OTAVIO AUGUSTO BRIOSCHI SOARES
MEDICINA
VETERINÁRIA
MILITAR
OTAVIO AUGUSTO BRIOSCHI SOARES
MEDICINA
VETERINÁRIA
MILITAR
Biossegurança e defesa
Primeira edição São Paulo 2013Foto da capa: Valter Campanato/Agência Brasil. Direitos reservados sobre a licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil (CC BY 3.0 BR). S675m Soares, Otavio Augusto Brioschi. 1982
Medicina Veterinária Militar – biossegurança e defesa / Otavio Augusto Brioschi Soares. - São Paulo: Editora PerSe, 2013.
210 p. il. ; 24cm. ISBN 978-85-8196-485-0
1. Medicina Veterinária. 2. Ciências militares. I. Título.
CDD B619.355/35 CDU 614.3.355
À memória de minha mãe e ao amor de minha família, mulher e amigos
- sumário -
INTRODUÇÃO.
Os conflitos modernos e a MedicinaVeterinária ... 9
CAPÍTULO 1.
A história da Medicina Veterinária Militar ... 15A Medicina Veterinária Militar no Brasil ... 17
O Corpo Veterinário do Exército dos Estados Unidos da América . 23 O Corpo de Veterinários das Forças Armadas Francesas ... 28
O Corpo de Veterinária Militar espanhol ... 33
CAPÍTULO 2.
Proteção à água e aos alimentos ... 39Exército Brasileiro... 41
Exército dos EUA ... 50
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ... 59
Forças Armadas Espanholas ... 61
Exército do Chile ... 65
CAPÍTULO 3.
Saúde pública e biossegurança ... 69Exército Brasileiro... 73
Estados Unidos da América ... 77
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ... 83
Forças Armadas Espanholas ... 84
A terminologia de emprego ... 87
Inteligência em saúde ... 90
CAPÍTULO 4.
Saúde animal... 99Brasil ... 101
Estados Unidos da América ... 111
CAPÍTULO 5.
Proteção ambiental ... 119Organização das Nações Unidas ... 125
Exército do Chile ... 127
Conferência dos Exércitos Americanos ... 130
CAPÍTULO 6.
Defesa biológica ... 133Exército Brasileiro... 136
Organização do Tratado do Atlântico Norte ... 139
Bioterrorismo pecuário... 144
CAPÍTULO 7.
Outras perspectivas de emprego ... 147Pesquisa e inovação ... 149
Operações interagências ... 151
Desenvolvimento econômico, assistência humanitária e aproximação civil-militar ... 153
CAPÍTULO 8.
O futuro da Medicina Veterinária Militar brasileira... 159O resgate da história da Medicina Veterinária Militar brasileira .. 161
A coordenação central ... 163
A inserção doutrinária ... 168
O foco doutrinário ... 170
A formação de pessoal ... 173
O intercâmbio doutrinário ... 176
A produção doutrinária e científica ... 179
A sistematização do emprego de cães militares de trabalho ... 181
O conceito de saúde única e a Medicina Veterinária Militar ... 182
A padronização de procedimentos nacionais e internacionais .... 183
A organização de unidades veterinárias ... 186
A captação de recursos internos e externos ao Exército ... 188
A otimização do emprego de médicos veterinários em operações militares ... 190
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-INTRODUÇÃO
OS CONFLITOS MODERNOS E A MEDICINA
VETERINÁRIA
Introdução
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-"Os quadros que nos vêm da guerra atestam a importância que toma em este momento o serviço de veterinária. É uma questão de alto interesse social e econômico. Entrelaçam-se nelas o futuro da riqueza de um país e as bases principais da sua defesa"
Tenente-Coronel Muniz de Aragão, discurso, 1917 Inauguração da sala de aula Muniz de Aragão, na Escola de Veterinária do Exército
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-s e-studo-s geopolítico-s recente-s, que -se debruçam -sobre as novas teorias do poder mundial, têm chamado atenção para um cenário, cada vez mais complexo e incerto, das relações entre agentes internacionais, estatais ou não, na procura da garantia de seus interesses políticos, econômicos, territoriais ou ideológicos.
Essas teorias de poder propõem a inclusão de várias dimensões de capacidades nacionais, além dos tradicionais poderios militar, econômico e diplomático, nas equações funcionais de explicação do poder imputado a cada agente internacional e ressaltam a interdependência existente entre as capacidades. Essas variam de autor para autor, sendo a administração, o território, os recursos naturais, a população, a cultura e religião e a ciência e educação (AGEEV; MENSCH; MATTHEWS; 2009) ou os recursos naturais, o comércio exterior, a ciência e tecnologia, o desenvolvimento social e a governança colocados à baila nesses últimos estudos.
