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ALHO. Mariano Cesar Marques 1 - PANORAMA INTERNACIONAL

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Academic year: 2021

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ALHO

Mariano Cesar Marques

1 - PANORAMA INTERNACIONAL

A taxa média percentual de crescimento da produção mundial de alho, quando se comparam os dois últimos qüinqüênios disponibilizados pela FAO – tabela 1 -, é praticamente a mesma. Diminuiu o crescimento da produção argentina, espanhola, egípcia, norte-americana e indiana; os demais países aumentaram a sua taxa. Registre-se o crescimento da produção chinesa que, sozinha, é responsável por cerca de 75% da produção mundial que, em 2005, foi de 14,5 milhões de toneladas.

Esta forte presença chinesa na produção e comércio mundiais vem inibindo o plantio de alho nos

principais países produtores. Ao se descontar 15% do total produzido para sementes e perdas, a China exportou em média 12% da sua disponibilidade final no último qüinqüênio. A produção média brasileira

situou-o entre os 15 primeiros países do mundo.

Em termos de rendimento por hectare, a média mundial esteve na média de 12 toneladas por hectare. O rendimento chinês no qüinqüênio foi de 15,5 toneladas por hectare, o argentino (o oitavo país produtor e o segundo maior fornecedor para o Brasil) 9,5 e o brasileiro 7,8. O país que é o segundo maior produtor, a Índia, obteve um rendimento médio de 4,2 toneladas por hectare.

Note-se que, dependendo do espaçamento no plantio, um rendimento baixo significa bulbos de alho pequenos, com uso industrial e preços menores. É considerado bom um rendimento acima de 8 mil quilogramas por hectare. Esta marca só não é alcançada pela Índia.

O comércio internacional cresceu a uma taxa média de 17% no qüinqüênio considerado e a China tem participação crescente nestas exportações, com uma participação média de 75% destas exportações. Neste período, sua taxa de crescimento no comércio internacional foi de 29%, com deslocamento de outros países exportadores, conforme explicitado nas tabelas 2 e 3. Transitaram no mercado internacional em 2005 1,5 milhões de toneladas de alho.

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A tabela 2 deixa clara a forte influência chinesa no mercado, que dá um salto a partir de 2002, atingindo o patamar de um milhão de toneladas exportadas; o segundo colocado, a

Argentina, exporta cerca de 10% do que a China exporta. O único país que diminui suas exportações é a França, fruto da concorrência chinesa.

O poder de monopólio chinês nos últimos tempos é notado na tabela 3; não há comparação em termos de poder de mercado com os demais países exportadores.

No que se refere às importações, o Brasil já foi maior importador de alho do planeta, em 2005, como se pode notar nas tabelas 4 e 5, a seguir.

Nenhum país importador detém muito do mercado, não chegando a 10% de participação (tabela 5). Nesse sentido, o mercado é pulverizado, não se notando nenhum poder de monopsônio, ao contrário do que ocorre na ponta da exportação, com a China sendo monopolista.

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O alho é um produto que não tem o seu preço cotado em Bolsas de Mercadorias; assim, uma aproximação dos seus preços internacionais são os preços médios de exportação. O gráfico 1 dá uma idéia da evolução destes preços.

Foi incluído o preço médio de importação do Brasil, de modo a ser comparado com o preço médio de exportação argentino; há uma coincidência de trajetórias, mesmo com a forte presença no Brasil do alho chinês, o que explica o preço médio de importação brasileiro menor do que o preço médio de exportação argentino.

Nota-se no gráfico que o ano de 2003 é um ponto de flexão na curva de preços, e que o menor é o da China. Os preços mundiais estiveram num patamar médio de US$ 597,00 a tonelada em 2005; o alho argentino foi negociado no final da série a US$ 871,00 a tonelada e o chinês a US$ 486,00 a tonelada; o preço médio de importação do Brasil foi de US$ 554,00 a tonelada.

Gráfico 1 - Evolução do Preço Médio de Exportação dos Principais Países Exportadores e do Preço Médio de Importação do Brasil (US$/t)

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 2001 2002 2003 2004 2005

Mundo Argentina China Brazil

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2 - PANORAMA NACIONAL

A produção de alho no Brasil entre 2002 e 2006 diminui, saindo de 114,4 mil toneladas em 2002 para 88,3 mil toneladas em 2006. A previsão do IBGE é que esta tendência de queda continue, com o país produzindo 84,1 mil toneladas. Pode-se dizer que este é um efeito direto do alho advindo da China.

