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ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE REDE SEMIPÚBLICA DE TRANSPORTE COLETIVO EM UBERLÂNDIA, MG

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE

REDE SEMIPÚBLICA DE TRANSPORTE COLETIVO EM

UBERLÂNDIA, MG

Luciano Nogueira

José Aparecido Sorratini

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ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE REDE SEMIPÚBLICA DE TRANSPORTE COLETIVO EM UBERLÂNDIA, MG

Luciano Nogueira José Aparecido Sorratini

Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Civil

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

RESUMO

O cenário atual da maioria dos grandes centros urbanos brasileiros é marcado por vias congestionadas, excesso de veículos automotores e falta de planejamento que antecipe a crescente demanda por serviços de transportes. Como principais consequências estão o aumento do tempo perdido nas viagens e dos acidentes de trânsito, ambos com significativo potencial de impacto no setor produtivo. Este trabalho analisa a viabilidade de implantação de uma rede semipública (paratransit, na língua inglesa) de transporte urbano para atendimento, com qualidade, aos deslocamentos dos funcionários de uma empresa privada de Uberlândia, MG. O estudo abrange, em função da demanda, a definição do tipo de veículo e dos itinerários a serem usados, com auxílio do programa computacional TransCAD, a programação e custos da operação da rede de transporte proposta, bem como a sua viabilidade financeira. Ao final será feita uma comparação entre os custos obtidos e aqueles vigentes para o provimento de Vale Transporte.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos séculos recentes, a população urbana tem crescido constantemente, devendo até o ano 2050 representar 80% da população total do planeta (UNESCO, 2012). No Brasil, políticas ineficientes de planejamento urbano têm permitido uma expansão excessivamente horizontal dos centros urbanos, gerando a necessidade cada vez maior de viagens pendulares, entre residência e local de trabalho das pessoas (IPEA, 2012). Paralelamente, o governo federal tem utilizado incentivos fiscais para indústrias automobilísticas, facilitando a aquisição e o consequente aumento da quantidade de veículos automotores que circulam nas cidades brasileiras, sem exercer, contudo, a contrapartida de adequação e melhorias da infraestrutura das vias urbanas existentes. Em outra perspectiva, o aumento da frota nacional de veículos refletiu diretamente na quantidade de acidentes de trânsito. A empresa administradora do seguro obrigatório DPVAT publicou que o número de indenizações aumentou 42% no período de janeiro a setembro de 2011, em comparação com o mesmo período do ano anterior, somando mais de R$ 1,6 bilhões (SEGURANDORA LÍDER, 2013).

Pode ser constatado que os problemas de mobilidade urbana causam “deseconomias” para o Brasil, por meio do aumento do tempo perdido nas viagens urbanas, do consumo excessivo de combustíveis fósseis e pela emissão de gases poluentes na atmosfera (Euzébio, 2009). Devido ao afastamento dos locais de trabalho são gerados desperdícios que pressionam significativamente o “custo Brasil” e comprometem a competitividade das empresas (Cintra, 2013). As empresas que operam 24 horas por dia e que têm um alto volume de funcionários distribuídos em escalas e plantões são especialmente influenciadas pelo serviço público de transporte urbano. Níveis inadequados na qualidade do transporte coletivo urbano e acidentes de trânsito podem gerar atrasos na chegada dos funcionários, prolongamento de turnos de trabalho já em andamento e aumento de custos relacionados a hora extra e reposição de vagas.

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O objetivo geral deste trabalho é estudar a viabilidade técnica, econômica e financeira de se implantar uma rede de transporte coletivo semipúblico para atendimento exclusivo à demanda de deslocamentos residência-trabalho e trabalho-residência de funcionários de uma empresa de grande porte, situada na cidade de Uberlândia, MG. Pretende-se determinar se os custos e investimentos envolvidos na implantação e operação da rede são equivalentes, menores ou maiores que os atuais custos incorridos pela empresa no provimento do Vale Transporte aos seus funcionários. Por se tratar de uma empresa com mais de 15 mil funcionários, o estudo será limitado aos funcionários que residem no Bairro Santa Mônica.

