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AVALIAÇÃO DA PROFILAXIA DE TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM HOSPITAIS TERCIÁRIOS BRASILEIROS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DA PROFILAXIA DE TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM HOSPITAIS TERCIÁRIOS BRASILEIROS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Letícia Holanda Pessoa de Almeida Correia Ricardo Augusto de Almeida Correia Ernann Tenório de Albuquerque Filho

Curso de Medicina

RESUMO:

Introdução: A etiopatogenia clássica da trombose venosa profunda (TVP) é

contemplada pela tríade de Virchow: hipercoagulabilidade, estase venosa e lesão endotelial. A tromboprofilaxia é segura e efetiva, porém subutilizada nos serviços médicos e, quando utilizada, é feita de forma inadequada mesmo existindo recomendações/protocolos internacionais para o seu uso. Objetivo: Analisar se a profilaxia para trombose venosa profunda está sendo realizada de maneira adequada nos serviços dos hospitais terciários brasileiros. Métodos: O estudo teve como processo metodológico uma revisão integrativa da literatura, orientado a partir da busca nas bases de dados LILACS e SCIELO através de descritores. Resultados: Onze artigos foram selecionados para realização deste estudo, sendo que dez demonstraram que a taxa de tromboprofilaxia realizada em seus serviços médicos hospitalares está abaixo da média descrita na literatura. Há uma subutilização das medidas profiláticas mesmo em pacientes de alto risco para desenvolvimento de TVP. Quatro artigos destacaram que os cirurgiões utilizam menos a profilaxia que os clínicos. Conclusão: Os hospitais terciários brasileiros não realizam a profilaxia para trombose venosa profunda de forma adequada, estando sua taxa abaixo da média descrita na literatura.

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ABSTRACT:

Introduction: The classical etiopathogenesis of deep venous thrombosis (DVT) is considered by the Virchow triad: hypercoagulability, venous stasis and endothelial lesion. Thromboprophylaxis is safe and effective, but underutilized in services and, when used, is performed inappropriately even though there are international recommendations for its use. Objective: To analyze whether prophylaxis for deep venous thrombosis is being performed adequately in Brazilian tertiary hospitals. Methods: The study had as methodological process an integrative review of the literature, oriented from the search in the databases LILACS and SCIELO through descriptors. Results: Of the eleven articles selected for this study, ten demonstrated that the rate of thromboprophylaxis performed in their services is below the average described in the literature. There is an underutilization of prophylactic measures even in patients at high risk for developing DVT. Four articles emphasize that surgeons use prophylaxis less than clinicians do. Conclusion: Brazilian tertiary hospitals do not prophesy for deep venous thrombosis adequately, and their rate is below the average described in the literature.

Keywords: Venous thrombosis, disease prevention, inpatients

1 INTRODUÇÃO

A etiopatogenia clássica da trombose venosa profunda (TVP) é contemplada pela tríade de Virchow: hipercoagulabilidade, estase venosa e lesão endotelial. Sendo caracterizada pela formação aguda de trombos em veias profundas (BUSATO et al, 2014).

A TVP é a maior causa de morte intra-hospitalar no mundo e, ao mesmo tempo, a mais evitável (OKUHARA et al, 2015). A sua profilaxia é segura e efetiva, porém subutilizada nos serviços médicos hospitalares e, quando utilizada, é feita de forma inadequada mesmo existindo recomendações/protocolos internacionais para o seu uso. (FARHAT et al, 2018).

A complicação mais grave da TVP é o tromboembolismo pulmonar e a maior parte dos casos está associada a situações clínicas ou cirúrgicas com riscos conhecidos (BUSATO et al, 2014) (tabela 1). Caprini (2005) e Barbar et al (2010)

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propuseram escores para estratificação de risco dos pacientes para o desenvolvimento de trombose venosa profunda (escores de Caprini e Pádua, respectivamente) e o American College of Chest Physicians (2016) recomenda as medidas profiláticas adequadas de acordo com o risco de cada paciente (tabelas 2 e 3).

TABELA 1 – Fatores de risco nos pacientes clínicos e cirúrgicos, segundo os escores de Pádua e Caprini.

