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1 INTRODUÇÃO Os desafios impostos pelo mercado de trabalho requerem profissionais dinâmicos e em constante desenvolvimento, e isso têm

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DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PROFISSIONAIS POR MEIO DE METODOLOGIAS ATIVAS DE APRENDIZAGEM: a percepção

dos discentes do curso de Administração da Estácio FAP

Vanessa Letícia de Vasconcelos Nogueira1 Keila Regina Mota Negrão2 Elaine Cristina Grecchi Gonçalves3 Sabrina Machado Petrola Saboya4

Resumo

O presente estudo aborda o uso das metodologias ativas no processo ensino-aprendizagem para discentes do curso de Administração da Faculdade Estácio do Pará. O objetivo geral da pesquisa é identificar quais competências e habilidades profissionais os discentes do curso de administração da Faculdade Estácio do Pará conseguem desenvolver ao participar de disciplinas que envolvem metodologias ativas de aprendizagem, e como os novos métodos de ensino vem se consolidando e aumentando a participação e interatividade dos alunos dentro da sala de aula. A metodologia utilizada foi uma pesquisa de campo de caráter qualitativa, com fins descritivos e explicativos, utilizando estatística simples não probabilística. Foram aplicados questionários a cento e trinta e cinco alunos e realizadas entrevistas com dois professores que desenvolveram metodologias ativas no período deste estudo. Os dados revelam que os acadêmicos demonstraram significativas melhorias no que compete ao desenvolvimento de competências e habilidades profissionais. Constatou-se, nos resultados encontrados, que as metodologias ativas estimulam a autonomia crítica e reflexiva dos discentes, desenvolvendo habilidades como criatividade, responsabilidade, visão holística dos problemas empoderando para uma reflexão construtiva e fomentando assim, o desenvolvimento profissional.

1 INTRODUÇÃO

Os desafios impostos pelo mercado de trabalho requerem profissionais dinâmicos e em constante desenvolvimento, e isso têm

1Graduanda do Curso de Bacharelado em Administração da Faculdade Estácio do Pará.

2 Doutoranda em Administração (UNAMA/PA), Mestre em Administração (UNAMA/PA, 2015), Especialista em Docência e Tutoria em Educação a Distância (PUC/RS, 2010), MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria (FGV/RJ, 2006), Graduada em Administração (FACI/PA, 2004), Professora e Empresária.

3 Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas - EBAPE/RJ, especialista em Gestão Empresarial (FGV) e em Gestão de Pessoas (FGV), graduada em Administração pela Universidade da Amazônia (UNAMA). É Coordenadora-Adjunta do Curso de Administração da Estácio-FAP (Belém), atuando como professora nos cursos de Administração e Gestão de Recursos Humanos.

4 Mestre em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, EBAPE/FGV, MBA em Gestão Empresarial, FGV Management, Administradora de empresas pela Universidade da Amazônia, UNAMA. Atua como docente na área de gestão de pessoas em cursos de graduação e pós-graduação e tem como linhas de pesquisa os aspectos comportamentais da gestão de pessoas e educação corporativa.

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134 contribuído para a procura incessante por capacitação e progressão profissional, levando-os a se reinventarem de forma contínua para adaptar-se às demandas do mercado contemporâneo. As mudanças influenciam demasiadamente no processo de escolha em relação às capacitações oferecidas no mercado.

Diante desse panorama, percebe-se que existem diversos métodos de ensino que são ofertados atualmente, todavia a busca por metodologias inovadoras vem se tornando frequente. As chamadas metodologias ativas se apresentam com uma alternativa de grande potencial para atender às demandas e desafios da educação atual e estão prevalecendo no processo ensino-aprendizagem. A metodologia ativa é uma concepção educativa que estimula processos construtivos de cognição, fazendo com que o aluno aja ativamente do processo (FREIRE, 2006).

A nova abordagem metodológica ativa visa à participação dos alunos em sala de aula como o centro do processo, tornando-os como os agentes principais responsáveis pela própria aprendizagem, e também promovendo autonomia, senso crítico, segurança, dentre outros benefícios. O aluno passa a ser o protagonista em sala de aula, instigando sua visão crítica e questionadora.

O uso da metodologia ativa no processo de ensino-aprendizagem correlacionado à prática, contribui de forma relevante para que os alunos que estão em sala de aula, aprendendo com a teoria, possam vivenciar situações práticas de experiências, por meio de problemas desafiantes, que permitam pesquisar e descobrir soluções para serem aplicadas à realidade, desenvolvendo com isso diversos tipos de competências, além do conhecimento específico. E as competências são características fundamentais para quem busca oportunidades no mercado de trabalho e o seu desenvolvimento como profissional.

Conforme Dutra (2004), as pessoas atuam como agentes de transformação de conhecimentos, habilidades e atitudes, viabilizando competências entregues para a organização. Portanto, é possível destacar o valor agregado dessas competências ao patrimônio de conhecimento da

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135 organização, pois o desempenho profissional por meio de competências adquiridas resulta em melhorias e em processos mais eficientes.

A teoria aliada a prática contribui no desenvolvimento de competências no âmbito acadêmico, isso tornou-se um requisito essencial para compor a estrutura curricular nos cursos, que por meio da utilização de metodologias ativas, inserem o aluno no processo ensino-aprendizagem promovendo a obtenção de diversos tipos de competências, habilidades e atitudes, essenciais para o mercado de trabalho.

O domínio de determinadas competências faz com que os profissionais e a organização façam a diferença no mercado competitivo, as mudanças contextuais e o nível de complexidade do ambiente externo requerem profissionais capacitados e com habilidades à adaptação de mudanças imprevisíveis, na qual não possuem ingerência.

