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APRESENTAÇÃO, IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA DISCIPLINA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

FACULDADE DE LETRAS

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS – HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA – MODALIDADE A DISTÂNCIA

DISCIPLINA: POLÍTICA E LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL CÓDIGO: LD 01015 – CH: 68

VISÃO GERAL DA DISCIPLINA

EMENTA: Contexto econômico, político, social e cultural do Brasil contemporâneo, a partir da década de 1960. Política educacional na legislação para os níveis de escolaridade básica e superior. Relações entre o publico e o privado no contexto da educação brasileira.

APRESENTAÇÃO, IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA DISCIPLINA

O currículo do curso do futuro licenciado deverá ser configurado para além do conhecimento e domínio dos os conteúdos básicos relacionados às áreas/disciplinas de conhecimento que serão objeto da atividade docente. É necessário propor situações de aprendizagem no qual se favoreça a compreensão da historicidade que marca os processos educativos na sociedade de um modo geral em especial na sociedade brasileira, com foco nas ações do estado brasileiro.

A inclusão da disciplina Política e Legislação Educacional no curso de Licenciatura em Letras – modalidade a distancia tem por base a necessidade de compreensão, por parte do aluno, da política educacional brasileira, onde irá atuar na condição de egresso do curso, ao mesmo tempo em que irá favorecer a compreensão das articulações dessa política com o contexto econômico e social. Dessa forma, a disciplina volta-se para os seguintes objetivos:

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- discutir a política educacional brasileira no contexto da Reforma do Estado, visando O aprofundamento das principais proposições instituídas e instituintes;

- analisar as concepções e conceitos de política educacional, identificando os diferentes agentes da sociedade e do Estado na formulação, implementação e avaliação de políticas educacionais;

- reconhecer o ordenamento jurídico que norteia a organização do ensino básico e superior brasileiro; e

- analisar os principais programas educacionais brasileiros na atualidade, no âmbito do financiamento, planejamento, currículo e avaliação educacional e formação de

professores.

CONTEÚDO DA DISCIPLINA

O conteúdo da disciplina parte da compreensão da reforma do Estado Brasileiro, procurando identificar as implicações da reconfiguração do estado para o provimento de políticas sociais, dentre elas as educacionais. Parte-se do entendimento de que o conjunto de medidas adotadas pelo poder público nesta área está intimamente relacionado com a questão da melhoria da qualidade da educação, com ênfase na educação básica.

Dessa forma, o conjunto de reformas educacionais que vem sendo proposto busca soluções que permitam a sintonia do sistema educacional com as mudanças econômicas e sociais em curso e ao modelo de reestruturação produtiva, que marcou a passagem de século XX para o século XXI. As reformas educativas ocorridas no Brasil a partir dos anos 1990 foram implantadas segundo uma lógica que articulou os processos educacionais às demandas do mercado de trabalho, que priorizam a polivalência e a flexibilidade na definição de novos perfis profissionais. Para isso, tornou-se fundante a reestruturação da escola básica, que precisou se adequar às exigências dessa nova realidade, com a formação de um trabalhador a ela adaptado; condição essa básica e necessária para a implantação do novo projeto social.

É importante observar que inúmeras políticas educacionais desde então propostas foram fundamentadas em orientações emanadas dos organismos internacionais de financiamento, em especial o Banco Mundial, a OCDE, os quais são referência nos processos de reforma educativa em diferentes países da América Latina e em todo mundo. Essas políticas baseiam-se em orientações que têm estimulado uma lógica, na qual a relação custo-benefício é privilegiada, em detrimento de padrões de qualidade que

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têm sido enfatizados nas reivindicações do movimento de educadores e da produção do conhecimento na área educacional. Além disso, uma das características igualmente observadas nas políticas educacionais em foco é o estreitamento do espaço público, o qual é influenciado pelos limites sociais que decorrem da lógica do mercado e da descentralização que marca a gestão educacional iniciada nos anos 90.

Por último, será identificada e analisada a materialização das políticas educacionais na legislação, bem como em programas e projetos governamentais. Para isso, iniciar-se-á com a organização administrativa e didática do ensino brasileiro na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1996, Lei nº 9394/1996, em seguida será discutida a política de financiamento da educação básica a partir do FUNDEB, a política de Avaliação da educação: SINAES, ENEM, Prova Brasil, IDEB, o Plano Nacional de Educação, a formação de professores no contexto pós-LDB, com destaque às ações do PARFOR, além de abordar as principais políticas curriculares e a educação básica.

METODOLOGIA E AVALIAÇÃO

A metodologia privilegiará a leitura e a análise compreensiva e crítica dos materiais e textos da disciplina, que, por sua vez, objetivam uma interlocução permanente com os cursistas. Entre as atividades propostas, incluem-se a produção de resumos, o estudo dirigido e a elaboração de glossário. Será valorizada a possibilidade de mídias alternativas, como a que decorre da participação nos fóruns de discussão.

A avaliação se baseará na produção escrita, na auto-avaliação, na avaliação escrita (final) da disciplina, na participação nas atividades assíncronas, propostas para serem desenvolvidas na plataforma Moodle.

BIBLIOGRAFIA

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_____. Emenda Constitucional nº 59/2009, de 11 de novembro de 2009. Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 23 de abril de 2014.

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UNIDADE 1

A REFORMA DO ESTADO NO BRASIL E SUAS IMPLICAÇÕES

NAS POLÍTICAS EDUCIONAIS

Para analisarmos as políticas sociais originadas a partir da década de 1990 (entre elas as políticas educacionais), torna-se necessário compreendermos as inúmeras reformas institucionais ocorridas no Brasil desde então. Para isso, é importante observar que as reformas então ocorridas no Estado irão contribuir para um novo formato na gestão das políticas públicas educacionais.

Dessa forma, pretende-se, nesta unidade, caracterizar a política educacional brasileira no contexto da Reforma do Estado, visando ao aprofundamento das principais proposições identificadas no campo educacional, bem como a análise das concepções e dos conceitos de política educacional, identificando os diferentes agentes da sociedade e do Estado na formulação, implementação e avaliação de políticas educacionais.

Nesta unidade, veremos as implicações do contexto socioeconômico mundial, de uma nova fase do processo de internacionalização, denominada por Chesnais(1996) de mundialização do capital, a qual irá refletir em mudanças qualitativas nas relações de força política entre o capital e o trabalho, assim como entre o capital e o Estado, em sua forma de Estado do Bem-Estar. Além disso, abordaremos diferentes concepções nas políticas públicas educacionais e o papel desempenhado pelos agentes sociais na sua concepção e implementação.

Feitos esses esclarecimentos, iremos agora aprofundar o estudo das políticas educacionais. Vamos começar?

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ATIVIDADE 1

MUDANÇAS NO REGIME DE ACUMULAÇÃO CAPITALISTA E SUAS

IMPLICAÇÕES NAS POLÍTICAS SOCIAIS

Na atividade a ser desenvolvida, você deverá compreender as implicações de um novo contexto socioeconômico mundial que se configurou ao final do século XX, que implicou em mudanças qualitativas nas relações entre o capital e o trabalho, além de repercutir no papel desempenhado pelo chamado Estado Nação.

