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5 th Brazilian Conference of In form ation Design

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Academic year: 2021

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Papéis eletrônicos: novas possibilidades e interações em um suporte

tradicional de mídia

Electronic Papers: new possibilities and interactions in a traditional support media

Guilherme P. G. Ferreira, Vanessa C. Ambrosio, Adriano Heemann, Dioclécio Camelo,

Dalton L. Razera

gutenberg. papéis eletrônicos. elektrobiblioteka. suportes de mídia. interação computador-papel. lissitzky. O registro da informação por muito tempo ficou vinculado a um elemento estático, como o papel, as pinturas e esculturas. Com o advento da tecnologia, novas abordagens começam a adaptar antigos materiais para prover maior flexibilidade no uso. Este artigo discorre sobre a evolução do uso do papel, abordando o discurso do designer gráfico russo Lissitzky que acreditava numa reinvenção da impressão, e do designer polonês Waldek Wegrzyn, que desenvolve o conceito de Elektrobiblioteka, projeto em que a tecnologia controla a interface de computador por um livro. Também apresenta o trabalho do pesquisador brasileiro Marcelo Coelho que propõe um substrato de papel com tecnologia abarcada. O artigo finaliza observando hipóteses de uso e inferência da tecnologia na cultura do livro.

gutenberg. electronic papers. elektrobiblioteka. media holders. computer interaction role. lissitzky. The registry of the information for a long time was linked to a static element, such as the paper and the paintings and sculptures. With the advent of technology, new approaches begin to adapt old materials to provide greater flexibility in use. This article discusses the evolution of the use of paper, addressing the discourse of the russian graphic designer Lissitzky, who believed in a reinvention of print and polish designer Waldek Wegrzyn, which develops the concept of Elektrobiblioteka, design technology that controls the computer interface for a book. It also features the work of the brazilian researcher Marcelo Coelho who offers a paper substrate technology embraced. The article concludes by noting assumptions and inference use of technology in book culture.

1 Introdução

A reprodução do conhecimento impresso dependeu por muito tempo dosmanuscritos, técnica milenar realizada por monges, alunos e escribas, que atuavam como copistas. A disseminação exponencial de conhecimento foi facilitada pelo uso da prensa de tipos móveis desenvolvida pelo alemão Johannes Gutenberg. Em meados do ano 1439, Gutenberg foi pioneiro ao utilizar os tipos móveis de chumbo fundido em uma prensa agrícola adaptada (Figura 1). Esta combinação permitiu a produção em massa de livros impressos e a reutilização dos tipos que antes de madeira se desgastavam facilmente na reprodução.

Ferreira, Guilherme P. G.; Ambrosio, Vanessa C.; Heemann, Adriano; Camelo, Dioclécio; Razera, Dalton L. 2014. Papéis eletrônicos: novas possibilidades e interações em um suporte tradicional de mídia. In: Coutinho, Solange G.; Moura, Monica; Campello, Silvio

Anais do

6º Congresso Internacional de Design da Informação 5º InfoDesign Brasil

6º Congic

Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.)

Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI

Recife | Brasil | 2013

Proceedings of the

6th Information Design International Conference

5th InfoDesign Brazil

6th Congic

Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.)

Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI

Recife | Brazil | 2013

CIDI

2013

5th Brazilian Conference

of In formation Design 6

th Inform ation Design Student Conference 6th Inform ation Design

International Conference

Blucher Design Proceedings

May 2014 , Vol. 1, Num. 2

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Figura 1 – Ilustração da prensa desenvolvida por Gutenberg.(Fonte: http://www.socialstudiesforkids.com/articles/worldhistory/gutenberg.htm)

Em 1450, Gutenberg fecha um acordo com um empresário e até 1455 imprime

aproximadamente duzentas Bíblias Católicas de 1.282 páginas, nas quais foram utilizados tipos góticos com iluminuras, e tornou-se o primeiro grande exemplar de livro impresso em volume. Atualmente, segundo dados levantados por Venturi (2012), restam apenas doze exemplares impressos desta Bíblia que foi feita em papel pergaminho (Figura 2).

