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UNA HCE ESCOLA E IDENTIDADE ÉTNICA: INVESTIGANDO A CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS ÉTNICOS EM UMA ESCOLA PÚBLICA (CRICIÚMA, ) orientador

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UNA HCE

ESCOLA E IDENTIDADE ÉTNICA: INVESTIGANDO A CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS ÉTNICOS EM UMA ESCOLA PÚBLICA (CRICIÚMA, 1953-1964)

Claudia O. S. Miranda1, Rodrigo Szymanski2, Dorval do Nascimento3 1Acadêmica de Pedagogia, bolsista PIBIC/CNPq

2Acadêmico de História, bolsista PIBIC/UNESC

3Doutor em História (UFRGS), professor colaborador do PPGE e curso de História (UNESC), orientador

Grupo de Pesquisa Identitare – Investigações em Identidades e Educação PPGE/HCE/UNESC

Resumo

Introdução: O tema das identidades culturais tem sido fundamental para a compreensão do mundo contemporâneo. Estudar a ocorrência de esquemas identitários em outros períodos históricos permite compreender mais apropriadamente a sua problemática nos dias atuais. Objetivos: Buscou-se compreender as relações de identidades étnicas entre grupos sociais presentes em uma escola pública de Criciúma nas décadas de 1950 e 1960, em especial os esquemas de identificação do outro e de afirmação identitária no contexto de divulgação da identidade nacional em uma área de imigração. Metodologia: A pesquisa realizou no Grupo Escolar Professor Lapagesse, principal escola pública da região carbonífera no período estudado. Partiu-se do conceito de cultura escolar e se analisaram as fontes presentes na escola, como livros de matrículas, atas de reuniões pedagógicas e cartilhas escolares. Realizaram-se também 11 (onze) entrevistas com ex-professoras e ex-alunos. Resultados: A partir do conceito de marcador simbólico, presente em diversas obras, observou-se a ocorrência desses elementos que demarcavam a aparição e identificação dos grupos no espaço público escolar. Neste sentido, os marcadores simbólicos que se destacaram foram o sobrenome, sotaque e os insultos de base étnica. Através dessas práticas sociais, além de outras, os grupos sociais estabeleciam suas fronteiras de pertencimento, portanto de inclusão e exclusão de sujeitos. Conclusão: A pesquisa identificou a formação de grupos sociais de caráter étnico, a partir da identificação dos principais itens de realce da condição específica do grupo e da caracterização dos demais. As identidades étnicas eram um fundamental elemento de inclusão e exclusão de sujeitos na realidade escolar.

Palavras-chave: Identidades Culturais, Etnicidade, Escola, História da Educação.

Introdução: O Grupo Escolar Professor Lapagesse foi criado em 15 de agosto de 1932 através do decreto nº 261, de 15/08/1932. A partir de 1940 ocupou prédio especialmente construído para abrigá-lo. No grupo escolar funcionava também o Curso Normal Regional Nicolau Pederneiras. Em vista da importância do grupo escolar como instituição modelo do ensino público, e da carência de instituições de ensino privado na cidade naquele período histórico, a escola constituiu-se como uma instituição multiclassista, tendo atraído uma população de classe média urbana, além dos setores populares, e mesmo os filhos e filhas

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daqueles estratos sociais mais bem situados socialmente. As relações interétnicas que se produziam no grupo escolar ocorriam fundamentalmente a partir do relacionamento entre os grupos de alunos descendentes de italianos e os chamados ‘brasileiros’.

Objetivos: A pesquisa teve como objetivo principal compreender a ocorrência de esquemas identitários relacionados a grupos sociais com características étnicas, e suas relações em uma escola pública de Criciúma nas décadas de 1950 e 1960. Como objetivos específicos buscou-se estudar a constituição de esquemas de identificação baseados na etnicidade; Perceber as formas de afirmação identitária e as modalidades de classificação do outro; Analisar a difusão da identidade nacional pelo sistema de ensino e a maneira como os grupos afirmavam suas identidades neste contexto e relacionar os acontecimentos presentes na cidade e no Estado em termos de políticas públicas de afirmação identitária. Metodologia: O entendimento da pesquisa situa-se a partir do conceito de cultura escolar que põe em destaque um olhar que parte da análise dos aspectos internos da vida escolar, mais do que os processos externos que a influenciam. Isso implica no exame dos processos de exposição, circulação e apropriação de modelos culturais, inclusive aqueles relacionados com afirmação de identidades culturais, levando em conta não somente os dispositivos de normatização, mas também as práticas dos agentes escolares referenciadas na apropriação desses modelos. A partir desse conceito, se trabalhou com dois tipos de fontes documentais. Documentos produzidos pelos órgãos da administração do ensino para serem utilizados pelas escolas (relatórios, anuários, periódicos educacionais, orientações didáticas, manuais escolares, programas de ensino, despachos, entre outros). E com os documentos produzidos pelos agentes educativos (diários, semanários, cadernos e trabalhos dos alunos, provas, livros didáticos, fotografias, depoimentos orais, entre outros). O conjunto de fontes trabalhadas escritas e orais foi relacionado e tematizado a partir do referencial teórico, compondo o conjunto de informações que foram utilizadas na escrita do trabalho final. Foram analisados os livros de matrículas, atas de reuniões pedagógicas, livros e cartilhas escolares, fotografias, e 11 (onze) entrevistas realizadas com ex-professoras e ex-alunos da escola.

Resultados: A percepção do pertencimento étnico dos alunos pareceu dar-se a partir de elementos culturais que esses alunos portavam e que os diferenciava – ou agrupava – em torno de características comuns. Foram estudados três marcadores simbólicos que se destacaram: sobrenome, sotaque e insultos. O sobrenome adquire enorme importância como marcador simbólico nas áreas de imigração. Com dificuldades para diferenciar publicamente os grupos de pertencimentos a partir de seu modo de vida, os patronímicos funcionam como um marcador simbólico de pertencimento no espaço público, em sociedades cada vez mais homogêneas do ponto de vista cultural. O patronímico torna-se um etnônimo, isto é, passa a designar um grupo humano supostamente provido de uma identidade própria e homogênea. Um outro marcador simbólico importante que apareceu na pesquisa está relacionado ao uso da língua portuguesa. A escola tinha a preocupação com o uso culto da língua quanto ao escrever e ao falar. Havia, pelo menos, duas associações escolares que atuavam no sentido de inculcar nos alunos/as o bom uso da língua, além das aulas específicas, no caso a Liga Pró-Língua Nacional Rui Barbosa e o Clube de Leitura. Apareceu na pesquisa diversos relatos referentes ao falar com sotaque em se tratando de descendentes de italianos. O rir do ‘italiano’ rústico que fala com sotaque carregado e o diferenciá-lo dos ‘italianos’ do centro da cidade faz parte do mesmo imaginário que atribuía a esse grupo social uma posição ambígua naquele período histórico em áreas de imigração. Os insultos deste tipo parecem não ocorrer com muita freqüência, até porque havia toda uma série de dispositivos no grupo escolar que buscavam controlar os movimentos e as relações entre os/as alunos/as, destes com as professoras e diretora. Entretanto, registraram-se algumas ocorrências. Não apenas se ofendia o indivíduo, mas também o conjunto do grupo étnico por ele representado.

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Conclusão: A inserção do grupo escolar em área de imigração no sul do Brasil definiu as relações de identidades étnicas que se deram principalmente entre descendentes de italianos e ‘brasileiros’. A escola mantinha um forte aparato de vigilância, além de que havia a divulgação dos valores vinculados à nacionalidade brasileira que se traduziam nas festas escolares e atividades cívicas. Não obstante, a identificação de grupos étnicos de pertencimento, a partir do realce de marcadores simbólicos, apareceu na documentação escrita e oral. Essas relações foram marcadas pela ambigüidade, expressa na condição ‘italiana’ de minoria cultural e boa posição social, ocorrendo o contrário do lado ‘brasileiro’.

Referências:

BARTH, Fredrik. Os Grupos Étnicos e Suas Fronteiras. In: POUTIGNAT, Philippe e STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da Etnicidade. São Paulo: UNESP, 1998.

HALL, Stuart. Quem Precisa da Identidade? In: DA SILVA, Tomaz Tadeu (organizador).

Identidade e Diferença – A Perspectiva dos Estudos Culturais. 4ª edição. Petrópolis: Vozes,

2000.

______. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. 5ª edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. ______. Da diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003, p. 49 – 94.

KREUTZ, Lúcio. Identidade Étnica e Processo Escolar. Cadernos de Pesquisa. Dossiê Etnia e Educação. Nº 107, julho/1999, p. 79 – 96.