Ao analisar as principais tendências observadas no contexto socioeconômico mundial no final do século XX e início do século XXI, Chesnais (1996) identifica algumas mudanças ocorridas nesse contexto que resultaram em um regime de acumulação capitalista em que predomina a valorização financeira. Segundo esse autor, o contexto macroeconômico mundial a partir da década de 1990 vem sendo marcado por taxas de crescimento muito baixas do Produto Interno Bruto–PIB, deflação rastejante, ou seja, diminuição do índice de preços ao consumidor, conjuntura mundial instável marcada por sobressaltos monetários e financeiros, alto nível de desemprego estrutural, além de marginalização de regiões inteiras em relação ao sistema de trocas e ampliação da concorrência internacional; Esse cenário contribuiu para o ingresso da economia mundial em uma fase depressiva de longa duração, da qual somente poderia sair mediante choques “externos” à economia.

O capitalismo predominantemente rentista, que Chesnais (1996, p. 2) denomina de parasitário, é aquele cujo funcionamento parece estar subordinado, de modo crescente, às necessidades próprias das novas formas de centralização do capital-dinheiro, em particular dos fundos mútuos de investimento (mutual investmentsfunds) e dos fundos de pensão. Sustentado pelas instituições financeiras internacionais e pelos Estados mais poderosos do planeta. O capitalismo rentista, seria aquele sistema econômico no qual a absorção de riqueza se dá por uma classe que não produz nada e cujo rendimento é auferido a partir de juros e aluguéis.

Dentre as principais consequências dessa mudança no capitalismo, Chesnais destaca (Idem) a destruição dos postos de trabalho muito superior ao de criação, a mobilidade do capital que permite que as empresas influenciem os países a padronizar as leis trabalhistas e de proteção social, o enfraquecimento dos gastos públicos (os governos compensam a diminuição das receitas tributárias por um aumento da dívida pública) e a crise fiscal dos estados, as quais, associadas às

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políticas neoliberais, ocasionam redução do nível de emprego e aceleração das privatizações e desregulamentação do trabalho.

Com a introdução das chamadas novas tecnologias nos processos de produção que se originou com a experiência japonesa, onde se observou uma modificação nas relações entre as empresas com os assalariados e com as organizações sindicais. Essas mudanças, segundo Harvey (1998), foram possíveis porque passou a vigorar um novo padrão de acumulação em substituição ao padrão taylorista-fordista de produção. O padrão taylorista-fordista de produção que predominou ao longo do século XX caracterizou-se pela produção em massa, pelas unidades produtivas concentradas e verticalizadas, pelo controle rígido dos tempos e dos movimentos. Já na chamada acumulação flexível, também conhecida como toyotistismo (surgida no Japão), são centrais no processo produtivo a flexibilização e a desregulamentação, priorizando-se a eficiência. Entre as consequências da adoção desse modelo, destaca-se a desregulamentação das condições de trabalho e dos direitos trabalhistas.

Segundo Chesnais, tais mudanças foram pautadas ainda

pelo apoio fundamental por parte dos principais Estados capitalistas, sob a forma das políticas de liberalização, desregulamentação e privatização que estes adotaram um após o outro, desde a chegada ao poder dos governos de Thatcher e de Reagan (CHESNAIS, 1996. p. 02).

O alvo da acumulação voltou-se para salvação/manutenção das posições adquiridas, cuja posição financeira rentista constitui a expressão mais acabada. Nessa conjuntura, marcada por sucessivas crises do sistema capitalista, destacam-se as crises financeiras, como a ocorrida nos países asiáticos no final dos anos 1990, a de 2001, por ocasião do estouro da bolha da internet e, mais recentemente, a de 2008, com a expansão do crédito financeiro à população norte-americana. Essas crises, apesar de inicialmente localizadas em determinado espaço geográfico, acabam por repercutir no contexto mundial.

Assim, a crise do sistema capitalista está na origem da reforma do estado, desencadeada nos anos 90, no Brasil e em outros países da América Latina, na qual observou-se um conjunto de orientações que visavam à desarticulação do estado, providência esta com vistas à emergência e à consolidação do Estado Mínimo. Tais orientações terão importantes repercussões na proposição e gestão das políticas públicas sociais, com destaque às políticas educacionais, inclusive na formulação e gestão de políticas sociais, em especial a chamada Reforma do Estado Brasileiro.

Assim, na origem da reforma do estado desencadeada nos anos de 1990 no Brasil e em outros países da América Latina, destacou-se a observância a um conjunto de orientações que visavam à desarticulação do Estado Providencia com vistas a emergência e consolidação do Estado

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Mínimo. Tais orientações terão importantes repercussões na proposição e gestão das políticas públicas sociais, com destaque às políticas educacionais.

EXERCÍCIO 1

Após a leitura do texto, identifique as palavras que você desconhece e em seguida procure identificar as principais questões tratadas até aqui e apresente as principais considerações sobre sua compreensão do assunto.

Procure mais informações sobre as recentes crises do sistema capitalista e veja como essas influenciam em nossas vidas

Suas observações deverão ser socializadas nas atividades de sábado com os demais estudantes, sob a orientação do tutor.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

O QUE VEM A SER ESTADO PROVIDÊNCIA OU ESTADO DO BEM ESTAR SOCIAL? O chamado Estado Providência, ou Estado do Bem Estar Social tem origem nas formulações teóricas desenvolvidas por John M. Keynes, um dos mais importantes economistas de toda história mundial. Em oposição às formulações liberais, Keynes defendeu a ação intervencionista do Estado, pautada na proposição e desenvolvimento de políticas econômicas que possibilitem coordenar e estabilizar a dinâmica das economias monetárias. Essas ideias influenciaram as políticas sociais na sociedade ocidental em parte do século XX. Tais formulações entendem que os direitos sociais são elementos constitutivos dos direitos humanos básicos e precisam ser garantidos pelo Estado Providência, como é o caso do estabelecimento do salário mínimo, do seguro desemprego, daredução da jornada de trabalho, dentre outros. Com a crise do sistema capitalista, o modelo do Estado do Bem Estar Social, face ao contexto de crise econômica ainda vigente, sofreu profundas críticas, as quais tinham por base o questionamento da capacidade do Estado de implementar políticas sociais, havendo necessidade de uma profunda revisão nos fundamentos keynesianos, em especial o que diz respeito ao desmantelamento dos sistemas de proteção social.

RESUMO DA ATIVIDADE

Você pode ver como as implicações do contexto socioeconômico mundial de uma nova fase do processo de internacionalização do capital se refletem qualitativamente nas relações de força política entre o capital e o trabalho, bem como entre o capital e o Estado, em sua forma de Estado

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do Bem-Estar. Pode constatar ainda que a crise do sistema capitalista está na origem da reforma do estado, desencadeada nos anos 1990, no Brasil e em outros países da América Latina, bem como a predominância de um conjunto de orientações que visavam a consolidação do Estado Mínimo.