Ao se dividir esta produção por Unidade da Federação no período, tem-se a tabela 6, com a respectiva participação percentual de cada Estado no total produzido na tabela 7. Minas Gerais é o principal produtor, saindo de 26,6 mil toneladas em 2002 para cerca uma previsão de 25,3 mil toneladas em 2007; seu pico ocorreu em 2003 – 33,8 mil toneladas. O segundo maior produtor foi o Rio Grande do Sul, que deteve o primeiro lugar em 2002, quando produziu 28,4 mil toneladas. Juntos, estes Estados são responsáveis por mais da metade do alho produzido no país.

Goiás é responsável por mais 13% do total produzido pelo país, com um pico de produção 2003: 24,3 mil toneladas. A Bahia é o único Estado do Nordeste que tem a cultura, produzindo em torno de 10% do total nacional.

A liderança mineira deve-se basicamente a ganhos de rendimento, conforme explicitado na tabela 8. Observa-se que a produtividade média é baixa; só Goiás e Minas

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Gerais conseguiram obter mais de 10.000 kilos por hectare. Nestes dois Estados o cultivo se dá sob pivô, o que aumenta bem o rendimento, mas também o custo de produção.

A tabela 6 evidencia uma produção relativamente espalhada pelo país, o que dá períodos diferentes de plantio, colheita e comercialização. A Região Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste tem os mesmos períodos.Isto porque é na região do Cerrado brasileiro que está plantado o alho. A comercialização no país ocorre durante o ano inteiro; o período que concentra mais entrega do produto no mercado vai de agosto a novembro para as Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, que são responsáveis por cerca de 55% do total produzido. Os outros 45%, da Região Sul tem seu período de forte comercialização entre janeiro e abril. Junho e julho são meses de comercialização fraca, independentemente da origem do alho.

O consumo per capita brasileiro de alho está aumentando e já ultrapassou o patamar de um quilograma por habitante/ano desde 2002; atingiu 1,1quilogramas em 2006. Ainda é cedo para se afirmar que o consumo está estabilizado. Este o crescimento deu-se a partir da década de 90, e é um reflexo do aumento do consumo de refeições fora de casa, posto que estas tendem ser mais condimentadas.

No que se refere ao comércio exterior, a evolução da Balança Comercial do produto, incluindo alho para semeadura, alhos frescos ou refrigerados, alho em pó e desidratado e alho-porró, entre 2002 e 2006, está na tabela 9.

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O país é um importador líquido; o peso maior (média de 97% no período em análise) é dos alhos frescos ou refrigerados. Os preços FOB médios de importação no período foram US$0,55 por quilograma.

A quantidade importada vem aumentando, atingindo o seu pico de 139,5 mil toneladas em 2005, com o país gastando cerca de noventa e quatro milhões de dólares para internalizar o produto. Por sua vez, o país depende muito desta importação para fazer frente às suas necessidades de consumo, como está explicitado no gráfico 2.

Gráfico 2: Evolução da relação importação/consumo (%) 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 2002 2003 2004 2005 2006 importação/consumo

O país produz menos da metade de suas necessidades de consumo; observe-se a forte dependência do alho importado.

Argentina e China praticamente dividem o mercado brasileiro. O primeiro foi responsável por mais da metade do total importado até 2004, quando foi ultrapassado pela China, pelo que se observa na tabela 10. O alho chinês é objeto de uma taxa antidumping de US$0,48/kg. Além disso, a tarifa de importação, que até 2006 era de 14%, subiu para 35% em 2007.

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Esta taxa vigora até 2007, quando poderá ser renovada ou não; em caso de não renovação, haverá um forte desestímulo à produção, pois o preço médio de importação do alho chinês é bem inferior ao argentino.

A distribuição das importações mensais está no gráfico 3. O alho argentino começa a entrar no Brasil em novembro, indo até agosto do ano seguinte, o que coincide com o período de comercialização da Região Sul, havendo competição entre eles. A entrada do alho chinês é mais concentrada entre agosto e dezembro, concorrendo com o alho produzido nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Note-se que os dois países quase não competem entre si, pois o forte da Argentina é o mês final do segundo semestre e o primeiro semestre do ano seguinte, enquanto que a China internaliza o seu

Gráfico 3: distribuição média da internalização do alho argentino e chinês no Brasil, 2002/2006

0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00%

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Argentina China

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alho no país a partir do segundo semestre.