LESSER, Jeffrey. A Negociação da Identidade Nacional – Imigrantes, Minorias e a Luta Pela

Etnicidade no Brasil. São Paulo: UNESP, 2001.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Identidade, Etnia e Estrutura Social. São Paulo: Pioneira, 1976.

POUTIGNAT, Philippe. Teorias da Etnicidade. São Paulo: UNESP, 1998. SEYFERTH, Gyralda. Imigração e Cultura no Brasil. Brasília: UnB, 1990.

SILVA, Tomaz Tadeu (organizador). Identidade e Diferença – A Perspectiva dos Estudos

Culturais. 4ª edição. Petrópolis: Vozes, 2000.

VILLAR, Diego. Uma Abordagem Crítica ao Conceito de “Etnicidade” na Obra de Fredrik Barth. Mana, vol. 10, nº 1, p. 165 – 192, abr/2004.

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DUAS ESPÉCIES NOVAS DE ALITOCORIS (HEMIPTERA, PENTATOMIDAE, DISCOCEPHALINAE) AD AMÉRICA DO SUL

Thereza de A. Garbelotto1; Marília Daminelli1; Luiz A. Campos2. 1Academicas do Curso de Ciências Biológicas Bacharelado

2Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais

Resumo: Alitocoris Sailer, 1950 foi descrito para cinco espécies centro-americanas: a espécie-tipo A. schraderi, A. brunneus, A. maculosus, A. manni e A. parvus. O estudo de material de Ochlerini proveniente de coleções brasileiras e estrangeiras permitiu o reconhecimento de espécimes de Alitocoris pertencentes a espécies não descritas, oriundas da América do Sul. Os objetivos deste estudo foram descrever duas espécies novas de

Alitocoris; comparar com as espécies já descritas para o gênero e realizar o estudo da

genitália das espécies novas. Os seguintes parâmetros morfométricos foram obtidos para as espécies novas: comprimento do corpo; largura abdominal; comprimento e largura da cabeça, pronoto e escutelo; comprimento dos artículos antenais I-V. A genitália externa de macho e fêmea foi ilustrada. A observação e descrição foram realizadas com o auxílio de estereomicroscópio Leica MZ6, com ocular graduada para as medições e câmara clara para a confecção das ilustrações. As espécies novas são descritas para Alitocoris com base na morfologia geral, no padrão do pigóforo e das placas genitais, em especial o bordo ventral, ângulos póstero-laterais, parâmeros e gonocoxitos 8. Assemelham-se a A. parvus pelo tamanho, forma e coloração geral do corpo, estrutura do pigóforo e das placas genitais.

Alitocoris sp. nov. 1 apresenta como características diagnósticas antenas com quatro

segmentos, jugas afastadas no ápice, rostro curto, bordo posterior dos gonocoxitos 8 convexos, bordo ventral do pigóforo de contorno emarginado, ângulos póstero-laterais túmidos e com projeção foliácea sobre a taça genital. Alitocoris sp. nov. 2 apresenta o terceiro segmento antenal mais longo que o segundo, jugas afastadas no ápice, bordo ventral do pigóforo profundamente escavado, ângulos póstero-laterais escavados e projetados sobre a taça genital. Este estudo amplia o conhecimento taxonômico e biogeográfico de Alitocoris, sendo os exemplares das espécies novas oriundos do norte da América do Sul e sudeste, nordeste e centro-oeste brasileiro.

Introdução: Pentatomidae é uma das maiores famílias de Heteroptera, sendo cosmopolita e com maior diversidade nos trópicos, contando com aproximadamente 760 gêneros e 4100 espécies (SCHUH; SLATER, 1995). Deste total, a subfamília neotropical Discocephalinae apresenta cerca de 270 espécies, sendo que a tribo Ochlerini (Hemiptera: Pentatomidae), proposta por Rolston (1992), reúne espécies exclusivamente neotropicais distribuídas em 31 gêneros (CAMPOS; GRAZIA, 2006; ARISMENDI; THOMAS, 2006). Destes, 17 apresentam espécies com ocorrência restrita à América do Sul (CAMPOS; GRAZIA, 2006), sendo que o gênero Alitocoris Sailer, 1950 foi descrito para cinco espécies da América Central: a espécie-tipo A. schraderi, A. brunneus, A. maculosus, A. manni e A. parvus. A filogenia dos gêneros de Ochlerini foi investigada por Campos; Grazia (2006) por meio da metodologia cladística, resultando no reconhecimento de Alitocoris como um gênero parafilético, onde

Alitocoris parvus Sailer constitui um ramo à parte das demais espécies do gênero. O estudo de material de Ochlerini proveniente de coleções brasileiras e estrangeiras permitiu o reconhecimento de espécimes de Alitocoris pertencentes a espécies não descritas, oriundas do norte da América do Sul e sudeste, nordeste e centro-oeste brasileiro. O reconhecimento da existência das novas espécies foi possível pela comparação com material tipo, obtido por empréstimo durante o estudo cladístico, ou por fotografias dos tipos realizadas posteriormente pelo Dr. C. F. Schwertner.

Objetivos: Descrever duas espécies novas de Alitocoris; comparar as espécies novas com as já descritas para o gênero; realizar o estudo da genitália das espécies novas.

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Metodologia: Os espécimes estudados pertencem às coleções do Museu Nacional (Rio de Janeiro), Departamento de Zoologia da UFRGS (Porto Alegre), Museo del Instituto de Zoología Agrícola (Venezuela), American Museum of Natural History (USA) e do Dr. Donald B. Thomas (USA). Os seguintes parâmetros morfométricos foram obtidos para as espécies novas: comprimento do corpo; largura abdominal; comprimento e largura da cabeça, do pronoto e do escutelo; comprimento dos artículos antenais I a V. Para o estudo das estruturas genitais foi realizada a dissecação da genitália de macho. A genitália externa de ambos os sexos foi ilustrada. As observações e descrições foram realizadas com o auxílio de estereomicroscópio Leica MZ6, com ocular com retículo graduado para as medições e câmara clara para a confecção das ilustrações. Estas foram feitas a lápis e posteriormente finalizadas a nanquim sobre papel vegetal, as imagens foram então escaneadas e tratadas digitalmente com vistas à publicação. A terminologia das estruturas de genitália seguiu Duipus (1970).

Resultados e Discussão: As espécies novas são descritas para Alitocoris com base na morfologia geral, no padrão do pigóforo e das placas genitais, em especial o bordo ventral, ângulos póstero-laterais, parâmeros e gonocoxitos 8. Assemelham-se a A. parvus pelo tamanho, forma e coloração geral do corpo, estrutura do pigóforo e das placas genitais.

Alitocoris sp. nov. 1 apresenta como características diagnósticas antenas com quatro

segmentos, jugas mais longas que o clípeo e afastadas no ápice, rostro curto não ultrapasando a base do abdome; nas fêmeas o bordo posterior dos gonocoxitos 8 levemente convexo, ápice dos laterotergitos 9 não ultrapasando a banda dos laterotergitos 8; nos machos o bordo ventral do pigóforo é de contorno emarginado, bordo dorsal côncavo com laterais sinuosas, ângulos póstero-laterais túmidos e com projeção foliácea sobre a taça genital. Alitocoris sp. nov. 2 apresenta o terceiro segmento antenal mais longo que o segundo, jugas afastadas no ápice, ultrapassando o clípeo por não mais do que a largura de uma juga no nível do ápice do clípeo, rostro longo, alcançando o 3º urosternito abdominal; nas fêmeas o bordo posterior dos gonocoxitos 8 é sinuoso, estes em um plano mais elevado em relação às demais placas genitais, com uma concavidade no ápice, laterotergitos 9 não ultrapassando a banda que une os laterotergitos 8; nos machos o bordo ventral do pigóforo é escavado, bordo dorsal côncavo e profundamente escavado, ângulos póstero-laterais do pigóforo escavados e projetados sobre a taça genital.

Conclusão: O presente estudo amplia o conhecimento taxonômico e biogeográfico de Alitocoris, já que as cinco espécies descritas para o gênero são conhecidas apenas para a

América Central e as espécies novas são sul americanas. Com isso também foi incrementado o conhecimento da biodiversidade do Brasil, pois é do sudeste, nordeste e centro-oeste do país que provêm espécimes das espécies descritas.

Referências

ARISMENDI, N.; THOMAS, D. B. Pentatomidae (Heteroptera) of Honduras: a checklist with description of a new ochlerine genus. Insecta Mundi, n. 17, v. 3-4, p. 219-236, 2006 (2003). CAMPOS, L. A.; GRAZIA, J. Análise cladística e biogeografia de Ochlerini (Heteroptera, Pentatomidae, Discocephalinae). Iheringia, Sér. Zool., n. 96, v. 2, p. 147-163, 2006. DUPUIS, C. Heteroptera. In: S. L. TUXEN (ed.). Taxonomist's Glossary of Genitalia of Insects. Copenhagen, Munksgaard, p. 190-208, 1970.

