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Aula 12. Aula 12. Direito Internacional Público p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Vanessa Arns. Autor: Vanessa Brito Arns

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(1)

Aula 12

Direito Internacional Público p/ Carreira

Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof.

Vanessa Arns

Autor:

Vanessa Brito Arns

(2)

Sumário

Considerações Iniciais ... 2 Direito Comunitário ... 3 1. Formas de Integração ... 3 2. União Europeia ... 7 Resumo ... 15 Considerações Finais ... 24 Questões Comentadas ... 25

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D

IREITO

I

NTERNACIONAL

P

ÚBLICO

C

ONSIDERAÇÕES

I

NICIAIS

Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Internacional. Vejamos os tópicos específicos do edital que serão abordados em aula:

Direito Comunitário. Formas de integração. Blocos Econômicos. União Europeia.

Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula!

Instagram: https://www.instagram.com/vanessa.arns

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D

IREITO

C

OMUNITÁRIO

1.

F

ORMAS DE

I

NTEGRAÇÃO

Conforme vimos, a integração econômica depende de negociações multilaterais, visando a integração de diferentes países, geralmente de uma mesma região. Um caso famoso é a União Europeia, que une em um modelo supranacional diferentes países e economias em prol de um desenvolvimento econômico em conjunto, chegando até mesmo a uma moeda em comum, o Euro.

Levando-se em consideração as formas de integração, temos que:

Um bloco econômico tem por finalidade ser um conglomerado de países com a troca de benefícios mútuos onde seus membros tenham maior interação entre si, trazendo um poder político e econômico maior do que estes países teriam individualmente.

Os blocos econômicos também possuem a função de aumentar a relação econômica destes, em um movimento de globalização onde as partes individuais se relacionam como um todo através da união de impostos, moedas e até decisões governamentais.

Vejamos as principais fases de integração:

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1º: Zona de preferência Tarifária: (ausente em algumas doutrinas)

Nessa primeira etapa, cada país ainda possui sua própria moeda, cada qual com sua força econômica e taxa de câmbio. Desse modo a importação e exportação de produtos são tarifados normalmente, sem que haja benefícios entre os países.

Para o início de integração dos países no bloco econômico, são estudados as tarifas individuais de cada país e realizado um relatório sobre quais serão as novas tarifas preferenciais, ou seja, quais os novos valores que serão cobrados para troca de produtos importados entre os membros do bloco. 2º: Livre comércio: (A primeira fase em algumas doutrinas)

Na segunda etapa institui-se uma zona de livre comércio entre os países membros do bloco, onde produtos são agora negociados com redução gradativa de tributos até o momento em que ocorre a isenção intra-bloco, com mercadorias produzidas por países membros circulando livremente sem a cobrança de impostos.

Em contrapartida, cada país ainda possui autonomia em sua política comercial e taxa de câmbio, o que pode tornar um produto mais caro no país X do que no país Y.

3º: União aduaneira:

No terceiro passo os impostos internamente são extintos, havendo a livre circulação de mercadorias e bens dentro do bloco sem qualquer tipo de imposto. Há também a instauração de uma tarifa externa comum (TEC), onde TODOS os países do bloco instauram um único imposto para a importação de produtos de países que não façam parte do grupo.

Essa medida é tomada para que seja mais atrativo a compra e venda de mercadorias entre os países do próprio bloco, fortalecendo suas economias e tornando o grupo mais forte economicamente. 4º: Mercado comum:

No mercado comum, a quarta fase, há a liberalização da transição de mercadorias, pessoas, serviços e capital. Portanto, qualquer pessoa ou empresa pode circular ou se instalar em qualquer território dentro dos países membros do bloco econômico, havendo também a padronização de impostos pagos pelas empresas e pela população, bem como a consolidação de leis trabalhistas e sociais. 5º: União Econômica (monetária):

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Essa é a fase mais delicada e trabalhosa dentro da integração de blocos econômicos, uma vez que diferentes países, cada qual com suas unidades monetárias passam a compartilhar o uso de apenas uma moeda.

A união econômica também compreende a padronização de políticas econômicas (macro e micro) com a criação de um Banco Central que será responsável por administrar os mais diversos assuntos do bloco, bem como ser um comunicador econômico com os bancos centrais de outros países. (A criação de um banco central para o bloco não necessariamente implica na destituição dos bancos centrais individuais de cada país membro).

6: Integração total:

A última etapa de um bloco econômico é a integração total, seja ela econômica, política e social. Isso inclui alterar toda a legislação individual dos membros tornando-a única com uma autoridade supranacional com poderes para elaborar leis, constituição e políticas, estando os demais países sob sua autoridade.

A sexta etapa de integração não foi alcançada por nenhum bloco econômico até então.

Em que fase cada bloco está atualmente?

Mercosul: 2º Fase – Livre Comércio. (há economistas que afirmam que o país ainda está na 3º Fase). União Europeia: 5º Fase – União Econômica (Monetária(

Nafta: 2º Fase – Zona de Livre Comércio.

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2.