2. JUSTIFICATIVA

Em muitas empresas onde a operação cotidiana é baseada em turnos e com grande quantidade de funcionários, como centrais de relacionamento com clientes e prestadoras de serviços de suporte, o início das jornadas de trabalho pode ser afetado por atrasos de empregados, em decorrência de congestionamentos e/ou oferta restrita de transporte público em horários específicos. Da mesma forma, os acidentes de trânsito sofridos por funcionários durante o deslocamento para o trabalho ou para as residências, utilizando transporte individual motorizado (automóveis e motocicletas) trazem, também, impactos financeiros às corporações por meio da ausência temporária de seus funcionários.

Nota-se que, com frequência, as viagens providas pelo atual transporte coletivo urbano de Uberlândia são desviadas, devido ao fato de um grande número de ônibus passar pelo Terminal Central da cidade onde ocorrem os transbordos. Outro fato observável diz respeito à qualidade do serviço de transporte público percebida pelo usuário. Na maioria das linhas, em especial durante os intervalos de pico, os ônibus apresentam superlotação, com muitos passageiros sendo transportados sem condições mínimas de conforto.

Apesar de o Estado ser responsável pelo provimento de mobilidade urbana em níveis adequados ao desenvolvimento socioeconômico das cidades, é evidente a sua reduzida capacidade de execução dos projetos de melhoria na rede de transporte público. Em consequência, os centros urbanos apresentam vias cada vez mais congestionadas, que degradam o transporte coletivo urbano, causam prejuízos e reduzem a competitividade da economia. Diante da inércia do Governo – ou pelo menos de um alto tempo de resposta às demandas atuais e emergentes – nas questões de mobilidade urbana, a atuação as empresas em redes semipúblicas de transporte coletivo pode ser uma alternativa viável para a oferta de um serviço de qualidade a seus funcionários, trazendo benefícios no curto e médio prazos.

3. METODOLOGIA

Para a execução desta pesquisa será obtida e configurada, inicialmente, uma base de dados cadastrais de todos os funcionários da empresa em estudo e selecionados aqueles residentes no Bairro Santa Mônica, com uso de uma planilha eletrônica. Numa etapa seguinte será construído um mapa digital, como uso de um aplicativo gráfico (Corel Draw), no qual os endereços de cada funcionário residente no bairro e da empresa serão georreferenciados, obtendo-se uma camada de visualização das origens e destinos. Com o uso do programa computacional TransCAD serão realizadas as configurações das ruas do mapa, indicando nomes, sentidos de movimento, velocidades máximas, sinalizações horizontal e semafórica presentes na área em estudo e volume veicular.

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Com o uso do TransCAD serão realizadas as simulações e estudos acerca dos pontos de embarque e desembarque considerando as distâncias máximas de caminhada dos passageiros, desde a residência até o ponto de parada do veículo semipúblico. Também serão estudados a otimização das rotas e o planejamento da operação da rede de transporte semipúblico, tendo como parâmetros as distâncias percorridas pelos veículos, o tempo total de viagem e os horários de início e término dos turnos de trabalho na empresa. O resultado das análises deverá permitir a geração de informações qualitativa e quantitativa da rede proposta, para as diversas alternativas de veículos (Comum, Padron ou Padron articulado).

A etapa seguinte tem por objetivo determinar os custos operacionais da rede simulada. Será adotada a metodologia de cálculo de tarifa do transporte coletivo da Prefeitura Municipal de Uberlândia e considerado o fato de que tal projeto não tem por objetivo a obtenção de lucros provenientes diretamente da sua operação. A forma de cálculo da tarifa é fortemente inspirada no manual publicado pelo Grupo Executivo de Implantação de Políticas de Transporte – GEIPOT e pela Empresa Brasileira de Transportes Urbanos – EBTU e visa, principalmente, ao equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão de serviços (Borges, 2013). As tarifas de referência serão geradas para as diversas alternativas de veículos que potencialmente podem atender a demanda proposta. Em seguida, será selecionada a opção que melhor atende aos requisitos de transporte da empresa. Serão avaliados critérios relacionados a custo operacional (inclusos investimentos iniciais), deslocamentos totais, velocidade operacional nas viagens e fatores ligados à percepção subjetiva de conforto, como, por exemplo, a quantidade de passageiros transportados em pé, se houver

Com base nos valores de custos operacionais relativos à alternativa selecionada será feita uma análise de viabilidade econômico-financeira, comparando tais custos com aqueles atualmente incorridos para aquisição de Vale Transporte. Ao final desta etapa será possível concluir se os valores recolhidos ao pagamento do Vale Transporte são suficientes para cobrir a operação e recuperar os investimentos iniciais de uma rede semipública de transporte coletivo para os funcionários ou se a empresa deverá promover algum tipo de complementação monetária.