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ROLSTON, L. H. Key and diagnoses for the genera of Ochlerini (Hemiptera: Pentatomidae: Discocephalinae). Journal of the New York Entomological Society, n. 100, v. 1, p. 1–41, 1992.

SAILER, R. I. Alitocoris, a new genus of Pentatomidae (Hemiptera). Procedures of the Entomological Society of Washington, n. 52, v. 2, p. 69–76, 1950.

SCHUH, R. T.; SLATER, J. A. True bugs of the world (Hemiptera: Heteroptera): classification and natural history. Cornell University Press. XII+336 p., 1995.

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FÁBULA: RECRIAÇÃO CONTEMPORÂNEA EM FERREIRA GULLAR

Alisson F. Porfírio1, Ariane A. A. de Oliveira1, Antonia Javiera Cabrera Muñoz2 1Graduando em Letras/ Português e Inglês/UNAHCE/UNESC

2Professora orientadora do projeto de iniciação cientifica – PIBIC/UNAHCE/UNESC

Introdução: O presente trabalho é fruto do projeto de Iniciação Científica (PIBIC/UNESC), “A fábula na literatura infantil de Ferreira Gullar: infância, recriação da linguagem, contemporaneidade da forma literária e novas leituras”, iniciado em agosto de 2007.

Objetivos: O texto propõe-se a estudar a forma literária fábula desde seu surgimento na literatura, aproximação com a literatura infantil e recriação da forma elaborada pelo poeta Ferreira Gullar especificamente no livro Dr. Urubu e Outras Fábulas (2005)..

Metodologia:A pesquisa é bibliográfica, realizando análise do livro de poesia com base em referenciais teóricos como Walter Benjamin e o Ismael dos Santos.

Resultados: A fábula, como forma literária, tem, ao longo da história, sido utilizada com diferentes objetivos, tendo, inclusive, sido citada como recurso retórico por Aristóteles em sua Arte Retórica. Ela se aproxima da literatura infantil através de La Fontaine, autor que defendeu serem duas suas funções básicas: “confirmar a experiência das pessoas idosas e servir de ensinamento às crianças” (1989, p. 39 apud SANTOS, 2003, p. 24). Ferreira Gullar, que traduziu clássicos como Dom Quixote (uma adaptação para crianças), de Miguel Cervantes, e Fábulas, de La Fontaine, nos oferece, através de seus dois livros em análise acima mencionados, uma nova leitura dessa forma literária, isto é, a fábula, segundo nossa análise, deve preocupar-se mais com a ludicidade do que com o ensinamento da moralidade, apesar de esta encontrar-se ressignificada em alguns dos poemas, tais como em “A tartaruga e o jacaré”, onde os animais da fábula possuem o desejo de irem à cidade, mas concluem que “Bom mesmo é viver na mata, / onde canta o sabiá.

Conclusão: esta pesquisa traz como resultado a compreensão da fábula de uma maneira lúdica e tenta desconstruir a idéia de moralidade sempre presente nas fábulas tradicionais. (GULLAR, 2005, p. 32).

Palavras chaves: Ferreira Gullar, literatura infantil, fábula. Referências:

SANTOS, Ismael dos. Homens, raposas e uvas: a fábula na literatura brasileira. Blumenau: Edifurb, 2003.

GULLAR, Ferreira. Dr. Urubu e outras fábulas. Desenhos de Cláudio Martins. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.

______. Um gato chamado Gatinho. Desenhos de Angela Lago. Rio de Janeiro: Salamandra, 2000

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FENOLOGIA DA FRUTIFICAÇÃO E ESTRATÉGIAS DE DISPERSÃO DE DIASPÓROS EM FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA, NO MUNICÍPIO DE IÇARA, SANTA

CATARINA

Beatriz Wessler1, Birgt Harter-Marques2 1 Curso de Ciências Biológicas/UNESC

2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais/UNESC

Introdução: O desmatamento da Mata Atlântica é particularmente sério, uma vez que esse ecossistema apresenta alta diversidade e elevado nível de endemismo, levando a eliminação total de um número incalculável de espécies (ALMEIDA, 2000). Em vista disso, não é possível garantir a permanência de populações em fragmentos florestais sem compreender alguns princípios ecológicos a respeito da dinâmica do ecossistema, como padrões fenológicos e as interações ecológicas. O registro sistemático da variação das características fenológicas reúne informações sobre o período de frutificação, alocação de recursos para polinizadores e dispersores e uma melhor compreensão das cadeias alimentares disponíveis para a fauna (MORELATTO; LEITÃO-FILHO, 1995). O estudo da fenologia da frutificação e estratégias de dispersão de uma comunidade vegetal é fundamental para a compreensão da estrutura e da dinâmica das comunidades e seu processo de regeneração, constituindo importantes ferramentas para conservação (NEWSTROM; FRANKIE; BAKER, 1994). Segundo van der Pijl (1972), existem quatro estratégias de dispersão: anemocoria, hidrocoria, zoocoria e autocoria, sendo que a morfologia e o tamanho dos frutos estão diretamente relacionados com seus possíveis agentes dispersores. Segundo Morelatto e Leitão-Filho (1995), frutos maduros apresentam diferentes características que indicam a dispersão por diferentes vetores. Essas informações possibilitam um melhor entendimento dos diversos tipos de interações entre plantas e animais e as diferentes estratégias encontradas entre as plantas para garantir o seu sucesso reprodutivo.

Objetivo: O presente trabalho objetivou acompanhar o período de frutificação das espécies vegetais encontradas em dois fragmentos florestais no município de Içara, SC, caracterizar as estratégias de dispersão de diásporos, assim como tipificar e mensurar os frutos encontrados ao longo de um ano.

Metodologia: O estudo foi realizado em dois fragmentos florestais, no entorno do aterro sanitário da empresa SANTEC Resíduos, com extensão superficial de 58 hectares. Apesar de quase toda a mata ter sido suprimida para o desenvolvimento de culturas agrícolas e para a pecuária, alguns fragmentos em diferentes estágios sucessionais ainda estão presentes. As coletas do material botânico foram realizadas quinzenalmente de setembro de 2007 a setembro de 2008, ao longo de transectos no interior e na borda dos dois fragmentos. Foram marcadas individualmente todas as espécies encontradas com frutos para o acompanhamento da fenofase de frutificação e coletados ramos para posterior herborização e identificação destas espécies. A duração do período de frutificação foi determinada como aquela em que o fruto se encontrava maduro, sendo assim, disponível para a fauna. As espécies vegetais foram classificadas segundo seu hábito de crescimento em: árvore; arbusto; liana e herbácea. Em laboratório realizou-se: 1) a tipificação dos frutos em baga, drupa, cápsula, cipselo, folículo, legume, esquizocarpo e infrutescência; 2) a mensuração dos frutos zoocóricos, segundo Tabarelli e Peres (2002), em: pequeno, médio, grande e muito grande; e 3) a classificação de cada espécie em relação à estratégia de dispersão.

Resultados e discussões: Foram coletadas 71 espécies, pertencentes a 27 famílias, sendo as mais representativas, Myrtaceae (15), Asteraceae (seis), Melastomatacae, Rubiaceae e Rutaceae (quatro). Estas famílias se destacaram em vários estudos pela sua dominância em

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diversas formações florestais na região sul e sudeste do Brasil (MORI et. al., 1983). Em relação ao hábito de crescimento a maioria das espécies foram árvores, com 52 espécies, arbustos (9), lianas (8) e herbáceas (2). Na maioria dos estudos a forma de vida mais encontrada são árvores. Quanto à tipificação dos frutos foram encontradas 32 espécies do tipo baga; 15 cápsula; 12 drupa; cinco cipcelo; dois legume; dois folículo, um esquizocarpo e uma infrutescência. Em relação às estratégias de dispersão a zoocoria foi a mais freqüente com 52 espécies, anemocoria (10) e autocoria (nove), corroborando com Howe e Smallwood (1982), que afirmam que cerca de 50 a 90% dos frutos são dispersos por animais. Entre os frutos zoocóricos foi encontrado maior número de frutos médios (34); pequenos (nove); grandes (sete) e muito grandes (dois). Tabarelli e Peres (2002) afirmam que frutos pequenos e médios prevalecem na maioria das florestas, sendo dispersos por vertebrados, de pequeno e médio porte.Houve disponibilidade de frutos maduros durante todo o ano na área de estudo. Os meses com maior oferta de frutos maduros para a fauna foram novembro e dezembro com 24 espécies em cada mês, fevereiro (23) e março (22). Nesses meses, a zoocoria foi a estratégia de dispersão mais freqüente, seguido de autocoria e anemocoria. As espécies com maior período de oferta de frutos maduros para a fauna durante o ano foram Psychotria suterella e Posoqueria latifolia (Rubiaceae), com 11 meses de frutificação, e uma espécie de liana não identificada (sete). As três espécies apresentaram dispersão zoocórica, representando importantes fontes de alimento para a fauna de dispersores.