U

NIÃO

E

UROPEIA

A União Europeia tem seu embrião no projeto de reconstrução do espaço europeu no pós-guerra. Iniciou-se com a criação da Comunidade Europeia de Carvão e Aço, que reunia seis Estados: • Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Itália e Alemanha

A principal característica desse conjunto era a criação de estruturas supranacionais de caráter federativo, já com poderes para a gestão de certas questões relacionadas à energia e matéria-prima, acima do Estado soberano.

Em 1957, dois tratados foram assinados em Roma.

O primeiro, conhecido como Tratado de Roma, criou a Comunidade Econômica Europeia.

Tratava-se de uma união aduaneira entre os Estados-membros, com um período de integração entre as diferentes economias (redução das barreiras alfandegárias e não alfandegárias ao comércio). O segundo criou a Comunidade Europeia de Energia Atômica (Euratom), com a expectativa de integrar as políticas energéticas dos Estados-membros

Apenas vinte anos depois, em 1972, ingressaram o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca. Depois, a Grécia em 1979, Portugal e a Espanha já em 1985 e 1986, respectivamente. A Europa dos doze, que deu origem à união monetária é, portanto, o resultado de cerca de quarenta anos de integração

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Em 1993, o Tratado de Maastricht criou a União Europeia, que consiste na reunião das três comunidades anteriores (CECA, CEE, Euratom) e acresceu os projetos de cooperação comum em política externa, defesa coletiva, polícia e justiça.

A União Europeia não extinguia as Comunidades Europeias, mas agregava outros projetos de cooperação em matéria de política estrangeira, defesa coletiva, polícia e justiça.

Com o Tratado de Lisboa, de 17 de dezembro de 2007, a União Europeia teria substituído definitivamente as Comunidades Europeias, mas este foi prejudicado pela recusa do povo irlandês, em 13 de junho de 2008

• Em 1995, agregou a Áustria, a Finlândia e a Suécia.

• A Noruega não entrou nas Comunidades Europeias, porque sua população respondeu negativamente a sua entrada no referendo realizado.

• Depois, os Estados do leste Europeu.

• Em 2004, outros dez Estados ingressaram: Polônia, Letônia, Lituânia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Estônia, Eslovênia, Malta e Chipre.

• Em 2007, outros dois, a Romênia e a Bulgária.

• O Tratado de Maastricht alterou a denominação de Comunidade Econômica Europeia para Comunidades Europeias.

• Incorporou entre os temas de sua competência o meio ambiente, a saúde pública, entre outros.

• Conforme os Estados-membros formalizam novos tratados, atribuindo competências sobre novos temas ao poder supranacional, deixam de ter a capacidade de legislar internamente sobre esses temas.

A partir de uma decisão de 1971, usando a teoria das competências implícitas, o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias reconheceu o poder da Comissão

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Europeia de representar os Estados internacionalmente, nos temas para os quais recebeu competência no âmbito europeu.

• Na prática, a atribuição de competências ao poder supranacional é maior em algumas áreas, como agricultura, pesca, política comercial, construção do mercado comum. Em outras, como educação, saúde e cultura, os Estados mantêm autonomia

A delimitação das competências da União rege-se pelo princípio da atribuição, de acordo com a teoria das competências implícitas.

A União Europeia tem competências exclusivas sobre: • União aduaneira;

• Regras de concorrência necessárias ao funcionamento do mercado interno; • Política monetária para os Estados-membros cuja moeda seja o euro;

• Conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum da pesca e • Política comercial comum.

Além das competências exclusivas, tem competências compartilhadas com os Estados- membros sobre:

• Mercado interno; • Política social;

• Coesão econômica, social e territorial;

• Agricultura e pesca (com exceção da conservação dos recursos biológicos do mar), • Meio ambiente;

• Defesa dos consumidores; • Transportes;

• Energia;

• Liberdade, segurança e justiça;

• Problemas comuns de segurança em matéria de saúde pública.

Portanto, quando os Estados atribuem competência sobre um tema, este sai de sua esfera de poder, nos limites do tratado, tanto no âmbito interno quanto internacional.

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O exercício das competências da União rege-se pelo princípio da subsidiariedade, ou seja, mesmo quando os Estados-membros não outorgaram competências à União, esta pode agir quando os objetivos não podem ser alcançados de forma suficiente pelos Estados.

A integração comunitária desenvolve-se assim sobre três pilares principais:

• primeiro pilar: integração econômica, política, ambiental, cultural, sanitária, monetária e fiscal; • segundo pilar: política externa e segurança comum, com a coordenação das posições dos diversos Estados-membros nos foros internacionais, inclusive com a possibilidade de realizar missões de manutenção da paz e restauração da paz, com ou sem a ajuda de outras Organizações Internacionais (ONU e OTAN);

• terceiro pilar: cooperação judiciária e policial.

Com a criação da União Europeia, nasceu o conceito de cidadania europeia.

Trata-se de um direito à cidadania que não substitui a cidadania dos Estados-membros. O Tratado de Maastricht estipula que a cidadania europeia é atribuída àqueles que têm a cidadania de qualquer um dos Estados-membros.