Segundo Zarifian (1999), a competência é a inteligência prática para situações que se apoiam sobre os conhecimentos adquiridos e os transformam com tanto mais força, quanto mais aumenta a complexidade das situações. O comportamento do profissional exigido pelo mercado requer um indivíduo competente para adequar-se às situações complexas e mutáveis, a complexidade nas situações torna o imprevisto cada vez mais cotidiano e corriqueiro, exigindo profissionais aptos ao cargo.

Visto a importância e necessidade de obtenção de competências e habilidades para o desempenho profissional, os alunos estão sendo, cada vez mais, estimulados por meio do uso de metodologias ativas de ensino, a desenvolver comportamentos proativos.

Partindo deste contexto e diante do cenário mercadológico volátil, este estudo se propõe a responder a seguinte questão de pesquisa: Como as metodologias ativas de ensino-aprendizagem contribuem para o desenvolvimento profissional dos discentes?

Para responder a esse questionamento, esta pesquisa realizou entrevistas com docentes do curso de administração que lecionam disciplinas que abrangem o uso de metodologias ativas, e também a aplicação de um questionário aos discentes do curso de administração da Estácio FAP, os quais fizeram parte das disciplinas que se utilizam desse método.

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136 O objetivo geral desta pesquisa é, portanto, identificar quais competências e habilidades profissionais os discentes do curso de administração da Faculdade Estácio do Pará conseguem desenvolver ao participar de disciplinas que envolvem metodologias ativas de aprendizagem.

Especificamente, os objetivos são: contextualizar os aspectos relacionados ao uso de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem no ensino superior; identificar quais os métodos que contribuem para o desenvolvimento profissional dos discentes do curso de Administração da Estácio FAP por meio do uso de metodologias ativas; e elencar as competências e habilidades adquiridas pelos discentes após o uso do método ativo de ensino-aprendizagem, bem como a sua contribuição para o seu desenvolvimento profissional.

2 METODOLOGIAS ATIVAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Visto à necessidade de atribuir novas metodologias de aprendizagem no âmbito acadêmico, as metodologias ativas estão, cada vez mais, sendo aplicadas nesse cenário, devido à complexidade e exigência crescente do mercado e, com isso, ocasionando o aumento da demanda no que diz respeito ao desenvolvimento de competências e habilidades, como: pensar, sentir e agir de modo mais amplo e abrangente.

O conhecimento e a aprendizagem são fundamentais para o ser humano exercer a autonomia e a capacidade cognitiva, mudando a realidade de sua vida e aprimorando o seu desempenho profissional. “Quando ambos, hábitos e conhecimentos, combinados com a motivação, são satisfatórios, o sujeito percebe que foi ele quem causou a mudança desejada” (GUIMARÃES, 2003, p. 38). Portanto, com o uso das metodologias ativas, o aluno passa a ser o principal responsável no seu processo de ensino, contribuindo substancialmente em seu desenvolvimento e, quanto mais o aluno percebe sua evolução, mais se mantém motivado e interessado nesse processo.

Freire (1997, p. 10-11) considera que “a educação é essencialmente um ato de conhecimento e de conscientização”. Isso implica dizer que os alunos, ao se conscientizarem de seu papel dentro e fora da sala de aula, como agentes ativos e transformadores, poderão desenvolver diversas competências,

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137 habilidades e atitudes que vão contribuir para seu desempenho profissional futuro, assim, adaptando-se às exigências do mercado.

Gemignani et al. (2012), enfatiza que o grande desafio do século é a crescente busca por metodologias inovadoras que sejam capazes de ultrapassar os limites somente teóricos e tradicionais, para que seja alcançado meios efetivos que possam contribuir para a formação de um ser ético, crítico, reflexivo, transformador e humanizado.

À medida que as pessoas assumem uma atitude comprometida e inserem-se na realidade do problema, acabam tornando-se o principal ativo de sua própria conscientização. Ao assumir uma postura ativa, os alunos buscam compreender seu papel nessa realidade de conhecimento próprio, tornando-se capazes de enfrentar desafios e encarando suas limitações.

Alunos com esse potencial de conscientização intrínseca acabam se tornando o principal personagem de sua autoaprendizagem, ocorrendo assim uma melhora no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem ligado com a atuação do docente na sala de aula, que atua como um mediador.

Os métodos de ensino têm se inovado constantemente e as novas formas de aprendizagem exigem mudanças rigorosas nessa relação ensino-aprendizagem, o que antes era proposto como método de ensino convencional, hoje se modificou e foram atribuídas diversas ferramentas que dão suporte e aliam a teoria com a prática, fazendo com que o aluno não só interaja dentro da sala de aula, mas fora dela. Além de desenvolver diversas competências e habilidades nesses alunos, essas metodologias fazem com que o aprendizado seja mais dinâmico, participativo e interativo. Desse modo, as habilidades que são adquiridas passam a ser utilizadas na ação e os conhecimentos são aprendidos para guiar na execução.

Na sala de aula, o professor atua como o facilitador e intermediador desse processo, é ele que irá conduzir e fornecer os requisitos básicos para os alunos tomarem as atitudes e as suas devidas interpretações, fazendo com que se aguce o senso crítico e potencializando suas visões de mundo e mercado. Estas metodologias rompem com o modelo tradicional de ensino e fundamentam-se em uma pedagogia problematizadora, em que o aluno é estimulado a assumir uma postura ativa em seu processo de aprender,

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138 buscando a autonomia do educando e a aprendizagem significativa (GEMIGNANI et al., 2012).

As metodologias ativas de ensino-aprendizagem servem como um recurso didático na formação profissional desses alunos, em conjunto com a atuação do docente na sala de aula, e leva a uma reflexão construtiva e a valorização de uma formação continuada (GEMIGNANI et al., 2012). O aluno, ao se responsabilizar pela busca de informações, acaba aprendendo a analisá-las e observá-analisá-las de modo a conseguir inter-relacionar esses dados para que cheguem à solução ou tomada de decisão do problema em questão, garantindo a sua promoção de autonomia progressivamente.