Conclusão:Os resultados mostraram que os frutos de Melastomataceae, Myrtaceae e Rubiaceae representaram uma importante fonte de alimento para os dispersores nos fragmentos estudados. As espécies destas famílias produzem frutos carnosos com atrativos para grande número de dispersores, garantindo o estabelecimento de diversas interações entre as plantas e as populações de dispersores. Devido à grande riqueza e pelo oferecimento de recursos por longos períodos, as espécies de Rubiaceae podem assegurar a permanência dos dispersores nos fragmentos, evitando que eles se desloquem para outros locais, garantindo, assim, o funcionamento e a dinâmica dos ecossistemas.

Referências:

ALMEIDA, D. S. Recuperação Ambiental da Mata Atlântica. Ilhéus: Editus, 2000. 130p. HOWE, H. F.; SMALLWOOD, J. Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 13, p. 201-228, 1982.

GIEL, E. L. H. et al. Espectro e distribuição vertical das estratégias de dispersão de diásporos do componente arbóreo em uma floresta estacional decidual no sul do Brasil. Acta Botânica

Brasílica, v. 21, n. 1, p. 137-145, 2007.

MORELATTO, L. P. C. As estações do ano na floresta. In: MORELLATO, L. P. C.; LEITÃO-FILHO, H. F (orgs.). Ecologia e preservação de uma floresta tropical urbana. Campinas: Unicamp, p. 37- 41,1995.

MORI, S. A. et al. Ecological importance of Myrtaceae in an eastern Brasilian Wet Forest. Biotropica, v. 15, p. 68-70, 1993.

NEWSTROM, L. E.; FRANKIE, G. W.; BAKER, H. G. A new classification for plant phenology based on flowering patterns in lowland Tropical Rain Forest tree at La Selva, Costa Rica. Biotropica, v. 26, n. 2, p. 141-159, 1994.

TABARELLI, M.; PERES, C. A. Abiotic and vertebrate seed dispersal in the Brasilian Atlantic forest: implications for forest regeneration. Biological Conservation, v. 106, p. 165-176, 2002.

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van der PIJL, L. Principles of dispersal in higher plants. 2. ed. Berlin: Springer-Verlag, 1972. 162p.

TABARELLI, M.; PERES, C. A. Abiotic and vertebrate seed dispersal in the Brasilian Atlantic forest: implications for forets regenetion. Biological Conservation. v. 106, p.165-176, 2002.

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COMUNIDADE DE PENTATOMOIDEA ( HEMIPTERA:HETEROPTERA) EM FRAGMENTO URBANO DE MATA ATLÂNTICA NO MUNIÍPIO DE CRICIÚMA, SANTA

CATARINA

Filipe M. Bianchi¹; Jenifer V. dos Santos²; Luiz A. Campos³ ¹: Acadêmico do curso de Ciências Biológicas Bacharelado ²: Acadêmico do curso de Ciências Biológicas Licenciatura ³: Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

Introdução:A Mata Atlântica é considerada um dos 34 hotspots atuais, mesmo com menos de 8% de sua cobertura original. Grande parte da biodiversidade animal habita pequenos e médios fragmentos florestais. Os pentatomóideos, conhecidos como percevejos-de-planta, frades, fede-fedes, têm predominantemente hábitos fitófagos, representando uma das maiores superfamílias de Hemiptera com mais de 600 espécies estimadas para o Brasil. Objetivos: No presente trabalho objetivou-se analisar a composição, riqueza, abundância e flutuações ao longo do dia de pentatomóideos em Floresta Ombrófila Densa Submontana (FODS). Métodos: O fragmento estudado tem 30ha, sendo mais da metade recoberta por vegetação nativa em estágio secundário de regeneração. As coletas ocorreram quinzenalmente de setembro de 2007 até julho de 2008, das 08:30h às 10:30h e das 15:30h às 17:30h. Usou-se guarda-chuva entomológico de 1m² amostrando a vegetação com ramos entre 0,5m a 2m. A composição da comunidade foi caracterizada em termos de riqueza (S), abundância (n), índices de diversidade de Shannon (H’) e de Simpson (D) e curvas de riqueza estimada. Resultados: Em 72 horas amostradas foram coletados 791 indivíduos de quatro famílias e 45 espécies, sendo uma delas uma espécie nova. Pentatomidae foi a mais rica e abundante, seguida de Cydnidae, Scutelleridae e Cyrtocoridae. Serdia indistincta Fortes & Grazia, 2005 e Euschistus hansi Grazia, 1987 somaram 41,97% dos indivíduos coletados. Os índices de diversidade calculados indicam diversidade intermediária (H’=2,73, D=8,89). A amostragem aproximou-se entre 78,51% e 89,57% da riqueza estimada conforme os estimadores. No período matutino foram coletados n=438 S=40, no vespertino n=358 S=35. Em 15 dos 19 eventos de coleta a maior abundância foi no período matutino. Observou-se um pico de diversidade entre as 9:20h e 10:00h, representando 29,08% da abundância total. Conclusão: Os resultados aqui obtidos indicam que o período matutino deve ser priorizado em amostragens de Pentatomoidea em fragmentos de FODS.

Palavras-chave: Percevejos-do-mato, biodiversidade, taxocenose, Floresta Ombrófila Densa.

Introdução: A Mata Atlântica é considerada um bioma de alto endemismo, é um dos 34 hotspots atuais da biodiversidade, e atualmente ainda que com menos de 8% de sua

cobertura original remanescente abriga ampla biodiversidade (MYERS et al., 2000; RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003). Grande parte da sua diversidade biológica animal habita pequenos e médios fragmentos florestais, os quais em geral eram tratados como secundários para as iniciativas conservacionistas. Uma ferramenta que está se mostrando consideravelmente eficiente na indicação da qualidade desses fragmentos é a amostragem de insetos fitófagos (VIANA; PINHEIRO, 1998). Os pentatomóideos, popularmente conhecidos como percevejos-de-planta, frades, fede-fedes, são predominantemente herbívoros com hábitos fitossuccívoros, com a exceção da subfamília Asopinae (Pentatomidae) os quais são predadores de outros insetos. É uma das maiores superfamílias de Hemiptera, com estimativa de mais de 600 espécies para o Brasil e 5720 para o mundo (GRAZIA et al.; 1999). Apesar de o grupo ser considerado um bom indicador do estado de conservação da flora (BROWN Jr, 1997), são escassos os inventários faunísticos com enfoque na superfamília, em especial para Santa Catarina.

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Objetivos: Este trabalho teve o objetivo de identificar os pentatomóideos coletados com o uso do guarda-chuva entomológico em fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana (FODS) no município de Criciúma, Santa Catarina, além de analisar a composição, abundância, riqueza, flutuações das espécies ao longo do dia e sazonais. Metodologia: O fragmento estudado tem cerca de 30ha e está localizado na zona urbana do município de Criciúma, Santa Catarina. Predomina no fragmento a formação Floresta Ombrófila Densa Submontana em estágio intermediário a avançado de regeneração (CITADINI-ZANETTE, comunicação pessoal). As coletas ocorreram quinzenalmente, de setembro de 2007 a julho de 2008, das 8h30min às 10h30min e das 15h30min às 17h30min. Foi utilizado guarda-chuva entomológico de 1m² para amostrar a vegetação do subdossel com ramos entre 0,5m e 2m de altura, sendo os insetos desalojados da vegetação após 10 golpes nos ramos ou capturados manualmente quando vistos sobre a vegetação. Formas imaturas foram desprezadas no estudo devido à difícil identificação. As identificações foram feitas com o auxílio de chaves dicotômicas disponíveis na literatura ou consulta a especialistas. A composição da comunidade foi caracterizada em termos de riqueza e abundância relativa (RR, AR) de cada espécie, pelos índices de diversidade de Shannon (H’) e de Simpson (D) e estimadores de riqueza Jacknife de primeira ordem, Chao 1, Bootstrap e Michaelis-Menten, calculados com o programa EstimateS 8.0.