Os cidadãos europeus têm direitos comuns, entre os quais se destacam: • A livre circulação por toda a União Europeia;

• O direito de voto para os deputados europeus;

• A proteção diplomática pelas autoridades de qualquer um dos Estados-membros, nas mesmas condições que os nacionais destes; e

• O direito de peticionar em qualquer um dos idiomas da União Europeia e de receber uma resposta neste mesmo idioma.

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1. Estruturas Administrativas da União Europeia

Um diferente conjunto de tratados europeus prevê as seguintes estruturas comuns: a) instituições tipicamente executivas: Conselho Europeu e Comissão Europeia;

b) instituições tipicamente legislativas: Conselho da União Europeia e Parlamento Europeu; c) instituições tipicamente judiciárias: Tribunal Geral, Tribunal da Função Pública, Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas;

d) instituições de participação da sociedade e das regiões: Comitê Econômico e Social Europeu e Comitê das Regiões;

e) instituições financeiras: Banco Central Europeu, Banco Europeu de Investimentos.

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• O Conselho Europeu é formado pelos chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros, além do Presidente da Comissão Europeia.

Não tem personalidade jurídica. Constitui um foro de decisão sobre as diretrizes a serem tomadas. É equivalente, no Mercosul, ao Conselho do Mercado Comum, exceto que, no Mercosul, a participação dos chefes de Estado é eventual, sendo regra apenas a participação dos Ministros das Relações Exteriores.

• A Comissão Europeia não representa o interesse de cada Estado, mas da União Europeia como um todo. É uma instância supranacional, com burocracia própria. Com sede em Genebra, é formada por 28 Comissários, sendo um de cada Estado, indicados por seus respectivos governos.

• O Conselho da União Europeia é um órgão legislativo, responsável pela representação dos Poderes Executivos dos Estados-membros. É formado pelo conjunto de ministros de cada Estado, divididos em diferentes pastas: economia, relações exteriores, agricultura, indústria etc

• O Parlamento europeu é responsável pela produção legislativa, com possibilidade de criar normas obrigatórias, imponíveis a todos os Estados-membros, além de instituir ou demitir os membros da Comissão Europeia e aprovar o orçamento europeu.

• Funciona, portanto, com uma dinâmica similar a um sistema parlamentarista, porque o Legislativo tem o poder de depor o Executivo europeu, por meio de um voto de censura. As diretivas europeias devem ser internalizadas pelos Estados. De fato, a posição hoje dominante no Tribunal de Justiça da União Europeia é que as diretivas são autoaplicáveis nas relações entre Estados, nas relações entre Estados e indivíduos (efeito direto vertical), mas não nas relações entre indivíduos apenas (efeito direto horizontal). Neste último caso, somente após a internalização da diretiva, pode-se evocar a norma supranacional.

Segundo Varella:

Naturalmente, houve resistências dos diversos Estados-membros, sobretudo em defesa de suas normas constitucionais e das normas infraconstitucionais posteriores às normas europeias. Contudo, pouco a pouco, os Estados foram aceitando a prevalência do direito comunitário sobre o direito interno, qualquer que fosse seu nível hierárquico. Como bem afirma Dupuy, ao final do processo, todos os Estados envolvidos na construção do direito supranacional tornam-se monistas

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Além das competências típicas do Poder Legislativo, o Parlamento pode participar de processos judiciais perante o Tribunal de Justiça da União Europeia, seja a convite deste, prestando informações, seja intervindo em determinados litígios.

• O Tribunal Geral é formado por 28 juízes (um de cada Estado-membro). Entre suas competências, destacam-se o julgamento de reclamações de particulares contra as instituições europeias, os recursos dos Estados contra a Comissão Europeia e ações de reparação de danos cometidos por instituições supranacionais.

• O Tribunal da Função Pública é um tribunal administrativo, com o objetivo de resolver litígios entre a União Europeia e seus agentes administrativos.

• O Tribunal de Contas é responsável pelo controle dos gastos do orçamento europeu. Trata-se de um órgão independente.

• O Tribunal de Justiça é o principal tribunal da União Europeia, com competência de dar a última palavra sobre a aplicação do direito comunitário.

É composto por 28 juízes e 9 advogados gerais, escolhidos de comum acordo por todos os membros para um mandato de seis anos.

Os advogados gerais exercem um papel semelhante ao Ministério Público de instância superior no Brasil. Preparam um parecer sobre o caso, aqui chamado de conclusões, de forma independente, que é apreciado pelos juízes

Segundo Varella: Alguns autores brasileiros preferem a denominação Corte de Justiça, em vez de

Tribunal de Justiça. “Tribunal” é a tradução oficial para Portugal. Corte é mais usado em francês, inglês e italiano.

As estruturas judiciárias permitem que o direito comunitário seja controlado em diversas instâncias, seja por Estados, seja pelas instituições supranacionais, seja por particulares. A principal estrutura, como vimos, é o Tribunal de Justiça da União Europeia

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• O Comitê Econômico-Social é formado por representantes dos diversos setores da sociedade civil organizada, tais como empresários, sindicalistas, consumidores, ambientalistas.