As metodologias ativas servem como processos interativos de conhecimento, com a finalidade de encontrar soluções para um problema (BASTOS, 2006). O professor atuando como um orientador para que o estudante faça pesquisas, reflita e decida por ele mesmo, proporciona aos discentes, crescimento pessoal e profissional, contribuindo para o seu engajamento na sala de aula, além de promover o desenvolvimento de diversas competências, como: habilidades interpessoais, visão crítica, capacidade de resolver problemas, criatividade, poder de decisão, gerenciar conflitos, etc.

Muitos são os métodos utilizados para despertar a curiosidade dos alunos em sala de aula, fazendo com que esse aluno se sinta como parte integrante ao processo, estimulados a superar desafios constantes. Os aspectos utilizados abrangem diversos métodos, tais como leituras prévias de conteúdos para favorecer a interação, uso de tecnologias para potencializar o aprendizado, união de teoria e prática e desafios para instigar o pensamento.

Gemignani et al. (2012), elencou algumas teorias que tratam sobre alguns tipos de metodologias ativas, entre elas, o método da problematização com base no Arco de Maguarez (figura 1), ou seja, a aprendizagem baseada em problemas (ABP), no qual o facilitador deverá conduzir os estudantes a observar a realidade, em seguida, discutir em pequenos grupos os conhecimentos prévios e posteriormente propor uma reflexão e uma análise que os conduza a identificação do ponto-chave do problema. Essa metodologia caracteriza-se pela busca de informações sobre o problema escolhido, em que o aluno se torna capaz de desvendar e aplicar soluções cabíveis à situação.

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139 Figura 1 - Arco de Maguerez

Fonte: Gemignani et al. (2012)

A sistematização metodológica, conforme Gemignani et al. (2012), se desdobra nas seguintes etapas apresentadas no quadro 1:

Quadro 1 – Sistematização metodológica

Observação da Realidade

O grupo analisa e discute o seu nível de conhecimento sobre o assunto observado; identifica aquilo que na realidade está

inconsistente, preocupante, problemático.

Pontos-chaves Neste momento, é feita uma síntese do que é importante investigar

sobre o problema, visando à transformação da realidade.

Teorização Os elementos do grupo checam o que já sabem e analisam o que

precisam saber para pesquisar a resposta aos problemas levantados.

Hipóteses de Solução

Individualmente buscam as fontes de informações que darão subsídios às propostas de suas hipóteses

Aplicação à Realidade

Voltam ao grupo para trocar informações e organizar o conhecimento adquirido, aplicam ou propõem intervenções na realidade e

socializam o resultado para outros sujeitos Fonte: Adaptado de Gemignani et al. (2012, p. 7)

Borges et al. (2014), em seu artigo também citou o método de aprendizagem baseada em problemas, caracterizando-o pelo uso de problemas do mundo real para encorajar os alunos a desenvolverem pensamentos crítico e habilidades de solução de problemas. Enfatizou que os alunos, em equipes, organizam suas ideias, tentam solucioná-las com os conhecimentos que já possuem, avaliando seu conhecimento e definindo a natureza do problema. O autor destaca que o uso das metodologias forma uma visão crítica e reflexiva, e

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140 com o uso do método a aprendizagem passa a ser significativa e eficaz, construindo assim, um estudante construtivo.

A metodologia tradicional, em que o aluno apenas recebia as informações ouvindo os professores, passou a ser modificada e a inversão desse modelo tornou os estudantes aprendizes ativos, e por meio dessas metodologias, observa-se que é uma boa alternativa para direcionar alunos a alcançar altos níveis de aprendizado. Al-Zahrani (2015) menciona que a aprendizagem ativa desperta os estudantes a exercitarem seu papel como participantes ativos-chave na construção de seu próprio conhecimento.

Outro método que engloba o conceito de metodologias ativas chama-se de sala de aula invertida ou Flipped Classroom. Segundo conteúdo da FLN (2014), aprendizagem invertida é entendida como uma abordagem pedagógica na qual a aula expositiva passa da dimensão da aprendizagem grupal para a dimensão da aprendizagem individual, transformando-se o espaço em sala de aula restante em um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo, no qual o facilitador guia os estudantes na aplicação dos conceitos.

São conhecidas também por disciplinas híbridas, em que os discentes ao realizarem o conhecimento prévio dos assuntos, através de estudos feitos nas plataformas digitais, já entram em sala com a noção e assimilação do conteúdo, e são orientados pelos docentes para a fixação e debates sobre o assunto, com isso tornando os alunos ativos, otimizando o tempo de aula, além de melhorar o seu desempenho, e consequentemente seus resultados e aumento de suas competências.

Peer Instruction ou aprendizagem entre pares é um método desenvolvido desde 1991 por Eric Mazur da Universidade de Harvard, usados com o objetivo tanto de engajar os estudantes como de levantar dificuldades a respeito dos conteúdos de aula (ARAUJO; MAZUR, 2013). O professor trabalha as dificuldades dos alunos, em vez de apresentações sobre o conteúdo da disciplina (EDUCAUSE, 2012).

O método do caso, ou também conhecido como o estudo de caso, é uma estratégia de ensino baseada na apresentação de circunstâncias factíveis e/ou verídicas com o objetivo de levar os alunos a refletirem sobre decisões para o episódio estudado (SKUDIENÉ, 2012). Esse método baseia-se em uma

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141 aprendizagem de descoberta e investigação, em que os alunos precisam tomar decisões para resolução dos problemas propostos.