Resultados e discussão: Para 72 horas de coleta foram amostrados 791 pentatomóideos de 45 espécies, sendo seis delas novas ocorrências para o estado e uma delas ainda não descrita. Os estimadores de riqueza calculados indicam que a amostragem aproximou-se entre 78,51% e 89,57% do número estimado de espécies no fragmento. A família mais abundante e com maior riqueza foi Pentatomidae, com 706 indivíduos (n) de 30 espécies (S) (AR=89,25%, RR=66,67%), seguida por Cydnidae, (n=49, S=9, AR=6,19%, RR=20%), Scutelleridae (n=32, S=5, AR=4,05%, RR=11,11%) e Cyrtocoridae (n=4, S=1, AR=0,51%, RR=2,20%). Outros levantamentos faunísticos publicados com Pentatomoidea em geral trazem Pentatomidae como a família mais rica e abundante. Os índices de diversidade calculados indicam uma diversidade intermediária no fragmento (H’=2,73, D=8,89).

Galgupha Amyot e Serville (S=9) (Cydnidae), Podisus Herrich-Schäffer (S=4)

(Pentatomidae), Edessa Fabricius e Mormidea Amyot & Serville (S=3) (Pentatomidae) foram os gêneros mais ricos, que somados representaram 42% da riqueza amostrada. No Rio Grande do Sul, Bunde (2005), além desses gêneros, encontrou como mais rico Euschistus Dallas 1851, e Schimidt e Barcellos (2007), Banasa Stål 1860. A espécie mais abundante foi

Serdia indistincta Fortes & Grazia, 2005 (Pemtatomidae) que representou 22,63% do total

dos pentatomóideos coletados, seguida por Euschistus (Mitripus) hansi Grazia, 1987 (Pemtatomidae) com 19,34% dos indivíduos, sendo estas as espécies dominantes no fragmento. A maior abundância foi registrada de fevereiro até abril, ou seja, final do verão a início do outono no qual 57,65% dos indivíduos foram coletados. No período matutino foram coletados 438 indivíduos de 40 espécies e no vespertino 358 indivíduos de 35 espécies. Em 15 dos 19 eventos de coleta a maior abundância foi registrada no período matutino. Observou-se um pico de diversidade entre as 9:20h e 10:00h, representando 29,08% da abundância total. Estudos envolvendo diferentes grupos de insetos mostram horários semelhantes de maior atividade e registro de espécies.

Conclusão: Os resultados aqui obtidos puderam contribuir para a ampliação dos registros de espécies para o estado de Santa Catarina. A família com maior abundância e riqueza na FODS é Pentatomidae. Para um rápido levantamento de Pentatomoidea em fragmentos desse tipo devem ser priorizados os meses de fevereiro a abril, visto que a abundância e a riqueza são intensificadas, da mesma forma que amostragens no período matutino são indicadas como mais representativas.

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REFERÊNCIAS:

BROWN Jr, K. S.; Diversity, disturbance, and sustainable use of Neotropical forest: insects as indicators for conservation monitoring. Journal of insect Conservation, v.1, p.25-42. 1997.

BUNDE,P.R.S; Levantamento de Diversidade de Percevejos-do-mato

(Heteroptera:Pentatomoidea) na Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul. 2005. 72f. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal)-Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

GRAZIA, J. FORTES, N.D.F.; CAMPOS, L.A. Pentatomoidea. In:Biodiversidade do Estado de São Paula, Brasil: síntese do conhecimento final do século XX, 5 invertebrados

terrestres. São Paulo: FAPESP, 1999. p.101-112.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R.A.; MITTERMEIER, C.G. DA FONSECA, G.A.B.; KENTS, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v.403, p.853-858. 2000.

RAMBALDI, D.M.; OLIVEIRA, D.A.S. Fragmentação de Ecossistemas: causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de políticas públicas. Brasília: MMA/SBF, 2003. p.501.

SCHMIDT, L.S.; BARCELLOS, A. Abundância e riqueza de espécies de Heteroptera (Hemíptera) do Parque Estadual do Turvo, sul do Brasil: Pentatomoidea. Iheringia, Ser. Zool., n.97, v.1, p.73-79, 2007

VIANA, V.M.; PINHEIRO, L.A.F.V. Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais. Série Técnica IPEF, v.12, n.32, p.25-42, 1998.

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COMPORTAMENTO FENOLÓGICO DA FLORAÇÃO E OS SISTEMAS DE POLINIZAÇÃO EM FRAGMENTOS DA MATA ATLANTICA NO MUNICÍPIO DE IÇARA, SANTA

CATARINA

Bruna Alberton1*, Birgit Harter-Marques2

1 Laboratório de Interação Animal-Planta (LIAP) / UNA HCE /UNESC 2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, UNA HCE/ UNESC

Resumo: A variedade de padrões fenológicos na floresta Atlântica e a importância da disponibilidade de recursos para a teia de interações deste ecossistema, tornam estudos relacionados à fenologia fundamentais para criação de planos de manejo e recuperação de áreas degradadas. Entre as interações ecológicas, a polinização se torna um processo chave dentro do ciclo de vida da maioria das plantas, especialmente em ambientes tropicais. Desta forma, este trabalho objetivou caracterizar o comportamento fenológico da floração e investigar a ocorrência dos sistemas de polinização de uma comunidade fragmentada da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. O estudo foi realizado em dois fragmentos de estágio sucessional avançado localizados no entorno de um Aterro Sanitário no município de Içara. Relacionou-se a época de ocorrência da fenofase com os fatores climáticos temperatura, pluviosidade e comprimento do dia. Além disso, coletou-se para cada espécie em média 10 flores para posterior classificação dos parâmetros cor, tamanho, tipo floral e dos sistemas de polinização insetos, beija-flores, morcegos e vento. Acompanhou-se o comportamento fenológico da floração de 94 espécies, pertencentes a 32 famílias. Durante os meses de setembro, outubro e novembro foi registrado o maior pico de floração, totalizando 55 espécies florescendo, representando 58,5% do total das espécies observadas. Não foram demonstradas correlações positivas significativas entre a floração e os fatores climáticos. Para os sistemas de polinização, registraram-se as características florais para 81 espécies. As cores pálidas e os tipos florais pincel e disco foram os mais freqüentes. O sistema de polinização por insetos foi o mais expressivo, com 97% de ocorrência. O predomínio das cores pálidas e o tipo floral aberto relacionam-se com sistemas de polinização não especializados. As características florais pertencentes à comunidade vegetal estudada, parecem ser independentes da relação com polinizadores específicos, aumentando assim, a probabilidade de reprodução por meio de diversos agentes polinizadores generalistas.

Palavras-Chave: Mata Atlântica, padrões fenológicos, morfologia floral.

Introdução: A Mata Atlântica brasileira é considerada uma das florestas mais ricas do mundo, apresenta uma das maiores diversidades de espécies, bem como altos níveis de endemismos. Atualmente, está restrita a cerca de 98.000 km2 de remanescentes, ou cerca de 7,6% da área original. Sua fragmentação pode levar à extinção um número incalculável de espécies e populações (MORELLATO; HADDAD, 2000). Nas regiões tropicais, onde a diversidade do ecossistema associa-se à complexidade nas interações entre espécies, a quebra das interações ecológicas leva à instabilidade e pode iniciar uma cadeia de reações (FRANKEL; SOULÉ, 1981). Com o estudo da fenologia tem-se a abordagem dos eventos biológicos repetitivos e os fatores de sua ocorrência relacionados com forças seletivas bióticas e abióticas dentro de uma ou várias espécies (LIETH, 1974). Contando com a variedade de padrões fenológicos em floresta Atlântica e a importância da disponibilidade de recursos para a teia de interações deste ecossistema, estudos relacionados à fenologia são fundamentais para criação de planos de manejo e recuperação de áreas degradadas, visando à introdução das interações das plantas com seus agentes polinizadores e dispersores. Entre interações ecológicas, a polinização se torna um processo chave dentro

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do ciclo de vida da maioria das plantas, especialmente em ambientes tropicais. Estima-se que mais de 90% de plantas em florestas tropicais têm suas flores polinizadas por animais, principalmente por insetos, entre eles as abelhas (HOWE; MIRITI, 2000). Em Santa Catarina, com a acentuada fragmentação eliminou-se a maior parte dos agentes de polinização, tornando esta interação instável, o que, aliada à complexidade e heterogeneidade da floresta Atlântica, dificulta a recomposição florística (LEITE; KLEIN, 1990). Assim, não é possível assegurar a permanência das populações em fragmentos florestais sem entender princípios básicos ecológicos referentes à dinâmica do ecossistema, tais como padrões fenológicos reprodutivos das espécies vegetais e suas interações ecológicas.

