUNÇÃO DE ESTIGMA OU PRECONCEITO. INAPLICABLIDADE DA SÚMULA Nº 443. PROVIMENTO.

Segundo o entendimento consolidado nesta colenda Corte Superior, a dispensa imotivada de um determinado empregado encontra respaldo no poder diretivo do empregador, razão pela qual, por si só, não gera direito ao pagamento de compensação por dano moral nem direito de reintegração ao emprego.

Ocorre, todavia, que devem ser

consideradas algumas exceções, como aquelas previstas na Súmula nº 443, cujo teor preconiza que a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito acarretaria a presunção de discriminação e, por conseguinte, daria o direito ao empregado de reintegração no emprego.

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Na hipótese vertente, depreende-se da leitura do v. acórdão recorrido que, embora o reclamante apresentasse um quadro clínico diagnosticado como depressão, o reclamado o despediu imotivadamente, razão pela qual o egrégio Tribunal Regional presumiu que houve dispensa discriminatória.

Conquanto a depressão seja uma doença considerada grave, apta a limitar as

condições físicas, emocionais e

psicológicas de uma pessoa, não é possível enquadrá-la como uma patologia que gera estigma ou preconceito. Logo, se não há elementos probatórios que ratifiquem a conduta discriminatória do empregador, o empregado não tem direito de reintegração ao emprego.

Considerando, pois, que, no caso em questão, não existem provas no sentido de que a despedida do reclamante tenha decorrido de discriminação em virtude da depressão que o acomete, ele não tem direito de reintegração ao seu posto de trabalho, porquanto não é possível presumir a dispensa discriminatória de uma doença que não é estigmatizante.

Recurso de revista de que se conhece e ao qual se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-1037-46.2014.5.02.0081, em que é Recorrente SERVIÇO

SOCIAL DO COMÉRCIO - SESC e Recorrido MARCO ANTÔNIO DOS SANTOS.

O reclamado interpõe o presente agravo de instrumento contra a d. decisão por meio da qual a Vice-Presidência do egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região negou seguimento ao seu recurso de revista.

Alega o agravante, em síntese, que o seu apelo merece ser destrancado, porquanto devidamente comprovado o enquadramento da hipótese vertente no artigo 896, "a" e “c”, da CLT.

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Firmado por assinatura digital em 07/06/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP Contraminuta ao agravo de instrumento e contrarrazões ao recurso de revista foram apresentadas.

O d. Ministério Público do Trabalho não oficiou nos autos.

É o relatório.

V O T O

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO 1. CONHECIMENTO

Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade,

conheço do agravo de instrumento. 2. MÉRITO

2.1. DEPRESSÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DOENÇA QUE NÃO GERA PRESUNÇÃO DE ESTIGMA OU PRECONCEITO. INAPLICABLIDADE DA SÚMULA Nº 443.

No tocante ao tema, o egrégio Tribunal Regional assim decidiu:

“Razão não assiste à ré.

O Sr. Perito, da confiança do juízo, às fls. 143/147-v, após submeter o trabalhador a exame psíquico, constatou que:

„De acordo com a anamnese pericial, reclamante com sintomas de depressão grave CID 32.3.

Faz uso de medicação em tratamento e acompanhamento psiquiátrico, desde a época de trabalho na reclamada.

Não há relação de nexo laboral.

Apresenta incapacidade laboral total por tempo indeterminado.‟ (fls. 146)

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Ainda, em resposta ao quesito 4 do reclamante, ficou esclarecido que o

trabalhador “Atualmente não apresenta condições de trabalho” e que a

incapacidade é temporária (quesito 7), fls. 146.

Além disso, as testemunhas convidadas pelo demandante, às fls. 158-v/159, comprovaram as dificuldades de relacionamento do autor e de outros empregados com a gerente Cláudia e que esta tinha conhecimento do estado de saúde do trabalhador. Vale ressaltar o depoimento da segunda

testemunha, nos seguintes termos: “(...) o autor foi despedido em janeiro de

2014; o tratamento de Cláudia com os subordinados era totalmente rude; recorda de uma reunião com Cláudia e a gerente adjunta Maracélia e Cláudia se referiu a uma sugestão de Maracélia, dizendo que não interessava dizendo que ela era a gerente e era quem decidia as coisas; em outra ocasião com o coordenador Ricardo, superior do depoente, não estava presente, Cláudia ficou bastante irritada e disse que „acabaria com ele”; em uma ocasião, Cláudia mandou o subordinado do depoente calar a boca porque estava emitindo opinião sobre política e ela disse que não ia aceitar isso dentro da unidade dela; depois esse funcionário foi despedido por decisão de Cláudia e o depoente diz que o processo de demissão foi complicado com advertências e enfrentamento de Cláudia e querer alterar a escala do funcionário(...)”(g.n.), bem como o depoimento da primeira: “(...) a gerente Cláudia chegava a gritar com o depoente, com o autor e até com a gerente adjunto Maracélia, dizendo que Cláudia fez isso várias vezes com todos e o depoente diz que ela não confiava no trabalho de ninguém e gritava dizendo que não sabiam lidar com as pessoas e que não tinham competência; o reclamante foi despedido pela gerente Cláudia, à revelia do depoente; diz que até hoje não sabe os motivos que levaram Cláudia a despedir o autor; refere que ouviu falar que Cláudia „pegou pesado‟ com o autor durante as férias do depoente; o depoente também foi despedido por Cláudia; normalmente era o autor quem substituía o depoente; no início de 2013 o autor disse que tinha passado num médico e disse que tinha ido ao psiquiatra e este fato também chegou ao conhecimento da gerente Cláudia (...)”(g.n.).