RISCOS (PACIENTES CLÍNICOS)

Escore RISCOS (PACIENTES CIRÚRGICOS)

Escore

Mobilidade reduzida 3 Politrauma 5

Trombofilia 3 Artroplastia de joelho ou quadril 5

Câncer em atividade 3 História familiar de

tromboembolismo venoso

3 História prévia de

tromboembolismo venoso

3 Idade maior ou igual a 75 anos 3 Trauma ou cirurgia recente 2 Cirurgia de grande porte (>60

min)

2 Idade avançada (maior ou

igual a 70 anos)

1 Idade entre 61 e 74 anos 2

Infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral

1 Restrição ao leito (>72 horas) 2

Obesidade (IMC maior ou igual a 30)

1 Câncer 2

Insuficiência cardíaca e/ou respiratória

1 Cateter venoso central 2

Infecções e/ou doenças reumatológicas

1 Cirurgia de pequeno porte 1

Terapia hormonal atual 1 Idade 41- 60 anos 1

Obesidade (IMC maior ou igual a 30)

1

Restrição ao leito 1

Edema de membros inferiores 1

Varizes 1

Infarto agudo do miocárdio 1 Cirurgia de grande porte prévia (< 1 mês)

1

DPOC 1

Sepse (<1 mês) 1

Contraceptivo hormonal/ terapia de reposição hormonal

1

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TABELA 2 – ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PELO ESCORE DE PÁDUA E RECOMENDAÇÕES DO ACCP

RISCO TROMBOPROFILAXIA

Baixo risco (< 4 pontos) Deambulação precoce

Alto risco (≥ 4 pontos) Heparina não fracionada 5000 UI 8/8h

Heparina de baixo peso molecular: 40 mg 1x/dia

Profilaxia mecânica, se contraindicação Fonte: Barbar et al (2010); Kearon et al (2016)

TABELA 3 – ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PELO ESCORE DE CAPRINI E RECOMENDAÇÕES DO ACCP

RISCO TROMBOPROFILAXIA

Muito baixo risco (0) Deambulação precoce

Baixo risco (1-2 pontos) Deambulação precoce

Moderado risco (3-4 pontos) Heparina não fracionada: 5000 UI 12/12h Heparina de baixo peso molecular: 20 mg 1x/dia

Profilaxia mecânica, se contraindicação. Alto risco (≥ 5 pontos) Heparina de baixo peso molecular: 40 mg

1x/dia

Profilaxia mecânica, se contraindicação Fonte: Caprini (2005); Kearon et al (2016)

Embora haja praticidade na realização da estratificação dos riscos da TVP dos pacientes e da acessibilidade as medidas profiláticas, o uso da profilaxia costuma ser feito de forma inadequada (LOPES et al, 2017). Diante disso, é importante a avaliação de como está sendo feita a profilaxia para TVP nos serviços hospitalares brasileiros de acordo com os riscos inerentes a cada paciente (tabela 3), visando reduzir sua incidência.

2 OBJETIVO

Analisar se a profilaxia para trombose venosa profunda está sendo realizada de maneira adequada nos hospitais terciários brasileiros de acordo com as recomendações e protocolos existentes na literatura médica.

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3 METODOLOGIA

O estudo teve como processo metodológico uma revisão integrativa da literatura, orientado a partir da busca nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online). Para a busca nas bases de dados foi utilizado o cruzamento dos descritores (DeCS – Descritores em Ciências da Saúde): “venous thrombosis”, “disease prevention” e “inpatients”, com o uso do conectivo “AND” entre eles.

Os artigos relevantes ao tema foram escassos nos últimos dez anos, sendo então ampliada a busca de artigos a partir do ano de 2005 até o presente ano. Posteriormente os artigos foram selecionados segundo os critérios de inclusão e exclusão do estudo.

A estratégia de busca foi orientada com base na pergunta específica “a profilaxia para TVP está sendo realizada de forma adequada nos hospitais terciários brasileiros? “. Visando a análise nacional do uso da profilaxia para TVP nos pacientes clínicos e cirúrgicos internados, foi utilizado como critério de inclusão ser um estudo brasileiro, com abordagem quantitativa e com textos completos disponíveis. Foram excluídos estudos estrangeiros (realidades de assistência médica diferentes na nossa) e, estudos que englobavam gestantes, puérperas, pacientes que já estavam previamente em tratamento para episódios trombóticos e os que discorriam sobre a profilaxia para TVP em um grupo de pacientes com patologias trombogênicas específicas.