• O Comitê das Regiões é formado por representantes locais de centenas de regiões, em geral agentes políticos, como prefeitos, líderes locais, entre outros.

Instituições financeiras de suporte: Banco Central Europeu e Banco Europeu de Investimentos O Banco Central Europeu é responsável pela gestão das metas de inflação e pela moeda única, o euro. Prevê o controle da emissão monetária, das reservas e do sistema de crédito. Sua sede é em Frankfurt, na Alemanha.

A integração monetária é feita por meio de um sistema de múltiplos acordos. 18 dos 28 Estados adotaram a moeda única, o euro. Outros adiaram a adoção para os próximos anos, como os membros mais recentes.

Alguns não aceitaram a moeda única, como o Reino Unido (que saiu do bloco) e a Dinamarca, mas o valor da moeda dinamarquesa é vinculado ao euro, o que garante a estabilidade das trocas monetárias. Quatro microestados, que não são membros da União Europeia, a saber, San Marino, Mônaco, Andorra e Vaticano, também utilizam o euro.

O Banco Europeu de Investimentos financia projetos em todos os Estados-membros, concentrando seus doadores entre os Estados mais ricos e os receptores entre os novos Estados-membros.

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R

ESUMO

DIREITO COMUNITÁRIO 1. FORMAS DE INTEGRAÇÃO

Conforme vimos, a integração econômica depende de negociações multilaterais, visando a integração de diferentes países, geralmente de uma mesma região. Um caso famoso é a União Europeia, que une em um modelo supranacional diferentes países e economias em prol de um desenvolvimento econômico em conjunto, chegando até mesmo a uma moeda em comum, o Euro.

Levando-se em consideração as formas de integração, temos que:

Um bloco econômico tem por finalidade ser um conglomerado de países com a troca de benefícios mútuos onde seus membros tenham maior interação entre si, trazendo um poder político e econômico maior do que estes países teriam individualmente.

Os blocos econômicos também possuem a função de aumentar a relação econômica destes, em um movimento de globalização onde as partes individuais se relacionam como um todo através da união de impostos, moedas e até decisões governamentais.

Vejamos as principais fases de intregração:

1º: Zona de preferência Tarifária: (ausente em algumas doutrinas)

Nessa primeira etapa, cada país ainda possui sua própria moeda, cada qual com sua força econômica e taxa de câmbio. Desse modo a importação e exportação de produtos são tarifados normalmente, sem que haja benefícios entre os países.

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Para o início de integração dos países no bloco econômico, são estudados as tarifas individuais de cada país e realizado um relatório sobre quais serão as novas tarifas preferenciais, ou seja, quais os novos valores que serão cobrados para troca de produtos importados entre os membros do bloco. 2º: Livre comércio: (A primeira fase em algumas doutrinas)

Na segunda etapa institui-se uma zona de livre comércio entre os países membros do bloco, onde produtos são agora negociados com redução gradativa de tributos até o momento em que ocorre a isenção intra-bloco, com mercadorias produzidas por países membros circulando livremente sem a cobrança de impostos.

Em contrapartida, cada país ainda possui autonomia em sua política comercial e taxa de câmbio, o que pode tornar um produto mais caro no país X do que no país Y.

3º: União aduaneira:

No terceiro passo os impostos internamente são extintos, havendo a livre circulação de mercadorias e bens dentro do bloco sem qualquer tipo de imposto. Há também a instauração de uma tarifa externa comum (TEC), onde TODOS os países do bloco instauram um único imposto para a importação de produtos de países que não façam parte do grupo.

Essa medida é tomada para que seja mais atrativo a compra e venda de mercadorias entre os países do próprio bloco, fortalecendo suas economias e tornando o grupo mais forte economicamente. 4º: Mercado comum:

No mercado comum, a quarta fase, há a liberalização da transição de mercadorias, pessoas, serviços e capital. Portanto, qualquer pessoa ou empresa pode circular ou se instalar em qualquer território dentro dos países membros do bloco econômico, havendo também a padronização de impostos pagos pelas empresas e pela população, bem como a consolidação de leis trabalhistas e sociais. 5º: União Econômica (monetária):

Essa é a fase mais delicada e trabalhosa dentro da integração de blocos econômicos, uma vez que diferentes países, cada qual com suas unidades monetárias passam a compartilhar o uso de apenas uma moeda.

A união econômica também compreende a padronização de políticas econômicas (macro e micro) com a criação de um Banco Central que será responsável por administrar os mais diversos assuntos do bloco, bem como ser um comunicador econômico com os bancos centrais de outros países. (A criação de um banco central para o bloco não necessariamente implica na destituição dos bancos centrais individuais de cada país membro).

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6: Integração total:

A última etapa de um bloco econômico é a integração total, seja ela econômica, política e social. Isso inclui alterar toda a legislação individual dos membros tornando-a única com uma autoridade supranacional com poderes para elaborar leis, constituição e políticas, estando os demais países sob sua autoridade.

A sexta etapa de integração não foi alcançada por nenhum bloco econômico até então. Em que fase cada bloco está atualmente?