ATIVIDADE 2

REFORMA DO ESTADO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: ,

CONCEPÇÕES, IMPLANTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DOS ATORES

SOCIAIS

Após compreendermos as novas relações observadas no papel do Estado, vamos procurar situar como essas relações impactam nas políticas sociais, em especial nas políticas educacionais, objeto de estudo da disciplina. Passemos a ver como isso ocorreu.

As mudanças observadas com relação ao papel do Estado na sociedade atual serão objeto de análise de diferentes autores que estudam a questão. Um desses autores é Afonso (2001), que procura situar a crise do Estado-Nação e as suas implicações para pensar algumas dimensões da educação. O autor analisa a reforma do Estado em curso, bem como os constrangimentos decorrentes das novas instâncias de regulação supranacional, como é as que decorrem dos processos de globalização e transnacionalização do capitalismo. (AFONSO, 2001, P. 16).

Evidencia ainda que as políticas educacionais, até muito recentemente, eram políticas que expressavam uma ampla autonomia de decisão do Estado, ainda que essa autonomia fosse resultante das relações complexas e contraditórias entre os setores dominantes e as classes dominadas, além de outros atores coletivos e movimentos sociais.

O que se observa é que há uma crescente diminuição dessa autonomia relativa do Estado-Nação moderno, em que há uma reconfiguração do papel do Estado, que deixa de assumir funções que tradicionalmente eram de sua responsabilidade, como a garantia de direitos sociais e as consequentes ações que viabilizariam esses direitos, como a oferta prioritária de educação pública nos diferentes níveis de ensino ou de saúde pública, que marcaram o Estado do Bem Estar Social, ou Estado Providência.

Em tempo de Estado Mínimo, Afonso (2001) aponta a emergência de um novo paradigma do Estado, a que ele denomina de paradigma do Estado-regulador, que aponta para mudanças no papel desempenhado pelo Estado, o qual deixa de ser produtor de bens e serviços para se transformar em regulador do processo de mercado. O autor (Idem) assim se refere:

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Talvez seja útil lembrar, na sequência do que tenho estado a desenvolver, que a chamada reforma do Estado tem hoje uma amplitude muito maior do que aquela que pode estar subentendida quando se fala em simples modernização da administração, sugerida, neste caso, por expressões como reinvenção do governo, ação administrativa orientada para os resultados,

new public management, entre outras. A este propósito, quando, por

exemplo, se insiste na substituição do paradigma burocrático da administração pelo paradigma administrativo-empresarial isso traduz-se também na emergência de um novo paradigma do Estado que hoje tende a ser denominado paradigma do Estado-regulador.

Contribui para tal ainda a constatação feita por esse autor de que com intensidade variada, os países de um modo geral se confrontam na atualidade com a emergência de novas organizações e instâncias de regulação supranacional como é o caso do Mercosul, Organização Mundial do Comércio, União Europeia, além de outras organizações que já gozavam de influência no cenário internacional como e é o caso do Banco Mundial, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico -OCDE, Fundo Monetário Internacional - FMI.

Além disso, a partir dessas novas funções assumidas pelo Estado, que redefine sua forma de atuação, inúmeras designações passam a ser encontradas na literatura especializada as quais expressam novas formas de atuação e as mudanças no papel do Estado: Estado–reflexivo, Estado-Activo, Estado-Articulador; Estado Supervisor; Estado-Avaliador; Estado-Competidor, denominações que:

expressam novas formas de actuação e diversas e profundas mudanças nos papéis do Estado; em qualquer dos casos quase sempre impulsionadas (e justificadas) por factores externos que dizem respeito, predominantemente, aos efeitos decorrentes da transnacionalização do capitalismo e da actuação de instâncias de regulação supranacional – efeitos esses que são desigualmente sentidos consoante a situação de cada país no sistema mundial, embora sejam necessariamente (re)interpretados ou recontextualizados ao nível nacional.

EXERCÍCIO 2

Responda as questões abaixo e discuta as dúvidas com o tutor nos encontros presenciais: 1) O que significam as expressões: Estado-Nação, Estado-Regulador e Estado-Avaliador? 2) Quais as implicações da reforma do Estado nas políticas sociais e na educação brasileira?

Quais são as principais tendências observadas na realidade brasileira na gestão das políticas educacionais? Considere que as reformas educativas propiciaram um novo formato na concepção e

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gestão dessas políticas. Para entendermos melhor essa situação, recorreremos ao artigo de Oliveira (2009, p. 15-29), que aborda como essas tendências estão presentes nas políticas educacionais.

A autora também identifica uma onda de reformas ao nível de Estado nas duas últimas décadas nos países latino-americanos, dentre os quais o Brasil se inclui, as quais tem resultado “em um novo desenho de gestão das políticas públicas educacionais”. (OLIVEIRA, 2009, p. 15).

Constata que houve mudanças na orientação de políticas públicas sociais, que, apesar de terem iniciado em governos anteriores, tem sido cada vez mais aceitas, legitimadas e naturalizadas socialmente. Há assim, uma continuidade na orientação das políticas públicas sociais no caso brasileiro, como é o caso da política de cotas nas universidades públicas para negros e índios, apesar de toda uma polêmica e debate no meio acadêmico inclusive. Essas ações acabam de alguma forma minimizando a situação de risco em que esses setores da população (em geral constituídos pela camada pobre) são submetidos, o que leva a defesa sobre sua exequibilidade.

Ao problematizar a dinâmica dessas políticas, a autora refere ainda que não é possível entender essas políticas resultantes apenas de ações deliberadas pelos donos do poder, já que os demais segmentos sociais que não fazem parte dos setores dominantes, do ponto de vista social e econômico, não se constituem em receptores de políticas públicas, nem em agentes passivos, meras marionetes no cenário social.

Em sua linha de argumentação Oliveira (2009, p. 16) defende a tese de que “há algo novo na dinâmica social dos últimos tempos que precisa ser analisado a partir de novas categorias. As teorias da regulação e da ação pública podem contribuir neste intento”.

LEITURA COMPLEMENTAR

Na conclusão desta atividade você irá realizar complementarmente a leitura de parte do artigo de Oliveira em que a autora aborda as principais tendências na gestão das políticas sociais, destacando em particular as políticas educacionais no contexto latino-americano.

GESTÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: AÇÃO PÚBLICA, GOVERNANCE E REGULAÇÃO

Dalila Andrade Oliveira (...) Nesse cenário em que o universalismo esmaece como critério de justiça social, diversidade e desigualdade tendem a se confundir. A noção de direito social é comprometida e, com ela, os preceitos de cidadania políticas sociais. Está na base desta análise que um dos fatores constitutivos da cidadania são as políticas sociais. São elas que possibilitam a dinâmica societária própria do capitalismo, seja na transformação da proletarização passiva em ativa (OFFE, 1984), seja na possibilidade de integrar socialmente a população a partir de uma base mínima necessária à vida em sociedade (CASTEL, 1998). Contudo, as políticas sociais refletem decisões de governos, que, muitas vezes, implicam escolhas trágicas, entre o atendimento de uns e a condenação de

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outros à carência, apesar de sempre justificadas por critérios técnicos, como se estes fossem neutros e isentos (ABRANCHES, 1998).