Outrossim, diante dos benefícios que o uso das metodologias pode proporcionar aos discentes, pode-se enfatizar que esses métodos não se esgotam apenas em sala de aulas, a autonomia adquirida com a prática desses métodos faz com que os discentes desenvolvam seu potencial, e estimulam o seu desenvolvimento em diversas habilidades, competências e atitudes, contribuindo veementemente para sua formação profissional.

2.1 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PROFISSIONAIS

Os alunos estão, cada vez mais, sendo estimulados a desenvolver diversas competências e habilidades para a obtenção de cargos de liderança e papéis de destaques nas organizações, para Quinn (2003) as organizações desejam pessoas que possam “ir a público” com suas ideias e reações de forma rápida e concisa.

Ao prepará-los dentro e fora da sala de aula, os docentes contribuem para o desenvolvimento profissional, e proporcionam alunos mais preparados para as atuais e futuras exigências no mercado de trabalho. De acordo com Dutra (2004), fomos educados a olhar às pessoas pelo que fazem, por isso são valorizadas por seus atos e realizações, não somente pela descrição formal de seu cargo, mas pelo modo com que executam.

A formação de futuros profissionais deve ir além dos conhecimentos técnico e teórico. E “[…] é nesse cenário de rápidas, amplas e profundas mudanças sociais e educacionais que temos de pensar, enquanto docentes, o que estamos fazendo, seja com os outros, seja com cada um de nós mesmos” (VEIGA-NETO, 2006, p. 35).

Com o mercado cada vez mais competitivo, um diploma ou certificado, não é mais garantia de empregabilidade, pois o mercado de trabalho atual valoriza qualidades e habilidades como a criatividade, inovação, inteligência interpessoal, administração de conflitos, o trabalho em equipe, entre outras características, o que aponta para a necessidade de mudança no

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142 perfil dos profissionais que se formam e que estão em busca de oportunidades no mercado de trabalho.

O perfil profissional contemporâneo requer, além da qualificação, profissionais preparados para os desafios constantes e com respostas rápidas às necessidades das organizações. As competências são definidas como “um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo” (FLEURY E FLEURY, 2001, p.21).

Fleury e Fleury (2001) relaciona diversas competências para um perfil profissional exigido pelo mercado, conforme figura 2, em que subdivide em diversos itens: saber agir, mobilizar, aprender, comprometer-se, assumir responsabilidade e ter visão estratégica.

Figura 2 - Competências para o profissional segundo o modelo de Fleury & Fleury

Fonte: Adaptado de FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza Lema (2001)

Diante dos métodos de ensino propostos atualmente, podemos mencionar que é de extrema relevância atribuir aos discentes uma autonomia de ensino aprendizagem, proporcionando aos mesmos um fator primordial para seu desempenho que é o desenvolvimento de competências e habilidades individuais, por meio da prática aliada com a teoria. A competência não se limita, portanto, “[…] a um estoque de conhecimentos teóricos e empíricos

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143 detidos pelos indivíduos, nem se encontra encapsulada na tarefa” (FLEURY e FLEURY, 2000, p. 19).

Atualmente as metodologias de ensino auxiliam na formação de profissionais mais bem preparados para atuarem em um mercado que exige novas competências e, ao mesmo tempo, prepara na formação de um ser pensante, questionador e participativo.

As competências e as habilidades são fundamentais para quem busca progresso e ascensão profissional, pois o cenário mercadológico busca por profissionais mutáveis e que possam agregar valor ao negócio e, com isso, poder ganhar vantagem competitiva e crescimento no mercado.

O estudo sobre competências é um tema contemporâneo e relevante pelo impacto no comportamento e crescimento das organizações. Fleury e Fleury (2001) mencionam que com a revolução, o termo competência antes só pertencia à linguagem jurídica e agora passou a ser utilizado na linguagem organizacional, tem como conceito a capacidade que as pessoas têm de desempenhar com eficiência determinado papel.

As competências são o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes. Os conhecimentos remetem-se àquilo que o indivíduo precisa saber para desempenhar uma atividade. As habilidades referem-se às demonstrações de talento, ou seja, àquilo que o indivíduo sabe fazer na prática e as atitudes como sendo os talentos naturais do indivíduo (FLEURY E FLEURY, 2001).

As competências servem como ligação entre os atributos individuais e a estratégia da organização para agregar valor econômico e social aos indivíduos e organizações, com isso representa o teor competitivo chave para o sucesso no mercado. Daí a importância de seu aprimoramento desde o processo de ensino-aprendizagem.

O ambiente corporativo e competitivo demanda por aumento de competências, pois estão ligadas ao desempenho das organizações, fazendo com que haja a necessidade de se aprofundar nos estudos para o conhecimento das possibilidades de desenvolvimento e aplicação das diversas competências das organizações e pessoas (RESENDE, 2004).

Colocar os conhecimentos e habilidades em prática resulta em qualificação do perfil profissional, Zarifian (1998, p. 21) afirma que “aumentar a

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144 competência é, antes de tudo, criar as melhores condições possíveis para que os trabalhadores aceitem assumir responsabilidades e se mobilizarem subjetivamente”.

As competências e habilidades individuais fazem a diferença no mercado de trabalho e em sua empregabilidade. Atualizar-se constantemente acarreta inúmeros benefícios para o profissional, e através desse enfoque metodológico ativo, pode-se amplificar o potencial desses alunos diante das demandas exigidas no mercado.