Mercosul: 2º Fase – Livre Comércio. (há economistas que afirmam que o país ainda está na 3º Fase). União Europeia: 5º Fase – União Econômica (Monetária(

Nafta: 2º Fase – Zona de Livre Comércio. Vejamos o seguinte esquema:

2. UNIÃO EUROPEIA

A União Europeia tem seu embrião no projeto de reconstrução do espaço europeu no pós-guerra. Iniciou-se com a criação da Comunidade Europeia de Carvão e Aço, que reunia seis Estados:

• Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Itália e Alemanha

A principal característica desse conjunto era a criação de estruturas supranacionais de caráter federativo, já com poderes para a gestão de certas questões relacionadas à energia e matéria-prima, acima do Estado soberano.

Em 1957, dois tratados foram assinados em Roma.

O primeiro, conhecido como Tratado de Roma, criou a Comunidade Econômica Europeia.

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Tratava-se de uma união aduaneira entre os Estados-membros, com um período de integração entre as diferentes economias (redução das barreiras alfandegárias e não alfandegárias ao comércio). O segundo criou a Comunidade Europeia de Energia Atômica (Euratom), com a expectativa de integrar as políticas energéticas dos Estados-membros

Em 1993, o Tratado de Maastricht criou a União Europeia, que consiste na reunião das três comunidades anteriores (CECA, CEE, Euratom) e acresceu os projetos de cooperação comum em política externa, defesa coletiva, polícia e justiça.

Apenas vinte anos depois, em 1972, ingressaram o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca. Depois, a Grécia em 1979, Portugal e a Espanha já em 1985 e 1986, respectivamente. A Europa dos doze, que deu origem à união monetária é, portanto, o resultado de cerca de quarenta anos de integração A União Europeia não extinguia as Comunidades Europeias, mas agregava outros projetos de cooperação em matéria de política estrangeira, defesa coletiva, polícia e justiça.

Com o Tratado de Lisboa, de 17 de dezembro de 2007, a União Europeia teria substituído definitivamente as Comunidades Europeias, mas este foi prejudicado pela recusa do povo irlandês, em 13 de junho de 2008

• Em 1995, agregou a Áustria, a Finlândia e a Suécia.

• A Noruega não entrou nas Comunidades Europeias, porque sua população respondeu

negativamente a sua entrada no referendo realizado.

• Depois, os Estados do leste Europeu.

• Em 2004, outros dez Estados ingressaram: Polônia, Letônia, Lituânia, República Tcheca,

Eslováquia, Hungria, Estônia, Eslovênia, Malta e Chipre.

• Em 2007, outros dois, a Romênia e a Bulgária.

• O Tratado de Maastricht alterou a denominação de Comunidade Econômica Europeia para

Comunidades Europeias.

• Incorporou entre os temas de sua competência o meio ambiente, a saúde pública, entre

outros.

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• Conforme os Estados-membros formalizam novos tratados, atribuindo competências sobre novos temas ao poder supranacional, deixam de ter a capacidade de legislar internamente sobre esses temas.

A partir de uma decisão de 1971, usando a teoria das competências implícitas, o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias reconheceu o poder da Comissão Europeia de representar os Estados internacionalmente, nos temas para os quais recebeu competência no âmbito europeu.

• Na prática, a atribuição de competências ao poder supranacional é maior em algumas áreas,

como agricultura, pesca, política comercial, construção do mercado comum. Em outras, como educação, saúde e cultura, os Estados mantêm autonomia

A delimitação das competências da União rege-se pelo princípio da atribuição, de acordo com a teoria das competências implícitas.

A União Europeia tem competências exclusivas sobre:

• União aduaneira;

• Regras de concorrência necessárias ao funcionamento do mercado interno;

• Política monetária para os Estados-membros cuja moeda seja o euro;

• Conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum da pesca e

• Política comercial comum.

Além das competências exclusivas, tem competências compartilhadas com os Estados- membros sobre:

• Mercado interno;

• Política social;

• Coesão econômica, social e territorial;

• Agricultura e pesca (com exceção da conservação dos recursos biológicos do mar),

• Meio ambiente;

• Defesa dos consumidores;

• Transportes;

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• Energia;

• Liberdade, segurança e justiça;

• Problemas comuns de segurança em matéria de saúde pública.

Portanto, quando os Estados atribuem competência sobre um tema, este sai de sua esfera de poder, nos limites do tratado, tanto no âmbito interno quanto internacional.

O exercício das competências da União rege-se pelo princípio da subsidiariedade, ou seja, mesmo quando os Estados-membros não outorgaram competências à União, esta pode agir quando os objetivos não podem ser alcançados de forma suficiente pelos Estados.

A integração comunitária desenvolve-se assim sobre três pilares principais:

• primeiro pilar: integração econômica, política, ambiental, cultural, sanitária, monetária e fiscal; • segundo pilar: política externa e segurança comum, com a coordenação das posições dos diversos Estados-membros nos foros internacionais, inclusive com a possibilidade de realizar missões de manutenção da paz e restauração da paz, com ou sem a ajuda de outras Organizações Internacionais (ONU e OTAN);

• terceiro pilar: cooperação judiciária e policial.