Ao longo do século XX, as teorias administrativas desenvolveram-se enormemente, demonstrando grande plasticidade. Cada escola teórica surgia como resposta às críticas aos modelos administrativos anteriores. Neste sentido, por exemplo, a Escola de Relações Humanas veio como superação do modelo Taylor-fordista de organização do trabalho. Ao propor formas mais ‘humanas” e motivadoras de organização do trabalho que levassem em conta a subjetividade do trabalhador, rompia com a estreita concepção de homuseconmicus do modelo anterior, mas preservando aquilo que era essencial: a exploração do trabalho sob bases capitalistas.

Derouet (2004) chama atenção para os riscos de as relações entre os responsáveis políticos e as análises sociológicas criarem “cumplicidades perigosas”. Isto se dá em razão de que:

A reflexão de alta administração integrou a aquisição da crítica. Criou-se um universo cognitivo comum que se caracteriza pela recuperação dos contributos da crítica para o novo modelo de organização, deslocando os debates sobre as questões respeitantes à justiça política para aquelas que examinam a justeza técnica dos instrumentos, a criação de um consenso de pessoas de bem face a inimigos por vezes sobrevalorizados, etc... onde a sociologia se arrisca a tornar-se uma espécie de formalização e legitimação do pensamento dos gestores. (DEROUET, 2004, p. 3).

Dentre os “inimigos” referidos por Derouet, destacam-se os sindicatos, que, representantes de uma forma de organização corporativo-profissional que já não respondia mais aos genuínos interesses dos trabalhadores, converteram-se em casta reprodutores de uma burocracia sindical que enriquecia à medida que se distanciava de seu local de trabalho (BERNARDO, 1987). Outro inimigo atacado pelos dois lados – a crítica social e a administração – é a forma de organização burocrático-estatal, marcada pelo planejamento central, rígidas hierarquias e pelo corpo de funcionários. E, por fim, as formas de padronização presentes nos programas sociais de atendimento universal, que desconheciam as diferenças e especificidades do público atendido.

Esses fenômenos estavam todos interligados. O poder que os sindicatos concentraram tem relação íntima e direta com a centralização estatal, da mesma que a padronização e a uniformização de políticas sociais estão relacionadas à orientação universal de tais políticas, em um esforço claro de oferecer igualmente o mesmo serviço ou permitir um acesso a um bem comum. Contudo, tais críticas acabaram por denunciar a orientação universal como uma política autoritária e injusta (DEROUET, 2004) e foram bastante úteis às reformas educacionais ocorridas nas décadas seguintes. A descentralização, a desregulamentação, a flexibilização e os processos de maior autonomia à escola, presentes nas novas formas de organização dos sistemas escolares, a partir das reformas educacionais que se iniciaram na década passada nos países latino-americanos, foram justificadas e buscadas em grande medida por esses “consensos” entre a crítica social e a gestão público-estatal.

A governance, a ação pública e a regulação são tendências teóricas que buscam contribuir na análise das políticas públicas, tentando compreendê-las por meio de uma representação menos linear e estatal centralizada. Assim, as políticas públicas seriam resultado da ação de grupos de interesse, que participam ativamente em sua execução. A análise das políticas públicas sociais, sobretudo do processo de sua implementação, tem revelado relações muito próximas entre grupos de interesse (sindicatos, associações, etc.) e funcionários do Estado, implicados na administração. Embora isso possa, em alguns casos, resultar em clientelismo e diferentes tipos de corporativismo e pluralismo, tal característica tem sido a marca atual na gestão das políticas públicas sociais, que implica maior envolvimento do público atendido, trazem elementos novos que necessitam ser observados e problematizados à luz de categorias teóricas consistentes.

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O formato que a gestão das políticas públicas educacionais e, de resto, em geral vem adquirindo nos governos latino-americanos é definido pela formulação no nível central e descentralização na implementação ou execução local. Os processos de autonomia no nível local foram reforçados pela reforma do Estado que tiveram lugar nesses países, na década de 1990. Salama e Valier (1997), analisando a reforma do Estado em alguns países do chamado Terceiro Mundo (América Latina e África), observam que elas tiveram orientação mais ou menos convergente com o modelo britânico de reforma estatal: a firme orientação de redução dos gastos públicos destinados à proteção social, principalmente dos pobres e à prioridade à assistência social aos mais pobres, em geral com fundos públicos criados com esse fim, com existência provisória. O Estado passa a se relacionar com os cidadãos dividindo em dois tipos: os contribuintes/consumidores e os destituídos/desassistidos. Tais autores destacam nessas reformas três características centrais:

1) Políticas sociais orientadas para os muito pobres – por serem incapazes de suportar os custos das reformas s de se protegerem, os mais pobres serão o alvo das ações sociais governamentais. São políticas destinadas a garantir às populações mais vulneráveis um mínimo de serviços de primeira necessidade e de infraestrutura social. O caráter focalizado é justificado pela necessidade de combate à extrema pobreza. Observam, assim, que, em face dessa focalização, a política social tende a perder seu caráter universal e se tornar um mero paliativo.

2) Políticas sociais de assistência-benfeitoria e de privatização– têm por objetivo ajustar a relação entre seguro e assistência. Os autores observam que: “Na implantação desta política o Banco Mundial e alguns governos de países subdesenvolvidos recorreram com frequência às organizações não governamentais (ONGs), como instâncias intermediárias fundamentais tanto para identificar os grupos mais desfavorecidos quanto para distribuir as ajudas.” (SALAMA; VALIER, 1997, p. 119). Paralelamente, as camadas médias vão abandonando o setor público, em face de sua deterioração, e voltando-se para o setor privado. A privatização é, como afirmam os autores, a outra face da política social focalizada nos extremamente pobres.

3) Políticas sociais descentralizadas e recorrendo a uma participação popular- o recurso à descentralização das políticas sociais justifica-se na busca de “maior eficiência e racionalização dos gastos, bem como a interação mais fácil entre os recursos governamentais e não governamentais para financiar as ações sociais” (SALAMA, VALIER, 1997, p. 120).

O apelo à caridade e ao apoio comunitário passa a ser a condição vital para a realização dessas políticas. Em geral, as ações descentralizadas realizam-se, nesse modelo, por meio de contratos entre o governo central e governos subnacionais, como no caso brasileiro as chamadas parcerias entre União, estados e municípios, outras instituições da sociedade civil e ONGs. Nesse processo de mudança, imposto pela onda reformista que tomou conta dos contextos nacionais latino-americanos na década passada, a noção de governance emerge como a estratégia de gestão pública. Tal noção parece ser um bom exemplo de uma teoria produzida em bases muito frágeis para justificar uma realidade em mudança. O termo governancesurgiu em oposição ao termo governo que está fortemente marcado pelo adjetivo estatal. Ela se apresenta como uma nova maneira de governar, rompendo com formas tradicionais, hierárquicas e verticais.