Figura 2 – Páginas da Bíblia impressa por Johannes Gutenberg (Fonte: http://www.hrc.utexas.edu/exhibitions/permanent/gutenbergbible/)

O uso de tipos móveis de chumbo fundido, reutilizáveis, proporcionou uma enorme versatilidade ao processo de elaboração de livros e outros trabalhos impressos. Durante o Renascimento, o mundo vivenciou uma notável transformação, a qual foi ‘considerada a maior revolução tecnológica do milênio, pois propiciou a democratização do conhecimento, com

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impressão em escala de livros e jornais’ (Venturi, 2012). De acordo com o autor, neste período, a Europa possuía cerca de 50 milhões de habitantes, sendo que desse total, somente 15% eram alfabetizados e tinham acesso a fontes de leitura. Venturi (2012) destaca ainda que a invenção de Gutenberg colaborou na disseminação do conhecimento, tornando a impressão de diversos livros possível. Esse fato também teria contribuído para a educação do povo europeu, que se tornou mais alfabetizado, pois, segundo o autor, por volta do ano de 1500, estimasse que em toda Europa circulassem meio milhão de livros.

Até o meio do século 20, o papel à base de celulose foi o substrato principal para armazenar, organizar e transmitir informação. Sua durabilidade e versatilidade para a impressão gráfica fez com que o papel se tornasse ‘’uma força central na evolução cultural, econômica e científica’’ (Coelho, 2009). A partir da década de 90, o modo de acesso à leitura mudou, a informação não é mais exclusiva do papel impresso, migrando para o meio digital onde o ingresso se dá através da leitura em telas. ‘’Os livros, antes físicos, agora estão à disposição em formato digital, compondo uma experiência computacional’’ (Tullet, 2010).

Devido o advento dos computadores, por meio do uso da tela flexível e das tecnologias de entrada de dados, incidem muitas suposições de que o papel poderia se tornar obsoleto. Porém, essas tecnologias geralmente não abordam as qualidades materiais e de interação que tornam o papel versátil, não podendo ser tocadas, sentidas ou terem suas páginas viradas, sendo muitas vezes lidas com um afã muito maior que na mídia impressa. Por enquanto, as tecnologias não amadureceram o necessário para substituir totalmente os livros, jornais ou outras publicações impressas. Nesse sentido, Coelho (2009) argumenta que ‘’as folhas de papel podem ser dobradas, rasgadas, recicladas, grampeadas e escritas por meio de um custo muito baixo e sem a necessidade de atualizações de software ou suprimentos eternos de bateria’’. Buscando prover uma melhor qualidade de interação, alguns designers e estudiosos estão desenvolvendo projetos a fim de tornar o papel um suporte de mídia diferenciado, sem perder suas qualidades primárias, no que diz respeito à sua confecção a base de celulose e seu fácil manuseio. Desse modo, existe um potencial emergente para este desenvolvimento, ‘’que combine as técnicas tradicionais de fabricação de papel com as possibilidades de interação digital proporcionada pelos papéis eletrônicos, utilizando materiais inteligentes’’ (Coelho, 2009).

1.1 Objetivos

O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre os novos paradigmas de interação multimídia através da transposição dos documentos impressos para uma nova linguagem de uso intermediada pela interface objeto-homem-computador. Através de uma abordagem fenomenológica, visa levantar hipóteses de aplicação com as perspectivas identificadas. Como recurso de fundamentação bibliográfica, descreve a história da impressão moderna e apresenta o manifesto de Lissitzky, sobre a Elektrobiblioteka como argumento articulador. Do mesmo modo, apresenta o projeto Pulp-based computing, que se utiliza do suporte da polpa do papel para agregar ao livro outras funções e tecnologias, tornando a interação mais atrativa com o indivíduo.

1.2 Sobre o Estudo

O estudo relatado no presente artigo se configura metodologicamente com as seguintes características:

 Do ponto de vista de sua natureza é uma pesquisa básica, que busca novos

conhecimentos para a ciência, por meio de uma abordagem qualitativa, caracterizando-se por caracterizando-ser indutiva-descritiva.

 Como finalidade, é uma investigação exploratória por meio de dois estudos de caso ex

post facto, fundamentada por uma pesquisa bibliográfica preliminar.

 Ao considerar as informações levantadas, aponta considerações através do método fenomenológico e gera hipóteses de tendências e prospectivas tecnológicas.