A busca constante por capacitação profissional, portanto, tem elevado o modelo de ensino, tornando-o mais dinâmico e participativo. As exigências impostas pelos mercados relacionados ao perfil do administrador contemporâneo requerem profissionais não só com conhecimentos teóricos, mas sim profissionais que tenham atitudes, pois é a atitude que diferencia saber ser competente.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A classificação da pesquisa, segundo a taxonomia por Vergara (2014), divide-se em dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos fins, a pesquisa caracteriza-se como descritiva e explicativa. É descritiva, uma vez que buscou observar, analisar e descrever as percepções e autoavaliação dos discentes no que diz respeito ao desenvolvimento de competências e habilidades profissionais. Tal justificativa vai ao encontro de Vergara (2014, p. 42), quando a autoria argumenta que a “pesquisa descritiva expõe as características de determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza”.

Também pode ser considerada uma pesquisa explicativa por conectar ideais para compreender as causas e efeitos de determinado fenômeno e explicar o porquê das coisas, a partir de um objeto de estudo, bem como a relação de dependência existente entre estas variáveis (VERGARA, 2014), uma vez que busca investigar de que forma as metodologias ativas contribuem para o desempenho profissional dos discentes.

Quanto aos meios, esta pesquisa se deu na forma de estudo de caso, bibliográfica e pesquisa de campo, porque foi realizada uma investigação

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145 empírica no local onde ocorreu o fenômeno (VERGARA, 2014). Logo, é um estudo de caso, como explica Yin (2001), porque caracteriza-se pelo estudo profundo e exaustivo dos fatos e objetos de investigação, permitindo um amplo e pormenorizado conhecimento da realidade e dos fenômenos pesquisados em determinados lócus, no caso, o curso de Administração da Estácio FAP, além de buscar discutir o papel das metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem e sua contribuição no desenvolvimento profissional dos discentes deste curso

A pesquisa também é bibliográfica, pois se deu com base em livros, artigos e diversos materiais sobre o assunto que serviram de fundamentação para a realização desta pesquisa. Vergara (2014, p. 46) enfatiza que a pesquisa bibliográfica “[…] recorrerá ao uso de material acessível ao público em geral, como livros, artigos e balanços sociais já publicados”.

A presente pesquisa caracteriza-se, ainda, como qualitativa, tendo em vista que o problema de pesquisa tomou forma a partir de reflexões pessoais, como explica Godoy (1955, p. 21): “[…] o pesquisador vai a campo buscando captar o fenômeno em estudo a partir das perspectivas das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes”. Gil (2012, p. 94) corrobora, dizendo que “[…] métodos de pesquisa qualitativa estão voltados para auxiliar os pesquisadores a compreenderem pessoas e seus contextos sociais, culturais e institucionais”.

A partir deste contexto que se deu a construção dos instrumentos de pesquisas utilizados para a coleta de dados, descritos a seguir: entrevistas semiestruturadas e questionários, ordenados em seções com perguntas de múltiplas escolhas, abrangendo várias facetas da pesquisa.

Foi elaborado e aplicado um questionário, com perguntas de múltipla escolha, a partir da ferramenta Google Forms, por meio do WhatsApp, aplicativo que permite o compartilhamento de mensagens via web, aos alunos matriculados no curso, cujo universo é de 656 discentes, realizado no mês de novembro no período de 20/11 a 30/11/2018. A definição da amostra deu-se pelo critério de acessibilidade (VERGARA, 2014), resultando em um total de 135 respondentes. Tal número obedece ao cálculo estatístico para composição

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146 da amostra com margem de erro amostral de 7,55% e um nível de confiança de 95%, concluindo, assim, um dos objetivos propostos da pesquisa.

O questionário foi estruturado conforme as variáveis imprescindíveis ao tema abordado, divido em quatro seções: caracterização dos entrevistados, desenvolvimento profissional, acadêmico e a percepção subjetiva dos discentes com relação ao uso de metodologias ativas e sua contribuição em seu desenvolvimento profissional.

Seguindo ainda, realizou-se duas entrevistas semiestruturadas com dois professores do curso cujas disciplinas usam metodologias ativas de ensino em sala de aula. Optou-se por um roteiro de entrevista semiestruturada para dar mais liberdade ao pesquisador de incluir perguntas que poderiam ser imprescindíveis à reposta do problema de pesquisa. A amostra foi definida pelo critério de tipicidade (VERGARA, 2014), vez que foi necessário selecionar o professor da disciplina que tem como característica a utilização de metodologias ativas de aprendizagem.

Por fim, a coleta de dados foi decisiva para a sustentação argumentativa do problema de pesquisa. Concluída a coleta de dados, posteriormente, realizou-se a análise e tratamento dos dados coletados nas entrevistas por meio de análise de conteúdo com a definição das seguintes categorias a priori: contribuição das metodologias ativas e desenvolvimento de competências profissionais dos discentes. Já o tratamento dos dados resultantes da aplicação do questionário se deu de forma quali-quantitativa, utilizando estatística simples não probabilística, pois primeiro mensurou-se os dados coletados, representando-os em gráficos para, em seguida, comparar tais resultados com o referencial teórico previamente pesquisado.

Tal análise subsidiou a apresentação e discussão dos resultados, conforme se apresenta a seguir.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A partir do levantamento dos dados coletados provenientes das pesquisas realizadas junto aos professores e os discentes do curso de Administração da Estácio FAP, levantou-se informações relevantes para verificação e identificação das competências e habilidades profissionais

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147 desenvolvidas pelos discentes ao participarem de disciplinas que envolvem metodologias ativas de aprendizagem. O objetivo é organizar e sintetizar os dados coletados a fim de que respondam ao problema em questão.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com dois docentes que lecionam as disciplinas que fazem o uso de metodologias ativas, tendo como base o referencial teórico. O método de tratamento de dados utilizado foi o método de análise de conteúdo, conforme ressalta Olabuenaga e Ispizúa (1989), a análise de conteúdo é uma técnica para ler e interpretar o conteúdo, que analisados adequadamente nos abrem as portas ao conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social de outro modo inacessíveis.