Segundo Delvaux (2007), o surgimento desta teoria tem duas fontes: uma, na teoria econômica, como reultado de novas formas de organização empresarial que com a reestruturação produtiva passaram a demandar maior eficácia na integração e articulação entre as diversas unidades e a coordenação matricial das empresas. Outra fonte desta teoria seria nas Ciências Políticas. A governancesurge aí como resultados das transformações mais amplas das últimas décadas do século XX, que passam a demandar estruturas de poder e governo supra-estatais e infra-estatais, na dialética entre o global e o local. Ela, então, seria desenvolvida no sentido de possibilitar que se limitasse, por meio da descentralização, a perda de eficácia nos processos decisórios, cada vez mais especializados e compartimentados. Do ponto de vista prático essa noção teve duas fontes difusoras: o Banco Mundial e a Terceira Via.

Como afirma Delvaux (2007), a governance refere-se assim, a uma realidade fluída e foi ideologicamente utilizada por governos neoliberais no sentido de fabricar receitas de “boa

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governance”. Ela se distancia de um sistema de ação, à medida que o Estado participa como órgão de coordenação central, instaurando ou (re) instaurando a autoridade no sistema autorregulado de atores em situação de mudança. A noção de governance não se funda em uma teoria consistente, como também apresenta certas conivências com as escolhas ideológicas que ela tende a mascarar em face à busca pela eficácia. Ele tende a tratar com eufemismo os conflitos e mascarar as relações de poder.

Nessas reformas, as medidas descentralizadoras vêm acompanhadas da noção de democracia participativa como envolvimento dos atores sociais na implementação ou execução das políticas, sobretudo educacionais. Como afirma Popkewitz (2008), os conceitos de democracia e participação são continuamente desenvolvidos como temas de salvação nas mudanças sistêmicas e organizacionais da educação. As novas abordagens da gestão pública não renovam apenas o contrato social, elas encarnam também um conjunto de relações que investe o indivíduo de capacidades e habilidades particulares. Trata-se de um reconstrução do Estado em relação à sociedade civil, nomeada de parceria, em que o envolvimento e engajamento dos atores sociais, no nível individual e coletivo, são constantemente buscados, tendo por objetivo encontrar soluções locais para problemas que são muitas vezes de ordem geral. Outro conceito bastante evocado nessas reformas é o de coletividade ou colegialidade, no sentido de criar a noção de um “nós” comprometido com o destino, ou melhor, a eficácia da execução de políticas.

O apelo à democracia participativa vem acompanhado da ampliação da autonomia nomeada de “empoderamento” local, novo vocábulo traduzido de maneira simplista e mecânica do termo empowermwnt. O termo passou a ser usado de um canto a outro para designar a capacidade e competência dos atores sociais envolvidos na implementação local das políticas públicas. Curiosamente, o termo “fortalecimento local”, tão presente nos discursos progressistas que na década de 1980 inscreveram na Constituição Federal brasileira um novo pacto federativo, foi esquecido. (...)

EXERCÍCIO 3

Após a leitura do texto, procure identificar as palavras desconhecidas e estabelecer diferença entre: governance, empoderamento, políticas sociais orientadas para os muito pobres, políticas sociais de assistência-benfeitoria e de privatização e políticas sociais descentralizadas e de participação popular.

Com base na sua vivência, identifique quais políticas sociais na contemporaneidade apresentam essas características.

Analise a influência das dimensões políticas que ocorrem em uma dimensão macro, bem como as que decorrem das ações de grupos como sindicatos, associações, relações clientelísticas, etc. conforme evidenciadas na leitura do texto orientador desta unidade. Anote os pontos sobre os quais tem dúvidas, procure respostas. Caso não as consiga, leve os pontos obscuros para o FÓRUM DE DISCUSSÃO.

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RESUMO DA ATIVIDADE

Nesta atividade foi possível constatar as mudanças no papel do Estado contemporâneo e como essas mudanças tem um impacto nas políticas sociais, em especial nas políticas educacionais, já que resultam do contexto de crise do sistema capitalista. Foi possível ainda situar a crise do Estado-Nação e as suas implicações para o campo da educação além de constar o formato que a gestão das políticas públicas educacionais vem adquirindo nos governos latino-americanos, marcado pela formulação no nível central, descentralização na implementação ou execução local, firme orientação de redução dos gastos públicos destinados à proteção social, com fundos públicos criados com esse fim, com existência provisória.

REFERÊNCIAS

AFONSO, Almerindo Janela. Reforma do Estado e políticas educacionais: Entre a crise do estado-nação e a emergência da regulação supranacional Educação e Sociedade, ano XXII, no 75, Agosto/2001 p. 15-32.

CHESNAIS, François. A globalização e o curso do capitalismo de fim-de-século. Campinas, SP:

Economia e Sociedade, 5:1-30, dez. 1995.

OLIVEIRA, Dalila. Avaliando as políticas e gestão da educação básica: marcos regulatórios e perspectivas. DOURADO, Luiz Fernandes. Políticas e Gestão da Educação no Brasil: novos marcos regulatórios. São Paulo: Editora Xamã, 2009.

HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo, Loyola, 1998.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

AFONSO, Almerindo Janela. Reforma do Estado e políticas educacionais: Entre a crise do estado-nação e a emergência da regulação supranacional Educação e Sociedade, ano XXII, no 75, Agosto/2001 p. 15-32:

CASTRO, Alda Maria Duarte Araújo. Gerencialismo e Educação: estratégias de controle e regulação da gestão escolar. CABRAL NETO, Antonio et al(org.). Pontos e contrapontos da

política educacional. Uma leitura contextualizada de iniciativas governamentais. Brasília: Liber

Livro Editora, 2007. P. 115-144.

CHESNAIS, François. A globalização e o curso do capitalismo de fim-de-século. Campinas, SP: Economia e Sociedade, 5:1-30, dez. 1995.

HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo, Loyola, 1998.

OLIVEIRA, Dalila. Avaliando as políticas e gestão da educação básica: marcos regulatórios e perspectivas. DOURADO, Luiz Fernandes. Políticas e Gestão da Educação no Brasil: novos marcos regulatórios. São Paulo: Editora Xamã, 2009.

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UNIDADE 2

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL

Nesta unidade, você irá estudar o papel dos organismos internacionais na configuração das políticas públicas educacionais; as mudanças no modo de produção capitalista e seus reflexos nos processos formativos e traz a tona a necessidade de se considerar a empregabilidade da população brasileira. Essas influências serão decisivas na condução da política educacional desde então, o que levou a educação de um modo geral a mudar seus modelos de formação, tanto na educação básica quanto na educação superior, procurando adequar-se ao novo contexto de produção econômica que passou a vigorar na economia mundial.