Dentro desse novo entendimento, inserem-se as operações militares, cuja execução, por reflexo da complexidade anteriormente exposta, tem exigido doutrina cada vez mais dinâmica e abrangente das Forças Armadas em todo o mundo, visto que grande variação na natureza, intensidade, frequência, terreno, clima, entre outros, pode ocorrer, gerando variados cenários de inserção dessas operações. A prospecção desse amplo espectro de operações militares pode gerar variado cenário sanitário, que impacta os contingentes militares empregados e a população local. São esses cenários influenciados por diversos fatores, incluídos os inerentes à localidade do conflito, como relevo e regime pluviométrico do local, até fatores próprios do conflito, como intensidade e natureza. Os desafios encontrados nesses cenários são múltiplos, tornando-se, via de regra, de difícil resolução, devido a fatores agravantes, como
Introdução
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-precárias cadeias logísticas de alimentação, sistemas de saúde e saneamento local e, por fim, tratando-se de militares desdobrados em solo estrangeiro, da dissimilaridade de agravos de saúde encontrados em outros países quando comparados àqueles com que os serviços de saúde das forças atuantes estão familiarizados (SMITH, 2007).
Nesse contexto, os serviços de saúde de Forças Armadas possuem hoje, em sua grande maioria, o entendimento da importância da aplicação dos conceitos inerentes à Medicina Veterinária para a proteção da saúde e garantia da operatividade das tropas nos cenários de emprego (FOGELMAN, 2003; US ARMY, 2004).
Médicos veterinários militares participam e influenciam operações militares há muitas décadas, sejam elas de guerra ou não guerra. Forcas Armadas com expressiva experiência em combate, como o Exército dos EUA e da França, constataram que, em determinadas situações, os agravos de saúde não ligados diretamente ao combate, especialmente as enfermidades tropicais, em sua maioria, passíveis de medidas preventivas baseadas na Medicina Veterinária, têm causado mais baixas em militares do que o combate propriamente dito (CIRILO, 2008).
Para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), os médicos veterinários devem ser inseridos em uma equipe de profissionais que visam executar ações de proteção em saúde, juntamente com outros especialistas em medicina preventiva e epidemiologia (NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION, 2011a). Dentro do Exército Brasileiro, a Medicina Veterinária Militar é definida como uma área da saúde militar que desempenha atividades bem delimitadas nas operações militares como a definida pelo seu Estado Maior (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2010a):
Medicina Veterinária Militar: biossegurança e defesa
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-A Veterinária Militar é, hodiernamente, uma especialidade estratégica no campo da Saúde, uma vez que é vocacionada para as ações de Defesa Biológica, Saúde Pública/Vigilância Sanitária e Gestão Ambiental.
Pelos motivos expostos acima, este livro tem por objetivo trazer ao leitor uma visão ampla das capacidades da Medicina Veterinária aplicadas às operações militares, doravante, chamada de Medicina Veterinária Militar.
O livro divide-se em capítulos e se baseia no estudo da doutrina, da história e da literatura acadêmica ligada ao tema. A matéria é exemplificada pela atuação de médicos veterinários ligados a várias Forças Armadas pelo mundo, predominantemente as brasileiras, as estadunidenses, as francesas, as espanholas e a alguns atores plurinacionais como a Organização do Tratado do Atlântico Norte e a Organização das Nações Unidas.
Para o início do entendimento do tema, o capítulo 1 traz um histórico da inserção dos médicos veterinários nas Forças Armadas de diversas nações, seu contexto histórico e os motivos que levaram a criação de quadros de pessoal, específicos para esses profissionais, além do desenvolvimento desses quadros até os dias de hoje.
O capítulo 2 relata a atuação desses profissionais no ramo da proteção à água e aos alimentos, porção do conhecimento científico que, apesar de, possivelmente, contrariar expectativas ordinárias, pela formação acadêmica, regulamentação e inserção profissional, é amplamente dominado por médicos veterinários no mundo.
O capítulo 3 apresenta passagens sobre a Medicina Veterinária ligada à saúde pública e à biossegurança, área que motivou a criação do quadro de médicos veterinários do Exército Brasileiro e que, ainda hoje, sofre grande contribuição desses profissionais. No fim deste
Introdução
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-capítulo, ainda são feitas considerações sobre o emprego de terminologia adequada que defina essas atividades e acerca de inteligência em saúde, confluência das áreas de saúde pública e epidemiologia, que se torna imperativa para tomadas de decisões nos cenários de conflito moderno.
Juntado às questões anteriores pelo conceito de saúde única, o capítulo 4 coloca a aplicação da Medicina Veterinária na área de saúde animal, que, em exércitos antigos, era aplicada mais aos solípedes e, hoje, de maneira geral, volta seus olhos para os largamente empregados cães militares de trabalho.
Fechando o último canto do conceito de saúde única, o capítulo 5 levanta questões na área de proteção ambiental, trazendo as possibilidades de emprego da Medicina Veterinária Militar nesse contexto.
O capítulo 6, por sua vez, ressalta a aplicação estratégica dos conhecimentos da Medicina Veterinária nas áreas de defesa e proteção biológica, principalmente, pela sua grande familiaridade com os agentes possivelmente envolvidos com situações de contaminação proposital, acidental ou mesmo natural.
Outras aplicações da Medicina Veterinária Militar ainda podem ser vistas no capítulo 7, como o potencial de emprego em pesquisa e desenvolvimento e em ações de ajuda humanitária.
Por fim, o capítulo 8 traz reflexões sobre o futuro da Medicina Veterinária Militar brasileira, considerando sua inserção e foco doutrinário, dentre outros aspectos.
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