Objetivos: Visando fornecer informações para o manejo de remanescentes florestais no sul do Estado de Santa Catarina, este trabalho teve por objetivo caracterizar o comportamento fenológico da floração e investigar a ocorrência dos sistemas de polinização de uma comunidade vegetal fragmentada no município de Içara, Santa Catarina. Além disso, objetivou-se analisar a proporção de espécies por estratégias de polinização e caracterizar as flores quanto a sua morfologia ao longo do período de estudo da comunidade.

Materiais e Métodos: O estudo foi realizado em dois fragmentos de estágio sucessional avançado localizados no entorno do Aterro Sanitário da Empresa SANTEC Resíduos, no município de Içara. Quinzenalmente, observaram-se todas as espécies encontradas florescendo, durante Agosto/2007 a Agosto/2008, ao longo de transectos pré-estabelecidos no interior e na borda dos fragmentos. A vegetação faz parte da Região da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, e o clima segundo Köppen é Cfa. Para verificar o comportamento de floração, consideraram-se três das quatro classes propostas por Newstrom, Frankie, Baker (1994): 1- contínua (floração com curtos períodos de intervalo), 2- subanual (floração com mais de um ciclo no ano) e 3- anual (um ciclo por ano). Relacionou-se a época de ocorrência da fenofaRelacionou-se com os fatores climáticos temperatura, pluviosidade e comprimento do dia. Para cada espécie, coletaram-se em média 10 flores, armazenadas em álcool 70% para posterior classificação. Os parâmetros cor e tamanho, seguido do tipo floral foram analisados segundo Faegri e van der Pijl (1979). Para estimar as freqüências de estratégias de polinização encontradas, as espécies foram classificadas, segundo Hess (1990), em: 1 - vento, 2 - insetos (abelhas, vespas, borboletas, mariposas, moscas, besouros e diversos pequenos insetos), 3 - beija-flores e 4 - morcegos.

Resultados e Discussão: Acompanhou-se o comportamento fenológico da floração de 94 espécies, pertencentes a 32 famílias. A maior parte das espécies apresentou padrão anual de floração (90,4%), seguido de 7,4% para subanual e 2,1% para o padrão contínuo de floração. Embora as espécies florescendo tenham se distribuído ao longo de todo o ano, foi observada uma leve sazonalidade, com um aumento de espécies em floração a partir de setembro, atingindo seu pico no mês de novembro e seguinte declínio a partir de dezembro. Durante os meses de setembro, outubro e novembro foi registrado um total de 55 espécies, representando 58,5% do total observado. Não foram detectadas correlações positivas significativas entre a floração e os fatores climáticos temperatura, pluviosidade e comprimento do dia. Aide (1988) sugere que pressões seletivas bióticas (polinização, dispersão, herbivoria, competição) podem ser determinativas para as fenofases em ambientes com pouca sazonalidade expressa. Além disso, fatores intrínsecos das plantas podem vir a contribuir para a determinação do comportamento de floração (FERRAZ et al. 1999). Quanto aos sistemas de polinização, foi possível registrar as características florais cor, tamanho e forma, para 81 espécies. As cores pálidas foram as mais freqüentes, sendo 85% das espécies apresentando coloração branca, amarela ou esverdeada. As formas mais comuns de flores foram pincel, com 30,4%, seguida por disco (27,2%) e 21,7%

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apresentaram flores do tipo tubo. O sistema de polinização por insetos foi o mais expressivo, com 97% de ocorrência. O predomínio das cores pálidas e o tipo floral aberto são relacionados com sistemas de polinização não especializados, uma vez que esta morfologia floral permite que uma ampla variedade de visitantes tenha acesso aos recursos florais (Proctor et al. 1996).

Conclusão: As observações fenológicas apresentam uma baixa correlação com os fatores abióticos, indicando uma maior dependência por padrões endógenos, que podem estar contribuindo para a época da floração na maioria das espécies estudadas. O predomínio das cores pálidas e o tipo floral aberto levam a crer que a manutenção dos fragmentos estudados não depende da relação com polinizadores específicos. Desta forma, na comunidade estudada, as características florais parecem ser independentes da relação com polinizadores específicos, aumentando assim a probabilidade de reprodução por meio de diversos agentes polinizadores generalistas. Uma ampla variedade de visitantes florais pode vir a assegurar a reprodução sexuada da comunidade vegetal.

Referências:

AIDE, T.M. Herbivory as a selective agent on the timing of leaf production in a tropical understory community. Nature, v. 336, p. 574-575, 1988.

FAEGRI, K.; van der PIJL, L. The Principles of Pollination Ecology. London: Sinauer Associates,1979.

FERRAZ, D. K; ARTES, R.; MANTOVANI, W.; MAGALHAÉS, L. M. Fenologia de árvores em fragmentos de mata em São Paulo, SP. Revista Brasileira de Biologia, v. 59, p. 305-317, 1999.

FRANKEL, O. H.; SOULÉ, M. E. Conservation and Evolution. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.

HESS, D. Die Blüte: Struktur, Funktion, Ökologie Evolution. Stuttgart: Ulmer, 1990.

HOWE, H. F.; MIRITI, M. N. No question: seed dispersal matters. Trends in Ecology and Evolution. v. 15, p. 434-436, 2000.

LEITE, P. F.; KLEIN, R. M. Vegetação. In: Geografia do Brasil: região sul. Rio de Janeiro: IBGE, 5v., v.2, 1990. p.113-150.

LIETH, H. Purpose of a phenology book. In: LIETH, H. (org.). Phenology and seasonality modeling. Berlin: Springer, 1974, p. 3-19.

MORELLATO, L. P. C.; HADDAD, C. F. B. Introduction: The Brasilian Atlantic Forest. Biotropica, v. 32, p. 786-792, 2000.

NEWSTROM, L. E.; FRANKIE, G. W.; BAKER, H.G. A new classification for plant phenology base on flowering patterns in lowland Tropical rain forest trees at La Selva, Costa Rica. Biotropica, v. 26, n. 2, p. 141-159, 1994.

PROCTOR, M.; YEO, P.; LACK, A. The natural history of pollination. London: Harper Collins Publishers, 1996

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AS PRAÇAS COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO BAIRRO PRÓSPERA: CRICIÚMA/SC

MAICON SAVIATO MEDEIROS Orientadora: MARLI DE OLIVEIRA COSTA

Introdução: A escolha das Praças do Trabalhador e da Chaminé como objeto de pesquisa, deu-se porque tenho interesse em aprofundar estudos sobre a história das praças dentro da lógica das cidades. Como morador da região da Próspera em Criciúma, pretendo contribuir para o lugar onde habito, pois não existem estudos dentro da historiografia sobre estes locais, dois espaços urbanos que tiveram e têm importância para o município de Criciúma ao longo de sua história. O presente estudo se divide em três capítulos, Antes da Praça do Trabalhador, Antes da Praça da Chaminé e da Construção ao uso das Praças.

Objetivo: O objetivo do trabalho é apresentar as praças como lugares de memória da vida dos moradores dessa região desde os anos de 1920, enfocando-os como patrimônio histórico de Criciúma. Além disso a comunidade do bairro Próspera poderá entender sobre a história de sua localidade, podendo ampliar seus conhecimentos sobre o lugar onde vivem. Desta forma, essa pesquisa, além de meus aprendizados, fará com que outras possam conhecer mais sobre o seu próprio local de moradia, despertando relações de pertencimento.

Metodologia: Como metodologia de pesquisa, utilizei principalmente a História Oral, onde realizei quatro entrevistas, das quais três utilizei neste trabalho. Utilizei também entrevistas realizadas por outros pesquisadores. Para tanto as obras (RE) Introduzindo a História Oral no Brasil e Manual de História Oral ajudaram-me nas entrevistas. Para abordar os documentos construídos a partir da História Oral, foi necessário utilizar a categoria Memória. Alguns autores sobre a memória ajudaram na fundamentação do trabalho como Ecléa Bosi e Carlos Rodrigues Brandão. Além das entrevistas, pesquisei em recortes de jornais, fotografias e trabalhos acadêmicos locais como os do professor Carlos Renato Carola e da professora Marli de Oliveira Costa. As transformações que a modernização, urbanização e industrialização trouxeram a Criciúma até a construção destas praças, encontrei no trabalho do arquiteto Jorge Luis Vieira. Além da memória, recorri também as discussões acerca do Patrimônio Histórico. Para tanto, autores como Carlos Lemos e Carlos Fortuna, contribuíram para perceber esses lugares como locais de memórias e identidades. Para a discussão sobre as praças foram estudados, Roberto da Matta, Silvio Soares e Fábio Robra, onde os últimos discutem especificamente as praças brasileiras.