Além disso, você irá identificar alguns pilares que marcaram as reformas educacionais no Brasil, assim como na América Latina em geral, a partir da década de 1990, considerados centrais para entender as atuais políticas educacionais, como os que dizem respeito à gestão educacional e aos processos de descentralização, de financiamento, de avaliação e de currículo.

A unidade 2 é composta de duas atividades: a primeira se refere às mudanças no modo de produção capitalista e seus reflexos nos processos educativos, bem como o papel desempenhado pelos organismos internacionais nas políticas educacionais; e uma segunda que se volta para a compreensão dos pilares que dão sustentação à reforma educacional que teve início na década de 1990 e que se consubstanciou com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1996.

ATIVIDADE 3

A ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL E SEUS REFLEXOS NOS PROCESSOS

FORMATIVOS

Nesta atividade você irá estudar como as mudanças no modo de produção capitalista irão impactar os processos formativos em geral, em especial os que acontecem na educação básica.

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Essas mudanças redefiniram a agenda dos diferentes países, já que havia necessidade de adequar os processos formativos ao desenvolvimento de habilidades por parte do trabalhador que implicam no domínio das chamadas novas tecnologias de informação e comunicação. Desta forma, além de serem redefinidos os conteúdos básicos a serem priorizados, houve mudanças na educação básica condizentes com as exigências colocadas a partir desse contexto. Veja então como isso ocorreu na realidade brasileira.

Segundo Catani, Oliveira e Dourado (2000), as políticas educacionais brasileiras, a partir dos anos 1990, vêm sendo marcadas por reformas nas quais foi privilegiada uma orientação em que prevalecem os conceitos de produtividade, eficácia e excelência, importados das teorias administrativas; para esses autores, o que se observou foi uma redefinição da Teoria do Capital Humano, que teve grande impacto nas décadas de 1960 e 1970 e visava articular os processos educativos às novas demandas do mercado de trabalho, priorizando a polivalência e a flexibilidade na definição de novos perfis profissionais.

Segundo Frigotto (1994, p. 40), os novos conceitos relacionados ao processo produtivo, à organização do trabalho e à qualificação do trabalhador aparecem justamente no momento de reestruturação econômica, num contexto de crise e de acirrada competitividade intercapitalista, além de obstáculos sociais e políticos às tradicionais formas de organização da produção. A integração, a qualidade e a flexibilidade constituir-se-iam nos elementos-chave para dar os saltos de produtividade e competitividade.

Desde então, passa a repercutir com muita força a preocupação com a eficácia e o sucesso das escolas brasileiras, pautada na necessidade de reformar o sistema educacional, de melhor qualificar o trabalhador em um mundo globalizado, com transformações econômicas e sociais e ao modelo de reestruturação produtiva que marcou a passagem do século. No plano educacional, os reflexos do novo padrão de acumulação do sistema capitalista nos processos formativos são visíveis: em substituição à noção de currículo mínimo, surgiu a de diretrizes curriculares, as quais se expressam por meio de um conjunto de documentos, como pareceres, projetos, resoluções e decretos de responsabilidade do Ministério da Educação (MEC) e do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Como alternativa para a superação da alegada rigidez dos currículos mínimos, foi proposta a observância de uma série de princípios, os quais deveriam assegurar a flexibilidade e a qualidade da formação oferecida aos estudantes, tanto na educação básica quanto na educação superior. Alguns aspectos passaram a ser valorizados na formação profissional, destacando-se os chamados saberes tácitos, conhecimentos que se apresentam ligados à vivência concreta de um trabalhador particular

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numa situação específica, os quais, muitas vezes, não são adquiridos nos processos de formação institucionalizados, como os que ocorrem nas escolas e nas universidades.

Segundo Ramos (2001, p. 53), esses saberes compreenderiam mais que os saberes técnicos e estariam relacionados a aspectos de personalidade e aos atributos do trabalhador, como os que se relacionam à capacidade de abstração, de comunicação, de liderança, de trabalho em equipe, dentre outros.É importante lembrar que o modelo de formação profissional que predominou em grande parte do século XX no mundo ocidental e, consequentemente, no Brasil, apoiou-se nos padrões taylorista-fordistas de produção.

Segundo Ramos (2001, p. 42), esse modelo representou uma resposta, surgida no momento pós-guerra, à ausência de regulações sociais que caracterizaram aquela época. Pode-se dizer que naquele momento havia um relativo consenso acerca das funções exercidas pelo profissional, bem como do conjunto de saberes que definiriam determinada profissão, o que favorecia a ideia de currículo mínimo, bem como do conjunto de saberes que definiriam determinada profissão, o que, evidentemente, repercutia nos processos de formação para determinada atividade, naquele momento histórico. A concepção de currículo mínimo visava a facilitar a transferência de alunos entre as instituições, além de procurar garantir qualidade e uniformidade aos cursos, tanto de graduação como de educação básica, direcionados para a obtenção de um diploma profissional.

Atualmente a possibilidade de atingir um novo patamar em termos de qualificação se dá por intermédio do desenvolvimento de competências. No processo de reestruturação produtiva1 em curso, alguns aspectos passam a ser valorizados, destacando-se os conteúdos reais do trabalho, os saberes tácitos2, conhecimentos que se apresentam ligados à vivência concreta de um trabalhador particular numa situação específica. Os saberes sociais, ou saber-ser, que compreenderiam mais que os saberes técnicos, estariam relacionados a aspectos de personalidade e aos atributos do trabalhador, como os que se relacionam à capacidade de abstração comunicacional, de liderança, de trabalho em equipe, dentre outros (Ramos, 2001:53).

Os aspectos referidos estão relacionados às características de natureza pessoal; é priorizada a dimensão da experiência, que se apresenta associada ao conteúdo do trabalho e que se coloca como condição de eficiência produtiva. Esse movimento identificado no campo da Pedagogia, inicialmente restrito ao ensino técnico e profissionalizante, acaba por influenciar a educação geral, contribuindo para a redefinição dos conteúdos de ensino e para difundir o entendimento de que é necessário atribuir um maior sentido prático aos saberes escolares, e que levou à revisão dos processos de formação antes vigentes.

1 Processo que inclui o advento das novas tecnologias e sistemas de organização do Trabalho. 2

(...) Conforme explica Castro, os saberes tácitos seriam de conhecimento que, conquanto essencial à aquisição e ao desenvolvimento de tarefas qualificadas, é sempre aprendido através da experiência subjetiva, sendo muito difícil a sua transmissão através da modalidade da linguagem explícita e formalizada(...) (Ramos, 2001:53).

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O QUE É TAYLORISMO-FORDISMO?

