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Relatório - Plano de Aula 07/02/ :39

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DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA O Direito do Consumidor

OBJETIVO SABER a origem e a finalidade da defesa do consumidor

IDENTIFICAR os dispositivos constitucionais ligados a defesa do consumidor ANALISAR o campo de incidência do Direito do Consumidor

UTILIZAR as fontes do Direito do Consumidor

APLICAR o Código Civil de 2002 e o Código de Defesa do Consumidor TEMA O Direito do Consumidor na Constituição

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. O Direito do Consumidor 1.1. Origem 1.2. Finalidades 1.3 Objetivo 2. Dispositivos constitucionais

2.1. Direito e garantia fundamental (art. 5°, XXXII) 2.2. Princípio inerente a ordem econômica (art. 170, V)

2.3. Atos e disposições constitucionais transitórias (art. 48 do ADCT) 3. Campo de incidência

3.1. Conflito entre Convenção Internacional e o Código de Defesa do Consumidor 4. O Código Civil de 2002 e o Código de Defesa do Consumidor

5. Fontes do Direito do Consumidor

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Nesse primeiro contato com o tema deve ser observado que o direito do consumidor está inserido no rol dos novos direitos ao lado dos direitos humanos, do direito ambiental, dentre tantos outros. Significa dizer, é direito destinado a satisfazer as necessidades da

coletividade, da sociedade que tem como nascedouro no desenvolvimento tecnológico e científico.

No âmbito do direito do consumidor é possível precisar que seu grande marco está ligado a Revolução Industrial surgindo assim, os primeiros movimentos consumeristas que, somente com mensagem do Presidente Kennedy, na década de 60, afirmou o seguinte: "Consumidores, por definição, somos todos nós. Os consumidores são o maior grupo econômico na economia, afetando e sendo afetado por quase todas as decisões econômicas, públicas e privadas (...). Mas são o único grupo importante da economia não eficazmente organizado e cujos posicionamentos quase nunca são ouvidos".

A partir do discurso do presidente Kennedy, o movimento consumerista ganhou força ainda maior porque a massificação na produção caminhava a olhos vistos, bem como a massificação nas contratações deixando o consumidor em desvantagem perante o fornecedor. A relação jurídica entre o consumidor e o fornecedor era desequilibrada.

No Brasil, em que pese haver a presença de movimentos consumeristas, somente com a Constituição de 1988 a defesa do consumidor ganhou proteção expressiva porque veio mencionada expressamente no art. 5°, inciso XXXII, ganhando com isso o status de direito e garantia fundamental e, o Poder Constituinte Originário foi mais além determinando no art. 170, V que a defesa do consumidor é um princípio inerente a ordem econômica. Assim, em setembro de 1990 foi publicada a Lei 8.078 (Código de Defesa do Consumidor), cujo objetivo é implantar uma Política Nacional de Consumo, conforme determina o art. 4° da Lei Consumerista, cuja finalidade é eliminar a injusta desigualdade entre o fornecedor e o consumidor, para que seja reestabelecido o equilíbrio nas relações de consumo.

Agora, no tocante ao campo de incidência, nos esclarece as lições do professor Sérgio Cavalieri Filho "as relações de consumo são o campo de aplicação do Código de Defesa do Consumidor, qualquer que seja a área do Direito onde ocorream".

Assim, "o Código de Defesa do Consumidor destina-se a efeitivar, no plano infraconstitucional, princípios constitucionais, especialmente os princípios da isonomia substancial e da defesa do consumidor" - Sérgio Cavalieri Filho.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

RECURSO FÍSICO - Quadro e pincel - Legislação - Retroprojetor - Data show

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Em viagem de ônibus de Salvador (Bahia) para o Rio de Janeiro, realizada em 12 de fevereiro de 2007 pela empresa Transporte Seguro Ltda, Cláudio Lopes sofreu graves lesões em razão de violenta colisão do coletivo em que viajava com um caminhão. Frustradas todas as tentativas de solução amigável, Cláudio ajuizou ação em face da empresa Transportes Seguro Ltda, em 15 de abril de 2009, pleiteando indenização por danos material e moral. A ré, em contestação, argüiu prejudicial de prescrição com fundamento no artigo 206, § 3°, V do Código Civil; sustenta não ser aplicável à espécie o art.27 do Código do Consumidor porque o contrato de transporte de pessoas está expressamente disciplinado no Código Civil (art.734 e seguintes) e sendo este lei posterior ao CDC deve prevalecer, conforme previsto no art.732 do referido Código Civil.

Utilizando os dados do presente caso, indique a legislação que deve ser aplicada na solução da questão, posicionando-se quanto a ocorrência ou não da prescrição.

GABARITO

O Código Civil é lei geral e o Código do Consumidor é lei especial porque tem como destinatário um sujeito especial ? o consumidor. A Lei geral, embora posterior (mais nova) não derroga a lei especial. O Código Civil disciplina o contrato de transporte como um todo, mas esse contrato de transporte, sempre que gerar relação de consumo fica também submetido aos princípios e regras do CDC. Ademais, a regra do art. 200, § 3°, V do Código Civil, que estabelece prazo prescricional de 3 anos para a pretensão de reparação civil, é uma regra geral e não específica para o contrato de transporte, razão pela qual é inaplicável ao caso o art.732 do C.Civil. A regra do art.27 do CDC (prazo prescricional de 5 anos) é especial para os casos de acidentes de consumo, pelo fato do produto ou do serviço. Como o caso em exame envolve acidente de consumo pelo fato do serviço, a regra aplicável é a do art. 27 do CDC. Logo, não ocorreu a prescrição.

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Princípios do Código de Defesa do Consumidor

OBJETIVO ANALISAR os princípios

SABER que o princípio está acima da norma DIFERENCIAR as regras dos princípios

DISTINGUIR cláusulas gerais de conceitos indeterminados

APLICAR os diversos princípios do Código de Defesa do Consumidor TEMA Princípios Básicos do Código de Defesa do Consumidor

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Princípios

1.1. Lei principiológica e seu papel 1.2. Diferença entre princípios e regras

1.3. Diferença entre cláusulas gerais e conceitos indeterminados 2. Princípios no Código de Defesa do Consumidor

2.1. Vulnerabilidade (art. 4°, I do CDC) 2.2. Boa-fé (art. 4°, III do CDC) 2.3. Informação (art. 6°, III do CDC) 2.4. Transparência (art. 4°, caput do CDC) 2.5. Segurança (art. 12, §1° e art. 14 do CDC) 2.6. Equidade (art. 7°, in fine e art. 51, IV do CDC) 2.7. Solidariedade

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Após o contato inicial com a disciplina é importante destacar que o Código de Defesa do Consumidor pode ser chamado de Lei Principiológica porque sua estrutura é baseada em princípios e cláusulas gerais. Os primeiros, segundo nos esclarec o professor Sérgio Cavalieri Filho: "são valores éticos e morais abrigados no ordenamento jurídico, compartilhados por toda a comunidade em dado momento e em dado lugar, como a liberdade, a igualdade, a solidariedade, a dignidade da pessoa humana, a boa-fé e outros tantos". Enquanto o segundo, ainda segundo o professor Sérgio Cavalieri Filho "foge aos parâmetros das normas tipificadoras de condutas, transferindo para o juiz a tarefa de elaborar a norma de comportamento adequado para o caso, dentro da moldura jurídica por ela estabelecida, nos limites da realidade do contrato, sua tipicidade, estrutura e funcionalidade, com aplicação dos princípios admitidos no sistema".

Logo, o Código de Defesa do Consumidor está repleto de princípios e cláusulas gerais, porém, temos como princípios basilares: vulnerabilidade, boa-fé, informação, transparência.

O princípio da vulnerabilidade (art. 4°, I do CDC) é de suma importância porque estabelece a igualdade dentro da relação de consumo, coisa que antes do Código de Defesa do Consumidor não existia e, o fornecedor estava sempre em posição de vantagem. É importante frisar que a vulnerabilidade pode ser: fática; técnica; e, jurídica ou científica. Também não se pode esquecer que todo consumidor é vulnerável mas nem todo consumidor é hipossuficiente.