4 RESULTADOS

Após o cruzamento dos descritores nas bases de dados, foram encontrados 26 artigos na base LILACS e 52 artigos na base SCIELO, totalizando 78 artigos. Deste total, 40 artigos foram excluídos pela leitura do título. Os trabalhos ainda mantidos foram submetidos à leitura dos resumos e metodologias aplicadas, sendo excluídos mais 18 artigos. Os artigos remanescentes, após a revisão dos critérios includentes e excludentes, foram abordados na íntegra para a seleção final. Entre as duas bases de dados foram encontrados 9 artigos repetidos, sendo então selecionados 11 artigos para esta revisão.

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Terminada a leitura dos artigos e com a proposta de melhor entendimento na confecção desta revisão integrativa, foi confeccionado um fluxograma (figura 1) para melhor entendimento do processo metodológico de seleção dos artigos.

FIGURA 1: FLUXOGRAMA DE SELEÇÃO DOS ARTIGOS:

5 DISCUSSÃO

A partir da análise e estudo dos 11 artigos selecionados para esta revisão, foi elaborada uma tabela resumo (tabela 4) constando título, autor, ano e local de

publicação, resultados e conclusão dos estudos. Os dados da tabela fundamentam a discussão deste artigo, demonstrando a falha no uso da tromboprofilaxia nos

serviços médicos hospitalares.

BASES DE DADOS LILACS = 26 SCIELO = 52 TOTAL = 78 SELECIONADOS PELA LEITURA DO TÍTULO = 38 SELECIONADOS PELA LEITURA DO RESUMO = 20 SELECIONADOS PELA LEITURA DO ARTIGO PARA REVISÃO = 11 ARTIGOS REPETIDOS = 9

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TABELA 4: RESUMO DOS ARTIGOS ENCONTRADOS

TÍTULO AUTOR ANO/LOCAL OBJETIVO RESULTADOS CONSLUSÃO

Avaliação da profilaxia da trombose venosa profunda em um hospital geral FARHAT, F.C.L.G.; GREGÓRIO, H.C.T.; CARVALHO, R.D.P. 2018/Jornal Vascular Brasileiro

Avaliar o perfil de risco para TEV de pacientes clínicos e cirúrgicos recém-internados, bem como as medidas tromboprofiláticas aplicadas

Foram analisados 592 pacientes (62% clínicos e 38% cirúrgicos). A estratificação de risco revelou necessidade de quimioprofilaxia em 42% dos pacientes clínicos e 81% dos cirúrgicos (51% de alto risco e 30% de moderado risco). Receberam profilaxia adequada nas primeiras 24 horas de internação 54% dos pacientes clínicos de alto risco, 85% dos cirúrgicos de alto risco e 4% dos cirúrgicos de moderado risco.

Há necessidade de aprimoramento da segurança do paciente em relação ao TEV já nas primeiras horas de internação. Existe uma subutilização da quimioprofilaxia, especialmente nos pacientes clínicos de alto risco e cirúrgicos de moderado risco.

Sabemos prescrever profilaxia de tromboembolismo venoso nos pacientes internados? LOPES, B.A.; TEIXEIRA I.P.; SOUZA, T.D.; TAFAREL, J. R. 2017/ Jornal Vascular Brasileiro Verificar se os pacientes hospitalizados recebem a prescrição correta da profilaxia de TEV do médico responsável por sua internação, conforme sua categoria de risco.

Dos 70 pacientes elegíveis, 31 eram tratados por clínicos e 39 por cirurgiões. Apenas 46 (65,71%) pacientes receberam profilaxia para TEV. Dentre os pacientes clínicos 29 (93,5%) receberam profilaxia, contra 17 (43,6%) do grupo cirúrgico.

No Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, pacientes cirúrgicos estão menos protegidos de eventos tromboembólicos em relação aos clínicos.

Avaliação da tromboprofilaxia em hospital geral de médio porte BUSATO, C.R.; GOMES, R.Z.; COSTA, D.M.M.C.; ZUBIOLO, T.F.M. 2014/ Jornal Vascular Brasileiro

Avaliar a adequação da profilaxia para TVP e TEP na Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa (SCMPG), Paraná, Brasil, e determinar a estratificação de risco para pacientes internados nesta instituição.