As perguntas foram desenvolvidas com base no referencial teórico e categorizadas a priori, conforme as variáveis: contribuição das metodologias ativas e o desenvolvimento de competências profissionais dos discentes. Algumas características foram determinantes para obtenção dos dados satisfatórios, são elas:

1. Instrumento de coleta de dados: Entrevista semiestruturada. 2. Procedimento de registro dos dados: Gravação.

3. Organização dos dados: Transcrição/Codificação.

4. Categorias: Contribuição das metodologias ativas e desenvolvimento de competências profissionais dos discentes.

Na categoria sobre a contribuição das metodologias ativas, as perguntas foram elaboradas com o intuito de perceber a opinião dos docentes sobre como as metodologias ativas contribuem na participação e integração dos alunos em sala de aula. Os entrevistados opinaram a favor do uso das metodologias, conforme trechos a seguir:

Eu não tenho a menor dúvida que essa nova metodologia, pela exigência do mercado, é a tendência que torna o aluno mais autônomo de si, ou seja, ele cria e passa a ter mais iniciativa e percepções daquilo que são as exigências do mercado e aí vem o desenvolvimento das suas competências e habilidades. (Entrevistado 1)

As metodologias ativas tornam o aluno menos passivo, é algo até redundante, mas o aluno participa mais, quando a gente coloca uma metodologia ativa de aprendizagem, ele se torna mais questionador,

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148 porque quanto mais conhecimento a gente tem, mais podemos questionar algo. (Entrevistado 2)

Como podemos observar, na percepção dos entrevistados, as metodologias contribuem de forma significativa no ambiente acadêmico, vez que ambos ratificam a importância e a contribuição do uso dessas metodologias. Freire (1996) já apontava em seus estudos que é urgente que o professor compreenda que o sucesso do ensino está diretamente atrelado ao fato de se considerar o aluno como sujeito central no processo de aprendizagem.

Eles cresceram na participação, eles cresceram no conhecimento prático, eles cresceram na visão crítica, então eu penso que essas atribuições, ou esses atributos, esses valores, ou esses diferenciais, eles vão se perpetrar daqui para frente e serão imprescindíveis no ambiente acadêmico […] aliar o conhecimento teórico com o prático, e com o uso de metodologias, simplesmente reforma, ela abre fronteiras de você em sala de aula, tornar a coisa mais laboral e prática. (Entrevistado 1)

Minha prática docente melhorou quando passei a incorporar essas metodologias ativas, hoje eu tenho mais conhecimento e eu tenho mais prazer em dar aula. (Entrevistado 2)

Na categoria que aborda sobre o desenvolvimento de competências dos discentes, as perguntas trataram sobre o crescimento dos discentes após o uso de metodologias ativas, e se a prática tem possibilitado formar alunos mais hábeis e competentes para atuarem no mercado de trabalho.

A complexidade das organizações contemporâneas engloba mudanças nos processos que impactam a maneira como os profissionais devem atuar em um contexto instável. Para adaptar-se, é necessário o desenvolvimento de competências e habilidades que possam fortalecer a conduta do profissional no mercado.

A teoria aliada com a prática contribui para a atuação dos alunos dentro e fora da sala de aula, desenvolvendo-os em diversas habilidades e competências que possibilitam formar profissionais mais compatíveis com as demandas do mercado atual. Nas respostas obtidas sobre a visão dos docentes em relação ao desenvolvimento de competências e habilidade nos alunos, destaca-se os seguintes relatos:

A principal competência que o aluno consegue desenvolver com a metodologia ativa é a gestão de conflitos, porque ele precisa fazer isso em

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149 equipe, ele não faz sozinho, geralmente as aplicações de metodologias ativas envolvem equipes, e ele tem que aprender a saber ouvir, saber trabalhar com opiniões diferentes, reconhecer a diferença no outro, ele tem que aprender a superar que nem tudo que ele quer fazer será feito, pois afinal ele está em equipe, assim, desenvolvendo a capacidade de lidar com diferenças. (Entrevistado 2)

Com a praticidade e esse modelo pragmático de trabalhar as ferramentas contemplando às necessidades com as demandas do mercado, na qual eles vão estar inseridos, requerem a participação ativa do aluno, contribuindo para seu desempenho no mercado de trabalho, tornando-os mais capazes de gerenciar conflitos e contribuindo para o seu desenvolvimento profissional. (Entrevistado 1)

Habilidade de gerenciar conflitos, saber trabalhar com pessoas diferentes, manter um foco, contribui para o amadurecimento dos alunos, eles amadurecem como pessoa e profissionais para atuarem no mercado de trabalho. (Entrevistado 2)

O mercado de trabalho muda constantemente e ele impõe um novo perfil de profissional, já que estamos em um cenário globalizado, as mudanças ocorrem de maneira geral. Para um dos entrevistados, os alunos participantes realmente conseguem se desenvolver e , claro, isto fará diferença mais tarde.

Há uma distinção entre o aluno que quer verdadeiramente brigar por sua competitividade e o seu diferencial para atuação no mercado de trabalho, para aqueles que vão ficar na mesmice, ou seja, os que se destacam e aqueles que vão seguir com a multidão, então eu vejo que com o uso de metodologias ativas, ela realmente aprimora, torna consistente o aluno e se envolve, o aluno comprometido, isso vai fazer diferença mais tarde, ou daqui a pouco na vida profissional dele. (Entrevistado 1)

Observa-se, com a realização das entrevistas feitas com os docentes, que as metodologias ativas possibilitam criar um ambiente de aprendizagem favorável, onde o conhecimento é construído de forma contextualizada, trazendo muitos benefícios tanto para o discente como para o professor, impulsionando a participação ativa, e consequente aumento na qualidade na formação de profissionais.