O princípio da transparência deve vir atrelado ao princípio da informação, não basta que o fornecedor informe ao consumidor sobre seu produto ou serviço é necessário que tal informação seja prestada de maneira clara, em conformidade com o art. 4°, caput c/c art. 6°, III, ambos do CDC.

No tocante ao princípio da boa-fé no âmbito das relações de consumo, existe as chamada boa-fé objetiva que nos esclarece os seguinte em suas lições: "significa atuação refletida, uma atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o ,

respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes" (MARQUES. Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor, 5 ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 216).A boa-fé objetiva é aquela desvinculada das intenções íntimas do sujeito.

No tocante a confinaça, em que pese não vir expressamente mencionado no Código de Defesa do Consumidor, é uma irradiação normativa da boa-fé que está intimamente ligado ao princípio da confiança.

Já equidade é um princípio de técnica de hermêutica que deve estar presente na aplicação da lei. É a justiça diante do caso concreto. No que diz respeito a segurança, são poucos os doutrinadores que tratam desse tema como princípios. Porém, observando as lições do professor Antonio Herman Benjamin temos que "o Código não estabelece um sistema de segurança absoluta para produtos e serviços. O que se quer é uma segurança dentro dos padrões da expectativa legíitma dos consumidores" (BENJAMIN, Antonio Herman. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 60).

Logo, pode-se concluir que, "os princípios, pelo papel que desempenham no sistema, influenciam a aplicação de todas as regras do CDC, se fazem presentes em todos os contratos de consumo" (FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de Direito do Consumidor. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 54)

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA

Editora LER Ltda fez publicidade oferecendo passagem aérea para qualquer lugar do Brasil para quem fizesse a assinatura de duas revistas e fosse sorteado. Roberto aderiu à promoção e foi sorteado, mas quando pretendeu viajar ficou sabendo que o prêmio não dava direito à passagem para o lugar para onde pretendia ir. Há algum princípio do CDC que possa ser invocado por Roberto?

Gabarito

A Editora LER violou o princípio da transparência, deixando de informar que havia limitação na vantagem que oferecia. Ainda mais, fez publicidade enganosa ao prometer passagem aérea pra qualquer parte do Brasil, induzindo Roberto a erro. Houve no caso violação do artigo 37,§1º do CDC – Publicidade enganosa. A Editora LER deverá ser obrigada a cumprir a sua oferta publicitária (princípio da vinculação da oferta) e ainda a indenizar Roberto por danos morais.

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A Relação de Consumo e Seus Elementos

OBJETIVO CONCEITUAR consumidor e fornecedor

IDENTIFICAR o consumidor equiparado

UTILIZAR as teorias acerca do conceito de consumidor

DISTINGUIR as teorias Maximalista, Finalista e Finalista Mitigada CONCEITUAR produto e serviço

SABER que os serviços prestados mediante remuneração estão sujeitos às regras do CDC OBSERVAR a natureza juridica da remuneração na prestação de serviços públicos

TEMA O Consumidor e o Fornecedor ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Conceito 1.1. Consumidor 1.2. Fornecedor 2. Teorias 2.1. Maximalista 2.2. Finalista 2.3. Finalista Mitigada

3. Consumidor por equiparação 4. Conceito

4.1. Produto 4.2. Serviço

5. Os serviços públicos estão sujeitos às regras do CDC? 5.1. Natureza jurídica da remuneração

5.2. Tributo. Remuneração indireta. Prestação uti universo

5.3. Tarifa (preço público). Remuneração direta. Prestação uti singuli

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Analisada a origem e os princípios relativos a defesa do consumidor, é chegado o momento de verificar o seguinte: para que seja possível aplicar o Código de Defesa do Consumidor deve existir uma relação de consumo, ou seja, uma relação jurídica entre consumidor (art. 2° CDC) e fornecedor (art. 3° CDC) e, os conceitos desses dois sujeitos estão expressamente mencionados no Código de Defesa do

Consumidor. Porém, há controvérsia no tocante ao conceito de consumidor porque existem teorias que tentam esclarecer quem é considerado consumidor.

A primeira é a teoria maximalista que amplia o conceito de consumidor, também chamada de objetiva para tal teoria basta que o produto ou serviço seja retirado do mercado de consumo para a pessoa física ou pessoa jurídica ser considerada consumidor.

A segunda teoria é a finalista que restringe o conceito de consumidor, também chamada de subjetiva e para ela não basta que o produto ou serviço seja retirado do mercado de consumo a destinação final deve ser observada, ou seja, deve haver a satisfação de uma

necessidade pessoal daquele que adquire o produto, significa dizer, a sua destinação final, por isso, se restringe em princípio, segundo o professor Sérgio Cavalieri Filho “às pessoas, físicas ou jurídicas, não profissionais, que não visa lucros em sua atividade” (FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de Direito do Consumidor. 3 ed. São Paulo: Atlás, 2011).

A terceira é a teoria finalista abrandada (também chamada de mitigada ou atenuada) que permite a aplicação do Código de Defesa do Consumidor para pequenas empresas e profissionais liberais, desde que, comprovada uma vulnerabilidade, mesmo que seja um profissional.

Também devem ser abordadas as hipóteses de consumidor por equiparação mencionas expressamente nos artigos 2°, parágrafo único, 17 e 29, todos do Código de Defesa do Consumidor, bem como o conceito e fornecedor de produtos e serviços mencionados

expressamente no art. 3° e seus parágrafos.

Não se pode deixar de fazer menção aos serviços públicos. Estariam tais serviços às regras do Código de Defesa do Consumidor? A professora Cláudia Lima Marques sustenta que todos os serviços públicos estão sujeitos às regras do CDC. Porém, o entendimento dominante é no sentido de ser verificada a natureza jurídica da remuneração. Sendo o serviço público remunerado por tributo, de formsa indireta, prestado uti universi, não estarão sujeitos ao CDC. Já os serviços públicos remunerados por tarifas, que é sinônimo de preço público, remunerado de forma direta, prestado uti singuli, estarão sujeitos às regras do CDC.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA

Ação indenizatória por danos materiais e morais proposta por Maria em face do Estado por morte de filho causada por má prestação de serviços médicos em hospital público, sob a alegação de existência de relação de consumo. Aplica-se o CDC ao caso? Resposta

fundamentada.

GABARITO

Ementa do REsp 493.181/SP

Processual Civil. Recurso Especial. Exceção de Competência. Ação Indenizatória. Prestação de Serviço Público. Ausência de Remuneração. Relação de Consumo Não Configurada. Desprovimento do Recurso Especial.

1. Hipótese de discussão do foro competente para processar e julgar ação indenizatória proposta contra o Estado, em face de morte causada por prestação de serviços médicos em hospital público, sob a alegação de existência de relação de consumo.

2. O conceito de ?serviço? previsto na legislação consumerista exige para a sua configuração, necessariamente, que a atividade seja prestada mediante remuneração (art.3°, § 2°, do CDC).

3. Portanto, no caso dos autos, não se pode falar em prestação de serviço subordinada às regras previstas no Código de Defesa do

Consumidor, pois inexistente qualquer forma de remuneração direta referente ao serviço de saúde prestado pelo hospital publico, o qual pode ser classificado como uma atividade geral exercida pelo Estado à coletividade em cumprimento de garantia fundamental (art.196 da CF).

4. Referido serviço, em face das próprias características, normalmente é prestado de maneira universal, o que impede a sua individualização, bem como a mensuração de remuneração específica, afastando a possibilidade de incidência das regras de competência contidas na legislação especifica.