Dos 104 pacientes, 51 (49,04%) eram pacientes clínicos e 53 (50,96%) cirúrgicos. 17 (16,35%) foram classificados como de baixo risco, 37 (35,58%) como moderado, 46 ​​(44,23%) como alto risco e 4 (3,85%) como risco extremamente alto para TVP / TEP. 68 pacientes (65,38%) receberam profilaxia, mas destes apenas 56 (53,85%) receberam a profilaxia correta, e 36 (34,62%) não receberam nenhuma profilaxia.

As taxas de profilaxia utilizadas para TVP e TEP neste serviço são superiores às taxas publicadas na literatura.

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TÍTULO AUTOR ANO/LOCAL OBJETIVO RESULTADOS CONSLUSÃO

Incidência de trombose venosa profunda e qualidade da profilaxia para tromboembolismo venoso OKUHARA, A.; NAVARRO, T.P.; PROCÓPIO, R.J.; BERNARDES, R.C.; OLIVEIRA, L.C.C.; NISHIYAMA, M.P. 2014/ Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Determinar a incidência de trombose venosa profunda e qualidade de profilaxia em pacientes hospitalizados submetidos a procedimentos cirúrgicos.

A profilaxia da trombose venosa profunda foi correta em 57,7%. Nos grupos de alto e muito alto risco, as taxas adequadas de profilaxia foram de 72,2% e 71,6%, respectivamente.

Embora a maioria dos pacientes seja considerada de alto e muito alto risco de trombose venosa profunda, a deficiência na aplicação da profilaxia persiste na prática médica. Profilaxia para tromboembolia venosa em um hospital geral FUZINATTO, F.; WAJNER, A.; WALDEMAR, F.S.; HOPF, L.S.; SCHUH, J.F.; BARRETO, S.S. 2011/ Jornal Brasileiro de Pneumologia

Avaliar a prática de profilaxia para tromboembolia venosa (TEV) em pacientes em um hospital geral.

Foram incluídos 262 pacientes. 143 (54,6%) e 117 pacientes (44,7%), respectivamente, foram classificados como de risco alto e moderado. No geral, 46,2% dos pacientes tiveram profilaxia adequada.

Quase a totalidade dos pacientes do hospital estava em risco para TEV e que menos da metade deles recebeu profilaxia adequada, dados esses semelhantes aos da literatura. A inadequação da profilaxia é maior em pacientes de alto risco. A frequência da utilização de profilaxia para trombose venosa profunda em pacientes clínicos hospitalizados PITTA, G.B.B.; GOMES, R.R. 2010/ Jornal Vascular Brasileiro Determinar a frequência da utilização de profilaxia para TVP em pacientes clínicos hospitalizados. A hipótese foi de 20%

A frequência da utilização de profilaxia para TVP foi 33%. A frequência da utilização de métodos físicos para a prevenção de TVP foi 17% e de métodos farmacológicos foi 26%.

A frequência da utilização de profilaxia para TVP em pacientes clínicos hospitalizados foi 33%.

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TÍTULO AUTOR ANO/LOCAL OBJETIVO RESULTADOS CONSLUSÃO Fatores de risco e profilaxia para tromboembolismo venoso em hospitais da cidade de Manaus ANDRADE, E.O.; BINDÁ, F.A.; SILVA, A.M.M.; COSTA, T.D.A.; FERNANDES, M.C. 2009/ Jornal Brasileiro de Pneumologia

Identificar e classificar os fatores de risco para tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes internados, avaliando as condutas médicas adotadas para a profilaxia da doença.

Foram estudados 1.036 pacientes. O risco estratificado para TEV foi de 50,6%, 18,6% e 30,8% das internações para risco alto, moderado e baixo, respectivamente. Dos 727 pacientes com risco alto ou moderado, somente 189 (26%) foram submetidos a medidas profiláticas medicamentosas para o TEV.