Com a criação da União Europeia, nasceu o conceito de cidadania europeia.

Trata-se de um direito à cidadania que não substitui a cidadania dos Estados-membros.

O Tratado de Maastricht estipula que a cidadania europeia é atribuída àqueles que têm a cidadania de qualquer um dos Estados-membros.

Os cidadãos europeus têm direitos comuns, entre os quais se destacam:

• A livre circulação por toda a União Europeia;

• O direito de voto para os deputados europeus;

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• A proteção diplomática pelas autoridades de qualquer um dos Estados-membros, nas mesmas condições que os nacionais destes; e

• O direito de peticionar em qualquer um dos idiomas da União Europeia e de receber uma

resposta neste mesmo idioma.

1. Estruturas Administrativas da União Europeia

Um diferente conjunto de tratados europeus prevê as seguintes estruturas comuns: a) instituições tipicamente executivas: Conselho Europeu e Comissão Europeia;

b) instituições tipicamente legislativas: Conselho da União Europeia e Parlamento Europeu;

c) instituições tipicamente judiciárias: Tribunal Geral, Tribunal da Função Pública, Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas;

d) instituições de participação da sociedade e das regiões: Comitê Econômico e Social Europeu e Comitê das Regiões;

e) instituições financeiras: Banco Central Europeu, Banco Europeu de Investimentos.

• O Conselho Europeu é formado pelos chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros,

além do Presidente da Comissão Europeia.

Não tem personalidade jurídica. Constitui um foro de decisão sobre as diretrizes a serem tomadas. É equivalente, no Mercosul, ao Conselho do Mercado Comum, exceto que, no Mercosul, a participação dos chefes de Estado é eventual, sendo regra apenas a participação dos Ministros das Relações Exteriores.

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• A Comissão Europeia não representa o interesse de cada Estado, mas da União Europeia como um todo. É uma instância supranacional, com burocracia própria. Com sede em Genebra, é formada por 28 Comissários, sendo um de cada Estado, indicados por seus respectivos governos.

• O Conselho da União Europeia é um órgão legislativo, responsável pela representação dos

Poderes Executivos dos Estados-membros. É formado pelo conjunto de ministros de cada Estado, divididos em diferentes pastas: economia, relações exteriores, agricultura, indústria etc

• O Parlamento europeu é responsável pela produção legislativa, com possibilidade de criar

normas obrigatórias, imponíveis a todos os Estados-membros, além de instituir ou demitir os membros da Comissão Europeia e aprovar o orçamento europeu.

• Funciona, portanto, com uma dinâmica similar a um sistema parlamentarista, porque o

Legislativo tem o poder de depor o Executivo europeu, por meio de um voto de censura. As diretivas europeias devem ser internalizadas pelos Estados. De fato, a posição hoje dominante no Tribunal de Justiça da União Europeia é que as diretivas são autoaplicáveis nas relações entre Estados, nas relações entre Estados e indivíduos (efeito direto vertical), mas não nas relações entre indivíduos apenas (efeito direto horizontal). Neste último caso, somente após a internalização da diretiva, pode-se evocar a norma supranacional.

Segundo Varella:

Naturalmente, houve resistências dos diversos Estados-membros, sobretudo em defesa de suas normas constitucionais e das normas infraconstitucionais posteriores às normas europeias. Contudo, pouco a pouco, os Estados foram aceitando a prevalência do direito comunitário sobre o direito interno, qualquer que fosse seu nível hierárquico. Como bem afirma Dupuy, ao final do processo, todos os Estados envolvidos na construção do direito supranacional tornam-se monistas Além das competências típicas do Poder Legislativo, o Parlamento pode participar de processos judiciais perante o Tribunal de Justiça da União Europeia, seja a convite deste, prestando informações, seja intervindo em determinados litígios.

• O Tribunal Geral é formado por 28 juízes (um de cada Estado-membro). Entre suas

competências, destacam-se o julgamento de reclamações de particulares contra as instituições europeias, os recursos dos Estados contra a Comissão Europeia e ações de reparação de danos cometidos por instituições supranacionais.

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• O Tribunal da Função Pública é um tribunal administrativo, com o objetivo de resolver litígios entre a União Europeia e seus agentes administrativos.

• O Tribunal de Contas é responsável pelo controle dos gastos do orçamento europeu.

Trata-se de um órgão independente.

• O Tribunal de Justiça é o principal tribunal da União Europeia, com competência de dar a

última palavra sobre a aplicação do direito comunitário.

É composto por 28 juízes e 9 advogados gerais, escolhidos de comum acordo por todos os membros para um mandato de seis anos.

Os advogados gerais exercem um papel semelhante ao Ministério Público de instância superior no Brasil. Preparam um parecer sobre o caso, aqui chamado de conclusões, de forma independente, que é apreciado pelos juízes

Segundo Varella: Alguns autores brasileiros preferem a denominação Corte de Justiça, em vez de Tribunal de Justiça. “Tribunal” é a tradução oficial para Portugal. Corte é mais usado em francês, inglês e italiano.