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Direitos Básicos do Consumidor I

OBJETIVO ENTENDER os direitos básicos do consumidor

IDENTIFICAR que os fornecedores devem observar a proteção da vida, saúde e segurança do consumidor SABER que a educação do consumidor pode ser formal e informal

ANALISAR o consentimento refeltido e a liberdade de escolha UTILIZAR o recall quando necessário

IDENTIFICAR o risco inerente

TEMA Proteção da Vida, Saúde e Segurança do consumidor

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Direitos básicos do consumidor

1.1. Proteção da vida, saúde e segurança (art. 6°, I c/c arts. 8°, 9° e 10, todos do CDC) 1.2. Risco inerente

1.3. Recall (art. 10, §1º do CDC)

2. Educação do consumidor (art. 6°, II do CDC) 2.1. Educação formal

2.2. Educação informal

3. Direito à informação (art. 6°, III do CDC) 4. Consentimento refletido

5. Liberdade de escolha (art. 6°, II, parte final do CDC)

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Ao tratar dos direitos básicos do consumidor deve-se ter em mente que o art. 6° traz o rol de tais direitos, tratando em seu inciso I da saúde, vida e segurança do consumidor que são bens inerentes ao princípio da dignidade da pessoa humana. Quando o Código de Defesa do Consumidor protege expressamente esses direitos está criando para aquele que fornece produtos ou serviço o dever de segurança quando coloca seus produtos ou serviços no mercado de consumo. Porém, cabe ressaltar a existência de produtos ou serviços que apresentam risco inerente, por isso, a lei trata de forma mais minuciosa da vida, saúde e segurança do consumidor nos artigos 8°, 9° e 10 e, é observando tais direitos básicos que as empresas realizam recalls de produtos.

A educação também está no rol dos direitos básicos do consumidor, no inciso II do art. 6° e, se refere à educação formal que está ligada a inserção do direito do consumidor começando nas escolas até os cursos universitários, bem como, a educação informal que é aquela que chega até o consumidor pelos meios de comunicação. O direito à informação é um dever do fornecedor cuja finalidade é permitir que o consumidor possa escolher seu produto ou serviço de forma consciente, é o que se chama de consentimento informado (ou esclarecido). Porém, vale destacar que não basta só informar, tal informação deve ser prestada de forma clara e adequada, ou seja, com transparência, exercendo assim a liberdade de escolha.

Em que pese a referência expressa de alguns dispositivos do art. 6° do Código de Defesa do Consumidor é importante reforçar os demais incisos do referido artigo tendo em vista que tratam de direitos básicos do consumidor. Pode ser considerado a sustenção dos direitos do consumidor porque são as mínimas garantias que todos os consumidores devem ter resguardados.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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Maria comprou um produto para tratamento dos cabelos, cuja embalagem dizia, em letras grandes e coloridas, "amaciante e relaxante capilar; forma suave totalmente sem cheiro, que não agride os cabelos; dispensa-se o uso de neutralizante, estimula o crescimento; cabelos macios, soltos e naturais; os resultados da beleza você pode ver, tocar e sentir". No entanto, ao utilizar esse milagroso produto, Maria sofreu uma grande irritação no couro cabeludo e a respectiva queda dos cabelos. Pode Maria pleitear alguma reparação? Qual seria o fundamento?

GABARITO

RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR. Fato do Produto. Risco Inerente. Informação Insuficiente. Dever de Indenizar.

Se o produto é potencialmente nocivo ou perigoso (risco inerente), o fornecedor tem o dever de informar de maneira ostensiva e adequada a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sob pena de responder pelos danos que vier a causar ao consumidor. O produto, no caso, embora apresentado na embalagem, com letras grandes e coloridas, como amaciante e relaxante capilar; fórmula suave totalmente sem cheiro, que não agride os cabelos, surpreendeu a consumidora, pois, após ser aplicado, causou-lhe queda dos cabelos e lesão semelhante à de uma queimadura.

Para cumprir o dever de informar no caso de produto ou serviço com risco inerente, não basta a mera indicação genérica da possibilidade de danos ou riscos, contida nas instruções de uso do produto. (Ap. Civ. 20.030/2008)

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Direitos Básicos do Consumidor II

OBJETIVO APRENDER o que vem a ser a prevenção e reparação de danos

IDENTIFICAR a facilitação do acesso à Justiça

DEMONSTRAR a prestação adequada e eficaz dos serviços públicos VISLUMBRAR o equilíbrio nas relações de consumo

UTILIZAR a inversão do ônus da prova

DISTINGUIR a inversão do ônus da prova "ope judicis" e "ope legis" IDENTIFICAR o momento da inversão do ônus da prova

TEMA

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1.Prevenção e reparação dos danos

2. Facilitação do acesso à justiça

3. Prestação adequada e eficaz dos serviços públicos 4. Equilíbrio nas relações de consumo

5. Inversão do ônus da prova 5.1. Inversão "ope judicis" 5.2. Inversão "ope legis"

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Continuando a tratar dos direitos básicos do consumidor a prevenção e a reparação de danos encontra fundamento no inciso VI do artigo 6° do CDC cujo objetivo é assegurar efetiva reparação, afinal de contas, não se pode esquecer que o sujeito mais fraco da relação jurídica é o consumidor. Significa dizer, o consumidor é a parte vulnerável da relação de consumo, enquanto o fornecedor é a parte mais forte, por isso, tamanha proteção.

A facilitação do acesso à justiça está mencionada no art. 6°, VII porque não surtiria qualquer efeito a proteção do consumidor sem que o exercício de seus direitos fossem facilitados pelo legislação.

No tocante a prestação adequada e eficaz dos serviços púbicos em geral, mencionado no art. 6°, inciso X do CDC nos esclarece o professor Sérgio Cavalieri Filho o seguinte: ?O Estado Brasileiro desenvolve atividades custeadas por tributos, como segurança e justiça, educação e saúde, denominados serviços públicos próprios, e, também atividades como fornecimento de água e esgotamento sanitário, de energia elétrica, de telefonia fixa e móvel; de transporte publico (...) remunerados pro tarifa ou preço público, chamados de serviços públicos impróprios?.

Logo, somente os serviços públicos impróprios estão sujeitos às regras do Código de Defesa do Consumidor e, o art. 6°, inciso X do CDC deve ser combinado com o art. 22 do mesmo diploma legal.

Importantíssimo direito básico é a inversão do ônus da prova, excelente instrumento de proteção ao consumidor que no inciso VIII determina tal possibilidade nos casos de a alegação ser verossímel ou quando o consumidor for hipossuficiente. Tal inversão é concedida a critério do juiz, por isso, chamada de inversão ope judicis. Já a inversão do ônus da prova ope legis vem mencionado expressamente no art. 38 do CDC. Também não se pode deixar de fazer menção que no art. 14, §3° do CDC que traz a possibilidade da inversão do ônus da prova ope legis.

Discute-se na doutrina e jurisprudência até que momento pode-se inverter o ônus da prova. Tem prevalecido o entendimento de que sua inversão pode ser determinada pelo juiz até a audiência de instrução de julgamento.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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Mario da Silva, inadimplente com a sua conta de luz, foi notificado pela Companhia de Energia para cumprir a sua obrigação, mas manteve-se inerte. Tendo sido cortada a luz por falta de pagamento, Mário propôs ação indenizatória contra a Companhia de Energia com base nos arts. 22 e 42 do CDC, alegando que o fornecimento de energia elétrica não pode ser interrompido por ser serviço contínuo e essencial. O corte de energia é também abusivo porque tem por finalidade compelir o consumidor ao pagamento do débito. Em contestação, a ré alega não ser aplicável ao caso o CDC porque fornece serviço público e ser licita a interrupção do fornecimento de energia elétrica ao consumidor em débito após aviso prévio, consoante art.6°, § 3°, II da Lei 8.897/95. Decida a questão à luz da doutrina e jurisprudência predominantes.

GABARITO

Ementa do REsp 363.943

Administrativo. Energia Elétrica. Corte. Falta de Pagamento.

?É licito à concessionária interromper o fornecimento de energia elétrica, se, após aviso prévio, o consumidor de energia elétrica permanecer inadimplente no pagamento da respectiva conta (Lei 8.987/95, art. 6°, § 3°, II)".