Este estudo evidenciou que, na população estudada, os fatores de risco foram frequentes e que medidas profiláticas não foram utilizadas para pacientes com riscos potenciais de desenvolverem TEV e suas complicações. Profilaxia da trombose venosa profunda: aplicação prática e conhecimento teórico em um hospital geral PEREIRA, C.A.; BRITO, S.S.; MARTINS, A.S.; ALMEIDA, C.M. 2008/ Jornal Vascular Brasileiro

Verificar se a profilaxia para a trombose venosa profunda está sendo utilizada de forma adequada e rotineira em nosso serviço e avaliar o conhecimento dos médicos sobre as indicações de profilaxia medicamentosa.

Dos 850 pacientes estudados, 557 (66,66%) eram clínicos e 293 (33,34%) cirúrgicos. Do total, 353 pacientes (41,56%) foram classificados como baixo risco, 411 (48,32%) como médio risco e 86 (10,12%) como alto risco para desenvolver trombose venosa profunda. Dos 497 pacientes que necessitavam receber profilaxia para TVP, apenas 120 (24%) a receberam; destes, 102 (85%) a receberam de forma correta.

Em nosso serviço, a profilaxia medicamentosa da trombose venosa profunda é subutilizada em pacientes com indicação para recebê-la, tornando necessária a implementação de um programa de educação continuada sobre o tema.

Inadequação de tromboprofilaxia venosa em pacientes clínicos hospitalizados ROCHA, A.T.C.; BRAGA, P.; RITT, G.; LOPES, A.A. 2006/ Revista da Associação Médica Brasileira

Avaliar a utilização e adequação de profilaxia para TEV em pacientes clínicos internados.

Foram avaliados 226 pacientes. A maioria (97%) apresentava pelo menos um fator de risco (FR) para TEV. Dos 208 candidatos, 54% receberam alguma forma de profilaxia. Dos 112 pacientes com profilaxia, 63% receberam a dosagem adequada. A profilaxia para TEV foi adequada em apenas 33,6% dos pacientes.

Apenas a minoria dos pacientes clínicos hospitalizados e candidatos a profilaxia a recebem e com dosagem adequada.

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TÍTULO AUTOR ANO/LOCAL OBJETIVO RESULTADOS CONSLUSÃO Profilaxia para tromboembolismo venoso em um hospital de ensino FRANCO, R.M.; SIMEZO, V.; BORTOLETI, R.R.; BRAGA, E.L.; ABRÃO, A.R.; LINARDI, F.; COSTA, J.A. 2006/ Jornal Vascular Brasileiro Verificar se a profilaxia da trombose venosa profunda está sendo utilizada de maneira correta e rotineira em um hospital de ensino.

Do total de pacientes, foi efetuada profilaxia para trombose venosa profunda em 57 (26%), sendo que, em 51 (89%), a execução foi de maneira correta e, em 6 (11%), não-preconizada.

A profilaxia para trombose venosa profunda, no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, foi executada rotineiramente e de forma adequada em apenas 23,6% dos pacientes.

Profilaxia da trombose venosa profunda o que se faz e o que se deve fazer

CASSOU, M.F.; BIRCKHOLZ, L.; SAPORITI, L. 2005/ Arquivos Catarinenses de Medicina

O objetivo do presente estudo é verificar se a profilaxia da trombose venosa profunda está sendo utilizada de maneira rotineira e correta no Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis, SC.

Dos 186 pacientes, 67 (36%) eram de baixo risco para desenvolver TVP, 43 (23%) eram de médio risco e 76 (41%) eram de alto risco. Dos 119 pacientes com indicação de receber profilaxia medicamentosa), apenas 52 (44%) receberam. Dos 52 pacientes de médio e alto risco que receberam profilaxia, 24 (46%) receberam a dosagem correta de anticoagulante e 28 (54%) receberam sub-dose.

Conclui-se que, no Hospital Governador Celso Ramos, a profilaxia não está sendo utilizada em pacientes com risco potencial de desenvolver trombose venosa profunda.

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Kakkar et al (1969) em estudo pioneiro com fibrinogênio marcado, demonstrou que a maioria dos casos de TVP em pacientes internados ocorria de forma assintomática, relatando ainda a percepção de que as veias musculares da panturrilha constituíam o local mais comum para formação de trombos. A partir de então elucidou-se a importância da tromboprofilaxia, que traz o reconhecimento de elucidou-seus fatores de risco como o ponto mais importante para sua realização (CASSOU et al, 2005).