As estruturas judiciárias permitem que o direito comunitário seja controlado em diversas instâncias, seja por Estados, seja pelas instituições supranacionais, seja por particulares. A principal estrutura, como vimos, é o Tribunal de Justiça da União Europeia

• O Comitê Econômico-Social é formado por representantes dos diversos setores da sociedade

civil organizada, tais como empresários, sindicalistas, consumidores, ambientalistas.

• O Comitê das Regiões é formado por representantes locais de centenas de regiões, em geral

agentes políticos, como prefeitos, líderes locais, entre outros.

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Instituições financeiras de suporte: Banco Central Europeu e Banco Europeu de Investimentos O Banco Central Europeu é responsável pela gestão das metas de inflação e pela moeda única, o euro. Prevê o controle da emissão monetária, das reservas e do sistema de crédito. Sua sede é em Frankfurt, na Alemanha.

A integração monetária é feita por meio de um sistema de múltiplos acordos. 18 dos 28 Estados adotaram a moeda única, o euro. Outros adiaram a adoção para os próximos anos, como os membros mais recentes.

Alguns não aceitaram a moeda única, como o Reino Unido (que saiu do bloco) e a Dinamarca, mas o valor da moeda dinamarquesa é vinculado ao euro, o que garante a estabilidade das trocas monetárias. Quatro microestados, que não são membros da União Europeia, a saber, San Marino, Mônaco, Andorra e Vaticano, também utilizam o euro.

O Banco Europeu de Investimentos financia projetos em todos os Estados-membros, concentrando seus doadores entre os Estados mais ricos e os receptores entre os novos Estados-membros.

C

ONSIDERAÇÕES

F

INAIS

Chegamos ao final da nossa aula! Continuaremos observando pontos muito importantes da matéria e essenciais para a compreensão da disciplina como um todo.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato comigo. Estou disponível no fórum no Curso, por e-mail e pelo Instagram.

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Vanessa Arns

profvanessabrito@gmail.com

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(26)

Q

UESTÕES

C

OMENTADAS

1. (ESAF – 2003 - PGFN - Procurador da Fazenda Nacional) Indique a opção correta.

a) São tipos (modalidades) de processos de integração econômica: zona de preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.

b) A União Européia é mais do que uma zona de livre comércio e menos do que um mercado comum. c) Ao Grupo Mercado Comum, um dos componentes da estrutura institucional do Mercosul, compete velar pela aplicação dos instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados-partes.

d) Apesar de possuir personalidade jurídica de Direito Internacional, ao Mercosul é vedado contratar, adquirir ou alienar bens móveis e imóveis, ainda que no uso de suas atribuições.

e) Mercosul não pode celebrar acordos de sede já que não é uma organização internacional. Comentários

A alternativa A foi considerada como correta e é o gabarito da questão, tendo em vistas que apresenta de modo adequado e em ordem de evolução os devidos processos de integração, regulados pelo Direito Comunitário.

A alternativa B está incorreta, pois a União Europeia está para além do nível de um simples Mercado

Comum, sendo considerada hoje, uma organização de caráter supranacional.

A alternativa C está incorreta, haja vista que conforme o artigo 19 do Protocolo de Ouro Preto (1994) o órgão responsável é a Comissão de Comércio do Mercosul (CCM)

@vanessa.arns

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A alternativa D está incorreta, pois vai contra o disposto do artigo 35 do Protocolo de Ouro Preto: “O Mercosul poderá, no uso de suas atribuições, praticar todos os atos necessários à realização de seus objetivos, em especial contratar, adquirir ou alienar bens móveis e imóveis, comparecer em juízo, conservar fundos e fazer transferências”.

A alternativa E está incorreta, conforme o artigo 36 do Protocolo de Ouro Preto: “O Mercosul celebrará acordos de sede”, assim é plenamente possível. Salienta-se que acordos de sede são convenções bilaterais celebradas entre um Estado e uma organização por meio da qual o Estado cede uma fração do seu território para o funcionamento e organização das instalações da organização internacional.

2. (Cespe/Diplomata/2014) Acerca da tipologia normativa e da forma de aplicação do direito da União Europeia, julgue (C ou E) os próximos itens.

O direito da União Europeia é aplicado, com exclusividade, pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, que prolata decisões vinculantes com relação a todos os Estados-membros.

Comentários

O Tribunal de Justiça da União Europeia, de fato, prolata decisões vinculantes em relação aos Estados-membros. Entretanto, o referido tribunal não é o único órgão que pode aplicar o direito do bloco. Primariamente, a responsabilidade pela aplicação do direito da União Europeia é dos próprios Estados-membros, de modo que o sistema jurídico doméstico de cada um deles é uma instância de aplicação das normas do bloco. Além disso, a Comissão Europeia é outro órgão com competência para acompanhar a aplicação do direito do bloco.

Segundo a Comissão: "A aplicação correta e atempada dos Tratados e da legislação da UE é da responsabilidade dos Estados Membros. À Comissão, incumbe o acompanhamento da aplicação do direito da União. Se não for encontrada uma solução numa fase inicial, a Comissão pode dar início a um processo formal por infração e intentar, se for caso disso, uma ação junto do Tribunal de Justiça da União Europeia".