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O Contrato no Código de Defesa do Consumidor

OBJETIVO SABER a nova concepção dos contratos

IDENTIFICAR a intervenção estatal nas relações de consumo

DISTINGUIR o dirigismo legislativo, administrativo e judicial nas relações de consumo APLICAR a modificação e a revisão das cláusulas contratuais

DIFERENCIAR a teoria da quebra da base objetiva do negócio jurídico da teoria da imprevisão VISLUMBRAR a teoria da imprevisão no âmbito do Código Civil

TEMA Nova Concepção do Contrato

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Nova concepção de contrato

2. Intervenção do Estado 3. Dirigismo cntratual 3.1. Dirigismo legislativo 3.2. Dirigismo administrativo 3.3. Dirigismo judicial

4. Modificação e revisão das cláusulas contratuais 4.1. Modificação: vício de origem

4.2. Revisão por onerosidade excessiva: teoria da quebra da base objetiva do negócio jurídico 5. Onerosidade excessiva no Código Civil: teoria da imprevisão

PROCEDIMENTO DE ENSINO

É chegado o momento de estudar os contratos no âmbito do Código de Defesa do Consumidor, por isso, deve ser mencionado que com o desenvolvimento cientifico e tecnológico, bem como a massificação nas relações e o surgimento das relações de consumo fez com que a relação contratual fosse repensada e com isso, ?temas como a função social dos contratos, a boa-fé objetiva, a proteção da confiança nas relações de consumo, o abuso do direito, a onerosidade excessiva e outros mais passaram a ser discutidos com maior intensidade e exigiram profunda releitura do conceito clássico de contratos? (Sérgio Cavalieri Filho).

No Brasil a releitura com relação aos contratos surgiu com o Código de Defesa do Consumidor e, é possível verificar o dirigismo contratual nas relações de consumo, significa dizer, existe a intervenção do Estado para que seja possível manter essa relação equilibrada.

O dirigismo pode ser de ordem legislativa, ocorre no momento da elaboração das leis; já o dirigismo administrativo está ligado aos atos administrativos e ao controle de preços, bem como o dirigismo judicial que tem por objetivo trazer o equilíbrio econômico nas relações entre os contratantes.

O art. 6°, V do CDC está ligado a esse controle quando trata da possibilidade de modificação e revisão das cláusulas contratuais. A modificação da cláusula está ligada a um vício de origem que se faz presente desde o início do contrato. Como nos esclarece o professor Sérgio Cavalieri Filho ?a intervenção tem por causa a existência de um vício que se faz presente desde o momento da celebração do contrato (...). A existência de cláusula que estabeleça prestação desproporcional para o consumidor faz com que o contrato nasça desequilibrado e, uma vez constatado o desequilíbrio, permitirá ao juiz, até de ofício, modificar essa cláusula?.

Já a revisão está ligada a uma cláusula que na origem era equilibrada e, somente em decorrência de um fato superveniente há o desequilíbrio contratual que torna a prestação excessivamente onerosa. Porém, esse fato deve ser uma álea extraordinária que desequilibra o contrato. É importante ressaltar que tal dispositivo não deve ser aplicado para a situação subjetiva de cada consumidor, ou seja, não haverá lugar para a revisão se o acontecimento tem apenas repercussão pessoal ou individual. No tocante a onerosidade excessiva foi adotada a teoria da quebra da base objetiva do negócio jurídico.

Vale destacar que no tocante a onerosidade excessiva o Código Civil de 2002 adota a teoria da imprevisão, diferente do Código de Defesa do Consumidor.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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RECURSO FÍSICO - Quadro e pincel - Legislação - Retroprojetor - Data show

APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA

No início de 1999, milhares de consumidores que haviam celebrado contrato de financiamento de veículo (leasing) com cláusula de reajuste atrelado ao dólar sofreram trágicas conseqüências em razão da forte desvalorização do real ? o valor da prestação quase dobrou. Milhares de ações, individuais e coletivas, foram ajuizadas em todo o país em busca de uma revisão contratual. Bancos e financeiras resistiram à pretensão com base nos tradicionais princípios romanísticos ? pacta sunt servanda, autonomia da vontade e a liberdade de contratar. Alguma norma do CDC pode ser invocada nesse pleito de revisão contratual?

GABARITO

As ações tiveram por fundamento o art. 6º, V do CDC ? fato superveniente que tornou a prestação excessivamente onerosa. Houve também das financeiras e bancos violação dos princípios da boa-fé e confiança.

REsp 437.660/SP - Direito do consumidor. Leasing. Contrato com clausula de correção atrelada à variação do dólar americano. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Revisão da clausula que prevê a variação cambial. Onerosidade excessiva. Distribuição dos ônus da valorização cambial entre arrendantes e arrendatários. Recurso parcialmente acolhido.

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A Proteção Contratual do Consumidor I

OBJETIVO DISTINGUIR publicidade e propaganda

DIFERENCIAR publidade enganosa e publicidade abusiva

APLICAR os princípios ligados a fase pré-contratual dos contratos SABER que o rol das práticas abusivas é exemplificativo

ANALISAR as práticas abusivas mais comuns no cotidiano

TEMA Fase Pré-Contratual

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Publicidade

1.1. Diferenção entre publicidade e propaganda 1.2. Publicidade enganosa

1.3. Publicidade abusiva 2. Princípios

2.1. Identificação da publicidade

2.2. Transparência da fundamentação da publicidade 2.3. Vinculação contratual da publidade

3. Práticas abusivas (art. 39 I a IV, VI, X e art. 40 CDC) 3.1. Rol exeplificativo

PROCEDIMENTO DE ENSINO

A nova concepção dos contratos e a sua proteção no âmbito do Código de Defesa do Consumidor estão protegidas nas diversas fases do contrato, são elas: pré-contratual, durante a execução do contrato e na fase pós-contratual. Nas relações de consumo tal proteção já aparece na publicidade e na oferta Inicialmente deve ser destaca a diferença entre publicidade e propaganda. A primeira tem objetivo comercial visando anunciar produtos e serviços, enquanto o segundo está ligado a fins ideológicos, religiosos, políticos etc. Logo, somente a publicidade visa atrair possíveis consumidores, analisando a terminologia de forma técnica. Mais uma vez os princípios da informação e transparência devem ser observados porque o legislador determina que a veiculação da publicidade deve ser feita de forma clara e, devem ser observados os princípios: da identificação da publicidade (art. 36 do CDC), da transparência da fundamentação da publicidade (art. 36, parágrafo único do CDC) e vinculação contratual da publicidade (art. 30 do CDC).

Também merece destaque na fase pré-contratual a venda cassada que é mencionada expressamente no art. 39, inciso I porque é vedado ao fornecedor impor a aquisição conjunta de produtos e/ou serviços. O inciso II do mesmo dispositivo refere-se a recusa de atendimento da demanda do consumidor. O inciso III trata do fornecimento de produto e serviço sem que o possível consumidor tenha solicitado, nesse caso, eventual cobrança pode ser considerada como amostra, conforme o parágrafo único do art. 39. E, também não se pode esquecer do inciso VI que veda a execução de serviços sem a prévia elaboração do orçamento.

Foram destacadas as práticas abusivas mais comuns no cotidiano do consumidor, porém, merece ser destacada que todas as práticas abusivas são relevantes e que o rol do at. 39 do CDC é exemplificativo.

Também é importante que seja revisto o art. 38 do CDC porque trata da inversão do ônus da prova na publicidade.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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Empresa que explora cartão de crédito lançou no mercado o chamado cartão de crédito mega bônus, atraindo milhares de consumidores de baixa renda com a expectativa de que estavam realmente adquirindo um cartão de crédito pelo qual teriam um crédito pessoal que permitiria adquirir produtos e serviços, pagando a respectiva fatura em dia determinado, como normalmente ocorre todos os tipos de cartão de crédito. Em contraprestação, teriam que pagar certa mensalidade. Apenas depois de receber o cartão, já no momento de desbloqueá-lo, o consumidor era informado de que não havia qualquer crédito aprovado para o usuário do cartão, e que para usá-lo como instrumento de compras de produtos e serviços teria antes que depositar a quantia necessária ? o que se chama de cartão pré-pago. À luz do CDC, essa prática é permitida? O que alegaria você em favor de um consumidor que tendo adquirido um cartão de crédito/mega bônus depois pretendesse desfazer o negócio? Resposta justificada.