O Guideline para terapia antitrombótica do American College of Chest Physians (2016) já destacou que quase a totalidade dos pacientes internados possuem ao menos um fator de risco para TVP, que pode ser facilmente identificado (tabela 1).

A estratificação de risco é simples de ser realizada e é considerada a ferramenta mais adequada e eficaz para averiguar a necessidade de profilaxia e a forma que deve ser realizada (FARHAT, 2018).

Os escores de Pádua (BARBAR et al, 2010) - destinado a pacientes clínicos - e Caprini (2005) - destinado a pacientes cirúrgicos - estratificam os pacientes segundo seus fatores de risco relacionados a mobilidade, idade, patologias pregressas e em curso, procedimentos cirúrgicos, traumas e medicamentos. A partir da pontuação obtida pelo paciente, é possível avaliar se há a necessidade de profilaxia e qual método utilizar, podendo ser mecânico, através do uso de anticoagulantes ou da deambulação precoce (tabelas 2 e 3)

Mesmo com a elaboração de escores de estratificação de risco e de protocolos para profilaxia de TVP, ela se mantém como a maior e mais evitável causa de morte intra-hospitalar (OKUHARA et al, 2015). Uma das justificativas seria a desinformação entre os médicos a respeito da sua incidência (PEREIRA et al, 2008).

Dos onze artigos selecionados para realização deste estudo, todos demonstraram inadequação no uso da profilaxia em seus serviços.

O estudo de Lopes et al (2017) realizado no Hospital da Santa Casa de Misericórdia em Curitiba obteve uma taxa de 65,7 % de profilaxias realizadas corretamente, o de Okuhara et al (2014), realizado no Hospital Risoleta Torentino Neves em Minas Gerais de 57,7%, o de Busato et al (2014), realizado no Hospital da Santa Casa de Misericórdia da Ponta Grossa no Paraná de 53,8% e o de Fuzinatto et al (2011) realizado no Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre de 46,2%, superando algumas médias internacionais como a da América do Norte e da Europa, com taxas de 44% e 38%, respectivamente (SPYROPOULOS et al, 2005).

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Farhat et al (2018), Fuzinatto et al (2011), Okuhara et al (2014), Andrade et al (2009) e Cassou et al (2005) perceberam que a maioria dos pacientes internados possuíam fator de risco para TVP e que há uma subutilização das medidas profiláticas mesmo em pacientes de alto risco para desenvolvimento de TVP.

Lopes et al (2017), Busato et al (2014), Andrade et al (2009) e Pereira et al (2008) destacaram que os cirurgiões utilizam menos a profilaxia que os clínicos e discorrem que o uso inadequado da profilaxia entre os cirurgiões pode ser motivado pelo temor de sangramento no pós-operatório, mesmo sendo demonstrado que o uso das doses adequadas dos agentes profiláticos não aumenta esse risco.

GRÁFICO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE SUBGRUPOS CLÍNICO E CIRÚRGO

A divulgação de protocolos e recomendações para a tromboprofilaxia de forma passiva tem demonstrado baixo índice de sucesso nos serviços, sendo necessária uma maior divulgação aos profissionais a respeito da incidência, dos fatores de risco e das medidas profiláticas da trombose venosa profunda (FARHAT et al, 2018).

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6 CONCLUSÃO

Os hospitais terciários brasileiros não realizam a profilaxia para trombose venosa profunda de forma adequada, havendo uma subutilização das medidas profiláticas nos serviços mesmo em pacientes de alto risco para TVP.

Os estudos observados e demostrou ainda a percepção de que cirurgiões utilizam menos a profilaxia que os clínicos.

Há a necessidade de uma educação continuada dos profissionais a respeito das medidas profiláticas para TVP, já que a divulgação de protocolos e recomendações para a tromboprofilaxia de forma passiva tem demonstrado baixo índice de sucesso nos serviços. O uso de medidas ativas como sistemas informatizados em prontuário eletrônico, auditorias periódicas, feedbacks apresentam maior taxa de adesão.

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7 SOBRE O TRABALHO

O artigo foi desenvolvido para composição da nota final do Trabalho de Conclusão de Curso da graduação em medicina do Centro Universitário Tiradentes – AL. Não foram feitos financiamentos ou parcerias. E-mail para contato: leticiahpac@gmail.com.