2 Manifesto Lissitzky

O Manifesto Lissitzky, publicado pela primeira vez na revista chamada Merz, em sua edição de número 4, em julho de 1923, descrevia que ‘o novo livro exige um novo escritor’ (El Lissitzky,

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1923). Lissitzky (1923) defendia a ideia da Elektrobiblioteka (Quadro 01), denominação dada pelo designer, que exigia a reconsideração de cada aspecto do design da página – desde os detalhes compreendidos para representar a arte da tipografia, até os elementos da página em si: o cabeçalho, o parágrafo e o capítulo.

Quadro 1 – ‘‘A Topografia da tipografia’’. (Fonte: El Lissitzky, 1923, tradução nossa)

A Eletrobiblioteka

 As palavras na superfície impressa devem ser vistas, não ouvidas.

 Os significados da comunicação através da convenção de palavras; o significado alcança forma através da escrita.

 Economia de expressão: Ótica não fonética.

 O projeto do livro-espaço, definido de acordo com as restrições da mecânica de impressão, deve corresponder às tensões e às pressões de conteúdo.

 O design do espaço-livro usando grupos de processo, o qual a resulta da questão da nova ótica. A realidade fantástica do olho aperfeiçoado.

 A sequência contínua de páginas: o livro bioscópico.

 O novo livro exige o novo escritor. Tinteiro e pena estão mortos.

 A superfície impressa transcende espaço e tempo. A superfície impressa, a infinidade de livros, deve ser transcendida.

Lazar Markovich Lissitzky nasceu na Rússia em 23 de novembro de 1890, e era conhecido pelo pseudônimo de El Lissitzky, Lissitzky foi artista, designer, fotógrafo, tipógrafo e arquiteto, que trabalhou em seu país no início de sua carreira, e na Alemanha, onde sua obra exerceu grande influência na Bauhaus e nos movimentos construtivistas (El Lissitzky, 1923). Lissitzky defendia os livros como objetos permanentes, revestidos de poder e com sentido prático, uma arte que clama por mudanças. O livro era único, no sentido de que podia transmitir ideias às pessoas de diversas gerações, culturas e interesses, e fazê-lo de uma forma que as outras artes não conseguiam. Ao explicar a sua visão sobre os livros, escreveu: ‘’contrastando com a velha arte monumental, [o livro] vai de encontro às pessoas, e não fica imóvel como uma catedral à espera que alguém se aproxime. [...] [O livro] é o monumento do futuro’ (EL LISSITZKY, 1923).

O design do espaço-livro, até então definido de acordo com as restrições da mecânica de impressão, já não mais importava, tornando esta nova página em uma paisagem desconhecida de oportunidades e de possibilidades. A superfície do livro poderia, a partir daquele momento, transcender verdadeiramente o espaço e o tempo. A superfície ‘impressa’ deveria ser

reinventada e culminaria numa infinidade de livros envolvidos. As regras não mais se aplicariam.

3 Projeto Elektrobiblioteka

O projeto Elektrobiblioteka desenvolvido pelo designer polonês Waldek Wegrzyn é um protótipo que permite o controle de uma interface de computador por um livro (Figura 3). Wegrzyn decidiu tornar a computação dependente do livro: conectou a interface de um computador a um livro eletrônico. O sistema opera de modo que, quando as páginas do livro são viradas, a interface digital replica o mesmo movimento, permitindo ao usuário interagir com o computador manuseando um livro eletrônico. O projeto de Wegrzyn, portanto, se articula com o manifesto Lissitzky, o qual descreve o livro como algo independente do tempo e do espaço, em especial quando há a conexão entre tecnologia e livros.

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Figura 3 – O livro físico e a tela do computador compõem o Elektrobiblioteka. (Fonte: Imagem extraída de vídeo. Disponível em: http://vimeo.com/47656204)

Por ser uma instalação artística, a tecnologia utilizada pelo Elektrobiblioteka não é a de um livro seriado, sendo necessário carregar vários tipos de circuitos especializados que viabilizem a interação por meio de um programa específico. Trata-se de uma aplicação projetada para atender características de um conceito de interação, utilizando uma comunicação entre o livro e o computador. Com essa instalação, é possível se ter uma ideia de como a tecnologia poderá revolucionar o uso e a manipulação de revistas, livros e jornais físicos.