Gabarito

O caso é típico de publicidade enganosa por omissão prevista no art. 37, § 3º do CDC: ? a publicidade é enganosa por omissão quando deixou de informar sobre dado essencial do produto ou serviço?. O cartão de crédito megabônus em sua essência desvirtua-se de um cartão de crédito tradicional, característica essa que, por si só, exigia que a informação prestada a seu respeito fosse de forma clara, precisa e adequada, para atingir a compreensão do consumidor e não induzi-lo a erro. Jamais poderia ter sido omitida a informação de que o usuário do cartão não teria nenhum crédito a sua disposição; que para usá-lo como instrumento de compras teria antes que depositar a quantia correspondente. O consumidor primeiro foi atraído (estimulado) a adquirir o cartão de crédito, para só depois, no momento de desbloqueá-lo, ser informado de que o seu limite de crédito era zelo, vale dizer, nenhum. Inquestionavelmente foi induzido a erro pela publicidade enganosa omissiva.

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A Proteção Contratual do Consumidor II

OBJETIVO SABER o conceito de contrato de adesão

APLICAR a interpretação mais favorável para o consumidor nos contratos de adesão ANALISAR o direito de arrependimento

DIFERENCIAR a garantia legal da convencional

TEMA Fase de Formação Contratual

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Conceito de contrato de adesão

1.2. Massificação dos contratos

2. Interpretação dos contratos de adesão 3. Direito de arrependimento (prazo de reflexão) 4. Garantia

4.1. Convencional 4.2. Legal

5. Práticas abusivas (art. 39 V e XII do CDC)

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Com a nova concepção dos contratos, bem como a sua massificação, o contrato de adesão ganhou grande espaço no âmbito das relações de consumo, tanto é assim que o legislador fez questão de trazer seu conceito no art. 54 do Código de Defesa do Consumidor e, merece destaque o fato de as cláusulas gerais do contrato serem estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor ou pela autoridade competente, cabendo a outra parte aderir ou não ao contrato.

Aspecto importante é a possibilidade que possui o consumidor de desistir da aquisição de um produto ou contratação de um serviço sempre que ocorrer fora do estabelecimento comercial a contratação. Tal prazo é de sete dias e não há necessidade de motivação por parte do consumidor, conforme determina o Código de Defesa do Consumidor no art. 47. O referido prazo é denominado direito de arrependimento ou prazo de reflexão. Com isso, segunda as palavras do professor Cavalieri "a lei dá ao consumidor a faculdade de desistir daquela compra de impulso, efetuada sob forte influencia da publicidade sem que o produto esteja sendo visto de perto, concretamente, ou sem que o serviço jamais possa ser examinado".

Agora, no que diz respeito a garantia do produto ou serviço, o CDC também estabelece expressamente em seu art. 50 que a garantia contratual complementa a garantia legal, logo, não há que se falar na exclusão da garantia legal. E, finalmente merece destaque a prática abusiva mencionada no art. 39, V referente à exigência de vantagem excessiva para o consumidor, bem como o inciso XII do mesmo dispositivo que determina ser abusivo por parte do fornecedor de produtos ou serviços a omissão no tocante ao cumprimento da obrigação assumida.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes

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Maria de Fátima pleiteia indenização por dano moral contra a Casa Bahia decorrente da recusa injustificada de venda a crédito. Alega que embora não houvesse qualquer restrição ao seu nome junto aos órgãos de proteção ao crédito, a ré lhe negou o parcelamento para a aquisição de uma geladeira, mesmo tendo apresentado seu sogro como avalista para a compra pretendida. A conduta arbitrária da ré teria lhe causado vergonha e humilhação, pois injusta a negativa de crédito. Procede a pretensão de Maria? A conduta do fornecedor pode ser considerada uma prática abusiva? Resposta justificada.

GABARITO

AP.Civ. 11.812/2008 ? CONSUMIDOR. Negativa de Concessão de Crédito. Exercício Regular de Direito. Inocorrência de Prática Abusiva. A relação que se estabelece no momento da concessão do crédito, embora regida pelas regras protetivas do CDC, ocorre à similitude de qualquer contrato sinalagmático, sendo a vontade das partes requisito indispensável para a sua concretização.

Constitui faculdade exclusiva do fornecedor, exercício regular do seu direito, a concessão de crédito ao consumidor, bem como a aceitação de cartão de crédito, pagamento com cheque (pré-datado ou não) e outras formas de pagamento.

O CDC só reputa abusivo recusar o fornecedor a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento ? art. 39, IX. Logo, não está o fornecedor obrigado a aceitar nenhuma outra forma de pagamento que não seja à vista. Desprovimento do recurso.

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A Proteção Contratual do Consumidor III

OBJETIVO CONCEITUAR a cláusula abusiva

DISTINGUIR a cláusula abusiva da causa de revisão do contrato IDENTIFICAR a cláusula geral do art. 51, IV do CDC

SABER que a cláusula abusiva gera nulidade ANALISAR o equilíbrio contratual

TEMA Fase de Execução do Contrato

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Cláusulas abusivas

1.1. Conceito

1.2. Cláusulas abusivas e causas de revisão do contrato 1.3. Rol taxativo ou exemplicativo?

1.4. Cláusula geral do art. 51, inciso IV do CDC (boa-fé objetiva) 1.5. Cláusula geral de não indenizar - art. 51, I do CDC

2. Equlíbrio contratual

3. Nulidade da cláusula contratual

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Tratando das cláusulas abusivas, inicialmente, deve-se ter em mente que legislador em nenhum momento exige do fornecedor a má-fé ou o dolo. Logo, para que se verifique a presença de uma cláusula abusiva, basta que se verifique ser a cláusula notadamente

desfavorável a parte mais fraca da relação contratual que, nesse caso, é o consumidor.

O professor Cavalieri explica bem esse tipo de cláusula ao mencionar: "as cláusulas abusivas não se restringem aos contratos de adesão, mas cabem em todo e qualquer contrato de consumo, escrito ou verbal, pois o desequilíbrio contratual, com a supremacia do

fornecedor sobre o consumidor, pode ocorrer em qualquer contrato, concluído mediante qualquer técnica contratual". A proteção no tocante as cláusula abusivas faz grande sentido quando se sabe que nos contratos de adesão todas as cláusulas são feitas pelo fornecedor.

Aspecto que vale ser destacado é a diferença entre a cláusula abusiva e a revisão do contrato. Na primeira pode ser pleiteada a modificação da cláusula porque são concomitantes à formação do contrato. Já a segunda será possível em razão de um fato superveniente porque o contrato nasceu equilibrado.

O rol das cláusulas do artigo 51 do CDC é exemplificativo, basta verificar que o caput faz menção a expressão "dentre outras". Logo, além das mencionas expressamente em seus incisos podem surgir outras. Ainda com base no caput do art. 51, o legislador também foi técnico ao determinar que, a abusividade irá gerar a nulidade da cláusula que, pode ser conhecida de ofício pelo juiz, salvo nos contratos bancários, em conformidade com o Enunciado da Súmula 381 do STJ.

Em sede de doutrina é dominante o entendimento de que o art. 51, IV é uma cláusula geral proibitiva da utilização de cláusulas abusivas porque, segundo o professor Cavalieri "será abusiva toda e qualquer cláusula contratual que coloque o consumidor em desvantagem exagerada, qualquer que seja o momento alegado ou o meio utilizado ? má-fé, iniqüidade, informação insuficiente, publicidade enganosa etc. Abusa do direito de estabelecer cláusulas contratuais unilateralmente o fornecedor que estabelece desvantagem exagerada para o consumidor, aproveitando-se da sua vulnerabilidade". Outra cláusula de suma importância é a mencionada no inciso I do art. 51 do CDC que veda a utilização nos contratos da cláusula de não indenizar. As vedações das cláusulas abusivas e sua nulidade visam manter o equilíbrio nas relações de consumo.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

RECURSO FÍSICO - Quadro e pincel - Legislação - Retroprojetor - Data show

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Maria, em decorrência de complicações em sua saúde, teve prorrogada sua internação em Unidade de Tratamento Intensivo acobertada pelo plano de saúde que contratara. Todavia, o diretor do hospital comunicou a seus familiares que a referida prorrogação deveria ser custeada por recursos próprios uma vez que a seguradora não a havia autorizado, ao argumento de que, apesar do plano cobrir procedimentos cirúrgicos, o contrato prevê expressamente o número de dias de internação em UTI, os quais já estavam

esgotados. Inconformada, pretende a autora, judicialmente, a declaração de nulidade da referida cláusula. Há fundamento jurídico para a pretensão de Maria?