Orientador: Ernann Tenório de Albuquerque Filho – Médico pela Universidade Federal de Alagoas (1997) e mestrado em Clínica Médica - Nutrologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Saulo (2002), especialista em cirurgia geral pela Universidade Federal de Alagoas (1997-1999) pelo e cirurgia vascular pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (1999-2001) e terapia intensiva pela Fundação Hospitalar da Agroindústria do Açúcar e do Álcool (2002-2003). E-mail: ernannfilhofits2014@gmail.com.

Coorientador: Ricardo Augusto de Almeida Correia. Médico pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (1997). Especialista em cirurgia geral pelo Hospital Regional da Asa Norte (1997-1999), cirurgia vascular pelo Hospital de Base do Distrito Federal (1999 – 2001), angiologia e cirurgia vascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV/AMB) (2002) e ecografia vascular com Doppler pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e pela SBACV/AMB (2010). E-mail: dr.rico@ig.com.br.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, E.O. et al. Fatores de risco e profilaxia para tromboembolismo venoso em hospitais da cidade de Manaus. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 35, n. 2, p. 114-121, 2009.

BARBAR, S. et al. A risk assessment model for the identification of hospitalized medical patients at risk for venous thromboembolism: the Padua Prediction Score. Journal of Thrombosis and haemostasis, v. 8, n.11, p. 2450- 2457, 2010.

BUSATO, C.R. et al. Avaliação da tromboprofilaxia em hospital geral de médio porte.

Jornal Vascular Brasileiro, v. 13, n. 1, p. 5-11, 2014.

CAPRINI, J.A. Thrombosis risk assessment as a guide to quality patient care. Elsevier, v. 51, n. 2-3, p. 70-78, 2005.

CASSOU, M.F.; BIRCKHOLZ, L.; SAPORITI, L. Profilaxia da trombose venosa profunda o que se faz e o que se deve fazer. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 34, n. 2, 2005.

FARHAT, F.C.L.G.; GREGÓRIO, H.C.T.; CARVALHO, R.D.P.C. Avaliação da profilaxia da trombose venosa profunda em um hospital geral. Jornal Vascular

Brasileiro, v. 17, n. 3, p. 184-192, 2018.

FRANCO, R.M. et al. Profilaxia para tromboembolismo venoso em um hospital de ensino. Jornal Vascular Brasileiro, v. 5, n. 2, p. 131-138, 2006

FUZINATTO, F. et al. Profilaxia para tromboembolia venosa em um hospital geral.

Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 37, n. 2, p. 160-167, 2011.

KAKKAR, V. et al. Natural history of postoperative deep vein thrombosis.The Lancet, v. 294, n. 7614, p. 230- 233.

(16)

KEARON, C. et al. Antithrombotic Therapy for VTE Disease: CHEST Guideline and Expert Panel Report. CHEST Journal, v. 149, n. 2, p. 315-352, 2016.

LOPES, B.A. et al. Sabemos prescrever profilaxia de tromboembolismo venoso nos pacientes internados? Jornal Vascular Brasileiro, v. 16, n.3, p. 199-204, 2017.

OKUHARA, A. et al. Incidência de trombose venosa profunda e qualidade da profilaxia para tromboembolismo venoso. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 41, n. 1, p. 02-06, 2014.

PEREIRA, C.A. et al. Profilaxia da trombose venosa profunda: aplicação prática e conhecimento teórico em um hospital geral. Jornal Vascular Brasileiro, v.7, n. 1, p.18-27, 2008.

PITTA, G.B.B.; GOMES, R.R. A frequência da utilização de profilaxia para trombose venosa profunda em pacientes clínicos hospitalizados. Jornal Vascular Brasileiro, v. 9, n. 4, p. 220-228, 2010.

ROCHA, A.T.C. et al. Inadequação de tromboprofilaxia venosa em pacientes clínicos hospitalizados. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 52, n.6, p. 441-446, 2006.