Assim, de uma forma ou de outra, o reclamante estava enfermo e não poderia a ré dispensá-lo, sem qualquer justificativa plausível

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Firmado por assinatura digital em 07/06/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

(motivo disciplinar, administrativo, técnico ou econômico) e sem que isso representasse violação de sua função social.

Nem se argumente que não é possível adotar o entendimento disposto na súmula 443 do TST, eis que é sabido que a depressão gera a necessidade de afastamentos e ocasiona preconceito no ambiente de trabalho.

Correta a r. decisão de origem que, reconhecendo a dispensa discriminatória, determinou a reintegração do trabalhador, bem como o restabelecimento do convênio médico, com pagamento dos salários e demais consectários legais.

Observo, ainda, que, diante da obrigação de fazer, a imposição de multa diária é pertinente para compelir a ré a cumprir espontaneamente a determinação judicial. Denoto que, como o autor já foi reintegrado e restabelecido o convênio médico, fls. 197/198, impertinente a discussão acerca da redução do valor fixado, no importe de R$ 800,00, limitado a R$ 24.000,00 (fls. 169)”.

Nas razões do recurso de revista, o reclamado sustentou que a dispensa do reclamante não poderia ser presumida como discriminatória, visto que a depressão que o acomete não deveria ser considerada como uma doença que gera estigma ou preconceito.

Indicou divergência jurisprudencial e contrariedade à Súmula nº 443.

Não obstante, a autoridade responsável pelo juízo de admissibilidade a quo, por julgar ausente pressuposto de admissibilidade específico, decidiu denegar-lhe seguimento.

Na minuta em exame, o ora agravante, ao impugnar a d. decisão denegatória, reitera suas alegações.

Com razão.

Nos termos do que preconiza o item I da Súmula nº 296, constata-se que o recorrente colacionou aresto oriundo do egrégio Tribunal Regional da 3ª Região, no qual existe uma tese diametralmente oposta àquela do v. acórdão recorrido, no sentido de que a depressão não seria uma doença grave apta a gerar estigma ou preconceito.

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Diante, pois, de possível configuração de divergência jurisprudencial, dou provimento ao agravo de instrumento em exame para determinar o processamento do recurso de revista.

B) RECURSO DE REVISTA 1. CONHECIMENTO

1.1. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Presentes os pressupostos extrínsecos de

admissibilidade recursal, passo ao exame dos pressupostos intrínsecos.

1.2. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

1.2.1. DEPRESSÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DOENÇA QUE NÃO GERA PRESUNÇÃO DE ESTIGMA OU PRECONCEITO. INAPLICABLIDADE DA SÚMULA Nº 443.

Em vista da fundamentação lançada sob o tópico A/2.1., julgo demonstrada a divergência jurisprudencial.

Destarte, com fundamento no artigo 896, “a”, da CLT,

conheço do presente recurso de revista. 2. MÉRITO

2.1. DEPRESSÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DOENÇA QUE NÃO GERA PRESUNÇÃO DE ESTIGMA OU PRECONCEITO. INAPLICABLIDADE DA SÚMULA Nº 443.

Segundo o entendimento consolidado nesta colenda Corte Superior, a dispensa imotivada de um determinado empregado encontra respaldo no poder diretivo do empregador, razão pela qual, por si só, não gera direito ao pagamento de compensação por dano moral nem direito de reintegração ao emprego.

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Firmado por assinatura digital em 07/06/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP Ocorre, todavia, que devem ser consideradas algumas exceções, como aquelas previstas na Súmula nº 443, cujo teor preconiza que a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito acarretaria a presunção de discriminação e, por conseguinte, daria o direito ao empregado de reintegração no emprego.

A título elucidativo, a Súmula nº 443, in verbis:

Súmula

443

do

TST

DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

Na hipótese vertente, depreende-se da leitura do v. acórdão recorrido que, embora o reclamante apresentasse um quadro clínico diagnosticado como depressão, o reclamado o despediu imotivadamente, razão pela qual o egrégio Tribunal Regional presumiu que houve dispensa discriminatória.

Conquanto a depressão seja uma doença considerada grave, apta a limitar as condições físicas, emocionais e psicológicas de uma pessoa, não é possível enquadrá-la como uma patologia que gera estigma ou preconceito. Logo, se não há elementos probatórios que ratifiquem a conduta discriminatória do empregador, o empregado não tem direito de reintegração ao emprego.

Considerando, pois, que, no caso em questão, não existem provas no sentido de que a despedida do reclamante tenha decorrido de discriminação em virtude da depressão que o acomete, ele não tem direito de reintegração ao seu posto de trabalho, porquanto não é possível presumir a dispensa discriminatória de uma doença que não é estigmatizante.

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Ante o exposto, dou provimento ao recurso de revista para julgar improcedente o pedido de reintegração do reclamante ao emprego.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, dar provimento ao agravo e ao agravo de instrumento para, convertendo-o em recurso de revista, determinar a reautuação dos autos e a publicação da certidão de julgamento para ciência e intimação das partes e dos interessados de que o julgamento da revista dar-se-á na primeira sessão ordinária subsequente à data da referida publicação, nos termos do artigo 257 do Regimento Interno desta Corte. Por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, dar-lhe provimento para julgar improcedente o pedido de reintegração do reclamante ao emprego.

Brasília, 06 de junho de 2018.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

CAPUTO BASTOS Ministro Relator

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