GABARITO

REsp 158.728/RJ ? Súmula 302 do STJ

Plano de saúde. Limite temporal da internação. Clausula abusiva.

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A Proteção Contratual do Consumidor IV

OBJETIVO DISTINGUIR vício e fato do produto ou serviço

ANALISAR a naturaza juridica do banco de dados

DIFERENCIAR o uso abusivo do banco de dados do exercicio regular do direito de seu uso SABER que a cobrança vexatoria é proibida pela lei

APLICAR a repetição do indébito quando houver cobrança indevida TEMA Fase Pós Contratual

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Fato e vício do produto ou serviço

2. Banco de dados 2.1. Natureza jurídica

2.2. Exercício regular do direito 2.3. Uso abusivo

2.4. Prazo para deixar o nome do consumidor no cadastro 3. Cobrança vexatória e repetição do indébito

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Cabe iniciar a aula destacando a distinção primordial entre vício e fato do produto ou serviço. O primeiro está ligado ao defeito menos grave relativo ao produto ou serviço que cause o mal funcionamento. Enquanto no segundo, é um defeito mais grave que acarreta um acidente de consumo, ou seja, é um acontecimento que ocorre no mundo exterior gerando conseqüências mais graves, como por exemplo: uma televisão que não aparece a imagem assim que é ligada quando chega da loja, é um vício do produto. Agora, caso ocorra a explosão da televisão ao ser ligada será fato do produto.

Tal distinção é muito importante para se identificar o sujeito passivo nas ações de responsabilidade civil (o assunto é abordado na disciplina Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo ministrada na disciplina Responsabilidade Civil). Quando estivermos diante de um vício do produto (art. 18 do CDC), vício do serviço (art. 20 do CDC) ou fato do serviço (art. 14 do CDC) haverá solidariedade entre os fornecedores (art. 14 do CDC). Porém, quando se tratar de fato do produto, o art. 12 do CDC menciona de forma expressa: "O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem independentemente de culpa (...)". Logo, o comerciante só será responsabilizado quando essas figuras não forem identificadas, ou seja, a responsabilidade do comerciante é subsidiária.

Analisando outro tópico da aula que são os banco de dados, sua utilização é possível porque a lei de determina de forma expressa em seu art. 43. O envio do nome do consumidor inadimplente para seu cadastro caracteriza o exercício regular do direito por parte do fornecedor. Porém, o envio de forma abusiva, ou seja, quando o consumidor não está inadimplente e, até mesmo, nas situações que o nome de uma pessoa é encaminhado sem ter qualquer tipo de relação com aquele fornecedor também é caracterizado como uso abusivo. Não se pode esquecer que o consumidor deve ser previamente informado do envio de seu nome para o cadastro. O banco de dados possui natureza jurídica de entidade de caráter público, de acordo com o art. 43, §4° do CDC.

E, finalmente, a cobrança vexatória é vedada pelo art. 42, caput do CDC e, dependendo do caso concreto pode até ser caracterizado como crime nas relações de consumo previsto no art. 71 do CDC que diz o seguinte: "Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o

consumidor, injustificadamente, a ridículo e interfira com o seu trabalho, descanso ou lazer". Também não se pode esquecer que tudo aquilo que for cobrado do consumidor indevidamente pode gerar a repetição do indébito (art. 42, parágrafo único).

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

RECURSO FÍSICO - Quadro e pincel - Legislação - Retroprojetor - Data show

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Severino constatou um lançamento de débito de R$ 620,00 na sua conta corrente com o Banco Itatu. O gerente lhe informou que se tratava de débito automático de despesas de seu cartão de crédito. Surpreso, por não possuir nenhum cartão de crédito, Severino solicitou o imediato estorno do referido débito, mas o Banco não o atendeu, alegando existir um contrato no qual consta cláusula autorizando o débito automático. No mês seguinte novo lançamento de débito foi efetuado, agora no valor de R$ 1.200,00. Severino o procura em busca de uma solução, afirmando ainda que, não recebeu qualquer cartão de crédito, nem assinou o contrato que o Banco alega existir. Que medida tomaria você como advogado de Severino e o que pleitearia?

GABARITO

Deverá ser proposta ação contra o Banco pleiteando a declaração de nulidade do contrato por falsidade, o cancelamento do débito e a devolução em dobro das quantias indevidamente pagas, com base no art. 42, parágrafo único do CDC. Pleitear também a inversão do ônus da prova quanto à falsidade do contrato, já que Severino afirma não tê-lo assinado. O Banco não pode se furtar à devolução em dobro porque o CDC só a exclui no caso de engano justificável. Um contrato de cartão de crédito falso não pode ser admitido como fato exclusivo de terceiro. O Banco concorre com a falta de controle (defeito do serviço) para a sua realização. Poderá ser pleiteado também dano moral pela prática abusiva.

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Contratos Submetidos às Regras do CDC I

OBJETIVO

IDENTIFICAR a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor em contratos que envolvam relação de consumo SABER que o Código de Defesa do Consumidor é aplicado aos contratos bancários

ANALISAR a não abusividade da cláusula que permite o desconto de empréstimo em folha IDENTIFICAR a solidariedade entre a admisnitradora de cartões e os bancos

APLICAR o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de arrendamento mercantil TEMA

Contratos bancários e cartões de crédito. Arrendamento mercantil

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1.Contratos bancários

1.1. Aplicabilidade do CDC

1.2. Cláusula de empréstimo com desconto em folha - não abusividade 2. Contrato de Cartão de crédito

2.1. Cláusula mandato 2.2. Juros de mercado

2.3. Solidariedade entre o banco e a administradora do cartão 3. Contrato de arrendamento mercantil

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Inúmeros contratos celebrados são submetidos às regras do Código de Defesa do Consumidor, por isso, para a verificação da

aplicabilidade do CDC a determinados tipos de específicos de contratos, deve se saber que o serviço prestado envolve uma relação de consumo, como será analisado em três aulas. Não se deseja com isso esgotar o assunto, mas dar breves noções sobre a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor em determinados tipos de contratos.

Começando com os contratos bancários deve-se observar que legislador ao trazer o conceito de fornecedor de serviço, inclui os serviços de natureza bancária de forma expressa, mas somente tivemos esse assunto pacificado com o Enunciado da Súmula 297 do STJ porque parte da doutrina sustentava que o CDC era inaplicável aos contratos bancários, considerando que o dinheiro e o crédito não são produtos que se utilizam ou se adquirem com destinação final, eles são instrumentos ou meios de pagamentos. Mas, como mencionado tal posição não vingou. Uma vez consolidada a aplicação do CDC aos contratos bancários, determinados aspectos passaram a ser

discutidos à luz da lei consumerista, chegando até o STJ e, hoje temos posições firmes acerca de alguns aspectos, são eles: A) o CDC pode ser aplicado aos contratos de financiamento porque o banco possui a qualidade de prestador de serviço (REsp. 231.825); B) A cláusula contratual que permite o empréstimo bancário com desconto em folha é válida, não é considerada abusiva. Tal cláusula é da essência do próprio contrato (REsp 728.563); C) Com relação aos juros o STJ já decidiu que as relações de crédito realizadas pelo banco em que haja relação de consumo estão submetidos às regras do CDC, salvo com relação a incidência dos juros porque é regido por lei específica (REsp. 271.214, REsp. 420.111; REsp. 213.825).