SPYROPOULOS, A.C. et al. Emerging Strategies in the Prevention of Venous Thromboembolism in Hospitalized Medical Patients. Chest Journal, v. 128, n.2, p. 958-969, 2005

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9 ANEXO

Modelo de formatação da revista Caderno de Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde – UNIT:

O trabalho deverá ser digitado exclusivamente em fonte Arial, tamanho 12, em espaçamento 1,5 entrelinhas, em parágrafo justificado, inclusive quando se tratar de elementos não textuais (ilustrações, quadros e tabelas), na digitação de legenda e na indicação de fontes referenciais. A marca de parágrafo deverá contemplar apenas com um espaço vertical de <enter> entre os parágrafos, sem nenhum espaço horizontal entre a margem esquerda e a primeira palavra do parágrafo.

Os elementos não textuais (ilustrações, quadros e tabelas) e quaisquer outros

elementos não textuais terão sua reprodutibilidade garantida na publicação após avaliação e orientação do núcleo técnico de edição. Além disso, imagens (fotografia, infográficos, imagem eletrônica a partir de escaneamento, fotografias de amostras microscópicas) deverão/poderão ser apresentadas em cor; ressalta-se, entretanto, que no suporte impresso não há publicação em cor; somente no suporte web. Assim, os elementos não textuais do trabalho terão que ser produzidos considerando que na versão impressa as cores serão alteradas para escalas de cinza e/ou texturas. A posição do título e da fonte dos elementos não textuais deverá ser padronizada (QUADRO FECHADO: Título em fonte 12, em negrito, na mesma linha, espaçamento simples nas entrelinhas). Recomenda-se atenção para inclusão de fotografias e/ou imagens, uma vez que as mesmas só podem ser publicadas com autorização da utilização da imagem.

Para fotos/desenhos ou quaisquer outros recursos não textuais que não sejam

tabela, quadro e gráfico: nomear o tipo de recurso, numerando-o também com 1, 2 (sequencial), com os mesmos critérios indicados para tabela e quadro.

Qualquer que seja o trabalho proposto, o título deve vir em caixa alta e negrito justificado à esquerda. Citar apenas o nome e sobrenome do autor e coautores, seguido do nome do curso, com a indicação de até oito autores, e considera-se como autor principal o primeiro a constar na relação. Para o caso do artigo científico, utilizar resumo na língua vernácula e traduzido para o idioma inglês, entre 150 e 200 palavras, ambos seguidos de palavras chave nos idiomas que as precedem, respeitando-se os

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limites mínimo e máximo do número de palavras. As palavras-chave devem ser grafadas em espaço simples e sem negrito; apenas a primeira palavra com inicial maiúscula, as demais em minúsculas, a não ser em nomes próprios, separados por vírgula e com ponto final. Se aceita até cinco palavras-chave, postadas na linha seguinte após o término de cada resumo.

No texto do artigo, utilizar texto sem a quebra de página, observando: Introdução (maiúsculas e negrito); seções de divisão primária (maiúsculas e negrito); seções de divisão secundária (maiúsculas sem negrito); Seções de divisão terciária (em negrito, com maiúscula apenas na primeira letra do título da seção, à exceção de nomes próprios) e conclusões (maiúsculas e negrito).

Logo em seguida, apresentar o item: sobre o trabalho (maiúsculas e negrito) em que deve ser contextualizada a produção do trabalho no âmbito da academia (origem do trabalho, bolsa, financiamento, parcerias), indicando apenas um e-mail para contato. Quando for o caso, informar o nome completo do orientador do trabalho, bem como titulação e e-mail, até o máximo de 100 palavras.

Finalizar o trabalho com a indicação das referências e quando for o caso, acrescentar apêndice(s) (matérias de própria autoria) e anexo(s) (materiais de autoria de terceiros). Na numeração das seções, usar números arábicos, deixando apenas um espaço de caractere entre o número final da seção e a primeira palavra que nomeia a seção. Não há nem ponto nem traço entre o número e a primeira palavra.

Os textos enviados em Língua Portuguesa devem estar escritos conforme o Novo Acordo Ortográfico que passou a vigorar em janeiro de 2009.

NORMAS ABNT

ABNT. NBR 6022: informação e documentação – artigo em publicação periódica científica impressa – apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

ABNT. NBR 6023: informação e documentação (referências – Elaboração) ABNT. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 1990.

ABNT. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos –

apresentação. Rio de Janeiro, 2002.(informações pré-textuais, informações textuais e informações pós-textuais)

ABNT. NBR 10520: informações e documentação – citações em documentos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

Referências

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