4 Projeto Pulp-based computing – A computação à base de polpa

Seguindo o conceito de utilizar o papel como suporte para a interação com várias mídias, o pesquisador e designer brasileiro Marcelo Coelho desenvolveu uma tecnologia baseada em circuitos eletrônicos inseridos em papel. Esse sistema, ao introduzir componentes eletrônicos no processo de fabricação do papel, possibilita que sensores detectem o toque humano, a pressão e também o uso de alto-falantes.

Sua experiência, chamada Pulp-based computing (computação à base de polpa), combina fibras de celulose com circuitos eletrônicos, que permitem a entrada e a saída de dados, bem como seu processamento. O desenvolvimento de compósitos de papel eletrônico combina técnicas de fabricação de papel tradicional com as possibilidades de interação dos materiais inteligentes. O composto é uma combinação de dois ou mais materiais que possuem propriedades físicas e/ou químicas diferenciadas, ‘mas que associados produzem

características únicas, de condutividade elétrica e maleabilidade, mantendo as vantagens e particularidades de seus elementos constitutivos’ (Coelho, 2009).

Este processo de fabricação oferece uma variedade de alternativas para os engenheiros e designers, já que o número de combinações de materiais é ilimitado e podem ser

personalizadas de acordo com cada tipo de projeto. O desenvolvimento de superfícies de papel emborrachado, com melhor resiliência, assim como folhas mais resistentes e impermeáveis, permite que, em conjunto, as empresas de celulose e os designers desenvolvam novas possibilidades de aplicações (Figura 4).

Figura 4 – Esquerda: papel e fios condutores compósitos; centro: exibição do papel flexível; direita: placa de circuito-impresso (PPCB). (Fonte: Extraída do filme Eletrobase. Disponível em:

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A polpa de papel desenvolvida por Coelho permite a inclusão de tecnologia incorporada entre as duas folhas de papel, que são comprimidas, drenadas e ajustadas para secar. Utilizando-se de serigrafia e encapsulando tinta eletricamente ativa entre as folhas, cria-se um ‘sanduíche’, originando um documento eletrônico, que é resistente e inseparável do objeto incorporado.

4.1 Combinações com outras tecnologias

Foram desenvolvidas características subjacentes que combinadas fornecem a estrutura e instigam o desenvolvimento de uma plataforma de computação baseada no papel (Coelho, 2009), conforme o Quadro 2.

Quadro 2 – Combinações com outras tecnologias subjacentes: (Fonte: Coelho, 2009).

Característica Aplicação

Componentes embarcados

Piezo-microfones, LEDs SMD, motores vibratórios e células fotovoltaicas são interfaces já otimizadas que levam em consideração as variações elétricas, apresentando componentes eletricamente independentes a partir do substrato de papel. Assim, não sofrem interferências relevantes.

Sensor de dobra

Uma folha de papel que pode ser dobrada nos dois sentidos de suas dimensões (x, y) por meio da infusão de tinta de carbono resistente entre duas camadas de papel. No caso de um livro, esta abordagem permite medir as variações na resistência, além de detectar quando as páginas estão sendo viradas sem componentes eletrônicos adicionais que possam interferir nas qualidades de textura e visual do livro.

Alto-falantes

A utilização da técnica da serigrafia foi usada para imprimir espirais de tinta condutora sobre a superfície das folhas de papel. Por meio da oscilação do fluxo de corrente através desta espiral, é possível criar um campo magnético controlado que pode vibrar o papel rápido o suficiente para que ele produza uma série de frequências audíveis.

Papel cinético

O uso do Nitinol (que é uma liga composta por Níquel e Titânio) e um compósito de papel resultam na aquisição de uma forma específica. Quando a corrente é aplicada às pequenas partículas de Nitinol incorporados no papel, a folha pode fisicamente deformar e dobrar para adquirir novas formas, ou relaxar e retornar à sua forma padrão.

Interface e lógica

Incorporação de condutores no papel que apresentam o mesmo perfil dos fios elétricos, porém, podendo suportar maior estresse físico sem correr o risco de danos permanentes. Para isso, são utilizados microcontroladores, que precisam estar programados num circuito incorporado, ligados a um programador de hardware externo, por meio de almofadas de ligação expostas na superfície externa do papel.