Resultados e Discussão: Este trabalho está dividido em três capítulos: O primeiro capítulo, intitulado “Antes da Praça do Trabalhador” discute o trabalho em torno da mineração, o início da exploração das atividades carboníferas na Próspera. A atividade que a Mina Congonhas, localizada pouco acima da Praça do Trabalhador desenvolvia, sendo uma das primeiras da Carbonífera Próspera, permanecendo em funcionamento entre a década de 1930 até o início dos anos de 1950, onde o minério era puxado por burros debaixo da mina com alto índice de morte devido a falta de segurança, nas primeiras décadas de trabalho com o carvão. O trabalho no galpão de escolha realizado por mulheres, onde elas escolhiam carvão, caindo na calha e indo direto para o vagão, este trabalho permaneceu entre os anos de 1930 até o início dos anos de 1960, com a criação do lavador de carvão. Como era desenvolvido o trabalho com a caixa de embarque do carvão, que ao lado do galpão de

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escolha, além do recebimento do mineral das escolhedeiras, tornou-se o principal destino de descarregamento das minas da região da Carbonífera Próspera, até a metade dos anos de 1970, onde o trem vinha por baixo, abria-se as comportas e buscava o mineral para levar ao porto de Imbituba. E a conseqüência deste trabalho foi a formação da “Ponta de Pedra”, formada pelo depósito dos rejeitos do carvão, com mais de vinte metros de altura, dando para avistar toda a Próspera, local de brincadeiras e trabalho para adultos e crianças. O segundo capítulo, denominado “Antes da Praça da Chaminé” apresenta também várias atividades nesse local anteriores aos anos de 1980, data da construção da praça. Mostra a presença do açude e atividades desenvolvidas ali, como a lavação de roupas e as brincadeiras das crianças. A construção da primeira usina elétrica da cidade de Criciúma, tendo sua construção a partir de 1938 e inaugurado em 1943, abastecendo a Carbonífera Próspera e algumas casas de capatazes da mina, com objetivo de garantir energia nos fins de semana, já que a energia vinha fraca de Capivari de Baixo nestes dias. Funcionou até o início dos anos de 1950, depois o açude ficou poluído por causa da abertura de uma mina nas imediações, e conseqüentemente foi aterrado. Um local que também é marcado pela modernização, urbanização e transformações econômicas na cidade, ocorrendo obras e atividades por volta de 1956, como a presença de cinema para a população da região, trazida pelo sesi, a construção de um chuveiro para banhar as crianças na Carbonífera Próspera e uma escola para o antigo primário. A partir dos anos de 1960, foi construído neste espaço um Centro Social, onde as freiras realizavam trabalhos sociais para a comunidade da Próspera, como cursos de costura, boas maneiras e cozinha, em 1987 depois do abandono, este lugar torna-se posto de saúde, sofrendo novamente reformas no ano de 2000, criando o atual 24h, em 1981, ao lado deste espaço foi construído pelo governo do estado, um ginásio de esportes, com trabalhos sociais e hoje voltado mais para a recreação. O terceiro capítulo intitulado, Da Construção ao Uso das Praças, discute a criação das Praças do Trabalhador e Chaminé em 1982, pelo prefeito Altair Guidi, em um momento em que a cidade estava passando por diversas transformações urbanas, devido ao centenário de fundação da cidade e diminuição das atividades carboníferas, preenchendo espaços que estavam sem utilidade, estimulando a criação de espaços públicos para a população. Apesar de serem praças de alcance e localização das pessoas da Próspera, ela não é com freqüência, apreciada e usada com área de lazer e entretenimento que são o objetivo destes locais, A Praça do Trabalhador recebe pessoas somente quando ocorre eventos religiosos e políticos, locais que a população utiliza apenas como passagem, ponto de ônibus ou como ponto de referência, demonstrando muitas vezes a falta de interesse de saber sobre a grande importância do ponto de vista econômico, social e histórico, e que hoje vislumbramos como praças. Dois espaços considerados patrimônios históricos da cidade, na Praça do Trabalhador, não há nada que lembre o passado, o que se tem são registros em fotos, jornais e nas lembranças das pessoas, já na Praça da Chaminé, o monumento Chaminé resiste, em meio as profundas modificações que ocorrem na cidade, considera patrimônio histórico do município.

Conclusão: Dois espaços que surgem do processo de modernização e industrialização de Criciúma, e que já foram espaços do trabalho de mulheres, como as escolhedeiras anterior a Praça do Trabalhador e as lavadeiras, antes da Praça da Chaminé, palco de resistências dos mineiros, que se concentravam nestes lugares nas constantes greves ocorridas na Carbonífera Próspera, onde as crianças brincavam na ponta da pedra e se banhavam no açude. Hoje em dia vemos duas praças, em que a do Trabalhador precisa urgentemente de uma revitalização pela precariedade dos bancos e quadra, e a Chaminé apesar de revitalizada em 2004, apresenta alguns problemas na iluminação.Existem projetos de revitalizar também a Praça do Trabalhador e criar monólitos identificando onde ficava a mina, as escolhedeiras e a caixa de embarque, a manutenção e restauração das praças vem ao encontro de maiores possibilidades dos habitantes da Próspera freqüentarem estas praças com mais uma opção de lazer e sociabilidade.

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Referências:

CAROLA, Carlos Renato. Dos subterrâneos da história: as trabalhadoras das minas de carvão de Santa Catarina (1937-1964). Florianópolis: UFSC, 1997. 231p.

COSTA, Marli de Oliveira. Arte de Viver: recriando e reinventando espaços – memórias das famílias da Vila Operária Próspera. Criciúma (1945/1961). Florianópolis: Ed. UFSC, 1999. 206p.

VIEIRA, Jorge Luis. Os Projetos Nova Próspera e Mina 4 na Configuração espacial da Grande Próspera Criciúma/SC. UFSC, 2001.

Jornal da Manhâ. 11/04/1998.

Jornal Tribuna Criciumense. 15/05/1982.

Câmara Municipal: Poder Legislativo do município de Criciúma. Leis de criação das praças. Entrevistas orais.

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RELAÇÕES HISTÓRICAS DO SUJEITO COM A VERDADE EM MICHEL FOUCAULT Rodrigo D. V. y Soler1

1Bacharel em Psicologia pela UNESC. Mestrando pela UFSC RESUMO

Introdução: Se os escritos foucaultianos das décadas de 1960 e 1970 dão vazão a toda uma analítica em torno dos jogos de objetivação que produzem os sujeitos, seja por meio de todo um regime de ordens discursivas, seja, por meio do exercício de certas práticas de poderes, a partir do inicio dos anos 1980, a analítica foucaultiana passa a se configurar no estudo dos processos de subjetivação a partir do qual o sujeito em diferentes momentos históricos se relaciona com a verdade. Objetivos: São objetivos da comunicação explorar essas relações históricas do sujeito com a verdade a partir dos seus desdobramentos no contexto da genealogia da ética, e também problematizar os modos de relação do sujeito consigo mesmo a partir dessas experiências éticas. Metodologia: As reflexões levantadas nesse trabalho partem da leitura de textos de Michel Foucault, dentre os quais se destacam:

O Uso dos Prazeres (FOUCAULT, 1984), O Cuidado de Si(FOUCAULT, 1985), e A Hermenêutica do Sujeito(FOUCAULT, 2004a). Resultados: Dentro dos estudos referentes

à problematização ética do sujeito moral se acoplam aos seus estudos anteriores através do tripé indissociável saber X poder X subjetividade correlativo aos jogos de verdade, ou aquilo que Michel chamou de história “externa” da verdade. No plano de uma genealogia da ética, portanto, a verdade aparece como um processo que sofre algumas rupturas qual seja no plano filosófico, político, na literatura e na religião a partir de distintas contextualizações. Conclusão: Destaca-se em Michel Foucault três eixos de compreensão em torno da verdade em relação a si mesmo. O primeiro referente a uma compreensão grega, o segundo referente a um processo de produção do sujeito com relação à verdade própria dos romanos e o terceiro o trabalho de si sobre si mesmo e o modo do sujeito se relacionar com a verdade no cristianismo.

Palavras-chave: Michel Foucault, Sujeito, Verdade.