Caracteriza-se por uma forma de organização do trabalho que tem por base o taylorismo e o fordismo. No taylorismo no processo produtivo que se desenvolve nas indústrias, cada trabalhador desenvolve uma atividade específica e é monitorado segundo o tempo de produção. Cada indivíduo deve cumprir sua tarefa no menor tempo possível, sendo premiados aqueles que se sobressaem. Já no fordismo (Henry Ford, 1863-1947), o procedimento industrial deve se basear na linha de montagem para gerar uma grande produção que deveria ser consumida em massa.

O QUE ENTENDEMOS POR REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA?

Trata-se de um conceito que procura explicar as mudanças no mundo do trabalho, em um processo que incluiu o advento das novas tecnologias e de sistemas de organização do Trabalho, anteriormente marcado pela influência do taylorismo/fordismo.

O QUE É ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL?

Modo de produção industrial surgido no Japão que substitui o fordismo (década de 1970). Caracteriza-se por romper com a produção em série nas indústrias, com ênfase na eficiência dos processos produtivos. O trabalhador passa a ser responsável por diversas funções, as quais são modificadas a partir das demandas da empresa,

caracterizando-se pela flexibilidade, com reflexos importantes no processo produtivo e consequentemente na vida dos trabalhadores.

LEITURA COMPLEMENTAR

Ocupações. O mundo do trabalho em mutação: profissões deixam de existir; novas funções são criadas.

Alexandre Zarias e Rafael Evangelista Um dos efeitos evidentes do aumento do uso da tecnologia no setor produtivo é a diminuição no número de postos de trabalho. Especialistas que pesquisam o fenômeno concordam que uma saída para amenizar o grave impacto do desemprego sobre a sociedade é reduzir o número de horas trabalhadas, sem perda salarial. Essa, inclusive, é uma das principais reivindicações dos sindicatos, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países periféricos. No entanto, a incorporação intensiva de tecnologia no mundo do trabalho, seja na indústria, no comércio ou no setor de serviços, trouxe uma realidade mais complexa que amplia o cenário da pesquisa e não se restringe à redução do emprego. Ocorre, hoje, uma verdadeira revolução nas relações de trabalho e no aparecimento de novas ocupações, com profissões sendo extintas e outras, novas, criadas.

Os sinais desse processo no Brasil foram detectados no trabalho realizado para a mudança na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), lançada em outubro de 2002. A CBO é o

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documento utilizado por instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) para reconhecer, nomear e codificar os títulos e o conteúdo das ocupações do mercado brasileiro. Segundo Cláudia Paiva, que chefia a divisão da CBO nessa área, o surgimento de novas tecnologias e a modificação das formas de organização do trabalho exigiram a atualização do documento para o mercado de trabalho brasileiro devido às sensíveis modificações dos últimos dez anos.

A nova CBO 2002 tem uma série de inovações em relação a sua versão anterior, de 1994. Entre as novas ocupações descritas estão às relativas a áreas com perfil claramente tecnológico como biotecnologia, mecatrônica e informática. Mas as mudanças na CBO incluem, também, transformações derivadas do mercado, como o crescimento dos setores de serviços culturais e de comunicações.

NOVAS FUNÇÕES

Uma das ocupações em declínio identificadas é a de telefonista: a ocupação está sendo substituída pelos sistemas automatizados de atendimento e por operadores de telemarketing.

"Apesar de a tecnologia ser o principal fator para criação e extinção de algumas profissões, ele não é o único", afirma a socióloga Márcia de Paula Leite, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas à Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para a pesquisadora, colaboram nesse processo fatores econômicos, políticos e culturais. Como exemplo, Márcia cita os motoboys, uma categoria numerosa no Brasil de hoje, que surgiu em decorrência do processo de urbanização. O adensamento populacional nas grandes cidades acarretou uma situação de trânsito, que torna cada vez mais inviável o deslocamento de pessoas e veículos. "O surgimento e a expansão dessa nova categoria de trabalhadores decorre da necessidade de solucionar o problema. Mas a motocicleta já existia antes, ou seja, já havia a tecnologia. O seu uso é que mudou", assinala a pesquisadora.

As atividades culturais são, também, importantes geradoras de emprego, e não estão, necessariamente, ligadas ao desenvolvimento tecnológico. No caso brasileiro, Márcia cita o carnaval como um evento que emprega sazonalmente milhares de pessoas em diversos setores, com ocupações singulares, desde a produção de fantasias, até a preparação da infraestrutura e organização da performance nos desfiles.

"Em geral, as pessoas costumam vincular a extinção e criação de profissões ao uso de novas tecnologias, mas é importante investigar a dinâmica social como agente dessas transformações o que, geralmente, é pouco abordado em estudos sobre esse tipo de fenômeno", considera a cientista social Bernardete W. Aued, coordenadora do núcleo de estudos sobre as transformações no mundo do trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Em seus estudos, Bernardete privilegia o contexto social de surgimento e desaparecimento de determinadas profissões como, por exemplo, a de alfaiate. Houve uma época em que as pessoas não tinham outra forma de se vestir senão recorrendo aos serviços dos alfaiates, cujas oficinas de confecção funcionavam como espaços de sociabilidade, como ponto de encontro para seus frequentadores. "Nesse período, o alfaiate era imprescindível; hoje, o trabalho manual não consegue atender a demanda de roupas de uma sociedade industrializada, e a profissão entrou em declínio", constata a cientista.

MUDANÇAS HISTÓRICAS

O período pós-guerra foi marcado por uma revolução que afetou a vida das pessoas e modificou a relação social entre capital e trabalho. Essa transformação foi desencadeada pela substituição do padrão tecnológico fordista e taylorista, baseados na eletromecânica, pelo novo padrão da microeletrônica empregada nas linhas de produção industrial a partir da década de 1970.

Antes desse período, as empresas norte-americanas detinham o mercado mundial, mas passaram a sofrer a concorrência das indústrias europeias e japonesas. A linha de produção fordista, em que a quantidade era a base da manufatura de bens, foi rapidamente substituída por um modelo flexível de produção industrial no qual a qualidade passou a ser o ponto de referência para a conquista de mercados consumidores.

Essa substituição ocorreu de formas e em épocas diferentes em todo o mundo. Segundo Márcia, na Europa o fordismo incluiu no sistema de produção o homem branco e de origem europeia, deixando de fora os estrangeiros. Já no Brasil, esse regime foi marcado por outro tipo de processo de exclusão. Uma grande parcela da população economicamente ativa está dividida entre aqueles que têm os direitos trabalhistas garantidos por carteira assinada e aqueles que não têm. "Atualmente, essa exclusão assume grandes proporções, pois os trabalhadores que não têm carteira assinada já são quase a metade da força de trabalho", conclui a socióloga.

EXERCÍCIO

Após a leitura do texto, procure responder por escrito à seguinte questão:

Com relação às chamadas novas tecnologias, em que medida elas impactam na organização do trabalho docente que ocorre na educação básica?

Procure discutir sua resposta com os demais estudantes e leve suas conclusões para o encontro de sábado com o tutor.