Na pesquisa realizada com os discentes, foi aplicado um questionário elaborado com perguntas de múltiplas escolhas e dividido em quatro seções, que abrangeram aspectos como: caraterização dos discentes, a participação nos projetos e nas disciplinas que fazem o uso de metodologias ativas, competências desenvolvidas nesse processo e a percepção subjetiva quanto à contribuição dessa metodologia para o seu desenvolvimento profissional.

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150 De acordo com o aspecto caracterização da amostra, verificou-se a predominância de 62,2% mulheres em relação aos homens, foram 37,8%. Notou-se, ainda, que a faixa etária entre 21 a 25 anos, correspondeu a maior representatividade, com 31,9%. Com a maior totalidade de 51,1%, o ano que estão cursando é o 4º ano, que abrange o 7º e o 8º semestre. A maioria dos discentes entrevistados, atualmente, estão inseridos no mercado de trabalho, em que 29,6% estagiando e 27,4% estão trabalhando de acordo com a legislação vigente.

A segunda seção desta pesquisa buscou verificar quais disciplinas fazem o uso das metodologias ativas e já foram cursadas pelos discentes. A gestão de pessoas com 72,6% foi a de maior apontamento. Em segundo lugar, com 71,9% foi a administração de marketing e com 71,1% administração estratégica, todas essas disciplinas usam o método de ensino-aprendizagem baseados em metodologias ativas, por meio de projetos de extensão, aulas híbridas, pesquisas em campo e dramatização de vivências do mercado de trabalho.

Conforme mencionado no referencial teórico, as metodologias ativas são diversas, existe alguns métodos que são conhecidos como aprendizagem baseadas em problemas (ABP), aprendizagem entre pares e o estudo de caso. O método com maior representatividade foi o estudo de caso com 78,4%, em que situações do mundo real são apresentadas aos estudantes com a finalidade de ensiná-los, preparando-os para a resolução de problemas reais. Com 34,3%, a aprendizagem baseada em problemas ou projetos (ABP), que são os métodos realizados por meio de projetos de extensão, e com 20,1% aprendizagem entre pares que são as aulas com disciplinas híbridas, a chamada sala de aula invertida.

Ainda nessa seção, dentro da perspectiva da percepção dos discentes em relação à obtenção de competências e habilidades profissionais, após a participação nas disciplinas que fazem o uso de metodologias ativas, quando perguntado quais competências e habilidades eles conseguiram desenvolver ao longo do processo, as mais citadas foram a liderança com 71,9%, a tomada de decisão com 57,8% e o relacionamento interpessoal com 49,6%.

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151 Pode-se observar que a pesquisa deixa bem claro a conscientização dos discentes em relação à eficácia no uso de metodologias ativas e como ela estão contribuindo para seu desempenho no mercado de trabalho. Tal afirmação vem ao encontro do estudo realizado por Gemignani (2012), quando menciona que estes novos instrumentos técnico-pedagógicos tornam possível a participação ativa do aluno em seu processo de aprendizagem, assim, integrando-o às exigências do mundo do trabalho e contribuindo para o seu desenvolvimento como profissional.

Na terceira seção do questionário e com base no modelo citado por Fleury (2001), em que elenca os tipos de competências ideais para o profissional contemporâneo, a pesquisa baseou-se na tabela para mensurar, por meio da escala likert, se o uso das metodologias ativas contribuiu com o saber agir, saber mobilizar, saber aprender, saber comprometer-se, saber assumir responsabilidades e ter visão estratégica. A escala proposta contemplou extremos como discordo totalmente e concordo totalmente.

Figura 3: Competências para o profissional segundo o modelo de Fleury & Fleury

Fonte: elaborado pela autora (2018)

Como se observa, a competência de maior predominância foi a de assumir responsabilidades com 63,7%, logo que na percepção dos discentes, a maioria concorda que o uso das metodologias ativas no processo ensino-aprendizagem contribuiu para assumirem uma postura mais responsável. Conforme Fleury (2001), a competência de assumir responsabilidades requer do profissional uma atitude responsável, assumindo riscos e as consequências de suas ações, e que possam ser reconhecidos por

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152 isso, o que implica dizer que o uso das metodologias, por meio dos projetos de extensão do curso de Administração, impulsiona o desenvolvimento desses discentes, tornando-os profissionais mais capacitados.

Com 61,5%, a segunda competência de maior índice foi a de poder desenvolver uma visão estratégica. Essa competência abrange conhecimento e entendimento nos processos do seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas. Ao desenvolver uma visão estratégica por meio dos trabalhos propostos em sala de aula, os alunos tornam-se mais assertivos no poder de decisão, diminuindo incertezas e contribuindo para a obtenção eficiente dos objetivos. A terceira, de maior relevância na opinião dos discentes, foi a competência de saber agir, com 59,3%. Os discentes concordam que após o método utilizado, desenvolvem a capacidade de saber julgar, escolher e decidir de forma mais efetiva, o que contribui com seu papel como profissional.

Por meio da autoanálise dos alunos, percebe-se que os estudantes ao serem estimulados a refletir, tomar iniciativa e assumir responsabilidade num cenário real, desenvolvem competências e habilidade para mobilizar diferentes capacidades para enfrentar as situações essenciais da prática profissional do dia a dia.

Na quarta e última seção, foi inserida uma questão de caráter subjetivo, em que se buscou verificar a percepção subjetiva dos discentes em relação a saber de que forma a obtenção dessas competências está contribuindo em seu desempenho no ambiente organizacional. Abaixo, lista-se algumas relevantes contribuições dos discentes para a pesquisa:

Quadro 2 – Percepção subjetiva dos discentes

“Contribuíram de forma positiva, uma vez que a partir dessas competências não só consigo realizar minhas tarefas dentro da empresa e do ambiente acadêmico de uma forma mais rápida e com qualidade como também consigo ter um bom relacionamento interpessoal junto aos meus colegas de

trabalho e de sala de aula, trazendo um retorno bastante positivo pra empresa e pra mim, tanto na vida profissional, quanto na vida pessoal.