Introdução: Se os escritos foucaultianos das décadas de 1960 e 1970 dão vazão a toda uma analítica em torno dos jogos de objetivação que produzem os sujeitos, a partir do inicio dos anos 1980, em livros como O Uso dos Prazeres (FOUCAULT, 1984), e O Cuidado de Si (FOUCAULT, 1985), bem como os cursos proferidos por ele no Collège de France, A

Hermenêutica do Sujeito (FOUCAULT, 2004a) e Subjetividade e Verdade, a analítica

foucaultiana passa também a se configurar no estudo dos processos de subjetivação a partir do qual o sujeito em diferentes momentos históricos realiza um trabalho de si sobre si mesmo e se relaciona com a verdade. Neste sentido, dentro de uma história política da verdade os estudos referentes à problematização ética do sujeito moral se acoplam aos seus estudos anteriores através do tripé indissociável saber X poder X subjetividade correlativo aos jogos de verdade, ou aquilo que Michel chamou de história “externa” da verdade (FOUCAULT, 2003). Outro ponto que essa história política da verdade suscita se refere à problematização e a construção de todo um percurso relativo aos modos de se dizer e se fazer à verdade segundo certos desdobramentos. No plano de uma genealogia da ética, portanto, a verdade aparece como um processo que sofre algumas rupturas qual seja no plano filosófico, político, na literatura e na religião a partir de distintas contextualizações. Destaca-se em Michel Foucault três eixos de compreensão em torno da verdade em relação a si mesmo. O primeiro referente a uma compreensão grega, o segundo referente a um processo de produção do sujeito com relação à verdade própria dos romanos e o terceiro o trabalho de si sobre si mesmo e o modo do sujeito se relacionar com a verdade no cristianismo.

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Objetivos: São objetivos da comunicação explorar essas relações históricas do sujeito com a verdade a partir dos seus desdobramentos no contexto da genealogia da ética, e também problematizar os modos de relação do sujeito consigo mesmo a partir dessas experiências éticas.

Metodologia: As reflexões levantadas nesse trabalho partem da leitura de textos de Michel Foucault, dentre os quais se destacam: O Uso dos Prazeres (FOUCAULT, 1984), O Cuidado

de Si(FOUCAULT, 1985), e A Hermenêutica do Sujeito(FOUCAULT, 2004a).

Resultados e Discussão: Na Grécia Antiga, o papel do sujeito em ocupar-se consigo mesmo ganha seu esplendor através da figura do filósofo Sócrates que segundo Michel Foucault (1994), seria o “mestre do cuidado de si”. Nesse contexto da filosofia socrática o tema do cuidado de si se apresenta como pertinente uma vez que diz respeito ao desprendimento da alma com relação ao corpo e onde o conhecimento e o acesso à verdade passam necessariamente pelo correto uso dos prazeres corporais. O cuidado de si se desdobra, assumindo também um papel político e pedagógico; uma vez que atingir o modo ideal de ser e aprender a cuidado de si mesmo é um papel direcionado e interpelado pelas figuras do mestre e do discípulo numa perpétua relação dialógica.

Alguns séculos mais tarde vê-se emergir novos desdobramentos em torno da possibilidade do sujeito ocupar-se consigo mesmo e consequentemente relacionar-se com a verdade. É nesse momento histórico que textos de autores como Sêneca e Marco Aurélio, por exemplo, elaboram toda uma analítica em torno do acesso à verdade re-dimensionando a questão dialógica e pedagógica em detrimento ao desenvolvimento de novas formas de possibilidade de acesso à verdade quais sejam; pelo desenvolvimento de uma escrita de si, pela prática do exame e ainda pela contextualização de um novo jogo pedagógico no qual passa a existir a figura do professor que fala e do aluno que ouve sem contestação.

No cristianismo o preceito segundo o qual convém ao sujeito ocupar-se consigo mesmo acaba ganhando uma outro configuração. Outro ponto que merece destaque no contexto cristão corresponde ao fato de que deve ser levado em consideração é o intenso controle de si mesmo, ou seja, todos os desejos, todas as tentações, devem ser suprimidas.

Conclusão: Observa-se, portanto, uma transição entre aquilo que se conhecia por acesso à verdade no mundo greco-romano para o desenvolvimento de uma hermenêutica de si cristão, fundamentada em bases cujos alicerces são a purificação de si, desenvolvida em primeiro lugar nos monastérios cristãos, nos quais a negação da vida passa a ser a única possibilidade de uma existência em consonância com os desejos divino.

Portanto, se com os gregos o acesso à verdade se circunscreve num constante jogo político mediado por uma atividade pedagógica na qual há uma interpelação entre mestre a discípulo no que diz respeito a contextualização da fixação de limites, do bom uso dos prazeres e da regulação das vontades instintivas com o intuito de salvaguardar aquele que posteriormente será um dos governantes, evitando assim o nascimento das figuras do tirano e do ditador, com os romanos a problematização e o acesso à verdade ganha um tom de solitude, de aperfeiçoamento e de cuidado na possibilidade do sujeito ser senhor do seu próprio destino, no entanto, com os cristãos, a condição de acessibilidade presente na sua hermenêutica passa a dizer respeito ao reconhecimento por parte do sujeito da sua condição de criatura eternamente escrava das verdades dogmáticas.

Referências:

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade II: o uso dos prazeres. 10. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

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_____. Resumo dos Cursos do Collège de France (1970-1982). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

______.A Hermenêutica do Sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

______. A Escrita de Si. In: FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política. Col. Ditos e Escritos V. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004b.

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A IMPORTÂNCIA DE ABELHAS NA MANUTENÇÃO DA FLORA DE UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA, SC.

Mainara F. Cascaes1; Birgit Harter-Marques2 1 Curso de Ciências Biológicas /UNA HCE/UNESC 2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais/UNESC RESUMO

A atual situação de descaracterização da Floresta Ombrófila Densa no sul do estado de Santa Catarina é relacionada principalmente a atividades agrícolas e exploração de carvão. A fragmentação resultou em pequenos remanescentes de vegetação nativa circundados por usos não florestais, acarretando grau de isolamento, efeito de borda e perda de biodiversidade. O Parque Ecológico Maracajá representa um dos poucos remanescentes florestais de Floresta Ombrófila Densa encontrados na microrregião geográfica de Araranguá. Estudos relacionados com a apifauna no sul do estado de Santa Catarina são escassos e pouco se conhece as relações das abelhas com a flora local. Considerando o estado atual de degradação das florestas na região e a carência de estudos faunísticos, o presente trabalho objetivou contribuir para o entendimento das interações entre abelhas e plantas no Parque Ecológico Maracajá, fornecendo subsídios para estudos futuros sobre a ecologia da polinização das espécies melitófilas neste ambiente. Realizou-se um levantamento das abelhas e das plantas visitadas por elas de setembro/07 a agosto/08, quinzenalmente, das 8:00 até 12:00 horas ao longo de dois transectos preestabelecidos. Foram coletadas 379 abelhas representadas por 44 espécies de quatro famílias. Apidae mostrou tanto maior riqueza como maior abundância nas flores (23 espécies, 65,7% das visitas), seguida por Halictidae (13 espécies/25,3%), Megachilidae (5 espécies/2,9%) e Colletidae (3 espécies/6,1%). Registrou-se a ocorrência de apenas duas espécies de abelhas eussociais nativas. O índice de diversidade Shannon (H’) foi 1,2869, e a equitabilidade (J) de 0,7831. As abelhas foram observadas visitando as flores de 51 espécies vegetais, sendo Asteraceae a família mais representativa. Os resultados indicam que a vegetação do parque sustente baixa riqueza de abelhas. Entretanto, a ocorrência de espécies de abelhas solitárias que mantêm estreitas relações com determinados grupos de plantas, indica que o remanescente abriga uma apifauna importante para assegurar a reprodução e a manutenção destas plantas.

Palavras-chave: Diversidade de abelhas, Fragmentação, Plantas melíferas.

Introdução: O Bioma Mata Atlântica é considerado atualmente como um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica do Planeta. Apesar da devastação, a Mata Atlântica ainda contêm uma parcela significativa da diversidade biológica, com altíssimos níveis de endemismo. Desta forma, a conservação da biodiversidade neste Bioma se faz necessária e representa um os maiores desafios deste início de século (VIANA; PINHEIRO, 1998). Os levantamentos faunísticos são importantes ferramentas para se conhecer e monitorar a biodiversidade. Os insetos representam 70% dos animais e dentre eles cada vez mais as abelhas vêm sendo valorizadas pelo seu importante papel ecológico como agentes polinizadores, sendo responsáveis pela reprodução da maioria das espécies vegetais nativas ou cultivadas (TRUYLIO; HARTER-MARQUES, 2007). As abelhas dependem dos produtos florais, principalmente pólen como fonte de proteína para provisão para suas crias, néctar como fonte de alimento para os adultos (MICHENER, 2000) e de outros recursos florais (resina, óleos) para construção de ninhos. Por outro lado, a maioria das plantas depende dos agentes polinizadores para sua

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