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RESUMO DA ATIVIDADE

Você deve ter visto como as mudanças no modo de produção capitalista afetam os outros setores da sociedade. Com o sistema educacional não é diferente. A partir da década de 1990 foram propostas inúmeras reformas que marcaram as políticas educacionais que procuram se adequar a esse novo momento. Passaremos então a ver como isso ocorreu

ATIVIDADE 4

POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL A PARTIR DA DÉCADA DE

1990

Nesta atividade iremos nos deter em analisar a importância dos organismos internacionais na definição da agenda educacional, assunto que já foi iniciado na unidade 1.

Além disso, situaremos as principais mudanças ocorridas nas políticas educacionais no Brasil (e em outros países da América Latina), a partir da década de 1990, com destaque a escola básica no diz respeito à gestão educacional e aos processos de descentralização, de financiamento, de avaliação e de currículo. Desde então, foram criados inúmeros marcos regulatórios orientadores das políticas educacionais brasileiras foram então formulados, um conjunto de mecanismos de controle por parte do sistema educacional. Tal regulação produziu regras e orientações sobre a conduta dos atores sociais, um conjunto de normas, legislações, procedimentos, etc., cujo marco principal foi a Lei nº 9394/1996.

O papel dos organismos internacionais na definição da política educacional brasileira

A política educacional brasileira, a partir da década de 1990 até os dias atuais apresenta uma estreita relação com a agenda dos organismos internacionais, a qual inclui recomendações para orientar o desenvolvimento social, econômico e educacional do país. Dentre esses organismos, destacam-se o Banco Mundial (BM), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Comunidade Europeia (CE), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Programa de Promoção das Reformas Educativas da América Latina (PREAL).

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Dentre os autores que vêm estudando o papel desempenhado por esses organismos internacionais, destacam-se, dentre outros, Torres (1996), Maués (2003) e Ferreira (2011). Segundo esses autores, esses organismos como se verá a seguir, passaram a pautar a agenda das políticas educacionais brasileiras dos diversos governantes que então se sucederam, a saber, Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef.

Em artigo publicado na revista Cadernos de Pesquisa, “Reformas Internacionais da Educação e Formação de Professores”, Maués (2003, p. 96.) assim se expressa:

Em 1989, os organismos financeiros internacionais organizaram uma reunião para discutir a dívida externa dos países em desenvolvimento, buscando formas que garantissem o seu pagamento. Nessa reunião, foram elaboradas algumas medidas que passaram a orientar as políticas econômicas dos países endividados, um verdadeiro decálogo que ficou conhecido como o Consenso de Washington. O ajuste estrutural, na prática, representa os cortes de salários dos funcionários públicos, demissões, flexibilização do mercado, corte nas contribuições sociais, reforma do Estado, incluindo aí a reforma na educação.

A reorientação do papel do Estado, já estudada na Unidade 1, motivará um conjunto de reformas pautadas dentro do enfoque de regulação social e ajuste estrutural necessário em tempos de crise. No caso das políticas educacionais verificou-se o seguinte:

a educação como política pública estaria, segundo a concepção neoliberal, "desviando" recursos, desequilibrando o orçamento, provocando déficits públicos, que geram inflação e desemprego, criando a crise. Assim, a partir desse raciocínio o Estado não deve "desviar" seus recursos para as políticas sociais, tendo em vista o desequilíbrio que isso gera. Logo, como uma sociedade não pode se desenvolver sem ciência e tecnologia, sem educação, cabe à iniciativa privada fornecer tais serviços. (MAUÉS, 2003, P. 96).

Essa autora indica ainda como marco nessa direção as conferências mundiais de educação realizadas em 1990 e 2000 nas cidades de Jomtien (Tailândia) e Dacar (Senegal), além dos documentos expedidos pelos organismos internacionais, como o Banco Mundial, a UNESCO e a OCDE, os quais apontam para que a prioridade da educação seja a educação básica, compreendida como o ensino primário e o secundário (pelo menos oito anos de escolarização). Os esforços governamentais passaram a se direcionar, dentre outros, para a adequação dos programas, reestruturação dos currículos, implantação de sistemas de avaliação, os quais foram criados com base nos indicadores de qualidade estabelecidos por esses organismos internacionais. (Idem, p. 98.).

Pode-se dizer que as políticas educacionais que se constituem no foco do estudo desta disciplina são profundamente marcadas por reformas educacionais tanto no Brasil como em outros países da América Latina em geral. Essas reformas, que vigoram desde a década de 1990, são parte integrante do projeto neoliberal, que abrange a ênfase no Estado mínimo, na financeirização e na

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desregulação do mercado, processos que decorrem das crises do sistema capitalista, o qual busca construir estratégias de sobrevivência em seu processo de dominação.

Na constituição dessas reformas, é comum a recorrência a alguns pilares considerados centrais para entender as atuais políticas educacionais, como os que dizem respeito à gestão educacional e aos processos de descentralização, de financiamento, de avaliação e de currículo. O marco legal produzido que traduz esse conjunto de mudanças foi Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, a Lei nº 9394/1996.

Passaremos agora a analisar mais de perto essas reformas adotadas pelo poder público no campo educacional, a partir da década de 1990, que visam atingir a questão da melhoria da educação brasileira, especialmente a educação básica.

Uma das preocupações é a superação dos baixos índices observados na realidade educacional brasileira em face da necessidade de modificar a formação de um novo trabalhador exigido pelo mercado. É importante relembrar que o governo brasileiro assumiu na década de 1990 compromissos junto à comunidade internacional, com vistas a colocar o sistema educacional em sintonia com o momento histórico, e com o modelo de reestruturação produtiva, que marcou a passagem de século, modelo já estudado anteriormente.

A escola, em especial a básica, passou por modificações para se adequar às exigências dessa realidade. Dentre as medidas adotadas constituíram-se como pilares nas reformas educacionais brasileiras, e em outros países como na América Latina, na década de 1990, as que dizem respeito à gestão educacional e aos processos de descentralização, de financiamento, de avaliação e de currículo.

O artigo de Fábio Luciano Costa intitulado “As reformas educacionais na América Latina na década de 1990”, publicado na íntegra na Revista Ver a Educação, procurou “dialogar com a literatura especializada pertinente ao tema, mostrando como a educação mais tem servido aos interesses da acumulação restrita do capital do que proporcionado a emancipação humana”. (COSTA, 2011, p. 66). Além disso, analisou as reformas políticas e econômicas neoliberais e de como essas reformas contribuem para a legitimação do novo contexto social. Essas reformas ocorreram nos estados latino-americanos depois da segunda metade do século XX, e objetivaram “universalizar as condições de acesso à educação, principalmente no que diz respeito à educação básica, como condição necessária à inserção dos indivíduos nos novos processos de desenvolvimento do sistema capitalista” (COSTA, 2011, p. 66).

O que se observou foi um crescimento das matrículas escolares na região, por volta dos anos 60, o que foi acompanhado pela deterioração da qualidade educacional que havia nesses países. Esse processo de deterioração se agrava por volta dos anos 80, já que as reformas financeiras

Referências

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