“Com o uso dessas competências, nós podemos vivenciar experiências de interação profissional e acadêmico que ajudaram a contribuir de maneira mais assertiva no seu ambiente profissional e acadêmico, como na resolução de conflitos organizacionais ou na tomada de decisões importantes

para sua carreira profissional”.

“Contribuiu para sermos bom profissionais, aprendermos a ter responsabilidade, comprometimento, sabermos administrar, trabalhar em equipe, a ter criatividade, entre outros”.

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153 A pergunta aberta permitiu aos entrevistados responderem de forma

livre, usando linguagem e opiniões próprias. Constata-se, com as respostas obtidas, que a prática profissional proporciona aos estudantes à aprendizagem significativa, construção de conhecimentos, habilidades e atitudes, com autonomia e responsabilidade. Também, nessa mesma seção, constatou-se que 69,6% concordam totalmente que o uso de metodologias ativas contribui, sim, para o desenvolvimento profissional dos discentes.

Com a análise e os dados expostos da pesquisa, verifica-se que as experiências de ensino e aprendizagem em situações reais favorecerem o desenvolvimento integrado dos alunos em diferentes cenários, com o professor atuando como facilitador e mediador. O estudante tem uma postura ativa em relação ao seu aprendizado numa situação prática de experiências, por meio de problemas que lhe sejam desafiantes e lhe permitam pesquisar e descobrir soluções, aplicáveis à realidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como curiosidade científica identificar quais competências e habilidades profissionais os discentes do curso de administração da Faculdade Estácio do Pará conseguem desenvolver ao participar de disciplinas que envolvem metodologias ativas de aprendizagem. Observa-se que a formação de profissionais com um nível de qualificação desejado pelas organizações requer o desenvolvimento de diversas competências e habilidades, e, com isso, torna-se imprescindível que, no ambiente acadêmico, sejam inseridas ferramentas que proporcionem condições de desenvolver competências e habilidades durante o processo de formação.

A metodologia ativa é uma importante ferramenta para o processo de ensino e aprendizagem, por meio da experiência vivenciada, acredita-se no desenvolvimento da autonomia dos alunos, tornando a aprendizagem mais significativa. A teoria aliada com à prática favoreceu à aprendizagem dos alunos que participaram da pesquisa. O professor deixou de ser centralizador no processo e passou a ser mediador, oportunizando aulas extremamente interativas. Os discentes puderam, efetivamente, ser protagonistas da própria

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154 aprendizagem e desenvolveram diversas competências após a participação nas disciplinas que utilizam as metodologias ativas.

Os autores estudados caracterizam algumas estratégias de ensino como metodologia ativa: aprendizagem baseadas em problemas (ABP), aprendizagem entre pares e o estudo de caso. A pesquisa feita com os alunos baseou-se nestas três estratégias. Constatou-se que a maioria dos discentes apontaram o método do estudo de caso como o de maior realização e contribuição para seu desenvolvimento. No estudo de caso, os alunos foram desafiados a resolver problemas e situações do mundo empresarial, com intuito ensiná-los, preparando-os para a resolução de problemas reais.

A análise dos resultados revelou que, dentre as competências adquiridas, a de maior representatividade é a liderança, que se refere ao poder de liderar as equipes e exercer influência sobre as pessoas. Em segundo lugar, a tomada de decisão, que envolve a identificações de problemas, bem como a definição dos critérios, análise e alternativas para a eficácia de uma decisão mais assertiva. E a terceira competência elencada foi relacionamento interpessoal, vez que aprenderam a lidar com as outras opiniões e diferenças, compreendendo a si próprios e aos outros.

Logo, na opinião dos entrevistados, as metodologias ativas contribuem no desenvolvimento dos discentes, por meio de amadurecimento no ambiente acadêmico, possibilitando tornar profissionais mais qualificados, responsáveis, comprometidos, desenvolvendo espírito de equipe, controle emocional e uma comunicação mais assertiva. Corroborando a opinião dos alunos, na percepção dos docentes, destaca-se que as metodologias ativas tornam a sala de aula mais participativa, e demandam do aluno maior responsabilidade e envolvimento, tornando-os mais maduros e autônomos em suas escolhas, acarretando o desenvolvimento de diversas competências e habilidade, como gerenciar conflitos, tomada de decisão e resiliência, que contribuirão para o seu desempenho como profissional, respondendo, assim, o problema em questão.

Pode-se considerar, ainda, com base nos estudos bibliográficos feitos, que existe uma escassez de fontes de pesquisa. Sugere-se, então, a necessidade de um maior aprofundamento nos estudos sobre as metodologias

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155 ativas. Ressalta-se, também, que esse trabalho investigou o uso de metodologias ativas apenas entre discentes do curso de Administração, portanto, não se pode fazer inferências aos demais curso existentes no locus. Sugere-se que essa pesquisa seja ampliada aos demais cursos disponibilizados pela Estácio FAP, uma vez que o estudo se limitou somente ao curso de administração.

Conclui-se, assim, que a prática aplicada por meio dos métodos estudados, favorece substancialmente o papel do aluno dentro e fora da sala de aula, a interação e autonomia proporciona alunos mais ativos ao vivenciarem situações de confrontação e de trocas realizadas entre os grupos, consequentemente, desenvolvem diversas competências e habilidades que subsidiarão seu papel como profissional cada vez mais qualificação para o mercado.

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