A questão está errada.

3. (Cespe/Diplomata/2009)

Pode-se fazer um paralelo entre a União Europeia e o MERCOSUL. Ambas as comunidades originam-se de processos de integração e buscam normatizar as suas relações por meio de um direito de integração. Entretanto, há enormes diferenças entre o direito regional do MERCOSUL e o direito comunitário europeu.

Acerca desse tema, julgue os itens subsequentes, relativos ao direito de integração e ao MERCOSUL.

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O MERCOSUL garante, de forma semelhante à União Europeia, uma união econômica, monetária e política entre países.

Comentários

Em se tratando de integração regional, existem estágios de aprofundamento. O tipo mais simples é a área de livre comércio, em que os membros eliminam as tarifas de comércio entre si, mas não fazem uma política comum em relação ao comércio com países de fora do bloco. Um exemplo é o NAFTA. O segundo tipo é a união aduaneira, em que ocorre a eliminação de restrições ao comércio entre os países do bloco e ainda se institui uma tarifa externa comum (TEC), para comércio dos países do bloco com terceiros Estados. Esse é caso do Mercosul, embora se considere que o bloco é uma união aduaneira imperfeita por praticar listas de exceções em relação à TEC. O terceiro estágio é o mercado comum, em que há, além dos elementos verificados na união aduaneira, a livre circulação dos fatores de produção (capitais, serviços e pessoas). Esse é o caso da União Europeia. Por fim, o quarto estágio é a união econômica e monetária, que tem as características de um mercado comum além da consecução de uma política econômica e monetária única para os países do bloco. Isso acontece em parte na União Europeia para os países que adotam o Euro.

A questão está errada.

4. (Cespe/- TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho - Parte I - 2010)

Acerca da utilização da moeda comum na União Europeia, assinale a opção correta.

A) A participação na zona do euro conforma obrigação comunitária irrenunciável, à exceção dos recém-admitidos países do leste europeu, que deverão passar por período de convergência macroeconômica.

B) A adesão ao euro não implica renúncia a bancos centrais nacionais nem a possibilidade da prática de política monetária e de utilização do direito tributário como ferramenta de política econômica.

C) As iniciativas políticas unilaterais dos países comunitários da zona euro são limitadas.

D) A zona euro inclui todos os seis países fundadores das comunidades europeias, embrião da atual União Europeia, e outros países posteriormente aderentes, como Irlanda e Grã-Bretanha.

E) A utilização de moeda comum possibilita a litigância em bloco no sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio.

Comentários

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A alternativa (A) está incorreta Os países da União Europeia não são obrigados a adotar o euro. Grã Bretanha e Suécia são exemplos de países do bloco que mantêm suas moedas nacionais. Além disso, os países que desejam aderir ao euro têm que atingir uma série de metas econômicas, como manter baixa a porcentagem da dívida pública em relação ao PIB.

A alternativa (B) está incorreta, pois os países que adotam o euro não têm autonomia para executarem política monetária própria, que passou a ser função do banco central europeu, que tem sede em Frankfurt, na Alemanha. Já a utilização do sistema tributário como ferramenta de política econômica, também conhecido como política fiscal, embora tenha limitações naturais inerentes ao sistema de mercado comum vigente na União Europeia, não é totalmente limitado, como ocorre com a política monetária.

A alternativa (C) está correta. Apesar de ter uma redação ambígua, a assertiva é a única que não contém erros claros. Pensando exclusivamente no âmbito político, os países do euro não têm limitações em virtude da adoção da moeda. Entretanto, como a expressão “iniciativas políticas unilaterais” pode se referir ao aspecto econômico, os países da zona do euro têm limitações, não podendo, por exemplo, adotar medidas monetárias unilaterais.

A alternativa (D) está incorreta. Os seis países fundadores (França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Itália e Alemanha), assim como a Irlanda, são parte da zona do euro, mas a Grã Bretanha não adotou a moeda, mantendo a libra esterlina até os dias atuais.

A alternativa (E) está incorreta. A União Europeia atua como um bloco na OMC, mas isso não se deve ao fato de existir uma moeda única no bloco, até porque a atuação como bloco inclui todos os países da União, até mesmo aqueles que não fazem parte da zona do euro. O que justifica a União Europeia atuar como bloco na OMC é o fato de que os países integrantes são parte de um mercado comum, que impõe regras de comércio exterior comuns para todos os membros, além de o comércio entre os membros ser livre de taxas ou impostos. Dessa forma, caso o Brasil queira exportar algum produto para a França, por exemplo, ele terá que seguir as normas da União Europeia, uma vez que a França ou qualquer outro país do bloco não possui leis individuais sobre comércio. Isso não impede, contudo, que um país da União Europeia questione o bloco na OMC, o que ocorreu, por exemplo, com a Dinamarca, que, recentemente, apresentou reclamação na OMC contra o bloco por não concordar com as determinações da Comissão Europeia de proibir a importação de determinados produtos de pesca.

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