No mesmo seguimento tem-se os cartões de crédito cujo seu funcionamento ocorre da seguinte forma: "no mecanismo do cartão de credito o papel principal cabe ao emissor, pois é ele que escolhe e credencia o titular do cartão, abre-lhe o crédito e paga as suas despesas junto aos fornecedores. É ele que impulsiona o sistema"(Sergio Cavalieri Filho). Tal relação também está sujeita às regras de consumo e, o STJ já possui posições pacificadas sobre determinados temas, são eles: A) Os cartões de crédito podem aplicar os juros de mercado, conforme Enunciado da Sumula 283 do STJ; B) É válida a cláusula mandato inserida nos contratos de cartões de crédito que possibilita as empresas que administram os cartões captar recursos em nome do consumidor no mercado financeiro (Informativo 178 do STJ); C) O envio de cartão de credito não solicitado é prática abusiva (art. 39, III do CDC) e; D) Há solidariedade entre os bancos e as empresas de cartões de crédito quando há parcerias entre eles (art. 25, §1° do CDC).

E, finalmente, nos contratos de arrendamento mercantil, também chamado de leasing está incluído no conceito de operação financeira expressamente mencionado no art. 3°, §2° do CDC, logo, nessas relações, havendo a figura do consumidor como destinatário final (conceito finalista) aplica-se a lei consumerista.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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Marília, servidora pública aposentada, 70 anos, obteve junto ao Banco Seguro um empréstimo de R$ 5.000,00, comprometendo-se a pagá-lo em 20 meses, mediante desconto em folha de pagamento. Pagas as quatro primeiras parcelas, Marília entra com ação contra o Banco visando anular, por abusividade, a cláusula contratual que permite o desconto em folha. Sustenta tratar-se de prática abusiva violadora do princípio da dignidade, eis que vive dos proventos de sua aposentadoria, cuja redução pelo desconto em folha do

empréstimo tornou a vida econômica/financeira insuportável. Como advogado do Banco e à luz da doutrina e jurisprudência, o que diria você?

GABARITO

Ver REsp 728.563

Civil. Contrato de auxilio financeiro. Desconto em folha de pagamento. Cláusula inerente à espécie contratual. Inocorrência de abusividade. Penhora sobre remuneração não configurada. Supressão unilateral da clausula de consignação pelo devedor. Impossibilidade.

I. É valida a clausula que autoriza o desconto, na folha de pagamento do empregado ou servidor, da prestação do empréstimo

contratado, a qual não pode ser suprimida por vontade unilateral do devedor, eis que da essência da avença celebrada em condições de juros e prazo vantajosos para o mutuário.

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Contratos Submetidos às Regras do CDC II

OBJETIVO SABER que os profissionais liberais estão sujeitos às regras do CDC CONCEITUAR o profissional liberal

IDENTIFICAR que os contratos serviços médicos e hopitalares devem estar em conformidade com o CDC ANALISAR o conceito dos contratos de seguro e seus elementos

TEMA

Contratos com profissionais liberais. Médicos e hospitalares. Contratos de seguro ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1.Contratos com os profissionais liberais

1.1. Conceito de profissional liberal 1.2. Análise da culpa

2. Serviços médicos e hospitalares 3. Contratos de seguro

3.1. Conceito

3.2. Elementos o contrato de seguro - Risco

- Mutualismo - Boa-fé

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Continuando a tratar dos contratos submetidos às regras do CDC vamos tratar dos contratos celebrados com os profissionais liberais, mencionado expressamente no art. 14, § 4° do CDC. Porém, nesse tipo de contrato a culpa será analisada quando a ação for proposta pessoalmente contra o profissional. Primeiro deve-se saber quem é o profissional liberal. Há na doutrina quem sustente que para ser considerado profissional liberal é preciso ser portador de diploma de curso superior, como por exemplo: médicos, dentistas,

engenheiros, advogados etc. Porém, outra parcela sustenta que não há necessidade de possuir curso superior, basta que o serviço seja prestado pessoalmente, por conta própria, independente de grau de escolaridade, ou seja, além dos que possuem diploma de curso superior abrange ainda o eletricista, marceneiro, pintor, costureira etc. Estando todos esses submetidos às regras do CDC porque estão prestando um serviço. As relações de consumo com esses profissionais, caso gerem danos ao consumidor, a culpa do profissional deve ser analisada porque os serviços são negociados entre o consumidor e o prestador do serviço.

Já com relação aos contratos que envolvem serviços médicos e hospitalares, é preciso saber que existem três tipos de operadoras de planos de saúde: a primeira referente ao seguro saúde permite ao consumidor a livre escolha de médicos e hospitais e, posteriormente, haverá o reembolso. A segunda diz respeito à empresa de medicina de grupo e, a terceira envolvendo a cooperativa de serviços médicos, nesses dois últimos tipos, não há a possibilidade de livre escolha do consumidor porque este estará vinculado a rede credenciada de médicos, hospitais e laboratórios, logo, ocorrendo danos para o consumidor a responsabilidade será solidária. A Lei 9.656/98 regula a relação entre o consumidor e a operadora de planos de saúde. Sua redação original sofreu diversas alterações desde a sua publicação visando conter as abusividades e para estar em harmonia com a proteção do consumidor trazida pelo CDC.

E, finalmente, com relação aos contratos de seguro, o Código Civil trouxe em seu art. 757 o conceito legal do contrato de seguro ao determinar: "Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo à pessoa ou coisa, contra riscos predeterminados". Porém, não se deve esquecer que o Código Civil não afastou a incidência do CDC que mencionado a prestação do serviço de seguro expressamente sem eu art. 3°, §2°. Os contratos de seguro possuem elementos básicos que são: o risco (subjetivo e objetivo), o mutualismo (ligado ao aspecto econômico) e, a boa-fé. Tais elementos devem ser observados com grande cuidado no momento na realização do seguro e, caso haja alguma mudança nesses aspectos, deverá ser feita a alteração, sob pena de, no momento que ocorrer o sinistro gerar problemas com relação a cobertura do seguro.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

RECURSO FÍSICO - Quadro e pincel - Legislação - Retroprojetor - Data show

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Karine, cliente de determinada seguradora, insurge-se judicialmente contra negativa desta quanto ao pagamento da indenização contratualmente prevista, em função da ocorrência de acidente que resultou em perda total de seu veículo. Em contestação, a seguradora alega a ocorrência de prescrição, tendo em vista que a presente ação foi distribuída 2 anos depois da negativa por parte da seguradora, sendo, o caso, de aplicação da prescrição ânua. Em réplica, Karine sustenta haver relação de consumo, estando a espécie sob a égide do Código de Defesa do Consumidor, devendo assim ser aplicado o artigo 27 do referido diploma legal, isto é, prazo de 5 (cinco) anos. Resolva a questão, abordando todos os aspectos envolvidos.

GABARITO

Em caso de recusa da seguradora ao pagamento da indenização contratada, o prazo prescricional da ação que a reclama é de um ano, nos termos do artigo 206 § 1º, II, b do CC. Inaplicável à espécie o prazo de cinco anos previsto do artigo 27 do CDC por não se tratar de fato do serviço.