4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

De posse dos resultados pretende-se analisar, criticamente, as alternativas apontadas e concluir sobre a viabilidade da empresa em estudo implantar uma rede própria para transporte de seus funcionários considerando: os aspectos financeiros, operacionais, legais e estratégicos. Do ponto de vista financeiro serão avaliadas variáveis específicas de um plano de negócios, como prazo de retorno do investimento (payback), taxa interna de retorno (TIR) e análises de fluxo de caixa. Em função do aporte inicial de capital necessário para se implantar a rede e dos custos e despesas envolvidos na operação cotidiana (tais como: combustível, lubrificantes, pneumático, salários, seguros etc.) será verificado se o equilíbrio financeiro do projeto é atingido com a prática de tarifas similares àquelas vigentes no serviço de transporte público urbano.

Operacionalmente, as discussões serão feitas com base nos indicadores de qualidade de transporte coletivo urbano, em especial o tempo médio e o atraso das viagens, sendo tais fatores correlacionados com os horários de início e término dos turnos de trabalho da empresa. Também serão avaliados os possíveis níveis de carregamento dos veículos, a fim de serem determinados o equilíbrio entre o conforto percebido pelo usuário (fator subjetivo) e as

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Com relação à legislação de Vale Transporte, regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, serão discutidos dispositivos específicos de cálculo de valores de contribuição da empresa e dos funcionários para o provimento do serviço de transporte dos trabalhadores. Esta etapa é extremamente importante para a determinação das receitas que potencialmente poderão compor o plano de negócio em estudo, tendo impacto direto em sua viabilidade de implantação e operação. A discussão também envolverá as responsabilidades da empresa e do município, e os direitos dos trabalhadores no que tange os deslocamentos para o local de trabalho.

Outro ponto importante será a discussão estratégica para a implantação de uma rede semipública de transporte coletivo, tendo como ponto principal a garantia da continuidade operacional da empresa. As modernas técnicas de gestão empresarial adotam a governança corporativa como ferramenta de garantia para atingir seus objetivos estratégicos, táticos e operacionais. Neste contexto, o plano de gerenciamento de riscos de uma empresa deve identificar, avaliar (qualitativa e quantitativamente) e desenvolver planos de resposta a todos os riscos que potencialmente possam impactar a continuidade do negócio. Apesar do serviço de transporte urbano público ser considerado um serviço essencial, historicamente há relatos de significativos impactos na operação cotidiana das empresas em consequência de greves e paralisações do setor. Também fará parte da conclusão o apontamento de temas para desenvolvimento de estudos futuros com objetivo de complementar o tema estudado.

Agradecimento

À FAPEMIG, que promove atividades de fomento, apoio e incentivo a pesquisas em Minas Gerais, e aos professores do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Federal de Uberlândia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Borges, A. (2013). Tarifa simplificada metodologia de Uberlândia-MG: dados técnicos do CTA estatísticas. Uberlândia: Prefeitura Municipal de Uberlândia. 36 p. Apostila.

Cintra, M. (2013). A crise do trânsito em São Paulo e seus custos. GV Executivo. São Paulo, v. 12, n. 2, p. 58-61, jul/dez.

Euzébio, R. (2009). O custo do caos- prejuízo ao bolso e ao meio ambiente- cidades não suportam mais o crescimento da frota de veículos. Desafios do desenvolvimento. Brasília, ano 6, v. 56. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1252:reportagens-materias&Itemid=39>. Acesso em: 30 out. 2013.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2012). Brasil em desenvolvimento 2011: Estado,

planejamento e políticas públicas. Brasília. v. l, cap. 3, p. 77.

Seguradora Líder (2013). Brasil: um acidente a cada 30 segundos; duas indenizações a cada minuto. Disponível em: <http://www.dpvatsegurodotransito.com.br/noticia2.aspx>. Acesso em: 31 out. 2013.

UNESCO (2012). Human Settlements Challenge Area Report. Paris, v. 2, p. 51.

Luciano Nogueira (luciano.nogueira.pmp@gmail.com) José Aparecido Sorratini (sorratin@ufu.br)

Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

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