Ainda, segundo Coelho, na tecnologia Pulp-based computing (computação à base de polpa), a água não danifica os circuitos, pois a fonte de eletricidade só é inserida após a secagem, permitindo que o papel funcione normalmente. Para a alimentação do circuito, o pesquisador prevê o uso de baterias finas de lítio ou células solares. Ao combinar essas técnicas com outras tecnologias, pode-se resultar em novas aplicações, principalmente na computação, fazendo uso das propriedades físicas e táteis do papel (Figura 5).

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Figura 5 – Protótipo do papel eletrônico feito para testar a maleabilidade do produto. (Fonte: Coelho, 2009. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/tecnologia/papel-inteligente-interage-com-usuario)

Segundo o autor, essa tecnologia pode ser aplicada em várias situações (Quadro 3): Quadro 3 – Prováveis aplicações da tecnologia Pulp-based computing (Fonte: Adaptado de Coelho, 2009).

• Caixas de papelão que dobrem sozinhas e que exibam informações sobre o seu conteúdo;

• Publicações interativas utilizando I/O (entrada e saída de dados, por meio de um código ou programa) para a construção de espaços reconfiguráveis e interativos;

• Livros infantis que toquem melodias a cada virada de página; • Partituras que se autoreproduzam.

Observa-se que o Coelho (2009), aponta usos múltiplos para esta tecnologia o que reforça a flexibilidade do composto informatizado frente ao papel comum. Embora, haja dispositivos especializados em leitura o conceito de uma interface, com tato e operação de uso clássico de um livro, o autor sugere um grau de interação mais íntimo com o produto, que pode ser potencializado pelo viés tecnológico.

5 Discussão

A leitura dos e-books, assim como o uso de equipamentos como celulares, tablets e leitores digitais tornam o sonho do início do século passado de Lissitzky em uma realidade tangível para esse novo formato de livro. Contudo, há mais por vir do que até o próprio Lissitzky idealizou. A natureza do e-book significa realmente que o novo livro exige um novo tipo de leitor, escritor e designer.

Os livros físicos ainda são disseminados de modo muito mais abrangente que os formatos digitais devido a baixa tecnologia para produzi-los. Isso não significa que eles devam ter sempre as mesmas características, pois é possível vislumbrar um futuro em que os livros se tornem essencialmente periféricos.

O projeto Elektrobiblioteka e o projeto Pulp-based computing , são conceitos que possibilitam uma nova gama de aplicações voltadas para o cenário dos livros digitais. A característica comum entre os dois casos estudados é a de provocar interações além da tátil, permitindo que o papel seja mais que um suporte impresso. Através destes conceitos é

possível discutir novos cenários de interação, como, por exemplo, para livros didáticos, infantis e outros que possuam características que possam ser incrementadas através de novas experiências midiáticas.

O ato de tocar, sentir sua textura, gramatura e sua rugosidade; perceber sua cor, tanto de seu fundo quanto de suas letras impressas; e também o odor de sua tinta e da composição de

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sua polpa são pontos que personalizam o livro, criando uma relação íntima com o usuário e que o meio puramente digital não abarca. A busca por tornar a interação algo não vinculada somente ao meio eletrônico, mas sim apresentar o livro como elemento ferramental, permite ao usuário uma maior familiaridade com a mídia, abordando características do mundo físico para a interação virtualizada. Neste cenário de realidade aumentada, têm-se novas formas possíveis de comunicação e interação, em que o computador e o livro, como interface de articulação, convergem para um produto único e com apelo diferenciado de mercado.

6 Considerações finais

O uso do livro como ferramenta de interação pode emergir em cenários em que os displays apresentam as informações não apenas sobre um conteúdo específico, mas de um catálogo ilimitado de produtos e informações. A navegação através das páginas do livro eletrônico pode aproximar uma leitura tátil de algo inicialmente digital e caracterizar um uso diferenciado destas mídias. Entretanto, a necessidade de vincular e integrar o display ao livro ou papel eletrônico ainda deve ser desenvolvida para tornar este envolvimento mais portátil e semelhante ao uso normal das mídias impressas: permitindo anotações, marcação de páginas, uso de post-its e outras características que terão de ser transportadas a este novo cenário.