REsp 738.460/RJ

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Contratos Submetidos às Regras do CDC III

OBJETIVO SABER o conceito dos diversos tipos de provedores nos contratos eletronicos IDENTIFICAR que o contrato eletrônico é um instrumento de celebração do contrato APLICAR o CDC nos contratos eletrônicos quando existir relação de consumo DISTINGUIR o transporte gratuito e aparentemente gratuito

OBSERVAR as características dos contratos de transporte UTILIZAR o CDC nos serviços públicos remunerados por tarifa

TEMA Contratos eletrônicos. Transporte coletivo. Serviços públicos

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Contratos eletrônicos

1.2. Legislação aplicável 1.3. Prazo de arrependimento 2. Contrato de transporte coletivo 2.1. Caracteristica

2.2. Transporte gratuito e aparentemente gratuito 2.3. Principio da segurança

3. Serviços públicos 3.1. Caracteriticas 3.2. Incidência do CDC

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Continuando a tratar dos contratos, vamos iniciar com os contratos eletrônicos que não vem a ser um novo tipo de contrato, refere-se ao modo como o contrato é celebrado e o meio comumente utilizado é a internet. Para que seja possível a utilização dessa ferramenta é preciso saber conceitos básicos de diversos tipos de provedores, são eles: backbone, acesso, correio eletrônico, informações (ou

conteúdo) e hospedagem. O conceito de tais provedores seguirá as lições do professor Sérgio Cavalieri Filho que nos esclarece: Provedor é o nome dado aos serviços prestados pela internet. Assim temos o provedor backbone, "que são as grandes empresas responsáveis pelo tráfego de informações na rede através de cabos de fibras óticas ou transmissão via satélite; garantem a disponibilização das estruturas materiais necessária para acesso à rede de computadores". O provedor de acesso "recebe do provedor backbone os meios físicos de transmissão das informações na internet e os disponibiliza aos usuários. É através dos provedores de acesso, portanto, que os usuários se conectam à internet, havendo entre eles relação de consumo, uma vez que o serviço é prestado de caráter oneroso ao usuário final". Os provedores de correios eletrônicos são "responsáveis pela remessa e recebimento de correspondências dos usuários". Também existem os provedores de informação ou conteúdo "que colocam à disposição na internet páginas eletrônicas com informações e serviços on line". E, os provedores de hospedagem "que colocam a disposição do usuário espaço em equipamento de armazenagem, ou servidor, para divulgação das informações que esses usuários ou provedores queiram ver exibidos em seus sites". Vistos os conceitos, quando se estiver diante de uma relação de consumo serão aplicadas as regras do Código de Defesa do Consumidor. Dispositivo muito utilizado é o art. 49 do CDC que trata do prazo de arrependimento quando o produto ou o serviço é contratado fora do estabelecimento comercial.

Agora, tratando dos contratos de transporte coletivo, não há dúvida da presença de uma relação de consumo nessa relação que é uma modalidade de serviço público. Porém, deve ser observado um aspecto relevante. O art. 3°, §2° do CDC ao conceituar fornecedor fala em atividade remunerada, logo, não havendo remuneração não será aplicado o CDC. Mas, há situação que o transporte coletivo é

aparentemente gratuito e, nesse caso, poderá ser aplicado o CDC, como por exemplo: um ônibus que "gratuitamente" transporta pessoas para um shopping. Apesar de não se pagar pelo transporte, o objetivo do shopping é levar pessoas para consumirem no local. Também não se pode deixar de mencionar que os contratos de transporte apresentam as seguintes características contratuais: consensual, bilateral, oneroso e comutativo.

E, finalmente nos contratos que envolvem serviços públicos, a aplicabilidade ou não do CDC está relacionada à natureza jurídica da remuneração. Significa dizer, os serviços públicos remunerados por tributos não estão sujeitos às regras do CDC e, os serviços públicos remunerados por tarifas (também chamado de preço público) estão sujeitos às regras o CDC. Os serviços públicos, segundo o art. 22 do CDC devem ser prestados de forma adequada, eficiente e segura e, quando os serviços forem essenciais devem ser contínuos.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

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- Quadro e pincel - Legislação - Retroprojetor - Data show

APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA

Joana comprou um aparelho de DVD pela internet, após 3 dias do recebimento do produto desiste da compra e quer devolver o aparelho. A vendedora recusa a receber a devolução do produto e ressarcir o valor pago alegando que a compra e venda está perfeita e acabada, inclusive com a entrega do produto dentro do prazo estabelecido. Pergunta-se: está correto o posicionamento do vendedor?

Gabarito: art. 49 do CDC

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A Defesa do Consumidor em Juízo I

OBJETIVO SABER que o domicílio do consumidor é competente

DISTINGUIR a denunciação à lide e o chamamento ao processo ANALISAR a desconsideração da personalidade jurídica

DIFERENCIAR a teoria maior e a teoria menor nos casos de desconsideração da personalidade jurídica APLICAR a desconsideração inversa quando se fizer necessário

TEMA

ESTRUTURA DO CONTEÚDO 1. Competência do consumidor

2. Vedação da denunciação da lide 3. Chamamento ao processo

4. Desconsideração da personalidade jurídica 4.1. Teoria maior

4.2. Teoria menor

4.3. Desconsideração inversa

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Depois de analisar todas as garantias trazidas pelo Código de Defesa do Consumidor no âmbito material, como fica a parte processual? O legislador também ficou atento a esse aspecto, mas antes de nos aprofundarmos é importante não esquecer que a defesa do

consumidor é um direito e uma garantia fundamental assegurado pela Constituição (art. 5º, XXXII) e também é um princípio inerente a ordem econômica (art. 170, V CR/88).

Logo, nos casos de eventual propositura de ação no âmbito do Código de Defesa do Consumidor, será competente o foro do domicílio do autor (art. 101, I do CDC). Tal regra possui aplicação nas relações de responsabilidade civil contratual ou extracontratual. É contrária a regra geral do Código de Processo Civil que determina ser o foro do réu o competente para a propositura da ação. Porém, se o Código de Defesa do Consumidor não fizesse tal ressalva dificultaria o acesso à justiça, indo de encontro com todas as garantias asseguradas pelo ordenamento (art. 6°, VII do CDC). Não se pode deixar de mencionar que o legislador nos informa que a ação pode ser proposta no domicílio do autor.

A proteção do consumidor é tão grande que o CDC em seu art. 88 faz menção expressa à vedação da denunciação da lide com o intuito de evitar o retardamento do processo, porque, o objetivo principal da lei é a efetividade da tutela jurisdicional para o consumidor. Contudo, não se pode esquecer que a lei permite a possibilidade de ação de regresso nos mesmo autos ou em apartado.

Já no que diz respeito ao chamamento ao processo, esta também não é cabível na sistemática do Código de Defesa do Consumidor porque também gera a prolongamento da demanda. Mas, o legislador abriu uma exceção na relação entre o segurado e o segurador, criando uma solidariedade legal em favor do consumidor e, mais uma vez, o objetivo fundamental é garantir a reparação do dano sofrido pelo consumidor da maneira mais efetiva (art. 101, II do CDC). Porém, se prestarmos maio atenção, tal situação seria de denunciação da lide, logo, não seria cabível tal benefício. Por isso, o professor Cavalieri chama tal hipótese de "um novo tipo de chamamento ao processo".

E, finalmente, quando se fala na desconsideração da personalidade jurídica, observando a determinação do caput do art. 28, será desconsiderada a personalidade diante da ocorrência de prejuízos para o consumidor nos casos de abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito, violação de estatutos ou contrato social, bem como, pela má administração capaz de gerar a falência, a insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica. Já os parágrafos do artigo 28 trazem situações específicas para que seja possível a desconsideração da personalidade jurídica. Merece atenção especial o parágrafo 5° do art. 28, pois este determina que, havendo qualquer obstáculo, pode a personalidade jurídica ser desconsiderada. Diante da subjetividade do legislador, o tema gerou controvérsia. Há quem sustente como Fábio Ulhôa Coelho que tal dispositivo deve ser aplicado em conformidade com o caput do art. 28, sob pena de se poder pedir a desconsideração diante de qualquer situação. Outros sustentam que a aplicação do parágrafo 5º do art. 28 do CDC independe do caput, logo, basta haver um obstáculo para desconsiderar a personalidade da pessoa jurídica.

Não se pode deixar de fazer menção a desconsideração inversa que ocorre quando o patrimônio da sociedade é atingido para ressarcir o ato fraudulento praticado pelo sócio.

Para assimilação do conteúdo serão utilizadas aulas expositivas, interativas e discussões dirigidas. Leitura e aplicação de dispositivos legais voltados para a resolução de problemas constantes dos Planos de Aula, envolvendo casos concretos com ênfase no estudo da relação jurídica e da inter-relação entre os seus componentes.

RECURSO FÍSICO Quadro e pincel - Legislação - Retroprojetor - Data show

Referências

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