Estima-se que o país produza 84,2 mil toneladas em 2007. Supondo-se uma exportação de 500 toneladas e diminuindo 12,6 mil toneladas para sementes e perdas, tem-se uma disponibilidade inicial de 71,5 mil toneladas. Mantendo-se o mesmo consumo per capita estimado em 2006, isto é, 1050 gramas de alho por habitante ano e adicionando-se a projeção da população brasileira para 2007 em 189,3 milhões de habitantes, tem-se um consumo estimado de 199 mil toneladas, o que gera uma possibilidade de se importar 127,7 mil toneladas, que seria praticamente o mesmo nível importado em 2006.

4 - PREÇOS

Em função da complementariedade regional, tanto da produção, como da importação, não se esperam grandes variações nos preços. De fato, a sazonalidade dos preços reais, nos diferentes níveis, é relativamente pequena, como se depreende do gráfico 4.

Gráfico 4: Evolução do índice de sazonalidade real dos preços do alho, no qüinqüênio 2002/2006, nos diferentes níveis de comercialização

0.8000 0.8500 0.9000 0.9500 1.0000 1.0500 1.1000 1.1500 1.2000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

prp sc varejo sp ceagesp nacional ceagesp argentino

Escolheu-se como parâmetro de preços o varejo na cidade de São Paulo; para o atacado, a CEAGESPE (São Paulo), com o alho nacional e o argentino; e os preços recebidos pelos produtores de Santa Catarina. O maior índice acima da média sazonal foi coincidente com o período de pouca comercialização, isto é, de junho a agosto, nos três níveis. O menor reflete o período mais forte de comercialização, isto é,

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fevereiro para os produtores e o alho nacional na CEAGESP, março para o varejo e dezembro para o alho argentino. As maiores oscilações são dos preços recebidos pelos produtores, seguido do varejo; as menores são dos preços por atacado. É de se esperar que o atacado absorva as oscilações entre os dois níveis, em função de ter um poder maior de negociação frente aos produtores e ao varejo.

Os preços reais mostram uma clara tendência de queda nos três níveis (gráfico 5). Observe-se a distância entre atacado e varejo; isto reflete todo um custo de processamento do alho para o consumidor final. Já entre o preço recebido pelo consumidor e o atacado há uma margem menor, em função de um processamento mínimo para revenda.

Gráfico 5 - Evolução dos preços reais de alhos nos diferentes níveis de comercialização R$/kg 0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00 12.00 14.00 16.00 18.00 20.00 jan /02 mar /02 mai /02 jul/0 2 set/0 2 nov/ 02 jan/ 03 ma r/03 ma i/03 jul/03set/0 3 nov/ 03 jan/ 04 ma r/04 ma i/04 jul/04set/0 4 nov/ 04 jan/ 05 ma r/05 ma i/05 jul/0 5 set/0 5 nov/ 05 jan /06 ma r/06 ma i/06 jul/0 6 set/0 6 nov/ 06

varejo - sp ceagesp nacional ceagesp argentino prpr sc

5 - PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS

O custo variável de produção do alho em São Gotardo – MG – calculado pela CONAB é de R$1,85/kg, para o alho curado, havendo uma diminuição em relação ao custo apurado no ano anterior. Considerando-se que o preço recebido pelo produtor nesta praça em fevereiro de 2007 é R$3,50, o seu custo variável está coberto. Este alho chega em São Paulo, na CEAGESP, a R$4,10/kg, sem contar a margem do atacadista; a média de preços observados em fevereiro de 2007 no atacado em São Paulo foi de R$4,59. Assim, este preço ao produtor não está gravoso.

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Ao se fazer o mesmo raciocínio com os preços médios de importação, o alho proveniente da China (média de US$0,48/kg) chega na CEAGESP (utilizando-se um câmbio de US$1,00 = R$ 2,00) a R$ 2,94/kg; este mesmo produto chegaria em São Gotardo a R$2,45/kg, o que evidencia a não competitividade do produto nacional com

relação ao importado, mesmo mantendo-se a taxa anti-dumping. Propõe-se a

manutenção do preço-mínimo do alho - R$2,00/kg.

O que se espera com este preço-mínimo é dar um incentivo ao produtor, cobrindo o seu custo variável. O cenário provável é que os preços recebidos pelos produtores sejam de R$2,85/kg em 2007.

Deve se acrescentar que o alho é um produto intensivo em mão-de-obra, empregando cinco trabalhadores por hectare. Neste sentido, o seu cultivo ajuda a empregar os trabalhadores rurais.

Referências

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