Um das hipóteses de aplicação que podem ser facilmente adaptada para implantação destas possibilidades é a publicação de livros infantis e infanto-juvenis e didáticos mais dinâmicos, que permitam que tanto histórias e fábulas quanto conteúdos de alfabetização sejam transformados em experiências midiáticas (Figura 7). Assim, o próprio objeto permite a interação com o usuário, e neste caso, o público, (crianças e adolescentes) já possui

familiaridade com as novas mídias tecnológicas.

Figura 7 – Crianças e livros: uma combinação promissora em novas tecnologias do papel como suporte midiático. (Fonte: os autores).

Com isso, as novas tecnologias aqui apresentadas podem ser a solução para que as modernas técnicas computacionais, combinadas com uso do o papel, tornem muito mais interessantes esse suporte tradicional. Usável e barata, a computação em papel agrega possibilidades e deslumbra um futuro em que o usuário pode experimentar diferentes modalidades sensoriais instigando pesquisadores e desenvolvedores a observar o quão versátil esse suporte ainda se apresenta, apesar de sua história milenar.

Agradecimento

Os autores agradecem ao suporte do Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal do Paraná. A pesquisa é viabilizada também pelo Programa de Apoio ao Plano de

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Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), por meio de bolsas de Mestrado.

Referências

Textos publicados na internet

COELHO, M. et al. Pulp-Based Computing: A Framework for Building Computers Out of Paper. CONFERENCE ON HUMAN FACTORS IN COMPUTING SYSTEMS, Boston, USA, 2009.

Extended Abstracts. 2009. Disponível em:

<http://web.media.mit.edu/~marcelo/publications/coelho-pulpbasedcomputing-chi.pdf> Acesso em: 19 ago. 12.

El LISSITZKY. 2012. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/El_Lissitzky> Acesso em: 06 out. 2012.

INCORPORAÇÃO de circuitos eletrônicos cria nova classe de papéis inteligentes. Inovação

Tecnológica. Publicado em 25 set 2007. Disponível em:

<http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010110070925> Acesso em 30 out. 12.

LIMER, Eric. Forget Mouse and Keyboard, Elektrobiblioteka Controls a Computer With a Book. Disponível em: <http://gizmodo.com/5941681/forget-mouse-and-keyboard-elektrobiblioteka-controls-a-computer-with-a-book> Acesso em: 02 out. 2012.

RIBEIRO, G. M.; CHAGAS, R. L.; PINTO, S. L. O renascimento cultural a partir da imprensa: o livro e sua nova dimensão no contexto social do século XV. Akropólis, Umuarama, v. 15, n. 1 e 2, p. 29-36, jan./jun. 2007.

SALMAN, Latif. Elektrobiblioteka lets you control a computer interface with a book. 2012. Disponível em: <http://www.ubergizmo.com/2012/09/elektrobiblioteka-lets-you-control-a-computer-interface-with-a-book/> Acesso em: 02 out. 2012.

SPATA, Andressa; BEZERRA, Fabíola. Papel inteligente interage com usuário: Circuitos eletrônicos inseridos no material convencional permitem detecção do toque ou pressão.

Ciência Hoje. 14 fev. 2008 (atualizado em 20 out. 2009). Disponível em:

<http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/tecnologia/papel-inteligente-interage-com-usuario/?searchterm=marcelo%20coelho> Acesso em: 21 ago. 2012.

THE GUTENBERG Bible. 2012. Disponível em:

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<http://www.eyemagazine.com/blog/post/electro-library-dreams> Acesso em: 02 out.12. VENTURI, Jacir J. A imprensa de Gutenberg e a internet. 2012. Disponível em:

<http://www.geometriaanalitica.com.br/a-imprensa-de-gutenberg-e-a-internet.html> Acesso em: 06 out. 2012.

Sobre os autores:

Vanessa C. Ambrosio, mestranda, UFPR, Brasil <vaneconstance@gmail.com> Guilherme P.G. Ferreira, mestrando, UFPR, Brasil <guilhermepgf@gmail.com> Dioclécio Camelo, , Dr., UFPR, Brasil <dino@dioclecio.com>

Adriano Heemann, Dr., UFPR, Brasil <adriano.heemann@gmail.com> Dalton L. Razera, Dr., UFPR, Brasil <daltonrazera@ufpr.br>

Referências

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